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aula 6 F.H.T.M. S.S

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Aula 6 :
Fundamentos H.T.M.S.S III
Aula 6 :
Nesta aula, iremos estudar as principais categorias da análise marxista sobre a sociedade capitalista. Marilda Iamamoto e Raul de Carvalho, no livro “Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica”, de 1979, apresentam o referencial teórico do materialismo histórico-dialético do marxismo ao Serviço Social. No primeiro capítulo desta obra, que é um marco na história do Serviço Social, eles apresentam uma “Proposta de Interpretação Histórico-Metodológica” sobre o modo de produção capitalista. Abordaremos nesta aula uma explicação sobre o modo de produção capitalista e a reprodução das relações sociais; o capital como relação social, o significado do trabalho, o conceito de lucro, mais-valia. Também abordaremos o conceito de classe social, de burguesia e proletariado, e luta de classes. Este trabalho é resultado de um projeto de pesquisa vinculado ao CELATS sobre a História do Serviço Social na América Latina, explicitando as articulações entre a gestação e o desenvolvimento da profissão de Serviço Social, e a dinâmica dos processos econômicos, sociais e políticos. O fio condutor de todo o trabalho é a compreensão da profissão como instituição componente da organização da sociedade capitalista, inserida em um conjunto amplo de condições e relações sociais que lhe atribuem um significado e nas quais ela se torna necessária.
O estudo da sociedade que hora apresentamos é desenvolvido pela Economia Política, que busca superar a abordagem clássica da Economia, que procura “recortar” uma dimensão específica da sociedade, – a dimensão econômica, e analisá-la independentemente das outras dimensões que interferem na vida da sociedade.
 A Economia Política busca compreender o conjunto das relações sociais que estavam surgindo com a crise do modo de produção feudal. Os teóricos da Economia Política buscavam compreender o modo de funcionamento da sociedade, a partir de um elenco articulado de ideias que pudessem oferecer uma visão de conjunto da vida social.
 A Economia Política clássica aborda as principais categorias e instituições econômicas (dinheiro, capital, lucro, salário, mercado, propriedade privada) como instituições naturais, eternas e invariáveis
É com a Revolução Industrial e com a Revolução Francesa que se dá a passagem de um modo de produção – o Feudal, predominante durante a Idade Média, e tem início a Idade Moderna, e um novo modo de produção: o Capitalista, que surge no séc. XIX. 
 A emancipação humana proposta pela Revolução da burguesia industrial, emancipou os homens das relações de dependência e servidão vigentes no Feudalismo, promoveu uma igualdade jurídica, porém não alcançou a igualdade econômica-social, devido a dominação de uma classe -a burguesia, sobre a outra- o proletariado.
O compromisso sociopolítico da Economia Política clássica foi com a nascente burguesia, em oposição ao Estado Absolutista e contra as instituições do Antigo Regime Feudal. Seus teóricos mais importantes foram Adam Smith e David Ricardo, que contribuíram na formulação do Liberalismo, que expressava os anseios emancipadores da humanidade, anunciados pela Revolução Francesa.
Na Economia Política Clássica, de inspiração liberal, que se opunha ao regime Feudal, foi feita a defesa do trabalho livre e de sua remuneração, através do pagamento de salários por hora de trabalho, o que não existia até então. Para os clássicos, o valor é produto do trabalho, e a riqueza é obtida através da produção de bens materiais. Porém, é com o desenvolvimento da sociedade capitalista que fica explicitado o caráter explorador de uma classe sobre a outra. Pensadores ligados ao proletariado começaram a questionar a Economia Política Clássica, dentre eles, Karl Marx, cuja proposta foi desenvolver uma “Crítica à Economia Política”. 
 Ligado à classe operária e sob o estímulo e diálogo com Friedrich Engels, (1820-1895), Marx realizou uma pesquisa durante quase 40 anos, sobre o surgimento, o processo de consolidação e crise da sociedade burguesa ( capitalista).  
E, em oposição ao pensamento liberal, vai dizer que:
“a sociedade burguesa não é uma organização social natural, destinada a constituir-se como o ponto final da evolução humana; ela é uma forma de organização social histórica, transitória, que contém no tipo de sociedade – precisamente a sociedade comunista, que também não marca o “fim da história”, apenas o ponto inicial de uma nova história, aquela a ser construída pela humanidade emancipada.
A crítica marxiana à Economia Política não significou a negação teórica dos clássicos; significou sim a sua superação, incorporando as suas conquistas, mostrando os seus limites e desconstruindo os seus equívocos. Marx historicizou as categorias manejadas pelos clássicos, rompendo com a naturalização que as pressupunha como eternas. E pode fazê-lo porque empregou na sua análise um novo método (o método crítico dialético, conhecido como materialismo histórico). 
Realizando uma autêntica revolução teórica, Marx jogou todas as suas forças na análise das leis do movimento do capital, da dinâmica da sociedade burguesa (capitalista), já que nessa sociedade, o conjunto das relações sociais está subordinado ao capital.” ( NETTO, 2007, p. 24-25) 
 Essa nova teoria elaborada por Karl Marx foi chamada de Economia Política Marxista, em oposição à Economia Política Clássica, ou marxismo, como nos referimos no Serviço Social.
E, em oposição ao pensamento liberal, vai dizer que:
“a sociedade burguesa não é uma organização social natural, destinada a constituir-se como o ponto final da evolução humana; ela é uma forma de organização social histórica, transitória, que contém no tipo de sociedade – precisamente a sociedade comunista, que também não marca o “fim da história”, apenas o ponto inicial de uma nova história, aquela a ser construída pela humanidade emancipada.
A crítica marxiana à Economia Política não significou a negação teórica dos clássicos; significou sim a sua superação, incorporando as suas conquistas, mostrando os seus limites e desconstruindo os seus equívocos. Marx historicizou as categorias manejadas pelos clássicos, rompendo com a naturalização que as pressupunha como eternas. E pode fazê-lo porque empregou na sua análise um novo método (o método crítico dialético, conhecido como materialismo histórico). 
Realizando uma autêntica revolução teórica, Marx jogou todas as suas forças na análise das leis do movimento do capital, da dinâmica da sociedade burguesa (capitalista), já que nessa sociedade, o conjunto das relações sociais está subordinado ao capital.” ( NETTO, 2007, p. 24-25) 
 Essa nova teoria elaborada por Karl Marx foi chamada de Economia Política Marxista, em oposição à Economia Política Clássica, ou marxismo, como nos referimos no Serviço Social.
A relação entre os homens na produção e na troca de suas mercadorias varia de acordo com o nível de desenvolvimento dos meios de produção. Não se faz individualmente nem isoladamente, e sim inserida num modo específico como a sociedade se organiza para sobreviver, por isso afirma-se que a produção social é historicamente determinada.
“Assim, a produção social não trata (apenas) de produção de objetos materiais, mas de relação social entre pessoas, entre classes sociais que personificam determinadas categorias econômicas.
Na sociedade de que se trata, o capital é a relação social determinante, que dá a dinâmica e a inteligibilidade todo o processo da vida social.
Sendo o capital uma relação social, supõe o outro termo da relação: o trabalho assalariado, do mesmo modo que este supõe o capital. (...)
 O capital é a soma dos meios materiais de produção; é o conjunto dos meios de produção convertidos em capital; (...) É o conjunto dos meios de produção monopolizados por uma determinada parte da sociedade, os produtos e as condições para o exercício da força de trabalho substantivados frente à força de trabalho viva.(...) O capital se expressa através de mercadorias (meios de produção e vida) e do dinheiro”. 
(IAMAMOTO, 2011, p. 36-37)
Segundo Marx, as relações de produção aparecem mistificadas como relações entre mercadorias, entre coisas, esvaziadas de sua historicidade, o que encobre sua natureza de relações sociais entre classes sociais antagônicas. Por isso é necessário desmistificar o que se apresenta na aparência, e compreender a essência desse modo de produção e sua lógica de exploração de uma classe sobre a outra, como sendo a questão central do capitalismo.
Um novo papel: vendedor e consultor de vendas
Vender é uma arte, como afirmam os especialistas no assunto, e requer uma série de habilidades que naturalmente vão refinando o mercado de trabalho e permitindo que alguns alcancem o sucesso muito mais rapidamente do que outros. Assim, concordamos com a ideia de Carlos Alberto Júlio, autor do livro Superdicas para vender e negociar bem, quando este afirma que “vender é uma atividade nobre, é estabelecer relacionamentos, é fazer a roda dos negócios girar, é permitir que as pessoas ganhem dinheiro;” (Carlos Alberto Júlio. Superdicas para vender e negociar bem. 2 ed. São Paulo, Saraiva, 2009, p. 12).
“Os valores de uso formam o conteúdo material da riqueza, qualquer que seja a forma social desta. No tipo de sociedade a que nos propomos a estudar, os valores de uso são ademais, o suporte material dos valores de troca.” ( K. Marx, El Capital. Crítica de la Economia Politica op. cit,T.I, cap. I, p.4) 
 Mas as mercadorias não são só valores de uso, elas tem uma outra dimensão que é a do valor de troca. O valor de troca considera além dos recursos necessários para sua produção (matéria prima, equipamentos, instalações), a quantidade de trabalho necessário para sua produção
São valores que se medem pelo tempo de trabalho socialmente necessário, incorporados à sua produção.
O valor de uma mercadoria só se expressa numa relação de troca, de equivalentes (aquilo que permite expressar o valor da mercadoria), e que inicialmente foi o ouro, para depois se transformar na moeda, ou no dinheiro. 
As mercadorias são produtos de trabalhos privados, e têm um caráter social que decorre de dois aspectos:
Precisam satisfazer a uma necessidade social, e integrar-se no trabalho coletivo da sociedade, dentro da divisão social do trabalho;
Precisa ser trocado por outra mercadoria, por outro trabalho útil, que lhe seja equivalente. A medida da equivalência entre produtos de qualidade diferenciada se dará através da medida do trabalho humano nele empregado. 
 “Este duplo caráter social do trabalho é o que permite, aos diversos produtores, equipararem seus produtos no ato da troca, como valores. O que fazem, ao trocar suas mercadorias, é equiparar diversos produtos como modalidades do mesmo trabalho, embora não o saibam.
 Nas relações que os homens estabelecem através da troca de seus trabalhos equivalentes, materializados em objetos, o caráter social de seus trabalhos aparece como sendo relação entre os produtos de seu trabalho, entre coisas independentes de seus produtores.
O que aparece como relação entre objetos materiais é uma relação social concreta entre homens, oculta atrás das coisas. (...)
Este fetiche da mercadoria simples reaparece sob novas formas e novas determinações na mercadoria produto do capital, dando origem ao que o autor denomina “mistificação do capital”. ” 
(IAMAMOTO, 2011, p. 40-41)
O Capital e a forma mercadoria
O dinheiro ou mercadoria, só se transforma efetivamente em capital quando incorpora a força de trabalho vivo, que conserva os valores das mercadorias e cria novos valores. O capital é uma soma de valor que tende a crescer, através da produção de um valor maior do que aquele que foi adiantado no início do ciclo produtivo, a mais-valia. Esta significa que se obtém mais valor de troca, ou seja, tempo de trabalho excedente, trabalho não pago, apropriado pela classe capitalista.
A obtenção da mais-valia no processo de produção, ocorre a partir do aumento da jornada de trabalho, sem o correspondente aumento de salário. Como o trabalhador vende a sua força de trabalho como mercadoria, por não possuir os meios de produção, essa venda se dá em condição de desvantagem para o trabalhador, que recebe baixos salários, é explorado neste processo. O trabalhador não recebe em função do que produz, ele recebe muito menos do que o valor que produziu para o capitalista durante um dia de trabalho. Então, o aumento das horas de trabalho sem o correspondente aumento de salário, é uma forma de obtenção da mais-valia absoluta.
A institucionalização e o processo de profissionalização do serviço social no Brasil
O trabalho é constitutivo do ser social, mas o ser social não se reduz ou esgota no trabalho. Quanto mais se desenvolve o ser social, mais as suas objetivações transcendem o espaço ligado diretamente ao trabalho. Para explicar essa dimensão, utilizamos a categoria PRAXIS, que inclui todas as objetivações humanas. A categoria práxis revela um homem criativo e autoprodutivo. Mas da práxis não resultam apenas produtos, obras, e valores que permitem aos homens se reconhecerem como autoprodutores.
Se a práxis revela a capacidade dos homens enquanto seres que são capazes de criar valores e produtos, de interferir na realidade, isso significa que eles podem ser considerados como força capaz de promover mudanças na realidade na qual estão inseridos. Esse reconhecimento é importante para resgatá-lo do processo de coisificação e alienação aos quais foram conduzidos pelo modo de produção capitalista, e revelar que podem assumir o protagonismo de suas vidas, intervir na história, promover transformações e revoluções, enfim, criar uma sociedade nova.
“O ser social assim estruturado e caracterizado, não tem nenhuma similaridade com o ser natural (inorgânico ou orgânico). Ele só pode ser identificado como ser do homem, que só existe como homem em sociedade. E assim compreendido, o ser social se revela não como uma forma atemporal, a-histórica, mas como uma estrutura que resulta da autoatividade dos homens, e permanece aberta a novas possibilidades, no curso da história presente e futura.” ( NETTO, 2007, p. 42)

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