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Análise de viabilidade econômica de uma usina de compostagem em leiras com aeração forçada.pdf

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Prévia do material em texto

RAFAEL JOSÉ CAMPANER 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE UMA USINA DE 
COMPOSTAGEM EM LEIRAS COM AERAÇÃO FORÇADA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Londrina 
2017 
 
RAFAEL JOSÉ CAMPANER 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE UMA USINA DE 
COMPOSTAGEM EM LEIRAS COM AERAÇÃO FORÇADA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Departamento de Agronomia 
da Universidade Estadual de Londrina, como 
requisito parcial à obtenção do título de 
Engenheiro Agrônomo. 
 
Orientador: Prof. Dr. Efraim Rodrigues 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Londrina 
2017 
 
RAFAEL JOSÉ CAMPANER 
 
 
 
 
ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE UMA USINA DE 
COMPOSTAGEM EM LEIRAS COM AERAÇÃO FORÇADA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Departamento de Agronomia da 
Universidade Estadual de Londrina, como 
requisito parcial à obtenção do título de 
Engenheiro Agrônomo. 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
____________________________________ 
Orientador: Prof. Dr. Efraim Rodrigues 
Universidade Estadual de Londrina - UEL 
 
 
 
 
____________________________________ 
Prof. Dr. Adilson Luiz Seifert 
Universidade Estadual de Londrina - UEL 
 
 
 
 
____________________________________ 
Prof. Dr. Eli Carlos de Oliveira 
Universidade Estadual de Londrina - UEL 
 
 
 
Londrina, _____de ___________de _____. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTO 
 
Agradeço primeiramente a meu irmão Olívio por ser meu exemplo, e 
modelo a seguir para ser uma pessoa melhor. 
A meus pais e meu irmão Fernando por estarem sempre do meu 
lado e fazer da convivência em família absolutamente agradável. 
A minha psicóloga Angélica por ser um conforto para que eu 
terminasse esta tarefa a princípio aparentemente interminável. 
Agradeço também a meus mestres que passaram pela minha 
formação e engrandeceram meu conhecimento durante esta jornada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Na natureza nada se cria, nada se 
perde, tudo se transforma.” 
Antoine Laurent de Lavoisier (1743-1794).
 
CAMPANER, Rafael José. Análise de viabilidade econômica de uma usina de 
compostagem em leiras com aeração forçada. 2017. 79 p. Trabalho de 
Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia) – Universidade Estadual de 
Londrina, Londrina, 2017. 
 
 
Resumo 
 
O trabalho teve como objetivo realizar uma análise de viabilidade econômica de um 
usina de compostagem. A compostagem é uma forma de ciclagem de nutrientes, 
devolvendo ao solo os nutriente retirados pela atividade agropecuária. Porém mais 
do que isso, o composto orgânico (produto da compostagem) tem uma função 
estrutural muito importante no solo, melhorando suas características físicas, 
químicas, físico-químicas e biológicas. A compostagem pode ser realizada através 
de vários métodos. Para este trabalho foi escolhido o método de leiras com aeração 
forçada. Para realização da análise de viabilidade econômica, foi necessário estimar 
a receita. Esta foi determinada de três modos. No primeiro, foi feita uma média do 
gasto com adubação mineral de produtores. Considerando que a adubação orgânica 
tem potencial para reduzir os gastos com adubação, foi estimado que o custo do 
composto orgânica deveria ser igual à redução de gastos relatados na literatura. A 
receita obtida foi de R$ 95.160,00 ao ano, valor que não foi capaz de superar os 
custos anuais de produção estimados em R$ 149.413,48 ao ano. Como 
consequência, através do método de análise do Valor Presente Líquido (VPL), o 
projeto com esta premissa foi recusado. O segundo modo de estimar a receita foi, 
por tentativa e erro, encontrar qual o preço mínimo do produto que faz com que o 
VPL seja positivo, fazendo com que o projeto seja aceito. Este valor foi de R$102,92 
por tonelada. O terceiro método de determinação da receita para a análise é 
utilizando o preço praticado no mercado de composto orgânico. O valor considerado 
para análise foi de R$ 135,00 t-1 de composto. A este preço a receita esperada seria 
de R$ 351.000,00 ao ano e o VPL ao término da análise seria R$ 521.809,62. Pelo 
método do PBD (Paback descontado) foi estimado que no ano 4,93 o projeto tem 
capacidade de pagar o capital investido, considerando a taxa de remuneração do 
capital como 6% ao ano. A taxa interna de retorno (TIR) indica qual a taxa de retorno 
do capital investido ao final do projeto. A TIR, pelo terceiro método de determinação 
de renda foi de 20%. Tanto o PBD, como o VPL e a TIR deste método de estimativa 
da receita, atendem os requisitos para aceitação do projeto. 
 
Palavras-Chave: Nutrientes, Composto orgânico, Valor Present Líquido, Payback 
Descontado, Taxa Interna de Retorno. 
 
 
CAMPANER, Rafael José. Economical feasibility analysis of an aerated pile 
Composting Plant. 2017. 79 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em 
Agronomia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2017. 
 
 
Abstract 
 
This paper aims to make a feasibility analysis of a composting plant. Composting is a 
way of giving back to the soil the nutrients that were taken by agricultural activity. But 
beyond that, the organic compost has a very important structural function in the soil, 
improving its physical, chemical, physico-chemical and biological characteristics. 
Composting may be done through several methods. The aerated pile method was 
choosen for this analysis. For the economical feasibility analysis it is needed to 
estimate the revenue. It was determined by three diferent ways. The first one 
consists on determining an average spent of mineral fertilizer by farmers. 
Considering the potential of the organic fertilization of reducing the expenditure in 
fertilization, it was estimated that the price of the organic compost should be equal to 
the reduction in costs present in the literature. The obtained revenue was R$ 
95.160,00 each year. Such value was not able to overcome the annual production 
cost estimated in R$ 149.413,48 per year. As a consequence, by the Liquid Present 
Value (LPV) anlysis method the project with this premiss was refused. The second 
method to estimate the revenue is, by trial an error, to find which is the minimum 
product price that makes the LPV be positive, which accepts the project. The value 
was R$ 102,92 per metric ton. The third method to determine the revenue for the 
analysis is using the price that is usually seen in the organic compost market. The 
value considered for analysis is R$ 135,00 t-1 of compost. At this price the revenue 
would be R$ 351.000,00 per year and LPV at the end of the analysis would be R$ 
521.809,62. By the Payback method, it was estimated that in the year 4,58 the 
project has the capacity of paying the invested capital, considering an interest rate of 
6% per year. The internal return reate (IRR) indicates what is the rate in which the 
project returns to the invested capital. The IRR, by the third method of revenue 
determination was 20%. The Payback method, alonside the LPV and IRR methods 
applied in this revenue estimation method achieve the requisites for the project to be 
accepted. 
 
Key words: Composting, Feasibility, Liquid Present Value, Payback, Internal Return 
Rate. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1 – Esquema prático de uma leira estática com aeração forçada. ................ 33 
Figura 2 – Esquema representando a formatação do pátio de compostagem. .........50 
Figura 3 – Esquema representando o armazém de composto e matéria prima. ...... 53 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Concentração média de N, P2O5 e K2O e teor de matéria seca de 
materiais orgânicos de origem animal ....................................................................... 36 
Tabela 2 – Teor de nutrientes de acordo com o teor de sólidos em dejetos de suínos 
compostados ............................................................................................................. 37 
Tabela 3 – Exemplo de exportação de nutrientes em função da produtividade 
esperada de algumas culturas .................................................................................. 37 
Tabela 4 – Critérios de controle de qualidade de um composto orgânico produzido a 
partir de lixo orgânico municipal ................................................................................ 39 
Tabela 5 – Níveis máximos de tolerância a metais pesados e composto orgânico de 
Lixo urbano. Valores em mg kg-1 de composto seco a 65 °C .................................. 40 
Tabela 6 – Parâmetros A e B da equação de Shedd para diferentes agentes 
estruturantes quando submetidos à compostagem com cama de frango na proporção 
60:40, respectivamente ............................................................................................ 46 
Tabela 7 – Carga diária necessária, distância da usina até o ponto de coleta e o 
tempo de percurso em minutos de cada um dos materiais utilizados como matéria-
prima ........................................................................................................................ 48 
Tabela 8 – Ferramentas e EPI necessárias para as operações manuais ................ 50 
Tabela 9 – Dados para cálculo das dimensões do barracão ................................... 55 
Tabela 10 – Tabela para pagamento de taxas, para empresas de porte médio, 
segundo a Lei Estadual do Paraná .......................................................................... 56 
Tabela 11 – Parâmetros utilizados para o cálculo do dimensionamento das leiras de 
compostagem ........................................................................................................... 63 
Tabela 12 – Área total do pátio, valores calculados através das equações 1 a 12 .. 64 
Tabela 13 – Encargos salariais a serem pagos para os funcionários contratados .. 64 
Tabela 14 – Itens e preços dos componentes do sistema de irrigação ................... 65 
Tabela 15 – Dimensões do barracão de armazenamento ....................................... 65 
Tabela 16 – Detalhamento dos gastos de implantação da usina de compostagem. 66 
Tabela 17 – Custos operacionais de produção ........................................................ 67 
Tabela 18 – Cálculo de depreciação de máquinas e benfeitorias ............................ 68 
Tabela 19 – Estimativa de preço do produto baseado no gasto médio com adubos 
na região .................................................................................................................. 69 
 
Tabela 20 – Custo total de produção incluindo o imposto de renda, para o método de 
estimativa de receita baseado no gasto médio com adubação dos produtores da 
região ....................................................................................................................... 69 
Tabela 21 – Fluxo de caixa estimado a partir do método da receita baseado nos 
gastos médios com adubos ...................................................................................... 70 
Tabela 22 – Preço mínimo do produto para que o projeto seja aceito ..................... 71 
Tabela 23 – Custo de produção incluindo o imposto sobre a renda pelo método da 
receita mínima .......................................................................................................... 71 
Tabela 24 – Fluxo de caixa estimado pelo método da receita mínima. ................... 72 
Tabela 25 – Receita esperada pelo método do preço de mercado .......................... 73 
Tabela 26 – Custo total de produção incluindo o imposto de renda, pelo método do 
preço de mercado .................................................................................................... 73 
Tabela 27 – Fluxo de caixa estimado pelo método do preço praticado ................... 74 
Tabela 28 – Comparação entre o gasto médio com adubação convencional e o 
gasto com o produto estipulado pelo preço de mercado .......................................... 75 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
EPA Environment protection agency, Agência de proteção ambiental. 
h Horas 
ha Hectares 
l Litros 
L Medida analítica de comprimento 
M Medida analítica de massa 
m Metros 
min Minutos 
PBD Payback descontado 
RSU Resíduos sólidos urbanos 
s Segundos 
T Medida analítica de tempo 
t Toneladas 
TIR Taxa Interna de Retorno 
VPL Valor Presente Líquido 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 12 
1.1 DEFINIÇÃO E HISTÓRICO ............................................................................... 12 
1.2 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 14 
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 14 
 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 15 
2.1 RAZÕES PARA UTILIZAÇÃO DO COMPOSTO ORGÂNICO...................................... 15 
2.1.1 Propriedades Físicas do Solo ................................................................... 15 
2.1.1.1 Densidade aparente .................................................................................. 15 
2.1.1.2 Estrutura .................................................................................................... 16 
2.1.1.3 Aeração ..................................................................................................... 16 
2.1.1.4 Temperatura .............................................................................................. 17 
2.1.2 Retenção de Água no Solo ....................................................................... 17 
2.1.3 Macronutrientes de Plantas ....................................................................... 18 
2.1.3.1 Nitrogênio .................................................................................................. 18 
2.1.3.2 Fósforo ...................................................................................................... 19 
2.1.3.3 Enxofre ...................................................................................................... 21 
2.1.3.4 Cálcio, Magnésio e Potássio ..................................................................... 21 
2.1.4 Micronutrientes de Plantas ........................................................................ 21 
2.1.5 Poder de Tamponamento da Matéria Orgânica e pH do Solo ................... 23 
2.1.6 Propriedades Físico-químicas do Solo ...................................................... 23 
2.1.7 Propriedades Biológicas ............................................................................ 24 
2.1.8 Salinidade do Solo .................................................................................... 25 
2.2 FUNDAMENTOS DA COMPOSTAGEM ............................................................... 26 
2.2.1 Aeração ..................................................................................................... 26 
2.2.2 Temperatura ..............................................................................................27 
2.2.3 Umidade .................................................................................................... 28 
2.2.4 Relação C/N .............................................................................................. 29 
2.2.5 pH .............................................................................................................. 30 
2.2.6 Estrutura .................................................................................................... 31 
2.2.7 Microrganismos e Microbiologia ................................................................ 31 
2.3 SISTEMAS DE COMPOSTAGEM ...................................................................... 32 
 
2.3.1 Sistema de Leiras Revolvidas ................................................................... 32 
2.3.2 Sistema de Leiras Estáticas Aeradas ........................................................ 33 
2.4 PRINCIPAIS MATÉRIAS-PRIMAS PARA UM COMPOSTO DE BOA QUALIDADE 
AGRONÔMICA .............................................................................................. 35 
2.4.1 Casca de café ........................................................................................... 35 
2.4.2 Estercos animais ....................................................................................... 35 
2.4.3 Resíduos sólidos urbanos ......................................................................... 38 
 
3 METODOLOGIA ....................................................................................... 42 
3.1 DIMENSIONAMENTO DA USINA DE COMPOSTAGEM ........................................... 42 
3.1.1 Determinação da Matéria Prima e Sistema de Compostagem .................. 42 
3.1.2 Determinação da Potência do Ventilador .................................................. 43 
3.1.3 Dimensionamento das Leiras de Compostagem ....................................... 46 
3.1.4 Determinação da Demanda ...................................................................... 46 
3.1.5 Determinação dos Maquinários e Ferramentas Necessárias .................... 47 
3.1.6 Dimensionamento do Pátio e Barracão de Proteção Pluvial ..................... 50 
3.1.7 Determinação da Mão de Obra ................................................................. 53 
3.1.8 Sistema de Captação de Efluentes e Irrigação ......................................... 53 
3.1.9 Dimensionamento do Barracão de Armazenamento ................................. 54 
3.1.10 Licenciamento Ambiental .......................................................................... 55 
3.2 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA............................................................. 56 
3.2.1 Custos de Implantação, Investimento Inicial ............................................. 56 
3.2.2 Fluxo de Caixa Anual ................................................................................ 56 
3.2.2.1 Eletricidade e água .................................................................................... 57 
3.2.2.2 Combustível .............................................................................................. 57 
3.2.2.3 Conservação e reparo ............................................................................... 57 
3.2.2.4 Imposto sobre a renda .............................................................................. 58 
3.2.3 Determinação das Receitas ...................................................................... 59 
3.2.4 Modelo Payback Descontado (PBD) ......................................................... 60 
3.2.5 Modelo do Valor Presente Líquido (VPL) .................................................. 62 
3.2.6 Taxa Interna de Retorno (TIR) .................................................................. 62 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 63 
4.1 DIMENSIONAMENTO DA USINA ....................................................................... 63 
 
4.2 VIABILIDADE ECONÔMICA .............................................................................. 67 
4.2.1 Primeiro método de determinação da receita: Gasto Médio com adubos 
minerais ..................................................................................................... 69 
4.2.2 Segundo método de determinação da receita: Preço mínimo do composto 
para que o projeto seja aceito. .................................................................. 71 
4.2.3 Terceiro método de determinação da receita: Preço de composto 
usualmente praticado no mercado. ........................................................... 73 
5 CONCLUSÃO ........................................................................................... 76 
 
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 78 
 
 
 
 12 
1 INTRODUÇÃO 
1.1 DEFINIÇÃO E HISTÓRICO 
Compostagem é definida por Fernandes e Silva (1999) como o conjunto de 
reações que ocorrem em certo material de origem biológica. São reações de 
oxidação feitas por microrganismos em um ambiente aeróbio e que liberam energia. 
O substrato para a compostagem geralmente é heterogêneo e feito com material no 
estado sólido. Essas reações caracterizam-se pela produção de CO2, água e pela 
liberação das substâncias minerais presentes nas células e compostos orgânicos. 
Além disso, a matéria orgânica produzida torna-se estável. 
A adição de material orgânico não compostado no solo causa uma série de 
complicações tanto na química quanto na física e biologia do solo. Por isso, a 
estabilização da matéria orgânica se mostra tão necessária para a sua utilização na 
agricultura. Como Albert Howard (1873-1947), considerado pai da agricultura 
orgânica descreve, uma cultura adicionada de material orgânico verde empobrece a 
solução do solo, contamina sua atmosfera e exaure sua umidade. O húmus, principal 
produto da compostagem, exerce influência favorável na lavoura, na capacidade de 
retenção de água e temperatura do solo. As propriedades biológicas do húmus 
oferecem não só um habitat apropriado para os microrganismos como também são 
fonte de nitrogênio e nutrientes minerais. Além disso, os ácidos orgânicos fracos 
presentes na matéria orgânica decomposta alteram a reação geral do solo, 
combinando-se com várias bases e sais do solo (HOWARD, 1935). Estes ácidos 
orgânicos fracos funcionam como tampões no solo, retendo bases além de evitar o 
efeito de dispersão das partículas de argila. 
A legislação vigente que regulamenta a produção e comercialização de 
fertilizantes no Brasil é o anexo ao decreto nº 4.954, de 14 de janeiro de 2004, que 
regulamenta a Lei n° 6.894, de 16 de dezembro de 1980. Nele, a definição de 
fertilizantes orgânicos é: “produto de natureza fundamentalmente orgânica, obtido 
por processo físico, químico, físico-químico ou bioquímico, natural ou controlado, a 
partir de matérias-primas de origem industrial, urbana ou rural, vegetal ou animal, 
enriquecido ou não de nutrientes minerais”. Neste sentido, o produto denominado 
“fertilizante orgânico” pode ser ou não adicionado de nutrientes minerais. Para 
fertilizantes exclusivamente orgânicos, ou seja, provenientes de resíduos 
exclusivamente biológicos, a legislação toma a expressão: “fertilizante orgânico 
 13 
simples”. Este termo difere-se, do produto denominado “fertilizante organomineral” 
cuja definição é: “produto resultante da mistura física ou combinação de fertilizantes 
minerais e orgânicos”. 
É importante salientar aqui a diferença de nomenclatura entre matéria orgânica, 
material orgânico e composto orgânico. Na literatura especializada, assim como 
neste trabalho, o verbete “matéria orgânica” é usado para definir as moléculas ativas 
no soloque têm participação nas suas propriedades físicas, químicas, biológicas e 
físico-químicas (BRAIDA et al. 2011). São as partículas húmicas, como o ácido 
húmico e o ácido fúlvico. Em contrapartida, material orgânico diz respeito a um 
material de origem biológica, e que está sujeito a decomposição, tal como estrume 
de gado, palha de restos vegetais e resíduo sólido urbano. Por composto orgânico 
entenda-se o preparado de material orgânico já fermentado e pronto para ser 
adicionado à lavoura. 
A compostagem é um método de se obter um material de qualidade no solo, 
semelhante ao processo natural que ocorre em florestas. A diferença é que são 
dadas as condições para que o processo seja acelerado. 
No século XIX, na Europa, era conhecido um método de preparação de adubo 
orgânico chamado de “nitreira”. Era um método rústico e simples, sem nenhuma 
técnica especializada e consistia simplesmente de uma pilha onde eram colocados 
os materiais de origem animal para se decomporem e, posteriormente, serem 
usados como adubo nas plantações. Tinham esse nome por causa do ciclo do 
nitrogênio, que o faz passar de sua forma orgânica, tornando-se amônia e depois 
nitrito e nitrato. A função de transformar o nitrogênio orgânico em nitrato é que dava 
o nome às nitreiras (KIEHL, 1985). 
No início do século XX, o fitopatologista inglês sir Albert Howard, através de 
suas publicações, tornou famoso o método de fabricação de composto orgânico 
conhecido mundialmente como método ou processo Indore. Foi na cidade de Indore, 
na Índia, que Howard estudou e aprimorou uma técnica que os nativos praticavam 
de forma empírica para obter adubo de alta qualidade. Em sua publicação de 1935, 
“The manufacture of humus by the Indore process”, Howard explica as formulações 
de vários tipos de compostos, as adequações para várias culturas, e os resultados 
considerados por ele “incríveis (amazing)” em vários locais nas proximidades de 
 14 
Indore, na África e na Europa com relatos de produtores europeus que utilizaram o 
processo na época. 
Hoje em dia, pensa-se em adubação orgânica como uma alternativa, já que o 
modo mais convencional é a aplicação de adubos minerais. Adubos orgânicos são 
tão necessários na agricultura de modo geral, quanto a adubação química comum. 
Porém não se é dado o devido valor a este tipo de material, por causa da falta de 
conhecimento quanto à necessidade de matéria orgânica no solo. Talvez, o 
barateamento deste produto através da produção em grande escala, aumente a 
demanda por este material. 
1.2 OBJETIVO GERAL 
O objetivo deste trabalho foi analisar os custos de produção de compostagem 
de material orgânico, testando assim a viabilidade de um negócio nesse ramo. 
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
a) Buscar na bibliografia informação que favoreça adesão à prática de 
aplicação de adubos orgânicos na agricultura; 
b) Definir o material a ser utilizado como matéria prima e o método mais 
adequado, que tenha baixo custo e ao mesmo tempo alta eficiência; 
c) Definir a quantidade de composto a ser produzido, para atender uma 
demanda hipotética de produtores, no município de Rolândia; 
d) Dimensionar uma usina de compostagem e calcular todos os gastos iniciais 
necessários e no decorrer da atividade, testando a viabilidade do negócio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
2.1 RAZÕES PARA UTILIZAÇÃO DO COMPOSTO ORGÂNICO 
Pensando no modo como é realizada a agricultura, o objetivo é produzir cada 
vez mais, já que as lavouras são praticamente todas empresas rurais, e visam acima 
de tudo o lucro na sua atividade. Além disso, usam de todos os meios para baratear 
os custos de produção, que afetam diretamente o rendimento de qualquer empresa. 
Portanto, pode-se dizer que o importante é produzir mais, gastando menos. 
Ao contrário do que se pensa no senso comum, a adubação orgânica pode sim 
aumentar a produtividade e ao mesmo tempo reduzir os custos de produção. Além 
disso, ela traz benefícios imensuráveis, em termos financeiros, e também pode 
ajudar a preservar o meio ambiente, melhorando o agroecossistema. 
2.1.1 Propriedades Físicas do Solo 
A compactação do solo, com certeza, é um dos maiores problemas do norte do 
Paraná, região formada por solos basálticos ricos em argila. O uso indiscriminado de 
máquinas agrícolas é o fator mais importante para o surgimento da compactação na 
camada subsuperficial do solo na região. Com a implementação do método do 
plantio direto na palha, o problema da compactação foi amenizado, primeiramente 
pela diminuição do tráfego de máquinas na lavoura. Mas o protagonista da 
diminuição da compactação é a matéria orgânica remanescente no solo entre uma 
cultura e outra. 
O húmus no solo funciona como uma partícula coloidal, e se liga às partículas 
de argila para formar o chamado complexo coloidal argilo-húmico, que também tem 
função estrutural (KIEHL, 1985). Por isso, alguns autores costumam classificar a 
matéria orgânica mais como melhoradora do solo, do que como fertilizante fonte de 
nutrientes de plantas. Ela apresenta várias características apreciáveis na melhoria 
das características físicas do solo. 
2.1.1.1 Densidade aparente 
Refere-se à relação entre a massa de uma amostra seca a 110 °C e seu 
volume aparente, ou seja, soma do volume ocupado pelas partículas e poros do 
solo. Solos com densidade aparente superior a 1,9 g cm-3 inibem a emergência de 
plântulas e dificultam a penetração das raízes. Dados indicam que a densidade 
 16 
aparente se relaciona indiretamente à emergência de plântulas, dado que a 
densidade altera outros fatores como taxa de difusão de oxigênio e resistência do 
solo à penetração (HANKS & THORP, 1955). Solos arenosos com textura grosseira 
apresentam alta densidade, na faixa de 1,4 a 1,6 g cm-3. Solos argilosos de textura 
fina apresentam densidade aparente na faixa de 1,2 a 1,4 g cm-3. Solos ricos em 
matéria orgânica apresentam densidade aparente entre 0,6 e 0,8 g cm-3 (KIEHL, 
1985). No entanto, a densidade do solo não é estritamente dependente da sua 
textura. A densidade aparente do solo depende da porosidade e da densidade de 
partículas, esta sim dependente da textura do solo (MANTOVANI, 1987). A matéria 
orgânica altera a densidade do solo indiretamente ao aumentar a sua porosidade 
total. Além disso, o composto orgânico apresenta densidade média entre 0,2 e 0,4 g 
cm-3. A redução da densidade aparente contribui para uma melhor agregação dos 
coloides e melhoria da condutibilidade hidráulica (KIEHL, 1985), aumentando a 
quantidade de microporos. 
2.1.1.2 Estrutura 
É essencial para defender o solo da erosão hídrica e eólica. Os agregados 
formados pelo solo têm tamanho maior do que as partículas que o formam e, por 
isso, são mais difíceis de serem carregados pela enxurrada. Estrutura do solo é 
definida como o resultado da agregação das partículas que compõem o solo. 
Portanto, quanto maior a superfície de contato das partículas, maior a capacidade de 
agregação das mesmas. Os agregados do solo possuem as mais diferentes formas 
e tamanhos, que dependem não só da sua composição, mas também da forma 
como foram agregados. Estas são as duas condições para a agregação: ação 
mecânica para aproximação das partículas, seja pela ação animal, crescimento de 
raízes, ou ação de animais terrestres, e um agente cimentante como os minerais de 
argila e as substâncias húmicas, provenientes da decomposição da matéria 
orgânica. A matéria orgânica mostra-se mais eficiente que a argila para agregação 
de partículas de areia. Assim, melhora a agregação de solos arenosos e reduz a 
coesão de solos argilosos, por isso é tão importante como melhorador das 
características físicasdo solo (KIEHL, 1985). 
2.1.1.3 Aeração 
Refere-se aos macroporos do solo, que têm alta importância na drenagem de 
água e na ciclagem de gás carbônico, e outros gases presentes na atmosfera do 
 17 
solo. Em solos argilosos, existe baixa aeração e drenagem, enquanto que em solos 
arenosos ocorre o contrário, têm aeração e drenagem em excesso (KIEHL, 1985). 
Em ambos os casos a matéria orgânica adicionada melhora a aeração e a drenagem 
por causa da agregação de partículas e estruturação já mencionadas. 
2.1.1.4 Temperatura 
A matéria orgânica tem muita influência na temperatura do solo por causa de 
seu alto calor específico, que faz com que seja mais demorada a variação de 
temperatura. Isto contribui para que o solo esteja sempre na temperatura adequada 
para o bom funcionamento das raízes, ação de microrganismos e pequenos animais 
que vivem na superfície e subsuperfície do solo. Dentre os constituintes do solo a 
areia é o que tem menor calor específico e a matéria orgânica tem o maior (KIEHL, 
1985). 
2.1.2 Retenção de Água no Solo 
A retenção de água no solo é um assunto tão importante quando se trata de 
matéria orgânica no solo, que deve ser considerado como um tópico próprio. Não é 
fato novo que, na agricultura, a água é o insumo mais precioso e que é consumido 
em maior volume. Por isso, quando há uma seca inesperada, o prejuízo para 
produtores é grande. Por este motivo será abordada a importância de se ter altos 
níveis de matéria orgânica no solo a fim de reter a maior quantidade possível de 
água, no horizonte agricultável. 
Calcula-se que um solo de boa qualidade física deve ter 50% de seu volume 
total ocupado por partículas sólidas e 50% por espaços vazios, poros. Destes, 17% 
devem ser macroporos e o restante, 33%, deve ser composto por microporos (Kiehl, 
1985). A água que penetra no solo preenche primeiramente os microporos e é 
chamada de água capilar, pois é retida pela força capilar, que é maior do que a 
gravitacional, impedindo esta porção de água de percolar até os horizontes mais 
subterrâneos. Quando todos os microporos foram preenchidos, a água que chega ao 
solo (pela chuva, ou irrigação), começa a preencher os macroporos, e passa a ser 
chamada de água gravitacional, pois esses poros são buracos muito grandes e não 
têm força capilar suficiente para segurar a água contra a força gravitacional, sendo 
levada para os horizontes mais profundos (LIBARDI, 2005). Quando todos os macro 
e microporos do solo foram preenchidos, a água não pode mais penetrar e começa a 
 18 
escorrer pela superfície, ou até mesmo pela subsuperfície, carregando consigo 
minerais solúveis, os nutrientes de plantas, além de partículas maiores como 
coloides de argila que, apesar de serem pouco solúveis, são leves e facilmente 
carregados. Esta é a chamada erosão laminar, e pode causar grandes perdas 
quando a vazão da chuva é maior do que o que a capacidade de drenagem do solo 
pode suportar. (SANTOS et al., 2010; GUIMARÃES et al. 2011). Em solos muito 
compactados, com baixa drenagem, uma vazão baixa de chuva pode causar uma 
erosão laminar prejudicial, lavando toda a adubação custosa, causando não só 
prejuízos ao produtor como também danos ao ecossistema de rios ao qual essa 
água vai escorrer (GUERRA et al., 2014). Como mencionado acima, a matéria 
orgânica pode aumentar a capacidade de drenagem do solo, e reduzir os efeitos de 
uma chuva intensa. 
Segundo Kiehl (1985) a matéria orgânica bem humificada tem capacidade de 
retenção de água por volta de 350% de seu volume. Isso significa que a matéria 
orgânica pode armazenar aproximadamente 3,5 vezes seu volume em água. Assim 
a matéria orgânica aumenta a capacidade de retenção de água do solo 
indiretamente, através da melhoria na estruturação de macro e microporos do solo, 
como mencionado acima, e diretamente através de suas propriedades físicas 
inerentes, quando se encontra em quantidades apreciáveis. 
2.1.3 Macronutrientes de Plantas 
Dentre os macronutrientes de plantas é importante citar o nitrogênio, o fósforo e o 
enxofre, pela dificuldade de aportar esses nutrientes ao solo, na sua forma mineral 
mais comum, e também por se encontrarem em grande quantidade nos tecidos 
orgânicos e, consequentemente, nos compostos orgânicos produzidos. 
2.1.3.1 Nitrogênio 
A matéria orgânica é a única forma de se armazenar este nutriente no solo. As 
formas minerais de nitrogênio, NH4+ e NO3-, estão sujeitas a volatilização e lixiviação 
respectivamente, devido à natureza volátil do íon amônio a temperatura ambiente 
(COSTA et al., 2003; Da ROS et al., 2005), e à natureza coloidal negativa do solo, 
que impede a adsorção de N na forma de nitrato, que é muito solúvel (De ARAÚJO, 
2004). O teor de nitrogênio mineral no solo varia muito em função da época do ano, 
podendo ir de valores como 420 kg ha-1 em épocas favoráveis, a 10 kg ha-1 em 
 19 
épocas menos favoráveis (KIEHL, 1985). As plantas, com exceção das leguminosas, 
obtém seu nitrogênio através da interação com o solo. Calcula-se que de 1 a 10% do 
N encontrado no solo está na forma mineral, e o restante está presente na forma 
orgânica (STEVENSON, 1982). Entretanto, o nitrogênio na forma orgânica não está 
diretamente disponível para as plantas e precisa passar por um processo 
microbiológico, transformando-se em uma forma solúvel e assimilável para as 
plantas (MALAVOLTA, 1979), comumente chamado de mineralização da matéria 
orgânica. Segundo Singer et al. (2010) o uso de composto orgânico em sistema de 
plantio direto diminui a necessidade de adubação nitrogenada em até 33%, 
aumentando a lucratividade da lavoura. 
2.1.3.2 Fósforo 
O fósforo é o macronutriente que aparece em menor concentração nas plantas. 
Ainda assim, é um dos mais importantes quando se trata de adubação de plantas, 
sendo aplicado em volumes mais altos que o potássio e, por vezes até mesmo que o 
nitrogênio. Isto ocorre por causa do já conhecido fenômeno de fixação do fósforo 
(MALAVOLTA, 1979). 
O fósforo ocorre no solo em três formas simultâneas: fósforo fixado (A), fósforo 
solúvel (B), e fósforo orgânico (C), que funcionam também como reservatórios de 
fósforo. A forma A, é o fósforo que está fixado nos coloides do solo e indisponível 
para as plantas. Ele pode estar fixado de várias formas diferentes: fósforo 
monocálcico, bicálcico e tricálcico, sendo este último o mais insolúvel e encontrado 
nas rochas e minerais; na presença de óxidos e hidróxidos de ferro (muito comuns 
em solos bastante intemperizados) o fósforo precipita, assim como na presença de 
manganês e alumínio. A forma B, é o fósforo que está solubilizado na solução do 
solo e prontamente disponível para absorção das plantas. Mas esta forma é muito 
instável, e se insolubiliza rápido (BRANCO, 2001). A forma C, é o fósforo que faz 
parte de compostos orgânicos, também não está disponível para as plantas. A 
importância da matéria orgânica na adubação fosfatada, é justamente o equilíbrio 
que ocorre entre as três formas, o que significa que sempre que houver uma retirada 
de fósforo de um dos reservatórios (a planta absorvendo fósforo orgânico, por 
exemplo), haverá realocação dos outros reservatórios para manter o equilíbrio 
(KIEHL, 1985). 
 20 
A adubação fosfatada convencional consiste na adição de fósforo na forma 
solúvel, que vai acabar preenchendo o reservatório B. Após o equilíbrio, observar-
se-á que apenas 10% do fósforo adicionado permanecerá na forma solúvel B, o 
restante passará para a forma fixada A, para que ocorra o equilíbrio entre os 
reservatórios (KIEHL, 1985). Com a adição de matéria orgânica, todo o fósforo 
permanece na forma orgânica C, até que ocorra a mineralização e consequente 
liberaçãodo fosfato para a forma solúvel B. Os fósforos orgânicos podem ou não 
interagir com a matéria mineral do solo, passando para a forma fixada A, 
dependendo da molécula que ele faz parte na matéria orgânica. Por exemplo, os 
compostos como fosfolipídeos e ácidos nucleicos, que apresentam ligação diéster, 
possuem uma estrutura química que facilita sua decomposição e consequente 
mineralização, ficando prontamente disponível na solução do solo. Outros 
compostos como os de inositol, apresentam uma estrutura que dificulta sua 
mineralização (alta energia de ligação) e facilita a interação com os minerais do solo 
(alta carga residual). Assim o fósforo proveniente deste composto fica adsorvido por 
mais tempo e a matéria orgânica funciona como um segundo reservatório de fósforo, 
não o disponibilizando de imediato, mas sim aos poucos, conforme vai se 
decompondo (SANTOS et al., 2008). 
Segundo Branco et al. (2001) os microrganismos ajudam a disponibilizar o 
fósforo insolúvel de várias maneiras diferentes, não somente aquele que se encontra 
na forma orgânica C, como também disponibilizam o fósforo fixado A. Indiretamente, 
os microrganismos solubilizam o fósforo através da liberação de gás carbônico no 
meio. Essa grande quantidade de CO2, reage com os fosfatos tricácicos (Ca3(PO4)2) 
e dicálcicos (Ca2(HPO4)2), formando produtos mais solúveis como o fosfato bicálcico 
(Ca(H2PO4)2), liberando carbonato de cálcio (CaCO3) para o meio. Essas reações 
acontecem somente em condições de alta temperatura e pressão, ambas fornecidas 
pela ação microbiana ao decompor a matéria orgânica do solo. 
No artigo de Branco et al. (2001), foram feitas misturas de compostos orgânicos 
feitos a partir de resíduos urbanos e rurais, com adubo mineral de fósforo insolúvel e 
aplicadas em diversas culturas, fazendo a comparação de custos e produtividade em 
relação à adubação mineral convencional. Como resultado, obteve 35% de redução 
de custos na adubação do feijão, 34% na soja, 40,2% na Brachiaria brizantha, e 
 21 
17% a mais de produtividade no milho. Além disso, todas as culturas estudadas 
apresentaram maior concentração de nutrientes na análise foliar. 
2.1.3.3 Enxofre 
O enxofre é um elemento macronutriente de plantas secundário, e geralmente 
não se pensa em adubação sulfatada. Acontece que alguns fertilizantes fosfatados 
geralmente já contém quantidades suficientes de enxofre na sua composição 
(MALAVOLTA, 1979), para suprimento das plantas. O enxofre é elemento 
componente de alguns aminoácidos, e por isso, além de ser essencial para as 
plantas também está presente em grande quantidade na matéria orgânica. 
2.1.3.4 Cálcio, magnésio e potássio 
Esses três elementos são absorvidos pelas plantas nas suas formas iônicas, 
Ca2+, Mg2+ e K+, respectivamente. Diferentemente dos outros macronutrientes, a 
matéria orgânica fornece pouco desses elementos, devido ao seu alto teor no solo. 
Porém a matéria orgânica tem um papel importante na solubilização e retenção 
desses nutrientes iônicos, através da propriedade de adsorção. 
2.1.4 Micronutrientes de Plantas 
Micronutrientes são os elementos essenciais para o desenvolvimento das 
plantas, que são necessários em pequenas quantidades. A matéria orgânica tem 
grande importância no fornecimento de micronutrientes, não só por servir como fonte 
desses minerais, como também por contribuir para a sua retenção e liberação, 
através das interações com o solo. 
São considerados micronutrientes de plantas o ferro, cobre, manganês, zinco, 
boro, molibdênio e cloro. Em sua maioria são metálicos, com exceção do boro e do 
cloro. Como tal, eles apresentam algumas características, e interações importantes 
com outras moléculas. 
A interação mais importante, quando se trata de íons metálicos micronutrientes 
de plantas no solo, é a quelação. Esse fenômeno ocorre com moléculas longas de 
carbono na presença de íons metálicos. As moléculas orgânicas envolvem o íon e 
fazem múltiplas ligações com ele, formando uma estrutura em forma de anel, no 
centro da qual o íon é complexado, ou pinçado através das ligações com os grupos 
carboxílicos (O=C-OH), hidroxílicos (C-OH) e alguns tipos de carbonila (C=O) das 
 22 
cadeias carbônicas, sem fazer parte de sua composição química (CAMARGO, 
2006). 
Vários quelatos sintéticos foram testados para serem usados como 
fornecedores de micronutrientes metálicos às lavouras, mas a produção deles é 
muito cara em grande escala o que inviabiliza seu uso na agricultura (SÁNCHEZ, 
2002). Na cultura hidropônica, foi comprovado que os complexos orgânicos de ferro 
são mais eficientes e mais ambientalmente corretos do que os quelatos sintéticos 
para fornecimento de ferro às plantas (MATSUZAKI, 2013). Miyazawa et al. (1993) 
reforçam que a complexação orgânica é o mecanismo de solubilização de manganês 
mais provável no solo. 
Segundo Canesin (2007) a aplicação foliar de zinco e boro, surtiu mais efeito 
no teor desses elementos na folha, quando aplicados juntamente a agentes 
quelantes. Porém, isso não representou ganho em nenhum dos aspectos produtivos 
da cultura. Possivelmente, o experimento não tenha levado em conta se os 
elementos estavam ou não em equilíbrio na planta. Quando se fala em 
micronutrientes de plantas, mais importante que a suficiência desses minerais, é o 
equilíbrio entre eles. As plantas podem absorver mais desses elementos do que 
necessitam, dependendo da sua disponibilidade no solo. Quando um elemento está 
em excesso, ele pode ocasionar sintomas de deficiência de outro elemento por 
conta de desequilíbrio nutricional. Além disso a absorção de macronutrientes, como 
o potássio e o fósforo, também podem influenciar no equilíbrio de micronutrientes, 
como o manganês e o boro (SANTOS et al. 2004; CASTAMANN et al. 2012). 
A matéria orgânica proveniente de um composto estável é constituída de várias 
espécies químicas diferentes. Dentre elas, os agentes quelantes são os mais 
importantes para a assimilação e o fornecimento de micronutrientes metálicos às 
plantas. Além disso podem ajudar a reduzir a toxidez causada por metais pesados 
(KIEHL, 1985). 
Ênfase deve ser dada aos micronutrientes não metálicos, boro e cloro, pois 
eles interagem com a matéria orgânica de modo diferente dos outros. 
O boro e o cloro são absorvidos pelas plantas em formas iônicas negativas 
(BASTOS & CARVALHO, 2004; GIRACCA, 2016), o que dificulta a adsorção deles 
 23 
nos minerais de argila. Assim, esses dois nutrientes são muito suscetíveis à 
lixiviação, que acontece muito rapidamente. 
Na década de 70 foi constatada uma deficiência generalizada de boro nas 
lavouras de café no estado de São Paulo. Acredita-se que a causa foi a intensa 
adubação mineral nos anos anteriores, que aumentou a produtividade, 
consequentemente aumentando a extração de todos os nutrientes do solo. Porém, 
somente os macronutrientes eram repostos pela adubação mineral, e a falta de 
adubação com compostos orgânicos deve ter contribuído para a deficiência 
generalizada de boro na região, na época (MALAVOLTA, 1979). 
Quanto ao cloro, a matéria orgânica tem pouca influência na sua retenção no 
solo, geralmente sendo suprido através da adubação de outros nutrientes que 
contém cloro em sua composição (KIEHL, 1985). 
2.1.5 Poder de Tamponamento da Matéria Orgânica e pH do Solo 
Poder tampão refere-se à capacidade que uma substância em meio aquoso 
tem em resistir à mudança de pH pela adição de ácidos ou bases fortes. 
O procedimento de adubação mineral e adição de calcário, nada mais é do que 
a adição de bases fortes ao solo. Este procedimento alteraria a solução do solo 
drasticamente, caso este não tivesse um forte poder tampão, passando de pH ácido 
aalcalino rapidamente, ou vice-versa. Isto traria consequências na microbiota do 
solo, pois dado grupo de microrganismos se adapta a uma dada faixa de pH, e a 
alteração de pH causaria a substituição constante das populações de 
microrganismos (KIEHL, 1985). 
A matéria orgânica age como um tampão no solo devido aos íons de hidrogênio 
adsorvidos, que podem ser trocados na presença de bases como cálcio, magnésio e 
potássio, regulando o pH da solução do solo. Neste sentido, a matéria orgânica age 
como um agente tamponante da solução do solo. 
2.1.6 Propriedades Físico-químicas do Solo 
Como mencionado acima, a matéria orgânica interfere na capacidade de 
adsorção de bases do solo, através dos átomos de hidrogênio presentes nas 
carboxilas, hidroxilas e fenóis. A adsorção é uma interação que ocorre entre uma 
partícula sólida (adsorvente ou também chamada de coloide) e uma partícula 
 24 
solubilizada em meio aquoso (adsorvida). No solo esta interação ocorre entre as 
partículas de argila (coloides minerais) e a matéria orgânica (coloide orgânico), que 
agem como adsorventes, e os minerais solubilizados na solução do solo, que agem 
como adsorvidos. Esta interação pode ser de natureza física, a fisissorção, ou de 
natureza química, a quimissorção (CARDOSO et al. 2005). No solo, somente esta 
última tem relevância. 
A quimissorção pode ocorrer através de ligações covalentes, ou iônicas. Os 
coloides minerais interagem por ligações iônicas, e os coloides orgânicos interagem 
tanto por ligações covalentes como iônicas. Como ambos os coloides no solo têm 
carga predominantemente negativa (AZEVEDO & BONUMÁ, 2004), eles retêm muito 
mais partículas com carga positiva, do que com carga negativa. Por isso, uma das 
propriedades físico-químicas mais importantes é a capacidade de troca de cátions 
(CTC) que retém elementos minerais nutrientes de plantas, com carga positiva. É o 
caso dos cátions Ca2+, Mg2+ e K+ e alguns micronutrientes. 
A matéria orgânica tem uma capacidade de adsorção muito maior do que os 
minerais de argila, devido à sua grande superfície específica, dada dividindo-se a 
área de superfície da partícula, pela sua massa. Calcula-se que a matéria orgânica 
tenha uma superfície específica 70 vezes maior que a da caulinita, mineral de argila 
mais comum no Brasil (KIEHL, 1985). Deste modo, a matéria orgânica ajuda a 
aumentar a CTC do solo. Estima-se que a matéria orgânica tenha de 30 a 40% de 
participação na CTC de solos argilosos, e de 50 a 60% na CTC de solos arenosos 
(KIEHL, 1985). Segundo estudos do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), como 
citado por Fernandes e Silva (1999), as partículas húmicas são responsáveis por até 
80% da CTC de solos argilosos em região de clima quente, por conta das partículas 
de argila altamente intemperizadas e com baixa CTC, encontradas nessas regiões. 
2.1.7 Propriedades Biológicas 
A matéria orgânica tem grande importância na manutenção da vida no solo. 
Primeiramente, “vida no solo” diz respeito não só às plantas cultivadas, mas também 
todo o conjunto de microrganismos e macrofauna presentes no agroecossistema, 
sem os quais seria muito difícil a produção eficiente das plantas. Como foi citado, os 
microrganismos são responsáveis por solubilizar muitos dos nutrientes minerais de 
 25 
plantas, através de mecanismos como liberação de ácidos orgânicos, quelação de 
íons metálicos, e decomposição de material biológico e matéria orgânica. 
A decomposição mostra-se muito importante para ciclagem de nutrientes na 
matéria orgânica, que passa por vários agentes biológicos antes de retornar ao solo 
como nutriente para outras plantas. 
2.1.8 Salinidade do Solo 
A concentração salina, em condições de cultivo normais deve variar de 3 a 5 g 
l-1. Se essa concentração passar de 5 g l-1 geralmente as plantas tendem a 
apresentar uma redução no seu desenvolvimento e produtividade. Entre 10 e 12 g, a 
redução ocorre de maneira drástica. Se chegar a níveis de 20 a 25 g l-1, geralmente 
as plantas perdem a capacidade de se desenvolver e morrem (OLIVEIRA, 1997). 
A salinidade depende diretamente dos processos de formação do solo. Solos 
salinos geralmente se encontram em regiões áridas e semiáridas e a salinidade 
pode ter uma correlação negativa com os parâmetros de umidade e precipitação. 
Embora realmente hajam solo com salinidade elevada em regiões tropicais úmidas, 
quanto mais seca a região, via de regra, mais salino será o solo (FAO, 1973). 
A aridez do clima é um dos fatores que influenciam na intensidade salina do 
solo, assim como o modo com o qual o sal se acumula no perfil do solo. A FAO 
(1973) diferencia cinco ciclos de acumulação de sais: o ciclo continental, o ciclo 
marinho, o ciclo dos deltas, o ciclo artesiano e o ciclo antropogênico. Porém, 
somente este último é capaz de alterar significativamente a salinidade do solo em 
um período curto de tempo. Ciclo antropogênico é o resultado de erros nas 
atividades econômicas do homem, e pode ter gênese no emprego inadequado de 
tecnologias de irrigação, quando as características químicas e mineralógicas 
preexistentes não são levadas em conta. 
O homem pode alterar o solo muito mais rapidamente em comparação com os 
processos de intemperização natural. Através da irrigação ou adição de 
melhoradores químicos como o CaSO4, por exemplo, o homem pode diminuir a 
salinidade na camada cultivável do solo. Porém com essas medidas os sais 
simplesmente migram para camadas subsuperficiais, e podem retornar para a 
superfície, dependendo dos níveis dos lençóis freáticos (OLIVEIRA, 1997). 
 26 
Segundo Silva et al. (2008) quanto maior a salinidade da água de irrigação 
menor é o número de folhas e a área foliar em rúcula (Eruca sativa). O tratamento 
com adubação orgânica reduziu significativamente os efeitos negativos da salinidade 
do solo na planta, sendo uma ótima alternativa para contornar esse obstáculo à 
produção. 
2.2 FUNDAMENTOS DA COMPOSTAGEM 
2.2.1 Aeração 
O processo de compostagem pode ser aeróbio ou anaeróbio. No processo 
anaeróbio é gerado mau cheiro na leira de compostagem e moscas são atraídas. 
Por motivos estéticos e de saúde pública, é preferível que ocorra somente a 
compostagem em aerobiose (KIEHL, 1985). Assim, os processos de aeração 
tornam-se essenciais para suprir a demanda bioquímica de oxigênio (DBO) dentro 
da leira de compostagem. 
A aeração é um fator extremamente importante para a obtenção de um 
composto de boa qualidade. O processo de aeração consiste em retirar o ar rico em 
gás carbônico que ocupa os espaços da leira da composteira e repor com ar 
atmosférico, rico em oxigênio. 
Segundo Fernandes & Silva (1999), os métodos utilizados para aeração da 
pilha de compostagem devem ser pensados visando não somente o suprimento de 
oxigênio, como também o controle de umidade e temperatura. 
Um material orgânico com boa estrutura e de consistência firme, é considerado 
ótimo para a boa aeração da pilha de composto. Materiais desse tipo garantem a 
aeração pelo fato de não exercerem pressão nas partes mais profundas, não 
compactando o material. Deste modo a leira de compostagem continua com uma 
boa porosidade. Em comparação, materiais tenros de granulometria fina, compactam 
mais a leira, necessitando mais cuidado com a aeração. 
Uma boa porosidade no material orgânico está entre 30 a 36% do volume, e 
umidade entre 55 e 65% em peso. Os processos de aeração ajudam a aumentar a 
porosidade total, assim como facilita a troca de gases entre a pilha e a atmosfera em 
volta. 
 27 
O teor de oxigênio dentro da leira varia muito, diminuindo progressivamente da 
superfície ao centro da leira. A camada mais externa, apresenta um teor entre 18 a20% de oxigênio, bem próximo ao teor atmosférico que é de 21%. Adentrando-se 60 
cm, nota-se teores tão baixos quanto 0,5% a 2%. Em geral considera-se que uma 
boa quantidade de oxigênio esteja por volta de 5%, para que ocorra decomposição 
aeróbia normal. O teor de oxigênio pode ser medido indiretamente através do teor 
de CO2. Por exemplo, se o teor de CO2 encontrado é de 6%, subtrai-se este valor de 
21%, que é valor médio atmosférico, e obtém-se o valor de 15% de oxigênio, um 
método empírico e mais prático (KIEHL, 1985). 
A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) é um parâmetro utilizado para saber 
a quantidade de material orgânico sujeito à decomposição, e à atividade microbiana 
no meio. Ela avalia a quantidade em mg de oxigênio por volume do meio (no caso 
da água, oxigênio dissolvido; no caso da compostagem, trata-se do oxigênio nos 
poros) que está sendo requisitado pelos microrganismos no meio, para 
decomposição da matéria orgânica (SOUZA, 2017). Assim, a DBO está relacionada 
à quantidade de matéria orgânica sujeita a decomposição no meio, e não à 
quantidade de oxigênio. Pereira (2016) encontrou um valor de DBO inicial no 
material orgânico variando de 2500 a 4000 mg dm-3 em diferentes leiras testadas, e 
valores finais variando de 400 a 1000 mg dm-3. Como a matéria orgânica 
compostável vai diminuindo com o tempo a DBO também tende a diminuir, e isto 
pode ser usado como parâmetro para indicar a maturidade do composto. 
2.2.2 Temperatura 
A temperatura na compostagem serve como um parâmetro para identificar se 
tudo está correndo bem no processo. Isso porque é uma consequência da atividade 
biológica, já que a decomposição da matéria orgânica consiste de um processo 
exotérmico, que libera energia térmica para o ambiente. As altas temperaturas 
atingidas pelo material em decomposição são essenciais para certificar a segurança 
do material, já que microrganismos patogênicos e qualquer semente de planta 
daninha que estiver presente no material a ser compostado não toleram 
temperaturas altas. Em certa fase do processo a temperatura pode chegar a valores 
tão altos quanto 60 - 65 °C. Essas temperaturas são continuadas por vários dias, 
sendo suficiente para eliminar patógenos e sementes de plantas invasoras 
(EPSTEIN 1997). 
 28 
A temperatura é não somente uma consequência da atividade microbiana, 
como também reguladora da mesma. Distintos tipos de materiais necessitam de 
temperaturas diferentes para atingir a maturidade do composto. Segundo Epstein 
(1997), o ponto de máxima taxa de absorção de oxigênio indica a máxima atividade 
microbiana e, portanto, a temperatura encontrada nesse ponto pode ser considerada 
a melhor temperatura para o processo microbiológico. Assim, pode-se aferir 
empiricamente qual temperatura deve ser mantida em uma pilha de composto de 
determinada composição. 
De acordo com Fernandes e Silva (1999), altas temperaturas na pilha de 
composto otimizam a atividade microbiana, porém, acima de 65 °C, as populações 
aptas diminuem e o processo se torna mais lento. Assim, pode-se usar dos métodos 
de aeração para controlar a temperatura e manter a velocidade de decomposição. 
Segundo Epstein (1997), fungos em geral não sobrevivem em ambientes com 
temperaturas acima de 60 °C, que é a temperatura encontrada no centro da pilha de 
compostagem. Depois que são feitos os processos para diminuir essa temperatura, 
ou após o fim da fase termofílica, os fungos que estavam sobrevivendo nas camadas 
mais superficiais da pilha recolonizam o centro. 
De acordo com Kiehl (1985), a curva tempo-temperatura durante o processo é 
semelhante para todos os materiais que se utiliza na pilha de compostagem, embora 
haja pequenas variações. É possível encontrar uma variação na temperatura, em 
função da profundidade em que foi feita a medição. No início do processo a 
temperatura da leira encontra-se igualada à temperatura ambiente, começa a subir 
rapidamente, e em poucos dias, atinge um pico, e se mantém estável entre 60 - 65 
°C por alguns dias. Esta é a chamada fase termófila, na qual somente os 
microrganismos decompositores termófilos sobrevivem. Após essa fase considera-se 
que a matéria orgânica está bioestabilizada, ou semicurada. Depois, a temperatura 
cai e se mantém na fase mesófila por um período mais longo. Após a terminação da 
fase mesófila, a matéria orgânica volta à temperatura ambiente e pode ter atingido a 
humificação completa, mas isto deve ser verificado através de outros parâmetros, 
como a DBO e a relação carbono nitrogênio. 
2.2.3 Umidade 
A água é essencial para o metabolismo de todos os organismos vivos, assim 
como as bactérias decompositoras. Em sistemas completamente encharcados, 
 29 
ocorre a fermentação anaeróbia, e, como já foi discutido, é preferível evitar esse tipo 
de fermentação. Assim, é bom que haja um equilíbrio entre a quantidade de água, e 
a aeração dentro da pilha de compostagem. 
Como já foi apontado, para a boa condução da compostagem, é recomendado 
que a umidade deva ficar em torno de 50 - 60% em volume por volume do material. 
Conforme a decomposição se sucede, e também por conta dos processos de 
aeração, o teor de umidade do meio vai diminuindo (EPSTEIN, 1997). Portanto, é 
necessário medir o teor de água sempre que possível, e adicionar sempre que 
necessário. 
Nas várias fases do processo, diferentes teores de umidade são ideais. Por 
exemplo, ao final do processo, quando se deseja transportar o composto pronto, é 
preferível que haja o mínimo possível de umidade, para diminuir o volume e facilitar 
o manuseio. 
2.2.4 Relação carbono/nitrogênio (C/N) 
Segundo Kiehl (1985), um composto bem humificado deve apresentar uma 
relação C/N de 10/1. Isto porque o protoplasma das bactérias decompositoras 
apresenta essa proporção. A cada 30 partes de carbono presentes no meio, 20 são 
metabolizadas e liberadas na forma de CO2, e as outras 10 são assimiladas nas 
formas orgânicas estruturais, necessárias para a manutenção da célula. E a cada 10 
partes de carbono assimiladas, eles assimilam uma parte de nitrogênio. Materiais 
com alto teor de carbono, fazem com que os microrganismos reciclem o nitrogênio, e 
eliminem o carbono excedente na forma de CO2 até atingirem a relação C/N de 10/1. 
Por esse motivo matérias-primas com alta relação C/N demoram mais para se 
decompor. Quando a matéria orgânica está com essa relação, diz-se que ela está 
estável e humificada, e pode ser adicionada ao solo, para servir com suas funções 
acimas detalhadas. Quando um material orgânico de alta relação C/N é adicionado 
ao solo, os microrganismos, além de reciclarem o nitrogênio do material, irão 
“emprestar” do nitrogênio presente no solo para completar seu ciclo. É dito 
“emprestar” porque ao final da mineralização da matéria orgânica o nitrogênio 
retorna ao solo, na forma solúvel, disponível às plantas. 
O carbono é utilizado como energia e com função estrutural de moléculas 
orgânicas no protoplasma dos microrganismos. O nitrogênio é utilizado como 
 30 
integrante de aminoácidos das proteínas. Segundo Epstein (1997), quando a relação 
C/N é maior que 50, o processo de compostagem é lento por causa do rápido 
crescimento bacteriano e esgotamento de nitrogênio disponível, como mencionado 
acima. No extremo oposto, quando a relação C/N está abaixo de 30, existe uma 
perda muito grande de nitrogênio por volatilização na forma de amônia. 
Segundo Rezende (2010), os intervalos de revolvimento têm alta influência na 
perda de nitrogênio na forma de amônia. O autor relata que quanto menor forem os 
intervalos de revolvimento da leira (mais revolvimentos), a fim de fazer a aeração da 
pilha de compostagem, maior é a perda de nitrogênioamoniacal. Portanto mostra-se 
necessário encontrar o equilíbrio de intervalos de revolvimento, para manter uma 
boa aeração, e perder o mínimo possível de nitrogênio nessa operação. 
Quando a relação C/N de um material for muito baixa, como lodo de esgoto, ou 
esterco animal, por exemplo, basta adicionar algum material de C/N alta, como palha 
de arroz ou pó de serra. A relação será corrigida por uma equação de 
proporcionalidade simples, após a mistura (KIEHL, 1985). 
A relação C/N pode ser utilizada como parâmetro para a maturação do 
composto. Um composto que atingiu temperatura estabilizada em uma relação C/N 
próxima de 10, está bom para ser aplicado na lavoura, pois dali em diante o 
nitrogênio será mineralizado e o húmus estará ativo para agir nas propriedades do 
solo anteriormente detalhadas (KIEHL, 1985). 
2.2.5 pH 
Microrganismos em geral têm seu metabolismo influenciado pelo pH do meio, 
assim como todos os seres vivos. Algumas espécies de microrganismos se 
desenvolvem melhor em meios ácidos e outros em meio alcalino. Os 
microrganismos decompositores necessários para o processo de compostagem 
exigem uma faixa de pH específica. Segundo Yu e Huang (2005), a faixa ideal na 
fase inicial é de 5,2 a 5,5. Nas fases seguintes as faixas variam um pouco, devido à 
mudança nas populações microbianas no meio. De acordo com Epstein (1997), o pH 
da pilha deve chegar a uma faixa entre 6.5 e 9.6 por alguns dias, pois somente 
dentro desta faixa é que a pilha atinge a temperatura necessária para atestar a 
segurança do composto de acordo com as regulamentações dos Estados Unidos. 
 31 
De acordo com Fernandes & Silva (1999), o pH geralmente não é um fator 
limitante no processo de compostagem. 
2.2.6 Estrutura 
A estrutura da pilha de compostagem está intrinsecamente ligada à matéria 
prima utilizada. Na compostagem de lodo de esgoto, por exemplo, é necessária a 
adição de outra matéria prima, não somente para corrigir a relação C/N, como 
também para garantir estrutura adequada para que haja aeração suficiente no meio, 
por ser um material de granulometria fina (FERNANDES & SILVA, 1999). 
2.2.7 Microrganismos e microbiologia 
Microrganismos associados com a compostagem caem em duas classes: 
mesófilos e termófilos. Alguns microrganismos mesófilos não suportam altas 
temperaturas e morrem. Outros simplesmente diminuem sua população e atividade 
metabólica, mas conseguem sobreviver. Epstein (1997) lista 16 espécies de 
bactéria, 16 espécies de actinomicetes, 35 espécies de fungos, 4 espécies de 
protozoários e 10 espécies de algas já encontradas em compostos orgânicos com 
variadas matérias primas. 
As bactérias são os organismos dominantes durante todo o processo de 
compostagem, apesar de ser verificada uma queda na atividade bacteriana ao final 
do processo. Nos estágios iniciais, são encontrados muitos compostos solúveis 
como açúcares, álcoois, ácidos e proteínas disponíveis no meio. Apesar de serem 
atingidas temperaturas altas durante parte do processo, encontrou-se quantidades 
maiores de bactérias mesofílicas do que termofílicas, considerando todo o processo. 
Nos primeiros 60 dias, bactérias que metabolizam celulose aumentam conforme há 
um aumento na temperatura e posteriormente praticamente desapareceram (Epstein 
1997). 
Segundo Kiehl (1985), na formação do húmus, três fases podem ser 
diferenciadas: 
a) A fase de decomposição rápida pelos microrganismos; 
b) A de síntese de novas substâncias, essenciais para a manutenção dos 
microrganismos; 
 32 
c) Por último a fase de formação de complexos resistentes, formados por 
processos de condensação e polimerização, nos quais os microrganismos não têm 
influência. 
Os microrganismos sintetizam uma grande quantidade de substâncias para 
formar suas células. Quando estas células morrem, os compostos são atacados por 
outros microrganismos, ocorrendo assim a ciclagem dos elementos até que toda a 
matéria orgânica seja transformada em minerais simples. Esta transformação é 
chamada mineralização da matéria orgânica (KIEHL, 1985). 
Segundo Fernandes & Silva (1999), a compostagem é o processo mais 
eficiente para redução das populações de microrganismos patogênicos no 
tratamento do lodo de esgoto, por causa das temperaturas atingidas nos processos 
microbiológicos já descritos. 
2.3 SISTEMAS DE COMPOSTAGEM 
2.3.1 Sistema de Leiras Revolvidas 
Dos sistemas aqui apresentados este é o sistema mais simples. Consiste em 
empilhar as misturas de matérias-primas em leiras, com tamanho de base e altura 
empiricamente definidas, e comprimento de acordo com a necessidade de produção 
e disponibilidade de espaço. Essas leiras serão revolvidas em intervalos 
predefinidos, de acordo com o material utilizado. Segundo Fernandes e Silva (1999), 
as dimensões da leira devem estar entre 1,5 e 1,8 m de altura, e entre 4,0 e 4,5 m 
de base da seção transversal. O espaçamento entre leiras deve ser pensado 
conforme a tecnologia empregada no revolvimento. 
a) Revolvimento manual 
No revolvimento manual utiliza-se ferramentas como enxada, rastelo e garfo 
agrícola. Por questões práticas, as pilhas devem ser mais baixas e de comprimento 
menor, para facilitar a mão-de-obra. É recomendado fazer pilhas com comprimento 
curto, para facilitar o trânsito no pátio de compostagem. O espaçamento não precisa 
ser tão grande como no revolvimento mecânico, já que o trânsito no pátio será feito a 
pé. 
 
 
 33 
b) Revolvimento mecânico 
Neste modo de produção, as leiras devem ser sistematizadas para facilitar o 
tráfego de máquinas. As máquinas podem ser especializadas ou adaptadas. Pás 
mecânicas, são exemplo de maquinário adaptado, que podem ser utilizadas para 
revolvimento das leiras de compostagem. Neste caso, o espaçamento entre as leiras 
deve ser de aproximadamente 3 m. Caso houver maquinário especializado para 
revolvimento disponível, o espaçamento das leiras deve ser determinado 
respeitando as características do mesmo (FERNANDES & SILVA, 1999). 
É importante encontrar um equilíbrio na quantidade de revolvimentos durante o 
processo. Como já foi comentado, quanto maior o intervalo de revolvimento menor é 
a perda de nitrogênio no composto (REZENDE, 2010). 
2.3.2 Sistema de Leiras Estáticas Aeradas 
Neste sistema, as pilhas são praticamente idênticas ao sistema anterior, a 
diferença é que não é necessário fazer o revolvimento da leira de compostagem. A 
pilha é montada sobre um sistema de tubulação perfurada que fornece aeração 
diretamente para o centro da pilha, através de pressão positiva, ou negativa 
(sucção). Cada planta de compostagem pode montar a tubulação e as leiras 
conforme achar mais adequado ao espaço, materiais e tecnologia disponíveis. 
Um método bastante estudado, e apresentado como padrão em várias 
apostilas de compostagem, é o explicado por Wilson et al. (1980) em “Manual For 
Composting Sewage by the Beltsvillle Aerated-Pile Method” (Figura 1). Neste 
exemplo, a pilha é toda montada em cima da tubulação já instalada. Esta tubulação 
é perfurada na parte que fica por baixo da pilha, e não perfurada na parte que fica do 
lado de fora do composto, tendo uma serpentina para exaustão de água 
condensada, e uma ponta com uma abertura. Para filtração do mau odor, esta ponta 
de saída de ar, fica sob um monte formado por composto maturado e peneirado. 
Segundo Fernandes & Silva (1999), este composto tem capacidade e função de 
absorver moléculas orgânicas voláteis, que causam o mau cheiro. 
 
 
 
 
 34 
Figura 1: Esquema prático de uma leira estática com aeração forçada. 
 
 
Segundo dados da EPA (Agência de Proteção Ambiental), citados por 
Fernandes e Silva (1999), é necessáriauma aeração contínua de 3,6 m3 min-1 t-1 de 
matéria seca de composto. Além disso, após vinte minutos da interrupção da 
aeração, foram constatadas características anaeróbias no interior da pilha. 
A demanda de oxigênio no centro da pilha varia de acordo com a fase de 
decomposição em que se encontra. Entretanto, a demanda de aeração para manter 
a temperatura dentro de uma faixa determinada (geralmente 55 a 65 °C) é muito 
maior do que a demanda de aeração estritamente para fornecimento de oxigênio 
aos microrganismos (FERNANDES & SILVA, 1999). O sistema pode ser construído 
pensando no monitoramento de um, ou outro parâmetro, ou ambos, levando em 
conta a fase de decomposição para tomada de decisão. 
Nesse sistema, é interessante cobrir a pilha de compostagem com 5 a 10 cm 
de material com alta relação C/N, como cavacos de madeira e palha de café, ou 
composto já curado. Os objetivos desta cobertura são: impedir o ressecamento da 
parte mais externa do composto; diminuir a atração de moscas; isolamento parcial 
da parte externa permitindo aumento de temperatura nesta região; e garantia de 
eliminação de patógenos. 
 
 35 
2.4 PRINCIPAIS MATÉRIAS-PRIMAS PARA UM COMPOSTO DE BOA QUALIDADE 
AGRONÔMICA 
De modo geral na literatura, resíduos vegetais com grande concentração de 
nitrogênio apresentam decomposição mais rápida, transformando este nitrogênio da 
forma orgânica para as formas inorgânicas, amônia e nitrato, e formando poucos 
compostos húmicos. Em contrapartida, matérias-primas consideradas pobres em 
nitrogênio, apresentarão baixa concentração de nitrogênio no composto final e 
grande quantidade de húmus. Deste modo, palhas e restos vegetais ricos em 
celulose, sem adição de nenhum outro ingrediente que contenha nutrientes 
essenciais para as plantas, devem ser considerados como fonte de húmus e não 
como fornecedor de nutrientes para as plantas. (KIEHL, 1985) 
2.4.1 Casca de Café 
A casca de café é um ótimo material para se obter um composto de boa 
qualidade. Na safra de 2016/2017, a CONAB estima uma produção de 49 milhões 
de sacas de café, volume 15% superior ao ano anterior (QUEIROZ, 2017). 
Estima-se que da separação da casca do café em coco, a proporção de casca 
obtida seja de 1:1, ou seja, uma unidade de massa de casca para cada unidade de 
massa de café beneficiado (MATIELLO, 2016). Sendo assim, a casca de café acaba 
se tornando um resíduo de alto volume e um destino deve ser dado a ele. 
Testes com sorgo demonstraram a eficiência do composto de casca de café, 
principalmente quando adicionado de esterco bovino durante a compostagem, 
incrementando a produção de massa seca e fresca da gramínea (REZENDE, 2010). 
Além disso, a palha de café adicionada de esterco bovino aumenta a 
disponibilidade de N, K, Ca e Cu, porém se usada em excesso pode reduzir a 
concentração de outros nutrientes no esterco, como P, Mg, S, Mn, Fe e Zn. Portanto, 
o mais recomendado é uma mistura meio a meio destes dois ingredientes 
(NASCIMENTO et al., 2015). 
2.4.2 Estercos Animais 
No Brasil os principais produtos de origem animal são carnes bovina, suína e 
de aves, principalmente frango. Esta produção pode gerar grande quantidade de 
resíduos, que podem se tornar ótimas matérias-primas se tratadas adequadamente. 
 36 
Isto estabelece o princípio da reciclagem, onde “o resíduo de um sistema pode 
constituir-se em insumo potencial para outro sistema produtivo” (KONZEN, 2003). 
Em núcleo de produção de leitões, é produzido em média, de 35 a 40 litros de 
dejetos por dia por matriz. Em criatórios, a média é de 13 a 15 litros por suíno por 
dia. Na produção leiteira, é calculado que a produção de esterco seja 
aproximadamente 10% de peso vivo do animal, o que representa 45 a 48 
quilogramas por dia por cabeça. Em bovinos de corte em confinamento, a média é 
de 30 a 35 quilogramas por dia por cabeça (KONZEN & ALVARENGA, 2007). A 
criação de frangos de corte produz em torno de 4 toneladas por ano de cama, para 
cada 1.000 aves (KONZEN, 2003) 
Os estercos animais, são ricos em material orgânico compostável, que ao 
serem adicionados no solo trazem todos os benefícios já mencionados. Comparando 
as tabelas 1 e 2 de composição dos diferentes estercos, com a tabela 3 que mostra 
a exportação dos principais macronutrientes, pode-se ter uma ideia de como calcular 
a quantidade de composto que precisa ser produzido em t ha-1. A adubação deve ser 
feita pensando não somente na quantidade de nutrientes aportados, mas também na 
quantidade de nutrientes existentes no solo, encontrados através da análise química 
do solo, e nas possíveis perdas de nutrientes por lixiviação e volatilização. Após feita 
a correção de pH, acidez por alumínio (se necessário), saturação por bases e 
imobilização de fósforo, pode ser feito o cálculo da adubação orgânica, combinada 
ou não com a adubação mineral, baseado na exportação de nutrientes pelas 
culturas de acordo com a produção potencial esperada, e nas possíveis perdas 
durante a adubação. 
Tabela 1: Concentração média de N, P2O5 e K2O e teor de matéria seca de materiais 
orgânicos de origem animal. 
Material Orgânico N P2O5 K2O Matéria seca 
 % 
Esterco sólido de suínos 2,1 2,8 2,9 25 
 kg m-3 
Esterco líquido de suínos 4,5 4,0 1,6 6 
Fonte: Diesel et al. (2002). 
 
 
 37 
Tabela 2: Teor de nutrientes de acordo com o teor de sólidos em dejetos de suínos 
compostados. 
Nutrientes kg m-3 ou kg t-1 de dejetos 
Sólidos 0,72% 1,63% 2,09% 2,54% 3,46% 4,37% 
Nitrogênio 1,29 1,91 2,21 2,52 3,13 3,75 
P2O5 0,83 1,45 1,75 2,06 2,68 3,29 
K2O 0,88 1,13 1,25 1,38 1,63 1,88 
NPK 3,00 4,49 5,21 5,96 7,44 8,92 
Fonte: Konzen (2003). 
 
Tabela 3: Exemplo de exportação de nutrientes em função da produtividade 
esperada de algumas culturas. 
Culturas Produção N P2O5 K2O 
 kg ha-1 Exportação em kg ha-1 
Milho 6.000 136 28 39 
Milho 9.000 190 39 59 
Milho selvagem 32.000 224 90 275 
Soja 2.700 164 14 51 
Pastagem (MS) 30.000 450 45 600 
Fonte: Konzen (2003). 
 
De acordo com ensaios realizados pela EMBRAPA Milho e Sorgo (KONZEN, 
2003) a adubação mineral nitrogenada, testada em vários teores de aplicação, não 
surte efeito quando combinado com esterco suíno para adubação da cultura de 
milho, para produção de grãos, com produção potencial de 7.000 a 8.000 kg ha-1. 
Konzen (2003) sugere que para a compostagem desse material, deve ser feita 
a correção do teor de fósforo para 5 a 7% do peso, utilizando fósforo natural. Isto se 
dá porque esse material apresenta cerca de 1% de fósforo em média, um teor baixo 
deste elemento que, assim como o carbono e o nitrogênio, é extremamente 
importante para a atividade microbiana durante o processo de compostagem. Ainda, 
 38 
os estercos animais possuem uma relação C/N muito baixa, e isto deve ser corrigido 
com outros materiais de relação C/N mais alta, até alcançar o padrão de 30/1. 
Os estercos podem ser mistos ou separados em sólidos e líquidos. Segundo 
Konzen (2003), os resíduos de suínos separados na fase líquida podem ser 
diretamente adicionados ao solo por aspersão, ou com tanques mecanizados, 
implementos especialmente desenvolvidos para este tipo de operação. 
2.4.3 Resíduos Sólidos Urbanos 
Os resíduos sólidos urbanos (RSU), ou simplesmente “lixo urbano”, podem vir a 
ser uma matéria-prima de boa qualidade para a compostagem e a agricultura. Na 
literatura especializada não existe distinção entre os termos “resíduos sólidos 
urbanos” e “lixo”. Para a sociedade em geral o lixo é considerado inútil e deve ser 
destruído. Porém, a característica inservível do lixo é relativa, sendo inútil para uns e 
fonte de matéria-prima para outros (MONTEIRO et al. 2001). A compostagem

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