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www.cers.com.br CARREIRAS JURÍDICAS Direito Processual Penal – Aula 05 Renato Brasileiro 1 TRIBUNAL DO JÚRI I Conceito: o júri é um órgão especial do Poder Judi- ciário de 1ª instância, pertencente à Justiça Comum (Estadual ou Federal), colegiado e heterogêneo (formado pelo juiz presidente e por 25 jurados), que tem competência mínima para julgar os crimes do- losos contra a vida, temporário (porque constituído para sessões periódicas, sendo depois dissolvido), dotado de soberania quanto às suas decisões, to- madas de maneira sigilosa e inspiradas pela íntima convicção, sem fundamentação, de seus integrantes leigos. 1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO JÚRI. CF/88, art. 5º (…) XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 1.1. Plenitude de Defesa. - Ampla Defesa. CF/88, art. 5º (…) LV - aos litigantes, em processo judicial ou adminis- trativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recur- sos a ela inerentes STF: “(...) Quanto mais grave o crime, deve-se ob- servar, com rigor, as franquias constitucionais e legais, viabilizando-se o direito de defesa em pleni- tude. PROCESSO PENAL - JÚRI - DEFESA. Cons- tatado que a defesa do acusado não se mostrou efetiva, impõe-se a declaração de nulidade dos atos praticados no processo, proclamando-se insubsis- tente o veredicto dos jurados. JÚRI - CRIMES CO- NEXOS. Uma vez afastada a valia do júri realizado, a alcançar os crimes conexos, cumpre a realização de novo julgamento com a abrangência do primei- ro”. (STF, 1ª Turma, HC 85.969/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 04/09/2007, Dje 18 31/01/2008). 1.2. Sigilo das Votações (sigilo dos votos). - Sala Especial (ou Secreta). CPP. Art. 485. Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz presidente, os jurados, o Ministério Público, o assistente, o querelante, o defensor do acusado, o escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão à sala especial a fim de ser procedida a votação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) (...) CPP, art. 485 (...) § 1 o Na falta de sala especial, o juiz presidente de- terminará que o público se retire, permanecendo somente as pessoas mencionadas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) § 2 o O juiz presidente advertirá as partes de que não será permitida qualquer intervenção que possa per- turbar a livre manifestação do Conselho e fará reti- rar da sala quem se portar inconvenientemente. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) - Incomunicabilidade dos Jurados. CPP. Art. 466. Antes do sorteio dos membros do Conse- lho de Sentença, o juiz presidente esclarecerá sobre os impedimentos, a suspeição e as incompatibilida- des constantes dos arts. 448 e 449 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) CPP, art. 466 (…) § 1º O juiz presidente também advertirá os jurados de que, uma vez sorteados, não poderão comuni- car-se entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa, na forma do § 2 o do art. 436 des- te Código. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 2º A incomunicabilidade será certificada nos autos pelo oficial de justiça. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) STF: “(...) Não se constitui em quebra da incomuni- cabilidade dos jurados o fato de que, logo após te- rem sido escolhidos para o Conselho de Sentença, eles puderam usar telefone celular, na presença de todos, para o fim de comunicar a terceiros que havi- am sido sorteados, sem qualquer alusão a dados do processo. Certidão de incomunicabilidade de jura- dos firmada por oficial de justiça, que goza de pre- sunção de veracidade. Desnecessidade da incomu- nicabilidade absoluta. Precedentes. Nulidade inexis- tente. (...)”. (STF, Pleno, AO 1.047/RR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 28/11/2007, Dje 65 10/04/2008). - Votação unânime: Antes da Lei n. 11.689/08; Depois da Lei n. 11.689/08; CPP. www.cers.com.br CARREIRAS JURÍDICAS Direito Processual Penal – Aula 05 Renato Brasileiro 2 Art. 483 (…) § 1º A resposta negativa, de mais de 3 (três) jura- dos, a qualquer dos quesitos referidos nos incisos I e II do caput deste artigo encerra a votação e impli- ca a absolvição do acusado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 1.3. Soberania dos Veredictos. - Cabimento de Apelação contra Sentença do Júri. CPP, art. 593 (...) III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Re- dação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) (…) a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) (...) c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) d) for a decisão dos jurados manifestamente contrá- ria à prova dos autos. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) Súmula n. 713 do STF: “O efeito devolutivo da ape- lação contra decisões do Júri é adstrito aos funda- mentos da sua interposição”. CPP, art. 593 (…). § 1º Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respos-tas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retifi- cação. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) § 2º Interposta a apelação com fundamento no no III, c, deste artigo, o tribunal ad quem, se Ihe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) CPP, art. 593 (…) § 3º Se a apelação se fundar no no III, d, deste arti- go, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) § 4º Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que so- mente de parte da decisão se recorra. - Juízo rescindente (de cassação) e juízo rescisório (de reforma). - Quesitos. CPP. Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando sobre: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) I – a materialidade do fato; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) II – a autoria ou participação; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) III – se o acusado deve ser absolvido; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) CPP, art. 483 (…) IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) CPP. Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sen- tença que: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) I – no caso de condenação: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) (...) b) considerará as circunstâncias agravantes ou ate- nuantes alegadas nos debates; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) STF: “(...) A soberania dos veredictos do Tribunal do Júri, não sendo absoluta, está sujeita a controle do juízo ad quem, nos termos do que prevê o artigo 593, inciso III, alínea d, do Código de Processo Pe- nal. Resulta daí que o Tribunal de Justiça do Paraná não violou o disposto no artigo 5º, inciso XXXVIII,alínea c, da Constituição do Brasil ao anular a deci- são do Júri sob o fundamento de ter contrariado as provas coligidas nos autos,Precedentes. O Tribunal local proferiu juízo de cassação, não de reforma, reservando ao Tribunal do Júri, juízo natural da cau- sa, novo julgamento. (...) Ordem denegada”. (STF, 2ª Turma, HC 94.052/PR, Rel. Min. Eros Grau, j. 14/04/2009, DJe 152 13/08/2009). - Cabimento de Revisão Criminal Contra De- cisão do Júri www.cers.com.br CARREIRAS JURÍDICAS Direito Processual Penal – Aula 05 Renato Brasileiro 3 1.4. Competência para o Julgamento dos Crimes Dolosos Contra a Vida. - Infrações Penais Envolvendo Mortes Dolosas que não são Julgadas pelo Júri: Súmula 603 do STF: A competência para o proces- so e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do tribunal do júri. Súmula 721 do STF (súmula vinculante n. 45): A competência constitucional do tribunal do júri preva- lece sobre o foro por prerrogativa de função estabe- lecido exclusivamente pela constituição estadual.
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