Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Comunicação e Política A vez de John Thompson a mídia e a modernidade Prof .Ms.Carlos André 2 John Thompson (1951), sociólogo americano, é um dos mais importantes representantes dos estudos de mídia na atualidade. Desenvolveu trabalhos sobre o papel da mídia na Modernidade, a estruturação dos escândalos políticos nas sociedades midiatizadas e sua visibilidade. 3 Podemos afirmar que a visibilidade (i.e., o caráter de ser visto em público) mudou muito com a chegada da imprensa – e, em seguida, dos meios de comunicação eletrônicos. É isso que veremos agora, pois houve uma verdadeira “transformação na natureza da visibilidade e na sua relação com o poder” (THOMPSON, 1998, p. 109). 4 Essa modificação pode ser compreendida quando levamos em conta a dicotomia público/privado, pois ela interfere no pensamento e no fazer político. Thompson (1998): o significado de público se liga ao domínio e poder político institucional, que se encarnava cada vez mais naquilo que chamamos, modernamente, de Estado. Já privado, por sua vez, vincula-se às atividades econômicas e relações pessoais que fugiam ao domínio político. 5 Domínio privado: Em linhas gerais, ele se refere às organizações como as empresas que operam na busca de lucros e também às relações familiares. Por outro lado, o domínio público abarca instituições estatais, como os ministérios, e as paraestatais e organizações econômicas do Estado, como empresas nacionais – a exemplo da Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), estatal de economia mista. 7 Empresa paraestatal é uma pessoa jurídica de direito privado criada por lei e que, por isso, não tem o lucro como finalidade essencial. Portanto, seu funcionamento está amparado em dispositivos legais, e ela se dedica, por exemplo, a atividades de ensino a determinados grupos sociais. O Serviço Social da Indústria (Sesi), o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) são exemplos de paraestatais. 8 No que diz respeito a público, o termo também significa “aberto, acessível ao público”, “visível”, “observável”, “realizado em frente a espectadores”, “aberto a todos”. Já o sentido de privado liga-se ao “que se esconde da vista dos outros”, “dito ou feito em privacidade”, “em segredo”, “em círculo restrito”. 9 Publicidade tradicional de copresença – Thompson denomina essa situação de publicidade tradicional de copresença. O que isso significa? Basicamente, que o poder real era público, isto é, apresentava-se como forma visível a todos na praça, e, ao mesmo tempo, os participantes dividiam um espaço em comum. 10 Os jornais rompem com toda essa estrutura, e, com isso, surgem novas formas de publicidade. “A característica fundamental dessas novas formas é que, com a extensão da disponibilidade oferecida pela mídia, a publicidade de indivíduos, ações ou eventos não está mais limitada à partilha de um lugar comum”. 11 Com o advento dos jornais, houve imediatamente a separação do compartilhamento do espaço. Por exemplo: um comício político podia ser lido a quilômetros de distância de sua ocorrência. Isso significa que, por mais simples que pareça, na verdade, o surgimento da mídia impressa rompe o compartilhamento de tempo e espaço. O evento é usufruído na sua dimensão semiótica, isto é, a partir das fotografias e palavras, que são representações do ocorrido. Por isso, o fato político passa a se tornar público a indivíduos que não estavam fisicamente no local. Ademais, a interação face a face, que tanto caracterizava o modelo anterior, é substituída, em parte, pelos jornais. 13 Podemos dizer que a TV renova o nexo entre visibilidade e publicidade, que havia sido perdido, por exemplo, com os jornais impressos. Outra das características desse meio é que ele aumenta o número de indivíduos com acesso às imagens, atingindo escala global. Além disso, a TV “cria um campo de visão completamente diferente do campo de visão que os indivíduos têm com os outros em seus encontros diários”. 14 As novas interações sociais, constituídas pela mídia, elaboram um novo tipo de poder que se vincula à visibilidade, ao ato de ser visto. O político precisa, por exemplo, construir sua reputação nos meios de comunicação que podem, por outro lado, destruí-la. 15 Esse autor propõe o princípio do Pluralismo Regulado, uma “estrutura institucional que abriga e garante a existência de uma pluralidade de independentes organizações de mídia” (THOMPSON, 1998, p. 207). O Pluralismo Regulado propõe a descentralização dos recursos destinados às empresas de comunicação e a separação da mídia do poder estatal.
Compartilhar