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A silvicultura no Brasil A atividade florestal sempre teve destaque na economia brasileira. A exploração florestal foi uma das primeiras atividades econômicas do país, iniciando-se logo após a chegada dos portugueses. Veja abaixo um resumo histórico dos principais eventos associados à atividade florestal brasileira 1500: exploração do pau-brasil, principal atividade econômica da época. Essa exploração de caráter predatório dizimou rapidamente as populações nativas dessa espécie, principalmente nas áreas de fácil acesso. 1797: carta régia da Coroa Portuguesa (disciplina o corte de madeira); Considerou todas as matas e arvoredos à borda da encosta “Propriedade da Coroa” Primeiro regimento de corte da madeira 1802: Primeiras instruções para reflorestamento na costa do Brasil 1811: Criação do Jardim Botânico (RJ) 1861: Reflorestamento da Floresta da Tijuca-RJ (~4.000ha). Primeiro registro de plantio em larga escala realizado no Brasil. Devido ao desmatamento para o plantio de café, observou- se a secagem de várias nascentes, afetando o abastecimento de água na cidade de Rio de Janeiro. Com isso, o Imperador D. Pedro II ordenou que fosse feita a restauração ambiental da área, que teve em torno de 100.000 mudas plantadas. 1921: Criado o serviço florestal no Brasil – Estabelecimento dos princípios de florestas protetoras, criação de parques nacionais e reservas florestais = unidades de conservação 1930: Código criminal – inclusão de penalidade ao corte ilegal de madeiras 1934: Primeiro código florestal do Brasil 1965: Segundo código florestal do Brasil – florestas protetoras – áreas de preservação permanente 1966: Início dos programas de incentivos fiscais ao florestamento e reflorestamento Criação do IBDF Década de 80 – término do incentivo fiscal 1989: Criado o IBAMA Década de 90 – Investimento de empresas Cobertura Florestal – Histórico Segundo a FAO, as florestas desempenham um papel importante na história da humanidade. Desmatamentos periódicos sempre acompanharam o crescimento e o desenvolvimento populacional em todo o mundo. Alterações no clima, culturais, tecnologia e comércio tiveram estiveram relacionados com a aceleração ou redução do desmatamento, sendo em alguns casos irreversível os seus efeitos. Ao longo do tempo, a interação entre seres humanos e florestas tem se alterado em função de avanços sociais e econômicos. Isso é facilmente verificável, por exemplo, pela diferença de preocupação que existe hoje e há algumas décadas com relação às questões ambientais. A sociedade moderna, embora haja diferença quando se compara populações de diferentes locais (regiões ou países), está mais consciente do papel das florestas e da importância da sua preservação. Neste contexto, o uso sustentável dos recursos naturais tem mostrado como a alternativa mais viável para que os recursos florestais sejam explorados de forma correta, sem comprometer seu papel econômico, social e ambiental. Veja abaixo um mapa mostrando a distribuição das áreas florestais no mundo. As áreas de florestas tropicais e subtropicais (compreendidas entre as latitudes 10°N e 10°S) estão em destaque, onde é possível observar que a Floresta Amazônica (América do Sul) é uma das maiores áreas contínuas de floresta. Figura 1. Distribuição da cobertura florestal no mundo com destaque para as florestas tropicais e subtropicais. Na figura 2 é possível verificar nos diferentes países a área florestal em cada país. A américa do Sul é a região mais florestada do mundo, entretanto, sofre simultaneamente com as taxas mais elevadas de desmatamento. Figura 2. Área de cobertura florestal em relação ao ano de 2005. Fonte: FAO, 2007 (situação das florestas no mundo). O Brasil é um país com baixa taxa de reposição florestal. O desmatamento geralmente está relacionado a abertura de áreas para agricultura, pecuária e silvicultura, sendo poucas as iniciativas para repor áreas que perderam sua vegetação original. Figura 3. Países que mais investiram na reposição florestal no ano de 2005 (FAO, 2007). As Florestas naturais e plantas no mundo Os plantios florestais são muito incipientes em alguns países, principalmente em países de regiões menos desenvolvidas, que ainda exploram a vegetação nativa para extração de produtos madeireiros e não madeireiros. Tabela 1. Área do planeta coberta com florestas naturais (nativas) e plantadas (plantios comerciais). Área Florestal Florestas naturais 3,682 bilhões de ha (95%) Florestas plantadas 187 milhões de ha (5%) Total 3,869 bilhões de ha Um dos pontos a serem observados, entretanto, é que embora as florestas plantadas representem uma área muito menor em comparação de florestas naturais, essas são muito mais eficientes para produção de madeira. Estima-se que 1 hectare de floresta plantada (eucalipto) no Brasil seja 50 vezes mais eficiente do que a exploração da floresta nativa. Tabela 2. Produção de madeira em florestas naturais (nativas) e plantadas (plantios comerciais). Suprimento de madeira Florestas naturais 65% Florestas plantadas 35% Total 100% Distribuição das florestas plantadas no mundo por gênero Os principais gêneros plantados no mundo são Pinus e Eucalyptus. O Pinus é muito plantado em países de clima subtropical e temperado (América do Norte e Europa), enquanto o Eucalyptus tem maior distribuição de plantios na América do Sul e África. Outros gêneros têm ganhado importância nos últimos anos, como Populus (China). Tabela 3. Produção de madeira em florestas naturais (nativas) e plantadas (plantios comerciais). Gênero Porcentagem Eucalyptus 10% Pinus 20% Outras folhosas 18% Outras coníferas 11% Seringueira 5% Acácia 4% Teca 3% Não especificadas 29% Fonte SBS (2009) O Patrimônio Florestal Brasileiro O Brasil, como já mostrado, apresenta uma grande cobertura florestal. Da área total, 66% to território está coberto por florestas naturais, 0,8% por florestas plantadas e o restante (33,2%) por outros usos, como agricultura, pecuária e áreas urbanas. Das áreas com floresta natural a maior parte corresponde à Floresta Amazônica e Cerrado, que juntas somam 78% da área florestal. Tabela 4. Áreas de florestal, nativa e aspectos econômicos do setor florestal brasileiro. Situação atual do Brasil O Patrimônio Florestal Brasileiro 566 milhões de há (66% do território) Floresta Amazônica 284 milhões de ha (50,2%) Cerrado 160 milhões de ha (28,3%) Reflorestamento 6,6 milhões de ha (1,2%) Atividade Florestal 2,2% do PIB = 2 bilhões de reais em impostos Demanda de madeira interna 350 milhões de m3/ano Produção em reflorestamentos 90 milhões m3/ano (260 milhões de déficit) (valores de 2009) É importante observar que a atividade florestal tem uma participação muito importante na economia brasileira. Entretanto, grande parte da madeira produzida ainda é oriunda de florestas nativas, pois estima-se um déficit maior que 260 milhões de m³ de madeira por ano, o que torna a silvicultura uma atividade com potencial de expansão no pais. Estima-se que para atender a demanda atual de madeira seriam necessários o plantio de 8,7 milhões de hectares de floresta, elevando a área plantada para 1,5%, área muito menor por exemplo do que a área plantada com soja no ando de 2010, que foi em torno de 21,3 milhões de hectares. Esse investimento é tido como fundamental para evitar o desmatamento de novas áreas da Floresta Amazônica,reduzindo a pressão sobre as florestas nativas. Figura 3. Exploração de madeira de matas nativas. Figura 4. Corte ilegal de árvores no cerrado para produção de carvão. Fonte: Ibama/Goiás Áreas com florestas plantadas no Brasil No Brasil, as principais gêneros florestais são o Eucalyptus e o Pinus. Outras espécies tem ganhado importância nos últimos anos, como a Teca, Acacia mangium, dentre outras. Segue abaixo, relação das áreas plantadas de eucalipto por estado. Eucalyptus sp. Figura 5. Área plantada com espécies do gênero Eucalyptus nos estados brasileiros, ano base 2012. (ABRAF, 2013) Figura 5. Área plantada com espécies do gênero Pinus nos estados brasileiros, ano base 2012. (ABRAF, 2013) Nota-se que os plantios de Eucalyptus representam atualmente o triplo do que é plantado com Pinus. Os plantios com Pinus já foram maiores no Brasil, nos estados do sul, entretanto, nos últimos anos vem perdendo espaço para a cultura do eucalipto. Figura 6. Relação da área plantada com Eucalyptus e Pinus no Brasil, ano base 2012. (ABRAF, 2013) Figura 7. Variação anual da área plantada de Eucalyptus e Pinus no Brasil. Observa-se que no período 2006-2010 houve uma redução nos plantios de Pinus enquanto que os plantios de Eucalyptus tiveram um crescimento até o ano de 2010. Após esse período houve uma estagnação no crescimento em função de fatores políticos (restrição de investimentos estrangeiros em empreendimentos florestais) e econômicos (crise europeia). Em 2006 os plantios 5.105.246 ha de Pinus representavam cerca de 35% da área de florestas plantadas, enquanto que em 2012 essa área foi reduzida para menos de 25%. É importante observar que os plantios florestais no Brasil ainda estão concentrados por grandes empresas florestais, que tem ligação direta com a cadeia produtiva de aço (madeira para carvão vegetal) e celulose (madeira para cavaco). Figura 8. Distribuição das áreas de florestas no Brasil. ABRAF, 2013. Além dos plantios com Eucalyptus e Pinus, outras espécies florestais também são cultivadas no Brasil em menor escala. Destaca-se a seringueira, principalmente no estado de São Paulo e a Acácia, no Rio Grande do Sul. Outras espécies como a Teca, que já tem uma área significativa de plantio no Centro-Oeste e o Paricá, na região Norte também merecem destaque. Nos últimos anos há muitas espécies sendo testadas, dentre as quais destaca-se o cedro australiano, que tem recebido muito investimento público e privado. Tabela 5. Espécies florestais nativas e exóticas com plantio no Brasil. Outras espécies introduzidas recentemente: Cedro australiano (Exótica) Mogno africano (Exótica) Cedro indiano (Exótica) Acacia mangium (Exótica) Nim indiano (Exótica) Guanandi (Nativa) ANEXO: IMAGENS DE PLANTIOS DE ESPÉCIES FLORESTAIS NATIVAS E EXÓTICAS Figura 9. Plantio de Teca com 19 meses no estado do Tocantins Figura 10. Plantio de Seringueira para extração de latex. Figura 11. Plantio de Acácia negra (Acacia mearnsii) no Rio Grande do sul. Figura 12. Plantio de Paricá na região norte do Brasil e painel produzido com madeira de Paricá (AFLORESPA). Figura 13. Plantio de Erva-mate no Paraná.
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