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fichamento acerca dos transexuais

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Centro Universitário de Brasília – UniCEUB
Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais
ERIKA AMORIM MARTINS 
OS TRANSEXUAIS E SEU DIREITO A MUDANÇA DE NOME NO REGISTRO CIVIL
BRASÍLIA - DF
2017
ERIKA AMORIM MARTINS 
OS TRANSEXUAIS E SEU DIREITO A MUDANÇA DE NOME NO REGISTRO CIVIL 
Projeto de pesquisa apresentado com o requisito para aprovação na disciplina Monografia I do curso de bacharelado em Direito do Centro Universitário de Brasília. 
Orientador: Prof. Roberto Krauspenhar.
BRASÍLIA - DF
2017
Centro Universitário de Brasília – UniCEUB
Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais - FAJS
Curso de Direito – CD
Coordenação de Monografia e Pesquisa - NPM
 
Disciplina: Monografia I
Professor: Roberto Krauspenhar
Aluna: Erika Amorim Martins           RA:20775933
8º Semestre – noturno Turma A
 
 
 
Assunto: Os transexuais e seu direito a mudança de gênero no registro civil.
Delimitação: O princípio da dignidade da pessoa humana face à obrigatoriedade de cirurgia de mudança de sexo para alterar o nome no registro civil.
Problematização: É possível alterar o nome dos transexuais no Registro civil? Qual a abordagem da Constituição Federal acerca dos transexuais? É necessário fazer cirurgia de mudança de sexo para alteração do Registro Civil?
BRUM, Jander Mauricio. Troca, modificação e retificação de nome das pessoas naturais. Rio de Janeiro: Aide, 2001.
CENEVIVA, Walter. Lei dos registros públicos comentada. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
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GOMES, Orlando. Direito de família. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1981.
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MIRANDA, Pontes de. Tratado de direito privado. Tomo VII. Campinas: Bookseller, 2000.
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Centro Universitário de Brasília – UniCEUB
Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais - FAJS
Curso de Direito – CD
Coordenação de Monografia e Pesquisa - NPM
Aluna: Erika Amorim Martins           RA:20775933
8º Semestre – noturno Turma A
Assunto: Os transexuais e seu direito a mudança de gênero no registro civil.
 
Delimitação: O princípio da dignidade da pessoa humana face à obrigatoriedade de cirurgia de mudança de sexo para alterar o nome no registro civil.
Referência do artigo: HOGEMANN, Edna Raquel. Direitos humanos e diversidade sexual: o reconhecimento da identidade de gênero através do nome social. Disponível em: <http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/74822/direitos_humanos_diversidade_hogemann.pdf>. Acesso em: 13 mar.2017.
Palavras-chave: Registro civil. Transexuais. Dignidade da pessoa humana.
 
FICHAMENTO
O artigo presente tem o intuito de lidar com a problemática da alteração do nome do transexual no registro civil. Antes de tudo, é fundamental saber o que é o transexualismo. Diferente da figura dos homossexuais ou travestis, o transexualismo é o indivíduo cujo qual possui um transtorno relativo à sua identidade de gênero. O transexual acredita ser do sexo oposto rejeitando assim sua genitália, ou seja, seu corpo esta relacionado com o sexo de sua concepção, porém, seu intelecto e psíquico estão ligados ao outro sexo. Segundo Hogemann (2014, p. 223): 
Ser transexual não é o mesmo que ser homossexual ou travesti, haja vista que o homossexual é quem tem uma atração sexual por pessoas do mesmo sexo, sem que, necessariamente, isso indique uma mudança de identidade de gênero. Ou seja, pode se identificar como membro integrante do seu sexo biológico, mas, em vez de sua opção sexual ser pelo sexo oposto (como ocorre entre os heterossexuais), opta por parceiros do mesmo sexo. No caso do travesti, é o homem que faz uso de roupas e modificações corporais, como o implante de silicone, para parecer uma mulher sem, no entanto, buscar por cirurgia para a troca de sexo.
O direito ao nome civil
É visto na sociedade em que vivemos que há uma necessidade de caracterização e identificação do indivíduo para que haja uma distinção e reconhecimento da personalidade de cada um. A ferramenta utilizada para essa identificação individual é o nome, o prenome e o sobrenome. O nome é indispensável ao direto de personalidade e está atrelada ao princípio da dignidade da pessoa humana, sua falta impossibilita a distinção e individualização do ser humano perante a sociedade. Sendo o ser humano um ser detentor de direitos e obrigações é essencial à nomeação do individuo no momento em que adquire seu direito à personalidade tanto no plano privado quanto no plano público. Hogemann (2014, p.220) salienta:
A partir do reconhecimento desses dois aspectos, consequentemente advém dois processos concomitantes que dizem respeito ao nome civil, e que se relacionam com o direito público e o privado: um se apresenta como instrumento meramente individualizador; enquanto o outro é elemento assecuratório das relações jurídicas, na medida em que todas as pessoas, singulares ou coletivas, integrantes de uma sociedade, devem ser registradas e passíveis de serem identificadas para os fins objetivados pelo Estado – e, nesse contexto, estão os de caráter civil, administrativo ou criminal.
Para que uma pessoa possa exercer seus direitos inerentes à personalidade há necessidade de se obter o registro civil, sendo este de caráter fundamental ao desenvolvimento e inclusão do ser humano, pois este documento é primordial para que se exerçam atos vinculados ao direito civil, administrativo e criminal. Na sociedade atual ainda há muita discriminação em relação a opção sexual, com a evolução do direito é necessário se considerar a personalidade individual, para que haja isonomia nas relações sociais respeitando o princípio da dignidade da pessoa humana. O nome não é apenas uma questão individual, mas sim um atributo social, pois é o meio que o indivíduo interage e faz suas relações perante a sociedade. É importante ressaltar que através do nome se reconhece a pessoa humana e sua existência.
Sobre a alteração do nome no registro civil a lei 9.708/98 alterou o caput do artigo 58 da lei n° 6.015/73, esta lei prevê a alteração do prenome em seu parágrafo único admitindo-se em caso de coação ou ameaça, porém sempre por intermédio de determinação em sentença, ouvido o Ministério Público. Há de se falar que o interessado a partir de sua maioridade poderá modificar seu nome desde que não prejudique os apelidos de família, além de ser necessária a publicação pela imprensa.
Para evitar constrangimentos por sofrer muitos preconceitos e agressões, o transexual tem como preferência o seu nome social, pois independentemente de sua identidadecivil o mesmo pode ser chamado pelo nome que se sinta mais à vontade perante aos demais.
Os transexuais
Na atual Constituição Federal podemos notar a preocupação do legislador em incluir e proteger os cidadãos com princípios como a isonomia e a dignidade da pessoa humana. É visto que os transexuais também são amparados e protegidos contra a discriminação por Lei, prevista no inciso IV do artigo 3° da Constituição Federal de 1988. Independente da opção sexual todos tem os mesmos direitos e sendo a Constituição a lei maior e imprescindível respeitar a igualdade, a personalidade, a individualidade e as diferenças de cada pessoa.
Sobre os transexuais Hogemann (2014, p.222) faz a seguinte abordagem:
A transexualidade apresenta duas abordagens: uma biomédica e outra social. A primeira define a transexualidade como um distúrbio de identidade de gênero, por entender que se trata de um transtorno de identidade que sempre envolve sofrimento pessoal, devido ao fato do indivíduo se considerar membro do sexo oposto, causando-lhe descontentamento com o seu sexo biológico: enquadra-se esse “distúrbio” na psiquiatria. A segunda abordagem, a social, funda-se no direito à autodeterminação da pessoa, de afirmar livremente e sem coação a sua identidade como consequência dos direitos fundamentais à liberdade, à privacidade, à igualdade e à proteção da dignidade da pessoa humana.
Ainda sobre os transexuais é visível problemas de inconformismo e autoestima pela não aceitação de seu corpo. Pois sua essência condiz com o sexo desejado, mas sua biologia não permite que os transexuais formem a identidade que desejam. Em decorrência de seu transtorno de identidade os mesmos sofrem muita discriminação e para realização pessoal e social os transexuais sentem a necessidade de passar por diversos procedimentos cirúrgicos e tratamentos médicos para que seu corpo e mente estejam em perfeita harmonia e para que haja uma aceitação perante a sociedade diante sua escolhe sexual.
A experiência brasileira com o “o nome social”
O brasileiro em sua trajetória histórica carrega o preconceito, não aceitando as diferenças do próximo, discriminando o que desconhece e dificultando assim a inclusão dos transexuais na sociedade brasileira. Apesar do nome no registro civil auxiliar muito a inclusão das minorias tais como os transexuais, a inclusão social não se dá apenas por este fator, é necessário também que haja uma conscientização da sociedade e do Estado para que se faça cessar a discriminação. Hogemann (2014, p.225) enfatiza:
É necessária uma ampla mobilização no sentido inverso das práticas de exclusão e que sensibilize a sociedade para que a discriminação contra as minorias seja extirpada do cenário social. O reconhecimento oficial do nome social torna-se um passo nesse rumo; não o definitivo, mas um sinalizador importante no sentido de romper as barreiras do preconceito, quando a sociedade estabelece o que não lhe corresponde ao “normal”.
A exemplo do exposto acima o estado de São Paulo via decreto, autorizou que os transexuais sejam tratados pelo nome social de sua preferência nos órgãos públicos, além de ter o direito de usar este nome social em requerimentos da administração pública e documentos acadêmicos e caso estas determinações sejam descumpridas haverá penalidades.
Os Ministérios do Planejamento, da Educação e da Saúde publicaram portarias assegurando a utilização do nome social mesmo se o nome no registro civil for diferente. Além de viabilizar a utilização do nome social, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo através da Resolução n° 208, passou a disponibilizar atendimento para os transexuais com distúrbios psicológicos para que os mesmos possam aceitar sua condição e se adequar junto à sociedade. Um avanço importante na questão do transexualismo veio com a Resolução n° 14/2011 que discorre acerca da integração do nome social na carteira de identidade profissional dos transexuais profissionais na área de psicologia.
Nos tempos atuais existem varias suposições a respeito da condecoração do nome social, sobre esta questão Hogemann cita casos relacionados (2014, p.227):
a) pelos servidores públicos, no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, de acordo com a Portaria do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão nº 233/2000;
b) por toda pessoa nas redes de serviço de saúde, de acordo com o art. 4º, inciso I, da Portaria do Ministério da Saúde nº 1.820/2009; 
c) nos procedimentos no âmbito do Ministério da Educação, de acordo com a Portaria do Ministério da Educação nº 1.612/2011; 
d) pela administração pública estadual direita e indireta do estado do Pará, de acordo com o Decreto Estadual nº 1.675/2009;
e) em documentos de prestação de serviço quando a pessoa for atendida nos órgãos da Administração Pública direita e indireta do estado do Piauí, de acordo com a Lei Ordinária Estadual nº 5.916/2009;
f) nos órgãos públicos do estado de São Paulo, de acordo com o Decreto nº 55.588/2010; 
g) nos registros estaduais relativos a serviços públicos prestados no âmbito da administração pública estadual direta, autárquica e fundacional do estado de Pernambuco, de acordo como Decreto Estadual nº 35.051/2010; e, 
h) nos atos e procedimentos da administração direta e indireta do estado do Rio de Janeiro, de acordo com o Decreto Estadual nº 43.065/2011.
Em vista do que vimos no artigo, pode-se notar que o autor quis enfatizar sobre a busca dos direitos em relação aos transexuais. A Constituição Federal com o intuído de proporcionar direitos igualitários para todos aborda os princípios da isonomia e da dignidade da pessoa humana como direitos fundamentais para uma boa relação e interação entre os indivíduos de uma sociedade. Mesmo com o respaldo da lei os transexuais lutam contra os preconceitos e frustrações que sofrem na vida cotidiana, e para que isso seja solucionado é necessário que o Estado e a população se conscientizem preenchendo lacunas que não foram abordadas em leis anteriores. Por conta da mudança de costumes e evolução da sociedade estas questões precisam ser discutidas, pois todos tem liberdade de escolhas e suas diferenças tem que ser respeitadas. Vale ressaltar que os transexuais obtiveram muitos avanços nos últimos anos, como o direito de utilizar um nome social de sua preferência e até mesmo em relação à mudança de seu nome no registro civil. Para sanar a discriminação ainda há um longo caminho a ser percorrido para que os transexuais sejam tratados de forma igualitária em seu meio social, combatendo a discriminação e a desigualdade.

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