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jrjquo 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ PROCESSO Nº 0100469-69.2013.4.02.5153 PARTE AUTORA: LEONIZE ALVES DE CARVALHO PARTE RÉ: UNIÃO FEDERAL SENTENÇA - TIPO A - FUNDAMENTAÇÃO INDIVIDUALIZADA I - RELATÓRIO Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei nº 9.099/1995 c/c art. 1º da Lei nº 10.259/2001, passo a analisar diretamente o mérito. II - FUNDAMENTAÇÃO Pretende a parte autora o recebimento de parcelas relativas ao período de fevereiro a dezembro de 2008, no valor total de R$ 5.273,37 (cinco mil, duzentos e setenta e três reais e trinta e sete centavos), a título de abono de permanência, bem como a condenação da parte ré na quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais), sob a alegação de ter sofrido danos morais. A autora, servidora pública do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – Agência Regional do Rio de Janeiro, narra que atende a todos os requisitos estabelecidos no art. 40, § 1º, inciso III, alínea “a”, da CRFB, para a concessão de sua aposentadoria voluntária, pelo que faz jus ao recebimento do abono de permanência. O abono de permanência, criado pela EC nº41/2003, tem por escopo estimular a permanência em atividade do servidor que, cumprido os requisitos para a obtenção da aposentadoria voluntária, estabelecidos no §1º, inciso III, alínea “a”, do art. 40 da CRFB, opte por permanecer em atividade (art. 40, §19, da CRFB e art.7º da Lei nº 10.887/04). Os requisitos são: a) sessenta anos de idade e trinta e cinco anos de contribuição, se homem, ou cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição, se mulher; b) dez anos de efetivo exercício no serviço público e; c) cinco anos no cargo efetivo em que se daria a aposentadoria. A concessão do abono de permanência pressupõe, portanto, o cumprimento das exigências para a aposentadoria voluntária e a opção do servidor por permanecer em atividade, conforme dispõe o §19 do art. 40 da CRFB: § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até completar as exigências para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) No caso, a autora foi servidora pública do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – Agência Regional do Rio de Janeiro no cargo de auxiliar operacional de PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO JFRJ Fls 78 Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a ROSANGELA LUCIA MARTINS. Documento No: 76521672-48-0-78-3-574893 - consulta à autenticidade do documento através do site http://www.jfrj.jus.br/autenticidade . serviços diversos e, tendo completado o tempo para aposentadoria, requereu o abono de permanência, que foi reconhecido administrativamente. Ocorre que, de acordo com os documentos de fls. 62/68, os valores inerentes ao período de fevereiro a dezembro de 2008 indicam que a quantia total devida à autora é de R$ 2.804,65 (dois mil, oitocentos e quatro reais e sessenta e cinco centavos), o que já foi devidamente pago em maio/2013. Remetidos os autos à contadoria judicial, apurou-se que, descontado o valor pago acima, a quantia devida a título de atualização monetária do abono de permanência é de R$ 256,33 (duzentos e cinquenta e seis reais e trinta e três centavos), consoante cálculos atualizados até novembro/2016, discriminados na fl. 76. Assim, a parte autora faz jus tão somente à atualização monetária do abono de permanência no valor de R$ 256,33 (duzentos e cinquenta e seis reais e trinta e três centavos), referente ao período de fevereiro a dezembro de 2008. No que tange aos danos morais, ele se caracteriza pelo abalo à honra e/ou à imagem, diante de situação que produza dor, angústia, humilhação ou sofrimento pela violação a um direito da personalidade. Mero dissabor, aborrecimento, irritação e sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto fazem parte da normalidade do dia a dia no trabalho, no trânsito, nas relações de amizade e até no ambiente familiar. “É preciso distinguir o dano moral das contrariedades muitas vezes sofridas pelos seres humanos em seus relacionamentos interpessoais e profissionais. Se a todo motivo de tristeza se imputar a definição de dano moral e a consequente indenização, a sociedade não caminhará, sempre ocupada que estará em comparecer às barras dos tribunais, pois a humanidade não como primordiais características a cordialidade, a temperança e o desapego à matéria. Isso a experiência do homem médio cada vez mais está a demonstrar (...)” (TRT da 2.ª Região, Acórdão 20030094687, n. de pauta: 039, Processo TRT/SP 41748200290202008, Recurso ordinário 74 VT de São Paulo, Juíza Yone Frediani, presidente e relatora). No caso, o atraso no pagamento da verba relativa ao abono de permanência não implica, por si, só na violação de direitos da personalidade, e, ante a ausência de outro elemento fático adicional que possa configurar lesão extrapatrimonial, o pedido deve ser julgado improcedente. III - DISPOSITIVO Ante o exposto, com fulcro no artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil: a) JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido da parte autora e condeno a União Federal a pagar para Leonize Alves de Carvalho o montante de R$ 256,33 (duzentos e cinquenta e seis reais e trinta e três centavos), relativo à atualização monetária do abono de permanência, referente ao período de fevereiro a dezembro de 2008; b) JULGO IMPROCEDENTE o pedido de condenação à indenização a título de dano moral. Sem condenação em custas e em honorários advocatícios. JFRJ Fls 79 Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a ROSANGELA LUCIA MARTINS. Documento No: 76521672-48-0-78-3-574893 - consulta à autenticidade do documento através do site http://www.jfrj.jus.br/autenticidade . Interposto recurso tempestivo, intime-se a parte contrária simultaneamente da sentença e para apresentar contrarrazões. Decorrido o prazo legal, remetam-se os autos às Turmas Recursais. Transitada em julgado, remetam-se os autos à parte ré para, no prazo de 30 dias, cumprir a obrigação de fazer, consistente no pagamento à parte autora do montante de R$ 256,33 (duzentos e cinquenta e seis reais e trinta e três centavos), relativo à atualização monetária do abono de permanência, referente ao período de fevereiro a dezembro de 2008, caso ainda não tenha sido efetivamente aposentada, devendo, dentro do prazo fixado, informar a este Juízo o cumprimento da obrigação determinada ou informar a data da aposentadoria da parte autora. Oportunamente, dê-se baixa e arquive-se, observadas as cautelas de praxe. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Campos dos Goytacazes/RJ, 29 de novembro de 2016. Assinada eletronicamente ROSANGELA LUCIA MARTINS Juíza Federal Substituta JFRJ Fls 80 Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a ROSANGELA LUCIA MARTINS. Documento No: 76521672-48-0-78-3-574893 - consulta à autenticidade do documento através do site http://www.jfrj.jus.br/autenticidade .
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