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11 TUDO SOBRE DROGAS NA ADOLESCENCIA

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ADOLESCENTES EM PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL: FAMÍLIA E CONTEXTO
DE CONFLITO
Edirleia Nunes Barbosa
Eliane de OliveiraLacerda Meyrelles
Luciana Barbosa JuliatiGuidoni
RESUMO
O presente artigo aborda a questão do adolescente em relação ao ato infracional e a
família no convívio com os adolescentes nessa condição. Neste trabalho busca-se
descrever e compreender como se estabelecem as relações do adolescente em
prática de ato infracional com sua família. Por meio de um estudo bibliográfico, foi
possível verificar a dificuldade que famílias de adolescentes em conflito com a lei
encontram, configurando famílias em que a infraestrutura é prejudicada em termos
financeiros, emocionais e domiciliares, assim como a dificuldade de bons empregos
pela falta de estudos e cursos profissionalizantes e com isso baixa de salários. Por
fim, o texto destaca algumas das políticas públicas voltadas aos adolescentes, entre
elas o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).
Palavras-Chave: Adolescente e ato infracional. Família. Políticas Públicas. Medidas
socieducativas.
ABSTRACT
This article deals with the issue of the adolescent in relation to the infraction and the
family in the conviviality with the adolescents in this condition. This paper seeks to
describe and understand how the relationships of adolescents in the practice of an
infraction with their family are established. Through a bibliographical study, it was
possible to verify the difficulty that families of adolescents in conflict with the law find,
configuring families in which the infrastructure is impaired in financial, emotional and
domiciliary terms, as well as the difficulty of good jobs due to lack of studies And
vocational courses and with this low salaries. Finally, the text highlights some of the
public policies aimed at adolescents, among them the Statute of the Child and
Adolescent (ECA).
Keywords: Adolescent and infraction. Family.Public policy.Socio-educational
measures.
1INTRODUÇÃO
Este artigo resulta de uma pesquisa bibliográficarealizada pelo interesse em
conhecer de modo mais profundo a produção de conhecimento na área de Serviço
Social a respeito da família dos adolescentes em prática do ato infracional.
Inicialmente o texto se dedica a abordar a questão do adolescente em condição de
conflito com a lei e sua situação familiar. Para tanto, buscamos abordar também as
políticas públicas direcionadas à atenção ao adolescente autor de ato infracional,
2
sinalizando as medidas socioeducativas que são aplicadas aos adolescentes em
autoria do ato infracional.
A noção de infância e adolescência é uma realidade dos tempos presentes, pois,
segundo nos informa Ariès (1981),no período que se estende da Idade Média até o
século XIX, a noção de criança como ser em condição especial de desenvolvimento
e, portanto, com demandas especiais de atenção,praticamente inexistia. Crianças
não eram reconhecidas pela sociedade como pessoas diferenciadas, por sua
condição peculiar.
A Constituição Federal de 1988 e do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA),constituem-se marcos legais que asseguram direitos sociais às crianças e
adolescentes, garantindo que as políticas públicas possam ser acessadas por esse
segmento populacional. Entretanto,na realidade social brasileira crianças e
adolescentes ainda são muitas vezes tratados como sujeitos sem direitos,
especialmente a depender da classe social a que pertencem, desrespeitando-se
assim, um conjunto de princípios e normas com objetivo de garantir a cidadania a
todas as crianças e adolescentes no território nacional.
Os princípios e normas acima referidos tiveram como base documentos
internacionais como a Declaração Universal dos Direitos da Criança, as Regras de
Beijing e a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito da
Criança(SINASE,2006).
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), foi promulgado no dia 13 de Julho
de 1990 sob a lei nº 8069, revela-se um divisor de águas, pois antes, a referência
legal para tratar de crianças e adolescentes era o Código de Menores, datado do
início do século XX, no qual majorava “A doutrina de situação irregular”.
A marca do Código de Menores do Brasil estava no tratamento autoritário e arbitrário
relacionado àquele considerado “menor”, especialmente no caso de afronta à lei e
realização de delitos. Seu contexto de surgimento está estreitamente relacionado à
década de 1920– período em que o país atravessou uma fase de crise econômica e
política da República Liberal –, o que levou a um questionamento sobre o papel do
Estado nas questões sociais das crianças e adolescentes, conforme indicam Abreu
e Martinez(1997).
3
Neste contexto estabeleceu-se a preocupação com a criminalidade infanto/juvenil,
considerando-se que por detrás do pequeno delito se ocultaria a monstruosidade. A
atenção denotava uma perspectiva higienista, com o viés da eugenia. Uniram-se a
pedagogia, a puericultura e a ciência jurídica para atacar o problema, tido como
ameaçador aos destinos da nação: “o problema do menor”(ABREU; MARTINEZ,
1997).
Murad (2004) aponta que atualmente no Brasil, segundo o levantamento da
Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente (SEDH)e a
Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SDH),o sistema socioeducativo possui
uma população juvenil de 39.578 adolescentes em conflito com a lei, representando
0,2% do total de adolescentes brasileiros na idade de 12 a 18 anos, segundo refere
o SINASE (2006). Esta estatística que contradiz as informações propagadas
diariamente pela mídia potencializando a idéias da violência praticada por jovens na
sociedade brasileira, conforme as estatísticas apenas 10% dos delitos são
cometidas por adolescentes e destes 60% ocorrem sem grave ameaça as vítimas,
ou seja, na sua maioria são infrações como os furtos que atentam contra ao
patrimônio e não contra a vida humana (SINASE, 2006).
As transformações introduzidas pelo Estatuto são sintetizadas por uma ideia de
justiça convergente com um modelo de justiça e garantias para o adolescente em
conflito com a lei, segundo informam Aguinsky e Capitão(2008).
Cruz-Neto e Moreira (1998) afirmam que no Brasil, a população infanto-juvenil é um
dos segmentos populacionais mais prejudicados pelos problemas
socioeconômicos.A desigualdade econômica e social brasileira dificulta o pleno
crescimento e o desenvolvimento de milhões de adolescentes, que se vêem
privados de oportunidades de inclusão social em seu contexto comunitário, vivendo
em moradias inadequadas e à mercê de diversas problemáticas, como: restrições
severas ao consumo de bens e serviços; estigmas e preconceitos; falta de qualidade
no ensino; relações familiares e interpessoais fragilizadas; e violência em todas as
esferas de convivência (ASSIS; CONSTANTINO, 2005).
Segundo Gomes e Pereira (2005), é no seio da família que são construídas as
marcas entre as gerações e seus valores culturais. Para essas autoras isso está
coerente com o pensamento de Sarti (1996) quando refere que: “A família não é
apenas o elo afetivo mais forte dos pobres, o núcleo da sua sobrevivência material e
4
espiritual, o instrumento através do qual viabilizam seu modo de vida, mas é o
próprio substrato de sua identidade social” (GOMES; PEREIRA, 2005, p. 358).
Sua importância não é funcional, seu valor não é meramente instrumental, mas se
refere à sua identidade de ser social e constitui o parâmetro simbólico que estrutura
sua explicação do mundo (SARTI 1996).
De acordo com Yasbek (2003), são os pobres aqueles que, de modo temporário ou
permanente, não têm acesso a um mínimo de bens e recursos sendo, portanto,
excluídos em graus diferenciados da riqueza social.
Segundo Gomes (2003), quando a casa deixa de ser um espaço de proteção para
ser um espaço de conflito, a superação destasituação se dá de forma muito
fragmentada, uma vez que esta família não dispõe de redes de apoio para o
enfrentamento das adversidades, resultando, assim, na sua desestruturação.
2 O ADOLESCENTE E O CONFLITO COM A LEI
O atual cenário da violência instalado na sociedade e o envolvimento de criança e
adolescente chama a atenção para uma questão importante. O debate acerca do ato
infracional. As discussões que o norteia partem do pressuposto de que o
adolescente deve ser punido igualmente ao adulto que o Estatuto da Criança e do
Adolescente fortaleceu a proteção ao jovem “bandido”, levando-o à impunidade e
acentuando os índices de criminalidade juvenil. Quando o ato cometido é grave,
como homicídio, por exemplo, a discussão se acalora ainda mais.
Portanto, percebe-se a negação de um conhecimento crítico e reflexivo acerca do
tema, que formata uma crise ética em torno da adolescência, pobreza, violência e
ato infracional. Segmentos midiáticos, com os seus formadores de opinião
tendenciosos, fortalecem esse embate ético que perpassa os adolescentes autores
de ato infracional e a sociedade, intensificando a violência contra os mesmos.
SegundoBarroco (2010) afirma que o ato infracional é visto e julgado a partir de um
senso moral criado pela sociedade para avaliar a sociabilidade das pessoas. Jovens
autores de ato infracional são desintegrados da sociedade por terem infringido
regras e normas de convivência social. Tais julgamentos, muitas vezes sem
embasamento concreto, revelam uma sociedade em que as pessoas são
5
individualistas na suaconcepção humana, e ao mesmo tempo, genéricas na
reprodução social da vida cotidiana (BARROCO, 2010).
Desenvolvimento físico, emocional e sexual, a necessidade de pertencer a grupos,
aventuras, superação de limites, a construção de identidade, rompimento de regras,
questionamentos, contentamento e descontentamento frente à realidade, busca por
prazeres apresentados pela mídia, globalização, consumos, status, competições e
poder: parecem termos de fácil compreensão,mas quando relacionados à
adolescência, o debate se torna mais intenso e complexo.
Segundo Paiva (2008), a adolescência era historicamente analisada sobre o ponto
de vista da rebeldia, da desorganização emocional e social, considerando esse
público como ‘desajustados’, ‘problemáticos’, ou empiricamente, conhecidos por
“aborrecentes”. Essa concepção possuía relação com os aspectos legais, que
inseria a infância e a juventude,quando necessário, em Instituições Correcionais de
um a cinco anos.
Para Silva (2013), a adolescência está situada em um momento marcado pela
ruptura de barreiras pela globalização, valorização cada vez maior do capital, do
dinheiro e dos prazeres e poderes que ele oferece às pessoas, à banalização das
relações sociais, criminalização da pobreza, importância cada vez mais acentuada
na busca por realização de fetiches pessoais, aquisição de bens materiais e
conquista de poder.
Ainda, para Silva (2013), tudo isso se desvela como um grande desafio para a
ruptura de estigmas relacionados aos adolescentes das classes pobres, uma vez
que nessas classes predomina a prática do ato infracional, como bem aponta. A
infração, em muitos casos é praticada por adolescentes como única forma
encontrada para manifestarem seus ideais e conquistar bens materiais,
satisfazendosuas necessidades pessoais e grupais.
O ECA define o ato infracional como crime ou contravenção penal. Volpi (2011)
destaca que a partir do Estatuto de1990, o adolescente autor de ato infracional
passa a ser considerado como uma categoria jurídica, atribuindo-o a condição de
sujeito de direitos, preconizados na Doutrina da Proteção Integral e que “[...] as
medidas socioeducativas constituem-se em condição especial de acesso a todos os
direitos sociais, políticos e civis” (VOLPI, 2011,p.14). Essa nova visão rompe, ao
6
menos em tese, com a Doutrina da Situação Irregular (Código de Menores de 1979)
que enxergava o adolescente, ou mesmo a criança, na irregularidade quando viviam
em pobreza, abandono, cometimento de infração, dentre outras.
Essa busca está atrelada aos aspectos culturais que tem influenciado diretamente a
dinâmica juvenil subalterna. Bourdieu (1989) chama a atenção para o poder
simbólico enquanto instrumento de construção de realidades e dominação. A cultura
musical, por exemplo, que traz à tona a ostentação como lógica de pertencimento
social, status e poder simbólico, e uma referencia clara da reflexão.
Para Silva e Lehfeld(2015) os adolescentes na atualidade são influenciados por uma
cultura que estimula o consumo de marcas de grifes, bebidas alcoólicas, carros
importados, sendo levados a adquirir valores que a indústria cultural focada no lucro
e na estabilidade no mercado considera oportuna. Para esses autores
O distanciamento entre pobreza (dificuldade de acesso) e qualidade de vida
(bens e serviços prazerosos) acarretam as primeiras frustações no público
juvenil. A vivência em uma sociedade globalizada, consumista e capitalista
dificulta as relações humanas e o acesso de toda população aos mesmos
direitos (SILVA;LEHFELD, 2015, p. 77).
Para Pratta (2008), é possível destacar como um dano à vivência do adolescente na
sociedade a sua inserção na criminalidade, ou uso de substâncias psicoativas como
caminho fácil para o acesso à constante busca por prazeres e satisfações.“O grau
de independência do mundo externo proporcionado por estas substâncias, o
encontro de refúgio em um mundo próprio é também que determina seu perigo e a
capacidade de causar danos” (PRATTA,2008,p.54).
Os atos infracionais podem ser variados como: roubo simples, roubo qualificado,
latrocínio e, o de maior incidência, tráfico de drogas. A venda de drogas permite aos
adolescentes a conquista de um valor financeiro substantivo, utilizando para a
apropriação de mercadorias de alto custo.
A criança e o adolescente são concebidos como pessoas em desenvolvimento,
sujeitos de direitos e destinatários de proteção integral.Para efeito de definição de
adolescente, o Estatuto da criança e do Adolescente (ECA) designa por adolescente
a pessoa na faixa etária de 12 a 18 anos incompletos.
A condição peculiar de pessoa em desenvolvimento coloca aos agentes envolvidos
na operacionalização das medidas socioeducativas a missão de proteger, no sentido
de garantir o conjunto de direitos e educar oportunizando a inserção do adolescente
7
na vida social. “Esse processo se dá a partir de um conjunto de ações que propiciem
a educação formal, profissionalização, saúde, lazer e demais direitos assegurados
legalmente”(VOLPI, 2011, p. 14).
Sua condição de sujeito de direitos implica a necessidade de uma participação nas
decisões de seu interesse e no respeito a sua autonomia, no contexto do
cumprimento das normas legais.
Assim, é responsabilidade do Estado, da sociedade e da família garantir o
desenvolvimento integral da criança e do adolescente, segundo está preconizado no
Estatuto da criança e do Adolescente. As medidas socioeducativas constituem-se
em condição especial de acesso a todos os direitos sociais, políticos e civis.
Quanto à questão do ato infracional, o Estatuto da Criança e do Adolescente, no seu
artigo 103, o define taxativamente como sendo aquela conduta prevista em lei como
contravenção ou crime. A responsabilidade pela conduta descrita começa aos12
anos, portanto, na fase reconhecida pelo próprio dispositivo legal (o ECA) como a
fase da adolescência.
Ao assim definir o ato infracional, em correspondência absoluta com a Convenção
Internacional dos Direitos da Criança, o ECA considera o adolescente infrator como
“[...] uma categoria jurídica, passando a ser sujeito dos direitos estabelecidos na
Doutrina da Proteção Integral, inclusive do devido processolegal” (VOLPI, 2011, p.
15).
Essa conceituação rompe a concepção de adolescente infrator como
categoria sociológica vaga implícita no antigo Código de Menores,
concepção que, amparando-se numa falsa e eufemística ideologia tutelar
(doutrina da situação irregular),aceitava reclusões despidas de todas as
garantias que uma medida de tal natureza deve necessariamente incluir e
que implica uma verdadeira privação de liberdade (VOLPI, 2011, p. 15).
Com isso quebra-se o paradigma que norteia a sociedade em querer comparar e
julgar os adolescentes “adultos”,todavia para isto existem leis específicas para
ambos, para uma efetivação da integridade do sujeito.
O adolescente, quando flagrado cometendo um ato infracional, deverá
ser encaminhado a Delegacia do Adolescente em Conflito com a Lei (DEACLE).
Delegacia especial de atendimento para os casos relacionados aos adolescentes em
autoria de ato infracional.
8
O Art.172 e o Art.173 do ECAdemonstram com bastante propriedade o que acontece
com o adolescente que pratica o ato infracional. O Art. 172 refere que o adolescente
apreendido em flagrante de ato infracional seráencaminhado á autoridade policial
competente. Já o Art.173 trata do caso de flagrante ato infracional cometido
mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do
disposto nos arts.106, parágrafo único, e 107, deverá;l- lavrar auto de apreensão,
ouvidos as testemunhas e o adolescente; ll- apreender o produto e os instrumentos
da infração; lll- requisitar os exames ou perícias necessários á comprovação da
materialidade e autoria da infração. Parágrafo único. Nas demais hipóteses
de flagrante, a lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência
circunstanciada (BRASIL, 1993).
As garantias necessárias à justa aplicação das medidas socioeducativas
não podem prescindir da proibição de detenções ilegais ou arbitrárias,
conforme previsto no Art. 106 do Estatuto da Criança e do Adolescente,
como forma de contrapor-se à cultura predominante dos agentes de
segurança, que orientam-se por critérios extremamente subjetivos e
preconceituosos, criminalizando especialmente pobres e negros (VOLPI,
2011, p. 17).
A igualdade na relação processual, assegurando ao adolescente o direito de com
vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa (ECA,
Art.111) em nenhum momento pode ser reduzida ou relativizada. O direito à defesa
técnica por profissional habilitado, que segundo o ECA é realizada por advogado
(Constituição Federal, Art.227 e ECA, Art.111), juntamente com a assistência
judiciária gratuita e integral – aos necessitados (ECA, Art.111) –, é fundamento para
uma averiguação séria e imparcial.
O adolescente em prática de ato infracional possui, pelo Art. 111 do ECA, o direito
de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente (ECA, Art.111) e de
solicitar a presença de seus pais ou responsáveis em qualquer fase do
procedimento. Corresponde à autoridade judicial a aplicação de medida(s)
prevista(s) no artigo 112 do ECA, o artigo 112 tem como medidas a advertência;
obrigação de reparar o dano; prestação de serviços á comunidade; liberdade
assistida; inserção de regime semi- liberdade; internação em estabelecimento
educacional. Vale ressaltar que fica a disposição daautoridade aplicar as medidas
mediante a prática do ato infracional, nos próximos capítulosabordaremos com mais
profundidade as medidas socioeducativas. Observando-se que a aplicação da
medida de internação deverá obedecer aos princípios da brevidade,
9
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento
(VOLPI, 2011).
Os programas e serviços destinados a dar retaguarda ao cumprimento das medidas
socioeducativas devem considerar: a) distribuição coordenadora e executiva a que
se refere a Constituição Federal (art. 204); b) a conceituação da política de
atendimento como “conjunto articulado de ações governamentais e não-
governamentais da União dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”;c) os
Conselhos de Direitos como locus da formulação dessas políticas; os conselhos
nacionais e estaduais conforme as competências descritas abaixo; d) as diretrizes já
estabelecidas de municipalização do atendimento e descentralização político-
administrativa na criação e manutenção de programas, conforme as
competências;e) a integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério
Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em
um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento a garantia dos direitos
processuais ao adolescente a quem se atribui de ato infracional (VOLPI, 2011).
O artigo 125 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) designa exclusiva e
inequivocamente o Estado como responsável absoluto “para velar pela integridade
física e mental dos int
ernos”. Também as disposições constitucionais em matéria de segurança pública e
poder de polícia são atribuídas às unidades federadas.Portanto, a medida de
internação é responsabilidade das unidades federadas devendo articular-se em
rede, objetivando maior coerência nos critérios de aplicação, unificação de
procedimentos e viabilização do objetivo maior das medidas socioeducativas que é a
inclusão social do adolescente infrator.
Deve ser operacionalizada diretamente pela Unidade Federada, de forma
descentralizada, podendo, contudo, ser gerida a partir de um consórcio entre os
municípios, com supervisão e controle do estado.( VOLPI, 2011, p. 19).
Considerando a atual demanda para internação e a possibilidade de potencialização
dos mecanismos de prevenção à privação de liberdade, com base na estruturação
de redes municipais e intermunicipais para cumprimento das medidas
socioeducativas em liberdade, associadas a medidas de proteção, entendemos que
10
o modelo regional de atendimento em pequenas unidades deve ser estimulado.(
VOLPI, 2011, p. 19).
O entendimento prevalente quanto à gestão das unidades de privação de liberdade
é de que a competência absoluta e intransferível é do estado (Unidade Federada),
não devendo o mesmo desenvolver programas de convênio com entidades privadas,
por tratar-se de função pública que envolve contenção e segurança.( VOLPI, 2011,
p. 19).
3 FAMÍLIA E ADOLESCENTE EM CONTEXTO DE CONFLITO
Não se pode falar em família sem antes entender o que é família.Família pode ser
definida como uma construção social, que varia de acordo com as épocas e que se
forma a partir das relações das pessoas que se unem através dos laços afetivos,
sendo que cada família tem sua cultura(AMARAL 2001).
Para Kaloustian e Ferrari (1994), a família é o espaço indispensável para a garantia
da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros,
independentemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando.
Segundo Minuchin (1982), a família é um sistema aberto em transformação, isto é,
constantemente se adapta às diferentes exigências dos estágios de
desenvolvimento que enfrenta, também compreende um ato relacional inserido em
um contexto social mais amplo (pai-mãe-adolescente, adolescente-irmão), nos quais
os adolescentes são influenciados e influenciam (VASCONCELLOS, 2002).
SegundoNardieDell'aglio(2012), as famílias dos adolescentes que vivenciam
situação de risco social apresentam dificuldade para oferecer proteção, afeto,
regulação de controle a estes adolescentes e evidenciam a ausência de figuras
representativas na família, além da inconsistência de vínculos familiares.
Em muitos casos, tais famílias revelam fragilidade nos vínculos sociais e afetivos
que se evidenciam no distanciamento paterno, dificuldade de impor limites, morte,
doença, violência, situação econômica, baixa renda em consequência da separação,
falta de comunicaçãoentre os membros (ASSIS; CONSTANTINO, 2005).
A família corresponde a um grupo social que possui organização complexa e
interage com o contexto cultural mais amplo. A importância da família, no
11
desenvolvimento de adolescentes que cometem atos infracionais, fica nítida quando
consideramos seu papel no desenvolvimento humano(SCHENKER; MINAYO, 2003).
Segundo Singly(2000),o processo de socialização primária de crianças e
adolescentes ocorre no contexto familiar, que estabelece formas e limites para as
relações interpessoais e assim prepara o indivíduo para o convívio social mais
amplo. Desta forma, a família tem papel fundamental no desenvolvimento do
adolescente e, apesar das mudanças estruturais no qual as famílias vêm
apresentando ao longo dos anos, com surgimento de novas composições familiares
e alterações nos papéis de seus integrantes, a família ainda é uma instituição sólida
e influente.No entanto é no ambiente familiar que os jovens continuam buscando
referências para construir sua identidade, tendo os pais como modelos de
identificação primária.
Feijó e Assis (2004), ao pesquisarem o núcleo familiar de jovens que cometem atos
infracionais graves, constataram a fragilidade da maioria das famílias que vivem em
condições de pobreza e exclusão social. Segundo eles, essas famílias encontram-se
isoladas do amparo social, configurando famílias em que a infraestrutura é
prejudicada em termos financeiros, emocionais e domiciliares.
Entre algumas das vulnerabilidades identificadas no estudo de tais autores, essas
famílias, têm como características a desqualificação para o trabalho, o desemprego,
o baixo nível de escolaridade, o analfabetismo, a ausência de alguns genitores, a
violência física, psicológica e problemas de relações interpessoais de
comunicação(FEIJÓ; ASSIS, 2004).
Antes de se tornarem autores de atos infracionais muitos adolescentes são vítimas
de situações desfavoráveis ao desenvolvimento os meios que vivem, situação de
vulnerabilidade social. Estudos mostram que grande parte de jovens antes de
cometerem um ato infracional foram vítimas de maus-tratos, violência sexual, uso de
drogas, repetência escolar, desemprego e morte de um dos pais, o que se constitui
fator de risco para o desenvolvimento de jovens. Muitos adolescentes relatam que o
pai ou padrasto quase sempre chegava em casa embriagado, constatam a presença
da violência doméstica, agressões físicas por parte dos pais ou companheiros,
surras tanto nas mães, irmãos e no próprio adolescente que após esta infância
inserida num quadro de violência, estes ficaram muito revoltados com toda essa
violência sofrida dentro do seu lar(DELL´AGLIO, et al., 2005).
12
Segundo Dell'Aglio, Santos e Borges (2004), é importante buscar compreender como
essas fragilidades encontradas nas famílias de adolescentes que cometem ato
infracional podem repercutir no desenvolvimento social e psíquico destes jovens.
Acrescenta-se, nesta perspectiva, a violência e fragilidades nas relações familiares:
refletindo sobre a situação de adolescentes em conflito com a lei.
Sabemos que quando um adolescente comete um ato infracional, ele cumprirá uma
medida socioeducativa, conforme descrita nas pagina 21 esta medida não se
restringe apenas ao adolescente, mas também aos seus responsáveis legais, pois
sua família diretamente ou indiretamente apresenta responsabilidades nestas
medidas. Eis o que está referido no ECA:
Art.147. A competência será determinada:
I-pelo domicílio dos pais ou responsáveis;
II-pelo lugar onde se encontra a criança ou adolescente, à falta dos
pais ou responsável;as §1º. Nos casos de ato infracional, será
competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas
as regras de conexão, continência e prevenção.
§ 2º. A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade
competente da residência dos pais ou responsáveis, ou do lugar
onde sediar-se a entidade que abrigar a criança e adolescente.
§ 3º. Em caso de infração cometida através de transmissão
simultânea de rádio e televisão,que atinja mas de uma comarca, será
competente, para aplicação da penalidade, autoridade judiciária do
local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sentença
eficácia para todas as emissoras ou retransmissoras do respectivo
estado (ECA, 1990)
O adolescente que comete o ato infracional tem o direito de ser orientado e instruído
sobre ato que cometeu, pois é necessário que ele seja conscientizado de seus
atos.Pode-se observar que o adolescente que tem o acompanhamento de seus
familiares durante o cumprimento da medida socioeducativa sente-se mais confiante
e amparado, por isso a tendência a se ressocializar é maior (SINASE 2006).
Desta forma podemos afirmar o quanto é importante a família participar da vida
deste adolescente, pois apesar destes adolescentes agirem de forma peculiar
desejam sentir-se amados e protegidos integralmente pelos seus responsáveis
legais (ECA 1990).
A adolescência é uma fase do ciclo vital marcada por intensas mudanças que geram
transformações nos jovens e na sua família. No que se referem aos adolescentes,
13
estes vivenciam a emergência da sexualidade e a busca por uma maior autonomia e
independização dos pais.Quanto à família, percebem-se, geralmente,
transformações na sua estrutura e no seu funcionamento, ocorrendo uma
renegociação dos papéis e da autoridade parental(SILVA; HUTZ, 2002).
Partindo dessa concepção, quando os filhoatingem essa fase de desenvolvimento
humanosurge uma série de responsabilidades e dúvidas aos pais que se sentem, na
maioria das vezes, ameaçados e inseguros quanto ao papel e ao tipo de autoridade
a ser exercida(WAGNER, PREDEBON, FALCKE, DOTTA e GARCIA, 2002).
Os adolescentes, de um modo geral, questionam os valores, as regras e os papéis
familiares determinados até o momento, enquanto os filhos se tornam adolescentes
em direção a idade adulta, muitos pais, fazem o caminho contrário, perdem a
juventude, em direção à vida madura. Isto pode ser incômodo, traumático ou
angustiante, pois percebem que muitas de suas aspirações juvenis, profissionais ou
afetivas, por exemplo, não mais poderão se realizar. Somado a isso, perdem a
beleza física, vigor, podendo levar à intensas crises conjugais e familiares
(RAPPAPORT, 1982).
Para Carter eMcGoldrick(2008), na verdade, quando os filhos entram na
adolescência ocorre um somatório de crises na família.
As tarefas e funções específicas da família com filhos adolescentes exigem, acima
de tudo, fronteiras mais flexíveis, isso significa possibilitar ao jovem mostrar a sua
dependência quando não se sentir capaz de enfrentar alguma situação sozinho, e,
simultaneamente, permitir um afastamento para que o adolescente experimente sua
independência e autonomiaCARTER E MCGOLDRICK (2008); CERVENY E
BERTHOUD (2002).
Conforme Carter e McGoldrick (2008), Cerveny e Berthoud(2002), esta não é uma
tarefa simples. Nesse contexto, é frequente a perda da confiança nessas famílias,
porque os adolescentes não confiam mais nos pais como antes, e os pais não estão
prontos para confiarem nas mudanças dos filhos adolescentes.
A violência contra os jovens tem sido considerada como um sério problema social,
com repercussões para a saúde individual e coletiva. Entretanto, a condição
relacionada à violência social que acomete adolescentes e jovens em nosso país
revela que estes se constituem não somente vítimas como também autores da
14
mesma. Segundo Souza e Jorge (2006), os adolescentes se revelam na condição de
autores da violência, dada a situação social em que se encontram, resultante da
grande questão social brasileira.
Essa condição de autoria ou de vítima encontra-se intimamente relacionada à
violação dos direitos humanos e sociais, especialmente no que se refere aosadolescentes e jovens pertencentes às camadas mais empobrecidas de nossa
sociedade (SOUZA; JORGE, 2006).
O censo de 2010 do IBGE, diz que em cada 4 (quatro)brasileiros (40%) vivem em
situação de miséria são meninos(as)de até 14(quatorze);o segundo são os
adolescentes (12-18) anos vivem com famílias que a renda é inferior a ½ salários
mínimos per capita em situação de miséria (UNICEF, 2011).
A miséria associa-se com os problemas sociais, como a violência que cresce a cada
ano, atingindo aos jovens.Estima-se 4,5% o aumento comparando o ano de 2009 de
adolescentes cumprido medidas socioeducativas de restrição de liberdade em
2010(SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS, 2011).
4 POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA A ATENÇÃO AO ADOLESCENTE
AUTOR DE ATO INFRACIONAL
Ariès (1981) afirma que a atenção à infância e, por conseguinte à adolescência, é
algo construído na modernidade, pois até o século XVII as pessoas não tinham
consciência sobre a infância tal qual se vê na atualidade. Também Vitiello e
Conceição (1993) referem que até o século XVII as crianças não eram reconhecidas
como pessoas em sua característica específica, sendo tratadas como pequenos
adultos. Passava-se da fase da criança para fase de adulto, sem reconhecimento da
adolescência, como atualmente costumamos verificar (ARIÈS, 1981).
No Brasil, a criança como pessoa em condição peculiar de desenvolvimento e como
sujeito de direitos individuais e sociais também é algo extremamente recente no
processo de construção de nossa sociedade, datando mais especificamente da
efetivação da Lei 8069/90, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que se
conforma como uma legislação voltada para a implementação da proteção integral
da criança e do adolescente.
15
O ultimo vintênio do século XX, no Brasil, assinalam um período de mobilização
social em favor dos direitos da criança e do adolescente, num contexto de lutas
sociais, uma delas voltava-se para a condição da infância. A ECA consagra a
doutrina da proteção integral à criança e ao adolescente, reconhecendo-os como
pessoas em condição especial de desenvolvimento e sujeitos de direitos, com o
reconhecimento da prioridade na execução de políticas públicas para esse
segmento populacional (BRASIL, ECA; 1990).
Historicamente, entretanto, a atenção à infância apresenta marcas da ação
coercitiva do Estado, como destacado por Silva e Lehfeld (2015), relacionado ao
tratamento dado pela legislação existente no século XX, conhecida pela
denominação de Código de Menores, datado de 1927. Com base nessa legislação,
“jovens com idade inferior aos 18 anos com cometimentos infracionais eram
considerados como delinquentes e o atendimento restritivo, quando necessário, era
em Instituições Correcionais de um a cinco anos” (SILVA; LEHFELD, 2015, p. 76).
Na evolução histórica da atenção dada à infância no Brasil, há relatos por diversos
historiadores que crianças brancas e mestiças esmolavam pelas ruas e matos
durante o período colonial no Brasil, sendo muitas adotadas por famílias e colocadas
para assumirem função de criados (FUNDAÇÃO FÉ E ALEGRIA DO BRASIL, 2009).
No Brasil, durante o século XVII surgiram as “famosas rodas dos "expostos", um
mecanismo através do qual a “criança indesejada” era entregue às Santas Casas de
Misericórdia, que recorriam às amas de leite para criá-los até os três anos de vida.
Depois, até os sete anos, recebiam cuidados em casa de recolhimento dos
expostos, antes de serem encaminhadas às famílias interessadas em recebê-las.
(MARCILIO, 1997).
Com a Lei do Ventre Livre e mais tarde a Lei Áurea aumentou o número de crianças
abandonadas pelas ruas e pela situação de pobreza cometeram pequenas infrações
surgindo instituições filantrópicas para cuidar destes grupos de crianças e
adolescentes, mas estas instituições se negavam a atender meninos envolvidos em
pequenas infrações (FONSECA, 2000).
No início do século XX, vemos surgir no Brasil as primeiras instituições com regime
prisional fundamentada no trabalho e combate do ócio. A criação do 1º Juízo de
Menores do Brasil, em 1924 e o primeiro Código de Menores do Brasil ou Código
16
Mello Matos, de 1927, reconhecem a criança como merecedora da tutela do Estado,
no caso da órfã ou abandonada. Neste sentido, Silveira (1984, p. 57) destaca a essa
legislação como a “Doutrina da situação irregular", em meio a qual se mantinha uma
dicotomia entre menor abandonado e menor delinquente, que revelavam uma
tentativa de ampliar e melhor explicar as situações que dependiam da intervenção
do Estado.
Sob o baluarte do Código de Menores, o Poder Judiciário criou e regulamentou o
Juizado de Menores e todas suas instituições auxiliares. O foco da legislação em
vigor, nesse período, era o trabalho de fortalecimento da assistência social aos
“desajustados” e “menores desvalidos”, por meio da criação de alguns órgãos de
amparo à infância.
O Estado passava a assumir o protagonismo como responsável legal pela tutela da
criança órfã e abandonada. Com isso, a criança desamparada era institucionalizada
e recebia orientação para trabalhar, sendo que o trabalho, neste caso, carregava
consigo uma conotação negativa, pois era usado essencialmente como castigo
aplicado a “menores abandonados” e “delinquentes” (RIZZINI, IRENE, 2002).
No período compreendido entre 1930 e 1945, cresce o centralismo do Estado
assistencialista, denominado Estado Novo, especialmente a organização dos
serviços públicos de atendimento, fazendo frente à evidente fragilidade das
iniciativas privadas até então hegemônicas. Até 1935, os menores abandonados e
infratores eram, indistintamente, apreendidos nas ruas e levados a abrigos de
triagem (RIZZINI, 1995).
A década de 1940 traz consigo a promulgação do atual Código Penal Brasileiro, que
passou a definir a idade de 18 anos para a imputabilidade penal. Traz também a
criação, em 1942, do Serviço de Assistência ao Menor (SAM.), órgão do Ministério
da Justiça, de orientação correcional-repressiva, estruturado sob a forma de
reformatórios e casas de correção para adolescentes infratores e de patronatos
agrícolas e escolas de aprendizagem de ofícios urbanos ,escolas de aprendizes e
artífices mão de obra para o sistema produtivo( IFES),para menores carentes e
abandonados (RIZZINI, 1995).
Em 1964 os militares tomam o poder num golpe de Estado, iniciando um regime
ditatorial, que se estendeu até meados da década de 1980. Em relação às políticas
17
e práticas sobre a infância desamparada, esse período, marca a identificação do
início de uma nova fase histórica, que se estende até o final da década de 1980,
iniciando-se com a extinção do SAM e a criação da Fundação Nacional do Bem-
estar do Menor (FUNABEM) e das Fundações Estadual do Bem-estar do Menor
(FEBEM) em cada estado da Federação (FALEIROS, 1995).
A FUNABEM foi criada a partir das lutas de organismos não governamentais contra
a ineficácia do SAM, e conforme as diretrizes oriundas da Declaração da ONU dos
Direitos da Criança. Mas o sistema concreto institucional foi criado no espírito da
Doutrina da Segurança Nacional, que militarizou a disciplina dentro dos internatos
que, a partir de agora, já encerra definitivamente suas portas para a sociedade
(FALEIROS, 1995).
Na década de 1970, algumas iniciativas começaram a ser tomadas para superar a
ineficácia dos modelos do Estado de atenção à criança, tanto por parte da Igreja
Católica como do próprio Parlamento. Pouco a pouco, estas iniciativas, associadas
ao incremento de grandes problemas sociais como o aumento da violência,
analfabetismo e exploração sexual infanto-juvenil, foram minando a legitimidade do
caráter autoritário e excludente das políticas para a infância que predominaram nas
décadas de 1960 e19 70 (RIZINNI, 1995).
Em 1979a Lei nº 6697 de 10 de outubro, passou a vigorar o novo Código de
Menores, mantendo, contudo, o caráter repressivo do Código anterior. A filosofia era
“correcional-repressiva”, aliada a uma visão “filantropo-caritativa”, segundo afirma
Sales (2007, p. 85).
Segundo Faleiros (1985), tendo como conteúdo a doutrina da proteção integral, mas
baseada no mesmo paradigma do menor em situação irregular da legislação
anterior, o Código de Menores de 1979 traz um dispositivo de intervenção do Estado
sobre a família, que abriu caminho para o avanço da política de internatos-prisão. Os
termos utilizados para se referir ao adolescente autor de delitos eram: menor, delito,
delinqüente, punição, pena.
Para Silva e Lehfeld (2015), a partir de 1979, ainda sob inspiração do Código de
Menores, o conflito instalado pelo comportamento apresentado por crianças e
adolescentes era tratado tomando-se a legislação como instrumento para a
viabilização controle social da infância pelo Estado, sem qualquer preocupação com
18
a prevenção; somente a partir de 1990, passou-se a utilizar a concepção de
proteção social e sujeitos de direito para se referir à condição da criança e do
adolescente no Brasil.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), instituído na década de1990, rompe
com passado de exclusão social, ao permitir que crianças e adolescentes tenham
acesso à proteção integral, valorizados como cidadãos de direito com perspectiva de
sujeito em fase de desenvolvimento. Reconhece a diferença entre criança e
adolescente, sendo considerada criança a pessoa com idade até doze anos
incompletos, e adolescente aquela que possui de doze até dezoito anos (SINASE,
2006).
O ECA vem substituir ao velho paradigma da situação irregular inerente ao Código
dos Menores, Lei nº 6.697 de 10 de outubro de 1979, mudando os referenciais e o
trato com as questões dos atos infracionais. Mas mesmo que o ECArepresenta uma
mudança efetiva, no plano jurídico e político ainda não foi totalmente efetivado
(SINASE, 2006).
Com objetivo de avançar na legislação e efetivar a cidadania dos adolescentes em
conflito com a lei o Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e do Adolescente
(CONANDA), criado pela Lei Federal nº 8.242, de 12 de outubro de 1991,
responsável para deliberar sobre as políticas de atenção à criança e adolescente
tem cumprido o papel de normatizador e articulador, ampliando debates e sua
agenda com os demais atores do Sistema de Garantia dos Direitos (SGD). (SINASE,
2006).
Em 2004 a Secretaria dos Direitos Humanos (SEDH) em conjunto com o CONANDA
e com apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), sistematizaram
e organizaram a proposta do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
(SINASE), promoveram no mês de novembro de 2004 um amplo debate para
construção de um documento para ser um guia na implementação das medidas
socioeducativas (SINASE, 2006).
Com o advento do ECA, novos termos passaram a ser utilizados para fazer
referência à criança e ao adolescente e à situação de atos infracionais: criança e
adolescente, ato infracional, sujeito em conflito com a lei, medidas socioeducativas.
O SINASE descreve sobre esta mudança de paradigmas. As terminologias
19
depreciativas do código dos menores de 1979 vão aos poucos ficando em desuso,
embora uma parte da sociedade ainda insista na manutenção de estigmas, que são
especialmente fomentados pela mídia com interesses “escusos”. Mas mesmo com
estas barreiras houve um avanço considerável a partir do Estatuto da Criança e do
Adolescente (SINASE, 2006).
O Estatuto promoveu a ruptura com o sistema que majorava anteriormente baseado
na doutrina da situação irregular, porém somente a alteração na lei não garante a
mudança de costumes da cultura do menorismo, tornando um desafio efetivar os
direitos da criança e do adolescente (SINASE, 2006).
O ECA foi promulgado no processo de abertura política, após quase 60 anos de
tentativa pela reformulação do Código de Menores de 1927. O estatuto não se
restringiu a declarar direitos, mas buscou definir mecanismos para a efetivação dos
direitos, delegando responsabilidades da família, sociedade e do Poder Público.
Dentre os instrumentos e mecanismos, podemos citar a descentralização das
políticas públicas; a criação de Conselhos de Direitos para formular, deliberar e
fiscalização de políticas; a criação de Conselhos Tutelares para atender às crianças
e adolescentes; e a co-gestão entre Estado e sociedade civil (SINASE, 2006).
Quando a questão recai sobre a tônica da responsabilização pelo ato infracional,
Costa (2015) afirma que o Estatuto é claro ao considerar que os adolescentes são
responsáveis pelos atos infracionais que praticam, com variação da intensidade da
responsabilização, dependendo do tipo de infração cometida, aplicando-se as
medidas socieducativas.
O Sistema de Garantia de Direito (SGD) compõe articulação integrada das
instâncias públicas governamentais e da sociedade civil, na aplicação da lei e no
funcionamento dos mecanismos de promoção, defesa e controle para efetivação dos
direitos humanos da criança e do adolescente nos níveis municipais, estaduais e
federais.
O Art. 2 da Resolução 113 do CONANDA refere que
Compete ao Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do
Adolescente promover, defender e controlar a efetivação dos direitos
civis, políticos, econômicos, sociais, culturais coletivos e difusos em
sua integralidade, em favor de todas as crianças e adolescentes, de
modo que sejam reconhecidos e respeitados como sujeitos de direitos
e pessoa em peculiar situação de desenvolvimento; colocando-os
20
salvo de ameaças e violações a quaisquer de seus direitos, além de
garantir a apuração e reparação dessas ameaças e violações.
O sistema de justiça necessita de integração para o bom funcionamento do Sistema
de Garantia de Direitos (SGD). São órgãos judiciais como varas da infância e
juventude, equipes multiprofissionais, varas criminais especializadas, tribunais do
júri, as comissões judiciais de adoção, tribunais de justiça, corregedorias gerais de
justiça.
A efetivação dos direitos, do controle de ações públicas e defesa dos direitos
humanos relacionados à criança e ao adolescente se dará através das instâncias
públicas colegiadas onde garante a paridade de participação de órgãos
governamentais e de entidades sociais, como os conselhos dos direitos de crianças
e adolescentes; conselhos setoriais de formulação e controle de políticas públicas e
os órgãos e os poderes de controle interno e externo.
Os art. 172/173 do ECA descrevem os processos que ocorrem quando o
adolescente é flagrado na prática do ato infracional, considerando que, na prática do
ato infracional pelo adolescente, deve-se levar em consideração o nível de
gravidade.
O adolescente apreendido em autoria de ato infracional deverá ser apresentado à
autoridade policial da Delegacia Especializada de Adolescente em Conflito com a Lei
com objetivo de formalizar o processo. Caso se constate o ato infracional e sua
gravidade, sendo praticado com violência ou grave ameaça à pessoa, lavrar-se-á o
Auto de Apreensão de Ato Infracional, o delegado de polícia comunica à autoridade
judiciária competente (Juiz da Vara da Infância e da Juventude) e também comunica
aos responsáveis legais (pai, mãe e outros). No ato da apreensão, o adolescente
deverá ser comunicado de seus direitos e, de preferência, ser liberado
imediatamente (ECA, 1990).
Segundo o Art.108 do ECA o adolescente poderá ficar internado no prazo máximo
de 45 dias antes da sentença, que deverá ser baseada em provas suficiente para
justificar a privação de liberdade. Já o Art. 22, refere que:
“A medida de internação só poderá ser aplicada quando:1- Se tratar
de ato infracionalcometido mediante de grave ameaça ou violência à
pessoa 2- Por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
3- Por descumprimento reiterado e injustificável da medida anterior
imposta” (ECA, 1990).
21
Na prática o adolescente em conflito com a lei pego em flagrante na prática do ato
infracional, aplica a este, juntamente com o responsável legal, em um primeiro
momento a Advertência (aplicada quando o adolescente praticou o ato infracional
leve sem ameaça a terceiros, com objetivo de adverti-lo pelo ato e fazê-lo refletir
sobre o mesmo e redirecionando o seu comportamento). Outra medida a ser
aplicada em situações de cometimento de ato infracional vem a ser a Reparação de
Danos (quando o ato infracional causa danos patrimoniais à vítima).
Ainda como medida socioeducativa destaca-se a Prestação de Serviço á
Comunidade (PSC), que é uma medida realizada em meio aberto e consiste em
queo adolescente trabalhe em instituições sociais. Esta medida não pode
ultrapassar a 06 meses, deve levar em consideração a aptidão laborativa do
adolescente e não poderá interferir em seu aprendizado na rede de ensino. Será
determinada pelo juiz e será executada com o apoio dos profissionais da Política de
Assistência Social pelo equipamento denominado Centro de Referência
Especializado da Assistência Social (CREAS).
A Liberdade Assistida - LA (ART.112 do ECA,1990.) é uma medida que faz parte
das Medidas de Meio Aberto e que são monitoradas pela rede de apoio CREAS. O
pelo qual o adolescente se compromete em comparecer no CREAS referenciado
pelo território por uma equipe multidisciplinar que poderá pedir o desligamento do
adolescente se entender que esta medida não deverá ser mais necessária de
acordo com o comportamento do adolescente.
Em relação às medidas restritivas de liberdade estão a Inserção em Regime de
Semiliberdade (SL) e a Internação em Estabelecimento Fechado sendo que a
aplicação dessa última é o último recurso na socioeducação.
As medidas socioeducativas deverão estar baseadas em princípios
como obrigatoriedade em fornecer educação, profissionalização,
garantia de atendimento personalizado respeitando a singularidade
do adolescente. As internações deverão seguir as orientações do
ECA e SINASE. Vale ressaltar que na aplicação das medidas deverá
considerar a capacidade do adolescente de cumprimento, as medidas
deverão ter caráter educativo e não punitivo, os profissionais
envolvidos na socioeducação precisaram desenvolver no adolescente
um caráter reflexivo sobre o ato que cometeu fazendo o entender a
sua gravidade e consequências do ato praticado (ECA,1990).
22
O sistema de garantia fundamentais deverá estimular o adolescente a participação e
atividade culturais, lazer e esporte, assistência à saúde, profissionalização,
educação, respeito á religião, etnia e sexualidade.
O adolescente deve ser alvo de um conjunto de ações
socioeducativas que contribua na sua formação, de modo que venha
a ser um cidadão autônomo e solidário [...] Ele deve desenvolver a
capacidade de tomar decisões fundamentadas, com critérios
relacionados para avaliar situações relacionadas ao interesse próprio
e ao bem comum, aprendendo com a experiência acumulada
individual e social, potencializando sua competência pessoal,
relacional, cognitiva e produtiva (CONANDA, 2006, p. 51).
A família tem um papel indispensável para que o adolescente cumpra a medidas
socioeducativa. Segundo o ECA as medidas não se resumem ao adolescente mas a
família e o Estado deverão ser ativo neste contexto (ECA,1990).
O adolescente será acompanhado pelo CREAS/LA/PSC, por uma equipe
multidisciplinar que deverá apresentar habilidades para tratar com as famílias
desses adolescentes. A considerar os diferentes e diversos arranjos familiares e que
a família, na contemporaneidade, não se restringe ao modelo de família nuclear, os
diversos grupos familiares serão considerados sem preconceitos, tais como: as
monoparentais, divorciados, novas uniões, união homoafetiva, dentre outros.
A Política Nacional de Assistência (PNA) define a família como o conjunto de
pessoas unidas por laços consanguíneos, afetivos, solidários, sendo que é por meio
delas que se constrói marcas entre gerações, valores culturais e morais. Em relação
às medidas socioeducativas aplicadas a adolescentes em autoria de ato infracional,
a família é envolvida no cumprimento das medidas, sendo diretamente inserida no
processo, pois se constitui como responsável legal do adolescente em prática do ato
infracional. Este processo se materializa na construção do Plano Individual de
Atendimento (PIA) - Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012 (SINASE, 2006).
O CREAS desenvolve ações como atendimentos individuais e grupais para o
adolescente e para a família, por meio de cursos profissionalizantes, parcerias com
organizações, encaminhamento do adolescente à rede de atendimento como saúde,
educação, cultura. A articulação da rede promove inserção aos direitos
fundamentais que paradoxalmente terão acesso a estes quando na prática do ato
infracional.
23
Quando a família participa ativamente no cumprimento das medidas socioeducativas
aplicadas ao adolescente a possibilidade de êxito se potencializa considerando que
um dos princípios da medidas se dá o fortalecimento de vínculos, diminuindo
consequentemente a possibilidade de retornar a prática do ato infracional.
No Brasil especificamente no Espírito Santo o Instituto de Atendimento
Socioeducativo (IASES) é responsável pelas medidas socioeducativas e vem ao
longo dos anos desenvolvendo de forma efetiva o cumprimento das medidas
socioeducativas. Conta com equipes multidisciplinares altamente comprometidas
com a socioeducação, e com uma estrutura física que tem sido referência para
alguns estados. É fato que a realidade social vai além do que este instituto pode
abarcar, pois a questão do adolescente em prática do ato infracional é para além de
apenas aplicação e cumprimento de medidas socioeducativas. A autoria de atos
infracionais carrega consigo questões de privação e violação dos direitos
fundamentais que são impostos aos adolescentes e suas famílias.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se perceber que os adolescentes que se envolvem nas práticas atos
infracionais,tem cor,raça,endereço,classe social. Em sua maioria são adolescentes
privados dos direitos fundamentais,vínculos familiares fragilizados,sem acesso à
moradia,saúde,educação,lazer,cultura,dependentes de substâncias
psicoativas,precocemente arregimentados para o exército do tráfico de drogas, o
que permite que muitas das famílias sejam sustentadas pela renda do “trabalho
informal” deste adolescente.
As famílias são frequentemente culpabilizadas, pelo senso comum são consideradas
“desestruturadas” com filhos “sem limites” que cometem crimes. Entretanto, trata-se
de famílias em situação de vulnerabilidades, expostas a riscos sociais que resultam
da pobreza, do desemprego e baixa escolaridade, contexto de vida que colabora
para a inserção do adolescente no universo das práticas infracionais.
O Estatuto da Criança e do Adolescente é um divisor de água quando se refere à
política de proteção integral. A partir da Constituição Federal de 1988 houve um
considerável avanço em políticas públicas voltadas para o adolescente e suas
famílias,porém no processo de redemocratização também pode-se perceber a
24
contra-reforma com o advento do neoliberalismo imposto pelo grande capital, que
incide sobre os direitos sociais e sobre as políticas públicas.
É nesse contexto em que se insere o profissional de serviço social, para atuar com
adolescentes na condição de autoria de ato infracional. Para tanto o assistente
social deverá se valer do seu código de ética e seus princípios fundamentais como:
a defesa intransigentedos direitos humanos e recusa do autoritarismo,ampliar e
consolidar a cidadania,se posicionar em favor da equidade e justiça social
assegurando a universalidade de acesso a bens e serviços relativos aos programas
e políticas sociais. O profissional do Serviço Social deverá ter um conhecimento
profundo da questão social, ter habilidade para trabalhar em equipe multidisciplinar
com intervenções voltadas ao interesse do adolescente e seus familiares.
Desta forma pode-se concluir que o ECA a Constituição Cidadã,não são suficientes
para erradicar do nosso país crianças e adolescente em situação de risco social e
com potencial para a arregimentação ao submundo das drogas. É de suma
importância que gestores tenham um olhar voltado à prevenção e cuidado,promoção
de políticas públicas que assegurem acesso aos bens fundamentais para o
desenvolvimento do ser humano.
Com Estado, a família, sociedade comprometidos com o bom desenvolvimento
destas crianças um dia não precisaremos privar crianças e adolescentes de seu
convívio familiar e as unidades socioeducativas poderiam ser transformadas em
escolas em tempo integral com professores valorizados e alunos sendo estimulados
na busca do saber.
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