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Administração da Visibilidade J. Thompson Profa. Isabel Spagnolo Publicidade tradicional de co- presença. • Visibilidade = Tornar Visível. • Publicidade tradicional de co-presença: • No passado, os acontecimentos políticos envolviam, no mesmo espaço físico governantes e governados. • Nesse espaço, os governantes faziam declarações, discursos, inaugurações, solenidades. • Os populares participavam com palmas, saudações, vaias. • Os espaços do soberano eram as cortes e os palácios. • Nesses espaços, além do soberano, estavam presentes os nobres, • os ministros, clérigos e membros da elite. • Nesse contexto, tradicional quer dizer que as cerimônias políticas eram feitas sempre da mesma maneira. Portanto, publicidade tradicional de co-presença significa tornar público sempre da mesma forma, no mesmo espaço compartilhado. • A co-presença significa a ausência da mediação feita pelas tecnologias. É a partilha do espaço físico. • Hoje, alguns acontecimentos políticos ainda ocorrem em espaços de co- presença como por exemplo: comícios políticos, passeatas, debates nos recintos parlamentares. Publicidade Mediada • Os eventos políticos, na atualidade, são transmitidos para multidões através da mídia sem a necessidade da interação face a face, sem a obrigatoriedade de um local comum compartilhado. Os acontecimentos políticos são gravados ou transmitidos ao vivo. • A publicidade mediada foi inaugurada com a imprensa na Idade Moderna. As gazetas já traziam informações sobre o soberano. Na contemporaneidade desenvolveu-se com os meios de comunicação de massa. • • Essa mudança provocou alterações quanto à construção da imagem daqueles que exercem o poder. • A preocupação com a própria imagem pessoal já existia, mas é ampliada pela mídia. • O próprio Maquiavel no século XVI, tratou da construção da imagem do governante. No entanto, com o desenvolvimento dos • media, a imagem torna-se efetivamente pública e para multidões. • Para a maioria dos indivíduos nas sociedades antigas e medievais, os governantes mais poderosos raramente ou jamais foram vistos. Os habitantes das áreas rurais ou periféricas dificilmente teriam a oportunidade de ver o Imperador ou o Rei em carne e osso, exceto pelas • viagens oficiais que eram de curta duração e infreqüentes nessas regiões periféricas. • O indivíduos podiam participar rotineiramente de festivais que celebravam a existência do monarca, sem nunca tê-lo visto pessoalmente. • Quem participasse de uma festa provincial poderia ver uma variedade de sacerdotes locais e dignatários vestidos de púrpura, e talvez, uns poucos delegados das cidades vizinhas, mas, dificilmente, veria o imperador em pessoa. • As aparições públicas do monarca aconteciam nos centros políticos: Salões do palácio, Ruas, Praças da Capital do Reino. • Com o desenvolvimento da imprensa e, posteriormente, dos media, os governantes políticos tiveram de se preocupar cada vez mais com sua apresentação diante da audiência que não • estava mais fisicamente presente. • Os novos meios de comunicação tornaram-se uma forma de não apenas promulgar decretos oficiais, mas também um meio de projetar uma imagem pessoal, que alcançaria os súditos nos lugares mais distantes. • As imagens de Luis XIV da França e Felipe IV da Espanha foram celebradas não somente nos meios tradicionais como pinturas, esculturas, monumentos e tapetes, mas também nos novos meios da imprensa: Xilogravura, gravura em metais, panfletos e periódicos. • Sob o reinado de Luiz XIV, o Gazette de France, publicado 2 vezes por semana e o Mercure Galant, publicação mensal, dedicaram espaço regular para as atividades do rei. • Portanto, a construção da imagem pública começa a ser feita pela imprensa da época. • Mas, em contrapartida, a imprensa era também um espaço pelo qual outros podiam veicular imagens e relatos que divergiam do que os governantes procuravam aparentar. • Eram também produzidos panfletos onde os monarcas eram descritos como: frívolos, arrogantes, inescrupulosos, injustos. • As imagens satíricas circulavam largamente. Nesse contexto, a imprensa servia tanto para celebrar a imagem do rei quanto para difamá-la. • Napoleão temia e odiava a imprensa, tanto que durante sua permanência no poder apenas 13 jornais permaneceram em circulação. • A censura imposta nos periódicos aparecia como forma de controle da visibilidade. • Ao longo dos séculos XIX e XX, a visibilidade de líderes e políticos assumiu importância ainda maior. • As condições sociopolíticas no século XX já eram bem diferentes das que prevaleciam na Europa Moderna: • Primeiro: desde o século XIX, cresceu o tamanho das audiências receptoras das mensagens mediadas. • Em conseqüência, os interessados no controle da visibilidade (censura) agora têm que competir com uma variedade de receptores consideravelmente maior – em termos tanto de alcance geográfico ou de • qualquer outra coisa que os líderes políticos anteriores pudessem ter enfrentado. • Segundo: reenfatizou a importância da visibilidade no sentido estreito de visão = capacidade de ser visto fora do compartilhamento de um lugar comum. Por isso, a aparência visual dos líderes políticos, o modo de vestir, de se • apresentar, de se portar, torna-se um aspecto importante de sua apresentação diante de audiências que podem ver sem se deixarem verem. • A TV permite que os indivíduos apareçam ao vivo. • Sendo assim, aumenta o grau de vigilância e monitorização requeridas pelos líderes políticos e por aqueles que • Confiaram a administração de sua visibilidade. • Portanto, a vigilância passa a ser um dos pontos em comum entre um lado e outro. Escândalo Político • Na virada do século XVIII para o XIX, o termo escândalo é desvinculado do sentido de blasfêmia e passa a se referir a um tipo particular de evento, inteiramente ligado à imprensa. Temos aí a emergência de um novo escândalo como um evento de mídia. É, portanto, um fenômeno moderno. • A principal característica do escândalo político é o fato de revelar, através da mídia, uma série de atividades que, até então, eram escondidas e caracterizavam alguma forma de transgressão. • O século XIX é o período de nascimento do escândalo político. Mas é o século XX que se torna, de fato, o período de seu desenvolvimento. • O escândalo político é um gênero narrativo e, portanto, uma arma da luta política. Essa arma ficou cada vez mais forte a partir da década de 60 por uma série de razões: • Primeiro: o desenvolvimento da mídia eletrônica, em especial a TV, acentuou a visibilidade dos líderes políticos. • Os políticos se tornam personagens com características identificáveis, cada vez mais, buscam se apresentar como indivíduos comuns. • É a questão da personalidade, do caráter, é o que passa a ser mais importante para a vida política. Tudo aquilo que,antes, permanecia oculto, vem a público com as novas tecnologias de vigilância e • Investigação – câmeras escondidas, fitas de gravação, grampos de telefone, etc. Com isso é possível captar, documentar e veicular o que está escondido. • Segundo: cultura da política de confiança. • O escândalo coloca em questão a credibilidade dos políticos. • O escândalo político está ligado ao que ele chama de poder simbólico = capacidade de persuadir, influenciar pessoas, conseguir que os outros acreditem em você. O poder simbólico é exercido através da reputação, credibilidade, confiança. Só assim terá condições de persuadir os outros. É perigoso, portanto, e funciona como arma. Caso Collor.Caso Roseana Sarney
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