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RESUMO DIREITO CONSTITUCIONAL PARA AV1, AV2 E AV3

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DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
 
 
2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DO AUTOR: JOÃO BATISTA CALDEIRA DE OLIVEIRA JÚNIOR 
 
É Mestre em Direito pela UNESP (Universidade Estadual Paulista) – Franca -
Analista judiciário da Justiça Federal em Ribeirão Preto, 12° Subseção Judiciária - 
(Tribunal Regional Federal da 3º Região). Foi pesquisador-bolsista junto à 
FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). É Professor 
universitário. Professor de Cursos de Graduação e Pós-graduação (Direito 
Constitucional – Direito da Informática – Direito Administrativo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 CONCEITOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
QUE VOCÊ PRECISA SABER 
 
SUMÁRIO 
 
CAPÍTULO I – CONSTITUIÇÃO E PRINCÍPIOS – DIREITOS 
FUNDAMENTAIS 
 
1. Direito Constitucional. Conceito e Objeto............................................ 
2. Constituição e acepções........................................................................ 
3. Constituição e Elementos....................................................................... 
4. História Constitucional - breves apontamentos: a experiência brasileira.. 
5. Teoria dos Direitos Fundamentais............................................................ 
6. Interpretação constitucional: os novos métodos ..................................... 
 
 
 
CAPÍTULO II – ESTRUTURA DO ESTADO BRASILEIRO 
 
 7. Princípios constitucionais fundamentais.................................................. 
 8. Princípios constitucionais da Administração Pública............................. 
 9. Legislativo, Executivo e Judiciário........................................................... 
10. Processo legislativo................................................................................. 
 
 
CAPÍTULO III – PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE ECONÔMICA 
 
 11. Finanças públicas e sua organização constitucional ...................................... 
12. Princípios gerais da atividade econômica............................................. 
13 Atividade do Estado no domínio econômico......................................... 
14. Sistema financeiro brasileiro.............................................................. 
 
 
 
CAPÍTULO IV – ORDEM SOCIAL E PRINCÍPIOS CORRELATOS 
 
15. Seguridade Social ......................................................................................... 
16. Saúde................................................................................................ 
17. Previdência social.............................................................................. 
18. Assistência social...................................................................................... 
19. Educação, cultura e desporto.......................................................... 
20. Meio ambiente na constituição de 1988 ........................................... 
 
 
CAPÍTULO V –REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................. 
 
CAPÍTULO I – CONSTITUIÇÃO E PRINCÍPIOS – DIREITOS 
FUNDAMENTAIS 
 
 
1 Direito Constitucional. Conceito e Objeto 
 
O que é o Direito Constitucional? 
 
A noção de Direito Constitucional enquanto terminologia ou acepção 
jurídica, como hoje conhecemos, remonta, na verdade, a segunda metade do século 
XVIII em França. A Constituição, destarte, passa a ser objeto de estudo na 
escolástica francesa e, então, é difundida para todo o mundo esta terminologia. 
 
O Direito Constitucional reflete a ideia de verdadeira somatória de 
normas e princípios jurídicos de estruturação do poder político e estrutura do 
Estado bem como delineação e limites de sua presença frente aos direitos humanos 
fundamentais e suas garantias. Tais normas, por serem estruturais, qualificam-se 
por “supremas” no âmbito de todo ordenamento jurídico. Como consequência de 
suas características ínsitas faz parte do ramo do Direito Público por excelência. 
 
O objeto do Direito Constitucional constitui-se no estudo “sistematizado” 
da Constituição enquanto norma jurídica fundamental (“suprema”) de estrutura. A 
partir deste esboço pode-se partir para o estudo da verticalização das normas, da 
estrutura do poder, dos princípios, das liberdades públicas das instituições estatais, 
etc. 
 
Constitucionalismo 
 
O que se entende por constitucionalismo? 
 
Lembrando Karl Loewenstein (Teoria de la Constitución) Dirley da Cunha 
Jr assevera que a origem do constitucionalismo remonta à antiguidade clássica. 
Trata-se de verdadeiro “movimento” cujo objetivo é a delimitação do poder 
estabelecido. O conceito estaria atrelado “à noção de importância da Constituição, 
na medida em que é através da Constituição que aquele movimento pretende 
realizar o ideal de liberdade humana com a criação de meios e instituições 
necessárias para limitar e controlar o poder político...”. Canotilho refere-se a 
“movimentos constitucionais”. Bulos nos apresenta duas noções. Num sentido 
mais amplo apresenta-se o constitucionalismo como “fenômeno” relacionado ao 
fato do Estado concebe uma constituição em “qualquer época da humanidade”, sob 
qualquer regime político. Num sentido restrito é concebido como verdadeira 
“técnica jurídica” de tutela das liberdades. 
 
 
Objetivos 
 
Resumidamente, dois objetivos fundamentais: a) a limitação da 
arbitrariedade e poder para preservação dos direitos e garantias fundamentais; b) 
prestigiar as constituições genericamente que serviriam de “instrumentos” de 
organização dos poderes políticos e do próprio Estado. 
 
Constitucionalismos moderno, contemporâneo e do futuro 
 
O que se entende por constitucionalismo moderno? 
 
Transcorridas as fases da antiguidade e medieval chagamos ao 
constitucionalismo moderno que é aplicado como resultado dos movimentos do 
final do século XVIII (movimentos políticos, jurídicos, culturais), como diz 
Canotilho. A consequência direta e imediata desta onda renovatória é a 
confirmação de vetores principiológicos relativos aos direitos e garantias 
fundamentais que passariam a ser adotados nos textos de vários Estados. 
 
Pedro Lenza lembra que dois são os marcos do constitucionalismo da 
modernidade: a) a Constituição norte-americana de 1787 e ; b) a francesa de 1791. 
Neste contexto, afrontado o absolutismo, os fortes ideais iluministas fizeram surgir 
como inexorável consequência a Declaração Universal dos Direitos do Homem e 
do Cidadão de 1789. O “povo”, agora, passaria a legítimo titular do poder. 
 
 
O que se entende por constitucionalismo contemporâneo 
(Neoconstitucionalismo)? 
 
O constitucionalismo contemporâneo projeta-se no momento agora 
vivenciamos. Bulos aponta duas concepções. Num primeira consistindo no modelo 
de Estado de Direito. Tem como características: a) força vinculante; b) supremacia 
diante do sistema de fontes de Direito; c) eficácia e aplicabilidade de maneira 
integral do texto constitucional; d) evitabilidade das lacunas “sobreinterpretação”. 
Numa segunda linha de raciocínio: “denomina-se constitucionalismo o conjunto 
de concepções oriundos de uma nova Teoria do Direito”. São objetivos desse novo 
paradigma: o respeito maior aos princípios relativamenteàs normas, maior 
ponderação do que subsunção, intensificação do direito constitucional, evitando-se 
os conflitos inócuos, ativismo judicial, preponderância axiológica com afastamento 
dos chamados “dogmas e axiomas” fechados às discussões. 
 
Daniel Sarmento apresenta-nos, em síntese, as principais mudanças 
paradigmáticas que colaboraram para esse movimento: 
 
 
“a) reconhecimento da força normativa dos princípios jurídicos e 
valorização da sua importância no processo de aplicação do Direito; 
b) rejeição ao formalismo e recurso mais freqüente a métodos ou "estilos" 
mais abertos de raciocínio jurídico: ponderação, tópica, teorias da argumentação 
etc.; 
c) constitucionalização do Direito, com a irradiação das normas e valores 
constitucionais, sobretudo os relacionados aos direitos fundamentais, para todos 
os ramos do ordenamento; 
d) reaproximação entre o Direito e a Moral, com a penetração cada vez 
maior da Filosofia nos debates jurídicos; e 
e) judicialização da política e das relações sociais, com um significativo 
deslocamento de poder da esfera do Legislativo e do Executivo para o Poder 
Judiciário.” 
 
O que se entende por constitucionalismo do futuro? 
 
Consiste numa acepção apresentada por Uadi Lammêgo Bulos , citando 
José Roberto Dromi, resulta num “aperfeiçoamento de um conjunto de idéias” que 
passaram por uma valorização no âmbito do processo evolutivo. É a esperança por 
um futuro mais promissor. Cita o autor que o alívio imediato para os males em 
geral da humanidade é seguir o Evangelho de Jesus. Trata-se de buscar nas bases 
cristãs (independentemente da religião) ideais de ética, moral, solidariedade, 
universalidade, entre outros. Nesse sentido também, entre outros doutrinadores, 
Pedro Lenza faz também menção ao Dromi. 
 
2 Constituição e acepções 
 
O que se entende por Constituição? 
 
A palavra “constituição” advém do verbo latino constituere que significa 
estabelecer em definitivo. A ideia de lei fundamental que organiza e estrutura o 
Estado começa a ser vivenciada após a independência das colônias da Inglaterra na 
América culminando, em 1787, com a formação dos Estados Unidos e, em 1789, 
com a Revolução Francesa. 
 
 O termo “constituição”, numa visão mais ampla, já era abrangido pela 
chamada Ciência Política e mesmo o Direito podendo ser analisado num espectro 
que vai da Antiguidade à concepção do Estado Moderno. Em realidade assume 
diversos significados (do etimológico ao político – Constituição do Estado). Essa 
pluralidade de acepções ficou recentemente firmada no próprio Supremo 
Tribunal Federal, na ADIn 595-2/ES, rel. Min. Celso de Mello). 
 
 
Diversos também são os sentidos que a doutrina clássica elenca como 
elementos de compreensão da fenomenologia constitucional, quais sejam: 
 
Conceito sociológico de constituição: (Ferdinand Lassalle), na segunda 
metade do século XIX, vislumbra a constituição como fruto de uma realidade 
(constituição real) proveniente do seio da sociedade. Para Lassalle é a Constituição 
consequência da soma de forças reais do poder e não uma folha de papel. 
Influência do comunismo. Fala-se, desta forma, em Constituição sociológica. 
 
Conceito político de constituição: (Carl Schmitt) segundo a qual seria 
“um conjunto de normas que dizem respeito a uma decisão política fundamental” 
de um povo. Nesse sentido, para ele, a matéria que não se referisse aos direitos 
fundamentais, órgãos estatais, estrutura do poder seria considerada lei 
constitucional, mas não Constituição. O contexto histórico é a segunda grande 
guerra mundial. Influência do Nazismo. É a noção de Constituição política. 
 
Conceito jurídico de constituição: (Hans Kelsen) para quem a 
Constituição deveria ser analisada sobre outra abordagem, notadamente levando-se 
em conta dois sentidos fundamentais: o lógico-jurídico em que a Constituição 
como norma hipotética fundamental. Imaginando-se uma pirâmide essa norma 
ocuparia o ápice. Assim. É o fundamento de validade das demais normas. No 
sentido jurídico-positivo a Constituição é a norma posta superior às demais do 
ordenamento jurídico. É a Constituição jurídica. 
 
Outros sentidos: há outros diversos designativos apontados em doutrina 
tais como Constituição jusnaturalista, marxista, positivista, culturalista, plástica, 
dirigente, etc. 
 
 
3 Constituição e Elementos 
 
Quais os elementos das constituições? 
 
Na visão clássica de José Afonso da Silva, que lembra-nos a divergência 
doutrinária a respeito do tema, podem ser observados cinco elementos nas 
constituições: 
 
1. ELEMENTOS ORGÂNICOS: contidos nas normas que organizam a 
estrutura do Estado bem como os “poderes estatais”. (ex: artigo 2º que fala da 
separação dos poderes; Titulo III (Organização do Estado), IV (Poderes), 
 
Capítulos II e III do Título V (Forças Armadas e Segurança Pública) e VI que 
organiza a Tributação e o Orçamento; 
2. ELEMENTOS LIMITATIVOS: contidos nas normas que delimitam 
o poder estatal. São os direitos fundamentais expressos ou não numa constituição. 
Todo artigo que prevê direitos são limitativos. (ex: artigo 5º da CF/88); 
3. ELEMENTOS SÓCIOIDEOLÓGICOS: são aqueles que fixam uma 
ideologia estatal (ex: artigo 4º que fixa os princípios que regem as relações 
internacionais). Aqueles que contém normas socioideológicas objetivando um 
“compromisso” das constituições modernas referentemente ao que se designa por 
“Estado individualista” e “Estado Social” dirigente. (ex: Direitos sociais e Ordem 
Econômica e Financeira); 
4. ELEMENTOS DE ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL: São os 
elementos que buscam o equilíbrio e harmonização em caso de “conflitos 
constitucionais”. Objetivam proteger a constituição, o Estado e instituições 
democráticas. (ex: Intervenção, artigos 34 a 36, o Estado de defesa (artigo 136) e o 
Estado de sítio (artigo 137 e ss), a ação de inconstitucionalidade, o processo de 
emendas à Constituição. 
5. ELEMENTOS FORMAIS DE APLICABILIDADE: aqueles que 
preveem as regas para a aplicação das constituições. (preâmbulo ; §1° do artigo 
5°; artigos 59 a 69). 
 
Estrutura das constituições 
 
 
O que se entende por estrutura das constituições? 
 
A estrutura de uma constituição pode ser concebida como um verdadeiro 
“esqueleto”, como menciona Uadi Lâmmmego Bulos, logo, elemento de 
sustentação fundamental, como um alicerce de todo o ordenamento. Não obstante 
a tentativa dos estudiosos da matéria em apresentar uma forma “standart” para esse 
arcabouço, que remonta as constituições da segunda metade do Século XVIII, 
depreende-se que este formato ficará na dependência do ordenamento jurídico de 
cada realidade estatal. No caso brasileiro podem-se destacar os seguintes elementos 
de estrutura: a) preâmbulo – como vetor principiológico; b) Normas 
constitucionais centrais – as que se encontram no âmago da Constituição; c) 
disposições constitucionais gerais – são normas constitucionais de complemento ao 
texto central; d) atos das disposições constitucionais transitórias; (nesse sentido: 
Uadi Lammêgo Bulos). 
 
 
 
 
 
 
4 História Constitucional - breves apontamentos: a experiência brasileira 
 
Qual a História da Constituição Brasileira? 
 
Constituição de 1824 
 
Na medida que Napoleão invadia Portugal, em 1808, com a transferência 
da realeza para as terras brasileiras vai se formando um novo contexto fático, qual 
seja, a concretização da colonização. A colônia de Portugal passaria a ser chamada 
de Reino Unido a Portugal e Algarves. As ordenações do Reino ainda vigoravam. 
 
Em seguida, após a declaração da nossa independência em 7 de setembro 
de 1822 éconvocada por Dom Pedro I uma “Assembleia Constituinte com 
aspectos liberais. Não obstante é, logo em seguida, dissolvida por divergências, 
prevalecendo o autoritarismo. Nasce desse precedente, finalmente, em 25 de março 
de 1824 a primeira Constituição brasileira, outorgada, portanto. Nascia a 
Constituição do Império. Características: Estado unitário, Governo monárquico, 
centralização administrativa e política (Poder Moderador), previa a preservação de 
alguns direitos individuais (artigo 179), entre outras. 
 
Constituição de 1891 
 
Tendo por Relator Rui Barbosa a Constituição de 24 de fevereiro de 1891 
adota um regime representativo, governo presidencialista, forma de Estado Federal 
e republicano. Foi a primeira Constituição Republicana. Teve vigência até 1930. 
Houve forte influência do pensamento norte-americano e do positivismo. 
Características: extinção do Poder Moderador, forma de Governo representativo, 
abolição de religião oficial, adoção do bicameralismo, sufrágio direto, rigidez 
constitucional, declaração de direitos, no judiciário, o órgão máximo passa a ser 
designado por Supremo Tribunal Federal. 
 
Constituição de 1934 
 
Com a ruptura da república (“república velha”), em 1930, Getúlio Vargas 
chega ao poder de forma revolucionária. Grandes transformações são 
testemunhadas em nível nacional e internacional (Crise de 1929 – “grande 
depressão”). Como resultado da crise e de fortes movimentos sociais, influenciada 
pela Constituição de Weimar na Alemanha (1919), ocorre a promulgação do 
texto constitucional de 1934, com características socialistas (democracia social). 
Podemos citar neste contexto histórico-social a 2° geração dos direitos humanos. 
Características: Teve vigência curta (até a Constituição de 1937), foi preservada a 
inexistência de religião oficial, a forma de governo e regime dotados de 
 
representatividade, é mantida a clássica teoria de Montesquieu da tripartição dos 
poderes, criação do Ministério Público, bicameralismo desigual, com 
preponderância da Câmara dos Deputados, rigidez constitucional, declaração de 
direitos, criação do mandado de segurança e ação popular. 
 
 
Constituição de 1937 
 
A chamada “Carta Polaca” foi outorgada por Vargas para o combate 
imediato das ideias socialistas. teve influência da Carta Polonesa fascista, de 1935 
e também de acontecimentos diversos na sociedade como a “intentona comunista” 
de 1935, que pretendia a tomada do poder e a derrubada de Vargas. Era o início da 
ditadura (“Estado Novo”). Características: Governo Republicano, Estado federal, 
o Estado continuava laico (sem religião oficial), manutenção da tripartição dos 
poderes mas que, na prática, perderam sua funcionalidade, sufrágio indireto, na 
proposta, o Senado Federal deixaria de existir. Após, foram dissolvidos a Câmara 
bem como o Senado, além das Assembleias e Câmaras dos municípios. O 
Presidente passava, agora, expedir decretos-leis, sendo a maior autoridade do 
Estado (“autoridade suprema do Estado”). Referente à declaração de direitos não 
se apresentava mais a previsão de mandado de segurança ou de ação popular. A 
pena de morte era prevista para crimes políticos, para certos tipos de homicídios. O 
“estado de emergência” foi decretado com a consequente suspensão dos direitos e 
garantias individuais. Criação do Tribunal de Segurança Nacional. 
 
 
Constituição de 1946 
 
Considerando a queda de Getúlio Vargas, em 18 de setembro de 1946 foi 
promulgada a “Constituição dos Estados Unidos do Brasil”. O contexto histórico 
abrange o final da segunda Guerra Mundial em que houve participação brasileira 
no conflito. Abre-se um processo de redemocratização no País. Características: o 
texto busca a retomada das idéias liberais da Constituição de 1891 bem como do 
ideal social da Carta de 1934, há o retorno da figura do Vice-Presidente, 
bicameralismo, foi instituído o parlamentarismo após o afastamento do Presidente 
Jânio Quadros, expansão dos poderes da União, criação da Justiça Trabalhista e do 
Tribunal Federal de Recursos, melhor estrutura dos Municípios. Houve a vedação 
expressa das penas de morte, salvo exceções previstas, de banimento, perpétua e de 
confisco. Na prática, não obstante, o foi pouco efetiva. 
 
 
 
 
 
 
Constituição de 1967 
 
Após o golpe militar de 1964, com a queda de Jango acusado de idéias 
comunistas, o Congresso Nacional é literalmente “fechado” em 1966 somente 
tendo retomado suas atividades com o AI 4/66 que foi o ato que culminou com a 
aprovação da Constituição de 1967. Características: foi outorgada pela ditadura 
que se instalara. A forma de governo permanecia republicana e o Estado era uma 
Federação. No entanto como narrado pela doutrina de modo geral, na prática, o 
federalismo havia sofrido severo “golpe”. Não havia religião oficial. A tripartição 
de poderes era prevista, mantendo-se, destarte, as idéias de Montesquieu. Foram 
suspensos os direitos individuais, além dos políticos. 
 
 
Constituição de 1988 
 
A atual Constituição foi promulgada em 5 de outubro de 1988. O 
Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro José Carlos Moreira Alves 
acompanhou a implantação dos trabalhos. Fatos no cenário internacional estavam 
em franca “ebulição” tais como a queda “do muro de Berlim”, símbolo do 
socialismo. As esperanças para “mudanças” estavam no ar em diversos países. 
Apelidada “constituição cidadã” em função de inúmeros dispositivos protetivos 
dos direitos individuais e sociais. Segundo moderna doutrina surgia para nós uma 
das Constituições mais “bem-intencionadas” que acabou sendo considerada 
“prolixa” por diversos aspectos como, por exemplo, por excesso de zelo no 
sentido das tutelas individuais prevendo situações que, evidentemente, poderiam 
ser objeto de regulamentação por normas “inferiores”. Características: elaborada, 
de início, com 245 artigos apresentava-se com estrutura inédita com previsão de 
princípios fundamentais, alocou a ordem econômica em título específico e 
destacado das demais matérias, criou também o STJ, os Tribunais Regionais 
Federais, o Mandado de Segurança Coletivo, entre outras tutelas individuais e 
coletivas. A república constitucional e o sistema presidencialista de governo foi 
preservado, após o primeiro plebiscito do Brasil (artigo 2° ADCT). A Constituição 
de 1988 foi influenciada pela Constituição de Portugal, de 1976. É democrática e 
liberal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 Teoria dos Direitos Fundamentais 
 
O que podemos entender por Direitos Fundamentais? 
 
Os Direitos Fundamentais são o conjunto de instrumentos normativos, 
principiológicos, deveres e prerrogativas que objetivam a tutela dos indivíduos 
frente à atividade e poder do Estado. Podemos nos referir aos Direitos 
Fundamentais em diversos designativos. São conhecidos em doutrina como 
direitos humanos, liberdades públicas (expressão surgida em França, no século 
XVIII – expressamente utilizada na Constituição de 1793), direitos naturais, 
direitos humanos, etc. Importante salientar, todavia, que em doutrina (Bonavides, 
por exemplo) há quem fale em “promiscuidade” na utilização das acepções como 
sinônimas, ressalvando que a “expressão direitos fundamentais parece ficar 
circunscrita à preferência dos publicistas alemães”. 
 
Na Constituição Federal, os Direitos Fundamentais, enquanto gênero, 
podem ser encontrados no Título II nos seguintes tópicos: a) direitos e deveres 
individuais e coletivos; b) direitos sociais; c) direitos de nacionalidade; d) direitos 
políticos; e) partidos políticos; 
 
Um dos marcos relevantes que parte da doutrina aponta como sendo o 
início dos direitos fundamentais foio cristianismo (Kildare). Nas parábolas de 
Cristo Jesus afirmava, discorrendo sobre o reino de Deus, “a César o que é de 
César e a Deus os que é de Deus”. Mas o universalismo dos Direitos Fundamentais 
foi efetivamente garantido a partir da Revolução Francesa de 1789, com influência 
de Rousseau (Contrato Social) e o Jusnaturalismo. 
 
Os Direitos se distinguem das chamadas Garantias. Rui Barbosa já se 
preocupava com a questão. Basicamente os direitos têm conteúdo declaratório. Por 
seu turno a garantia tem o objetivo de assegurar, garantir o direito. Por exemplo: há 
norma constitucional garantidora da liberdade de locomoção. Como conferir 
eficácia a essa norma? Através de uma garantia (habeas corpus). 
 
Teoria Geral dos Direitos Fundamentais: é a sistematização da somatória de 
conceitos, ideias, das diversas classificações das liberdades públicas trazendo como 
vetor axiológico básico a dignidade da pessoa humana. 
 
Quais são os Direitos Fundamentais previstos na Constituição de 1988? 
 
Os direitos fundamentais, como já delineado pelo próprio Supremo 
Tribunal Federal, estão espargidos no texto constitucional. Dessa forma, não 
obstante expressa previsão do legislador no Título II do texto constitucional que 
 
os classifica em grupos distintos, podemos encontrá-los em outros tópicos da 
Carta. Assim temos, objetivamente, depreendendo-se do referido título: a) direitos 
e deveres individuais e coletivos; b) os direitos sociais; c) os direitos relativos à 
nacionalidade; d) os referentes aos partidos políticos; e) os direitos políticos; 
 
Que são normas supralegais? 
 
Os Direitos Fundamentais também podem ser trazidos para a Constituição 
através da aprovação de tratados internacionais que versem sobre os “Direitos 
Humanos”. Terão força normativa constitucional uma vez incorporados, seguindo 
o procedimento para aprovação das emendas constitucionais. São equivalentes às 
emendas constitucionais. Pergunta-se: E se não foi observada a aprovação segundo 
o procedimento das emendas? Terão, ainda, esse tônus? Recentemente o Supremo 
Tribunal Federal decidiu que serão consideradas normas supralegais, mas serão 
hierarquicamente inferiores à Constituição (Pacto de San Jose da Costa Rica – 
Questão do Depositário Infiel). 
 
Características dos Direitos Fundamentais: resumidamente, os Direitos 
Fundamentais apresentam os seguintes qualificativos: 
 
a) Indivisíveis: no sentido de que são direitos que merecem tratamento 
isonômico e não fragmentário; 
b) Historicidade: são direitos que evoluíram na medida do transcorrer dos 
tempos; 
c) Universais: uma vez que “ultrapassam” limites geográficos e de soberanias; 
d) Irrenunciáveis: na medida de sua indisponibilidade; 
e) Imprescritíveis: não há como conceber Direitos que sejam “Fundamentais” 
e que submetem ao crivo da prescrição; 
f) Relativos: não obstante haver quem defenda que o princípio da dignidade 
da pessoa humana seria um direito absoluto, o fato é que não existem, 
segundo grande parte da doutrina direitos ou garantias que sejam 
eminentemente “absolutas” sob todos os enfoques; assim, por exemplo a 
pena de morte no Brasil em que é admitida em caso de guerra declarada 
(crimes de guerra). 
g) Concorrentes: pois há a possibilidade de utilização simultânea dos Direitos 
Fundamentais; 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dimensões dos Direitos Fundamentais 
 
O que se entende por Dimensões dos Direitos Fundamentais? 
 
Os Direitos Fundamentais, considerando a evolução das liberdades 
públicas ao longo de processos históricos mais ou menos bem identificados de 
humanização sofridos pelas sociedades de modo geral, podem ser analisados sob a 
perspectiva dimensional que foram assumindo. Bobbio faz menção aos períodos de 
claridade ou “zonas de luz” referindo às “Eras” de direitos. Por outro lado, fala-se 
em dimensões preferindo-se modernamente à expressão gerações de direitos: 
a) Direitos de primeira dimensão: que assinalam a evolução de um 
Estado autoritário para um Estado chamado “de direito”. Os fatos 
históricos apontados como marcantes dessa fase são a Magna Carta, de 
1215, a paz de Westfália (1648), o “habeas corpus act” (1679 ), o “Bill 
of Rights” (1688), a declaração americana (1776), a revolução francesa, 
dentre outros. O destaque, aqui, são para os direitos individuais 
(Bonavides). “Os direitos de primeira geração são os direitos da 
liberdade..”. 
b) Direitos de segunda dimensão: referem-se, principalmente, aos direitos 
sociais frutos de conquistas revolucionárias (Revoluções Industriais), a 
partir do século XIX firmando-se, porém, no século XX. Segundo 
Bonavides também fazem parte destes direitos os culturais, econômicos 
e os direitos das coletividades. Existe a imposição para o Estado de 
realizar algo. Exemplos: direito à educação, à moradia, à saúde, etc. 
Fala-se em prestações positivas no sentido social (Bulos). Podem ser 
citados os seguintes fatos históricos: a Constituição mexicana (1917), a 
de Weimar, na Alemanha (1919), o tratado de Versalhes (1919), entre 
outros. 
c) Direitos de terceira dimensão: são os relacionados aos direitos de 
solidariedade e fraternidade (Karel Vasak). Tais direitos têm sido 
prestigiados nas constituições positivadas do mundo todo (exemplo: 
Chile, Brasil, Coreia, etc); Bonavides, que fala em “geração, citando 
Vasak, elenca cinco direitos da fraternidade: 1. O direito ao 
desenvolvimento; 2. O direito à paz.; 3. O direito ao meio ambiente; 4. 
O direito de propriedade; 5. O direito de comunicação. 
d) Direitos de quarta dimensão: são os direitos dos povos no ambiente ou 
contexto de globalização. São os relativos à informática, às bio-ciências 
clonagem, etc. (Bulos). Já para Bonavides, os Direitos de quarta 
dimensão merecedores de destaque são 1. A democracia; 2. O direito à 
informação; 3. Pluralismo. Segundo esse autor esse direitos 
“compendiam o futuro da cidadania o porvir da liberdade de todos os 
povos”. 
e) Direitos de quinta dimensão: os que correspondem à paz. 
 
Qual o objetivo dos Direitos Fundamentais? 
 
Os Direitos Fundamentais, enquanto “direitos dos homem”, nas palavras 
de Norberto Bobbio, já no introito de sua clássica obra “A Era dos Direitos” são 
erigidos a uma categoria de supremacia. Nesse sentido: “O reconhecimento e a 
proteção dos direitos do homem estão na base das Constituições democráticas 
modernas. A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o reconhecimento a 
efetiva proteção dos direitos do homem em cada Estado e no sistema 
internacional” e mais adiante: “o processo de democratização do sistema 
internacional, que é o caminho obrigatório para a busca do ideal da “paz 
perpétua”, no sentido Kantiano da expressão, não pode avançar sem uma 
gradativa ampliação do reconhecimento e da proteção dos direitos do homem”. 
 
 
O que se entende por eficácia dos Direitos fundamentais? 
 
Em primeiro plano os Direitos Fundamentais apresentam uma eficácia 
chamada vertical no sentido que o Estado “deve” regulamentar situações no 
sentido Estado-particular. Assim, a Constituição deve primar, por exemplo, pelo 
Direito Fundamental de não interferência em nossa vida ou propriedade privada. 
 
De outro lado, quando a relação jurídica se trava entre particulares fala-se 
em relação de horizontalidade (particular-particular) ou eficácia horizontal. 
Recentemente o Supremo Tribunal Federal julgou caso, por exemplo, de uma 
pessoa que fora excluída de uma associação. RE 201.819. Pode ser ainda: mediata 
ou indireta: a que se refere ao legislador infraconstitucional. Direta ou imediata: 
os Direitos fundamentais são aplicados diretamente ao particular. 
 
Quem são ostitulares dos Direitos fundamentais? 
 
Não obstante a Constituição anunciar como titular de Direitos 
Fundamentais a pessoa natural (brasileiros e estrangeiros), no artigo 5° do texto 
constitucional, Ingo Wolfgang Sarlet ressalva que “a determinação da 
titularidade”... “de direitos fundamentais não pode ocorrer de modo prévio para os 
direitos fundamentais em geral, mas reclama identificação individualizada, à luz de 
cada norma de direito fundamental e das circunstâncias do caso concreto...”. 
 
E os animais são titulares de Direitos fundamentais? 
 
Não obstante doutrina minoritária observar um avanço nesse sentido, o 
Supremo Tribunal Federal e a grande maioria da doutrina entende que os animais 
não detém a titularidade destes direitos. São considerados “objeto” de Direito. Mas 
 
a Constituição Federal tutela os animais. Inadmissível a crueldade com relação aos 
animais nos dias atuais. 
 
6 Interpretação constitucional : os novos métodos interpretativos 
 
Qual a diferença de interpretação e hermenêutica? 
 
A interpretação e hermenêutica apresentam fundamentos distintos segundo 
a doutrina constitucionalista. Luiz Roberto Barroso ensina que a hermenêutica 
tem como marco inicial o estudo de “princípios gerais de interpretação” da bíblia 
sagrada (textos sagrados). Somente, a posteriori, essa terminologia passou para a 
filosofia, ciência e, por fim, chegou ao Direito. 
 
Por outro lado, a chamada interpretação jurídica “consiste na atividade de 
revelar ou atribuir sentido a textos ou outros elementos normativos... notadamente 
para o fim de solucionar problemas. Trata-se de uma atividade intelectual 
informada por métodos, técnicas e parâmetros que procuram dar-lhe legitimidade, 
racionalidade e controlabilidade”. 
 
A interpretação constitucional distingue-se da interpretação geral ante a 
suas vicissitudes. É que, como diz Barroso, a “interpretação constitucional 
compreende um conjunto amplo de particularidades, que a singularizam no 
universo da interpretação jurídica”. Nesse sentido, são peculiaridades do direito 
constitucional: normas superiores (referentemente ao seu status jurídico), são 
normas que trazem vagueza de conteúdo já que albergam conceitos indeterminados 
e vetores principiológicos, são normas (referente ao objeto) que tratam da 
organização e estrutura dos poderes, da definição de direitos fundamentais, são 
normas que estabelecem “programas” (normas programáticas). Por fim, são 
normas que contém abordagens de ordem política; 
 
Bulos conceitua hermenêutica constitucional como sendo “a ciência que 
estuda a interpretação das constituições” distinguindo da exegese ou interpretação 
constitucional que seria, na sua visão, o “ato de se pôr em prática as criações 
hermenêuticas”. Já a interpretação constitucional é o “ato de descortinar o 
sentido, significado e alcance das normas constitucionais, tomando como base 
métodos, princípios e técnicas científicas de exegese desenvolvidas pela 
hermenêutica”. 
 
No que se refere aos métodos que são as formas, os meios, as técnicas para 
a atividade interpretativa Canotilho em sua clássica obra “Direito Constitucional” 
já mencionava os métodos (jurídico, tópico problemático, hermenêutico-
concretizador, o científico-espiritual e a metódica jurídica normativo-estruturante). 
 
Lembra-nos esse autor que o “método justo” em direito constitucional constitui 
tema de muita controvérsia. 
 
Quais são os métodos clássicos de interpretação constitucional? 
 
Podemos, em síntese, declinar os mais importantes métodos que, ao longo 
do tempo, vêm sendo utilizados, 
1. Gramatical ou literal ou semântico: concentra-se na análise dos 
textos, no âmbito da sua literalidade; 
2. Lógico: busca a coerência, a racionalidade e a harmonização entre as 
normas constitucionais; 
3. Sistemático: objetivando encontrar o sentido da norma levando-se em 
conta sua contextualização e inserção num plano sistemático. Há nesta 
atividade a preocupação da observância do conjunto sistêmico. 
4. Histórico: levando em consideração fatores e episódios que levaram à 
elaboração da norma; 
5. Teleológico ou sociológico: visando os fins que a norma pretende 
alcançar uma vez presente no ordenamento jurídico constitucional; 
6. Doutrinário: que observa a posição da doutrina a respeito da temática 
apresentada; 
7. Evolutivo: referindo-se à mutação constitucional; 
 
 
Quais são os métodos modernos de interpretação constitucional? 
 
Os chamados “métodos modernos” de interpretação indicados por 
renomados doutrinadores pátrios, em realidade, já haviam sido observados, entre 
outros, por Canotilho (Direito Constitucional). Foram estruturados com o objetivo 
de “suprir” a clássica metodologia na atividade interpretativa. Essa observação 
crítica também é apontada na doutrina de Uadi Lammêgo Bulos. Nesse sentido: 
“os métodos modernos de interpretação constitucional nada mais são do que uma 
releitura de velhos artifícios hermenêuticos com nova roupagem, de modo a ser 
adaptarem às exigências das constituições modernas”. 
 
Paulo Bonavides, em seu turno, tece severa crítica aos modernos métodos 
de interpretação “a moderna metodologia de interpretação da Constituição ampliou 
demasiadamente a importância do fato político ao ocupar-se da matéria social, 
empobrecendo assim a consistência jurídica da Constituição normativa ou 
conduzindo-a a um estado de crie e carência que se avizinha da desintegração”. 
Nada obstante seguem seu curso (como aliados aos tradicionais métodos 
engendrados por Savigny) no intuito de alcançar o sentido, a concretude da norma. 
 
 
 
 
Destarte, sinteticamente, temos os seguintes métodos “modernos”: 
1. Tópico-problemático: considerando-se a constituição como sistema 
aberto, busca a descoberta mais apropriada na solução concreta de um 
caso. (topoi: esquemas de pensamento, raciocínio, argumentação, 
lugares comuns, pontos de vista comuns – Canotilho). Segundo esse 
método o intérprete parta da análise do caso concreto (problema) para a 
norma objetivando a fundamentação decisória. 
2. Hermenêutico-concretizador: em que o texto normativo deve ser lido 
a partir da “pré-compreensao” do seu sentido. Diferente do primeiro 
método que parte do “problema”, este método parte da constituição para 
o caso concreto (problema), mas este problema é enfrentado a partir de 
uma compreensão anterior. O que Canotilho chama de “pré-
compreensão” do intérprete referem-se aos pressupostos da atividade 
interpretativa: a) subjetivos levando em conta o intérprete 
desempenhando um papel “criador”; b) objetivos referindo-se ao 
“contexto” e a atividade de intermediação entre texto e o caso ou 
situação. Fala-se, destarte, em círculo hermenêutico, pois na atividade 
da aplicação da norma ao caso concreto há um retorno à norma a partir 
desta prévia análise cognitiva. 
3. Científico-espiritual: segundo esse método a atividade deve ser 
elaborada levando em consideração premissas como a observância de 
um sistema de valores, da realidade constitucional, fruto de um 
processo de integração. O intérprete deve estar “sensível” (Canotilho 
fala em “captação espiritual” do conteúdo axiológico da Constituição) 
relativamente à dinâmica e mutação da realidade. No mesmo sentido: 
Rudolf Smend. Do ponto de vista sociológico pode-se dizer que há um 
“retorno” às idéias de Ferdinand Lassalle (conceito sociológico de 
Constituição). 
4. Normativo-estruturante: segundo o qual traz a tarefa de investigação 
da relação entre a norma e a realidade em concreto. Não deve o 
intérprete dissociar-se dessa relação. Citando Friedrich Muller, 
Canotilho conclui que “o texto de um preceito jurídico positivo é apenas 
a parte descobertado icebergnorrmativo”. Assim, a interpretação 
constitucional seria apenas a “ponta” do iceberg já que existe o 
chamado “âmbito normativo” que deve ser considerado pelo intérprete. 
Nesse sentido, além do texto normativo constitucional o intérprete 
deverá considerar também outros aspectos como valores sociais, 
momento histórico, contextualizações econômicas, etc. 
 
Outros princípios 
 
Segundo Gilmar Mendes , citando Hesse e Canotilho, temos: 
 
 
Princípio da unidade da Constituição: segundo o qual a norma 
constitucional não deve ser considerada “fora do sistema” em que se integra. No 
escopo de aplicação do referido princípio poderá o intérprete se valer de 
expedientes tais como a “descoberta de lacunas axiológicas”, por exemplo. 
Princípio da correção funcional: consistente em mais um critério 
paradigmático da atividade de exegese. Nesta atividade deve se evitar a deturpação 
ou inobservância do sistema de repartição de funções entre os órgãos e pessoas 
com previsão no texto da Constituição. 
Princípio da concordância prática: de aplicabilidade quando 
deparamos com “conflitos” entre as normas da Constituição. Fala-se em 
uma “conciliação” entre as pretensões do intérprete em dar efetividade às 
normas constitucionais. 
 
 
Os métodos clássicos de interpretação constitucional são dispensáveis ante aos 
modernos métodos hermenêuticos (neoconstitucionaismo)? Não, são 
complementares. Os primeiros restaram insuficientes às exigências modernas para 
a concretização dos princípios estabelecidos no texto constitucional. 
 
“Canotilho, ao se referir à interpretação constitucional, esclarece que “no 
caso de dúvida deve preferir-se a interpretação que reconheça maior eficácia aos 
direitos fundamentais” 
 
Peter Häberle discorre sobre a chamada “sociedade aberta de intérpretes” 
em que, sinteticamente, afirma que qualquer agente social poderia exercer a 
atividade interpretativa. Conforme ensina Lenio Luiz Streck: “Embora Häberle 
não utilize uma abordagem que tenha na reconstrução dos paradigmas filosóficos a 
sua questão central, penso que a sua obra trás à lume a superação do esquema 
sujeito-objeto, isto porque, para ele, nem o Estado tem o monopólio e nem o 
“intérprete” (sujeito). Nada mais, nada menos do que a assunção do paradigma da 
intersubjetividade. E isso quer dizer: caminho para a democracia”. 
 
 
Quais os princípios instrumentais de interpretação? 
 
Segundo Luiz Roberto Barroso os chamados princípios instrumentais de 
interpretação devem conter certas premissas relativas aos conceitos, à metodologia, 
à finalística e que precedem a atividade intelectiva do exegeta. Nesse sentido, são 
citados os seguintes princípios: 
1. Princípio da supremacia da Constituição: por força desse vetor 
constitucional nenhuma norma do ordenamento pode subsistir se não 
tiver como fundamento de sua validade o texto constitucional. A 
 
Constituição, pois, está hierarquicamente superior sobre as demais 
normas pertencentes ao sistema jurídico normativo. 
2. Princípio da presunção de constitucionalidade das leis e atos 
normativos: as leis e atos normativos gozam da presunção de validade. 
Nas palavras de Luiz Roberto Barroso “a presunção de 
constitucionalidade é uma decorrência do princípio da separação dos 
poderes” num Estado constitucional democrático de direito. Opera 
como verdadeiro fator de “autolimitação da atuação judicial”. 
3. Principio da interpretação conforme a Constituição: objetiva-se que 
haja preservação da validade de determinadas normas em que haja 
suspeição de inconstitucionalidade. “como técnica de interpretação, o 
princípio impõe a juízes e tribunais que interpretem a legislação 
ordinária de modo a realizar, de maneira mais adequada, os valores e 
fins constitucionais”. 
4. Princípio da unidade da Constituição: já citado por Gilmar Mendes e 
Canotilho, parte do pressuposto que a Constituição é a responsável por 
conferir unidade em todo o sistema jurídico. Ela é o fundamento de 
validade de todo o ordenamento jurídico. 
5. Princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade: é um dos mais 
importantes. Este princípio não está previsto expressamente no texto. 
Exige-se do intérprete “prudência”. Permite que o Judiciário “invalide” 
atos legislativos ou administrativos. Deve ser verificada a necessidade e 
a adequação, evitar resultados que sejam mais gravosos se há a 
possibilidade de chegar ao objetivo através de meios menos gravosos 
(vedação do excesso), o juiz também pode “graduar o peso da norma” 
como cita Barroso. Exemplo: direito de liberdade de religião x direito à 
vida no caso das testemunhas de Jeová. Segundo o Supremo Tribunal 
Federal extrai esse princípio do princípio do devido processo legal (no 
sentido material). 
6. Princípio da efetividade: partindo do pressuposto a “escada ponteana” 
que analisa “planos” das normas jurídicas, quais sejam, planos da 
existência, da validade e da eficácia. A efetividade seria um quarto 
desdobramento na apreciação das normas. Em síntese, diz Barroso, 
“efetividade significa a realização do Direito”. O intérprete deverá 
assumir “compromisso” com a efetividade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO II – DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
 
7 Princípios constitucionais fundamentais 
 
Qual o conceito de princípio? 
 
O professor José Afonso da Silva assevera que conceituar princípio traz 
certa dificuldade posto que “a palavra é equívoca. Aparece em diversos sentidos”. 
Bonavides, após larga digressão do processo evolutivo das acepções da palavra 
princípio entende que “os princípios são as normas-chaves de todo o sistema 
jurídico...”. Nesse sentido, os princípios acabam irradiando uma forte carga 
axiológica (valores) adotada pela sociedade. 
 
Qual a diferença entre princípio e regra constitucional? 
 
O princípio, consoante relata Kildare, citando Guilherme Peña e Canotilho, 
apresenta elevado grau de abstração. A regra apresenta reduzido grau de abstração 
e generalidade. Ambos seriam espécies de normas jurídicas. Canotilho acrescenta o 
grau de determinabilidade segundo o qual os princípios seriam vagos e 
indeterminados e, portanto, careceriam de mediação que os concretize. Já as regras 
podem ser aplicadas diretamente. O autor supramencionado ressalva o fato de que 
ao alto grau de abstração dos princípios não significa que são necessariamente 
sempre imprecisos ou sempre e inteiramente genéricos. 
 
Barroso, por sua vez, apresenta-nos oito dos critérios mais comuns, sob o 
aspecto doutrinário, para a distinção: a) conteúdo (maior proximidade dos 
princípios dos valores e do Direito); b) origem e validade (nos princípios são 
decorrentes do próprio conteúdo); c) compromisso histórico (os princípios são 
dotados do caráter de universalidade, absolutos); d) função no ordenamento (os 
princípios apresentam função explicativa e justificante relativamente às regras); e) 
estrutura linguística (os princípios são mais abstratos que as regras); f) esforço 
interpretativo exigido (é muito mais exigível em relação aos princípios do que para 
as regras); g) aplicação; h) (in) determinação de efeitos (as regras tem já 
preestabelecidos, de logo, efeitos . 
 
Qual a localização no texto constitucional dos princípios fundamentais e qual 
sua importância? 
 
Estão previstos no Título I da Constituição Federal (artigos 1° ao 4°). Eles 
apresentam fundamental importância na medida que orientam a ação dos Poderes 
do Estado estabelecendo limitações na sua atuação. Kildare menciona que 
possuem também a função teleológica ou diretiva. Para Bulos “Os princípios 
 
constitucionais fundamentais são diretrizes imprescindíveis à configuraçãodo 
Estado...”. Os princípios fundamentais objetivam, portanto: a) a garantia da 
unidade constitucional brasileira; b) a orientação do intérprete e c) a preservação 
do Estado Democrático de Direito. 
São princípios previstos nos artigos 1° e 2°: 
1. Princípio republicano; 
2. Princípio federativo; 
3. Princípio do Estado Democrático de Direito; 
4. Princípio da soberania; 
5. Princípio da cidadania; 
6. Princípio da dignidade da pessoa humana; 
7. Princípio dos valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa; 
8. Princípio do pluralismo político; 
9. Princípio representativo; 
10. Princípio da separação dos poderes; 
 
Importante salientar que há também os princípios que regulam as relações 
internacionais da República do Brasil tais como: independência nacional, 
prevalência dos direitos humanos, autodeterminação dos povos, não-intervenção, 
igualdade entre os Estados, defesa da paz, e outros previstos no artigo 4° do texto 
constitucional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 Princípios constitucionais da Administração Pública 
 
Quais os princípios gerais que regem a Administração Pública? 
 
Os princípios constitucionais são dotados de alta significância, trazendo 
conteúdo axiológico de relevância quando se trata de Administração Pública. 
Nesse sentido o Professor Hely Lopes Meirelles os evoca na elaboração do 
conceito de Direito Administrativo como sendo o “conjunto harmônico de 
princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas 
tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo 
Estado”. A Constituição Federal da República prevê tópico específico ao tratar da 
temática. No Capítulo VII – Da Administração Pública, do Título III – Da 
Organização do Estado, no artigo 37, estão previstos expressamente os seguintes 
princípios: 
 
1. Princípio da legalidade 
 
O princípio da legalidade, consoante explica Hely Lopes Meirelles , 
consiste no fato de que o administrador público, na prática de sua atuação 
administrativa, está sempre sujeito aos ditames da norma bem como às exigências 
do bem da coletividade. A inobservância do referido comando leva à invalidade do 
ato, surgindo consequências jurídicas graves para o infrator, dependendo do caso, 
tais como: responsabilização no âmbito civil, criminal, administrativo, etc. A 
CF/88 consagra também esse princípio de forma genérica, no artigo 5°. Assim: 
“Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude 
de lei (art. 5.º, inc. II, da CF)”. Trata-se, em realidade, de verdadeira garantia aos 
administrados porque a Administração Pública só poderá agir se fundada em 
critérios pré-estabelecidos na norma. A doutrina, de forma geral, aponta como 
desdobramentos desse princípio a legalidade penal (tecnicamente chamada de 
princípio da reserva legal- artigo 1° CP e art. 5.º, inc. XXXIV), a legalidade 
tributária (artigo 150, inc. I CF/88), etc. 
 
2. Princípio da impessoalidade 
 
O princípio da impessoalidade é mais um dos princípios previstos no artigo 
37 “caput” da CF/88. Por isso chamado “expresso”. Segundo lembra-nos Hely 
Lopes Meirelles, esse princípio também é conhecido por princípio da finalidade e 
que determina ao administrador público a prática do ato administrativo sempre 
com escopo de se atingir o seu “fim legal”. É dizer, o ato deve existir para cumprir 
sempre o fim legal para qual foi criado, ou seja, atingir o interesse público ou da 
coletividade, sob pena de o administrador incorrer em desvio de finalidade, o que 
 
tornará o ato inválido (nulo). A lei 9.784/99 aborda o referido princípio. A 
propósito, vide artigo 2° parágrafo único. 
 
3. Princípio da moralidade 
 
 O princípio da moralidade é o terceiro princípio previsto na 
Constituição Federal de forma expressa. Trata-se de um comando elaborado pelo 
legislador determinando uma lisura na atuação administrativa. Não deve, portanto, 
o administrador público desviar-se do atendimento aos interesses públicos nem 
afastar-se do paradigma da moral, ética e boa-fé, sob pena do surgimento de um 
ato absolutamente inválido (ilegal). Hely Lopes Meirelles lembra, por fim, que “o 
dever de probidade está constitucionalmente integrado na conduta do 
administrador público como elemento necessário à legitimidade de seus atos”. A 
lei 8.429/92 trata da prática de atos de improbidade administrativa. Por outro lado, 
o CNJ, relativamente ao nepotismo, vem trazendo importantes regras de 
moralização em determinados cargos e funções públicas como lembra-nos Pedro 
Lenza. 
 
4. Princípio da publicidade 
 
O princípio da publicidade consiste num dos mais importantes princípios 
expressos a regerem a Administração Pública. Meirelles assim define a publicidade 
exigida na Administração: “é a divulgação oficial do ato para o conhecimento 
público e início de seus efeitos externos”. “...é requisito de eficácia e moralidade”. 
A publicidade, portanto, tem por escopo fundamental propiciar uma maior 
transparência da atividade pública, facilitando, desta forma, sua fiscalização por 
todos. A publicidade guarda estreita relação com a ideia de controle. Nesse 
sentido: artigo 5°, inciso XXXIII da CF/88, que discorre a respeito do direito à 
obtenção de informações e certidões. 
 
Esse princípio comporta algumas exceções como, v.g., certas investigações 
policiais (artigo 20 do CPP), as ações submetidas a segredo de justiça. Maria 
Sylvia Zanella Di Pietro relaciona alguns incisos do artigo 5° da CF/88 que têm 
direta relação com o princípio da publicidade, tais como: LX, XIV, XXXIII, 
LXXII, XXXIV. A propósito importante também salientar o advento da Lei n. 
12.527/2011 que prevê o direito de todos de receber dos órgãos públicos 
informações de seu interesse. 
 
5. Princípio da eficiência 
 
Esse princípio expressamente consignado na CF/88 foi trazido pela 
Emenda Constitucional 19/98, que tratou da Reforma Administrativa. Significa, 
em resumo, que a prática da atividade pela Administração deve sempre primar pela 
 
maximização de rendimento com a minimização de custos. Exige esse princípio, 
por parte da Administração, maior efetividade na prestação dos serviços, na busca 
por atingir os fins para qual foi criada, ou seja, deve atingir o interesse público. 
 
9 Legislativo, Executivo e Judiciário 
 
Como se dá a organização do Poder Legislativo? 
 
Preferindo a denominação “função”, José Afonso da Silva assevera que “A 
função legislativa de competência da União é exercida pelo Congresso Nacional, 
que se compões da Câmara dos Deputados e do Senado Federal”. Adotado o 
sistema bicameral. Em seu turno, Uadi Lammêgo Bulos destaca o “princípio da 
divisão funcional do Poder”. A relevância temática é tão importante que a 
Constituição proíbe proposta de emenda que busque abolir a separação de poderes. 
Este autor destaca que o poder político sendo uno acaba desempenhando 
“funções”, ressalvando que “o que existe, em verdade, é uma separação de 
funções estatais”. 
 
Nos termos do Art. 2º da Constituição temos que “ São Poderes da União, 
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. 
Em conclusão podemos afirmar existem “funções” e “órgãos”. As funções podem 
ser típicas ou atípicas segundo a doutrina. (por exemplo: o Poder Legislativo tem 
a função típica legiferante, ou seja, de elaboração das normas e fiscalizatória do 
Executivo, nos termos dos artigos 61 e 70 e função atípica quando está exercendo 
a administração bem como julgamentos, nos termos dos artigos 51, IV e 52 XIII. 
 
No artigo 48 e ss. podemos encontrar a previsão a respeito das atribuições 
do Congresso Nacional.O artigo 51 determina a competência privativa da Câmara 
dos Deputados e o artigo 52 destaca a do Senado Federal. 
 
No Poder legislativo Federal há a previsão do sistema bicameral como já 
adiantado acima. Já nos demais âmbitos há o unicameralismo (Estado, 
Municípios e Distrito Federal). 
 
Teorias 
 
Das inúmeras teorias e teóricos que estudaram a organização dos Poderes 
merece lembrado, notadamente em razão da forte influência nas Cartas brasileiras, 
Charles-Louis de Secondat (1689-1755) conhecido como Montesquieu e autor da 
obra “O espírito das leis (1748)” apresentando a conhecida teoria da separação dos 
Poderes em que estes conviveriam de forma harmoniosa e independentes 
reciprocamente. Não obstante, Bulos observa que a teoria de Montesquieu deve 
 
ser relativizada justamente por força das funções atípicas que têm assumido. Assim 
fala-se em “Legislativo julgador”, em “Executivo legislador” e Judiciário 
Legislador. Salienta, outrossim, que no Neoconstitucionalismo ou 
constitucionalismo contemporâneo o princípio da separação de poderes passa a 
ser considerado como um “direito fundamental”, uma vez que os Poderes do 
Estados estariam a “serviço” das liberdades públicas, dos direitos humanos e 
das garantias fundamentais. 
 
Como o Poder Executivo é regulamentado no texto constitucional? 
 
O poder Executivo tem previsão na Constituição a partir do artigo 76 que 
determina que “O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, 
auxiliado pelos Ministros de Estado”. Nosso sistema de governo é presidencialista, 
portanto. Na figura do Presidente da República estarão concentras as funções de 
chefe de Estado e de Governo. 
 
 Lembrando que a regra é válida para o Executivo federal. Evidentemente 
referida fórmula se irradia para os demais níveis da Federação. Fala-se em 
princípio da simetria ou princípio da parametricidade ou paralelismo. Assim, 
o Poder Executivo Estadual será exercido precipuamente pelo Governador. O 
artigo 84 dispõe sobre a competência constitucional privativa do Presidente da 
República. 
 
 
Como se dá a organização do Poder Judiciário? 
 
 A função judiciária ou jurisdicional como prefere José Afonso da Silva 
tem previsão no texto constitucional do artigo 92 ao 126. Trata-se de monopólio 
do Poder Judiciário, nos termos do artigo 5°, XXXV da Constituição. Silva lembra 
que a “sentença” é um ato jurisdicional típico deste Poder. 
 
Quais são os órgãos da função jurisdicional? 
 
Nos termos do artigo 92 são órgãos da função jurisdicional : I - o Supremo 
Tribunal Federal; I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004); II - o Superior Tribunal de Justiça; III - os 
Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - os Tribunais e Juízes do 
Trabalho; V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares; 
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. 
 
 
 
 
 
10 Processo legislativo 
 
Qual o conceito de processo legislativo? 
 
José Afonso da Silva conceitua o processo legislativo da seguinte forma: 
“conjunto de atos (iniciativa, emenda, votação, sanção, veto) realizados pelos 
órgãos legislativos visando a formação de leis constitucionais, complementares e 
ordinárias, resoluções e decretos legislativos”. 
 
O processo legislativo brasileiro abrange a elaboração das seguintes 
espécies normativas (artigo 59): I - emendas à Constituição; II - leis 
complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; 
VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Está previsto na Seção VIII do Titulo 
IV (Da Organização dos Poderes) que sofreu recentemente alteração por força da 
Emenda Constitucional n° 80 de 4 de Junho de 2014. 
 
Segundo doutrina Kildare Gonçalves Filho “o processo legislativo é 
fenômeno específico do Poder Legislativo, e envolve um conjunto de regras às 
quais o legislador deve obedecer para a elaboração de lei”. 
 
No âmbito do processo legislativo o regimento interno das Casas 
Legislativas (Câmara dos Deputados e Senado Federal ). Nesse sentido Raul 
Machado Horta, citado por Kildare. 
 
Quais são os atos do processo legislativo? 
 
Os atos do processo legislativo são, em síntese: 
 
1. Iniciativa legislativa; 
2. Emendas; 
3. Votação; 
4. Sanção; 
5. Veto; 
6. Promulgação da lei; 
7. Publicação da lei 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO III – PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE ECONÔMICA 
 
 
11 Finanças públicas e sua organização constitucional 
 
Quais os fundamentos constitucionais do sistema econômico na Constituição 
Federal de 1988? 
 
As finanças públicas estão sistematizadas no Título VI – que trata da 
Tributação e do Orçamento, no Capítulo II, a partir do artigo 163. Prevê a 
Constituição que a Lei Complementar deverá dispor sobre essa temática. O texto 
constitucional, na lição de José Afonso da Silva, é explícito ao afirmar que a 
ordem econômica é fundada na “valorização do trabalho humano e na iniciativa 
privada”. Há a consagração, na Constituição, de uma economia de mercado com 
natureza eminentemente capitalista mas que ao mesmo tempo valoriza o trabalho 
humano relativamente aos demais fundamentos da economia de mercado. 
 
Qual o fim da ordem econômica? 
 
Nos termos da Constituição Federal brasileira, a finalidade da ordem 
econômica é garantir existência digna, consoante os “ditames da justiça social”, 
com a observância dos princípios albergados no artigo 170 (tópico 12 abaixo); 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 Princípios gerais da atividade econômica 
 
Quais são os princípios da ordem econômica? 
 
Os princípios da ordem econômica, previstos a partir do artigo 170 da 
Constituição Federal de 1988, no Título VII (DA ORDEM ECONÔMICA E 
FINANCEIRA), no Capítulo I, como nos lembra Pedro Lenza, podem ser 
elencados da seguinte forma: 
1. Soberania nacional: tem como referencial o artigo 1°, I que o erige à 
categoria de fundamento da República Federativa; a soberania 
relaciona-se com o status de independência estatal, no sentido 
econômico. O objetivo é o resguardo da nossa economia frente aos 
outros Estados. 
2. Propriedade privada: A Carta de 1988 assegura expressamente a 
propriedade privada como como direito fundamental, nos termos do 
artigo 5°, XXII.; 
3. Função social da propriedade: nos termos do texto constitucional a 
propriedade privada é um direito fundamental. Mas como todos os 
demais é relativizado uma vez que deve atender sua função social 
(artigo 5°, XXXIII); 
4. Livre concorrência: corolário da livre-iniciativa, a livre concorrência 
tem previsão expressa na Constituição. O Estado por imposição do 
legislador constituinte reprimirá, através da lei, o abuso de poder 
econômico que objetive à dominação de mercados, também que vise à 
eliminação da concorrência e o aumento arbitrário dos lucros, nos 
termos do §4°, artigo 173. Vale lembrar, que a Lei n. 12. 529/2011 
regulamenta e estrutura o chamado Sistema de Defesa da 
Concorrência- SBDC. Referido Sistema é formado pelo CADE 
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Antes do advento da 
norma supramencionada, a lei 8.884/94 já havia instituído o órgão 
(revogada pela nova lei). Hoje o CADE é uma Autarquia Federal de 
regime especial. Além do CADE o SBDC também é constituído pela 
Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda 
conhecida pela sigla SEAE. A referida lei prevê a partir do seu artigo 
31 as infrações contra a ordem econômica. há a previsão de diversas 
sanções. Os valores arrecadadosde multa são revertidos ao fundo de 
defesa dos interesses difusos. 
5. Defesa do consumidor: também previsto como direito fundamental 
(artigo 5° XXXII) busca-se a tutela do consumidor numa relação 
jurídica em que e considerado vulnerável (princípio da vulnerabilidade). 
Essa proteção conta, outrossim, com o chamado microssistema de 
 
defesa do consumidor pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei. n. 
8078/09; 
6. Defesa do meio ambiente: no ambiente da atividade econômica o 
legislador constitucional preocupou-se com a questão do 
“desenvolvimento sustentável” garantindo-se, nos termos do artigo 225 
que “todos têm direito ao meio ambiente “ecologicamente equilibrado”, 
bem de uso comum do povo (trata-se de um direito difuso) sendo 
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações”. 
7. Redução das desigualdades sociais: nos termos do Art. 3º do texto 
constitucional vemos que: “Constituem objetivos fundamentais da 
República Federativa do Brasil: III - erradicar a pobreza e a 
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;”. 
Destarte, consoante lembra Pedro Lenza este princípio “é implementado 
por diversos instrumentos, como a criação de regiões administrativas 
(artigo 43), a lei que institui o plano plurianual (art. 165 § 1°)...” entre 
outros. 
8. Busca do pleno emprego: Em linguagem econômica significa que está 
em pleno uso dos meios e fontes produtivas (capacidade ocisosa de 
produção nula). Juridicamente: significa busca ou geração de mais 
empregos ou melhores empregos da população economicamente ativa. 
Há a consagração da valorização do trabalho do homem. 
9. Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte: com 
previsão no artigo 179 do texto as microempresas e empresas de 
pequeno porte recebem um tratamento jurídico distinto e diferenciado 
relativamente às demais realidades jurídicas empresariais. O Estado se 
vale desse expediente de forma a propiciar mecanismos de incentivo 
dessas empresas visando a possibilidade de que as mesmas possam 
concorrer no “Mercado”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 Atividade do Estado no domínio econômico 
 
Nas palavras de José Afonso da Silva, nos artigos 170 a 192 são 
encontradas as “bases constitucionais’ de todo o sistema econômico. O Capítulo I, 
do Título VII, trata dos chamados “princípios gerais da ordem econômica”, o II 
discorre sobre a “Política Urbana”; o Capítulo III regulamenta a Política Agrícola e 
Fundiária e também a Reforma Agrária no Estado; o Capítulo, IV, por fim, 
estrutura o Sistema Financeiro Nacional. 
 
Segundo o autor supramencionado a ordem econômica alcançou dimensão 
jurídica com a sistematização das Constituições que passaram a estruturá-la. Foi a 
Constituição de 1934 a primeira a consagrar os princípios bem como normas 
específicas sobre a ordem econômica. Vale lembrar a forte influência da 
Constituição de Weimar. Busca-se na atuação estatal a reorganização no sentido 
econômico relativamente à atuação abrangente em desprovida de certas balizas em 
função do liberalismo vigente neste contexto histórico. Daí falar-se, hoje, em 
constituição econômica. 
 
O que se entende por constituição econômica? 
 
Citando Vital Moreira, José Afonso da Silva assinala que “a constituição 
econômica formal, como objeto do Direito Constitucional positivo, consiste não 
num conceito autônomo de constituição ao lado da constituição política, mas, sim, 
no conjunto de normas desta que, “garantindo os elementos definidores de um 
determinado sistema econômico, estabelece os princípios fundamentais de 
“determinada forma de organização e funcionamento da economia”. Nesse sentido: 
Kildare Gonçalves Carvalho que também discorre sobre a temática da constituição 
econômica, entre outros. 
 
Como se dá a atividade do Estado no domínio econômico? 
 
Resumidamente, pode-se afirmar que a atuação estatal no domínio econômico 
depende de alguns conceitos prévios, consoante lembra José Afonso da Silva. É dizer, 
vigora entre nós por força do texto constitucional princípios como o da propriedade 
privada e livre concorrência (artigo 170). Por exceção admite-se a exploração da 
atividade econômica pelo Estado de maneira direta (artigo 173). Disso decorre que nossa 
Constituição é capitalista. Não obstante a constatação dessa realidade ela está aberta às 
transformações sociais “com base em alguns instrumentos e mecanismos sociais e 
populares...”. 
 
Os conceitos prévios ao entendimento de como o Estado atua na economia 
podem ser sintetizados a partir da distinção entre serviços púbicos e atividades 
econômicas. Enquanto esta última se regulamenta tendo por base a livre iniciativa 
 
com atuação de empresários (administradores da empresa privada) o serviço 
público é, por essência, uma atividade do Estado. A partir dessas premissas duas 
realidades estatais empresariais operam: a) as empresas prestadoras ou 
exploradoras de serviços públicos (exemplo, Metrô) e as empresas que exploram a 
atividade econômica (exemplo: Banco do Brasil). As empresas estatais, portanto, 
se distinguem tendo em vista o regime jurídico adotado. 
 
As realidades jurídicas estão nitidamente diferenciadas no texto 
constitucional, nos artigos 173 e 175. Vejamos: 
 
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de 
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da 
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. 
 
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de 
economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou 
comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)... 
 
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de 
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. 
 
 
 
Ilícitos econômicos 
 
Ilícitos econômicos ou ilícito econômico: só existe quando houver abuso. O 
Estado tem o dever de fiscalizar e reprimir o abuso de Poder Econômico. (artigo 173 § 
4). 
Algumas causas: 
a) eliminação da concorrência; 
b) dominação de um mercado relevante; 
c) aumento arbitrário dos lucros. 
 
Exemplos 
 
Dumping, cartel (trust), Free Ridding, rente Seeking, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 Sistema financeiro brasileiro 
 
 Dispõe o artigo 192 que O sistema financeiro nacional, estruturado de 
forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses 
da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas 
de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre 
a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram. 
 
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN): é um conjunto de entes e 
sistemas que determinam as políticas e práticas financeiras do mercado interno. 
Um destes entes é o CMN (Conselho Monetário Nacional) 
 
O sistema financeiro pátrio tinha regramento constitucional que acabou 
sofrendo revogação por força da Emenda Constitucional n° 40, de 2003. Kildare 
doutrina que o objetivo da nova redação do dispositivo busca “viabilizar” e 
facilitar a elaboração e aprovação de normas que estruturem o sistema financeiro 
brasileiro. Importante frisar, por outro lado, que um dos temas recorrentes 
relativamente ao sistema financeiro é a disciplina do Banco Central. BACEN: É 
um ente do CMN e integra o SFN (sistema financeironacional). 
 
Atividade financeira: é o objeto do chamado direito financeiro. Vem 
tratada por diversos institutos do SFN e regulamentada pelo CMN. Sentido amplo: 
trata-se de toda e qualquer relação financeira relevante para o CMN e para o SFN” 
(ex: relações bancárias de bancos privados, operações de seguro e resseguro, 
financiamento bancário, entre outros). 
 
Crítica 
 
Uadi Lâmmego Bulos adjetiva como “pomposo” e “confuso” o Capítulo 
que trata do sistema financeiro nacional “só serviu para demonstrar a prolixidade e 
perda de tempo. É inteiramente inútil tal sistematização, até porque tudo ficou a 
cargo da lei complementar. 
 
Jurisprudência do Supremo Tribunal: 
 
“A norma do § 3º do art. 192 da Constituição, revogada pela EC 40/2003, 
que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicação condicionada à 
edição de lei complementar.” (Súmula Vinculante 7.) (Súmula 648.) 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO IV – ORDEM SOCIAL E PRINCÍPIOS CORRELATOS 
 
15 Seguridade Social 
 
Qual a estrutura da ordem social no texto constitucional? 
 
“A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o 
bem-estar e a justiça sociais” ( previsão contida no Título VIII, Capítulo I da 
Constituição Federal). “A seguridade social prevista no art. 194 da CF/1988, 
compreende a previdência, a saúde e a assistência social, destacando-se que as 
duas últimas não estão vinculadas a qualquer tipo de contraprestação por parte dos 
seus usuários, a teor dos artigos 196 e 203, ambos da CF/1988. Característica esta 
que distingue a previdência social das demais subespécies da seguridade social, 
consoante a jurisprudência desta Suprema Corte no sentido de que seu caráter é 
contributivo e de filiação obrigatória, com espeque no art. 201, todos da CF/1988.” 
(RE 636.941, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 13-2-2014, Plenário, DJE de 4-4-
2014, com repercussão geral.) 
 
A Constituição Federal, no Título VIII (OrdemSocial), (arts. 193 a 232) de 
forma estruturada apresenta a organização temática abordando a seguridade 
social, a saúde, a previdência social, a assistência social. Em seguida trata da 
educação, cultura e desporto. Também aborda a questão da ciência e tecnologia, 
do meio ambiente, da família, da criança, do adolescente, do jovem e do idoso. 
Por fim, com o Capítulo VIII trata dos índios. 
 
Qual o conceito de seguridade social? 
 
Para Sérgio Pinto Martins “é um conjunto de princípios, de regras e de 
instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos 
contra as contingências que os impeçam de prover suas necessidades pessoais 
básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos Poderes Públicos e 
da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à 
assistência social”. 
 
Referentemente à seguridade social podemos citar os principais princípios 
(expressos e implícitos) que servirão de vetores aos operadores do Direito. Dentre 
eles destacam-se, segundo Sérgio Pinto Martins: o princípio da igualdade, da 
legalidade, do solidarismo, da universalidade, da uniformidade e equivalência, da 
seletividade, das distributividade, da irredutibilidade do valor dos benefícios, da 
equidade na participação do custeio, da diversidade das bases de financiamento, do 
caráter democrático e descentralizado da administração, da preexistência do 
custeio em relação aos benefícios ou serviços. 
 
16 Saúde 
 
Quais os fundamentos constitucionais do Direito à saúde no texto 
constitucional? 
 
A Constituição Federal prevê como direitos sociais a educação, a saúde, a 
alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a 
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma 
desta Constituição (Art. 6º ). Por outro lado, o artigo 23 dispõe ser da 
competência de todos os entes políticos da federação, no termos do inciso II : 
“cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas 
portadoras de deficiência”. No mesmo sentido de tutela dispõe o artigo 24 que trata 
da competência legislativa concorrente (inciso XII). Em nível municipal também 
existe disposição expressa no inciso VII do artigo 30. 
 
Ainda, enquanto instrumento de defesa na sistemática constitucional 
positiva o artigo 34 prevê até mesmo hipótese de intervenção se não houver 
aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, 
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento 
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. 
 
Já no Título VIII (Da Ordem Social), ao falar da seguridade social, a 
Constituição prevê que a proteção à saúde faz parte da sistemática constitucional 
no sentido de que ela compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos 
Poderes Públicos e da sociedade em geral. Nesse sentido, nos termos do artigo Art. 
196 A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas 
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos 
e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, 
proteção e recuperação. Enquanto dever estatal também lhe compete (artigo 197) 
as ações, serviços, regulamentação, controle, etc. (artigo 200). 
 
Características 
 
São diretrizes constitucionais referentemente à saúde (SUS – Sistema 
Único de Saúde) : a) descentralização, com direção única em cada esfera de 
governo; b) atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, 
sem prejuízo dos serviços assistenciais; c) participação da comunidade. 
 
O Plenário do STF, por sua vez, no julgamento da ADI 3.510, declarou a 
constitucionalidade do art. 5º da Lei 11.105/2005 (Lei de Biossegurança), por 
entender que as pesquisas com células-tronco embrionárias não violam o direito à 
vida ou o princípio da dignidade da pessoa humana. (artigo 199 § 4°). 
 
17 Previdência social 
 
Qual a sistemática do regime geral da Previdência Social? 
 
Nos termos da sistematização constitucional a “previdência social será 
organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação 
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial...” 
 
A previdência social deverá atender os seguintes postulados: 
 
“I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; 
 
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; 
 
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; 
 
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa 
renda; 
 
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro 
e dependentes..” 
 
Quais os regimes de previdência social? 
 
Os regimes de previdência social são: 
1. Geral: é o previsto no artigo 201 e 202 da Constituição Federal; 
2. Próprio (dos servidores públicos): com previsão nos artigos 39 e 40, 
além de normas infraconstitucionais; 
3. Próprios (relativo aos Militares); 
 
Nos parágrafos do artigo 201 podemos extrair diversos regramentos. Nesse 
sentido, dentre outras regras: 
a) vedação de “adoção de requisitos e critérios diferenciados para a 
concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência 
social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que 
prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados 
portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar”; 
 b) Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o 
rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao

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