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pdf 179239 Aula 09 LIMPADcurso 23234 aula 09 v1

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Direito Constitucional 
1ª Fase - XXII Exame da OAB 
Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 09 
 
 
 
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1. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 
1.1. Introdução 
O Poder Judiciário não atua de ofício, por iniciativa própria. Em razão do princípio 
da inércia, ele só age mediante provocação externa, o que representa verdadeira 
limitação à função jurisdicional do Estado.1 Nesse sentido, existem entidades 
que movimentem a ação do Poder Judiciário. São as chamadas ³)XQo}HV�
(VVHQFLDLV�j�-XVWLoD´: o Ministério Público, a Advocacia Pública, a Defensoria 
Pública e também a Advocacia Privada. 
Importante salientar que esses sujeitos não integram o Poder Judiciário, mas 
são entidades com funções imprescindíveis ao exercício da função jurisdicional. 
1.2. Ministério Público 
1.2.1. Conceito e Natureza Jurídica 
1RVVD�&)�����HP�VHX�DUW�������DVVHYHUD�TXH�³o Ministério Público2 é instituição 
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a 
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais 
e individuais indisponíveis´�� 
Segundo a doutrina dominante, o Ministério Público não integra a estrutura de 
nenhum dos três Poderes. 3 Trata-se de instituição autônoma e 
independente, que não está subordinada a nenhum dos poderes estatais. A 
própria Constituição Federal de 1998, ao tratar do Ministério Público, o faz em 
capítulo separado do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário. 
1.2.2. Princípios Institucionais do Ministério Público 
De acordo com o art. 127, § 1º, da Constituição, são princípios institucionais do 
Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência 
funcional. 
 
1 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet, COELHO, Inocência Mártires. Curso de Direito Constitucional, 7ª edição. 
São Paulo: Saraiva, 2010, pp. 1039. 
2 A palavrD�PLQLVWpULR�GHULYD�GR�ODWLP�³manus´��TXH�VLJQLILFD�PmR��'HVGH�VHXV�SULPyUGLRV��R�0LQLVWpULR�3~EOLFR�HUD�FRQVLGHUDGR�³D�PmR�GR�
UHL´��VHQGR�H[HUFLGR�SRU�SURFXUDGRUHV�TXH�GHIHQGLDP�RV�LQWHUHVVHV�GR�PRQDUFD��$�SDUWLU�GR�VpFXOR�;9,,,��SDVVRX�D�VHU�FRQKHFLGo, também, 
como Parquet, palavra que em francês que significa assoalho. A explicação é que seus representantes se sentavam no assoalho da sala 
de audiência, para não serem confundidos com os magistrados. 
3 Nesse sentido: MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional, 9ª edição. São Paulo 
Editora Atlas: 2010 
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c) O princípio da independência funcional se manifesta em duas acepções: 
independência externa ou orgânica (referindo-se ao Ministério Público como um 
todo) e independência interna (referindo-se a cada membro individualmente). 
Na primeira acepção, o Ministério Público deve ser compreendido como uma 
instituição que não está sujeita a qualquer interferência de outro órgão ou 
Poder da República. Deve-se buscar a satisfação do interesse social e do bem 
comum (e não o cumprimento de ordens deste ou daquele Poder). 
Na segunda acepção, fica claro que os membros do Ministério Público se 
vinculam apenas ao ordenamento jurídico e à sua convicção. Os membros 
do Ministério Público não estão subordinados a qualquer hierarquia funcional. A 
situação hierárquica que existe dentro do Ministério Público é meramente 
administrativa. Nem mesmo o Procurador-Geral da República poderá ordenar a 
um membro do Ministério Público Federal que atue num ou noutro sentido. Cada 
membro do Ministério Público é livre para agir, dentro dos limites da lei. 
Por fim, vale dizer que a independência funcional limita o princípio da 
indivisibilidade, visto que ela impõe a necessidade de regras preestabelecidas 
para a substituição de membros do Ministério Público no curso de um processo. 
1.2.3. 3ULQFtSLR�GR�³SURPRWRU�QDWXUDO´ 
O princípio do promotor natural está implícito em nosso ordenamento jurídico, 
tendo sido concebido pela doutrina e pela jurisprudência. Sua concepção deriva 
do conhecido princípio do juiz natural, seJXQGR�R�TXDO�³ninguém será processado 
nem sentenciado senão pela autoridade competente´��DUW���ž��/,,,��&)������ 
Pelo princípio do promotor natural, a designação de um membro do Ministério 
Público para atuar deve obedecer a regras objetivas, segundo critérios 
preestabelecidos. Com isso, busca-se evitar designações casuísticas e 
arbitrárias, impedindo-VH��GHVVD�PDQHLUD��D�ILJXUD�GR�³DFXVDGRU�GH�H[FHomR´��� 
No âmbito da jurisprudência do STF, está firmado entendimento de se 
reconhecer a existência do princípio do promotor natural. Vejamos: 
³R�SRVWXODGR�GR�SURPRWRU�QDWXUDO�FRQVDJUD�XPD�JDUDQWLD�GH�RUGHP�
jurídica, destinada tanto a proteger o membro do Ministério 
Público, na medida em que lhe assegura o exercício pleno e 
independente do seu ofício, quanto a tutelar a própria coletividade, 
a quem se reconhece o direito de ver atuando, em quaisquer 
causas, apenas o Promotor cuja intervenção se justifique a partir 
GH�FULWpULRV�DEVWUDWRV�H�SUHGHWHUPLQDGRV��HVWDEHOHFLGRV�HP�OHL�´�5 
 
5 HC 103.038/PA. Segunda Turma. Rel. Min. Joaquim Barbosa. Julgamento em 11/10/2011. 
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Atualmente, o entendimento do STF é o de que o princípio do promotor natural 
está, sim, implícito no ordenamento jurídico e não viola o princípio da 
indivisibilidade. O membro do Ministério Público pode ser substituído no 
decorrer do processo, mas tal substituição não poderá ser arbitrária: ³a matriz 
constitucional desse princípio assenta-se nas cláusulas da independência 
funcional e da inamovibilidade dos membros da instituição´��6 
1.2.4. Autonomia funcional, administrativa e orçamentário-financeira 
A CF/88 reconhece autonomia funcional, administrativa e orçamentário-
financeira ao Ministério Público. São garantias institucionais do Ministério 
Público, destinadas a permitir que este órgão possa atuar com independência e 
sem interferência de nenhum outro Poder. Juntas, essas garantias institucionais 
asseguram o autogoverno do Ministério Público.7 
A autonomia administrativa do Ministério Público se materializa na sua 
competência para propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos 
e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas 
e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira. Assim, o Ministério 
Público tem iniciativa privativa para propor projetos de leis sobre essas matérias. 
Ainda no campo da autonomia administrativa, o Procurador-Geral da República 
e os Procuradores-Gerais de Justiça têm iniciativa para propor projeto de lei 
complementar que estabeleça a organização, as atribuições e o estatuto de cada 
Ministério Público. Destaque-se que a referida lei complementar é de iniciativa 
concorrente entre os Procuradores-Gerais e os Chefes do Poder Executivo. 
A autonomia orçamentário-financeira, por sua vez, se manifesta pela 
prerrogativa de que o Ministério Público elabore a sua proposta orçamentária, 
encaminhando-a ao Poder Executivo. Cabe destacar que a proposta 
orçamentária do Ministério Público deverá ser elaborada em conformidade com 
os limites definidos pela lei de diretrizes orçamentárias (LDO). 
1.2.5. Funções Institucionais do MinistérioPúblico 
Segundo a doutrina, o Ministério Público assume o importante papel de custos 
societatis �³JXDUGLmR�GD�VRFLHGDGH´��H�GH�custos legis �³JXDUGLmR�GD�OHL´���3DUD�
essa importante missão, a Constituição atribui uma série de funções. 
As funções institucionais do Ministério Público estão relacionadas no art. 129, 
CF/88. Trata-se de rol não-exaustivo, uma vez que o art. 129, IX, dispõe que 
 
6 HC 67.759, Rel. Min. Celso de Mello. Julgamento em 06.08.1992. 
7 In: CANOTILHO, J.J. Gomes; MENDES, Gilmar Ferreira; SARLET, Ingo Wolfgang; STRECK, Lenio Luiz. Comentários à Constituição do 
Brasil. Ed. Saraiva, São Paulo: 2013, pp. 1522-1523. 
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podem ser atribuídas outras funções ao Ministério Público, desde que sejam 
compatíveis com sua finalidade institucional. 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na 
forma da lei; 
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos 
serviços de relevância pública aos direitos assegurados 
nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias 
a sua garantia; 
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para 
a proteção do patrimônio público e social, do meio 
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; 
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou 
representação para fins de intervenção da União e dos 
Estados, nos casos previstos nesta Constituição; 
(...) 
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na 
forma da lei complementar mencionada no artigo 
anterior; 
VIII - requisitar diligências investigatórias e a 
instauração de inquérito policial, indicados os 
fundamentos jurídicos de suas manifestações 
processuais; 
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, 
desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe 
vedada a representação judicial e a consultoria jurídica 
de entidades públicas. 
Primeiro ponto fundamental pessoal, O Ministério Público é responsável por 
promover, privativamente, a ação penal pública (art. 129, I). Todavia, 
existe também a ação penal privada subsidiária da pública, que poderá ser 
ajuizada quando a aquela não tiver sido intentada dentro do prazo legal. 
O Ministério Público também tem como função promover o inquérito civil e a 
ação civil pública (art. 129, III), cujo objetivo é a proteção do patrimônio 
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. O 
inquérito civil é conduzido pelo Ministério Público com vistas a obter elementos 
que subsidiem a ação civil pública8. 
Muito se questiona se o poder de investigação criminal é ou não exclusivo da 
polícia. Segundo a teoria dos poderes implícitos, quando a Constituição 
outorga competência explícita a determinado órgão estatal, implicitamente 
 
8 Destaque-se que a ação civil pública não é exclusiva do Ministério Público, podendo ser apresentada por diversos outros legitimados. 
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atribui, a esse mesmo órgão, os meios necessários para a efetiva e completa 
realização de suas funções. 
 
Com base nessa teoria, a 2a Turma do STF, ao analisar a temática dos poderes 
investigatórios do Ministério Público, entendeu que a denúncia poderia ser 
IXQGDPHQWDGD�HP�SHoDV�GH�LQIRUPDomR�REWLGDV�SHOR�SUySULR�³3DUTXHW´��
não havendo necessidade de prévio inquérito policial: 
Essa competência é plenamente aceita pela doutrina e pode ser ilustrada pelos 
DUWV�������9,��VHJXQGR�R�TXDO�R�0LQLVWpULR�3~EOLFR�SRGH�³expedir notificações nos 
procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e 
documentos para instruí-ORV��QD�IRUPD�GD�OHL�FRPSOHPHQWDU�UHVSHFWLYD´�� 
Caso não queira conduzir a investigação criminal, o Ministério Público pode 
requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial (art. 
129, VIII). O inquérito policial é procedimento administrativo conduzido por 
Delegado de Polícia com vistas a subsidiar uma ação penal. Assim, o Ministério 
Público pode requisitar que a Polícia Civil instaure um inquérito policial. 
$LQGD��R�0LQLVWpULR�3~EOLFR�QR�GHVHPSHQKR�GD�VXD�IXQomR�GH�³custos societatis´�
é responsável pelo controle externo da atividade policial. O art. 129, VII, 
que confere tal competência, é norma constitucional de eficácia limitada, 
dependente de regulamentação por lei complementar. O controle externo da 
atividade policial consiste na fiscalização da Polícia pelo Ministério Público. 
1.2.6. Ingresso na carreira 
Determina a Carta Magna (art. 129, § 3º) que o ingresso na carreira do 
Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, 
assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua 
realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de 
atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação. 
 
 
 
 
Com base no o art. 129, § 3º, da Constituição, o STF considerou constitucional 
resolução do CNMP que determina que a inscrição do concurso público para a 
carreira do Ministério Público só pode ser feita por bacharel em Direito com, no 
mínimo, três anos de atividade jurídica, contados após a obtenção do 
título de bacharel em Direito. 
Ingresso na carreira do MP
Concurso público de provas 
e títulos, com participação 
da OAB
É necessário ser bacharel 
em Direito e ter três anos 
de atividade jurídica
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³3URIž, quando devo comprovar esse prazo? No ato da inscrição ou na data da 
posse?´ 
$QWHULRUPHQWH�D�5HVROXomR�IDODYD�³QD�GDWD�GD�SRVVH´��� 
No entanto, agora em 2016, a Resolução nº. 40/2009 foi alterada, 
de modo que a nova redação do art. 3° passou a trazer a exigência 
da comprovação no momento da inscrição definitiva. 
 
1.2.7. Garantias Funcionais 
As garantias funcionais não podem ser consideradas privilégios, mas sim 
prerrogativas que possuem os membros do Ministério Público para lhes 
preservar a liberdade de convicção e resguardar a autonomia da instituição. 
Segundo Alexandre de Moraes, esse é um objetivo tão importante que o art. 85, 
II, CF/88 considera crime de responsabilidade do Presidente da República a 
prática de atos atentatórios ao livre exercício do Ministério Público.9 
São três as garantias funcionais dos membros do Ministério Público: i) 
vitaliciedade; ii) inamovibilidade e; iii) irredutibilidade de subsídio. 
9 A vitaliciedade JDUDQWH�TXH�R�PHPEUR�GR�³3DUTXHW´�não poderá perder o 
cargo senão por sentença judicial transitada em julgado. É adquirida 
após 2 (dois) anos de exercício, uma vez concluído o estágio probatório. 
9 A inamovibilidade é garantia que impede que o membro do 
Ministério Público seja removido de ofício, salvo por motivo de 
interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do 
Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, 
assegurada ampla defesa. Assim, a remoção de um membro do Ministério 
Público deverá ocorrer, em regra, por sua própria iniciativa. 
Segundo o art. 130-A, § 2º, III, o Conselho Nacional do Ministério Público 
(CNMP) tem competência paradeterminar a remoção de membro do 
Ministério Público. Nesse caso, trata-se de verdadeira sanção 
administrativa aplicada pelo CNMP, que não viola a garantia de 
inamovibilidade. 
9 A irredutibilidade de subsídio, por sua vez, visa proteger os ganhos dos 
membros do Ministério Público contra ingerências políticas. Destaque-se 
que essa irredutibilidade é nominal (e não real), ou seja, não leva em 
consideração a inflação. 
 
9 MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional, 9ª edição. São Paulo Editora Atlas: 2010, 
pp. 1623. 
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1.2.8. Vedações aos membros do Ministério Público 
A CF/88 além de estabelecer as garantias do Ministério Público, também prevê 
certas vedações aos seus membros, com o objetivo de preservar a própria 
instituição. De acordo com o art. 128, § 5º, III, temos as seguintes vedações: 
 
 Receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, 
percentagens ou custas processuais; 
 Exercer a advocacia; 
 Participar de sociedade comercial, na forma da lei; 
 Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função 
pública, salvo uma de magistério; 
 Exercer atividade político-partidária; 
 Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de 
pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as 
exceções previstas em lei; 
É relevante comentarmos acerca da vedação ao exercício da advocacia. Quando 
em exercício, os membros do Ministério Público estão absolutamente 
impedidos de exercer a advocacia. No entanto, após terem se afastado do 
cargo (por aposentadoria ou exoneração), a CF/88 permite que eles exerçam a 
advocacia. Porém, deverão observar a chamada ³quarentena de saída´� 
Assim, os membros do Ministério Público não poderão exercer a advocacia no 
juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do 
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. Veja: no dia seguinte 
ao afastamento, o membro do Ministério Público já pode exercer a advocacia; 
no entanto, para exercer a advocacia junto ao tribunal perante o qual 
oficiava, precisará aguardar um período de três anos, ou seja, deverá observar 
D�³TXDUHQWHQD�GH�VDtGD´��10 
1.2.9. Chefia do Ministério Público 
1.2.9.1. Procurador-Geral da República 
O Ministério Público da União (MPU) tem por chefe o Procurador-Geral da 
República (PGR), nomeado pelo Presidente da República dentre 
integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu 
 
10 Por último, vale ressaltar o que dispõe o art. 29, § 3º, do ADCT. Os membros do Ministério Público admitidos antes da promulgação 
da CF/88 poderiam optar pelo regime anterior, no que diz respeito às garantias e vedações. Com isso, os integrantes da carreira do 
MPU10 que nela ingressaram antes da Constituição Federal e que optaram pelo regime anterior podem exercer a advocacia. 
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nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de 
dois anos, permitida a recondução (art. 128, § 1º, CF). 
É importante observar que a Constituição não limita o número de reconduções. 
Contudo, o art. 25 da Lei Complementar no 75/93 determina que a recondução 
deverá ser precedida de nova aprovação do Senado Federal. A recondução se 
assemelha, assim, a uma nova nomeação. 
 
Destaca-se ainda que o Presidente da República poderá escolher qualquer 
membro do Ministério Público da União (ou seja, do Ministério Público Federal, 
do Trabalho, Militar ou do Distrito Federal e Territórios) para o cargo de PGR. 
Nesse sentido, entende o STF que o Procurador-Geral pode provir de quaisquer 
das carreiras do Ministério Público da União (MS 21.239, DJ de 23.04.1993). O 
Procurador-Geral da República (PGR) poderá ser destituído por iniciativa do 
Presidente da República, desde que haja autorização do Senado Federal, por 
maioria absoluta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.2.9.2. Procuradores-Gerais de Justiça 
Os Procuradores-Gerais de Justiça são os Chefes dos Ministérios Públicos 
dos Estados (MPE`s). O Chefe do Ministério Público do Distrito Federal e 
Territórios (MPDFT) também é denominado Procurador-Geral de Justiça. 
Vejamos o que determina a CF/88 sobre o tema: 
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Art. 128 
§ 3º - Os Ministérios Públicos dos Estados e o do 
Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice 
dentre integrantes da carreira, na forma da lei 
respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, 
que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, 
para mandato de dois anos, permitida uma 
recondução. 
Assim como o PGR, os Procuradores-Gerais de Justiça também são nomeados 
pelo Chefe do Poder Executivo. O Governador nomeia os Chefes dos MPE`s e o 
Presidente da República nomeia o Chefe do MPDFT. A nomeação do Chefe do 
MPDFT pelo Presidente da República se deve ao fato de que a União é 
competente para organizar e manter o MPDFT (art. 21, XIII, CF/88). 
Os Procuradores-Gerais de Justiça são nomeados para mandato de 2 (dois) 
anos, sendo permitida apenas uma recondução. É diferente do que ocorre 
para o Procurador-Geral da República, que pode ser reconduzido 
múltiplas vezes. Não incidirá, nesse caso, o princípio da simetria.11 
Um ponto de destaque é que no processo de nomeação dos Procuradores-Gerais 
de Justiça, não há qualquer participação do Poder Legislativo. Será elaborada 
lista tríplice pela própria instituição (MPE ou MPDFT), a qual será enviada ao 
Chefe do Poder Executivo, que escolherá um nome para ser nomeado como 
Procurador-Geral de Justiça. Na visão do Supremo Tribunal, é inconstitucional 
lei que exija prévia aprovação do nome do Procurador-Geral de Justiça 
pela maioria absoluta do Legislativo local, por força do art. 128, § 3o, da 
CF/88, que estabelece como única exigência a lista tríplice, na forma da lei.12 
Já no processo de destituição dos Procuradores-Gerais de Justiça, haverá 
participação do Poder Legislativo. Segundo o art. 128, § 4º, CF/88, os 
Procuradores-Gerais nos estados poderão ser destituídos por deliberação da 
maioria absoluta da Assembleia Legislativa. Por sua vez, a destituição do 
Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal e Territórios depende de 
deliberação da maioria absoluta do Senado Federal. 
No que diz respeito à vacância do cargo de Procurador-Geral no curso do 
mandato, o Procurador-Geral deverá cumprir um novo período de dois anos. 
Nessa senda, decidiu o STF que é inconstitucional, por ofensa ao art. 128, § 3o, 
da Carta Magna, lei que preveja, no caso de vacância do cargo de Procurador-
 
11 STF, ADI 452, DJ de 31.10.2002 
12 ADI 1.228-MC/AP, DJU de 02.06.1995; ADU 1.506-SE, DJU de 12.11.1999; ADI 1.962-RO, 08.11.2001 . 
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Geral de Justiça, a eleição e nomeação de novo Procurador-Geralpara que 
complete o período restante do mandato do seu antecessor.13 
1.2.9.3. Ministério Público junto às Cortes de Contas 
Quando se fala em Cortes de Contas, estamos nos referindo ao Tribunal de 
Contas da União (TCU) e aos Tribunais de Contas dos Estados (TCE`s). Perante 
HVVHV�yUJmRV��DWXD�XP�0LQLVWpULR�3~EOLFR�³HVSHFLDO´��R�0LQLVWpULR�3~EOLFR�MXQWR�
ao TCU e os Ministérios Públicos junto aos TCE`s. 
 
Importante deixar claro que o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da 
União (TCU) não integra o MPU; ao contrário, integra a própria estrutura 
orgânica do TCU. Isso porque o rol de órgãos que compõem o MPU, previsto 
no art. 128, I, da CF/88 é taxativo. Assim, um membro do Ministério Público da 
União (MPU) não pode ser designado para exercer suas funções junto ao TCU. 
O mesmo vale para os estados: um membro do Ministério Público do Estado 
(MPE) não pode ser designado para atuar perante o Tribunal de Contas daquele 
ente federativo. 
 
Além disso, os Ministérios Públicos que atuam perante as Cortes de Contas não 
possuem as atribuições do art. 129 da CF/88. Sua atuação se dá exclusivamente 
na área de competência dos Tribunais de Contas. Trata-se, conforme já 
DILUPDPRV��GH�XP�0LQLVWpULR�3~EOLFR�³HVSHFLDO´�� 
 
A lei que regulamenta a estrutura orgânica dos Ministério Público que atua junto 
ao TCU é de iniciativa do próprio TCU, conforme se deduz GR�DUW������³FDSXW´��
da CF/88. Por simetria, é de iniciativa do TCE a lei de organização do Ministério 
Público que atua junto à Corte de Contas estadual. 
 
 
 
 
1. (FGV / VI Exame de Ordem Unificado ± 2012) A respeito dos 
Procuradores-Gerais de Justiça nos Estados e no Distrito Federal, é 
INCORRETO afirmar que: 
a) podem ser destituídos pela Assembleia Legislativa (nos Estados) e pela Câmara 
Legislativa (no Distrito Federal). 
b) podem ser reconduzidos somente uma vez. 
c) devem ser integrantes da carreira e exercem o cargo por mandato de dois anos. 
 
13 ADI 1.783-BA, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 11.10.2001. 
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d) são nomeados pelo Governador (nos Estados) e pelo Presidente da República (no 
Distrito Federal). 
Comentários: 
Letra A: errada. Opa! Temos o gabarito! A destituição do Procurador-Geral de 
Justiça no Distrito Federal depende de deliberação da maioria absoluta do Senado 
Federal. Isso porque o MPDFT integra o Ministério Público da União. 
Letra B: correta. De fato, os Procuradores-Gerais de Justiça podem ser 
reconduzidos apenas uma vez. É diferente do Procurador-Geral da República, que 
pode ser reconduzido sucessivas vezes. 
Letra C: correta. Os Procuradores-Gerais de Justiça são integrantes da carreira e 
exercem o mandato por 2 anos. 
Letra D: correta. A nomeação dos Procuradores-Gerais de Justiça nos Estados 
compete aos Governadores. A nomeação dos Procuradores-Gerais de Justiça no 
Distrito Federal é competência do Presidente da República. 
 
2. (FGV/ MPE-RJ ± 2014) O Ministério Público, como órgão que 
desempenha funções fundamentais em um Estado Democrático de Direito, 
é incumbido da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos 
interesses sociais e individuais indisponíveis. Como consequência da 
presente assertiva, fruto de interpretação literal do caput do artigo 127 da 
Constituição da República Brasileira, é INCORRETO afirmar que: 
a) o Ministério Público pode ser considerado como o guardião da sociedade, diante 
do perfil que lhe foi traçado constitucionalmente; 
b) na defesa dos interesses acima mencionados, o Ministério Público pode atuar 
judicial e extrajudicialmente, já que, além de outras razões, quem detém os fins, 
detém também os meios; 
c) as funções institucionais elencadas nos incisos constantes do caput do artigo 129 
da Constituição da República Brasileira não devem apresentar incompatibilidades 
materiais com a norma estabelecida no citado artigo 127, caput, também da 
nossa Lex Fundamentalis; 
d) ao Ministério Público é autorizado também exercer a representação judicial e 
consultoria jurídica de outras entidades públicas, vez que este papel estaria em 
consonância com os termos do artigo 127, caput da Constituição da República 
Brasileira; 
e) em virtude dos interesses que protege, o Ministério Público deve 
obrigatoriamente atuar em ações penais e ações civis públicas. 
Comentários: 
A letra A está correta. De fato, o Ministério Público pode ser considerado um 
guardião da sociedade. O art. 127 da CF/88 prevê que o Ministério Público é 
instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-
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lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e 
individuais indisponíveis. 
A letra B está correta. Na defesa dos interesses da sociedade, o Ministério Publico 
pode atuar tanto judicial quanto extrajudicialmente. 
A letra C está correta. As competências do Ministério Público previstas no art. 129 
da CF/88 têm como fundamento a função do Parquet de defesa da ordem jurídica, 
do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. 
A letra D está incorreta. Errada, meus amigos! De acordo com o inciso IX do 
art. 129 da Constituição, o Ministério Público não pode exercer a representação 
judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. 
A letra E está correta. Essas competências estão previstas nos incisos I e III do 
art. 129 da CF/88. 
 
3. (FGV / BADESC ± 2010) Considerando o estatuto constitucional do 
Ministério Público, analise as afirmativas a seguir. 
I. Os membros do Ministério Público gozam da garantia da vitaliciedade, após dois 
anos de exercício, não podendo perder o cargo, salvo por sentença transitada em 
julgado, ou por decisão do Conselho Nacional do Ministério Público em processo 
administrativo, garantido o contraditório e a ampla defesa. 
II. Algumas das vedações previstas na Constituição aos membros do Ministério 
Público são: o exercício de atividade político partidária; o exercício, ainda que em 
disponibilidade, de qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; e a 
participação em sociedade comercial, na forma da lei. 
III. São funções institucionais do Ministério Público, dentre outras, o exercício do 
controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar respectiva, e a 
requisição à polícia judiciária de diligências investigatórias e de instauração de 
inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações 
processuais. 
Assinale: 
a) se somente a afirmativa I estiver correta. 
b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. 
c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. 
d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. 
e) se todas as afirmativas estiverem corretas. 
Comentários: 
A primeira assertiva está errada. A vitaliciedade é garantia dos membros do 
Ministério Público, adquirida após 2 anos de efetivo exercício. Uma vez tendo 
adquirido a vitaliciedade, o membro do Ministério Público somente pode perder o 
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seu cargo mediante sentença judicial transitada em julgado. O CNMP não pode 
decidirpela perda do cargo. 
A segunda assertiva está correta. Todas essas são vedações aplicáveis aos 
membros do Ministério Público, conforme art. art. 128, § 5º, III. 
A terceira assertiva está correta. Compete ao Ministério Público exercer o controle 
externo da atividade policial e requisitar à polícia judiciária diligências 
investigatórias e instauração de inquérito policial. Gabarito letra D. 
 
4. (FGV / TJ-AM ± 2013) A Constituição da República Federativa do 
Brasil estabelece o Ministério Público, a Advocacia Pública, a Advocacia e a 
Defensoria Pública como funções essenciais à Justiça. Em relação ao 
Ministério Público, a Constituição reconhece, explicitamente, como seus 
princípios institucionais: 
a) a indivisibilidade, a soberania e a imparcialidade. 
 b) a unidade, a imparcialidade e o sigilo de suas deliberações e decisões. 
 c) a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. 
 d) a independência funcional, a imparcialidade e a unidade. 
e) a soberania, a imparcialidade e a unidade. 
Comentários: 
São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a 
independência funcional (art. 127, § 1º). A resposta é a letra C. 
 
1.3. Advocacia Pública 
A Advocacia Pública é responsável pela defesa jurídica dos entes 
federativos, integrando o Poder Executivo. No âmbito federal, essa tarefa 
compete à Advocacia-Geral da União; nos estados, às Procuradorias estaduais. 
Embora não haja previsão constitucional, os Municípios também criam órgãos 
destinados a exercer o papel da advocacia pública: as Procuradorias municipais. 
 
Segundo o art. 131, CF/88, a Advocacia-Geral da União (AGU) é uma instituição 
com duas tarefas centrais: 
 
 representar a União, judicial e extrajudicialmente. A 
representação judicial pelos advogados públicos decorre de lei e, 
portanto, fica dispensada a juntada de instrumento de mandato nos 
autos do processo.14 Cabe destacar que, na execução da dívida ativa 
 
14 RE 121.856-ED. Rel. Min. Paulo Brossard. 
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de natureza tributária, a representação da União cabe à 
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), observado o 
disposto em lei. 
 
 realizar as atividades de consultoria e assessoramento jurídico 
do Poder Executivo, nos termos de lei complementar. Veja só: a 
AGU somente presta consultoria e assessoramento jurídico ao Poder 
Executivo (e não aos demais Poderes!). Com efeito, a jurisprudência 
do STF reconhece a constitucionalidade da manutenção de 
assessoria jurídica própria por Poder autônomo.15 
 
A Advocacia-Geral da União (AGU) integra o Poder Executivo e o ingresso em 
sua carreira se dá por meio de concurso público de provas e títulos. A 
organização e funcionamento da AGU é regulada por meio de lei complementar 
(art. 131, caput). Tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre 
nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e 
cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada (art. 131, § 1º, CF). 
 
Já os Estados-membros e o Distrito Federal são representados, judicial e 
extrajudicialmente pelos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, 
organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de 
provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas 
as suas fases (art. �����³FDSXW´��&)��� 
1.4. Defensoria Pública 
A Defensoria Pública é instituição criada com vista a dar efetividade ao art. 5o, 
LXXIV, da Constituição, que dispõe que o Estado prestará assistência jurídica 
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. 
 
A competência para legislar sobre assistência jurídica e defensoria pública é 
concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal (art. 24, XIII, CF). Isso 
significa que cabe à União definir as normas gerais e, aos Estados e Distrito 
Federal, definir as normas específicas sobre essas matérias. 
 
A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional 
do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime 
democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos 
direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial ou extrajudicial, 
dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos 
necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV, CF/88. 
 
 
15 STF, ADIn nº 1.557/DF. Rel. Min. Octávio Galotti. RTJ 163/95. 
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Segundo o art. 134, § 1º, CF/88, lei complementar organizará a Defensoria 
Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas 
gerais para sua organização nos Estados. 
O ingresso nas carreiras da Defensoria Pública se dará mediante concurso 
público de provas e títulos. Os seus integrantes serão remunerados por meio 
de subsídio e farão jus à garantia da inamovibilidade. Destaque-se que os 
Defensores Públicos não poderão exercer a advocacia fora das atribuições 
institucionais. 
 
Os Defensores Públicos têm a garantia da inamovibilidade, 
mas não possuem a garantia de vitaliciedade. 
A Defensoria Pública foi fruto, nos últimos anos, de uma série de emendas 
constitucionais que reforçaram sobremaneira o seu papel. A última delas foi a 
EC nº 80/2014, que trouxe uma profunda reformulação nessa instituição: 
 
 A Defensoria Pública passou a ser considerada, assim como o Ministério 
Público, uma instituição permanente. 
 Deixou explícito que a Defensoria Pública irá defender os necessitados seja 
na esfera judicial ou extrajudicial. 
 Estabeleceu que são princípios institucionais da Defensoria Pública a 
unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. Ressalte-se 
que esses princípios já estavam previstos na Lei Orgânica da Defensoria 
Pública; com a EC nº 80/2014, eles apenas foram constitucionalizados. 
 As regras de organização da Magistratura (promoção, ingresso no 
cargo, distribuição imediata de processos, dentre outras), previstas no art. 
93, CF/88, serão aplicadas, no que couber, à Defensoria Pública. 
 A Defensoria Pública passou a ter iniciativa privativa para apresentar 
projetos de lei sobre: i) a alteração do número dos seus membros; ii) a 
criação e extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares, 
bem como a fixação do subsídio de seus membros; iii) a criação ou extinção 
dos seus órgãos; e iv) a alteração de sua organização e divisão. Com essa 
medida, reforçou-se a ideia de autonomia da Defensoria Pública, que 
não está, portanto, subordinada a nenhum dos Poderes. 
 Vale a pena comentar também que, com a EC nº 69/2012, a Defensoria 
Pública do Distrito Federal passou a ser organizada e mantida pelo 
próprio Distrito Federal. Antes, essa instituição era organizada e mantida 
pela União. 
1.5. Advocacia Privada 
Segundo o art. 133, CF/88, o advogado é indispensável à administração da 
justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da 
profissão, nos limites da lei. Cuida-se aqui da advocacia privada. 
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A Constituição consagra o princípio da indispensabilidadedo advogado, o 
qual, todavia, não é absoluto. Não é necessária, por exemplo, a representação 
por advogado em habeas corpus e em Juizados Especiais Cíveis. Também não é 
absoluta a imunidade que a Constituição consagra ao advogado. O advogado 
goza de imunidade material, ou seja, imunidade relativa às suas 
manifestações e atos no exercício da profissão. 
 
 
5. (FGV / DPE-RJ ± ������1R�FDStWXOR�GHVWLQDGR�jV�³IXQo}HV�HVVHQFLDLV�
j�MXVWLoD´��D�&RQVWLWXLomR�GD�5HS~EOLFD�LQVHULX�� 
a) o Ministério Público, cujos membros possuem a garantia da vitaliciedade, obtida 
após três anos de efetivo exercício, sendo instituição encarregada da defesa da 
ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis. 
b) a Advocacia Pública, que é integrada pela Advocacia Geral da União (em nível 
federal), Procuradoria-Geral de Justiça dos Estados (no âmbito estadual) e 
Procuradorias Municipais (nos Municípios). 
c) a Advocacia, sendo que o advogado é indispensável à administração da justiça, 
sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites 
da lei. 
d) a Defensoria Pública, que tem a missão de defender os interesses da União e dos 
Estados, sendo-lhe assegurada autonomia funcional e administrativa, nos limites da 
lei. 
e) a Procuradoria Pública, cujos membros possuem a garantia da estabilidade, 
obtida após 3 anos de efetivo exercício, sendo instituição encarregada da defesa da 
ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis. 
Comentários: 
Letra A: errada. A vitaliciedade é adquirida após 2 (dois) anos de efetivo exercício. 
Letra B: errada. A Procuradoria-Geral de Justiça não integra a Advocacia Pública, 
mas sim o Ministério Público. 
Letra C: correta. É exatamente isso! Nos termos do art. 133, o advogado é 
indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e 
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. 
Letra D: errada. A Defensoria Pública tem como missão a orientação jurídica, a 
promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e 
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos 
necessitados. 
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Letra E: errada. A defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos 
interesses sociais e individuais indisponíveis são tarefas do Ministério Público. 
 
6. (FGV/ TJ-RJ ± 2014) As funções essenciais à Justiça: 
a) estão subordinadas ao Poder Judiciário no plano funcional; 
b) são autônomas em relação ao Poder Judiciário; 
c) estão subordinadas ao Poder Judiciário no plano administrativo; 
d) são autônomas em relação ao Poder Judiciário e subordinadas ao Ministério da 
Justiça; 
e) estão subordinadas ao Poder Executivo exclusivamente no plano financeiro. 
Comentários: 
As funções essenciais à Justiça, desempenhadas por Ministério Público, Advocacia 
Pública, Advocacia e Defensoria Pública são autônomas. Não integram o Judiciário 
e não estão subordinadas a ele. O gabarito é a letra B. 
 
2. ORDEM SOCIAL 
A Constituição estabelece em seu art. 6º, CF/88 que são direitos sociais a 
educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, 
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados. São os chamados direitos de segunda geração, que exigem 
prestações positivas do Estado em prol dos indivíduos. Por isso, são 
denominadas liberdades positivas. Nesse sentido, o conjunto de normas que 
busca a concretização dos direitos sociais é denominado de ordem social. 
A constitucionalização da ordem social foi resultado da mudança do papel do 
Estado, que, ao final da Primeira Guerra Mundial, passou a atuar como agente 
garantidor do bem-estar e da justiça social.16 No Brasil, a Constituição de 1934 
foi a primeira que previu normas sobre a ordem social. A Constituição de 1988, 
por sua vez, reservou todo o Título VIII para tratar da ordem social. 
O prof. José Afonso da Silva afirma que a CRFB/88 deu bastante realce à ordem 
social, que, junto com os direitos fundamentais, formam núcleo substancial do 
regime democrático instituído.17 Na CF/88, a ordem social constitui um conjunto 
 
16 CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional, 6ª edição. Ed. Juspodium. Salvador: 2012, p. 1301. 
17 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 35a edição. Ed. Malheiros, São Paulo, 2012, pp. 830 ± 831. 
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de normas sobre as seguintes matérias: seguridade social; educação, cultura e 
desporto; ciência e tecnologia; comunicação social; meio ambiente; família, 
criança, adolescente, jovem e idoso; e índios. 
Segundo o art. 193, CF/88, a ordem social tem como base o primado do 
trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. Reconhece-se, assim, 
que o trabalho é fator primordial para o desenvolvimento social e econômico do 
Estado; é através dele, afinal, que os indivíduos conseguem recursos para 
satisfazer suas necessidades e alcançar o bem-estar social. Nesse sentido, há 
grande relação entre a ordem social e a ordem econômica: o art. 170, CF/88, 
estabelece que a ordem econômica está fundada na valorização do trabalho. 
- Seguridade Social 
Os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social são 
assegurados mediante um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes 
Públicos e da sociedade: a seguridade social. É exatamente isso o que dispõe 
o art. 194, caput, CF/88. 
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto 
integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e 
da sociedade, destinadas a assegurar os direitos 
relativos à saúde, à previdência e à assistência social. 
Pessoal, vale destacar que as ações relativas à seguridade social não são 
implementadas exclusivamente pelo Estado (poderes públicos). O Estado tem 
uma importante tarefa na implementação das ações relativas à seguridade 
social, todavia, essas ações também são de iniciativa da sociedade. 
É por meio da seguridade social que se estabelece um sistema de proteção 
social para os indivíduos, garantindo que, mesmo diante de situações de 
vulnerabilidade (doença, idade avançada, morte, acidente, reclusão, 
maternidade), eles possam prover o seu sustento e o de sua família. 
 A seguridade social engloba três áreas: a) previdência social; 
b) saúde e; c) assistência social. São comuns questões em que 
o examinador tenta causar confusão quanto aos conceitos de 
previdência social e seguridade social. Um exemplo de questão 
seria a seguinte: 
³A previdência social compreende um conjunto integrado de 
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, 
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde e à 
assistência social�´� 
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Essa questão está ERRADA. A seguridade social é que engloba 
a saúde, previdência e assistência social. 
 
 
 
7. (FGV / XXI Exame de Ordem ± 2016) O Governador do Estado E, diante 
da informação de que poderia dispor de um lastro orçamentário mais amplo 
para a execução de despesascom a seguridade social, convocou seu 
secretariado a fim de planejar o encaminhamento a ser dado a tais 
recursos. Na reunião foram apresentadas quatro propostas, mas o 
governador, consultando sua equipe de assessoramento jurídico, foi 
informado de que apenas uma das propostas era adequada para assegurar 
diretamente direitos relativos à seguridade social, segundo a definição que 
lhe dá a CRFB/88. Dentre as opções a seguir, assinale-a. 
a) Ampliação da rede escolar do ensino fundamental e do ensino médio. 
b) Ampliação da rede hospitalar de atendimento à população da região. 
c) Desenvolvimento de programa de preservação da diversidade cultural da 
população. 
d) Aprimoramento da atuação da guarda municipal na segurança do patrimônio 
público. 
Comentários: 
Meus amigos, questão saindo do forno do XXI Exame de Ordem. A banca queria 
RV� ³direitos relativos à seguridade social´� E, nesse sentido, vimos que ela 
compreende a previdência social, saúde e assistência social. Assim, dentre as 
DOWHUQDWLYDV�UHODFLRQDGDV��DSHQDV�D�³ampliação da rede hospitalar de atendimento 
à população da região´� p� GHVWLQDGD� j� FRQFUHWL]DomR� GH� GLUHLWRV� UHODWLYRV� j�
seguridade social. Trata-se, afinal, de proposta relacionada ao direito à saúde. 
Educação (letra A), cultura (letra C) e segurança (letra D) não são direitos 
relativos à seguridade social. O gabarito é a letra B. 
 
- Educação 
A educação é um dos mais importantes direitos sociais, na medida em que 
possibilita que o indivíduo alcance o máximo de suas potencialidades. É ela que 
permite o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho. Vejamos o art. 205, CF/88. 
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Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e 
da família, será promovida e incentivada com a 
colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício 
da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
A Constituição estabelece que a educação é um direito de todos; trata-se de 
dever do Estado e da família, devendo ser promovida com a colaboração da 
sociedade. Uma importante ferramenta para que se possa promover a educação 
na sociedade é o ensino, assim chamada a atividade desempenhas nas escolas 
e universidades. Vejamos o art. 206, CF/88: 
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes 
princípios: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na 
escola; 
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o 
pensamento, a arte e o saber;6 
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e 
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; 
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos 
oficiais; 
V - valorização dos profissionais da educação escolar, 
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com 
ingresso exclusivamente por concurso público de provas e 
títulos, aos das redes públicas; 
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; 
VII - garantia de padrão de qualidade. 
VIII - piso salarial profissional nacional para os 
profissionais da educação escolar pública, nos termos de 
lei federal. 
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de 
trabalhadores considerados profissionais da educação 
básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou 
adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
O inciso III estabelece como princípio do ensino o pluralismo de ideias e de 
concepções pedagógicas, o que é decorrência da liberdade de pensamento. 
Além disso, prevê a coexistência de instituições públicas e privadas de 
ensino, o que está em plena consonância como art. 209, que estabelece que o 
ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: i) 
cumprimento das normas gerais da educação nacional e; ii) autorização e 
avaliação de qualidade pelo Poder Público. 
Atenção especial para o inciso IV que estabelece a gratuidade do ensino público 
em estabelecimentos oficiais. Com base nesse dispositivo, o STF já editou 
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inclusive a Súmula Vinculante nº 12. Olha só: 
 
Uma importante vertente do ensino é o superior, que ocorre nas universidades. 
Segundo o art. 207, CF/88, as universidades gozam de autonomia didático-
científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial. Além disso, 
elas deverão obedecer ao princípio da indissociabilidade entre ensino, 
pesquisa e extensão. Cabe destacar que é facultado às universidades admitir 
professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. Essas regras 
também se aplicam às instituições de pesquisa científica e tecnológica. 
Conforme já vimos, é dever do Estado e da família promover a educação. Surge, 
então, a pergunta: como o Estado deverá efetivar o direito à educação? De que 
forma o Estado concretiza esse importante direito social? A resposta está no art. 
208, CF/88, que traça as diretrizes básicas para que o Estado efetive o direito à 
educação. Segundo esse dispositivo, a educação será efetivada mediante a 
garantia de: 
 educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 
(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita 
para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; 
 progressiva universalização do ensino médio gratuito; 
 atendimento educacional especializado aos portadores de 
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; 
 educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) 
anos de idade; 
 acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação 
artística, segundo a capacidade de cada um; 
 oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do 
educando; 
 atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, 
por meio de programas suplementares de material didático-escolar, 
transporte, alimentação e assistência à saúde. 
Cabe destacar que o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público e 
subjetivo e, em razão disso, o seu não-oferecimento ou oferta irregular pelo 
Poder Público importará em responsabilidade da autoridade competente. 
Em vista do que estabelece o art. 210, CF/88, serão fixados conteúdos 
mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação 
 A cobrança de taxa de matrícula nas universidades 
públicas viola o disposto no art. 206, IV, da CF�´� 
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básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. 
O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa; as 
comunidades indígenas, por sua vez, também terão asseguradas a utilização de 
suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. 
A Carta Magna também faz menção ao ensino religioso, que constituirá disciplina 
dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. Destaque-se, 
todavia, que o ensino religioso é de matrícula facultativa (art. 210, § 1º). 
É relevante entendermos também como se organiza o sistema de ensino no 
Brasil. Estabelece o art. 211, CF/88, que a União, os Estados, o Distrito Federal 
e os Municípios organizarão em regime de colaboraçãoseus sistemas de 
ensino, da seguinte maneira: 
a) A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, 
financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em 
matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir 
equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade 
do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios; 
b) Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na 
educação infantil. 
c) Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino 
fundamental e médio. 
d) Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo 
a assegurar a universalização do ensino obrigatório. 
e) A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. 
No que tange à aplicação dos recursos para a manutenção e desenvolvimento 
do ensino. o art. 212 da CRFB/88 estabelece que a União aplicará, anualmente, 
nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, 
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino. A distribuição assegurará prioridade ao 
atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que se refere a 
universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos termos 
do plano nacional de educação (art. 212, § 3º). 
Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos 
a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que 
cumpram requisitos definidos no art. 213. 
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Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas 
públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, 
confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: 
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus 
excedentes financeiros em educação; 
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra 
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao 
Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades. 
§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser 
destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e 
médio, na forma da lei, para os que demonstrarem 
insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e 
cursos regulares da rede pública na localidade da 
residência do educando, ficando o Poder Público obrigado 
a investir prioritariamente na expansão de sua rede na 
localidade. 
§ 2º - As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo 
e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou 
por instituições de educação profissional e tecnológica 
poderão receber apoio financeiro do Poder Público. 
A Constituição Federal prevê, ainda, que a lei estabelecerá o plano nacional 
de educação, de duração decenal. O objetivo desse plano é articular o sistema 
nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, 
metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e o 
desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por 
meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas 
federativas. 
O plano nacional de educação será destinado a promover: i) a erradicação do 
analfabetismo; ii) a universalização do atendimento escolar; iii) a melhoria da 
qualidade do ensino; iv) a formação para o trabalho; v) a promoção 
humanística, científica e tecnológica do País e; vi) estabelecimento de meta de 
aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno 
bruto. 
 
 
8. (FGV / XII Exame de Ordem Unificado ± 2013) Ana Beatriz procura um 
escritório de advocacia, informando que a Universidade Pública do Estado 
XYZ instituiu, mediante decreto do Governador, uma taxa da matrícula no 
valor de R$ 100,00 (cem) reais, para estudantes que possuam renda 
familiar superior a 10 (dez) salários mínimos, com a finalidade de utilizar 
esse recurso para subsidiar a moradia de alunos de baixa renda, 
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procedentes de Municípios distantes. Diante da indagação de Ana Beatriz 
sobre a constitucionalidade da cobrança, assinale a afirmativa correta. 
a) A cobrança é constitucional, pois se trata de uma política pública de redução das 
desigualdades. 
b) A cobrança é constitucional em razão do princípio da autonomia universitária, 
previsto na Constituição da República. 
c) A cobrança é inconstitucional, uma vez que a taxa de matrícula deveria ser 
instituída por lei. 
d) A cobrança é inconstitucional, uma vez que viola o imperativo de gratuidade do 
ensino público em estabelecimentos oficiais. 
Comentários: 
Opa! Questão tranquila hein? Segundo o art. 206, IV, o ensino será ministrado 
com base no princípio da gratuidade do ensino público em estabelecimentos 
oficiais. Portanto, é inconstitucional o estabelecimento de taxa de matrícula em 
universidade pública. O gabarito é a letra D. 
 
9. (FGV/XI Exame de Ordem Unificado ± 2013) Acerca da disciplina 
constitucional do direito à educação, assinale a afirmativa correta. 
a) Os municípios atuarão prioritariamente na prestação do ensino fundamental e 
médio. 
b) Na prestação do ensino fundamental, além da utilização obrigatória da língua 
portuguesa, é assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas 
maternas. 
c) É permitido às universidades admitir professores estrangeiros, na forma da lei, 
mas é expressamente vedada a admissão de técnicos e de pesquisadores 
estrangeiros. 
d) O ensino é livre à iniciativa privada, independente de autorização e da avaliação 
de sua qualidade pelo Poder Público. 
 
Comentários: 
Letra A: errada. Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e 
na educação infantil. 
Letra B: correta. Segundo o art. 210, 2º, o ensino fundamental regular será 
ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também 
a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. 
Letra C: errada. Nos termos do art. 207, § 1º, é facultado às universidades admitir 
professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. 
Letra D: errada. De fato, o ensino é livre à iniciativa privada. No entanto, há 
necessidade de que sejam cumpridas as normas gerais de educação nacional e 
autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público. 
 
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as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. Assim, a instância 
administrativa é obrigatória antes de um recurso ao Poder Judiciário, o qual, 
enfatize-se, será possível. 
Vamos a um caso conhecido do torcedor brasileiro! No Campeonato Brasileiro 
de Futebol (2013), a Portuguesa jogava contra o Grêmio e, no segundo tempo, 
colocou em campo o jogador Héverton, que tinha sido suspenso pelo Superior 
Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O jogo terminou em zero a zero, mas a 
Portuguesa não poderia ter colocado Héverton em campo. 
A Portuguesa terminou o campeonato brasileiro com 48 pontos, dois a mais que 
o Fluminense, que seria rebaixado para a segunda divisão. O Fluminense recorre 
à justiçadesportiva, argumentando que Héverton não poderia ter entrado em 
campo. Como consequência, o STJD decide pela perda de 4 pontos da 
Portuguesa, que fica com 44 pontos, dois a menos que o Fluminense. A 
Portuguesa é rebaixada para a segunda divisão e o Fluminense disputa o 
campeonato brasileiro de 2014. 
Aí vem a pergunta: a Portuguesa poderia recorrer ao Poder Judiciário? 
Sim, é possível o recurso ao Poder Judiciário, mas somente depois de 
esgotadas as instâncias administrativas da justiça desportiva. (art. 217, 
†��ž���1R�ILQDO�GR�HPEOHPiWLFR�³FDVR�3RUWXJXHVD´��R�WLPH�SDXOLVWD�GHVLVWLX�GH�
recorrer ao Poder Judiciário, temendo retaliações da CBF. 
Por fim, meus alunos, outra regra constitucional sobre a justiça desportiva é a 
que está prevista no art. 217, § 2º. Segundo esse dispositivo, a justiça 
desportiva terá o prazo máximo de 60 dias, contados da instauração do 
processo, para proferir decisão final. 
 
 
 
10. (FGV / XXI Exame de Ordem ± 2016) Finalizadas as Olimpíadas no 
Brasil, certo deputado federal pelo Estado Beta, ex-desportista conhecido 
nacionalmente, resolve elaborar projeto de lei visando a melhorar a 
performance do Brasil nos Jogos Olímpicos de 2020. Para realizar esse 
objetivo, o projeto dispõe que os recursos públicos devem buscar 
promover, prioritariamente, o esporte de alto rendimento. Submetida a 
ideia à sua assessoria jurídica, esta exteriorizou o único posicionamento 
que se mostra harmônico com o sistema jurídico-constitucional brasileiro, 
afirmando que o projeto 
a) é constitucional, contanto que o desporto educacional também seja contemplado 
com uma parcela, mesmo que minoritária, dos recursos. 
b) é inconstitucional, pois, segundo a Constituição da República, a destinação de 
recursos públicos deve priorizar o desporto educacional. 
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c) é constitucional, pois, não havendo tratamento explícito da questão pela 
Constituição da República, o poder público tem discricionariedade para definir a 
destinação da verba. 
d) é inconstitucional, pois a Constituição da República prevê que a destinação de 
recursos públicos para o desporto contemplará exclusivamente o desporto 
educacional. 
Comentários: 
Segundo o art. 217, II, CF/88, os recursos públicos deverão ser destinados 
prioritariamente para a promoção do desporto educacional e, em casos 
específicos, para a do desporto de alto rendimento. Assim, o projeto de lei 
apresentado pelo Deputado Federal é inconstitucional. Gabarito é a letra B 
 
- Da Comunicação 
A Constituição Federal de 1988 protegeu de forma bem ampla a 
manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, 
salvaguardando-lhes de qualquer restrição ou censura de natureza política, 
ideológica e artística. Esse é exatamente o espírito do art. 220, CF/88: 
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a 
expressão e a informação, sob qualquer forma, 
processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, 
observado o disposto nesta Constituição. 
Com base nessa livre manifestação do pensamento que se consagrou a 
liberdade de imprensa, valor fundamental em um regime democrático. Nesse 
sentido, o STF entende que não é obrigatório o diploma de curso superior 
para o exercício da profissão de jornalista. Segundo a Corte Constitucional, 
³o jornalismo é uma profissão diferenciada por sua estreita vinculação ao pleno 
exercício das liberdades de expressão e de informação´�18 
Nessa linha, nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à 
plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação 
social. Há que se observar, todavia, os direitos fundamentais previstos no art. 
5º, IV, V, X, XIII e XIV. Também é vedada toda e qualquer censura de natureza 
política, ideológica e artística. 
Agora, um ponto importante. Apesar da ampla proteção à liberdade de 
manifestação de pensamento, esta não é absoluta. A própria CF/88 estabelece, 
em seus art. 220 e art. 221 algumas restrições a essa liberdade. 
 
18 RE 511.961. Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgamento em 17.06.2009. 
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A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos 
seguintes princípios (art. 221, CF/88): 
a) Preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. 
b) Promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção 
independente que objetive sua divulgação. 
c) Regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme 
percentuais estabelecidos em lei. 
d) Respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família. 
Por sua vez, o art. 220, § 3º , CF/88, dispõe que compete à lei federal: 
a) regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder 
Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se 
recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre 
inadequada. É com base nisso que, por exemplo, existe classificação 
indicativa para programas de televisão que contenham cenas de violência 
ou sexo. 
b) estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a 
possibilidade de se defenderem de programas ou programações de 
rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da 
propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à 
saúde e ao meio ambiente. 
Ainda sobre restrições à manifestação do pensamento, o art. 220, § 4º, 
estabelece que a propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, 
agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais 
e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes 
de seu uso. Nas embalagens de cigarros, por exemplo, há várias fotos com 
imagens chocantes sobre as consequência do fumo. 
Os meios de comunicação social têm um grande poder de influenciar as 
pessoas; em outras palavras, eles exercem forte impacto naquilo que se 
convencionou chamar de opinião pública. Em razão disso, a Constituição 
estabelece que os meios de comunicação social não podem, direta ou 
indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio. Além disso, também 
existem restrições à propriedade de empresa jornalística e de 
radiodifusão por estrangeiros, as quais estão previstas no art. 222, CF/88. 
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Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora 
e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há 
mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis 
brasileiras e que tenham sede no País. 
§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do 
capital votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de 
sons e imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros 
natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão 
obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da 
programação. 
§ 2º A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção da 
programação veiculada são privativas de brasileiros natos ou 
naturalizados há mais de dez anos, em qualquer meio de comunicação 
social. 
§ 3º Os meios de comunicação social eletrônica,independentemente da 
tecnologia utilizada para a prestação do serviço, deverão observar os 
princípios enunciados no art. 221, na forma de lei específica, que também 
garantirá a prioridade de profissionais brasileiros na execução de 
produções nacionais. 
§ 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nas empresas de 
que trata o § 1º. 
§ 5º As alterações de controle societário das empresas de que trata o § 1º 
serão comunicadas ao Congresso Nacional. 
 
Nota-se que a propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e 
de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há 
mais de 10 anos ou de pessoa jurídica constituída sob as leis brasileiras. 
Se a empresa jornalística ou de radiodifusão for uma sociedade, pelo menos 
70% do capital total e votante deverá pertencer a brasileiros natos ou 
naturalizados há mais de 10 anos. Em outras palavras, pode haver participação 
de capital estrangeiro em uma empresa jornalística e de radiodifusão sonora e 
de sons e imagens; todavia, a participação do capital estrangeiro deverá ser 
pequena, não excedendo 30% do capital total e votante. 
A gestão das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e 
imagens deverá, obrigatoriamente, ficar nas mãos de brasileiros natos ou 
naturalizados há mais de 10 anos. Assim, um brasileiro naturalizado há 
menos de 10 anos também não poderá participar da gestão desse tipo de 
empresa. 
No que se refere à outorga e renovação de concessão, permissão e 
autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, 
a Constituição prevê que esta compete ao Poder Executivo, observado o 
princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal. O ato 
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de outorga ou renovação somente produzirá efeitos legais após deliberação do 
Congresso Nacional. 
O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emissoras de 
rádio e de quinze anos para as de televisão. A não renovação da 
concessão ou permissão dependerá de aprovação de, no mínimo, dois quintos 
do Congresso Nacional, em votação nominal. O cancelamento da concessão 
ou permissão, antes de vencido o prazo, depende de decisão judicial. 
 
 
 
11. (FGV / XXI Exame de Ordem ± 2016) W, deputado federal pelo Estado 
Beta, proferindo discurso no Congresso Nacional, fez contundentes críticas 
DR� TXH� GHQRPLQRX� GH� ³DEXVR� PLGLiWLFR� FRQWUD� D� FODVVH� SROtWLFD´�� 1D�
oportunidade, acrescentou estar elaborando um projeto de lei ordinária 
que tem por objetivo criar regras de licenciamento (por autoridades do 
poder público), a que deverão se submeter os veículos de comunicação, 
principalmente jornais e revistas. Segundo o referido deputado, a vida 
privada dos políticos deve ser preservada, devendo, por isso, ser 
estabelecidos limites à mídia jornalística. Com relação ao projeto de lei 
ordinária idealizado pelo deputado federal W, de acordo com a ordem 
jurídico-constitucional brasileira, assinale a afirmativa correta. 
a) É constitucional, pois a preservação da intimidade e da privacidade não pode 
estar sujeita à influência das mídias e deve ser garantida, na máxima extensão 
possível, pela ordem jurídica. 
b) É inconstitucional, pois matéria referente a controle de informação somente pode 
ser objeto de iniciativa legislativa com o assentimento de dois terços dos membros 
de qualquer das Casas legislativas. 
c) É constitucional, pois se trata de aplicação de tratamento análogo àquele 
atualmente concedido às mídias jornalísticas que adotam o sistema de radiodifusão 
e de sons e imagens. 
d) É inconstitucional, pois a Constituição da República garante expressamente que 
a publicação de veículo impresso de comunicação independe de licença de 
autoridade. 
 
Comentários: 
Pessoal. Essa questão foi a cobrança do art. 220, § 1º, CF/88: ³nenhuma lei 
conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação 
MRUQDOtVWLFD�HP�TXDOTXHU�YHtFXOR�GH�FRPXQLFDomR�VRFLDO´� Nessa mesma linha, o 
art. 220, § 1º, CF/88, prevê que ³D� SXEOLFDomR� GH� YHtFXOR� LPSUHVVR� GH�
FRPXQLFDomR�LQGHSHQGH�GH�OLFHQoD�GH�DXWRULGDGH´� O gabarito é a letra D. 
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3. ORDEM ECONÔMICA FINANCEIRA 
3.1. Introdução 
A ordem econômica consiste em um conjunto de normas que regulam o sistema 
econômico do País, definindo a forma de intervenção do Estado na economia. A 
constitucionalização da ordem econômica foi um movimento que ganhou força 
com a 1ª Guerra Mundial. Em virtude daquele conflito, o Estado teve que assumir 
um papel mais ativo na regulação da economia, o que se acentuou ainda mais 
com a Crise da bolsa de Nova York (1929) e com a Segunda Guerra Mundial. 
Constata-se que a inserção da ordem econômica nos textos constitucionais foi 
uma das características da transição do Estado liberal para o Estado social. 
Dessa forma, a constitucionalização da ordem econômica é resultado do 
aparecimento da ideia de Estado de bem-estar social. 
3.2. Fundamentos e Princípios gerais da Ordem econômica 
A doutrina considera que a Constituição Federal de 1988, ao tratar da ordem 
econômica, estabeleceu princípios e soluções um tanto quanto contraditórios. Ao 
mesmo tempo em que consagra a liberdade de iniciativa, a CF/88 busca, em 
diversos momentos regulamentar a atividade econômica. Assim, liberalismo e 
intervencionismo se alternam na formulação dos princípios da ordem 
econômica, o que demonstra o resultado consensual de um debate entre as 
diversas correntes que participaram da formulação da CF/88.19 
Segundo o art. 170, CF/88, a ordem econômica, fundada na valorização do 
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social. Consagra-se a 
existência de uma economia de mercado, de índole capitalista. Isso fica claro ao 
estabelecer-se que o fundamento da ordem econômica é a livre iniciativa; com 
efeito, a livre iniciativa é característica central do sistema capitalista. 
Ao mesmo tempo, percebe-se que o art. 170, CF/88, estabeleceu que a 
finalidade da ordem econômica é promover a existência digna de todos, 
conforme os ditames da justiça social. Busca-se, assim, compatibilizar o 
desenvolvimento econômico com o princípio da dignidade da pessoa 
humana. Os princípios constitucionais da ordem econômica são os seguintes: 
 
19 MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional, 9ª edição. São Paulo 
Editora Atlas: 2010, pp. 1875-1877. 
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a) Soberania nacional. A soberania é um dos fundamentos da República 
)HGHUDWLYD�GR�%UDVLO��DUW���ž��,���$TXL��HOD�DSDUHFH�QR�VHQWLGR�GH�³VREHUDQLD�
HFRQ{PLFD´��&RP� LVVR�� R� OHJLVODGor constituinte quis deixar claro que o 
Brasil deve buscar o seu desenvolvimento e evitar a situação de 
dependência em relação aos países industrializados. 
b) Propriedade privada. A propriedade privada dos meios de produção 
é a grande característica do sistema econômico capitalista. 
c) Função social da propriedade O direito à propriedade não é 
absoluto; em outras palavras, a propriedade é garantida, desde

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