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DIREITO DE GREVE

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RESUMO
O objetivo principal deste trabalho é demonstrar os efeitos causados pela greve e suas consequências no contrato de trabalho e na sociedade que depende de atos administrativos do servidor público dentro do âmbito jurídico brasileiro. Destacando seus efeitos imediatos, prejuízos e transtornos para todos que participam de forma direta e indireta com o trabalho gerado pelo servidor, além de demonstrar sua importância na vida do trabalhador insatisfeito com as condições de trabalho. A escolha do Direito de greve, deu-se diante de constantes divergências doutrinárias e embates jurídicos abrangendo o servidor público, principalmente em 2016 e atualmente (2018), com a greve dos fiscais de rendas da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo e também com a guarda municipal através do RE 846854. Este trabalho desenvolveu-se mediante de análise de notícias e dispositivos legais, bem como coleta de artigos e entendimentos doutrinários, além da legislação seca acerca do tema. Com os resultados apresentados, podemos visualizar a importância do movimento grevista na vida do trabalhador, uma vez que este por meio desta, consegue melhorar suas condições de trabalho em face o empregador e ainda podemos visualizar a extensão e os limites desse direito previsto constitucionalmente no ordenamento brasileiro. Diante de todo o exposto, entende-se que a greve, como direito fundamental dos trabalhadores é instrumento hábil, lícito e legítimo na busca por melhores condições de trabalho. Todavia, em razão da normatividade dos princípios constitucionais, esse direito deve ser exercido nos limites impostos pela lei e de forma a preservar outros direitos igualmente valorados pela sociedade.
Palavras Chaves: Direito do Trabalho. Greve. Constituição. Administração Pública. Servidor Público.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................................
CAPÍTULO 01 – GREVE................................................................................................
- Conceito .....................................................................................................................
- Greve no Mundo.........................................................................................................
1.3 - Requisitos..................................................................................................................
– Embasamentos............................................................................................................
- Natureza Jurídica........................................................................................................
– Tipos de Greve........................................................................................................... 
CAPÍTULO 02 - ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E O DIREITO DE GREVE ............................................................................................................................
2.1. - Evolução Normativa..................................................................................................
2.2. O Direito de Greve no Brasil.......................................................................................
2.3. Pressupostos do Direito de Greve................................................................................. 
2.3.1. Prévia Tentativa de Negociação Coletiva................................................................... 
2.3.2. Assembleia Geral do Sindicato..................................................................................
2.3.3. Aviso Prévio de Greve................................................................................................
2.3.4. Necessidades Inadiáveis da Comunidade..................................................................
2.4. A Responsabilidade dos Trabalhadores.........................................................................
2.5. Implicações sobre o Contrato De Trabalho....................................................................
2.6. Greve no Setor Público.................................................................................................
2.6.1 Conceito de Servidor Público.....................................................................................
2.6.2 Limitações ao Direito de Greve do Servidor Público.................................................
2.6.3 Greve nos Serviços Públicos vs a Ausência de Legislação Específica......................
2.6.4 - Greve na Esfera Militar...........................................................................................
CAPÍTULO 03 – LIMITAÇÕES AO DIREITO DE GREVE........................................
3.1 Limitações ao Direito de Greve no Brasil.......................................................................
3.1.1 Quanto às Pessoas.......................................................................................................
3.1.2 Quanto a propriedade.................................................................................................. 
3.1.3 Quanto aos Fins...........................................................................................................
3.1.4 Quanto ao Momento...................................................................................................
3.1.5 Quanto à Forma...........................................................................................................
3.2 Direito e Deveres............................................................................................................ 
3.3 Abuso ao Direito de Greve............................................................................................. 
3.4 Intervenção do Ministério Público do Trabalho..............................................................
3.5 Lockout.......................................................................................................................... 
CONCLUSÃO...................................................................................................................
REFÊRENCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................................................ 
INTRODUÇÃO
O presente trabalho de conclusão de curso pretende apresentar as principais características e limitações jurídicas ligadas ao direito de greve no atual ordenamento jurídico, levando em consideração a evolução histórica e jurídica relacionada ao assunto, ressaltando as inovações trazidas pela Constituição de 1988 e pela Lei de Greve (Lei n° 7.783/89). 
O objetivando (objetivo é) demonstrar os efeitos causados pela greve e suas consequências no contrato de trabalho e na sociedade que depende de atos administrativos do servidor público dentro do âmbito jurídico brasileiro. Destacando seus efeitos imediatos, prejuízos e transtornos para todos que participam de forma direta e indireta com o trabalho gerado pelo servidor, além de demonstrar sua importância na vida do trabalhador insatisfeito com as condições de trabalho, sendo que o tema é atual e pertinente. Por se tratar de matéria atualizada e com grande importância não só para a classe trabalhadora, mas também estudantes, profissionais do direito e a sociedade em geral. O raciocínio lógico e científico para o andamento e evolução deste estudo foi produzido por meio de obras doutrinárias, textos publicados em revistas jurídicas, análises de jurisprudências e legislação, inclusive abordando temas ligados a reforma trabalhista que entra em vigor a partir de 11 de novembro de 2017.
O conteúdo do presente trabalho está ramificado em três capítulos. O primeiro apresenta e evolução histórica e jurídica do direito de greve, sua classificação quanto a legalidade e sua finalidade, assim como, as noções básicas do fenômeno da greve, destacando os fundamentos, conceitos e natureza jurídica. Com ênfase no segundo capítulo destacando o direito de greve no ordenamentojurídico pátrio e o exercício do direito de greve nos setores público e militar, evidenciando o tema sob a recente alteração autorizada pelo Supremo Tribunal Federal no dia 27/10/2016 e a Constituição de 1988, bem como as características estruturais da Lei n° 7.783/89, a chamada Lei de Greve, contextualizando a greve nos serviços essenciais. Usando de base para o terceiro capítulo a extensão e as limitações ao exercício do direito de greve no ordenamento jurídico brasileiro. Onde serão verificados os aspectos abusivos do direito de greve, os direitos e deveres envolvidos no movimento, lockout, e as limitações estruturais do direito de greve em relação a inobservância das normas contidas na Lei 7.783/1989, quanto as pessoas, aos fins, o momento, à forma da greve e o que pode mudar diante da reforma trabalhista por ter possibilidades de acordos diretos e mudanças no modelo de contratação. 
Contudo, vale ressaltar que o presente trabalho monográfico não tem a intenção de abordar todo o conteúdo referente ao tema, haja vista a extensão do mesmo.
CAPÍTULO 1 - GREVE 
1.1- Conceito 
 Considerada uma ação de confronto e de risco, que movimenta os empregados, na defesa dos interesses da opinião obreira. Contudo, para alguns doutrinadores, greve é toda interrupção de trabalho, de caráter temporário, motivada por reivindicações suscetíveis de beneficiar todos ou parte do pessoal e apoiada por parcela significativa da opinião obreira.. Outros já a conceituam como recusa coletiva e combinada de trabalho. Seria o instrumento pelo qual determinada classe coloca-se, temporariamente, fora do contrato de trabalho com o objetivo de lograr êxito em suas reivindicações.. [1: DURAND, Paul, apud MARTINS, Sergio Pinto. Greve do serviço público. São Paulo: Atlas, 2001, p. 28][2: SINAY, Hélène apud MARTINS, op. cit., p. 28..]
Paulo Garcia conceitua: “A greve é o abandono temporário e concentrado do trabalho, numa ou mais empresas, estabelecimentos ou serviços de qualquer natureza ou finalidade, para a defesa de interesses profissionais, econômicos e sociais, comuns aos trabalhadores.”[3: 4 GARCIA, Paulo, Direito de Greve. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas S.A., 961. p.09.]
Quando José Afonso da Silva, menciona Giuliano Mazzoni destaca que a greve é o exercício de um poder de fato dos trabalhadores com o fim de realizar uma abstenção coletiva de trabalho subordinado.[4: SILVA, Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 40.ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p.930.]
Para Alexandre de Moraes a greve é como um direito de “autodefesa” que consiste na abstenção coletiva de simultânea do trabalho, organizadamente, pelos trabalhadores de um ou vários departamentos ou estabelecimentos, com o fim de defender interesses determinados.[5: MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 33.ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p.700.]
Já Francisco Ferreira Jorge defende ainda que a greve, via de regra, representa a “paralisação coletiva” com o intuito reivindicatório junto ao empregador, não se confundindo com outras ações dos trabalhadores, como a sabotagem, boicote, ocupação do estabelecimento, braços cruzados (greve rendimento) etc.[6: JORGE, Francisco Ferreira.Prática Jurídica Trabalhista. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p.427.]
E Amauri Mascaro do Nascimento afirma que:
A greve não pode ser considerada, uma liberdade pública, porque não é oponível ao Estado, mas a outro particular, o empregador contra o qual se exercita, com o que se caracteriza como liberdade particular. Não poderia equiparar-se às liberdades públicas, como a de culto de expressão, de informação, embora possa perfeitamente significar uma garantia de imunidade perante os mecanismos de responsabilidade criminal. Ainda que por liberdade pública. Essa garantia só se faria através de normas jurídicas. Logo, a greve seria um direito nos termos previstos pelas normas jurídicas. Observe-se que a greve tem uma inafastável dimensão privatista, como fruto de autonomia privada coletiva, fundamento da liberdade sindical.[7: NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Direito do Trabalho. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2013, p.1000.]
Amauri Mascaro Nascimento defende ainda que a greve como um “direito individual” do exercício coletivo, manifestando-se como uma autodefesa. O traço mais evidente que a greve é a autodefesa, ou seja, implica na pressão que os trabalhadores exercem sobre o empregador.[8: Idem ibidem, p.900]
A greve também é um artifício usado pelo trabalhador quando as negociações com o empregador já não surtem mais efeito. Assim, a Convenção n.98 da OIT, recepcionada pelo Brasil, dispõe em seu artigo 4 que:
Deverão ser tomadas, se necessário for, medidas apropriadas às condições nacionais, para fomentar e promover o pleno desenvolvimento e utilização dos meios de negociação voluntária entre empregadores ou organizações de trabalhadores com o objetivo de regular, por meio de convenções, os termos e condições de emprego.[9: BRASIL. Organização Internacional do Trabalho, 1949. Disponível em: http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/lang--pt/index.htm. Acesso em 08 de Maio de 2017.]
Pode-se dizer que que apesar de existir diversos conceitos de greve ambos estão ligados. Neste contexto, fica claro que estão conectados por pontos comuns como o fato de se tratar de uma ação exclusiva do trabalhador, necessidade de interrupção temporária do contrato de trabalho e a presença de um interesse profissional ligando o grupo. (AMARANTE, 2015)[10: AMARANTE, J. A.. Lei de Greve Comentada. São Paulo: Almedina Brasil.2015. P. ]
1.2- Greve no mundo
Parte dos historiadores e doutrinadores consideram que foi em Paris no final do século XVIII que ocorreu o primeiro movimento de greve, quando desempregados e operários insatisfeitos com condições de trabalho, especialmente baixos salários e jornadas excessivas, se reuniram na Place de Greve, local onde se acumulavam gravetos trazidos pelo Rio Sena, daí o nome da praça e a origem etimológica da palavra “Greve”.
Desde seu começo a greve foi rotulada como crime dos trabalhares livres pelo direito Romano. No entanto, em 1.791, a Lei Le Chappellier não considerava crime, mas vetava qualquer forma de agrupamento profissional para defesa de interesses coletivos. Em 1.810, o Código Penal de Napoleão, considerava que os trabalhadores envolvidos em greves deveriam ser punidos com pena de prisão e multa. Já na Inglaterra, o Combination act, de 1.799 e 1.800, considerava crime de conspiração contra a Coroa esta pressão coletiva. Por fim, em 1.825, a Inglaterra, e em 1.864, a França, tiraram da legislação criminalização desse agrupamento coletivo. Seguindo o exemplo em 1.947, a Itália, passou a reconhecer a greve como um direito dos trabalhadores. [11: FRANÇA. Lei Le Chappelier, de 14 de junho de 1791. Disponível em: http://www.fafich.ufmg.br/hist_discip_grad/LeiChapelier.pdf. Acesso em: 08 de maio de 2017.][12: FRANÇA. Código Penal, 1810. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/318210783/Codigo-Penal-Frances-de-1810-Traduzido-pdf. Acesso em : 08 de maio de 2017.][13: INGLATERRA. Combination act, 1799-1800. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/educar/redeedh/anthist/mex1917.htm. Acesso em 08 de maio de 2017.]
No Brasil, foi apreciada primeiramente como liberdade, depois delito e somente com a chegada da Constituição Federal de 1988 a classe trabalhadora consegue a sua maior conquista, o direito de greve, pois este, vem assegurado como direito pelo art. 9º da Constituição Federal: “É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”.[14: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 08 de Novembro de 2017.art. 9.]
De tal modo, que observamos um padrão cronológico na história mundial da evolução da greve que se conservou na maioria dospaíses com algumas variações (Em Cuba atualmente ainda é considerada como crime tipificado no Código Penal).
 Sendo um meio eficiente de forçar o empregador a negociar, ou a ceder no curso do processo de negociação, a greve, busca concretizar a autocomposição e prevenir a exploração. Do conflito entre trabalhadores e tomadores de serviços, afim de buscar o equilíbrio das relações protagonizadas por atores em flagrante posição desigual, surge a necessidade uma legislação para regulamentar essa relação, nasce então o Direito do Trabalho.
	Revolução Industrial, ocorrida no Século XVIII, e apontada como principal razão econômica para o surgimento do Direito do Trabalho, de acordo com registros históricos, do feudalismo e a expansão comercial da Europa. A explosão capitalista serviu de gatilho para que a greve surgisse como forma organizada de luta contra a exploração. A primeira Constituição que versou sobre o Direito do Trabalho foi a do México, de 1917. O seu artigo 123 estabelecia:
que a jornada diária de 8 horas; a jornada máxima noturna de 7 horas; a proibição do trabalho de menores de 12 anos; a limitação da jornada de menor de 16 anos para 6 horas; o descanso semanal; a proteção à maternidade; o direito ao salário mínimo; a igualdade salarial; a proteção contra acidentes no trabalho; o direito de sindicalização; o direito de greve, conciliação e arbitragem de conflitos; o direito à indenização de dispensa e seguros sociais. [15: MÉXICO. Constituição Federal, 1917.Disponível em: http://www.dhnet.org.br/educar/redeedh/anthist/mex1917.htm. Acesso em 08 de maio de 2017.]
O Estado, por sua vez, procurava inibir qualquer tentativa da classe trabalhadora de se associar e organizar greves (tidas como delito). Não era lícito, portanto, a proteção dos interesses trabalhistas por meio de luta ou violência. Nesse sentido, Ari Possidonio Beltram afirma que o principal fundamento para tais restrições estava “na filosofia da economia liberal”, que continha a intervenção de grupos organizados em problemas de ordem produtiva, era o Capital, competindo ao direito somente a busca pela harmonia dos interesses conflitantes. [16: BELTRAM, Ari Possidonio. Direito do Trabalho e Direitos Fundamentais.1.ed. São Paulo: Ltr, 2002, p.121]
Na fase de greve-direito, vários países reconheceram e regulamentaram os direitos de associação sindical, negociação coletiva e de greve. Completando, o direito de greve teve início na Inglaterra do século XIX, quando um grande conflito, provocado pela condenação de um trabalhador, obrigou o Parlamento Britânico a criar, em 1871, uma lei que permitia, expressamente, os Piquetes pacíficos. A Constituição Mexicana de 1917 foi a primeira a reconhecer o direito de greve como garantia coletiva dos trabalhadores. Mais tarde, em 1945, essa garantia foi proclamada pelos demais Estados Americanos na Conferência de Chapultepec, realizada no México. [17: VISENTINI, Paulo Fagundes. A projeção internacional do Brasil: 1930 – 2012:diplomacia, segurança e inserção na economia mundial. Elsevier. Rio de Janeiro. P. 17.]
 É importante ressaltar que o movimento grevista no início era considerado um delito, tendo o Estado mas, em cima disso, [...]. Finalmente, [...]. Ora, [...], nesse sentido, [...]. Essa versão não é a única pela qual cabe dizer que [...].
1.3 - Requisitos
Segundo Maurício Godinho Delgado para caracterizar a existência da greve, devem estar presentes os seguintes requisitos:
Caráter coletivo do movimento: deve ser essencialmente um movimento coletivo;
Sustação de atividades contratuais: é o cerne do movimento, deve haver uma omissão coletiva quanto ao cumprimento das obrigações contratuais pelos trabalhadores;
Exercício coercitivo coletivo e direito: é direito de acarretar prejuízo
Objetivos da greve: é simples instrumento de pressão, que objetiva um resultado concreto, em decorrência do convencimento da parte confrontada. É movimento com objetivos definidos, em geral, de natureza econômica-profissional ou contratual trabalhista.
Enquadramento variável de seu prazo de duração.
A Lei federal n.7.783/89 em seu artigo 2, por sua vez, define greve como a “suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação de serviços a empregador’. E também estabelece alguns requisitos básicos que devem ser observados pelos trabalhadores antes da deflagração do movimento grevista, para que o mesmo seja válido. [18: BRASIL. Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7783.htm. Acesso em 08 de Maio de 2017.]
Em seu art. 3º, caput, da Lei de Greve (.7.783/89) aparece como primeiro requisito a frustração da negociação coletiva ou a impossibilidade de recurso arbitral. É imprescindível, portanto, que tenha ocorrido reais esforços fracassados de negociação coletiva. O Tribunal Superior do Trabalho partilha do mesmo entendimento “é abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e pacificamente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto.” [19: Idem ibidem]
O art. 4º, Lei 7.783/89 prevê outro requisito “é necessário que o sindicato obreiro atenda às formalidades previstas em seu estatuto relativamente à convocação e ao quorum para decisão quanto à greve.” Sendo, necessário a convocação de assembleia geral, a fim de serem delimitadas as reivindicações da categoria dos trabalhadores. [20: Idem ibidem]
O art. 3º parágrafo único, da referida lei prevê ainda a obrigatoriedade de que os empregadores ou seus respectivos sindicatos sejam informados com antecedência mínima de 48 horas sobre a deflagração do movimento paredista. E, em se tratando de atividades ou serviços essenciais, a comunicação sobre a realização do movimento deve ocorrer em, no mínimo, 72 horas antes do início da greve e deve abranger além dos empregadores, os usuários ou pessoas interessadas.
Por fim, o art. 11 da Lei de Greve impõe aos grevistas a obrigação de atenderem às necessidades indispensáveis da comunidade, quando se tratar de greve em serviços ou atividades essenciais: tratamento e abastecimento de água, produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustível; assistência médica e hospitalar; distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; funerários; transporte coletivo; captação e tratamento de esgoto e lixo; telecomunicações; guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; processamento de dados ligados a serviços essenciais; controle de tráfego aéreo e compensação bancária (art. 10 da Lei 7.783/89).
Para o Supremo Tribunal Federal o conceito mais aceito é este definido pelo ex-ministro Sepúlveda Pertence, no julgamento do MI n.20:
 [...] a greve [...] é antes de tudo um fato, que historicamente não esperou pela lei para tornar-se uma realidade inextirpável da sociedade moderna. O que às vezes pretendeu o Direito positivo, e quase sempre condenado à inocuidade, foi proibi-la, foi veda-la. Quando, ao contrário, a própria Constituição a declara um direito, isso basta para impedir que, à falta de lei, o fato se considera ilícito.[21: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acórdão no Mandado de Injunção n.20/DF. Relator: MELLO, Celso de. Publicado no DJ de 22-11-1996 p. 45690.  Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/748172/mandado-de-injuncao-mi-20-df. Acessado em: 28-03-2018.]
Em resumo, o STF considera a greve um direito subjetivo, garantido, disciplinado e limitado pela lei, pelas normas coletivas de trabalho e pela jurisprudência. 
O direito de greve é assegurado aos trabalhadores podendo estes, se organizarem, debaterem e decidirem quando e como devem exercer esse direito, respeitando todos os princípios constitucionais estabelecidos e todos os limites. 
Os limites da Lei 7.783/1989 devem ser respeitados, pois o não cumprimento desses requisitos básicos pelos trabalhadores antes de deflagrada a greve, tem como consequência a ilegalidade do ato, ou seja, torna- a, desde o início, ilegal e abusiva. Entretanto,na opinião de Sergio Pinto Martins, o conceito de greve varia de acordo com cada legislação, se a entender como direito ou liberdade, no caso de a admitir; ou como delito, na hipótese de a proibir. 
1.4- Embasamentos
Por ser a principal característica do direito de greve, a liberdade de trabalho assegura aos grevistas o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem a greve, a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento (art. 6.º da 7.783/89); é vedando às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento (art. 6.º, § 2.º da 7.783/89).
Garantindo que as manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa. Contudo, nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, sendo consideradas aquelas que, se não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população (art. 11 e respectivo parágrafo único).
A greve é um meio usado para se chegar a um fim, ou seja, o debate das questões pendentes na relação patrões - empregados. Necessitando de lógica, organização, agrupamento e liderança eficaz. Sendo considerada uma arma essencial na luta de classe. A greve é uma demonstração de força e união da classe trabalhadora, "de natureza violenta", mas controlada, "compreendida e consentida", nos ensinamentos de José de Segadas Viana.[22: VIANNA, José de Sagadas. Greve. 1.ed. São Paulo: Renovar, 1986, p.129]
Justifica-se pela necessidade social de se balancear a questão da hipossuficiência tanto financeira quanto política dos trabalhadores em face do poderio do patronato, sendo em alguns casos a única forma de se alcançar o direito almejado. Tem como base os ditames de segurança social, de modo a equilibrar as desigualdades entre o patronato e o empregado. A questão principal, núcleo do pensamento que devemos ter no estudo do instituto da greve, não é proteger uma parte em detrimento dos direitos
Como elemento central nas relações de trabalho, a liberdade de trabalho possibilita ao trabalhador participar do movimento grevista ou, recusar-se a aderir à paralisação. Godinho Delgado vai mais além ao examinar sobre que alicerce está assentado direito de greve: 
[...] trata-se de um lado, da liberdade de trabalho. De outro, da liberdade associativa e sindical. Ao lado deste, o princípio da autonomia dos sindicatos. Finalmente, como resultado de todos esses fundamentos agregados, a denominada autonomia privada coletiva, que é inerente às democracias.17
O fundamento deste direito está no reconhecimento pelo Estado, da autonomia coletiva privada dos grupos profissionais. Uma vez reconhecido a existência e o direito e associação dos grupos intermediários, seus direitos são reciprocamente reconhecidos legítimos da outra, mas sim, diminuir a hipossuficiência de modo a garantir o melhor alcance da justiça. 
1.5- Natureza Jurídica 
A natureza jurídica da greve deve ser analisada levando-se em consideração as leis do país onde se deu a sua deflagração, uma vez que a greve pode ser considerada como um direito ou liberdade nos países que a autorizam; ou como um delito nos países que a proíbem.
Como apontado anteriormente, a greve pode ser apreciada sob duas ópticas. Primeiramente quanto ao posicionamento adotado pelo Estado (País), a greve pode ser considerada como um direito ou liberdade nos países que a autorizam; ou como um delito nos países que a proíbem: 
Amauri Mascaro Nascimento é esclarecedor quanto a isto: [23: NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Direito do Trabalho. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2013.]
Quanto à posição do direito de cada país, a greve é um direito ou uma liberdade nos países em que a lei autoriza, caso em que se manifesta como uma forma de autodefesa dos trabalhadores na solução dos seus conflitos coletivos; nos países que a proíbem, a greve é tida como um delito, uma infração penal, um crime contra a economia (NASCIMENTO, 2006, p. 290)
O professor Amauri Mascaro Nascimento apud Süssekind (1999, p. 1229) afirma que não é possível atribuir à greve a natureza jurídica de direito ou de delito uma vez que dependerá de cada sistema jurídico e da sua exata posição ante a este. Elucida também que nas sociedades democráticas de regime capitalista, a greve faz parte do livre jogo de forças entre o capital e o trabalho, e que sua aplicação dependerá da oportunidade e conveniência na obtenção dos objetivos desejados.
Devemos, ainda, analisar seus efeitos sobre o vínculo de emprego. Sob este ângulo a greve poderá ser considerada uma suspensão ou uma interrupção do contrato de trabalho. No entendimento do autor Sérgio Pinto Martins (2006, p. 836), segundo sua compreensão haverá suspensão do contrato de trabalho se não ocorre o pagamento de salários e nem a contagem do tempo de serviço; já a interrupção se dará quando computar-se normalmente o tempo de serviço e houver o pagamento de salários.[24: MARTINS, Sergio Pinto. Comentários à CLT.20.ed. São Paulo: Saraiva, 2016.]
Atualmente na maioria dos ordenamentos jurídicos, tem prevalecido a concepção da natureza jurídica da greve como um direito potestativo coletivo (em alguns países ainda é considerado ato ilícito delituoso, como na República Popular da China e a antiga União Soviética). Podemos dizer que a greve é um instituto com natureza jurídica mista no âmbito global. 
No âmbito nacional, é considerado um direito potestativo amparado pela Lei, dentro de determinadas situações, como enuncia o TST, a greve, como ato jurídico, deve sujeitar-se à regulamentação legal, sendo, o movimento deflagrado sem a observância dos requisitos contidos na Lei 7783/89 considerado abusivo. É direito potestativo, pois o objeto do direito de greve é a sua realização. Coletivo, pois, é em grupo que o exercício do direito de greve alcançará seu objetivo final, por se tratar de direito fundamental de caráter coletivo, fazendo o caráter coletivo sua principal característica e não tendo força nem amparo jurídico se for realizada por um único indivíduo. [25: BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Disponível em: http://www.tst.jus.br/web/acesso-a-informacao/tribunal-superior-do-trabalho. Acesso em 30 de março de 2018.]
A natureza jurídica do direito de greve confirma sua importância e força no contexto social, uma vez que a greve é um forte mecanismo de defesa dos empregados em face dos empregadores, buscando sempre melhorias em suas condições gerais de trabalho. O direito de greve tem suas expressões tanto na seara pública quanto na privada, causando repercussões diversas nesses dois âmbitos.
1.6– Tipos de Greves 
A greve apresenta várias tipologias doutrinarias, contudo apresentaremos as que mais aparecem nas doutrinas trabalhistas.
A doutrina usualmente classifica a greve em “greve típica, que tem fins econômicos e profissionais, e greve atípica, cujos fins são políticos, religiosos ou sociais.” Fernandez relembra que “a noção de greve evoluiu para abranger uma multiplicidade de manifestações” e que em decorrência disso pode apresentar-se de diversas maneiras. ” A primeira delas pode ser denominada de clássica e corresponde ao conceito previsto na Lei 7.783/1989, consistindo na sustação da prestação dos serviços por um conjunto de trabalhadores durante certo período.” [26: BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr.2008][27: Ibidem, p. 266.]
As greves de protesto são as que demonstram “o inconformismo contra abusos ou arbitrariedades praticadas contra os trabalhadores no plano disciplinar ou por descumprimento de norma legal ou coletiva.”[28: BARROS, Op. cit., p. 1309.]
As greves dessa categoria são classificadas como políticas e grevesde solidariedade. As políticas são aquelas em que há reivindicações ligadas a um aspecto macroeconômicos, inerentes ao governo; as greves de solidariedade são aquelas em que há solidariedade reciproca entre os trabalhadores para fazer suas reivindicações. “A greve de solidariedade é aquela na qual trabalhadores de uma categoria, empresa, estabelecimento ou setor aderem à paralisação coletiva dos trabalhadores de outra categoria, empresa, estabelecimento ou setor, para aumentar a pressão em favor das reivindicações destes.” “[29: SÜSSEKIND, Arnaldo. Direito Constitucional do Trabalho. 1.ed. São Paulo: Ltr, 2014.p. 475]
A greve política, por sua vez, é, em princípio, desandada ‘“contra o poder constituído para que adote ou deixe de adotar determinada providência, no âmbito de suas atribuições “’ . Alice de Barros alerta para o fato de que “há uma tendência nos ordenamentos jurídicos de considerar legítimas apenas as greves de cunho econômico ou profissional.” [30: FERNANDEZ, Op. cit., p. 266.][31: BARROS, Op. cit., p.1309.]
Há doutrinadores que ainda entendem serem modalidades de greve: a greve de zelo, a greve tartaruga e a greve de braços cruzados. Godinho Delgado aponta que “as condutas de operação tartaruga e/ou excesso de zelo configuram modalidades coletivas de redução da produção, utilizadas como pressão para reivindicação imediata ou ameaça para futuro movimento mais amplo.” [32: DELGADO, Mauricio Godinho. Curto de Direito do Trabalho. 4ª. Ed. São Paulo, Ltr, 2005. p. 1431]
A greve de braços cruzados pode ser avaliada como aquela que apesar dos trabalhadores estarem presentes em seus locais de trabalho, recusam-se a realizar qualquer trabalho. Outra forma de paralisação reconhecida como meio de pressão é a greve ambiental. Esta ocorre quando os trabalhadores interrompem a prestação de trabalho a um tomador de serviços com o intuito de reclamar do meio ambiente e das condições de saúde do ambiente de trabalho. 
As greves podem, ainda, ser lícitas, ilícitas, abusivas ou não abusivas. Sendo lícitas aquelas que atendem as determinações legais; ilícitas são aquelas as quais as prescrições legais não são observadas; abusivas são aquelas durante as quais são cometidos abusos, indo além das determinações legais; não abusivas são aquelas que não foram cometidos abusos durante sua execução. 
Podem ser classificadas em globais, parciais ou greves de empresa. Globais são aquelas que acabam atingindo várias empresas; parciais são aquelas que tem capacidade de alcançar algumas empresas ou certos setores destas; greves de empresa são aquelas cuja a iniciativa do movimento grevista só ocorre nas imediações da empresa.
A greve ainda pode ser classificada como rotativas, intermitentes, contínuas ou greves brancas. Rotativas são aquelas cuja a execução é feita por vários grupos alternadamente; intermitentes são as que possuem um ciclo, ou seja, vai e volta; contínuas são aquelas realizadas sem interrupções; greves brancas são aquelas nas quais os trabalhadores permanecem no seu local de trabalho, mas deixam de prestar os serviços.
A greve com finalidade Precípua é um mero mecanismo de pressão, que objetiva um resultado concreto, em decorrência do convencimento da parte confrontada, ou seja, é um meio para um fim de interesse coletivo.
É um movimento com objetivos definidos, em geral de natureza econômico-profissional ou contratual trabalhista, consistindo em um mecanismo de autodefesa para o trabalhador quando este tem seus direitos desrespeitados. A greve tem como finalidade precípua assegurar os direitos sociais dos trabalhadores, os interesses contemplados em movimentos desta ordem são meramente econômico-profissionais, ou seja , interesses típicos do contrato de trabalho: acréscimo salarial, melhores condições de trabalho, respeito às garantias constitucionais, a busca de melhorias no processo de produção, participação dos empregados nas políticas elaboradas pelos empregadores e organizações de serviços sociais, participação na elaboração de políticas e técnicas de prevenção de acidentes de trabalho, entre outras. Aliás, vale reforçar que hoje em dia, a greve vem conquistado um caráter social abrangendo objetivos com um rol de direitos sociais trabalhistas que compõem os direitos e garantias fundamentais.
As tipologias de greve aqui apresentadas não tem a pretensão de esgotar todas as possíveis classificações apontadas na doutrina, mas, tão somente, apontar as mais citadas na literatura trabalhista.
 CAPÍTULO 2 - ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E O DIREITO DE GREVE 
2.1. - Evolução Normativa
No Brasil o direito de greve, começou com liberdade, depois delito e, posteriormente direito.
O Código Penal de 1890: vetava a greve e foi derrogado pelo Decreto nº 1.162, de 12/12/1890 .[33: BRASIL. Código Penal, 1890. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-847-11-outubro-1890-503086-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 03 de março de 2017.]
A Constituição de 1891: era omissa a respeito do assunto.[34: BRASIL. Constituição, 1891. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao91.htm. Acesso em : 03 de março de 2017.]
A Lei federal 38, de 4 de abril de 1932: falava a sobre segurança nacional e conceituava a greve como delito.[35: BRASIL. Lei nº 38, de 4 de abril de 1932. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1930-1939/lei-38-4-abril-1935-397878-republicacao-77367-pl.html. Acesso em : 08 de maio de 2017.]
A Constituição de 1934: não indicava nada sobre o tema. [36: BRASIL. Constituição, 1934. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao34.htm. Acesso em : 08 de maio de 2017.]
A Constituição de 1937: preceituava a greve e o lockout como sendo meios antissociais, prejudiciais ao trabalho e ao capital e incompatíveis com os superiores interesses da produção nacional[37: BRASIL. Constituição, 1937. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao37.htm. Acesso em : 16 de maio de 2017.]
O Decreto Lei n.431, de 18 de maio de 1938: tratava sobre segurança nacional e tipificou a greve como crime, a instigação dos funcionários públicos à paralisação coletiva dos serviços, induzimento de empregados à cessação ou suspensão do trabalho e a paralisação coletiva por parte dos funcionários públicos.[38: BRASIL. Lei nº 431, de 18 de maio de 1938. Diponivel em: http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/Decreto-Lei/1937-1946/Del0431.htm. Acesso em 16 de maio de 2017.]
Decreto Lei n.1237, de 2 de maio de 1939: constituiu a Justiça do Trabalho e prevendo punições em caso de greve, desde a suspensão, demissão por justa causa, até prisão.[39: BRASIL. Lei nº 1237, de 2 de maio de 1939. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-lei-1237-2-maio-1939-349344-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 16 de maio de 2017.]
Código Penal de 1940 nos artigos 200 e 201:
Paralisação de trabalho, seguida de violência ou perturbação da ordem Artigo 200, participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando violência contra pessoa ou contra coisa. Pena-detenção, de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo Único – Para que se considere coletivo o abandono de trabalho é indispensável o concurso de, pelo menos, três empregados. Paralisação de trabalho de interesse coletivo Artigo 201, Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo. Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.[40: BRASIL. Código Penal, 1940. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-2848-7-dezembro-1940-412868-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 16 de maio de 2017.]
Tipificava como crime e estabelecia as sanções cabíveis a greve na hipótese de perturbação da ordem pública ou se o movimento fosse contrário aos interesses públicos.
Em 1943 chega a Consolidação dasLeis de Trabalho prevendo penas para os trabalhadores e multas para o sindicato representativo em caso de cessação coletiva do trabalho sem prévia autorização do tribunal trabalhista.[41: BRASIL. Consolidação das Leis de Trabalho, 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm. Acesso em: 16 de maio de 2017.]
 O Decreto lei n. 9.070, de 15 de março de 1946: admiti a greve nas atividades acessórias, contudo mantem a vedação para as atividades fundamentais. [42: BRASIL. Decreto nº 9070, de 15 de março de 1946. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del9070.htm. Acesso em: 16 de maio de 2017.]
A Constituição de 1946 reconhece a greve como direito dos trabalhadores, apesar sua regulamentação ficar a cargo da lei ordinária posterior.[43: BRASIL. Constituição, 1946. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1940-1949/constituicao-1946-18-julho-1946-365199-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 16 de maio de 2017.]
A Lei federal n.4330, de 1º de junho de 1964, reconhece a greve, contudo, prescrevia sua ilegalidade, se não atendidas algumas condições, com isso dificultando seu exercício.[44: BRASIL. Lei nº 4330, de 1 de junho de 1964. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L4330.htm. Acesso em, 16 de maio de 2017.]
A Constituição de 1967 garante o direito de greve aos trabalhadores do setor privado, contudo, em relação aos serviços públicos e às atividades essenciais continua vetada o seu exercício.[45: BRASIL. Constituição, 1967. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc_anterior1988/emc01-69.htm: acesso em 19 de março 2018.]
A Emenda Constitucional n.1, de 17 de outubro de 1969 em seus artigos 162 e 165, XXI, manteve a orientação da Constituição de 1967.[46: BRASIL. EC n. 1 de 1969. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc_anterior1988/emc01-69.htm: acesso em 19 de março 2018.]
	E por fim, surgi a Constituição Federal de 1988 garantindo o direito de greve, o livre arbítrio dos trabalhadores, a oportunidade de exercê-lo e a escolha dos interesses a serem defendidos, sujeitando os responsáveis por abusos cometidos “às penas da lei”. A definição dos serviços e atividades essenciais, bem como o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade foram reservados à legislação ordinária. Para regulamentar as inúmeras paralisações que estavam acontecendo nas atividades essenciais, foi editada, no ano de 1989, a Medida Provisória de n° 50. Em seguida, surgiu a Medida Provisória n° 59, a qual foi suprida pela Lei n° 7.783/89, que regulamenta o exercício do direito de greve, determina quais as atividades essenciais, gere o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade e estabelece o que vem a ser o abuso desse direito, entre outras providências. Contudo, não versa sobre o pagamento dos dias parados, nem sobre a contagem do tempo de serviço durante a greve. Não trata da legalidade ou ilegalidade da greve, mas usa o termo abuso de direito pelo não cumprimento de suas prescrições (MARTINS, 2010).[47: MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 26ª Ed. São Paulo: Atlas, 2010.]
O art. 9º da Constituição Federal de 1988 dispõe sobre o instituto de greve nos seguintes termos:
Art. 9° É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. §1° A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. §2° Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. [48: BRASIL. Constituição, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 30 de março de 2018.]
Nota-se que os “interesses” referidos no seu art. 9° são os alusivos à categoria ou grupo de trabalhadores e que tais interesses dizem respeito, a condições de trabalho, e não a outros, estranhos à relação de emprego. Dessa forma, apesar da literalidade do art. 9º da CF/88 levar à dedução de que todo e qualquer interesse pode ser defendido por meio do movimento paredista, a interpretação da lei, nesse caso, deve ser metódica, no sentido de que tais interesses devem ser de natureza profissional e passíveis de negociação com o empregador. 
No §1°, do art. 9º da CF/88 o texto constitucional determina que sejam regulados por lei, o exercício da greve nos “serviços ou atividades essenciais”. E no §2°, afirma que os responsáveis por excessos estarão sujeitos “às penas da lei”. Sobre o abuso do direito de greve, Godinho Delgado explica que, “(...) a conduta coletiva paredista, embora amplamente franqueada, não traduz permissão normativa para atos abusivos, violentos ou similares, pelos grevistas”. [49:  DELGADO, Mauricio Godinho. Curto de Direito do Trabalho. 4ª. Ed. São Paulo, Ltr, 2005]
Atualmente o direito de greve esta associado a liberdade de trabalho, onde os trabalhadores considerando as condições oferecidas pelo empregador insatsifatorias ao preenchimento de suas necessidades, podendo exercê-lo , sempre respeitando os requisitos e limites da lei.
2.2. O Direito de Greve no Brasil
O direito de greve no Brasil é assegurado pela nossa Lei Maior, ou seja, a Constituição Federal em artigo 37, inciso VII, o qual dispõe que:[50: BRASIL. Constituição, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 30 de março de 2018.]
A administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
VII – o direito de greve será exercido nos termos e no limite definidos em lei específica.
Os primeiros movimentos de greve no Brasil despontaram com as revoltas dos escravos, na época Colonial, contra a opressão e exploração, sob forma de revoltas ou quilombos. Nos meados dos anos 1820, cativos, africanos livres e outros trabalhadores cessaram os trabalhos na Fábrica de Pólvora Ipanema, controlada, na época, pela monarquia. Os quais reivindicavam melhorias nas condições de trabalho, incluindo diárias e dieta alimentar. 
Garantido constitucionalmente, trata-se de um direito social que todo ou qualquer trabalhador poderá exercê-lo, sendo livre para escolher o momento e os interesses que serão defendidos pela greve. Contudo não se trata de um direito ilimitado, uma vez que no §1º, do art. 9º, da CF/88, que nos “serviços ou atividades essenciais” a greve não foi proibida, mas, o texto constitucional determina que os atendimentos das necessidades inadiáveis da comunidade, bem como os serviços e atividades indispensáveis, sejam regulados por lei. Já o §2º, determina que os abusos cometidos sujeitam os responsáveis “às penas da lei”.
Desta forma, entende-se que, nessas atividades e serviços, um mínimo efetivo deverá continuar funcionando, objetivando o atendimento das necessidades essenciais da população.
A respeito da eficácia da norma prevista no artigo 37, inciso VII, da Constituição Federal, há uma divergência na doutrina.
Para Celso Antônio Bandeira de Mello, trata-se de uma “norma de eficácia contida”, firmado no princípio de que a greve do servidor público, inicialmente, era proibida e agora é prevista na própria Constituição, contudo, necessitando de lei ordinária que delimita os limites. Se é prevista na própria Constituição deve-se condicionar o direito de greve do servidor público à edição de lei complementar, o trabalhador será privado do referido direito. No mesmo sentido Antônio Álvares da Silvaentende que o exercício do direito de greve encontra contenção apenas nas garantias constitucionais, nas leis de ordem pública, no ilícito civil, penal e nas disposições administrativas da Lei federal n.8112/90, porque foi reconhecido:[51: MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de DireitoAdministrativo.25.ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p.800.][52: SILVA, Antonio Álvares da. Execução Provisória Trabalhista Depois da Reforma do Cpc.1.ed. São Paulo: Ltr, 2007, p.89.][53: BRASIL. Lei nº 8112, de 11 de dezembro de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8112cons.htm. Acesso em: 16 de maio de 2017.]
 [...] ao servidor público civil o direito de greve e não existindo lei complementar referida no texto constitucional para definir lhe os termos e limites, o direito será exercido de forma ilimitada. Isso não significa, como é óbvio, que a greve no serviço público não tenha fronteiras. Não existam direito ilimitados no sentido de que não conheça suas restrições nem barreiras. Onde há ordenamento jurídico há ordem, ou seja, organização com distribuição de competências e possibilidade de vivência harmônica de diferentes unidades. Assim a greve dos servidores terá como limite os direitos e garantias constitucionais, as leis de ordem pública, o ilícito civil e penal, se aguardará que tais postulados sejam expressamente enumerados na lei complementar a que o texto constitucional fez apelo.
 
Já para grande parte dos doutrinadores, no entanto, o artigo 37, inciso VII da Constituição Federal, trata-se de uma norma de eficácia limitada. Manoel Gonçalves Ferreira Filho aponta que essa é a primeira Constituição brasileira a admitir a greve de servidor público. Isto representa o abandono do rigor do princípio da continuidade do serviço, que importaria na denegação desse direito.[54: FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Do processo legislativo. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2001, p. ]
Seguindo o mesmo raciocínio Celso Ribeiro Bastos, afirma que:[55: BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 22.ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p.127.]
Embora não se desconheça o fato de que mesmo as normas demandantes de integração brasileiras não produzem certos efeitos, no caso não há possibilidade alguma, em nosso entender, de se invocar o preceito constitucional para legitimar greves exercidas no setor público, sobretudo na Administração centralizada. A absoluta ausência de normatividade complementar priva o preceito de eficácia. A prática da greve nesse setor torna-se necessariamente ilegal por falta de escoro jurídico.
O entendimento do órgão máximo da jurisdição brasileira, o Supremo Tribunal Federal (STF), é no sentido de que, até que lei complementar entre em vigor, as paralisações coletivas de servidores públicos civis estarão em confronto com a Constituição.
2.3. Pressupostos do Direito de Greve 
Mesmo se tratando de um direito garantido constitucionalmente, o direito de greve, deve estar de acordo com alguns pressupostos consistentes em atos preparatórios como: necessidade de prévia negociação coletiva, autorização expressa de assembleia sindical convocada especialmente para esse fim e comunicação expressa da data do início da paralisação. 
Nesse sentido assim dispõe a lei 7.893/89 no artigo 3º: [56: BRASIL, Lei nº 7.893 de 28 de Novembro de 1989. Disponível em: http://planalto.gov.br/CCIVIL_03/MPV/Quadro/_QuadroANT.htm. Acesso em 08 de Maio de 2017.]
“frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho, desde que a entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados sejam notificados da paralisação, com 48 horas de antecedência nas atividades comuns, e 72 horas nas atividades essenciais”.
O não cumprimento dos requisitos supracitados acarreta abuso do direito de greve cujas consequências, dependendo do caso, podem repercutir nas esferas civis, penais e trabalhistas. 
2.3.1. Prévia Tentativa de Negociação Coletiva 
Conforme mencionado, a lei 7.783/89 exige em seu artigo 3º que a deflagração do movimento paredista só poderá se dar após os esgotadas as tentativas de negociação coletiva, ou seja, autocomposição. Contudo, se não haver êxito na tentativa de negociação coletiva, nem na se escolhendo a mediação e nem a arbitragem o movimento de greve será de todo exercitável.
Vale ressaltar que a Corte Suprema em assuntos de Direito do Trabalho (Tribunal Superior do Trabalho), considera que se a entidade sindical não colocar em pauta a negociação das reivindicações da classe trabalhadora junto ao sindicato patronal ou junto ao empregador e instaura movimento paredista cometerá abuso do direito de greve. Ou seja, havendo movimento de greve sem tentativa prévia de autocomposição pelas partes interessadas, considera o TST por meio de sua Orientação Jurisprudência de nº. 11 da Seção de Dissídios Coletivos nos seguintes termos: “Greve. Imprescindibilidade de tentativa direita e pacífica da solução do conflito. Etapa negocial previa. Inserida em 27.03.1998. É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e pacificamente, solucionar o conflito que lhe constitui objeto.”[57: BRASIL, Tribunal Regional do Trabalho. disponível em: http://www.trtsp.jus.br/geral/tribunal2/TST/OJ_SDC.html. Acesso 29 de março 2018.]
2.3.2. Assembleia Geral do Sindicato
	Em seu art. 4º a Lei 7783/89 prevê a obrigação de aprovação do movimento paredista pela Assembleia geral do sindicato:[58: BRASIL. Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7783.htm. Acesso em 30 de março de 2018.]
Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembleia geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de serviços.
§ 1º O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades de convocação e o quórum para a deliberação, tanto da deflagração quanto da cessação da greve.
§ 2º Na falta de entidade sindical, a assembleia geral dos trabalhadores interessados deliberará para os fins previstos no "caput", constituindo comissão de negociação.
Deste modo, carece o sindicato que representa a categoria profissional convocar nos termos de seu estatuto interno a Assembleia Geral com o intuito de deliberar a respeito: início da paralisação dos serviços, pauta de reivindicações e eventual cessação do movimento paredista. Entretanto, não havendo sindicato representativo de determinada categoria profissional em caso de deflagração de greve e a não convocação de assembleia (obrigatória), deverão os trabalhadores envolvidos realizar uma assembleia geral com finalidade de constituir uma comissão de negociação junto ao empregador, ou seja, um sindicato representativo. 
Nesse sentido a lei 7.783/89 em seu artigo 4º, §2º dispõe:[59: BRASIL. Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7783.htm. Acesso em 30 de março de 2018.]
“Art. 4º Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembleia geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de serviços. (...)
§ 2º Na falta de entidade sindical, a assembleia geral dos trabalhadores interessados deliberará para os fins previstos no "caput", constituindo comissão de negociação.”
Cabe esclarecer que cada entidade sindical deve ter em seu estatuto as formas de convocação de assembleias gerais e o quórum mínimo necessário para a aprovação da proposta de greve, bem como de sua cessação. 
2.3.3. Aviso Prévio de Greve
Para que a greve esteja enquadrada nos requisitos de legalidade, além da tentativa de negociação previa e a autorização em assembleia geral se faz necessário o aviso prévio da mesma nos seguintes termos: comunicação a entidade patronal da paralisação dos serviços no prazo de 72 horas em se tratando de serviços essenciais, e de 48 horas para as demais atividades. [60: BRASIL. Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989. Artigos 13º e 3º, § único. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7783.htm. Acesso em 30 de março de 2018.]
2.3.4. Necessidades Inadiáveis da Comunidade.
Para o Comitêde Liberdade Sindical da OIT, as atividades essenciais são aquelas que refletem diretamente na sociedade cuja interrupção pode pôr em perigo a vida, a segurança ou a saúde da pessoa, em toda ou parte da população. Em consonância com esse entendimento a Lei 7.783/89 estabeleceu dois tipos de serviços ou atividades que não podem parar durante um movimento de greve, ainda que em conformidade dos procedimentos legais e estatutários previstos.[61: AEBERHARD, Jane Hodges, DIOS, Alberto Odero. Princípios do Comitê de Liberdade Sindical Referente a Greves. Brasilia. 1993. P. 11]
	O art.11 da Lei 7783/89 estabelece:[62: BRASIL. Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7783.htm. Acesso em 30 de março de 2018]
Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
O art.10 dessa mesma Lei qualifica o atendimento dos serviços essenciais:[63: Idemibidem.]
São considerados serviços ou atividades essenciais:
I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis;
II - assistência médica e hospitalar;
III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
IV - funerários;
V - transporte coletivo;
VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;
VII - telecomunicações;
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares;
IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais;
X - controle de tráfego aéreo;
XI compensação bancária.
	Deste modo, nenhum meio adotado por empregados e empregadores poderão violar os direitos e garantias fundamentais de outrem.
2.4. A Responsabilidade dos Trabalhadores
A Lei nº 7.783/89 traz em seu Art. 15 “a responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou crimes cometidos, no curso de greve, será apurada, conforme o caso, segundo a legislação trabalhista, civil ou penal”, sendo, portanto, o fundamento principal da responsabilidade dos trabalhadores que cometer abusos durante o movimento.[64: BRASIL. Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7783.htm. Acesso em 30 de março de 2018.]
No entanto, a Lei de Greve não cria nova tipificação, somente, reporta o cometimento de ilícitos criminais à regência do Código Penal, os quais, em embates coletivos mais exacerbados, podem, claro, causar lesões corporais, crime de dano, crimes contra a honra [...] Na esfera civil, podem, acarretar perdas e danos, morais e materiais, “figurando como réu aquele que tiver dado causa ao dano, o sindicato, a comissão dos trabalhadores, um trabalhador ou, até mesmo, cabível o litisconsórcio passivo (GONÇALVES, 2010, p.1).
Contudo, vale ressaltar que estes atos ilícitos podem ser cometidos tanto pelos dirigentes sindicais, em caso de deflagração da greve não atendendo as formalidades ou pela prática ou omissão daqueles atos ou providencias impostos pela lei, quanto pelos empregados participantes, pela prática de piquetes obstativos, agressão física ou moral, ocupação indevida de local de trabalho, depredação de patrimônio alheio ou das máquinas, equipamentos e do próprio estabelecimento empregador, ou simplesmente pela recusa de integrar turmas de emergência para a prestação de serviços considerados indispensáveis.
2.5. Reflexos Sobre o Contrato de Trabalho
O movimento paredista sempre suspende o contrato de trabalho e veda a rescisão de contrato, necessitando as relações obrigacionais do período ser regidas por acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho (art. 7.º). A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou crimes cometidos, no curso da greve, será apurada, conforme o caso, segundo a legislação trabalhista, civil ou penal (art. 15). 
Conforme o artigo 7º da lei 7.783/89:[65: Idem ibidem.]
Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho.
Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14.
Deste modo os contratos de trabalho dos grevistas continuam suspensos, desde que a paralisação coletiva do trabalho tenha observado a lei e tanto os dirigentes sindicais, quanto os empregados em greve não hajam praticado abuso. Neste caso, será vedada a despedida dos grevistas, assim como a contratação de substitutos. Se, entretanto, a greve for ou se tornar ilícita ou abusiva, a empresa poderá penalizar os responsáveis, inclusive com a despedida, e contratar empresa prestadora de serviços ou outros trabalhadores (SÜSSEKING, 2001, p. 474). [66: SUSSEKIND, Arnaldo. Direito Constitucional do Trabalho. 1.ed. São Paulo: Ltr, 2014.]
Entretanto, sendo decretada pela Justiça do Trabalho a ilegalidade da greve o tempo da mesma será tida como interrupção do contrato de trabalho, uma vez que, os grevistas não farão jus aos salários do período, já que suas reivindicações foram tidas por não justas, sendo o instrumento por meio do qual a greve teve fim, laudo arbitral, sentença normativa, acordo ou convenção coletiva de trabalho é que determinará quais os efeitos da greve sobre o contrato de trabalho.
2.6. Greve no Setor Público
Para o doutrinador Rinaldo Guedes Rapassi, “a figura do servidor público como classe diversa da do empregado comum data do fim do século XVI na Europa”. Esclarece ainda: [67: RAPASSI, Rinaldo Guedes. Direito de greve dos servidores públicos. São Paulo: LTr, 2005, p.32.]
Com o fortalecimento histórico do Estado e o consequente acréscimo das atividades públicas, tais trabalhadores passaram a receber salário regular e a gozar de alguns direitos especiais, como o de maior estabilidade de emprego e de aposentadoria, em troca da natural fidelidade que lhes exigiam os monarcas de então. [68: Ibid, p.32.]
Com o aumento de suas atividades no final do século XIX o Estado se viu obrigado a admitir um maior contingente de pessoal. A questão, como lembra Rinaldo Guedes Rapassi, é que “as novas contratações se caracterizaram pelo vínculo precário, provisório, e a prestação de serviços públicos deu-se, nesses casos, de forma mais simples”. Os salários em eram baixos e as condições de trabalho desfavoráveis, dando espaço para movimentos reivindicatórios da nova categoria. [69: Ibid, p.33.]
Ocorreu um processo de agitamento no Estado de uma forma global, segundo Rinaldo Guedes Rapassi, para que, percebessem o surgimento de variadas situações jurídico-administrativas no serviço público, que podem ser resumidas em três. [70: RAPASSI, Rinaldo Guedes. Op. Cit, p, p.34]
Sendo a primeira, a realização do serviço público sem a participação do servidor (exemplo; concessões e permissões). Seguida pela prestação de serviço público na paraestatalidade, o qual o funcionário público encontra-se nas mesmas condições das empresas particulares. E por último a consecução de atividades tipicamente burocráticas, profundamente ligadas aos fins do Estado, mediante o trabalho dos servidores.
De tal modo, para entender e compreender melhor a questão, se faz necessário a definição de: Servidor Público.
2.6.1 – Conceito de Servidor Público
Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, servidor público em sentido amplo, “são todas as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da Administração Indireta, com vínculo empregatício”. Já em sentido restrito, exclui aqueles que prestam serviços às entidades com personalidade jurídica de direito privado.[71: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 29.ed. Rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense, 2016. p..430.]O doutrinador Marcelo Alexandrino Vicente Paulo, defende que os servidores públicos podem ser classificados da seguinte forma: estatutários, celetistas ou temporários. Estatuários sendo os aqueles contratados para cargo público no regime estatutário, regulamentado pelo estatuto do servidor público lei de âmbito federal n° 8.112/90. Que para ser nomeado o servidor carece antes de ser submetido ao procedimento do concurso público de provas ou de provas e títulos, artigo 37 inciso II da Constituição Federal. Trata-se do cargo público de provimento efetivo, ou seja, é o cargo que possibilita a aquisição de estabilidade no serviço público.[72: VICENTE PAULO, Marcelo Alexandrino. Direito Administrativo. 14. ed. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO: 2015 p.125.]
Temos também a figura do cargo em comissão, que são aqueles desprovidos de efetividade, ou seja, não geram estabilidade, uma vez que, a nomeação é a título de confiança da autoridade competente para esta nomeação. 
Os celetistas são aqueles servidores contratados para emprego público no regime da CLT, aplicando-se princípios do direito público, por exemplo: investidura subordinada à aprovação prévia em concurso público. Trata-se de regime obrigatório nas empresas públicas e sociedade de economia mista.[73: MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 4º Ed. São Paulo: Saraiva, 2014. . p. 159.]
Há também os contratados de forma temporária, para exercer a função pública, em virtude da necessidade temporária excepcional e de relevante interesse público. Assim sendo exercem uma função pública remunerada temporária e excepcional. 
Os servidores militares, no ensino de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, são as pessoas físicas que prestam serviços às Forças Armadas, Marinha, Exército e Aeronáutica, e as polícias militares e o corpo de bombeiros militares dos Estados, Distrito federal e Territórios, com vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio.[74: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 29.ed. Rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense, 2016. p. 517]
Para Hely Lopes Meirelles, os servidores públicos “constituem subespécies dos agentes administrativos, e a ela vinculados por relações profissionais, em razão da investidura em cargos e funções, a título de emprego e com retribuição pecuniária”.[75: MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 36. ed. atual. São Paulo: Malheiros, 2010.p.362.]
2.6.2 – Limitações ao Direito de Greve do Servidor Público
Antes da Constituição Federal de 1988, era vetado a sindicalização no setor público.com isso, o nascimento do sindicato dos servidores públicos é considerado um processo positivo em termos da concretização da democracia. Com a sua chegada, concedeu ao servidor público, o direito à sindicalização (art. 37, VI), salvo os militares; dessa forma, são vedadas quaisquer restrições ou interferências estranhas às que já constam da Constituição em vigor, sob pena de transgressão constitucional. Em coerência, destaca-se que o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei complementar. Posteriormente, a Emenda Constitucional n.19, de 4.6.1998, alterou a expressão lei complementar do inciso VII para lei específica.
A respeito já mencionado artigo 37, VII da Constituição Federal, que prevê a greve no setor público ainda não foi regulamentada por lei infraconstitucional em atendimento ao que dispõe a própria Constituição. No entanto, enquanto o Poder Legislativo que ordinariamente é o poder competente para legislar e editar lei não se manifesta, os servidores públicos podem exercer seu direito constitucional a deflagrar greve utilizando-se da lei 7.783/89, lei que regulamenta o exercício do direito de greve no setor privado. Nesse sentido, assim dispõe a Corte Suprema diante da análise dos mandados de injunção de números 670 e 712 movidos em face de tal omissão legislativa.[76: BRASIL, Supremo Tribunal Federal. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=165753. Acesso em 29 de marco de 2018.]
O Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que o artigo 37, VII, da Constituição Federal trata-se de uma norma de eficácia limitada, ou seja, dependente de legislação posterior, já que a Constituição é clara ao determinar que o direito será exercido nos termos e limites definidos em lei complementar. Nesse sentido, não se observa norma de eficácia contida ou restringível, mas, sim, uma norma de eficácia limitada ou reduzida, já que, com tais decisões, o direito de greve dos servidores públicos ainda não seria válido no país, uma vez que não editada até a presente data a respectiva lei regulatória.
Contudo, a deflagração de uma greve, enquanto exercício legítimo de um direito, encontra limites quando entra em conflito com outros direitos fundamentais tutelados pela Constituição. Raimundo Simão de Melo aduz que:
 “tais limites estão: nos serviços ou atividades essenciais; no atendimento das necessidades inadiáveis da população; na punição aos abusos cometidos por conta do exercício da greve; na limitação à greve do servidor público, a qual, de acordo com a Constituição Federal (art. 37, inciso VII), compete à lei específica a ser votada pelo Congresso Nacional; e na proibição da greve para o servidor público militar (art. 142, inciso IV)”. [77: MELO, Raimundo Simão. A greve no direito brasileiro. São Paulo: LTr, 2009. (p. 71)]
Assim, mesmo com limitações trazidas pelo ordenamento jurídico a greve não perde sua essência de direito fundamental. Ainda que eventuais restrições que possam aparecer com a edição da lei específica disciplinadora da greve dos servidores públicos é perfeitamente compreensível em razão da harmonização que deve existir entre todos os direitos e liberdades dos cidadãos. Seguindo esse raciocínio, Melo complementa que não deve haver a criação de barreiras intransponíveis para o exercício da greve, destacando que: “só se pode cogitar de limites ao direito de greve quando este se coloca em face de outro direito constitucional. Ocorrendo a chamada colisão de direitos constitucionais, um direito haverá de limitar o outro, dentro do princípio da cedência recíproca”.[78: ARAÚJO, Luiz Alberto David e NUNES JÚNIOR, Vidal Serranos apud MELO, Raimundo Simão de. A greve no direito brasileiro. São Paulo: LTr, 2009. (pp. 71-72)]
Nesse sentido, conclui-se que, são necessários os limites ao exercício da greve, sendo que sua ausência, segundo Gabriel Saad, significaria entregar aos trabalhadores “predicados típicos de soberania, o que nos parece condenável em sociedade politicamente organizada”. Haja vista que, a lei regulamentadora do setor privado (Lei de Greve, a Lei 7.783/89), também impõe restrições a uma categoria de serviços, os chamados “serviços essenciais”. Segundo Julpiano Chaves Cortez, esses serviços “são aqueles que não podem sofrer solução de continuidade, sob pena de colocar em risco a vida, a segurança ou a saúde das pessoas”.[79: SAAD, Gabriel apud CORTEZ, Julpiano Chaves. A lei de greve. São Paulo: LTr, 2010. (p. 40)][80: CORTEZ, Julpiano Chaves. Op. cit.(p. 146)]
Desse modo, vale citar o trecho a seguir do voto do Ministro Celso de Mello no julgamento do mandado de injunção 712/PA. O distinto julgador, observando a necessidade de se observar os princípios da supremacia do interesse público e da continuidade dos serviços públicos, lembrou que há atividades que não podem sofrer interrupção em hipótese alguma. Em seu voto, ele aduz que:
“é por essa razão que documentos de caráter internacional – como o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (art. 8º, ‘c’ e ‘d’) – advertem que as leis concernentes ao exercício do direito de greve, especialmente quando exercido no âmbito da Administração Pública, podeme devem estipular restrições ou limitações ‘no interesse da segurança nacional ou da ordem pública, ou para proteção dos direitos e liberdades de outrem.’”[81: BRASIL, Supremo Tribunal Federal. Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/2926757/mandado-de-injuncao-mi-712-pa.Acesso em 30 de marco de 2018.]
	Todavia, é importante ressaltar que, na vigência da Constituição de 1988, o direito de greve, embora passível de restrições, não deixa de ser cabível também nos serviços essenciais, sendo que a lei definirá quais são essas atividades e como se dará o atendimento das necessidades inadiáveis da população.
2.6.3 - Greve nos Serviços Públicos vs a Ausência de Legislação Específica
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, garantiu aos servidores públicos, de forma expressa, os direitos à associação e à greve, quando tratou dos princípios que regem a Administração Pública. O constituinte, todavia, condicionou o exercício da greve aos termos e limites estabelecidos em lei específica. (redação Emenda 19/98).
Todavia, a omissão do legislador em não editar a lei específica regulamentadora, não poderia constituir óbice ao seu exercício legítimo por parte de seus titulares do direito. Nesse sentido, citando Arnaldo Süssekind, José Afonso da Silva complementa: 
“Ora, o direito de greve (...) existe por força de norma constitucional, não por força de lei. Não é a lei que vai criar o direito. A Constituição já o criou. Nesses casos de norma de eficácia contida, a lei referida na norma, quando promulgada, é apenas restritiva do direito reconhecido, não geradora desse direito. Isso significa que enquanto a lei não vem, o direito há que prevalecer em sua amplitude constitucional. Reforça essa tese o fato de a Constituição ter garantido aos servidores públicos amplo direito à livre associação sindical (art. 37, VI) que implica, só por si, o direito à greve. Então, se a lei não vem, o direito existe, e, se existe, pode ser exercido.”[82: SÜSSEKIND, Arnaldo. apud SILVA Op. cit. (pp. 702-703)]
Entretanto, onde se verifica uma omissão por parte do legislador, a Carta Magna previu a garantia de uma solução constitucional. Contido no art. 5º, LXXI, “conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais (...)”.[83: BRASIL. Constituição, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 16 de maio de 2017.]
O Ministro Marco Aurélio no julgamento do MI 20, em 1994, já entendia que a Lei 7.783/89 deveria ser aplicada aos servidores, com as ressalvas necessárias. No mesmo sentido, o Ministro Carlos Velloso, que, no mesmo julgamento, manifestou-se da seguinte forma: “Sei que na Lei 7.783 está disposto que ela não se aplicará aos servidores públicos. Todavia, como devo fixar a norma para o caso concreto, penso que devo e posso estender aos servidores públicos a norma já existente, que dispõe a respeito do direito de greve”. [84: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acórdão no Mandado de Injunção n.20/PA https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/748172/mandado-de-injuncao-mi-20-df. Acesso em 28 de março de 2018.][85: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acórdão no Mandado de Injunção n.20/PA https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/748172/mandado-de-injuncao-mi-20-df. Acesso em 28 de março de 2018.]
Esse entendimento, embora presente, permanecia minoritário, até por volta de 2007, a partir de então, ficou decidido que a Lei 7.783/89 seria aplicada, nos contornos definidos pelo Supremo, haja vista as peculiaridades da natureza dos serviços públicos. Desse modo, o Tribunal alterava o seu posicionamento não só a respeito das greves nos serviços públicos, mas também acerca do instituto do mandado de injunção.
No mesmo sentido, o relator do Mandado de Injunção n.712, Ministro Eros Grau, compartilha do mesmo pensamento salientando que:[86: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acórdão no Mandado de Injunção n.712/PA. Relator: GRAUS, Eros. Publicado no DJ de 30-10-2008p. 00384.  Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/2926757/mandado-de-injuncao-mi-712-pa. Acessado em: 08-10-2017.]
“na relação estatutária do emprego público não se manifesta tensão entre trabalho e capital, tal como se realiza no campo da exploração da atividade econômica pelos particulares. Neste, o exercício do poder de fato, a greve, coloca em risco os interesses egoísticos do sujeito detentor de capital – indivíduo ou empresa – que, em face dela, suporta, em tese, potencial ou efetivamente redução de sua capacidade de acumulação de capital (...) Como a greve pode conduzir à diminuição de ganhos do titular de capital, os trabalhadores podem em tese vir a obter, efetiva ou potencialmente, algumas vantagens mercê do seu exercício.” 
Não havendo, nos serviços públicos, um confronto evidente entre capital e trabalho, de modo que a paralisação na prestação de um serviço público prejudica o interesse coletivo, razão primordial para que tenha uma disciplina jurídica diversa da que se dá à greve na iniciativa privada.
E ainda ressaltou, que deverá existir correções necessárias ao atendimento das peculiaridades da greve no serviço público com o intuito de garantir o funcionamento dos serviços essenciais. Ou seja, durante a greve, deverão ser mantidas equipes de servidores com propósito de assegurar a regular continuidade do serviço 
Se por um lado a sociedade tem o direito de ter acesso aos serviços públicos com a devida continuidade, por outro, tem-se o livre exercício da greve por parte dos servidores públicos. Hely Lopes Meirellesexplica que:[87: MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 42.ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p.569.]
A Constituição Federal, ao assegurar o direito de greve, estabeleceu que alei definirá os serviços essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade da comunidade ( art.90). A lei 7.783, de 28.6.89, define como serviços essenciais: o da água, de energia elétrica, gás e combustíveis; o da saúde; o da distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; o funerário; o de transporte; o de captação e tratamento de esgoto e lixo; o de telecomunicações; o relacionamento com substâncias radioativas; o do tráfego aéreo; o de compensação bancária e do processamento de dados ligados a esses serviços (art. 10). Os sindicatos, os empregados e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação desses serviços, desde que a greve coloque em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população (art.11). 
A doutrina e a jurisprudência compartilham do entendimento de que o direito de greve dos servidores públicos deve sofrer restrições em decorrência do princípio do interesse público. 
	O direito de greve dos servidores públicos é previsto constitucionalmente, todavia trata-se de uma norma de eficácia limitada, haja a vista que, é uma regra constitucional que depende da emissão de uma norma reguladora futura para alcançar plena eficácia. Contudo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, diante da omissão do legislador, aplica-se a Lei Geral de Greve (Lei 7.783/89), que atualmente vem sido alvo de contenda, com as insatisfações em massa com a nova reforma da previdência ( PEC 287/2016) proposta pelo presidente Michel Temer.
	E mais, a Suprema Corte recentemente passou a admitir o corte na remuneração do servidor que está em greve, uma vez que, o ônus da greve do servidor deve ser partilhado por todos. Esse ônus será repartido entre: 
1. Cidadãos (quando os servidores entram em greve isso prejudica a prestação do serviço público, gerando um ônus para toda sociedade).
2. Estado
3. O próprio servidor público.
Em decisão recente o Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário 693456(27 de outubro de 2016), com repercussão geral, admitiu o corte da remuneração do servidor público que está em greve pois o ônus da greve é de todos em pró do bem comum e da coletividade. Contudo, se a greve foi causada por uma ilegalidade cometida pelo Estado admite-se a manutenção da remuneração durante a greve. Além disso, é possível que, mediante negociação com o ente estatal, a remuneração seja

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