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Lídia Jagnow TI Resumo – Tecidos: Conjuntivo, cartilaginoso, ósseo e muscular TECIDO CONJUNTIVO Origina-se do mesênquima, que deriva principalmente do mesoderma Abundância em material extracelular: - fibras do tecido conjuntivo colágenas, reticulares e elásticas; incluídas em matriz amorfa - matriz extracelular, substância fundamental ou substância amorfa: gel viscoso de macromoléculas alongadas, como glicosaminoglicanas, proteoglicanas e glicoproteínas adesivas (fibronectina e laminina) muito hidratadas, que se entrelaçam e ligam a receptores celulares chamados integrinas. FUNÇÕES: intercâmbio entre substâncias, sustentação mecânica e filtro molecular de dimensões e cargas VARIEDADES: - frouxo - Tec. Conj. propriamente dito - denso - modelado - não modelado TECIDO CONJUNTIVO - Tec. Conj. de propriedades especiais tec. adiposo, tec. elástico, tec. reticular ou hemacitopoético (linfóide e mielóide), tec. mucoso - Tec. cartilaginoso - Tec. ósseo - Áreas do conjuntivo, destruídas por inflamação ou por lesão traumática, são preenchidas novamente pela proliferação do conjuntivo adjacente, pois esse tipo de tecido é dotado de grande capacidade de regeneração. O tecido conjuntivo formado para repor áreas de destruição de outros tecidos constitui as cicatrizes. COMPOSIÇÃO: a) MATRIZ EXTRACELULAR - propriedades da matriz conferem características funcionais - fibras elásticas conferem elasticidade e resistência à tração base da sustentação mecânica - matriz amorfa (GAGs e proteoglicanas): consistência e conteúdo hídrico transporte de substância entre células e sistema circulatório. - Glicoproteínas de adesão: fixam células à matriz, influenciam a organização do citoesqueleto, orientam células migratórias MATRIZ AMORFA: contém água, sais e outras subst. de baixo peso molecular; consistência viscosa e semi-fluída; serve de meio de difusão para subst. de baixo peso molecular e de filtro para as de maior tamanho (impede disseminação de microorganismos invasores); glicoproteínas de adesão; proteoglicanas (complexos de macromoléculas de proteínas e polissacarídeos). PROTEOGLICANAS: são compostos macromoleculares formados por glicosaminoglicanas (polissacarídeo + ác. urônico + hexosamina) sulfatadas ligadas a proteínas, formando agregados de proteoglicanas; 95% de carboidratos. As principais glicosaminoglicanas são: - Hialuronana: líquido sinovial articulações e corpo vítreo do olho - Sulfato de condroitina: pequenas quantidades na matriz amorfa e abundante na cartilagem - Sulfato de dermatana - Queratossulfato: córnea, cartilagem e tecido ósseo Lídia Jagnow TI - Heparan- sulfato: aorta, fígado e pulmão GLICOPROTEÍNAS: possuí um conteúdo de carboidrato máximo de 60%; possuem regiões que aderem a receptores celulares e regiões que aderem a fibras do conjuntivo. - Fibronectina: sítio de aderência para células, o que torna possível a migração das células, que só pode ser feita sobre um substrato, e a fixação das células em locais determinados. - Laminina: aderência de estruturas das lâminas basais às células, influenciando na filtração de moléculas através dessas lâminas. - Tenascina: orientam migração celular e crescimento de axônios - Entactina: une laminina ao colágeno IV. b) FIBRAS FIBRAS COLÁGENAS: constituídas de fibrilas que se mantêm unidas através da matriz amorfa; o colágeno é a proteína mais abundante do corpo humano (30%). As fibras colágenas, em HE, coram-se pela eosina; em coloração de Mallory, coram-se de azul forte e em coloração de Van Gieson, coram-se de vermelho. De acordo com estrutura e função, forma grupos: - Colágenos tipo I (derme, tendão, osso, fibrocartilagem), II (cartilagem hialina e disco intervertebral), III (músculo liso e conjuntivo reticular), V (idem tipo I), XI (idem tipo II) colágenos clássicos formadores de fibrilas - Colágenos tipo IV (lâminas basais) não formam fibrilas e sim retículos filamentosos papel de aderência e filtração. - Formação: transcrição no núcleo tradução do pré-colágeno com propreptídeos hidroxilação no RER de resíduos de prolina e lisina glicosilação no RER formação da tripla hélice do pró-colágeno transporte do pró-colágeno para o complexo de Golgi liberação da molécula para o espaço extracelular onde a pró-colágeno peptidase separa a maioria dos pró-peptídeos, transformando o pró-colágeno em tropocolágeno que se agrega fibrilas colágenas. - distúrbios resultantes de defeitos na síntese de colágeno DISTÚRBIO DEFEITO SINTOMAS S. de Ehlers-Danlos tipo IV Falha na transcrição e tradução do colágeno tipo III Ruptura da aorta e do intestino S. de Ehlers-Danlos tipo VI Falha na hidroxilação da lisina Elasticidade da pele aumentada; ruptura do globo ocular S. de Ehler – Danlos tipo VII Diminuição da atividade da peptidase do procolágeno Aumento da mobilidade articular; luxações freqüentes. Escorbuto Síntese diminuída de colágeno por falta de vit C Ulcerações das gengivas, hemorragia FIBRAS RETICULARES: são delgadas e formam uma rede extensa em certos órgãos, geralmente apoiando as células; altamente P.A.S positivas. São formadas por colágeno tipo III associado a glicoproteínas e proteoglicanos. Essas fibras constituem o arcabouço de sustentação das células dos órgãos hemacitopoéticos (baço, linfonodos, medula óssea), das células musculares e das células de muito órgão epiteliais (fígado, rim e pâncreas) FIBRAS ELÁSTICAS: são fibras delgadas que se ramificam e anastomosam, formando uma rede de fibras cuja principal componente é a glicoproteína estrutural elastina (produzidas por fibroblastos e cél. musculares lisas dos vasos sanguíneos), que pode ser digerida pela elastase secretada pelo pâncreas. As fibras elásticas também apresentam microfibrilas ricas em aminoácidos polares e que contêm fibrila. A fresco Lídia Jagnow TI apresentam tonalidade amarelada; na coloração seletiva com orceína, apresenta uma coloração marrom-avermelhada. c) CÉLULAS: FIXAS: FIBROBLASTOS: sintetiza colágeno, elastina, proteoglicanos e glicoproteínas. Há 2 tipos extremos: células mais ativas é o fibroblasto e a quiescente é o fibrócito. CÉL. RETICULARES: estão presentes no tecido conjuntivo e órgãos linfóides; sintetizam fibras reticulares CÉL. MESENQUIMAIS: é o tecido primitivo do feto que sintetiza matriz extracelular; derivadas do mesoderma; diferenciam-se em fibroblasto e adipócitos também sendo capazes de diferenciar em cél. musculares lisas (formação de vasos) ADIPÓCITOS: células de origem mesodérmica, especializadas e, armazenar energia sob a forma de triglicerídeos. MIGRATÓRIAS: MACRÓFAGOS: grande capacidade de fagocitose, apresentando morfologia variável de acordo com seu estado funcional e localização. Atuam como elementos de defesa e têm papel importante na remoção de restos de células e de elementos extracelulares. Originam-se dos monócitos, que são cél. sanguíneas que atravessam os capilares e penetram no tecido conjuntivo, onde adquirem o aspecto de macrófago. - SISTEMA FAGOCITÁRIO MONONUCLEAR células da medula óssea que são precursoras dos monócitos + monócitos + macrófagos: TIPO CELULAR LOCALIZAÇÃO FUNÇÕES Monócito Sangue Precursor dos macrófagos Macrófago Tec. conjuntivo, órgãos linfáticos, pulmão Secreção de citocinas, fatores quimiotáticos e diversas outras moléculas que participam do processo defensivo da inflamação Cél. Kupffer Fígado Idem aos macrófagos Cél. micróglia Tecido nervoso do SNC Idem aos macrófagos Cél. LangerhansPele Apresentação de antígenos Osteoclasto Tecido ósseo Digestão da matriz óssea Célula gigante multinucleada Tecido conjuntivo (fusão de diversos macrófagos) Digestão ou segregação de corpos estranhos MASTÓCITO INFLAMAÇÃO E ALERGIA originam-se da medula óssea; contém mediadores químicos da inflamação como a histamina (constritor da musculatura lisa); heparina (anticoagulante); secretam alguns leucotrienos; possuem receptores específicos IgE produzidos pelos plasmócitos. As moléculas produzidas pelos mastócitos caracterizam uma secreção parácrina. Coram-se de vermelho quando corados pelo azul de toluidina. - A liberação dos mediadores químicos armazenados nos mastócitos promove as reações de sensibilidade imediata. Um exemplo dessas reações é o choque anafilático. PLASMÓCITO: originam-se no linfócito B ativado e sintetizam e secretam anticorpos (imunoglobulinas), fabricados em resposta à penetração de antígenos.. Possuem citoplasma muito basófilo, devido a grande quantidade de REG (aspecto de roda de carroça, ao lado do núcleo). CÉLULAS DENDRÍTICAS: originam-se de precursores provenientes da medula óssea, possivelmente derivem dos monócitos. Estão presentes em muitos órgãos, sendo abundantes nos órgãos linfáticos nos locais ricos em linfócitos T e, na pele, recebem o nome de Cél. de Langerhans. São células imunoestimuladoras pois, além de apresentarem os antígenos às células T, elas são capazes de estimular células T que ainda não entraram em contato com qualquer antígeno. São capazes de Lídia Jagnow TI expressar moléculas MHC classe II as moléculas MHC (Major Histocompatibility Complex) são constituintes do sistema imunitário, sendo que as do tipo II são de distribuição mais restrita e são encontradas nas células apresentadoras de antígenos como os macrófagos, linfócitos T, células dentríticas e células de Langerhans. LEUCÓCITOS (glóbulos brancos): vêm do sangue por diapedese. Os leucócitos mais freqüentes no tecido conjuntivo são os neutrófilos, eosinófilos e linfócitos. - LINFÓCITOS: não são fagócitos; possuem núcleo basófilo rodeado por estreito bordo de citoplasma; estão presentes em grande quantidade em tecidos linfóides e mucosas do trato digestivo e vias aéreas. - EOSINÓFILOS: núcleo bilobado; têm mobilidade e atividade fagocítica moderada; abundante no trato digestivo e vias aéreas. Fagocitam e eliminam complexos de antígenos com anticorpos que aparecem em casos de alergia. Esses granulócitos são atraídos para as áreas de inflamação alérgica pela histamina (basófilos e mastócitos). Através de proteínas básicas os eosinófilos também participam da defesa contra parasitas, como o Schistosoma mansoni e Trypanosoma cruzi. - NEUTRÓFILOS: escasso no conjuntivo normal; possuem grânulos citoplasmáticos com hidrolases ácidas e lisozimas, fosfatase alcalina, lactoderrina, colagenase e outras. Têm mobilidade ativa e grande capacidade fagocítica, constituindo importante defesa celular contra invasão de microorganismos. TECIDO CARTILAGINOSO Tipo especializado de tecido conjuntivo consistência rígida e rápido crescimento. Função de suporte de tecidos moles, reveste superfícies articulares onde absorve choques e facilita os deslizamentos, e é essencial para a formação e o crescimento dos ossos longos. Contém células, os condroblastos e condrócitos, e abundante material extracelular, a matriz (constituída por colágeno, proteoglicanas, glicoproteínas, colágeno e elastina). As cavidades da matriz ocupada pelos condrócitos são chamadas de lacunas. Não possui vasos sanguíneos, sendo nutrido pelos capilares do conjuntivo envolvente (pericôndrio) ou através do líquido sinovial das cavidades articulares. Em alguns casos, vasos sanguíneos atravessam as cartilagens, indo nutrir outros tecidos. Não possui vasos linfáticos e nervos. Crescimento das cartilagens deve-se a 2 processos: - crescimento intersticial: por divisão mitótica dos condrócitos preexistente - crescimento aposional: a partir das células do pericôndrio A cartilagem que sofre lesão regenera-se com dificuldade. Havendo fratura, células do pericôndrio invadem a área e dão origem a tecido cartilaginoso que repara a lesão. Quando a área é extensa, o pericôndrio, em vez de formar novo tec. cartilaginoso, forma uma cicatriz de tecido conjuntivo denso) 3 tipos: CARTILAGEM HIALINA: - É a mais comum; matriz com delicadas fibrilas constituída principalmente de colágeno tipo II - A fresco: branco-azulada e translúcida - É muito sujeita a processos degenerativos, sendo o mais comum a calcificação da matriz (deposição de fosfato de cálcio sob a forma de cristais de hidroxipatita). Esse processo pode ser normal, como no caso da formação dos ossos. - Disco epifisário nos ossos longos, responsável pelo crescimento em extensão - Forma o primeiro esqueleto do embrião Lídia Jagnow TI - No adulto parede das fossas nasais, traquéia e brônquios, extremidade ventral das costelas e recobrindo superfícies articulares dos ossos longos. MATRIZ: - Fibrilas de colágeno tipo II + proteoglicanas muito hidratadas + glicoproteínas adesivas; - Glicosaminoglicanas (GAGs): água de solvatação sistema de absorção de choques mecânicos, principalmente nas cartilagens auriculares - Agrecana: agregado molecular que mantém a rigidez da matriz cartilaginosa, interagindo com as fibrilas colágenas; - Condronectina: glicoproteína adesiva com sítios de ligação para condrócitos, fibras colágenas e glicosaminoglicanas, participando, assim, da associação do arcabouço macromolecular da matriz aos condrócitos; - Cápsula ou matriz territorial: zona, ao redor dos condrócitos, ricas em proteoglicanas e pobres em colágeno. CONDRÓCITO - Renovam as macromoléculas da matriz cartilaginosa secretoras de colágeno, principalmente tipo II, proteoglicanas e glicoproteínas - Aparecem em grupos de até 8 células grupos isógenos originadas de um único condroblasto - Oxigenação deficiente - energia pela glicólise anaeróbia, com formação de ácido láctico - Os nutrientes trazidos pelo sangue atravessam o pericôndrio, penetram na matriz da cartilagem e vão até os condrócitos mais profundos difusão através da água de solvatação e bombeamento pelas forças de compressão e descompressão sobre as cartilagens. - Funcionamento depende de um balanço hormonal adequado. A síntese de proteoglicanas é acelerada pela tiroxina e testosterona, e diminuída pela cortisona, hidrocortisona e estradiol. O hormônio do crescimento promove a síntese de somatomedina C pelo fígado, a qual aumenta a capacidade sintética dos condroblastos e também a sua multiplicação, estimulando o crescimento das cartilagens. PERICÔNDRIO - Tecido conjuntivo muito rico em fibras colágenas que envolve todas as cartilagens hialinas, EXCETO as cartilagens auriculares - Fonte de novos condrócitos para o crescimento; responsável pela nutrição, oxigenação e eliminação dos refugos metabólicos da cartilagem pericôndrio possui vasos sanguíneos e linfáticos inexistentes no tec. cartilaginoso - Cél. semelhantes a fibroblastos, que podem facilmente multiplicar-se por mitoses e originar condrócitos, caracterizando-se assim, funcionalmente como condroblastos. CARTILAGEM ELÁSTICA - Semelhante à cartilagem hialina, porém inclui, além das fibrilas de colágeno (principalmente tipo II), uma abundante rede de fibras elásticas finas, contínua com as do pericôndrio. - Encontrada no pavilhão auditivo, no conduto auditivo externo, na tuba auditiva, na epiglote e na cartilagem cuneiforme da laringe - Cresce principalmente por aposição - Menos sujeita a processos degenerativos do que a hialina CARTILAGEM FIBROSA - Também chamada fibrocartilagem, é um tecido com características intermediárias entre o conjuntivodenso e a cartilagem hialina. - Numerosas fibras colágenas tipo I constituem feixes de orientação irregular entre os condrócitos; está sempre associada ao tecido conjuntivo denso - Não tem pericôndrio - Resistente às tensões Lídia Jagnow TI - Encontrada nos discos intervertebrais, nos pontos em que alguns tendões ou ligamentos se inserem nos ossos, e na sínfise pubiana. TECIDO ÓSSEO Tecido duro e resistente com certa elasticidade Constituinte principal do esqueleto; serve de suporte para as partes moles e protege órgãos vitais; aloja e protege a medula óssea; proporciona apoio aos músculos esqueléticos; sistema de alavancas que amplia as forças geradas na contração muscular; depósito de cálcio, fosfato e outros íons (homeostasia). É um tipo especializado de tecido conjuntivo denso, formado por células e material extracelular calcificado (matriz óssea). Como não existe difusão de substâncias através da matriz óssea, a nutrição dos osteócitos depende de canalículos que existem na matriz. Esses canalículos possibilitam as trocas de moléculas e íons entre os capilares sanguíneos e os osteócitos Todos os ossos são revestidos em suas superfícies externas e internas por membranas conjuntivas que possuem células osteogênicas, o periósteo e o endósteo, respectivamente. ORGANIZAÇÃO MACROSCÓPICA: - OSSO ESPONJOSO (TRABECULAR): trabéculas que se entrecruzam formando um retículo esponjoso; espaços intercomunicantes preenchidos com medula óssea; sem sistema de Havers - OSSO COMPACTO (CORTICAL): massa compacta sem espaços visíveis; deposição de lâminas; sistema de Havers SISTEMA DE HAVERS ou ÓSTEON: sistema cilíndrico paralelo à diáfise, formado por 4 a 20 lamelas concêntricas, cujo canal central é o canal de Havers, por onde passam vasos e nervos. A comunicação entre estes canais é feita pelos canais de Volkman. Quando o osso é jovem, a luz do canal é mais ampla e suas paredes, menos calcificadas. Entre os sistemas de Havers encontram-se grupos irregulares de lamelas, os Sistemas Intermediários, originados de restos de sistemas de havers parcialmente destruídos durante o crescimento ósseo. OSSOS: - LONGOS epífise tecido esponjoso com camada fina compacta superficial diáfise tecido compacto com esponjoso no interior e canal medular, possui medula óssea - CURTOS: centro esponjoso e periferia compacta - CHATOS: duas camadas compactas REVESTIMENTO ÓSSEO: periósteo e endósteo nutrição do tecido ósseo e fornecimento de novos osteoblastos (crescimento e recuperação do osso) - PERIÓSTEO: superfície externa. Na camada superficial, têm fibras colágenas e fibroblastos. As fibras de Sharpey são feixes de fibras colágenas que penetram no tecido ósseo e prendem o periósteo ao osso. Na porção profunda, é mais celular e possui as células osteoprogenitoras, que diferenciam-se em osteoblastos. - ENDÓSTEO: superfície interna, geralmente constituído por uma camada de células osteogênicas revestindo as cavidades do osso esponjosos, o canal medular, os canais de Havers e os de Volkmann. OSSIFICAÇÃO: constante síntese e secreção de matriz óssea orgânica pelos osteoblastos com posterior mineralização A ossificação pode ser intramembranosa ou endocondral, entretanto, nos 2 tipos de ossificação, o primeiro tecido ósseo formado é do tipo primário. Lídia Jagnow TI - OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA: ocorre no interior de membranas do tecido conjuntivo. O local da membrana onde a ossificação começa chama-se centro de ossificação primária células mesenquimatosas se transformam em osteoblastos que vão sintetizar o osteóide (matriz ainda não mineralizada), que logo se mineraliza, englobando alguns osteoblastos que se transformam em osteócitos. Cavidades são penetradas por vasos sanguíneos e células mesenquimatosas indiferenciadas, que irão dar origem à medula óssea Esse tipo de ossificação forma os ossos frontal, parietal e partes do occipital, do temporal e dos maxilares. - OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL: têm início sobre uma peça de cartilagem hialina que sofre modificações, havendo hipertrofia dos condrócitos, redução da matriz cartilaginosa a finos tabiques, sua mineralização e a morte dos condrócitos. As cavidades previamente ocupadas pelos condrócitos, são invadidas por capilares sanguíneos e células osteogênicas. Essas células diferenciam-se em osteoblastos, que depositarão matriz óssea sobre os tabiques de cartilagem calcificada. Esse tipo de ossificação forma ossos curtos e longos. - Ossificação dos ossos longos: o primeiro tecido ósseo a aparecer é formado por ossificação intramembranosa do pericôndrio que recobre a parte média da diáfise (centro primário). Seu crescimento é rápido e em sentido longitudinal. Mais tarde, formam-se os centros de ossificação secundária, um em cada epífise. Esses centros têm crescimento radial, além disso, nas superfícies articulares não existe pericôndrio, de modo que não se forma anel ósseo nessa região. Quando o tecido ósseo ocupa a epífise, o tecido cartilaginoso fica reduzido a 2 locais: cartilagem articular (persiste por toda a vida) e cartilagem epifisária ou de conjugação. Esta última é constituída por um disco cartilaginoso não penetrado pelo osso e será responsável pelo crescimento longitudinal dos ossos. Na cartilagem epifisária podemos distinguir as seguintes zonas: 1. zona de repouso (cartilagem hialina), 2. zona de cartilagem seriada ou de multiplicação (condrócitos empilhados no sentido longitudinal), 3. zona de cartilagem hipertrófica (condrócitos volumosos com depósitos de glicogênio e lipídeos; matriz reduzida a tabiques delgados), 4. zona de cartilagem calcificada (mineralização dos delgados tabiques e morte dos condrócitos), 5. zona de ossificação (aparece tecido ósseo) MATRIZ ÓSSEA EXTRACELULAR: Matriz orgânica: fibras colágenas tipo I incluídas numa substância fundamental, confere elasticidade e resistência à tração. No adulto, 90% é colágeno Substância Fundamental: • Proteoglicanas: sulfato de condroitina e hialuronana • Osteocalcina = BGP: proteína não colágena mais abundante no osso adulto. É sintetizada pelos osteoblastos, sendo que a síntese é estimulada pela forma ativa de vitamina D. Une-se à hidroxiapatita, sendo importante na calcificação • Osteonectina: glicoproteína adesiva do tipo fibronectina e condronectina, une-se às superfícies celulares e matriz. É sintetizada pelos osteoblastos • Osteopontina: sintetizada pelos osteoblastos; propriedades similares à fibronectina Colágeno: fundamentalmente do tipo I Sais Minerais: confere dureza e resistência à tração. Mg, K, Na, carbonato, citrato, mas a maior parte depósitos é de fosfato de cálcio. Processo de mineralização (calcificação): consiste na deposição de íons inorgânicos, principalmente fosfato de cálcio. Após a remoção de cálcio, os ossos mantêm sua forma intacta, porém tornam-se tão flexíveis quanto os tendões. A destruição da parte orgânica (colágeno) também deixa o osso com sua forma intacta, porém quebradiço. CÉLULAS: CÉLULAS OSTEOPROGENITORAS: Lídia Jagnow TI - São oriundas das células mesenquimais primárias - São semelhantes ao fibroblasto - Multiplicam-se por mitose e se diferenciam em osteoblastos, desempenhando papel importante no crescimento dos ossos e na reparação das fraturas. - Presente na porção profunda do periósteo OSTEOBLASTOS: - São células formadoras de osso - Células que sintetizam a parte orgânica (colágeno tipo I, proteoglicanas e glicoproteínas adesivas) da matriz óssea - Sintetizam ostecalcina (BGP), osteonectina e osteopontina - Capazes de concentrar fosfato de cálcio, participando da mineralização da matriz - Localizados nas superfícies ósseas - Quando aprisionados pela matriz recém-sintetizada,formam os osteócitos - Osteóide = matriz recém-formada, adjacente a osteoblastos ativos, e que ainda não está calcificada - Possuem fosfatase alcalina importante na mineralização - Apresentam receptores para a forma ativa da vitamina D - Secretam citocinas e fatores de crescimento de efeito local sobre formação e reabsorção de osso: IL-1, IL-6 e IL-11 (estimulam formação de osteoblastos, recrutamento e ativação de osteoclastos); IGF-I; prostaglandinas; TGF-* (atrai células osteoprogenitoras, estimula maturação de osteoblastos, favorece produção de matriz, inibe atividade de osteoclastos) OSTEÓCITOS: - Verdadeira célula óssea encontrados no interior da matriz óssea, ocupando as lacunas - Emitem finos prolongamentos pelos canalículos, pelos quais estabelecem contato, através de junções comunicantes, com outros osteócitos passagem de pequenas moléculas e íons - São essenciais para a manutenção da matriz óssea; sua morte é seguida por reabsorção da matriz. - Oriundos de osteoblastos retidos na matriz recém-sintetizada OSTEÓCITO DE SUPERFÍCIE: - Formam a camada de epitélio simples pavimentoso na superfície óssea sem atividade de osteoblastos ou osteoclastos - Quando ativados secretam colagenase OSTEOCLASTOS: - Células multinucleadas cuja função é destruir o tecido ósseo - Localizados em cavidades na superfície da matriz óssea Lacunas de Howship - Originam-se de precursores mononucleados provenientes da medula óssea que, ao contato com o tecido ósseo, se unem para formar osteoclastos multinucleados. - Secretam enzimas lisossômicas; possuem colagenases que atacam ossos e liberam Ca+2 fagocitam osteócitos, colágeno e mineral aula 15: TECIDO MUSCULAR As células musculares têm origem mesodérmica. Constituído por células alongadas (sarcolema, sarcoplasma e retículo sarcoplasmático) e que contêm grande quantidade de filamentos citoplasmáticos, responsáveis pela contração. FUNÇÃO: geração de força motora (actina – miosina) e movimentos corporais (contração) 3 tipos de tecido: músculo liso, músculo estriado esquelético e músculo estriado cardíaco. Lídia Jagnow TI MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO - Formado por feixe de células cilíndricas, longas e multinucleadas, com núcleos periféricos fibra muscular origem através dos mioblastos - As fibras musculares são envoltas por camadas de tecido conjuntivo: o epimísio (envolve grupos de feixes de fibras musculares), o perimísio (envolve cada feixe de fibras) e o endomísio (envolve cada fibra muscular). - Vasos sanguíneos penetram no músculo por septos do tecido conjuntivo e formam uma rica rede de capilares que correm entre as fibras musculares. - Cada fibra muscular apresenta perto do seu centro uma terminação nervosa motora placa motora - Citoplasma da fibra muscular preenchido por fibrilas paralelas miofibrilas MIOFIBRILAS: - São cilíndricas e longitudinais à fibra muscular. - Ao M.E. de polarização: banda A (faixa escura, anisotrópica; apresenta faixa mais clara no centro – banda H); banda I (faixa clara, isotrópica). No centro da banda I aparece uma linha transversal, a linha Z - Estriação devida à repetição dos sarcômeros formado pela parte da miofibrila que fica entre duas linhas Z sucessivas - Miofibrilas do músculo estriado contêm 4 proteínas principais: actina, miosina, tropomiosina e troponina MIOSINA: filamentos grossos em forma de bastão; sítio de ligação a actina; banda H ACTINA: filamento fino; polímeros longos com sítios de ligação com miosina TROPOMIOSINA: filamento fino; presa à actina de forma espiralada; impede a ligação actina/miosina TROPONINA: filamento fino; presa à molécula de tropomiosina; complexo de 3 subunidades (liga-se à actina, liga-se a tropomiosina e têm afinidade por Ca+2) - Proteínas acessórias: )-actinina, filamina, amorfina (na linha Z) / miomesina / titina / desmina / proteína C / distrofina CONTRAÇÃO MUSCULAR: na contração, os filamentos de actina deslizam sobre os de miosina. Quando há disponibilidade de íons Ca2+ estes se combinam com a troponina. Isto faz com ocorra uma modificação espacial nas 3 subunidades de troponina, o que empurra a molécula de tropomiosina para dentro do sulco da hélice de actina. Em conseqüência, ficam expostos os locais de ligação da actina e esta fica livre para interagir com a miosina. Durante a contração há um aumento da zona de sobreposição entre os filamentos e um encurtamento dos sarcômeros. Uma única contração muscular é o resultado de milhares de ciclos de formação e destruição de pontes de actina-miosina. A contração depende da disponibilidade de íons Ca e o relaxamento está na dependência da ausência de íons. O retículo sarcoplasmático regula o fluxo de íon cálcio, necessário para a realização rápida dos ciclos de contração e relaxamento. A despolarização da membrana do retículo sarcoplasmático, que resulta na liberação de íons Ca, inicia-se na placa motora (junção mioneural na superfície das fibras). O sistema de túbulos transversais ou sistema T é o responsável pela contração uniforme de cada fibra muscular esquelética. PLACA MOTORA: contração normal das fibras musculares esqueléticas é comandada por nervos motores que se ramificam do perimísio. No local de inervação, o nervo perde sua bainha de mielina e forma uma dilatação que se coloca dentro de uma depressão da superfície muscular. Esta estrutura é a placa motora. O terminal axônico apresenta muitas mitocôndrias e vesículas sinápticas com o neurotransmissor acetilcolina sarcolema fica mais permeável ao sódio despolarização sistema de túbulos transversais reticulo sarcoplasmático liberação de íon cálcio contração. DISTROFIA MUSCULAR: degeneração progressiva das fibras musculares - Distrofia Muscular de Duchenne: sintomas ocorrem antes dos 5 anos de idade, sendo que leva a morte aos 20 anos. É uma miopatia hereditária, ligada ao cromossomo Lídia Jagnow TI X. No músculo esquelético desses doentes, nota-se que a distrofina (proteína que liga filamentos de actina ao sarcolema) é inexistente ou então possui molécula defeituosa. - Distrofia Muscular de Becker: mais benigna que a DMD; sintomas aparecem nos primeiros anos de vida e, aos 25 anos, o paciente está em cadeiras de roda. Neste caso a mutação genética implica na diminuição da produção de distrofina. MÚSCULO ESTRIADO CARDÍACO - Constituído por uma rede tridimensional de células alongadas que possuem 1 ou 2 núcleos, com estriações transversais e que se interligam por junções aderentes e se comunicam por junções comunicantes - Discos intercalares 3 especializações juncionais: zônula de adesão, desmossomos e junções comunicantes - Contração involuntária e rítmica - Distribuição irregular do retículo sarcoplasmático - 40% volume citoplasmático = mitocôndrias = intenso metabolismo aeróbio - Principal fonte de energia: ácidos graxos trazidos por lipoproteínas sanguíneas - Músculo cardíaco armazena ácidos graxos sob a forma de triglicerídeos gotículas lipídicas no citoplasma de suas células - As fibras apresentam grânulos secretores que contêm a molécula precursora do hormônio ou peptídeo atrial natriurético. Este hormônio atua nos rins aumentando a eliminação de sódio (natriurese) e água (diurese) pela urina, baixando a pressão arterial ação oposto à aldosterona MÚSCULO LISO - É formado pela associação de células fusiformes, com núcleo único e central, revestidas por uma lâmina basal e mantidas juntas por uma rede muito delicada de fibras reticulares. As células musculares não apresentam estriações transversais; possuem poucas mitocôndrias, Golgi e RER. - As células musculares lisas contraem-se lenta e involuntariamente vísceras - Célula muscular lisa apresenta feixes de miofilamentos que formamuma trama tridimensional. Estes feixes apresentam microfilamentos formados de actina e tropomiosina e miosina. A contração se dá por deslizamento e inicia-se pela entrada de Ca2+ no citoplasma. A miosina da célula lisa só interage com a actina quando a miosina está fosforilada, sendo assim, o cálcio que entra no citosol forma um complexo com a calmodulina. Este complexo ativa a cinase da cadeia leve de miosina, que é uma enzima que catalisa a fosforilação da miosina. A contração do músculo liso pode ser desencadeada por: serotonina, prostaglandinas, angiotensina e oxitocina. - Filamentos intermediários: desmina e vimentina (músculo liso de vasos sanguíneos) - O músculo liso recebe fibras do sistema nervoso simpático e parassimpático, porém não possui junções neuromusculares (placas motoras). - Diferenças em relação ao músculo estriado: retículo sarcoplasmático reduzido; capaz de sintetizar colágeno tipo III, fibras elásticas e proteoglicanas; terminações do SN simpático e parassimpático sem junções mioneurais elaboradas.
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