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peça 05

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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de Belo Horizonte-MG
Processo nº: xxxxx
	LEONARDO, já qualificado nos autos em epígrafe, vem respeitosamente perante V. Exa., por seu defensor(a) infra-assinado, por não se conformar com r. sentença de f. xxx dos autos, interpor com fulcro no artigo 593, I, do CPP, o presente recurso de APELAÇÃO nos termos das razões anexas, requerendo seja o mesmo recebido, abrindo-se vista à parte contrária para apresentação, caso queira, de contrarrazões e, após, remetendo-se os autos ao EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS.
Nestes Termos
Pede deferimento 
Belo Horizonte, 15 de maio de 2017
Advogado
OAB
RAZÕES DE APELAÇÃO
Apelante: LEONARDO
Apelado: Ministério Público do Estado de Minas Gerais
Origem: 1ª Vara Criminal da Comarca de Belo Horizonte-MG
Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Ínclitos Desembargadores
Preclaro Procurador Geral de Justiça
	Não procedeu com o costumeiro acerto o ilustre julgador monocrático que após análise dos autos e da prova, entendeu por bem condenar o apelante nas sanções do art. 157, §2º, I, c/c art. 14, II, ambos do CPB, a uma reprimenda legal de 04 (quatro) anos, a ser cumprida em regime inicial fechado.
	Entretanto, cuidará o apelante demonstrar que a razão caminha a seu favor, o que levará está Douta Câmara a modificar a anterior decisão, reestabelecendo a justiça ao caso concreto.
– PRELIMINARMENTE
– Da nulidade
Em atenta análise dos autos, constata-se que, quando da fase de memoriais, o então procurador do acusado renunciou ao mandato. Entretanto, em total descumprimento ao disposto ao art. 263 do CPP, o magistrado determinou a abertura de vista à Defensoria Pública para apresentação de alegações finais, sem antes ter intimado o acusado para contratar novo advogado.
Diante disso, cabível será a nulidade do processo desde o momento da apresentação de alegações finais, e, por conseguinte, da sentença prolatada pelo douto magistrado de primeira instância, por omissão de formalidade que constitui elemento essencial do ato, nos termos do art. 564, IV, do CPP, e por falta de intimação nas condições estabelecidas pela lei, conforme disposto no art. 564, III, o, do CPP.
– MÉRITO
– Da absolvição
Exsurge dos autos que, durante a instrução processual não foram ouvidas testemunhas que apontassem o acusado como sendo o autor dos fatos, mesmo apesar da confissão do acusado, sendo esta prova isolada nos autos, sem lastro probatório, o que, nos termos do art. 386, VII, do CPP, é causa de absolvição do acusado, frisando-se a insuficiência de provas e de testemunhas presenciais, ou até mesmo do reconhecimento da vítima. 
De tal forma, baseando-se no princípio do “in dubio pro reo”, que estabelece que, em caso de dúvida, interpreta-se esta em favor do acusado, uma vez que a garantia da liberdade deve prevalecer sobre a pretensão punitiva do Estado, devendo o juiz absolver o réu caso não exista prova suficiente da autoria ou materialidade do crime para a condenação, nos termos do art. 386, VII, do CPP,
– Da Desistência Voluntária
Verifica-se dos autos que, no momento em que adentrou ao estabelecimento, antes de subtrair a res, o acusado, ao perceber que o único funcionário que estava trabalhando no momento dos fatos era um senhor de cadeira de rodas, desiste de sua empreitada criminosa, arrependido e, antes mesmo de ser notado por tal funcionário, sai do estabelecimento, sendo preso logo em seguida por policiais. De tal forma, o acusado não chegou a concluir seu intento, por sua própria vontade, não havendo que se falar em roubo tentado, sendo certo que na desistência voluntária o agente só responde pelos atos já praticados. Ocorre que no caso em tela o acusado não ameaçou o dono do estabelecimento e tampouco subtraiu quaisquer quantias do caixa, razão pela qual deve ser absolvido pela inexistência da infração penal, nos termos do art. 386, III, do CPP.
– Da inexistência da representação do crime de ameaça
Em sendo acatada a tese de desistência voluntária, em relação aos atos praticados, exsurge dos autos o crime de ameaça ao cliente que estava no estabelecimento. Entretanto, tal cliente nunca foi ouvido em Juízo, apesar de ter demonstrado à época seu desinteresse em representar contra o acusado, devendo ser julgada extinta a punibilidade em relação a tal delito, tendo em vista ter vencido o prazo decadencial sem a manifestação da vítima, nos termos do art. 107, IV, do CP.
– Decote da majorante
Nos moldes do que consta da peça acusatória, o denunciado teria tentado subtrair a res furtiva simulando estar armado.
	Entretanto, e sabido que a súmula 174 do STJ, que orientava no sentido de que o uso de arma de brinquedo, assim como a simulação de porte de arma justificava a majorante, foi cancelada pelo STJ, que pacificou o entendimento de que tal conduta não configura a causa de aumento de pena indicada, logo deve ser julgada improcedente a causa de aumento de pena, que torna-se incabido o reconhecimento da qualificadora objeto de condenação em primeiro grau de jurisdição.
Pelo exposto, pugna pela desclassificação do delito de sua forma qualificada para sua forma simples, com consequente reestruturação da pena, a ser fixada em seu mínimo legal, haja vista ser o acusado portador de bons antecedentes, e fixado o regime aberto para cumprimento da pena, tendo em vista o quantum da pena imposta.
APELAÇAO CRIMINAL CONDENAÇAO PELO CRIME DISPOSTO NO ARTIGO 157, CAPUT DO CP – PROVAS SUFICIENTES PARA O ÉDITO CONDENATÓRIO - SIMULACAO DE ARMA DE FOGO - DESCONSIDERAÇAO DA QUALIFICADORA DE USO DE ARMA DE FOGO – REFORMA DA DOSIMETRIA APLICADA - PROVIDO. O fato de não haver confirmação em juízo não traz prejuízo ao contexto probatório presente nos autos que estão todos em harmonia com a confissão feita pelo apelante em fase policial. Verifica-se que o magistrado de 1º grau aplicou a qualificadora como causa de aumento, quando o correto seria ter levado em consideração esta qualificadora no momento de aplicação da pena-base. Como esta qualificadora vai ser retirada, então não há maiores modificações a serem feitas na r. Sentença proferida em juízo monocrático, senão aquelas relacionadas à parte da análise das circunstâncias judiciais. (TJ-ES - APR: 48040044033 ES 048040044033, Relator: ADALTO DIAS TRISTÃO, SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 16/03/2009)
– Da reestruturação da pena
Cultos Desembargadores, caso não acolhidas as teses supramencionadas, requer a reestruturação da pena base, tendo em vista que quando da análise das circunstâncias judiciais, o douto magistrado considerou a existência de maus antecedentes, por já haver o acusado ter sido penalizado por cometimento de atos infracionais, entretanto a jurisprudência é uníssona em dizer que atos infracionais não podem refletir na vida adulta, conforme jurisprudência que se segue: 
HABEAS CORPUS. PENAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO E RESISTÊNCIA. CONDENAÇÃO. REGIME PRISIONAL MAIS GRAVOSO. PENA-BASE FIXADA ACIMA DOMÍNIMO LEGAL. CONSIDERAÇÃO DE CIRCUNSTÂNCIAS INERENTES AO TIPO PENALPARA AUMENTO DA PENA. ATOS INFRACIONAIS QUE NÃO PODEM SER CONSIDERADOS MAUS ANTECEDENTES. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. PRECEDENTES. ORDEM DE HABEAS CORPUS CONCEDIDA. 1. A consideração de circunstâncias inerentes ao tipo penal para fixação da pena-base acima do mínimo legal mostra-se inidônea, eis que referidas circunstâncias já foram consideradas pelo legislador ao estabelecer o preceito secundário do delito. 2. É firme a orientação deste Superior Tribunal de Justiça no sentido de que atos infracionais não podem ser considerados maus antecedentes para fins de majoração da pena base. 3. Ordem de habeas corpus concedida para fixar o regime aberto de cumprimento de pena para ambos os delitos pelos quais foi condenado o paciente. (STJ - HC: 249015 SP 2012/0150611-1, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 16/04/2013, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 23/04/2013)
Ainda há que se mencionarque, quando da análise da tentativa do cometimento do delito, o juiz reduziu a pena em apenas 1/3. Entretanto, em razão do acusado ter se distanciado ao máximo da consumação do delito, desistindo antes mesmo de abrir o caixa, o juiz deveria utilizar o grau máximo de redução da pena, ou seja, 2/3.
– Das atenuantes
A súmula 545 do STJ dispõe que deverá o julgador reconhecer ao réu o direito da atenuante da confissão, caso esta seja utilizada como fonte de convencimento para o decreto condenatório, como no presente caso, não havendo dúvidas de que o magistrado deveria ter concedido tal atenuante, o que, entretanto, não o fez. Diante do exposto, requer seja concedido ao réu o direito da atenuante prevista no art. 65, III, d, do CP. 
Ainda há que se mencionar que, à época dos fatos o acusado era menor de 21 anos e, nos termos do art. 65, I, do CP, faz jus à atenuante da menoridade relativa, o que também não foi considerado pelo douto magistrado, medida esta que ora se requer. 
– Do regime de pena
Cultos Desembargadores, caso acolhida a tese de redução da pena em virtude da tentativa em seu grau máximo, ou seja, 2/3, esta passará a ser estabelecida em 01 (um) ano e 04 (quatro) meses de reclusão, o que nos termos do art. 33, § 2º, a, b e c, do Código Penal, deve ser fixado o regime aberto para cumprimento da pena, observando-se, ainda, o disposto nas súmulas 718 e 719 do STF, não podendo o juiz fundamentar o estabelecimento do regime fechado apenas na gravidade abstrata do crime de roubo.
– Da concessão do SURSIS
Cultos Desembargadores, com base na pena ora estruturada, requer seja concedido ao acusado o direito da suspensão condicional da pena (SURSIS), uma vez que o apelante preenche todos os requisitos previstos no art. 77 e parágrafos do CP.
– DOS PEDIDOS
	Com base na fundamentação supra, requer seja o presente recurso de apelação conhecido e provido para:
A nulidade de todos os atos processuais posteriores ao momento da renúncia do advogado do acusado, tendo em vista a ausência de intimação do mesmo para apresentação de novo procurador, nos termos do art. 263 do CPP.
Absolvição com base no artigo 386, VII, do CPP;
Absolvição, tendo em vista a desistência voluntária, tratando-se diretamente da inexistência do delito, nos termos do artigo 386, III, do CPP;
Reconhecimento da decadência em relação ao crime de ameaça, por ausência de representação da vítima, extinguindo a punibilidade nos termos do art. 107, IV, do CP.
Decote da majorante pela simulação de porte de arma de fogo;
Reestruturação da pena base, por não poder ser considerado o acusado portador de maus antecedentes;
Reestruturação da dosimetria, aumentando-se o patamar da redução da pena referente à tentativa para 2/3;
Reconhecimento das atenuantes previstas no art. 65, I e III, d, do CP;
Alteração do regime de fechado para aberto;
Concessão da Suspensão Condicional da pena;
Nestes termos, 
Pede deferimento.
Belo Horizonte, 15 de maio de 2017.
Advogado – OAB

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