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Resumo A presente pesquisa visa analisar a resistência ao corte de um solo proveniente da região de Chapecó-SC. As amostras utilizadas na pesquisa foram coletadas em um corte rodoviário localizado no Acesso Ernesto Sander. Depois de realizado ensaio de caracterização da amostra de solo em seu estado natural foram realizados ensaios de granulometria, limite de liquidez, limite de plasticidade, cisalhamento direto. O ensaio de cisalhamento direto relaciona diretamente tensões normal e cisalhante, que são aplicadas a um corpo de prova confinado em uma caixa bipartida. Ao fazer o teste de cisalhamento, podemos ver como os materiais reagem ao esforço de tração, quais os limites de tração que suportam e a partir de que momento de rompem, se a tensão aplicada for maior que a sua resistência, com certeza isso provocará a ruptura desse material. A resistência do solo forma, juntamente com a permeabilidade e a compressibilidade, o suporte básico para resolução dos problemas práticos da engenharia geotécnica. 1. Introdução O fato de o solo ser, de uma forma ou de outra, o alicerce de toda e qualquer obra de Engenharia Civil, torna o estudo do mesmo, de vital importância para compreensão de seu comportamento, tornando assim qualquer empreendimento, desde fundações até barragens, mais seguros e estáveis. O solo encontrado na natureza se difere de região para região, podendo ter várias configurações diferentes dentro de uma pequena área de um mesmo país. O conhecimento prévio das condições do solo, ajuda no planejamento e na concepção da obra a ser executada. De forma geral, o solo pode ser dividido em três configurações diferentes, argila, silte e areia, onde cada um vai apresentar comportamentos diferentes para o mesmo esforço requisitado. Quando se encontram solos em que suas características inviabilizam o empreendimento em si, deve-se encontrar métodos que tornem este solo utilizável, como a adequação do projeto para o tipo de solo do local da obra ou a utilização de aditivos para o solo atingir as características solicitadas. Os solos localizados na região de Chapecó, apresentam propriedades plásticas e tem por características, ser constituído de materiais finos. Para compreendermos o seu comportamento ao ser induzida uma carga em sua superfície, foi realizado o ensaio de Cisalhamento Direto, para conhecermos sua resistência ao corte, e assim sabermos como proceder ao realizar uma obra na região estudada. 2. Referencial Bibliográfico A propriedade dos solos em suportar cargas e conservar sua estabilidade, depende da resistência ao cisalhamento do solo, toda massa de solo se rompe quando esta resistência é excedida, definindo-se assim, a resistência ao cisalhamento como tensão cisalhante sobre o plano de ruptura, na ruptura (Caputo, 1988). Vargas (1977) salienta que, qualquer problema de ruptura em Mecânica dos Solos envolve, portanto, uma superfície de ruptura - a qual poderá ser definida priori como aquela, onde todos seus pontos, a tensão de cisalhamento atinge o valor limite da resistência ao cisalhamento. Assim sendo, se em um ponto de qualquer plano dentro de uma massa de solo a tensão cisalhante se tornar igual à resistência ao cisalhamento do solo, então ocorrerá ruptura nesse ponto (Craing, 2013). No entanto, se levarmos em consideração o fato de que a resistência de um solo só pode ser oferecida pelo esqueleto de partículas sólidas, a resistência ao cisalhamento será definida a partir da tensão normal efetiva. Por assim ser, Craing (2013) salienta que a ruptura ocorrerá então em qualquer ponto do solo onde se desenvolva uma combinação crítica de tensão cisalhante e tensão normal efetiva. Craing (2013) ainda complementa que, a resistência ao cisalhamento é desenvolvida por forças entre as partículas; portanto, se a tensão normal efetiva for nula, então a resistência ao cisalhamento deve ser nula. Cada tipo de solo, por si próprio, apresenta um comportamento diferente perante o esforço de cisalhamento, sendo dividido em dois grupos para melhor defini-los, sendo nomeados de Solos do Tipo I e os Solos do Tipo II. Sendo o Solo do Tipo I constituído por areias fofas e argilas moles, e que apresentam por comportamento deformações plásticas, que só serão interrompidas ao atingirem uma tensão cisalhante máxima. Ao ultrapassar este limite, o solo pode continuar deformando mesmo sem um acréscimo correspondente de tensões. Já os Solos do Tipo II são constituídas de areias densas e argilas duras, que se caracterizam por apresentarem um acréscimo brusco das tensões cisalhantes com a deformação até chegar em um ponto limite, onde ocorrerá um decréscimo nas tensões cisalhantes. Inicialmente suas partículas se ajustam perante as tensões, para depois passarem por uma expansão denominada dilatância. Por conta disso, a obtenção da resistência ao cisalhamento do solo consiste no procedimento mais importante em projetos geotécnicos que envolve estabilidade de solos e estruturas (LabGeo/UFSCar, 2018). O uso de ensaios laboratoriais se torna importante quando a condição de aplicação de sobrecarga e pressões neutras desenvolvidas durante o processo passam a atuar significativamente. Busca-se, portanto, ensaios que possam impor condições específicas de campo (LabGeo/UFSCar, 2018). Normalmente, para se determinar a coesão e o ângulo de atrito, sendo estes os parâmetros de resistência, são realizados três tipos de ensaios: cisalhamento direto, compressão triaxial e compressão simples. Para finalidade de estudo de um solo da região de Chapecó foi utilizado o ensaio de cisalhamento direto. Segundo Pinto (2006), o cisalhamento direto é o mais antigo procedimento para a determinação da resistência ao cisalhamento e se baseia diretamente no critério de Coulomb onde, aplica-se uma tensão normal num plano e verifica-se a tensão cisalhante que provoca ruptura. Este tipo de ensaio é utilizado para obtenção de coordenadas de pontos da envoltória de resist reto deve ser feito lentamente, e com amostras de espessura suficiente pequena, para que não possa haver estabelecimento de pressões normais, nem por efeito das deformações dos poros introduzidas pelas deformações de cisalhamento (Vargas, 1977). 3. Materiais e Métodos 3.1. Preparação de Amostra 2 O local de estudo onde foram coletadas amostras de solo está situado no Contorno Oeste (Ac. Ernani Sander) de Chapecó (SC). As Figuras 1 e 2 mostram, respectivamente, a localização do local de coleta do material e o corte rodoviário escolhido. Figura 1- Localização do local de coleta. Fonte: Google Earth (2017). Figura 2- Corte rodoviário escolhido para a coleta. Fonte: Modelo de Artigo (Arquivo Prof. Marieli Biondo Lopes) As amostras em seu estado deformado foram coletadas, de acordo com a Norma NBR 9.604/86. A amostra foi preparadada seguinte maneira: 1. Com um molde metálico, foi talhado o corpo de prova de um bloco de solo, empurrando aos poucos e com muito cuidado o molde para baixo até que a seção quadrada foi obtida. O corpo de prova deve preencher o volume do molde, e não deve conter vazios, pois, pode alterar a resistência da amostra. 2. Após o preenchimento total do volume do molde, a amostra juntamente com o molde metálico foram levados para a balança. Após realizar a pesagem o material é transferido para a caixa do ensaio de cisalhamento. 3.2. Ensaio de Cisalhamento Direto Ensaio utilizado para obtenção de coordenadas de pontos da envoltória de resistência de Mohr-Coulomb para obtenção dos parâmetros de resistência coesão (c) e ângulo de atrito (Φ). O ensaio foi realizado da seguinte maneira: 1. A caixa de cisalhamento foi instalada na prensa entre pedras porosas e placas dentadas, ficando assim, o corpo de prova entre a parte inferior e superior da caixa. 2. Aplicou-se inicialmente uma força vertical (N), por meio de acréscimo de anilhas no pendural. 3. Após, uma força tangencial (T) é aplicada ao anel que contém a parte superior do corpo de prova, por meio do motor elétrico, provocando seu deslocamento, medindo-se a força suportada pelo solo. As forças T e N, serão necessárias para encontrar as tensões que vão ocorrer na amostra. Sendo divididas pela área da seção transversal do corpo de prova. E logo, será mostrado em gráfico a representação do 3 deslocamento no sentido da tensão cisalhante, onde irá ser identificado a tensão de ruptura e a tensão que o corpo de prova sustenta após ser ultrapassado a situação de ruptura. 4. Análise dos Resultados 4.1. Caracterização da Amostra Foi realizado uma análise objetiva para quantificar a proporção dos constituintes sólidos do solo em areia, silte e argila. Essa diferenciação possibilita conhecer a estabilidade de solos e estruturas, o potencial e manejo do solo na área. A amostra utilizada tinha a seguinte caracterização textural: Ensaios Umidade Higroscópica (w%) 37,4 Limite de Liquidez (LL%) 58,5 Limite de Plasticidade (LP%) 45,5 Índice de Plasticidade (IP%) 13,0 Peso específico dos Grãos (γs KN/m³) 25,8 Granulometria (%) 70,21 (Argila) 17,32 (Silte) 11,17 (Areia) Através das principais faixas granulométricas obtidas, é possível observar que a amostra natural é constituída predominantemente de argila, sendo assim, considerando também as outras frações encontradas em sua composição granulométrica, o solo pode ser classificado como uma argila silto-arenosa, em solo fino. 4.2. Ensaio de Cisalhamento Direto Esse ensaio é seguido de acordo com a norma americana ASTM D3080, e é utilizado para obtenção de coordenadas de pontos da envoltória de resistência de Mohr-Coulomb para obtenção dos parâmetros de resistência coesão (c) e ângulo de atrito (Φ). Na Tabela 1, é possível observar os resultados proveniente do ensaio de Cisalhamento Direto. Tabela 1- Tensão Normal e Tensão Cisalhante. Nº do CP Tensão Normal (σ KPa) Tensão Cisalhante (τ KPa) 1 100 102 2 200 160 3 300 210 Fonte: Tabela presente no TDE. Figura 1- Envoltória de Resistência - Cisalhamento Direto. Com os dados da Tabela 1, é traçado o gráfico de Envoltória da Resistência. Após traçar o gráfico encontramos os parâmetros mecânicos do solo, a resistência coesão c= 45 KPa e ângulo de atrito Φ = 28º. 4 Figura 2- Curva Tensão x Deformação – Cisalhamento Direto. Conforme pode-se ver na Figura 2, o modelo apresenta comportamento caracterizado por um acréscimo brusco das tensões cisalhantes com as deformações. Esse solo se caracteriza em Solo do Tipo II. Após um ajuste inicial das partículas, estes solos apresentam expansões do volume durante o processo de cisalhamento. 5. Conclusão A pesquisa buscou estudar uma amostra de solo coletada na cidade de Chapecó-SC, como forma de conhecer as características do solo. Observando os resultados obtidos nos ensaios para obtenção dos índices físicos do solo, vemos o processo de tensões aplicadas em uma amostra e o momento de ruptura, e com base em todos os dados calculados é possível uma melhor análise para a solução dos problemas mais importantes de engenharia de solos, é necessário o conhecimento das características de resistência ao cisalhamento. Exemplos típicos de problemas evolvem estabilidade de aterros e de cortes, empuxos sobre muros de arrimo, capacidade de carga de sapatas e de estacas. Segundo TERZAGHI & PECK (1948), embora o ensaio de cisalhamento direto seja a forma mais simples de se obter parâmetros de resistência de um solo, há associados a este tipo de ensaio alguns erros. Durante o ensaio, conforme a amostra é cisalhada, a parte superior da caixa de cisalhamento avança sobre a parte inferior e assim a área da superfície de cisalhamento diminui, desta forma os valores medidos próximos aos valores limites sofrem alterações. SOUZA PINTO (2006) oferece mais algumas desvantagens do ensaio de cisalhamento direto apontando que não podem ser medidos com este ensaio parâmetros de deformabilidade do solo ou módulo de cisalhamento. Em contrapartida, SOUZA PINTO (2006) observa também que, além de ser útil para se definir a resistência de forma simples, o ensaio de cisalhamento direto permite que se obtenha a resistência residual. Enfim, foi de extrema importância para melhor conhecimento e compreensão do comportamento do solo. Pois, pesquisas, estudos e ensaios sobre o solo são o alicerce de qualquer obra da Engenharia Civil. 6. Referências ______. ASTM D3080 / D3080M - 11: Método de Teste Padrão para Teste de Cisalhamento Direto de Solos sob Condições Drenadas Consolidadas. Disponivel em: <https://www.astm.org/Standards/D3080>. 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