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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE ESCOLA DE ENGENHARIA ESTUDOS ECOSSISTÊMICOS São Paulo 2017 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE ESCOLA DE ENGENHARIA Alunos: Alessandra de Castro Santana TIA: 31785417 Bianca Lacerda Sousa TIA: 41782021 Danillo Henrique Rodrigues TIA: 41780671 Giovanni Ramalho Vergueiro TIA: 41785398 Jefferson Douglas Ramos TIA: 41780868 Professor: José Roberto Moura Trabalho de pesquisa apresentado a disciplina de Ciência do Ambiente, referente a grade curricular do curso de Engenharia de Produção. São Paulo 2017 1 Sumário 1. Importância da Biodiversidade………………………………………………4 2. Situação atual da perda de biodiversidade no Brasil e suas causas……7 3. Unidades de Conservação – tipos e objetivos……………………………11 4. Corredores ecológicos no Brasil: objetivos e características…………...16 5. Reservas legais e áreas de servidão florestal – objetivos e características………………………………………………………………...18 6. Manejo de reflorestamento com exóticas pioneiras……………………...20 7. Madeira certificada e madeira legal - características………………….....21 8. Compensação ambiental e aplicação - município e estado de SP, governo federal……………………………………………………………….31 9. Pontos relevantes do Código Florestal, lei n.º4.771/1965 para a proteção da Biodiversidade. Alteração proposta em sua última revisão………….32 10. Importância da Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/1998 para a preservação da biodiversidade……………………………………………..40 11.Obras de engenharia que devem passar por estudos de impacto ambiental (Consultar CONAMA 001/86.). EIA: aspectos contemplados, metodologia………………………………………………...42 2 3 1. Importância da Biodiversidade “Biodiversidade” pode definir-se como o conjunto das diferentes formas de vida que existem no Planeta como um todo, ou numa região em particular. A grande preocupação que existe hoje é a de que o ser humano esteja a provocar o desaparecimento de muitas espécies num curto espaço de tempo, o que poderá conduzir à redução drástica dessa biodiversidade. Esse desaparecimento deve-se à prática intensiva da agricultura, à construção de barragens, à crescente urbanização, à destruição das florestas, à poluição e a outros factores humanos. Mas porque é que é tão importante preservar a biodiversidade? Razões de vária ordem estão na base deste princípio mundialmente aceite – da preservação: - Motivos éticos, pois o ser humano tem o dever moral de proteger outras formas de vida, como espécie dominante no Planeta; - Motivos estéticos, uma vez que as pessoas apreciam a natureza e gostam de ver animais e plantas no seu estado selvagem; - Motivos económicos; a diminuição de espécies pode prejudicar actividades já existentes (pesca de uma espécie com elevado valor comercial que está a desaparecer, como o Sável e Lampreia). Pode ainda comprometer a sua utilização futura (ex. para produção de medicamentos). Não podemos esquecer que pelo menos 40% da economia mundial e 80% das necessidades dos povos dependem dos recursos biológicos; - Motivos funcionais da natureza, dado que a redução da biodiversidade leva a perdas ambientais. Isto acontece porque as espécies estão interligadas por mecanismos naturais com importantes funções (ecossistemas), como a regulação do clima; purificação do ar; protecção dos solos e das bacias hidrográficas contra a erosão; controlo de pragas; etc. 4 Nas últimas décadas a ação humana nos ecossistemas naturais tem vindo a afectar cada vez mais espécie da fauna e flora do planeta. Se a taxa de extinção de mamíferos e aves era, historicamente, de uma espécie perdida por cada 500 a 1000 anos, as profundas intervenções das diferentes actividades humanas têm acelerado esse ritmo. As principais causas para a extinção das espécies são as profundas alterações, ou mesmo a destruição dos habitats. A destruição dos habitats tem-se intensificado, principalmente, devido à crescente erosão e desertificação dos solos; ao sobrepastoreio; à poluição da água; do solo e da atmosfera por substâncias químicas; aos derrames de crude e de outros poluentes nos mares; ao consumo de alguns animais e plantas e à introdução de espécies exóticas pelo Homem. Com menor diversidade de espécies a vida na Terra torna-se mais sujeita a alterações ambientais. Pelo contrário, quanto mais rica é a diversidade biológica, maior é a oportunidade para descobertas no âmbito da medicina, da alimentação, do desenvolvimento económico, e de serem encontradas respostas adaptativas a essas alterações ambientais. No âmbito da Cimeira da Terra que teve lugar no Rio de Janeiro, em 1999, realizou-se a Convenção sobre a Diversidade Biológica. Este foi o primeiro acordo a englobar todos os aspectos da diversidade biológica: genomas e genes, espécies e comunidades, habitats e ecossistemas. A Convenção sobre a Diversidade Biológica, assinada por 155 países incluindo Portugal, assume três objectivos fundamentais: a conservação da diversidade biológica, a utilização sustentável dos seus componentes e a partilha justa e equitativa dos benefícios provenientes da utilização dos recursos genéticos. Portugal é um país com uma elevada riqueza ecológica, pois abarca 3 regiões biogeográficas – Atlântica, Mediterrânica e Macaronésia (Açores e Madeira). Apesar disso, contam-se em Portugal 275 espécies florísticas em situação de risco de extinção, 31 espécies de mamíferos, 67 de aves e 26 de peixes. A título de exemplo, o lince ibérico que é uma espécie autóctone da Península Ibérica (natural daquela região) encontra-se no top de animais em risco de extinção. Na sequência do compromisso de Portugal relativamente à Convenção sobre a Diversidade Biológica e de acordo com os princípios estabelecidos na Constituição da República Portuguesa e na Lei de Bases do Ambiente (Lei n.º 11/87, de 7 de Abril), foi traçada a Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade. Este documento orientador é um instrumento da política de ambiente e de ordenamento do território, que tem em conta as políticas globais do ambiente e a sua integração nas políticas sectoriais, em articulação com a estratégica europeia e mundial. A estratégia pretende assim, contribuir para se alcançar um ambiente propício à saúde humana e bem-estar das pessoas e ao desenvolvimento social e cultural das comunidades, bem como à melhoria da qualidade de vida. 5 Diversas instituições por todo o mundotêm desenvolvido acções, quer na protecção dos indivíduos de uma determinada espécie, quer através da protecção do seu habitat. Para evitar a destruição dos habitats e a manutenção dos ecossistemas tem sido promovida a classificação de zonas de interesse ecológico como “áreas protegidas”. Estas áreas protegidas podem ser, por exemplo, locais incluídos na Rede Natura 2000 (conjunto de áreas de interesse para conservação da natureza a nível da União Europeia) ou áreas abrangidas pela Reserva Ecológica Nacional (REN - abrange zonas costeiras e ribeirinhas, águas interiores, áreas de infiltração máxima e zonas declivosas). Com estes instrumentos de ordenamento para a conservação da natureza, é possível delimitar as zonas onde as actividades humanas são condicionadas, em maior ou menor grau. Exemplo disso é a interdição à construção de loteamentos e edifícios, de estradas, de aterros, entre outros projectos em áreas classificadas como REN. Para além da Reserva Ecológica Nacional (REN) e da Reserva Agrícola Nacional (RAN), o Decreto-Lei define também como instrumento de gestão territorial a figura “Estrutura Ecológica”, a qual tem como objectivo assegurar o desempenho das condições dos processos ecológicos ao mesmo tempo que contempla modelos de desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, e a nível local, os Planos Municipais de Ordenamento do Território têm um papel fundamental da definição dos contornos da Estrutura Ecológica Municipal. Em termos de áreas protegidas, e de acordo com dados do , Portugal possui 1 Parque Nacional (Parque Nacional da Peneda-Gerês), 13 Parques Naturais, 9 Reservas Naturais, 6 Paisagens Protegidas e 7 Monumentos Naturais. Na Área Metropolitana do Porto, existem 2 áreas naturais protegidas de âmbito regional e local , com importância para a conservação da biodiversidade da região: a Paisagem Protegida Regional do Litoral de Vila do Conde e Reserva Ornitológica de Mindelo (criada em Outubro de 2009) e a Reserva Natural Local do Estuário do Douro (criada em Fevereiro de 2009). A Paisagem Protegida Local das Serras de Santa Justa e Pias está em fase de discussão pública. 6 2 Situação atual da perda de biodiversidade no Brasil e suas causas. O Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade do mundo. É um dos dezessete países que, juntos, possuem 70% da biodiversidade do planeta. O conjunto dos biomas terrestres (Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga e Campos do Sul) abriga 20% das espécies do planeta, constituindo 20% da flora global. O Brasil tem mais de 55% de cobertura vegetal nativa e 15% da água doce do planeta. Tamanha biodiversidade reforça a importância das políticas orientadas para a conservação e o uso sustentável dos biomas, já que 60% das espécies ameaçadas de extinção estão em territórios protegidos, e aproximadamente 75% das áreas federais de conservação abrigam tais populações. A perspectiva é a conservação e uso sustentável de biodiversidade e florestas frente às ameaças representadas pelos efeitos das mudanças climáticas e pela exploração excessiva dos recursos naturais. A freada na criação de UCs Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil conta com aproximadamente 1,5 milhão de km² de área coberta por Unidades de Conservação, o que corresponde a 16,6% da área continental nacional e 1,5% das águas jurisdicionais brasileiras. Considerando a área coberta por Unidades de Conservação federais e estaduais e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) no país, a maior parte se situa no bioma Amazônia, como pode ser observado na Figura 1. O Cerrado e a Mata Atlântica também detêm porções consideráveis da área protegida pelo SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), com 10,9% e 6,4%, respectivamente. Além dessas unidades de conservação, as Terras Indígenas - que pertencem à União e representam aproximadamente 13% do território brasileiro - e os territórios quilombolas também são considerados áreas protegidas. A rica sociodiversidade, representada por mais de duzentos povos indígenas e comunidades locais (quilombolas, caiçaras, seringueiros etc.), reúne inestimável acervo de conhecimentos tradicionais sobre a conservação e o uso da biodiversidade. As Unidades de Conservação (parques nacionais e estaduais) e as Terras Indígenas vêm sendo criticadas, principalmente pelo agronegócio, por serem protegidas e estarem fora do mercado. Existem cerca de 400 projetos no Congresso Nacional propondo a "desafetação", isto é, a retirada de áreas importantes dessas terras protegidas. No Brasil, as Unidades de Conservação têm sido criticadas por, muitas vezes, não saírem do papel, havendo inúmeras lacunas e fragilidades, tais como regularização fundiária pendente, falta de funcionários e infraestrutura básica, falta de revisão ou ausência de plano de manejo, dentre outros problemas. Um exemplo de que nem sempre o problema é a falta de recursos é o que ocorre na Câmara Federal de Compensação Ambiental, cujo funcionamento 7 burocrático dificulta e às vezes impede a aplicação de verbas para projetos em prol das unidades de conservação. A definição de áreas prioritárias para conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade é uma importante ferramenta desenvolvida para o planejamento e gestão territorial, permitindo identificar áreas e ações prioritárias, com base em critérios específicos estabelecidos para cada bioma: 26,6% das áreas prioritárias localizam-se no bioma Amazônia, 21,6% na Mata Atlântica, 18,9% na Zona Costeira, 15,7% no Cerrado, 8,9% na Caatinga , 2,8% do Pampa e 1,9% do Pantanal. Entre 2003 e 2008, de todas as áreas protegidas no mundo, 75% foram criadas no Brasil durante a gestão da ex-ministra Marina Silva. No atual governo, nenhuma foi criada. Área coberta por unidades de conservação do SNUC (federais, estaduais e RPPN), por bioma, 2010 Fonte: MMA, 2010; Elaboração: SPI/MP Aumento do desmatamento ameaça biodiversidade No que se refere à cobertura florestal, na última década houve uma redução dos índices de desmatamento no território nacional. A Amazônia, que já perdeu 14,6% de sua cobertura original, teve redução significativa de desmatamento até 2012. Em 2013, porém, observou-se um aumento do desmatamento estimado inicialmente em 28%, e posteriormente confirmado em 29%, conforme mostram as Figuras abaixo. 8 Taxa de desmatamento anual na Amazônia Legal Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE. O INPE divulgou oficialmente em 10 de setembro último a taxa de desmatamento na Amazônia Legal no período de agosto de 2012 a julho de 2013. A avaliação consolidada mostra um crescimento de 29% em relação ao períodoanterior – agosto/2011 a julho/2012. O resultado final do mapeamento de 2013 apresentou uma taxa de 5.891 km² desmatados, comparados a 4.571 km² do período anterior. E dados do INPE divulgados em setembro de 2014 estimam que a Amazônia Legal perdeu 3.036 km² de floresta entre agosto de 2013 e julho de 2014, ou seja, 9,8% a mais em relação ao período anterior. No que se refere à Mata Atlântica, estudo do INPE e do SOS Mata Atlântica, divulgado em maio de 2014, sobre o desmatamento no período de 2012 a 2013, revela um aumento de 9% em relação ao período anterior (2011-2012). Assim, o desmatamento, que vinha caindo, recrudesceu nos últimos dois anos, principalmente em relação à Amazônia e Mata Atlântica. Isso significa enorme perda de biodiversidade, com destruição de espécies vegetais e animais, muitas ainda desconhecidas. E um grande prejuízo econômico e social para o país. Após anos de pesquisa, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro lançou no primeiro semestre de 2013 olivro vermelho das espécies ameaçadas de extinção da flora brasileira . Das cerca de 44.000 espécies descritas, pouco mais de 6.000 foram avaliadas em relação ao risco de extinção, ou seja, 13,6% da diversidade de plantas. São 2.118 espécies ameaçadas, um aumento considerável em relação à contagem anterior. Essa informação não foi 9 oficializada pelo Ministério do Meio Ambiente, provavelmente por razões políticas. Da mesma forma, as espécies ameaçadas da fauna brasileira ainda não têm números definitivos. Oficialmente, segundo dados de 2008, são 627 espécies da fauna avaliadas como ameaçadas de extinção. Das 120.000 espécies no Brasil, (8.200 espécies de vertebrados e mais de 100.000 espécies de invertebrados),a meta do ICMBio é avaliar o risco de extinção de 10.000 espécies até o final deste ano, ou seja, pouco mais de 8% da diversidade total de animais. O modelo econômico dominante prioriza o crescimento visto em termos quantitativos, como aumento do PIB, por exemplo, em detrimento da qualidade de vida da população. O desenvolvimentismo, hoje no poder, considera o meio ambiente como entrave ao crescimento. Essa mentalidade anacrônica e predatória está por trás da destruição da rica biodiversidade brasileira. O capitalismo selvagem não quer admitir que a floresta em pé vale mais do que abatida. Mas os riscos dramáticos das mudanças climáticas e da perda da biodiversidade – secas, inundações, desertificação, elevação do nível dos oceanos e acidificação, refugiados ambientais, falta de água e alimentos, etc. – alertaram o mundo quanto aos efeitos nocivos da sobre-exploração dos recursos naturais e da emissão de gases-estufa, abrindo espaço para os novos caminhos da sustentabilidade ambiental. Apesar da importância de cada organismo vivo, observamos um crescente aumento na destruição da biodiversidade. As causas são as mais variadas, porém, na maioria das vezes, o homem apresenta grande influência no processo. Dentre os principais motivos da perda de biodiversidade, podemos destacar a destruição de habitat, o uso excessivo dos recursos naturais, a introdução de espécies invasoras e a poluição. A destruição de habitat destaca-se entre os fatores que desencadeiam a diminuição da biodiversidade. Normalmente esse processo ocorre como consequência da urbanização e do desmatamento para aumento das áreas agropecuárias e desenvolvimento de grandes obras. Além disso, essa destruição também é causada pelo aquecimento global. Como seus habitat são destruídos, várias espécies muitas vezes são obrigadas a migrar para outras áreas, enfrentando perigos e a incerteza da sobrevivência. Já aquelas espécies que são incapazes de procurar outro local para estabelecerem-se, como as plantas, acabam tendo sua população reduzida ou até, muitas vezes, extinta. O uso excessivo de recursos naturais também é uma grande ameaça à biodiversidade. A caça e a pesca, por exemplo, são práticas responsáveis pela diminuição do número de indivíduos de várias espécies anualmente, bem como a retirada ilegal de madeira e a exploração de plantas, como o xaxim. Além disso, o tráfico de animais e plantas silvestres é um comércio lucrativo que dificulta a conservação de vários organismos. 10 A biodiversidade também é ameaçada pela introdução de espécies exóticas, ou seja, a introdução de espécies que não vivem normalmente naquele ambiente. Ao inserirmos uma espécie nova em um ambiente que não é o seu, ela pode competir com as outras, predar fortemente algumas espécies, reproduzir-se exageradamente e até mesmo provocar doenças. Percebe-se, portanto, que essa ação pode provocar a destruição de algumas espécies, afetando diretamente o equilíbrio daquele ecossistema. A contaminação da água, do solo e do ar também é uma das causas da perda de biodiversidade. Diante da poluição dos ambientes, muitas espécies não conseguem se estabelecer em razão, por exemplo, da falta de alimento, dificuldade de acesso à água potável e do surgimento de doenças, o que acaba aumentando, assim, o triste número de espécies extintas. Para que a biodiversidade seja efetivamente protegida, é fundamental que seja feito o uso sustentável dos recursos que a natureza oferece. Para isso, são necessários investimentos e pesquisas para descobrir fontes alternativas de recursos, fiscalização no que diz respeito à exploração da natureza e à poluição, bem como a criação de maiores áreas de proteção ambiental. Entretanto, nenhum esforço será suficiente se não houver mudança na consciência da população. É fundamental que todos entendam a importância de cada ser vivo para o planeta e compreendam que a destruição de qualquer espécie afeta diretamente a nossa vida. 3 Unidades de Conservação – tipos e objetivos. Unidade de Conservação (UC) é a denominação dada pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) (Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000) às áreas naturais passíveis de proteção por suas características especiais. São "espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção da lei" (art. 1º, I). As UCs têm a função de salvaguardar a representatividade de porções significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente. Além disso, garantem às populações tradicionais o uso sustentável dos recursos naturais de forma racional e ainda propiciam às comunidades do entorno o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis. Uma marcha de bilhões deanos de evolução culminou num planeta capaz de sustentar vida em vários sistemas ecológicos. Estes ecossistemas, foram (e são) a base para o desenvolvimento e continuada evolução das mais variadas espécies existentes, sejam bacterianas, vegetais ou animais. A existência do 11 meio ambiente, portanto, é condição indissociável à vida. E, como a própria vida, um direito fundamental a todo o ser humano. No Brasil, este direito fundamental é garantido aos cidadãos pela Constituição Federal de 1988 no art. 225: "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações." Mas apenas reconhecer o direito não é suficiente. É preciso que haja instrumento para que se possa concretizá-lo. Assim a Constituição impõe ao Poder Público o dever de "definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção". Este comando foi atendido, enfim, com a promulgação da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 e do Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002 que, respectivamente, cria e regula o SNUC. Sendo a proteção do meio ambiente uma competência que concorre a todas as esferas do Poder Público, à iniciativa privada e toda sociedade civil, coube ao SNUC disponibilizar a estes entes os mecanismos legais para a criação e a gestão de UCs (no caso dos entes federados e da iniciativa privada) e para participação na administração e regulação do sistema (no caso da sociedade civil), possibilitando assim o desenvolvimento de estratégias conjuntas para as áreas naturais a serem preservadas e a potencialização da relação entre o Estado, os cidadãos e o meio ambiente. As unidades de conservação da esfera federal do governo são administradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Nas esferas estadual e municipal, por meio dos Sistemas Estaduais e Municipais de Unidades de Conservação. O SNUC agrupa as unidades de conservação em dois grupos, de acordo com seus objetivos de manejo e tipos de uso: Proteção Integral e Uso Sustentável. As Unidades de Proteção Integral têm como principal objetivo preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, ou seja, aquele que não envolve consumo, coleta ou dano aos recursos naturais: recreação em contato com a natureza, turismo ecológico, pesquisa científica, educação e interpretação ambiental, entre outras. As Unidades de Uso Sustentável, por sua vez, têm como objetivo compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos, conciliando a presença humana nas áreas protegidas. Nesse grupo, atividades que envolvem coleta e uso dos recursos naturais são permitidas, desde que praticadas de uma forma a manter constantes os recursos ambientais renováveis e processos ecológicos. 12 O SNUC também prevê 12 (doze) categorias complementares de, que podem ser entendidos pela tabela a seguir: Grupo Categoria SNUC Origem Descrição/ Objetivo Uso Proteçã o Integral Estação Ecológica SEMA (1981) De posse e domínio público, servem à preservação da natureza e à realização de pesquisas científicas. A visitação pública é proibida, exceto com objetivo educacional. Pesquisas científicas dependem de autorização prévia do órgão responsável. Pesquisas científicas, visitação pública com objetivos educacionais. Reserva Biológica (REBIO) Lei de Proteção à Fauna (1967) Visam a preservação integral da biota (seres vivos) e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos. Pesquisas científicas, visitação pública com objetivos educacionais. Parque Nacional(PARNA) Código Florestal de 1934 Tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. Pesquisas científicas, desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, recreação em contato com a natureza e turismo ecológico. 13 Monumento Natural SNUC (2000) Objetivam a preservação de sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. Visitação pública. Refúgio de vida silvestre SNUC (2000) Sua finalidade é a proteção de ambientes naturais que asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. Pesquisa científica e visitação pública. Grupo Categoria SNUC Origem Descrição/ Objetivo Uso Uso Sustent ável Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) SEMA (1984) Geralmente de pequena extensão, são áreas com pouca ou nenhuma ocupação humana, exibindo características naturais extraordinárias ou que abrigam exemplares raros da biota regional, tendo como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza. Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para utilização de uma propriedade privada localizada em uma ARIE. Reserva Particular do Patrimônio NaturaL (RPPN) MMA (1996) De posse privada, gravada com perpetuidade, objetivando conservar a diversidade biológica. Pesquisa científica, atividades de educação ambiental e turismo. 14 Área de Proteção Ambiental (APA) SEMA (1981) São áreas geralmente extensas, com um certo grau de ocupação humana, dotadas de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dosrecursos naturais. São estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma APA. Floresta Nacional (FLONA) Código Florestal de 1934 É uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. Visitação, pesquisa científica e manutenção de populações tradicionais. Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) SNUC (2000) São áreas naturais que abrigam populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações, adaptados às condições ecológicas locais, que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica. Exploração sustentável de componentes do ecossistema. Visitação e pesquisas científicas podem ser permitidas. Reserva de Fauna (REFAU) Lei de Proteção à Fauna (1967) - sob o nome de Parques de Caça É uma área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. Pesquisa científica. 15 Reserva Extrativista (RESEX) SNUC (2000) Utilizadas por populações locais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, áreas dessa categoria tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. Extrativismo vegetal, agricultura de subsistência e criação de animais de pequeno porte. Visitação pode ser permitida. Segundo a legislação vigente, as UCs são criadas por meio de ato do Poder Público (Poder Executivo e Poder Legislativo) após a realização de estudos técnicos da importância ecológica dos espaços propostos e, quando necessário, consulta à população. Estas áreas estão sujeitas a normas e regras especiais e só podem ser alteradas e/ou reduzidas mediante lei específica. Entretanto, em 2012, uma Medida Provisória que previa a redefinição de limites de sete UCs na Amazônia foi sancionada pela presidente e transformada em Lei Federal. Isso abre um precedente perigoso para a conservação no país, pois o instrumento elencado pelo legislador originário foi a lei ordinária que, por possuir, tramitação legislativa mais longa, atende à exigência original de manifestações populares e consultas públicas. 4 Corredores ecológicos e características. Corredor ecológico ou corredor de biodiversidade é uma faixa de vegetação que liga fragmentos florestais ou unidades de conservação separadas pela atividade humana. O principal objetivo desses corredores é possibilitar o deslocamento da fauna entre as áreas isoladas e garantir a troca genética entre as espécies. Assim, essas faixas de vegetação permitem que animais que seriam naturalmente isolados devido ao desmatamento possam passar de um fragmento florestal para o outro. Esse trânsito permite a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, conciliando a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento ambiental na região. A importância dos corredores é defendida por diversos estudiosos, que afirmam que o isolamento dos fragmentos de floresta está avançando rapidamente e que isso pode causar um colapso das funções ecológicas e da biodiversidade local. De acordo com Roseli Senna Ganem, Consultora 16 Legislativa, a necessidade de promover a conectividade entre os fragmentos de ecossistemas naturais encontra sua base na biologia da conservação. Os processos ecológicos necessitam de áreas extensas para se manter a longo prazo. Populações da flora e da fauna isoladas são mais vulneráveis às pressões externas, sendo susceptíveis à extinção. O conceito surgiu em 1990 e é uma das principais estratégias utilizadas na conservação da biodiversidade de determinado local. No Brasil, os corredores ecológicos são planejados e executados pela iniciativa governamental e pelas ONG´s ambientais. Esse instrumento está previsto na legislação brasileira desde 1993, quando o Decreto nº 750, que dispõe sobre o corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica, proibiu a exploração de vegetação que tenha por função formar corredores de remanescentes de vegetação primária ou em estágio avançado e médio de regeneração. Já a lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), impõe em seu Art. 25 que "as unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos". Essas áreas possuem ecossistemas florestais biologicamente prioritários e viáveis para a conservação da biodiversidade na Amazônia e na Mata Atlântica, compostos por conjuntos de unidades de conservação, terras indígenas e áreas de interstício. Sua função é a efetiva proteção da natureza, reduzindo ou prevenindo a fragmentação de florestas existentes, por meio da conexão entre diferentes modalidades de áreas protegidas e outros espaços com diferentes usos do solo. A implementação de reservas e parques não tem garantido a sustentabilidade dos sistemas naturais, seja pela descontinuidade na manutenção de sua infraestrutura e de seu pessoal, seja por sua concepção em ilhas, ou ainda pelo pequeno envolvimento dos atores residentes no seu interior ou no seu entorno. Integrante do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, o Projeto atua em dois corredores: O Corredor Central da Mata Atlântica (CCMA) e o Corredor Central da Amazônia (CCA). A implementação desses Corredores foi priorizada com o propósito de testar e abordar diferentes condições nos dois principais biomas e, com base nas lições aprendidas, preparar e apoiar a criação e a implementação de demais corredores. A participação das populações locais, comprometimento e conectividade são elementos importantes para a formação e manutenção dos corredores na Mata Atlântica e na Amazônia. Objetivos do projeto: 17 ● Reduzir a fragmentação mantendo ou restaurando a conectividade da paisagem e facilitando o fluxo genético entre as populações. ● Planejar a paisagem, integrando unidades de conservação, buscando conectá-las e, assim,promovendo a construção de corredores ecológicos na Mata Atlântica e a conservação daqueles já existentes na Amazônia. ● Demonstrar a efetiva viabilidade dos corredores ecológicos como uma ferramenta para a conservação da biodiversidade na Amazônia e Mata Atlântica. ● Promover a mudança de comportamento dos atores envolvidos, criar oportunidades de negócios e incentivos a atividades que promovam a conservação ambiental e o uso sustentável, agregando o viés ambiental aos projetos de desenvolvimento. Para atingir este objetivo, o Projeto Corredores Ecológicos desenvolve uma abordagem abrangente, descentralizada e participativa, permitindo que governo e sociedade civil compartilhem a responsabilidade pela conservação da biodiversidade, podendo planejar, juntos, a utilização dos recursos naturais e do solo; envolvendo e sensibilizando instituições e pessoas, criando parceiras em diversos níveis: federal, estadual, municipal, setor privado, sociedade civil organizada e moradores de entorno das áreas protegidas. 5 Reservas legais e áreas de servidão florestal – objetivos e características. A reserva legal é a área do imóvel rural que, coberta por vegetação natural, pode ser explorada com o manejo florestal sustentável, nos limites estabelecidos em lei para o bioma em que está a propriedade. Por abrigar parcela representativa do ambiente natural da região onde está inserida e, que por isso, se torna necessária à manutenção da biodiversidade local. O atual Código Florestal define a Reserva Legal como: Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: (...) III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa; O primeiro conceito de Reserva Legal surgiu em 1934, com o primeiro Código Florestal. Foi atualizado em 1965, na Lei Federal nº 4.771 (o Código Florestal recentemente revogado) que dividia as áreas a serem protegidas de acordo com as regiões, e não pelo tipo de vegetação como é no atual Código. Fixava um mínimo de 20% a ser mantido nas "florestas de domínio privado" na maior 18 parte do país, ressalvando uma proibição de corte de 50% nas propriedades "na região Norte e na parte Norte da região Centro-Oeste". No Brasil, a Constituição da República garante a todos o direito tanto a um meio ambiente diverso e sustentável, como o direito ao desenvolvimento econômico. Não é difícil perceber que a busca da realização de um destes direitos pode vir a conflitar com o outro. O instituto da Reserva Legal é mais um dos instrumentos pelos quais o legislador brasileiro busca criar uma ponte entre estes dois interesses fundamentais. Hoje, como visto anteriormente, o conceito é mais restritivo. A Reserva Legal, que junto com as Áreas de Preservação Permanente tem o objetivo de garantir a preservação da biodiversidade local, é um avanço legal na tentativa de conter o desmatamento e a pressão da agropecuária sobre as áreas de florestas e vegetação nativa. Ambientalistas defendem a sua preservação, o setor produtivo argumenta se tratar de intromissão indevida do Estado sobre a propriedade privada, o que diminuiria a competitividade da agricultura e a capacidade de produção do país. O percentual da propriedade que deve ser registrado como Reserva Legal vai variar de acordo com o bioma e a região em questão, sendo: 80% em propriedades rurais localizadas em área de floresta na Amazônia Legal ; 35% em propriedades situadas em áreas de Cerrado na Amazônia Legal, sendo no mínimo 20% na propriedade e 15% na forma de compensação ambiental em outra área, porém na mesma microbacia; 20% na propriedade situada em área de floresta, outras formas de vegetação nativa nas demais regiões do país; e 20% na propriedade em área de campos gerais em qualquer região do país. Cabe a todo proprietário rural o registro no órgão ambiental competente (estadual ou municipal) por meio de inscrição no Cadastro Ambiental Rural - CAR. As especificidades para o registro da reserva legal vão depender da legislação de cada Estado. Uma vez realizado o registro fica proibida a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão ou de desmembramento, com exceção das hipóteses previstas na Lei (art. 18). Em geral, nas áreas de reserva legal é proibida a extração de recursos naturais, o corte raso, a alteração do uso do solo e a exploração comercial exceto nos casos autorizados pelo órgão ambiental via Plano de Manejo ou, em casos de sistemas agroflorestais e ecoturismo. A servidão ambiental e a servidão florestal são dois mecanismos legais de autolimitação de uso de terras por parte dos proprietários para a preservação ambiental. Em ambos os casos, os donos de terras são beneficiados com incentivos tributários e facilidades para a obtenção de recursos para serem investidos nas áreas de proteção. A servidão florestal foi instituída pela Medida Provisória 2166-67/2001, que alterou o Código Florestal (Lei 4.771/1965). A MP permite que o proprietário de um imóvel rural destine parte da terra para a criação de área de proteção ambiental, além da reserva legal. A medida provisória também permite que 19 essa área seja usada para a instalação de reserva legal de imóvel rural de terceiro. A servidão florestal só pode ser utilizada em casos de imóveis localizados na mesma microbacia hidrográfica e que pertençam ao mesmo ecossistema. Nesse caso, o proprietário renuncia ao direito de "supressão ou exploração" da vegetação nativa. A servidão ambiental, criada por meio da Lei 11.284/06, tem as mesmas características da servidão florestal, mas prevê do proprietário renuncia, em caráter permanente ou temporário, total ou parcialmente, ao direito de uso, exploração ou supressão de recursos naturais existentes na propriedade. O termo "recursos naturais" é mais amplo do que "vegetação nativa". Nos dois casos, para ter efeitos legais, os proprietários devem averbar no registro do imóvel as áreas destinadas a servidão florestal e ambiental. Alguns juristas consideram que a criação da servidão ambiental, na prática, revogou a servidão florestal. Um exemplo de servidão ambiental é a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Para assegurar os benefícios tributários, o proprietário deve fazer relatório anual e apresentar ao órgão ambiental estadual e permitir inspeção anual da área pelas autoridades ambientais estaduais. A servidão ambiental também é chamada de servidão de conservação. 6 Manejo dereflorestamento com exóticas pioneiras. O termo aplica-se apenas à implantação de florestas em áreas naturalmente florestais que, por ação antrópica ou natural, perderam suas características originais Com a colonização das propriedades rurais, principalmente para o plantio de café e lavouras de soja/milho/trigo, muitas áreas foram desmatadas na sua totalidade, e este fato ocorreu devido à falta de informação por parte das colonizadoras junto aos seus compradores. São chamadas pioneiras as espécies resistentes à insolação direta, com crescimento rápido, frutificação precoce e ciclo de vida curto, aptas a colonizar ambientes inóspitos. Nesse processo é possível admitir o uso de espécies exóticas como pioneiras, em caráter temporário, tendo como propósito estabelecer condições favoráveis à restauração do ecossistema original Espécies desses diferentes grupos ecológicos são plantadas juntas, de modo que as pioneiras, com seu rápido crescimento, possam propiciar, em curto prazo, sombra e matéria orgânica para o desenvolvimento das não pioneiras, possibilitando um desenvolvimento mais rápido para o consórcio. 20 Ou seja, são feitos reflorestamentos mistos, combinando espécies nativas ameaçadas de extinção com espécies exóticas de rápido crescimento, em áreas degradadas. Um exemplo de pioneira são os eucaliptos, que possuem rápido crescimento e são utilizados para produção de pasta de celulose. Eles poderão sofrer 3 cortes (que é o ciclo econômico desta planta), sendo que, no último corte, devem ser eliminados deixando somente as plantas nativas. 7 Madeira certificada e madeira legal - características. Madeira Legal e Madeira Certificada A madeira tem sido um motivo de muita discussão nos últimos anos, pois é uma das melhores matérias-primas para segmentos como o de móveis, papel e outros artigos. Porém, o desmatamento sem controle realizado durante muitos anos no Brasil tornou necessário que se criasse uma legislação e uma forma de desmatamento dentro da lei. Para evitar que inúmeras florestas desapareçam do país surgiram algumas táticas de controle da utilização de árvores para a produção de produtos. Porém, isso ainda traz muitas dúvidas para o consumidor, pois ele se depara com a chamada madeira legal e madeira certificada. As duas não são a mesma coisa e alguns consumidores desejam conhecer a diferença entre os termos para que possam comprar algo que não agrida ou deprede o meio ambiente. Compreender o que é uma e outra e qual a diferença que existe entre elas é essencial para fazer a escolha certa na hora de realizar uma compra. Qual a Diferença? A madeira legalizada é proveniente de desmatamento e a certificada possui atrás de si um manejo florestal, ou seja, a empresa que a utiliza realiza a conservação da floresta, respeita a sua mão de obra e as comunidades locais bem como está em dia com o pagamento dos seus impostos. Se você desconhece essa diferenciação entre uma e outra saiba que não é o único. Inúmero consumidor não tem bem clara essa diferença e por isso mesmo algumas pessoas que buscam não impactar a natureza acabam erroneamente procurando por madeira legal. A madeira legal não é nenhuma vilã no mercado uma vez que a sua extração é permitida, porém, se você deseja adquirir uma madeira que seja ecologicamente correta e ofereça melhores condições para o meio ambiente deve priorizar a madeira certificada. Esse certificado garante que a empresa que extraiu essa madeira realizou esse processo por meio de manejo florestal. O termo “legal” apenas nos prova que a extração é autorizada pelos órgãos ambientais, por isso produto possui o Documento de Origem Florestal (DOF). Sobre o DOF 21 O Documento de Origem Florestal (DOF), instituído pela Portaria n° 253, de 18 de agosto de 2006, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), constitui licença obrigatória para o transporte e armazenamento de produtos florestais de origem nativa, inclusive o carvão vegetal nativo, contendo as informações sobre a procedência desses produtos, nos termos do art. 36 da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 (Lei de Proteção da Vegetação Nativa). A emissão do documento de transporte e demais operações são realizadas eletronicamente por meio do sistema DOF, disponibilizado via internet pelo Ibama, sem ônus financeiro aos setores produtor e empresarial de base florestal, na qualidade de usuários finais do serviço e aos órgãos de meio ambiente integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), como gestores no contexto da descentralização da gestão florestal (Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011). Os critérios e procedimentos de uso do DOF são regrados pela Instrução Normativa Ibama nº 21, de 23 de dezembro de 2014, alterada pela Instrução Normativa Ibama nº 9, de 12 de dezembro de 2016 (IN Ibama nº 9/2016), válida para todos os estados da federação que o utilizam. É importante lembrar que há previsão no art. 6º, § 2º, da Resolução Conama nº 379, de 19 de outubro de 2006, de que estados utilizem sistemas próprios para emissão de documento de controle do transporte e armazenamento de produtos florestais desde que atendam às disposições constantes no anexo desta resolução. Assim, três unidades da federação se valem dessa prerrogativa, como Pará e Mato Grosso que utilizam o Sisflora e Minas Gerais o SIAM. Produtos florestais que estão sujeitos ao controle e, portanto, exigem a emissão de DOF para o seu transporte Nos termos da IN Ibama nº 9/2016, são sujeitos ao controle os seguintes produtos: 1. Produto florestal bruto Aquele que se encontra no seu estado bruto ou in natura, nas seguintes formas: a) madeira em tora; b) torete; c) poste não imunizado; d) escoramento; e) estaca e mourão; f) acha e lasca nas fases de extração/fornecimento; g) lenha; h) palmito; i) xaxim. 2. Produto florestal processado Aquele que, tendo passado por atividade de processamento, obteve a seguinte forma: a) madeira serrada devidamente classificada conforme Glossário do Anexo III da IN Ibama nº 9/2016; b) piso, forro (lambril) e porta lisa feitos de madeira maciça conforme Glossário 22 do Anexo III da IN Ibama nº 9/2016; c) rodapé, portal ou batente, alisar, tacos e decking feitos de madeira maciça e de perfil reto, e madeiras aplainadas em 2 ou 4 faces (S2S e S4S) conforme Glossário do Anexo III da IN Ibama nº 9/2016; d) lâmina torneada e lâmina faqueada; e) madeira serrada curta classificada conforme Glossário do Anexo III da IN Ibama nº 9/2016 , obtida por meio do aproveitamento de resíduos provenientes do processamento de peças de madeira categorizadas na alínea “a”; f)resíduos da indústria madeireira para fins energéticos ou para fins de aproveitamento industrial conforme Glossário do Anexo III da IN Ibama nº 9/2016, exceto serragem; g) dormentes; h) carvão de resíduos da indústria madeireira; i) carvão vegetal nativo, inclusive o empacotado na fase de saída do local da exploração florestal e/ou produção; j) artefatos de xaxim na fase de saída da indústria; k) cavacos em geral; l) bolacha de madeira. Voltar para o topo Sobre o acesso ao DOF As pessoas físicas ou jurídicas que necessitem de acesso ao DOF deverão cumprir os seguintes requisitos: • Estar inscrito no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e/ou Utilizadoras de Recursos Ambientais (CTF/APP) e ter declarado pelo menos uma atividade pertinente ao DOF (tabela abaixo); • Estar em situação regular junto ao Ibama, verificada por meio da emissão de Certificado de Regularidade; e • Possuir Certificado Digital do tipo A3. Tabela de atividades pertinentes ao DOF no CTF Categoria Códig o Atividade Indústria de madeira 7-1 Serraria e desdobramento de madeira 7-2 Preservação de madeira 7-3 Fabricação de chapas, placas de madeira aglomerada, prensada e compensada 7-4 Fabricação de estruturas de madeira e móveis 7-5 Preservação de madeira - usina sob pressão 7-6 Preservação de madeira - usina-piloto, pesquisa 7-7 Preservação de madeira - usina sem pressão 23 Transporte, terminais, depósitos e comércio 18-11 Transporte de produtos florestais Uso de recursos naturais 20-1 Silvicultura 20-2 Exploração econômica de madeira ou lenha e subprodutos florestais 20-9 Consumo de madeira, lenha ou carvão vegetal 20-22 Importação ou exportação de flora nativa brasileira 20-31 Silvicultura - reserva florestal para fins de reposição florestal 20-32 Comércio de materiais de construção que comercializam subprodutos florestais, até cem metros cúbicos ano 20-33 Exploração econômica de madeira ou lenha e subprodutos florestais – comércio atacadista 20-34 Exploração econômica de madeira ou lenha e subprodutos florestais – comércio varejista 20-42 Exploração econômica de madeira ou lenha e subprodutos florestais – instalação e manutenção de empreendimentos 20-55 Consumo de madeira, lenha ou carvão vegetal – construção de edifícios 20-60 Silvicultura – florestamento ou reflorestamento com espécies nativas 20-61 Silvicultura – florestamento ou reflorestamento com espécies exóticas 20-62 Exploração econômica de madeira ou lenha e subprodutos florestais – produção de carvão vegetal em florestas plantadas 20-63 Exploração econômica de madeira ou lenha e subprodutos florestais – coleta m florestas nativas de castanha, látex, palmito e produtos não madeireiros 20-67 Exploração econômica de madeira ou lenha e subprodutos florestais – extração de madeira em florestas nativas 24 20-68 Exploração econômica de madeira ou lenha e subprodutos florestais – produção de carvão vegetal em florestas nativas 20-70 Consumo de madeira, lenha ou carvão vegetal – esmagadora de grãos 20-71 Consumo de madeira, lenha ou carvão vegetal – indústria siderúrgica 20-72 Consumo de madeira, lenha ou carvão vegetal – frigorífico 20-73 Consumo de madeira, lenha ou carvão vegetal – panificadora 20-74 Consumo de madeira, lenha ou carvão vegetal – laticínio 20-75 Consumo de madeira, lenha ou carvão vegetal – restaurante e pizzaria 20-76 Consumo de madeira, lenha ou carvão vegetal – hotelaria 20-77 Consumo de madeira, lenha ou carvão vegetal – cerâmica 20-78 Consumo de madeira, lenha ou carvão vegetal – cerâmica 20-79 Exploração econômica de madeira ou lenha e subprodutos florestais – armazenamento de produtos/subprodutos florestais Porém, só o DOF não é determinante para sabermos que a retirada da madeira não afetou de alguma forma o ecossistema. Esse tipo de segurança é dada somente pela certificação que avalia todos os pontos para um bom manejo florestal. A certificação nos diz que a extração daquela árvore teve o menor impacto socioambiental possível. 25 O Selo de Certificação A FSC Brasil é uma organização não governamental e que não tem fins lucrativos criada para ajudar a promoção do manejo cuidadoso e não-predatório de madeira. O selo representa um símbolo de confiança para o consumidor que deseja ter em mãos produtos que tenham uma relação de respeito com o meio ambiente. Inúmeras lojas de decoração e materiais de construção e reforma contam com produtos em destaque com o famoso selo FSC Brasil. O selo FSC (Forest Stewardship Council – em português, Conselho de Manejo Florestal), é reconhecido internacionalmente e identifica os produtos que foram oriundos de bom manejo florestal. Esse selo oferece ao consumidor a possibilidade de fazer escolhas melhores e assim trazer mais segurança quanto ao manejo florestal realizado pela produtora de determinado objeto. A certificação é um processo voluntário em que a certificadora realiza uma avaliação de um empreendimento florestal e verifica os cumprimentos de questões ambientais, econômicas e sociais que fazem parte dos Princípios e Critérios do FSC. Esse processo pode ser resumido em 5 etapas ● Contato inicial - A operação florestal entra em contato com a certificadora ● Avaliação - Consiste em uma análise geral do manejo, da documentação e da avaliação de campo. O seu objetivo é preparar a operação para receber a certificação. Nessa fase são realizadas as consultas públicas, quando os grupos de interesse podem se manifestar. ● Adequação - Após a avaliação, a operação florestal deve adequar as não conformidades (quando houver). ● Certificação da operação - A operação florestal recebe a certificação. Nessa etapa, a certificadora elabora e disponibiliza um resumo público. ● Monitoramento anual - Após a certificação é realizado pelo menos um monitoramento da operação ao ano. O processo da certificação é conduzido pela certificadora. A certificação FSC é um sistema de garantia internacionalmente reconhecido, que identifica, através de sua logomarca, produtos madeireiros e não madeireiros originados do bom manejo florestal. Todo empreendimento ligado as operações de manejo florestal e/ou à cadeia produtiva de produtos florestais, que cumpra com os princípios e critérios do FSC, pode ser certificado. 26 Atualmente existem três modalidades de certificação: Manejo Florestal, Cadeia de Custódia , Madeira Controlada. Manejo Florestal A certificação de Manejo Florestal garante que a floresta é manejada de forma responsável, de acordo com os princípios e critérios da certificação FSC. Todos os produtores podem obtero certificado, sejam pequenas, grandes operações ou associações comunitárias. Essas florestas podem ser naturais ou plantadas, públicas ou privadas. A certificação de manejo florestal pode ser caracterizada por tipo de produto: madeireiros, como toras ou pranchas; ou não madeireiros, como óleos, sementes e castanhas. Cadeia de Custódia (CoC) A certificação de cadeia de custódia (CoC) garante a rastreabilidade desde a produção da matéria-prima que sai das florestas até chegar ao consumidor final. Aplica-se aos produtores que processam a matéria prima de florestas certificadas. As serrarias, os fabricantes, os designers e as gráficas que desejam utilizar o selo FSC em seus produtos, precisam obter o certificado, para garantir a rastreabilidade de toda a cadeia produtiva. Madeira Controlada As normas de madeira controlada do FSC® têm como objetivo orientar as empresas certificadas a evitarem produtos com origem florestal de categorias consideradas inaceitáveis pelo FSC. A partir desta avaliação, as empresas controlam a origem dos materiais usados para a composição dos produtos “FSC Misto”, excluindo as procedentes de atividades florestais social e ambientalmente danosas. As empresas certificadas em cadeia de custódia FSC que combinam materiais controlados e certificados FSC em seus produtos, devem demonstrar que o material controlado evitou fontes das seguintes categorias: • Madeira extraída ilegalmente; • Madeira extraída em Infração aos Direitos civis e Tradicionais; • Madeira extraída de florestas em que os Altos Valores de Conservação estão ameaçados pelas atividades de manejo; • Madeira extraída de Áreas Convertidas de Florestas para plantações e outros usos não-florestais; • Madeira de florestas com Árvores Geneticamente Modificadas. Os Princípios e Critérios da FSC Brasil Os princípios e critérios exigidos pela FSC Brasil para que uma empresa possa usar o selo de certificação incluem questões ambientais, sociais e econômicas da atividade florestal para que seja garantido o bom uso dos recursos naturais, saúde e segurança no trabalho. 27 Além disso, é necessário que a empresa realize um trabalho com vista a melhorar o bem estar das comunidades do entorno e partes interessadas. Em suma podemos dizer que para obter essa certificação da madeira as empresas precisam se adequar a soluções para uma melhor preservação da floresta e das comunidades que vivem em torno desse local em que é realizada a extração das árvores. A diferença entre a madeira legal e a certificada está no processo de manejo florestal que a segunda realiza. O Que e Como se Certifica? O madeiramento estrutural que é usado em construções e também para fazer certos móveis representa o melhor exemplo de produtos fabricados com madeira certificada. Porém, o selo de certificação pode ser aplicado a qualquer tipo de matéria-prima que seja de origem florestal. Os alimentos podem conter esse selo se contiverem base de produtos de extração florestal como é o caso das castanhas. Sendo assim além da madeira citada acima outros elementos podem receber a certificação como assoalhos, papel, batentes, celulose, cosméticos e itens alimentícios. Essa madeira certificada pode ser proveniente de plantações florestais (reflorestamento) ou mesmo de florestas naturais como a Amazônia, por exemplo. Dentre as madeiras certificadas os dois tipos que mais se destacam são as do gênero Pinus e os lenhos provenientes de eucalipto e teca. Na Amazônia os melhores exemplos de espécies que recebem o selo de certificação são o ipê e o cedro. O trabalho da FSC Brasil é habilitar as certificadoras especializadas que por sua vez irão realizar o processo de certificação. Para que a certificação aconteça é necessário que a empresa realize uma série de procedimentos e regras de conduta. Depois que a empresa solicitante obtém o selo de certificação passa por avaliações da certificadora para que seja atestado o cumprimento de todos os princípios e critérios exigidos pelo FSC. Além do FSC existe o Certflor (Programa Brasileiro de Certificação Florestal) que também oferece certificação seguindo critérios e indicadores nacionais que estão prescritos nas normas elaboradas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e que integram Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade e ao Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). Certflor No Brasil, desde 1996 a Sociedade Brasileira de Silvicultura – SBS, em parceria com algumas associações do setor, instituições de ensino e pesquisa, organizações não-governamentais e com apoio de alguns órgãos do governo, vem trabalhando com um programa voluntário denominado Cerflor - Programa Brasileiro de Certificação Florestal. O Cerflor surgiu para atender uma demanda do setor produtivo florestal do país. Desde 1996, a Sociedade 28 Brasileira de Silvicultura - SBS estabeleceu acordo de cooperação com a ABNT para desenvolver os princípios e critérios para o setor. Em 20/02/2001, foi instalado o Fórum de Competitividade da Cadeia Produtiva de Madeira e Móveis, com objetivo de abrir espaço de diálogo entre o setor produtivo e governo. Dentro do enfoque do Programa Fórum de Competitividade, o setor traçou ações necessárias para o desenvolvimento e implementação de pré-projetos e de um futuro Contrato de Competitividade. Um dos projetos propostos foi o de Certificação Florestal, onde se buscou introduzir a certificação florestal no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade - SBAC. Com esse objetivo foi criada a Subcomissão Técnica de Certificação Florestal, no âmbito da Comissão Técnica de Certificação Ambiental, para o desenvolvimento dos trabalhos. com a presença dos Exmo. Srs. Ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, representantes dos Ministros do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcus Vinícius Pratini de Moraes. Estrutura O Programa Brasileiro de Certificação Florestal foi desenvolvido dentro da estrutura do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Sinmetro, que tem como órgão que estabelece as suas políticas, o Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Conmetro e como órgão executivo central, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Inmetro (Lei n.º 5.966, de dezembro de 1973). O Inmetro, autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC é o Organismo acreditador oficial do Governo Brasileiro e o gestor de programas de avaliação da conformidade, dentre eles o Cerflor. A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT é uma entidade não-governamental, sem fins lucrativos reconhecidapelo Conmetro como Fórum Nacional de Normalização e é membro fundador da ISO. A ABNT é o organismo responsável pelo processo de elaboração e revisão das normas do Programa Cerflor. Cerflor: Normas Brasileiras O Cerflor visa à certificação do manejo florestal sustentável e da cadei a de custódia de produtos de base florestal, segundo o atendimento de princípios, critérios e indicadores - aplicáveis para todo o território nacional - prescritos nas normas elaboradas no fórum nacional de normalização e integradas ao Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade e ao Inmetro. As normas que compõem o Cerflor foram elaboradas pela ABNT CEE 103 - Comissão de Estudos Especial sobre Manejo Florestal, no âmbito da 29 Associação Brasileira de Normas Técnicas. Os projetos de normas de manejo florestal e de cadeia de custódia passaram por Teste de Campo, que são ensaios realizados em projetos de Norma Brasileira para verificar, e garantir, a aplicabilidade do documento, quando este vier a se tornar uma Norma Brasileira. Todas as normas, antes de sua publicação, foram submetidas à consulta nacional por um período de 90 dias. O Cerflor contempla um conjunto de normas, das quais cinco foram publicadas em fevereiro de 2002 pela ABNT, e uma em março de 2004. Em abril de 2007, continuando o procedimento de normalização segundo conceitos e diretrizes internacionais de Boas Práticas de Normalização, iniciou-se o processo de revisão das normas cuja experiência de aplicação completava 05 anos. Esse processo incluiu a realização de novas reuniões da Comissão de Estudo da ABNT, consulta nacional por 90 dias, dentre outras práticas. A Comissão de Estudos Especial da ABNT desenvolveu também, em 2009 e 2010 as normas ABNT NBR 16789 e ABNT NBR 15753 para prover uma orientação e facilitar o entendimento e aplicação das normas ABNT NBR 14789 e ABNT NBR 15789, respectivamente. O processo de revisão das normas brasileiras acontece, pelo menos, a cada 05 anos, ou, sempre que se fizer necessária sua revisão. Podendo as mesmas serem revisadas e atualizadas por diversos motivos, como para melhorar a clareza dos requisitos especificados, para introduzir novos conceitos e novas tecnologias aplicáveis, para harmonização aos requisitos internacionalmente reconhecidos, com os estabelecidos nas normas internacionais do PEFC – Programa para o Reconhecimento dos Esquemas de Certificação Florestal, ou outros. Hoje, o Cerflor conta com o seguinte acervo normativo, além de utilizar normas internacionalmente aceitas como as Diretrizes para auditorias de sistema de gestão (ABNT NBR ISO 19011): ● NBR 14789:2012 - Manejo Florestal - Princípios, Critérios e Indicadores para Plantações Florestais ● NBR 14790:2014 - Manejo Florestal - Cadeia de Custódia (baseada na PEFC ST 2002:2013) ● NBR 14791 - Diretrizes para Auditoria Florestal - Princípios Gerais – CANCELADA e substituída pela NBR ISO 19011 ● NBR 14792 - Diretrizes para Auditoria Florestal - Procedimentos de Auditoria - Auditoria de Manejo Florestal - CANCELADA e substituída pela NBR ISO 19011 ● NBR 14793:2008 - Diretrizes para Auditoria Florestal - Procedimentos de Auditoria - Critérios de Qualificação para Auditores Florestais (em revisão) ● NBR 15789:2013 - Manejo Florestal - Princípios, Critérios e Indicadores para Florestas Nativas 30 ● NBR 16789:2014 - Manejo Florestal – Diretrizes para a implementação da ABNT NBR 14789 ● NBR 15753:2009 - Manejo Florestal - Diretrizes para a implementação da ABNT NBR 15789 (em revisão) ● NBR 17790:2014 - Manejo Florestal Sustentável - Cadeia de Custódia – Requisitos para organismos de certificação que realizam certificação em conformidade com a ABNT NBR 14790 (baseada na PEFC ST 2003:2012). 8 Compensação ambiental e aplicação - município e estado de SP, governo federal. A Compensação Ambiental é um mecanismo financeiro de compensação pelos efeitos de impactos não mitigáveis ocorridos quando da implantação de empreendimentos, e identificados no processo de licenciamento ambiental. Estes recursos são destinados as Unidades de Conservação para a consolidação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. O instrumento da Compensação está contido no Art. 36 da Lei Nº 9985 de 18 julho de 2000 que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação e regulamentado pelo Decreto nº 4340, de 22 de agosto 2002, alterado pelo Decreto nº5.566/05. A Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, a qual “tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana...” (Artigo 2º). Um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente é a avaliação de impactos ambientais (inciso III, Artigo 9º). O Artigo 10º estabelece que dependerão de prévio licenciamento “a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como os capazes sob qualquer forma, de causar degradação ambiental...”As definições, responsabilidades, critérios básicos e diretrizes gerais para o uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental só foram estabelecidas a partir da Resolução CONAMA 001, de 23 de janeiro de 1986. No Estado de São Paulo, o cumprimento da Compensação Ambiental se dá pelo estabelecimento do Termo Compromisso de Compensação Ambiental – TCCA, celebrado entre a Secretaria do Meio Ambiente e o empreendedor, com interveniência do órgão licenciador. A assinatura do TCCA é realizada como condição à emissão da Licença de Instalação – LI do empreendimento, devendo ainda ser comprovado o depósito dos recursos da compensação ambiental em: - Conta poupança vinculada; ou 31 - No Fundo Especial de Despesa para Preservação da Biodiversidade e dos Recursos Naturais – FPBRN. É utilizada a sistemática na qual os órgãos e entidades gestoras de Unidades de Conservação, habilitadas a receberem recursos de Compensação Ambiental, encaminham planos de trabalho com a indicação da Unidade de Conservação a ser beneficiada, da atividade pretendida e da estimativa de valores para suprir tais atividades, que são submetidos à apreciação da CCA. Após a aprovação do plano de trabalho, a CCA destina os recursos compatibilizando as prioridades para gestão das Unidades do Estado, observando as condicionantes estabelecidas pelo órgão licenciador e obedecendo ao disposto na Lei Federal nº 9.985/2000 e à ordem de prioridades estabelecidas no Decreto Federal nº 4.340/2002. A escolha das Unidades beneficiárias parte do apontamento inicial feito pelo
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