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Revisão Brasil Colonial

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Professora Viviane Galvão 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 – O Brasil Antes da Chegada dos Europeus 
 
 
O território brasileiro encontra-se habitado há cerca de 50.000 anos, segundo as 
pesquisas arqueológicas realizadas em São Raimundo Nonato pela arqueóloga Niede 
Guidon. Entretanto, não existe consenso a este respeito. Outros arqueólogos apontam para 
uma ocupação de 12 mil, 20 mil ou 30 mil anos. O que dificulta o estabelecimento desta 
data é a inexistência de provas incontestáveis, como esqueletos humanos, com idade maior 
que 11.500 anos (Luzia). 
Também não há consenso com relação à origem dos primeiros habitantes do 
continente. A hipótese mais aceita nos remete à sucessivas migrações realizadas através 
do estreito de Bering e das Ilhas Aleutas, entre a Sibéria e o Alasca, durante a última 
glaciação (cerca de 40.000 a 10.000 a.C.). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Entretanto, em 1975 escavações realizadas em Minas Gerais pela arqueóloga 
francesa Annette Laming Emperaire e pelo brasileiro André Prous revelaram um crânio que 
foi batizado de Luzia. O que chamou atenção nesta descoberta foram os traços bastante 
diferenciados do crânio e a datação de 11.500 anos, obtida através do carbono 14. Na 
década de 90 uma equipe liderada por Walter Neves, antropólogo da USP, iniciou uma série 
de estudos que culminaram com a reconstituição do crânio. Para surpresa de todos Luzia 
possuía traços negróides, muito diferentes dos traços mongolóides dos indígenas 
americanos. Esta revelação teve grande repercussão e obrigou os cientistas a rever a 
hipótese do povoamento da América. Muitos passaram a defender outros pontos de 
migração além de Bering, como a Malásia e a Austrália. Porém os estudos ainda são 
inconclusivos. 
Independente da origem ou da data de chegada à América, os estudiosos 
concordam que nos primeiros milhares de anos os grupos humanos eram nômades e 
sobreviviam da caça e da coleta. A agricultura, a criação de animais, a cerâmica, a 
tecelagem e a cestaria passaram a fazer parte do cotidiano de parte destes grupos há cerca 
de 7.000 anos. Entre os indígenas brasileiros o cultivo da mandioca e do milho era realizado 
de maneira sistemática há mais de 4.000 anos. 
Os estudos destes povos são enriquecidos por descobertas arqueológicas em todo 
Brasil. Entre os principais sítios arqueológicos escavados no Brasil podemos destacar: 
 Lagoa Santa (MG) – descoberto e estudado pelo dinamarquês Peter Lund no século 
XIX. Em suas pesquisas Lund encontrou fósseis humanos e de animais pré-históricos 
extintos. Foi nesta região que posteriormente foi encontrado o crânio de Luzia. 
 
ESTREITO DE 
BERING - Massa de 
água de 
aproximadamente 64 
quilômetros de largura 
que separa a Rússia 
(nordeste da Sibéria) 
dos Estados Unidos 
(oeste do Alaska), 
localizado no extremo 
norte do Oceano 
Pacífico. 
 
História do Brasil 
Período Colonial 
 
Revisão de Brasil Colônia 
 
 Professora Viviane Galvão 
 
Artefatos utilizados na preparação 
da farinha de mandioca 
 São Raimundo Nonato (PI) – escavações realizadas na Toca do Boqueirão na 
Serra da Capivara revelaram centenas de sítios arqueológicos, a maior parte com 
impressionantes pinturas rupestres. Entretanto a descoberta mais polêmica foi a de alguns 
pedaços de carvão (de uma provável fogueira) datados em mais de 50.000 anos. Segundo 
a arqueóloga Niède Guidon estes fragmentos seriam indícios da presença humana na 
região. Os resultados das pesquisas de Niéde são questionados por muitos cientistas. 
 
 Santarém (PA) – sítios arqueológicos localizados nas cavernas de Pedra Pintada, 
próximo ao Rio Tapajós, revelaram a presença humana na região há cerca de 11.000 anos 
Os indígenas possuíam costumes, religiões e grau de complexidade cultural 
diferentes. Alguns conheciam a cerâmica e praticavam a agricultura, outros grupos se 
limitavam à caça e à coleta de frutos. Os povos indígenas foram divididos pelos estudiosos 
em troncos lingüísticos. Os principais troncos eram: 
 
 Tupi – Divididos em várias famílias, com destaque para os grupos: Potiguar, 
Tabajara, Tupinambá, Tupiniquim (primeiros a ter contato com os portugueses). Em séculos 
de migração em busca de uma “terra sem males”, os tupis abandonaram a região 
amazônica e passaram a ocupar a maior parte do litoral atlântico e várias áreas do interior. 
Formavam sociedades guerreiras, praticavam rituais antropofágicos e cultuavam valores 
como a coragem e a bravura. Muitos grupos tupis cultivavam várias espécies vegetais 
destacando-se a mandioca, milho, amendoim, 
feijão, cará e banana. Sua agricultura era 
itinerante, alternando áreas de cultivo e áreas de 
repouso do solo. 
 Macro-Jê (Tapuias) – Foram expulsos do 
litoral pelos tupis, seu grande inimigo, e passaram 
a ocupar o Planalto central, do Maranhão ao alto 
Paraguai. Algumas tribos viviam na Serra do Mar, 
próximas ao litoral sul. Além da caça, da pesca e 
da coleta praticavam uma agricultura bastante 
rudimentar. 
 Nu-aruak (Nuaruaques, arwak ou 
aruaques) – ocupavam parte da bacia amazônica 
até os Andes e atuais áreas da Bolívia e do Peru; 
 Karib (Caraíbas) – Localizavam-se nas 
regiões altas das Guianas e no Norte da Bacia 
Amazônica. 
Havia também grupos que viviam 
principalmente da pesca e da coleta.de moluscos 
(berbigões) e mariscos e habitavam grandes 
elevações formadas por restos de conchas 
chamadas de sambaquis. Estas estruturas, que 
podem ser encontradas em 
praticamente todo litoral brasileiro, sendo mais comuns em Santa Catarina e no Rio 
Grande do Sul, chegam a atingir 100 metros de diâmetro e 30 metros de altura. Escavações 
arqueológicas revelaram que os sambaquieiros dominavam técnicas de escultura em pedra 
(zoolitos), esculpiam anzóis e pontas de arpões, pescavam em grandes profundidades e 
enterravam seus mortos com adornos. Quando os europeus chegaram ao Brasil 
encontraram os sambaquis abandonados, cientistas acreditam que os sambaquieiros 
podem ter sido exterminados ou incorporados por outros povos indígenas. 
Apesar das diferenças podemos afirmar que os nativos brasileiros também 
possuíam aspectos em comum. Eles viviam em regime de comunidade primitiva, 
desconheciam a propriedade privada e o comércio. A produção de alimentos e artefatos 
visava apenas o consumo da comunidade. Não havia produção de excedentes e as trocas 
eram praticadas eventualmente. 
A divisão de trabalho era baseada no sexo e na idade. Cabia aos homens a 
fabricação de canoas e armas (tacape, arcos, flechas e lanças), a construção das malocas, 
a preparação da terra para o plantio, a caça, a pesca e a guerra. As mulheres eram 
responsáveis pela agricultura (do plantio até a preparação dos alimentos), tecelagem e 
atividades domésticas. Os curumins e as cunhatãs ajudavam os mais velhos nestas tarefas. 
Quando chegavam a idade adulta passavam por rituais de iniciação. Muitos grupos 
praticavam a poligenia (poligamia masculina) e alguns a poliandria (poligamia feminina). 
Revisão de Brasil Colônia 
 
 Professora Viviane Galvão 
 
O líder (morubixaba, 
cacique) e o chefe religioso (pajé) 
recebiam um nome diferente em 
cada nação indígena. Entre os 
tupis, um conselho de anciãos 
(homens com mais de 40 anos) 
reunia-se quase diariamente para 
decidir os assuntos da tribo. O 
líder deveria ser corajoso e 
eloqüente, pois caberia a ele 
liderar as guerras e resolver os 
conflitos entre membros do grupo. 
A guerra era a oportunidade para 
demonstrar a bravura e o 
destemor. Muitos grupos 
sacrificavam os prisioneiros em 
rituais antropofágicos. Os 
indígenas eram politeístas e 
cultuavam deuses ligados á 
natureza (por exemplo, tupã = sol; 
Jaci = lua, etc) 
Os indígenas possuíam 
vasto conhecimento a respeito da 
flora e da fauna. Extraiam das 
plantas resinas, remédios, 
corantes e venenosque eram 
utilizados na caça (por exemplo, o 
curare). Alguns grupos possuíam 
conhecimentos de astronomia, 
distinguiam as constelações e 
relacionavam as fases da lua com 
as marés. Os índios brasileiros não desenvolveram um sistema de escrita e desconheciam 
a metalurgia. Muitos saberes indígenas foram incorporados pelos europeus, facilitando seu 
estabelecimento no Brasil. 
 
2 – Os Fundamentos da Colonização Portuguesa 
 
2.1 – A FORMAÇÃO DE PORTUGAL E A EXPANSÃO MARÍTIMA 
 
DESINTEGRAÇÃO DO SISTEMA FEUDAL - Entre os séculos XI e XIV a Europa 
sofreu lentas transformações na sua estrutura econômica, política e social. O Sistema 
Feudal aos poucos foi superado e substituído por relações de base capitalista. Estas 
transformações se acentuaram a partir da crise do século XIV e se consolidaram ao longo 
da Idade Moderna. 
Neste processo destaca-se o renascimento comercial (influenciado pelas cruzadas) 
e urbano e o fortalecimento da burguesia mercantil. Os Estados Nacionais surgem 
fundamentados na união da burguesia mercantil com as monarquias. A superação dos 
entraves feudais e a formação dos Estados Nacionais foram condições essenciais para o 
processo de expansão marítima nos séculos XV e XVI. Outros fatores também contribuíram 
para a expansão marítima: 
 
 Necessidade de superar o monopólio italiano sobre o comércio das especiarias através 
da descoberta de novas rotas marítimas para as Índias; 
 Escassez de metais preciosos para a cunhagem de moedas; 
 Busca de novos mercados produtores agrícolas; 
 Interesse da Aristocracia em adquirir novas terras; 
 Busca de novos mercados consumidores de produtos manufaturados; 
 Evolução tecnológica (bússola, astrolábio, caravelas, disseminação da pólvora e do 
canhão, etc.) 
 Espírito cruzadista 
Revisão de Brasil Colônia 
 
 Professora Viviane Galvão 
 
PORTUGAL E A EXPANSÃO MARÍTIMA - O reino de Portugal surgiu a partir das 
guerras de reconquista empreendidas contra os muçulmanos que haviam invadido a 
Península Ibérica a partir século VII. Em 1139 Afonso Henriques, da família Borgonha, 
proclamou a independência do Condado Portucalense. A fixação das fronteiras do Reino 
de Portugal ocorreu em 1249 com a expulsão dos últimos mulçumanos de seu território. 
Estas particularidades deram a organização política de Portugal um caráter diferenciado em 
relação ao resto da Europa: monarquia fortalecida, nobreza submetida, território unificado. 
O Estado Nacional Português foi fortalecido pela Revolução de Avis (1383-1385) 
uma crise sucessória que colocou no poder a Dinastia de Avis, apoiada financeiramente 
pela burguesia mercantil. Outras características que favoreceram o pioneirismo português 
no processo de expansão foram: posição geográfica favorável, forte tradição marítima e 
uma burguesia próspera, com disponibilidade de capital para investimentos. A burguesia 
não seria a única a se beneficiar com a expansão. O Estado português esperava ampliar 
seus domínios e o número de súditos, desta forma aumentaria também a arrecadação de 
impostos. Os nobres tinham interesse nas novas terras e em ocupar cargos burocráticos 
importantes. A igreja, abalada pela reforma protestante, buscava ampliar seu poder através 
da conversão dos povos pagãos. Todos tinham a ganhar com a expansão. 
A estratégia adotada pelos portugueses era contornar a costa africana (périplo 
africano). No decorrer das viagens ocuparam as Ilhas Atlânticas (Madeira, Açores, e Cabo 
Verde), onde desenvolveram a produção de açúcar de cana, e a costa Oeste africana, onde 
foram fundadas importantes feitorias como Argüiim (1445) e São Jorge da Mina (1482). A 
descoberta do caminho marítimo para a Índia colocou Portugal no controle do comércio 
oriental de especiarias. 
As principais Etapas da Expansão Marítima Portuguesa e Espanhola foram: 
 1415 – conquista de Ceuta, importante entreposto comercial africano 
 1434 – Gil Eanes ultrapassa o Cabo Bojador 
 1488/89 – conquista do Cabo das Tormentas (Boa Esperança) por Bartolomeu Dias 
Revisão de Brasil Colônia 
 
 Professora Viviane Galvão 
 
Para Saber Mais 
Os “Precursores” de Cabral 
 
1498 – Duarte Pacheco desembarcou no Brasil. O feito foi narrado no livro Esmeraldo de Situ orbis, 
publicado em 1505. 
Jan/1500 – Vincent Pinzón, a serviço da coroa espanhola, desembarcou no Cabo de Santo Agostinho 
(PE). E batizou o local de Cabo de Santa Maria de la Consolación. Pinzón. Alguns historiadores julgam que 
o verdadeiro local de desembarque de Pinzon foi a Ponta do Mucuripe (CE) 
Fev/1500 - Diego de Lepê, também à serviço da Espanha, desembarcou no Cabo de São Roque (RN). 
Posteriormente encontra-se com Pinzón e exploram o Rio Amazonas (Mar Dulce) 
 
 
 
 1492 – Cristóvão Colombo, navegador italiano a serviço da coroa espanhola, chega a 
ilha de Guanaani, 
 1498 – Vasco da Gama chega à Índia (obteve lucros estimados em 6.000% em sua 
viagem) 
 1500 – Cabral chega o Brasil 
 1519 – 22 – Fernão de Magalhães e Gil Eanes realizam a primeira viagem de 
circunavegação 
 
A EXPANSÁO ESPANHOLA E OS TRATADOS DOS LIMITES - Com a retomada 
de Granada em 1492, a Espanha concluiu sua luta de reconquista. Neste mesmo ano a 
coroa espanhola, formada pela união dos reinos de Castela e Aragão, financiou o projeto do 
navegador italiano, Cristóvão Colombo, que pretendia chegar às Índias (oriente) navegando 
em direção ao Oeste (ocidente). Ao alcançar algumas ilhas do Caribe (América), Colombo 
julgou ter chegado às Índias Ocidentais. 
A disputa entre Portugal e Espanha pelas terras americanas deu origem a Bula 
InterCoetera pela qual o Papa Alexandre VI estabeleceu um meridiano a 100 léguas a 
Oeste de Cabo Verde. As terras a Leste deste meridiano pertenceriam a Portugal e as 
terras a Oeste pertenceriam à Espanha. Deste modo, caberia a Portugal a conquista do 
litoral africano e a Espanha teria direito ao novo continente. Insatisfeito, Portugal exigiu um 
novo acordo e enviou Duarte Pacheco para negociá-lo. Através do Tratado de Tordesilhas 
(1494), um novo meridiano foi estabelecido a 370 léguas de Cabo Verde. O interesse de 
Portugal em ampliar os limites deste meridiano fortalece a hipótese da intencionalidade da 
viagem de Cabral. 
 
O “DESCOBRIMENTO” DO BRASIL - Interessado em retomar os contatos feitos por 
Vasco da Gama e em estabelecer novas feitorias, Portugal organizou uma nova expedição 
às Índias. Em 1500 uma esquadra, comandada por Pedro Álvares Cabral foi enviada com 
este objetivo. Um desvio na rota da esquadra possibilitou Cabral chegar ao Brasil. 
Em seu processo de expansão Portugal dominou regiões asiáticas como Ormuz (no 
Golfo Pérsico), Goa (na Índia) e áreas da China e do Japão. Como fizera no litoral africano, 
Portugal instalou postos fortificados de comércio na Ásia e criou a Casa das Índias, 
responsável pelo monopólio estatal sobre o comércio dos produtos orientais. O império luso 
teve vida curta, entrando em decadência ainda no século XVI. Entre os fatores que 
contribuíram para este acontecimento destacamos: 
 Rompimento da aliança Rei-burguesia mercantil, expresso na transferência dos lucros 
da empresa mercantil para a nobreza e pela expulsão dos judeus; 
 Incapacidade política e militar de Portugal manter o monopólio sobre o comércio 
oriental, perdendo posição para outros países; 
 Queda dos preços das especiarias, devido ao aumento da oferta; 
 Necessidade de grande capital para sustentar o império colonial. 
A crise do comércio oriental levou Portugal a estabelecer uma relação de 
dependência econômica com outros países europeus como a Holanda, e posteriormente, 
com a Inglaterra. 
 
2.2 – O PERÍODO PRÉ-COLONIAL E O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO 
 
Revisão de Brasil Colônia 
 
 Professora Viviane Galvão 
 
OS PRIMEIROS CONTATOS - Os primeiros 30 anos da chegada dos portugueses ao 
Brasilforam caracterizados pelo relativo abandono da nova colônia. Este fato pode ser 
explicado pelos seguintes fatores: 
 Concentração dos interesses metropolitanos no comércio de especiarias com as Índias; 
 O Brasil não atendia aos interesses mercantilistas por não se enquadrar na categoria de 
mercado produtor ou de mercado consumidor; 
 Indisponibilidade de capital. A prioridade de investimento era o comércio oriental; 
Os contatos iniciais entre portugueses e indígenas foram amistosos. A primeira 
riqueza explorada foi o pau-brasil (Ibirapitanga). A exploração do pau-brasil era monopólio 
da coroa (estanco) só podendo ser explorada por outra pessoa mediante concessão real. 
Em 1502 a coroa portuguesa concedeu o direito da exploração a um grupo de comerciantes 
formados por italianos e cristãos-novos e liderados por Fernão de Noronha (ou Loronha). A 
extração da madeira era realizada pelos indígenas no sistema de escambo. Ao longo do 
litoral foram estabelecidas feitorias, armazéns fortificados utilizados para estocar a 
madeira. Devido ao caráter itinerante da atividade, as feitorias possuíam caráter temporário, 
não constituindo núcleos de povoamento. Entretanto vários navios estrangeiros, 
principalmente franceses, freqüentavam o litoral brasileiro contrabandeando a madeira. Os 
Franceses buscaram apoio dos índios Tupinambás, inimigos mortais do Tupiniquins, aliados 
dos portugueses. 
Para combater a presença 
estrangeira e as atividades ilegais D. João 
III enviou ao Brasil diversas expedições 
guarda-costas. A primeira destas 
expedições, liderada por Cristóvão 
Jacques, foi enviada em 1516 e fundou 
uma feitoria em Pernambuco. Tinha como 
objetivo explorar o litoral até o Rio da 
Prata e expulsar os espanhóis daquela 
região; a segunda expedição (1526 - 
1528) teve a mesma liderança, e sua 
missão foi expulsar os corsários franceses 
do Brasil. Devido à extensão do litoral, 
estas expedições não tiveram sucesso. 
Além da ameaça estrangeira, outros 
motivos levaram a coroa portuguesa a 
optar pela ocupação efetiva do território: a 
crise do monopólio português sobre o 
comércio das especiarias orientais e a 
necessidade de tornar as terras 
produtivas. 
A primeira expedição colonizadora foi enviada ao Brasil em 1530 sob o comando 
de Martim Afonso de Souza. Suas atribuições eram: 
 Combater a presença francesa no litoral; 
 Organizar expedições exploradoras, em busca de metais preciosos; 
 Iniciar o povoamento da terra; 
 Criar órgãos administrativos. 
Nesta ocasião ele fundou as Vilas de Santo Amaro e de São Vicente. Esta última 
pode ser considerada como o primeiro núcleo político-administrativo do Brasil. Em São 
Vicente foi instalado o primeiro engenho de açúcar (1532). 
Com o início efetivo da colonização as relações entre indígenas e portugueses 
foram alteradas. Os indígenas foram sistematicamente destruídos, escravizados e 
contaminados por doenças que antes desconheciam. Este processo caracterizou um 
verdadeiro genocídio, exterminando várias culturas nativas. Dos quatro milhões de 
indígenas que habitavam o Brasil na época da chegada do português, restam pouco mais 
de 250 mil. Segundo o IBGE, nos últimos anos a população indígena brasileira tem 
aumentado sistematicamente. 
 
O SISTEMA COLONIAL - A expansão marítima e o estabelecimento das colônias 
se inserem no novo contexto econômico e político vivenciado pela Europa no início da Idade 
Moderna marcado pelo absolutismo monárquico e pelo mercantilismo. De acordo com o 
mercantilismo as colônias teriam função de gerar riquezas para a metrópole, adequando-se 
às suas necessidades econômicas. 
Revisão de Brasil Colônia 
 
 Professora Viviane Galvão 
 
Para Saber Mais 
Principais características do 
Mercantilismo: 
• Controle estatal da economia; 
• Protecionismo; 
• Metalismo (Espanha – Bulionismo); 
• Balança comercial favorável; 
• Monopólio; 
• Exploração colonial. 
• Estímulo à manufatura (França e Inglaterra) 
 
A exploração da 
América Portuguesa foi 
inicialmente inviável, devido à 
impossibilidade se estabelecer 
comércio com a população 
local e pelo fato de não terem 
sido encontrados metais 
preciosos. A colônia passou a 
preencher sua função através 
da implantação de uma 
agricultura que atendesse as 
necessidades de consumo do 
mercado europeu. O produto 
escolhido foi o açúcar extraído da cana, a exemplo da agricultura implantada nas Ilhas 
Atlânticas. 
As relações entre a colônia e a metrópole estão inseridas no modelo do sistema 
colonial mercantilista. A função da colônia seria dinamizar e complementar a economia da 
metrópole. As bases desse sistema eram estabelecidas através do Pacto Colonial. De 
acordo com o pacto colonial, a colônia não podia concorrer com a metrópole. O que 
significava que o Brasil não poderia produzir nenhum produto que concorresse com 
Portugal. Além disso, o monopólio do comércio colonial pertencia à metrópole, o Brasil só 
podia vender seus produtos para Portugal e só podia comprar os produtos vindos daquele 
país. 
 
AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS - O interesse de Portugal pelas novas terras 
aumentou na medida em que o comércio asiático de especiarias entrou em crise. Para 
efetivar a colonização das novas terras e garantir sua defesa, Portugal teria que promover 
sua ocupação e estabelecer um sistema administrativo. Em 1534 o Brasil foi dividido em 
capitanias hereditárias, sistema que já havia sido utilizado nas Ilhas de Açores e Madeira. 
O Brasil foi dividido em 14 capitanias hereditárias, divididas em 15 lotes (São Vicente foi 
dividido em 2 Lotes) e entregues a 12 Donatários (Pero Lopes de Sousa ficou com 3 
capitanias). Os donatários formavam um grupo heterogêneo, a maior parte era composta 
pela pequena nobreza. Eles recebiam a concessão de terras comprometendo-se a explorá-
las e responsabilizando-se pelos investimentos necessários. As capitanias não constituíam 
propriedade privada dos donatários, não podendo ser vendidas ou divididas. Os 
instrumentos jurídicos que definiam os direitos e deveres dos donatários eram a Carta de 
Doação (que conferia amplos poderes ao donatário) e o Foral (espécie de código 
tributário). Estes documentos estabeleciam que o donatário teria direito a posse e 
administração de uma ou mais capitanias; teria poder legal para interpretar e ministrar a lei; 
o direito de fundar vilas; poderia conceder sesmarias a colonos, vender a licença para 
construção de engenhos e escravizar os índios (39 escravos indígenas deveriam ser 
enviados anualmente ao rei). A ele pertenceriam todas as salinas da capitania e a vigésima 
(vintena) parte dos lucros obtidos com a venda do pau-brasil. Os principais deveres dos 
donatários consistiam em: colonizar e defender as terras com recursos próprios e manter a 
fé cristã em sua capitania. Ao Rei de Portugal era assegurado o monopólio sobre o 
comércio da colônia e sobre a exploração do pau-brasil e das especiarias (drogas do 
sertão); o recebimento de impostos sobre todos os produtos da terra (10%) e sobre a 
exploração de metais e pedras preciosas (20%); e a cunhagem das moedas utilizadas na 
colônia; 
Com exceção das Capitanias de São Vicente e de Pernambuco, que obtiveram 
relativo sucesso, as capitanias tiveram dificuldade em se desenvolver devido a uma série de 
fatores: 
 Desinteresse dos donatários (poucos vieram ao Brasil); 
 Falta de capital para investir na Capitania; 
 Grande distancia da metrópole e entre as Capitanias; 
 Conflitos com os nativos e com contrabandistas. 
 Apesar disto as capitanias hereditárias só foram extintas no século XVIII durante o 
governo de D. José I no qual se destacou o Marques de Pombal. 
 
O GOVERNO GERAL - Diante da situação de abandono em que se encontravam 
diversas capitanias, a Coroa Portuguesa resolve intervir nomeando, em 1549, um 
Governador Geral. Novoscargos administrativos foram criados visando estabelecer um 
Revisão de Brasil Colônia 
 
 Professora Viviane Galvão 
 
Para Saber Mais 
 
A fundação da França Antártica 
(1555 – 1567) 
(...) O Brasil era o lugar do Novo 
Continente mais indicado para abrigar os 
perseguidos. (...) O almirante Coligny, chefe do 
partido calvinista, havia convencido alguns 
armadores franceses a investir numa esquadra, 
falando-lhes do lucro certo que a fundação da 
nova colônia traria. 
(...) Mais de meio milhar de franceses 
habitavam a colônia chamada de França 
Antártica, e traficavam com os índios 
Tupinambás do continente. (...) A rígida moral 
calvinista ficava chocada com os costumes 
indígenas. (...) Dentro da colônia as coisas 
também não iam bem. O capitão Villegaignon era 
muito autoritário e tinha opiniões próprias em 
matéria de fé. (...) Havia ainda ameaças de 
revolta e sublevação entre os franceses, o que 
levou à expulsão dos dissidentes para o 
continente, onde fundaram uma povoação. 
(...) Com o apoio dos habitantes de São 
Vicente, dos índios tememinós do Espírito Santo 
(...) Estácio de Sá expulsou os franceses. 
 
Adaptado de Florival Cárceres – História do 
Brasil, 
maior controle sobre as atividades desenvolvidas na colônia e firmar os termos do 
monopólio colonial. Esta política se adequava às tendências centralizadoras do absolutismo 
português. Muitos donatários, principalmente Duarte Coelho, protestaram contra a 
transferência de parte de seu poder para o governador geral. Para ajudar na administração 
foram criados diversos cargos públicos destacando-se o de Provedor Mor (fazenda), de 
Ouvidor Mor (justiça) e de Capitão Mor da Costa (defesa da Colônia). As Câmaras 
Municipais foram implantadas pelo Governo Geral e representava o poder local. Eram 
formadas pelos Homens Bons (brancos de “sangue puro” e proprietários de terras) e 
constituída por 2 juízes e 3 vereadores além de secretário, tesoureiro, escrivão, etc. Apesar 
de se comunicarem diretamente com a metrópole, o controle das câmaras era disputado 
pelos governadores e pelos donatários. Em 1642 foi criado o Conselho Ultramarino, órgão 
responsável pela centralização da administração do sistema colonial português. As leis que 
regiam o Governo Geral encontravam-se reunidas no Regimento de 1548. No período 
anterior à União Ibérica o Brasil teve 3 Governadores Gerais: 
 Tomé de Souza (1549-1553) – Fundou a cidade de Salvador, capital da Colônia. Com 
ele vieram os primeiros jesuítas (liderados por Manuel da Nóbrega), que se tornaram 
responsáveis pela catequese dos indígenas e pela educação dos filhos dos colonos. Em 
1551 foi criado o primeiro bispado do Brasil. Durante seu governo chegaram as primeiras 
cabeças de gado bovino 
 Duarte da Costa (1553-1558) – 
Seu governo foi marcado pelos 
conflitos com os índios e com o 
Bispo Fernandes Sardinha e pela 
invasão da Baía da Guanabara (RJ) 
pelos franceses, aliados aos 
Tamoios. Os franceses não 
reconheciam o Tratado de 
Tordesilhas e tinham interesses 
mercantis no Brasil, muitos fugiam 
das perseguições religiosas. 
Chefiados por Villegaignon 
fundaram a “França Antártica”. 
 Mém de Sá (1558-1572) – 
Responsável pela expulsão dos 
Franceses contou com a ajuda de 
seu sobrinho, Estácio de Sá, 
fundador da cidade do Rio de 
Janeiro. Submeteu os índios, 
obrigando-os a se organizarem em 
missões jesuíticas. Restabeleceu 
relações com o Bispado. 
O Sucessor de Mém de Sá, 
D. Luís Fernandes de Vasconcelos, 
foi morto por piratas franceses 
durante sua viagem para o Brasil. 
 
Em 1572, com o objetivo de 
conquistar o Norte da Colônia e 
organizar melhor a administração do 
Sul, o Rei de Portugal dividiu o 
Brasil em dois governos: acima de Ilhéus (inclusive) ficava o governo do Norte, liderado por 
D. Luis de Brito e Almeida, cuja capital era a Bahia; abaixo de Ilhéus foi constituído o 
governo do sul, liderado por Antonio Salema, que estabeleceu como capital o Rio de 
Janeiro. Esta divisão não foi muito proveitosa e em 1578 o Brasil foi reunificado. Dois anos 
depois, devido a uma crise sucessória, o trono Português foi ocupado por Felipe II, Rei da 
Espanha. Este fato deu origem a União Ibérica que durou até 1640. 
 
2.3 – A ECONOMIA AÇUCAREIRA 
 
Desde a Idade Média o açúcar vinha conquistando cada vez mais o paladar dos 
europeus. Produto originário da Índia, foi introduzido na Europa pelos Cruzados. A 
dificuldade na obtenção elevava o preço e aumentava o interesse comercial pelo açúcar. 
Revisão de Brasil Colônia 
 
 Professora Viviane Galvão 
 
Para Saber Mais 
Tipos de engenhos 
• Engenhos reais – movidos pela força da água; 
• Engenhos trapiches - movidos pela tração animal; 
• Engenhocas ou molinetes – engenhos pequenos que produziam exclusivamente aguardente; 
• Fazendas obrigadas – partidos de terras que eram arrendadas pelo senhor de engenho a pequenos 
produtores. Além de pagar diversas taxas estes produtores eram obrigados a moer sua cana no engenho 
pagando para isso 50% de sua produção. 
• Engenhos sem fábrica – Pequenas propriedades que por não possuírem fábrica moíam sua cana em grandes 
engenhos pagando para isso 50% de sua produção; 
 
 
Uma pequena produção se desenvolveu na Sicília (ilha do Mediterrâneo) e no século XV 
nas Ilhas africanas do Atlântico (Madeira, Açores, São Tomé e Cabo Verde) controladas 
pelos portugueses. 
Além da experiência na produção outros fatores influenciaram a opção dos 
portugueses pela introdução da indústria açucareira no Brasil: a alta rentabilidade do açúcar 
atraia investidores portugueses e estrangeiros (principalmente holandeses); a abundância 
de rios, o regime de chuvas, o clima quente e úmido e o tipo de solo (massapé), 
encontrados no litoral do Nordeste, eram propícios ao cultivo da cana. 
A colonização portuguesa no Brasil possuía várias particularidades que a 
diferenciava da colonização empreendida pela Espanha e pela Inglaterra na América. A 
exploração do Brasil era de base agroindustrial, enquanto que a espanhola que tinha base 
metalífera. Por outro lado, as colônias espanholas e portuguesas eram chamadas de 
“colônias de exploração”, pois tinham como função principal enriquecer e complementar a 
economia da metrópole. As colônias inglesas na América do Norte (particularmente na 
região norte do atual EUA) foram chamadas por muitos historiadores de “colônias de 
povoamento”, pois se desenvolveram com relativa independência política e econômica. 
A produção do açúcar no Brasil foi organizada na forma de “plantation” e tinha 
como características a grande propriedade (latifúndio), a monocultura, a mão-de-obra 
escrava e produção voltada para o mercado externo. Este modelo de produção provocou 
várias conseqüências negativas, algumas delas ainda hoje estão presentes na nossa 
sociedade: exclusão social; concentração fundiária; preconceito racial, dependência 
completa do mercado externo; problemas de abastecimento; necessidade de importar 
inúmeros produtos. 
 
2.4 - ATIVIDADES SECUNDÁRIAS 
A especialização da economia colonial tornou necessária a abertura de setores 
complementares que contribuíssem para seu perfeito funcionamento. Entre as 
atividades econômicas que se destacaram no período colonial podemos citar a 
agricultura de subsistência, o fumo e o algodão (a pecuária e a mineração vão ser 
estudadas mais adiante). 
I - Agricultura de subsistência. 
 Características gerais: pequena propriedade; policultura; produção para o consumo 
interno; trabalho do próprio lavrador. 
 O setor de subsistência era subsidiário e dependia do setor exportador; 
 Os principais produtos de subsistência eram: mandioca (base da alimentação); 
milho (sul); feijão (Centro-sul); arroz (litoral norte até SP); trigo (Sul); hortaliças e frutas. 
II - Fumo. 
 Sistema Plantation 
 Cultivado principalmenteem áreas da Bahia e de Alagoas; 
 Ocupou o 2º. lugar na pauta de exportações; 
 Era utilizado como moeda para aquisição de escravos na África. 
III - Algodão (planta nativa). 
 Sistema Plantation 
 O principal produtor era o Maranhão; 
 Inicialmente era utilizado para fabricar tecidos de baixa qualidade empregados na 
confecção de roupas para escravos; 
 A produção do algodão foi estimulada pela Revolução Industrial. No século XVIII o 
algodão tornou-se o 3º produto na pauta de exportação brasileira. 
 
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 Professora Viviane Galvão 
 
Para Saber Mais 
Um negócio rentável 
 
 A Igreja julgava que, por não terem religião definida, os índios deveriam ser iniciados na fé católica. Ao 
contrário, os africanos eram associados ao islamismo. Vistos como infiéis, a escravidão na América era interpretada 
como uma forma de purgar os pecados deste povo. (...) É preciso, entretanto, levar em consideração que o comércio de 
homens e mulheres africanos foi uma das atividades mais rentáveis para os europeus. Os entrepostos na África foram 
duramente disputados pelas principais potências européias (...). Em torno do tráfico negreiro desenvolveram-se ainda 
diversas atividades econômicas. (...) Mais do que uma necessidade, portanto, o infame comércio de escravos 
representou uma ótima alternativa econômica para os países europeus. 
José Jobson de Arruda & Nelson Piletti - Toda a História 
2.5 – O ESCRAVISMO COLONIAL 
 
A agricultura em sistema plantation tornava necessária mão-de-obra abundante. 
Entretanto a população de Portugal não era suficiente para suprir esta necessidade e as 
condições de vida na colônia não estimulavam a transferência de trabalhadores o Brasil. 
Além disto o trabalho livre abriria a possibilidade de o produtor assalariado tornar-se um 
produtor independente. Deste modo, seriam formadas pequenas propriedades, inadequadas 
à produção em larga escala exigida pela política mercantilista. 
Com o início da colonização teve início também a escravidão indígena. Os índios 
foram os primeiros trabalhadores dos engenhos coloniais sendo gradativamente 
substituídos pelos escravos africanos. Muitos fatores contribuíram para esta substituição, 
entre eles a ação dos jesuítas. O movimento de expansão marítima portuguesa e a 
colonização do Brasil foram fortemente influenciadas pela estreita ligação de Portugal com a 
Igreja Católica. Segundo o Padre Jesuíta Antônio Vieira: “Os outros cristãos têm a 
obrigação de crer a fé; o português tem a obrigação de crer e mais a de a propagar”. Deste 
modo, colonização do Brasil era também uma forma de expandir a fé católica e “salvar 
almas”. Por acreditar que os indígenas não possuíam uma religião, os jesuítas (e outras 
ordens religiosas em menor grau) se empenharam em catequizá-los combatendo sua 
escravização. Esta postura provocou inúmeros conflitos entre religiosos e colonos. Diante 
da pressão dos jesuítas e da pressão dos colonizadores, o governo português adotou uma 
postura ambígua. Por um lado, criou uma legislação que protegia os indígenas da 
escravidão; por outro lado, permitiu a existência de brechas nesta legislação. A principal 
destas brechas era as “guerras justas”, nome dado aos conflitos que fossem provocados 
por atos de rebeldia dos índios. Sob o pretexto de “guerra justa” milhares de índios foram 
escravizados. 
Além da defesa dos jesuítas outros fatores contribuíram para a substituição da 
escravidão indígena pela africana: a dispersão do índio no território; a falta de regularidade 
no abastecimento de escravos indígenas; a reação indígena através de guerras e, 
principalmente, o lucro gerado pelo tráfico 
negreiro. 
Portugal já possuía experiência no 
tráfico de escravos africanos. Por ser uma 
atividade altamente lucrativa e acumuladora de 
capital, o tráfico de escravos consolidou o 
poderio de um grupo que, embora mal visto 
pela sociedade, tinha grande influência sobre 
as autoridades metropolitanas. A utilização do 
trabalho escravo proporcionava lucro á 
Metrópole através de impostos e à Igreja que 
recebia um percentual sobre os cativos que 
entravam no Brasil. 
 A utilização de escravos africanos deu-
se de forma gradual, ocorrendo mais 
rapidamente nas regiões mais ricas. 
 Final do século XVI  a mão-de-obra 
indígena havia sido substituída pela negra nas 
áreas açucareiras; 
 Final do século XVII  predominava a 
escravidão indígena em São Vicente (SP); 
 Final do século XVIII  ainda predominava a escravidão indígena no Pará e no 
Amazonas. 
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 Professora Viviane Galvão 
 
2.6 – A SOCIEDADE COLONIAL 
 
A “Nobreza” da Terra 
 
Na América portuguesa, os indicadores mais evidentes de riqueza e de poder 
diziam respeito à propriedade de terras e de escravos. Dentre essa nobreza da terra, os 
mais ricos e poderosos eram os senhores de engenho. No século XVIII, ganharam destaque 
os grandes mineradores estabelecidos em Minas Gerais e na região centro-oeste. Em plano 
secundário, mas também incluídos nesse segmento aristocrático, figuravam os principais 
criadores de gado, além dos 
maiores fazendeiros de algodão, 
de tabaco e de cacau. 
Sobretudo nas fazendas e 
engenhos, esses grandes 
proprietários estabeleciam com 
seus familiares, dependentes e 
até mesmo escravos, certos 
laços de natureza simbólica e 
afetiva, os quais serviam para 
exercer o poder que detinham. 
Eis então porque o poderio de 
um desses senhores podia ser 
avaliado pelo tamanho de sua 
clientela, isto é, dos empregados 
que tinha sob seu comando. 
A nobreza da terra dominava os meios de representação política, a começar pelas 
câmaras das vilas e cidades da colônia, composta pelos “homens bons”. A nobreza da 
terra também se distinguia através da pureza de sangue, isto é, o vínculo com tradicionais 
famílias de cristãos portugueses. Este fato lhes permitia diferenciar-se de outros grupos 
sociais, como os comerciantes ricos, acusados freqüentemente de possuírem ascendências 
judia e, por isso, vistos com certa desconfiança pelas autoridades. 
 
 O “Povo” 
 
 A denominação “povo” no Brasil colonial era muito abrangente. Referia-se 
principalmente aos pequenos proprietários rurais, aos soldados da tropa, aos funcionários 
inferiores da administração, aos caixeiros e aos pequenos comerciantes a varejo. 
Entretanto, cada uma dessas atividades tinha diferente grau de importância. Nas atividades 
comerciais destacava-se a posição dos negociantes de grosso trato, que se ocupavam 
principalmente de importação e exportação de artigos em grande escala, com que 
abasteciam o pequeno comércio. Muitas vezes eles possuíam mais riquezas do que os 
senhores de engenho, mas não possuíam prestígio equivalente. 
Na burocracia, o “povo” era representado por funcionários de menor importância e por 
integrantes das carreiras militar e eclesiástica. 
Nos centros urbanos, existiam profissionais liberais, como advogados, médicos 
(físicos) e os professores régios, criados pelas reformas pombalinas (séc XVIII). Estas 
profissões eram bem vistas na sociedade, pois não demandavam trabalho manual. O 
mesmo, porém, não ocorria com os cirurgiões cuja função era realizar amputações, aplicar 
sangrias e arrancar dentes, atividades manuais que prescindiam mais da prática do que do 
estudo, segundo a mentalidade da época. 
 
Os libertos e os pobres 
 
A libertação de um escravo normalmente ocorria quando ele próprio comprava sua 
alforria (em geral negros de ganho) ou na ocasião da morte de seu senhor, quando este 
deixasse registrada a intenção em testamento ou quando o senhor reconhecia a 
paternidade de uma criança tida com uma escrava. Estas pessoas, entretanto, viviam em 
constante ameaça de perderem sua condição livre. Havia uma série de situações em que a 
alforria poderia ser revogada como falar mal de seus antigos donos, seenvolver em revoltas 
ou faltar com respeito ás autoridades. Muitos ex-escravos ajudavam no combate aos 
quilombos ou tornavam-se proprietários de escravos. 
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 Professora Viviane Galvão 
 
A maior parte dos negros e mulatos forros formava juntamente com brancos pobres 
um contingente de homens sem fortuna que exerciam principalmente atividades artesanais, 
para as quais não era exigido o domínio da escrita. Alguns ocupavam postos nas tropas 
como soldados e até sargentos As mulheres, trabalhavam geralmente como costureiras e 
vendedoras ambulantes. 
Esta camada da população era sempre vista pelas 
autoridades como um perigo em potencial para a manutenção 
da ordem. Entretanto, mais receio ainda despertavam os 
desclassificados sociais (também chamados de ralé, plebe 
ou vulgo nos documentos coloniais), pois além de 
majoritariamente “de cor”, não exerciam atividades produtivas 
regulares. Este grupo era formado por vadios, fora-da-lei, 
pedintes, golpistas e feiticeiros. Perseguidos pelas 
autoridades eram castigados com a prisão, açoites, 
recrutamento forçado ou ao trabalho compulsório em obras 
públicas. Mais toleradas eram as prostitutas, vistas como um 
mal necessário em face do grande contingente solteiro da 
população masculina. Bastante numerosas nos centros 
urbanos, elas desfrutavam de uma independência e de uma 
liberdade de movimentos impossível às mulheres de família. 
 
Os Escravos 
A base da sociedade colonial era formada pelos escravos africanos que chegaram a 
representar 40% da população. Calcula-se que entraram no Brasil cerca de 3 a 4 milhões de 
africanos, a maior parte deles era proveniente de quatro grandes grupos: sudaneses 
(destacando-se os iorubas); islamizados (mandingas e hauças); bantos angolanos e 
congoleses (caçanjês e benguelas) e bantos da costa oriental (moçambiques) 
Os escravos estiveram presentes em todas atividades produtivas, principalmente na 
agroindústria açucareira e na mineração. Segundo o padre Antonil “Os escravos são as 
mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, 
conservar e aumentar fazenda (capital, dinheiro), nem ter engenho corrente”. A presença 
escrava também era constante nos serviços domésticos. Os grandes proprietários evitavam 
comprar africanos de uma mesma etnia para dificultar a organização de rebeliões escravas. 
Com o mesmo objetivo era estimulada a rivalidade entre o escravo africano, o escravo 
brasileiro e os mulatos. 
Nas cidades, os 
“negros de ganho” eram 
utilizados na 
comercialização de 
produtos nas ruas e no 
exercício de profissões 
como carpinteiros, 
barbeiros, sapateiros, 
alfaiates e até mesmo na 
prostituição. O faturamento 
era entregue ao senhor, 
que em alguns casos 
permitia que o escravo 
ficasse com um pequeno 
percentual para si próprio. 
Desta forma alguns cativos 
conseguiram comprar sua própria alforria. 
Além do trabalho, dos castigos e das humilhações restavam ao escravo o suicídio, a 
rebelião e a fuga. Os escravos fugidos reuniam-se, formando povoações chamadas 
quilombos, que surgiram às centenas no período colonial. 
 
 
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 Professora Viviane Galvão 
 
Para Saber Mais 
A França Equinocial (1612-1615) 
 
Em 1612, estando Portugal sob o domínio 
espanhol, Daniel de La Touche, um nobre francês, 
conseguiu da regente Maria de Médicis permissão 
para ocupar o Maranhão, fundando ali a chamada 
França Equinocial. Alguns comerciantes franceses 
interessados na exploração colonial da América 
financiaram a expedição. Não se tratava mais de 
contrabandistas, corsários ou dissidentes 
religiosos. O projeto de colonização tinha o 
incentivo da coroa francesa, visava fincar raízes nas 
proximidades do Peru e tinha objetivos de lucro 
bem definidos. Os franceses fundaram assim a 
cidade de São Luís do Maranhão e trouxeram 
missionários católicos para converter os indígenas. 
 O governo luso-espanhol, preocupado com 
o estabelecimento dos franceses (...) enviou para lá 
uma expedição comandada por Jerônimo de 
Albuquerque, que em 1615 conseguiu expulsar os 
Franceses do Maranhão. 
Florival Cárceres – História do Brasil 
 
3 - As Disputas Entre as Metrópoles Européias e a Presença 
Holandesa no Brasil 
 
3.1 – A UNIÃO IBÉRICA 
 
 Em 1578 o Rei de Portugal D. Sebastião desapareceu durante a batalha de Alcácer-
Quibir contra os árabes no Norte da África. A morte rei jovem e sem herdeiros diretos 
provocou uma crise sucessória e 
as circunstâncias heróicas 
(combate aos “infiéis”) em que 
ocorreu alimentou um mito 
messiânico denominado 
sebastianismo. O trono foi 
ocupado pelo cardeal D. Henrique, 
seu tio-avô, que veio a falecer 
menos de dois anos depois, pondo 
fim à dinastia de Avis. Novamente 
a ausência de herdeiros diretos 
restabeleceu a crise sucessória. 
Desta vez diversos candidatos se 
apresentaram, entre eles Filipe II 
rei da Espanha e neto de D. 
Manoel, o Venturoso, pelo lado 
materno. Através de ameaças, 
subornos e do uso da força Filipe II 
torna-se rei de Portugal iniciando o 
período da União Ibérica (1580-
1640). Através do Juramento de 
Tomar o novo rei comprometeu-se 
em preservar a organização 
administrativa de Portugal, 
monopólio comercial sobre as 
colônias além dos costumes, 
tradições portuguesas. Apesar da promessa muita coisa mudou no Brasil durante o período 
filipino: 
 
 O Tratado de Tordesilhas passou a ser sistematicamente ignorado pelas expedições 
bandeirantes, expandindo as fronteiras da ocupação luso-brasileira; 
 Organização de tropas para expulsar os franceses do Maranhão onde haviam 
estabelecido a França equinocial; 
 Expansão da colonização no litoral Norte e Nordeste; 
 Estímulo à pecuária no interior do Nordeste (esta tendência se fortalece ainda mais com 
a invasão holandesa); 
 Aumento da fiscalização financeira através da ampliação dos poderes do Provedor-mor; 
 Fundação do Tribunal da Relação em Salvador (1587) para dinamizar a ação da justiça 
na colônia; 
 
 Nova divisão da colônia em Estado do Brasil (capital Salvador) e Estado do Maranhão 
(capital São Luís) com o objetivo de melhor combater as invasões estrangeiras. 
 
Com a União Ibérica, a Espanha tornou-se uma das nações mais poderosas do 
mundo. Seu poder podia ser medido pela grande quantidade de inimigos que colecionava, 
principalmente a Inglaterra, a França e os Países Baixos (atualmente território da Bélgica, 
Holanda e parte da França). Esta região havia sido doada a Filipe II pelo seu pai Carlos V, 
governante do Sacro-Império romano germânico. 
 
3.2 – AS INVASÕES HOLANDESAS AO BRASIL 
 
Os Países Baixos destacavam-se pela grande prosperidade econômica, fruto de 
seu desenvolvido comércio e da sua forte burguesia. Destacavam-se também pela adesão 
ao calvinismo. Durante o governo de Carlos V a região gozava de grande autonomia política 
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e administrativa, pois ele não nterferia diretamente em seus assuntos internos. Entretanto 
esta situação se modificou sob o reinado de Filipe II. Católico intolerante, o rei passou a 
combater os calvinistas, prendendo-os e confiscado seus bens, aumentou absurdamente os 
impostos e enviou um numeroso exército liderado pelo duque de Alba para conter com 
violência qualquer protesto. Em 1566 as 17 províncias que compunham os países baixos se 
uniram e passaram a lutar contra a Espanha; alguns anos depois as 10 províncias do sul 
(futura Bélgica) abandonaram a luta e assinaram um tratado de paz. As sete províncias do 
Norte formaram a União de Utrecht e continuaram a lutar lideradas por Guilherme de 
Orange. A guerra se estendeu até 1609 quando foi assinado a “Trégua dos Doze Anos”. 
 
Portugal e Holanda mantinham estreitas relações comerciais desde a Idade Média.Com a expansão marítima os holandeses tornaram-se o principal parceiro comercial dos 
lusos, contribuindo também com a rica indústria açucareira instalada no Brasil. Durante a 
guerra Filipe II proibiu o comércio entre Países Baixos e os territórios sobre seu controle, 
inclusive Portugal e o Brasil, esta medida ficou conhecida como “Embargo Espanhol”. Com 
a assinatura da trégua a proibição foi suspensa, Amsterdã tornou-se um importante centro 
financeiro da Europa e intensificou o comércio de açúcar com o Brasil. Este lucrativo 
comércio seria suspenso em 1621 quando acabaria o período de paz. 
Para evitar o prejuízo financeiro, os holandeses fundaram, em 1621, a Companhia 
das Índias Ocidentais (WIC), que recebeu o monopólio por 24 anos da navegação, 
comércio, transportes e conquistas das margens do oceano Atlântico. A maioria dos 
acionistas era de pequenos investidores, e a administração cabia a um conselho formado 
por 19 diretores (Conselho dos XIX), representando cada província e os Estados Gerais. As 
tropas necessárias para efetivar este monopólio seriam fornecidas pelo Estado e pagas pela 
própria Companhia. Este empreendimento seguia o exemplo da bem-sucedida Companhia 
das Índias Orientais, fundada em 1602 e detentora do monopólio sobre o comércio 
oriental. 
A WIC invadiu por duas vezes o Brasil. A primeira invasão foi em 1624 na Bahia, 
capital da colônia. A maioria dos colonos preferiu refugiar-se no interior, de onde foi 
organizada uma estratégia de guerrilhas. A resistência contou com a liderança do Bispo 
Dom Marcos Teixeira. Reforços enviados pelo governador de Pernambuco, Matias de 
Albuquerque, permitiram apertar o cerco sobre a área ocupada e, um ano depois, uma 
esquadra luso-espanhola, denominada “Jornada dos Vassalos”, com 31 galeões e 7.500 
homens retomou à Bahia. 
Após o fracasso da primeira 
invasão os holandeses resolveram 
atacar Pernambuco. Para 
assegurar o sucesso da empreitada 
buscaram informações sobre a 
região, para isto contaram com a 
ajuda de Antonio Dias que indicou o 
melhor local para desembarque. 
Em 1630 a Holanda enviou 67 
navios para tomar Pernambuco. A 
tropa dividiu-se, uma parte 
desembarcou em Pau Amarelo e 
seguiu por terra para Olinda e outra 
parte atacou por mar os fortes que 
protegiam a entrada do porto. 
Incapazes de resistir, os 
colonos, liderados por Matias de 
Albuquerque e seu irmão Duarte 
de Albuquerque (donatário de 
Pernambuco), recuaram para o 
interior, ateando fogo nas 
propriedades e bens que deixavam 
para trás. Os invasores ocuparam 
Olinda e o Recife, fortificando-se 
neste último local. No entanto, a 
instalação da resistência em uma 
elevação próxima, o Arraial do 
Bom Jesus, e a adoção de táticas 
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 Professora Viviane Galvão 
 
de guerrilhas e emboscadas, dificultou, nos cinco anos seguintes, o acesso dos holandeses 
ao interior. Isolados no Recife, os invasores passaram a depender da Europa para o 
abastecimento, não sendo poucos os momentos de fome. 
A situação se modificou quando o comandante holandês Diederick van 
Waerdenburch iniciou uma série de ataques às regiões vizinhas. Deste modo foram 
conquistados Igaraçu, Rios Formoso, Afogados, parte da Paraíba e do Rio Grande do Norte. 
Nestas batalhas foram valiosas as informações prestadas por Domingos Fernandes 
Calabar, desertor das tropas luso-brasileiras. A suposta “traição” de Calabar é tema de 
muita polêmica entre os historiadores. 
 A aproximação com os indígenas inimigos dos portugueses, a colaboração de 
senhores de engenhos prejudicados pela guerra e a impossibilidade da Espanha enviar 
reforços beneficiaram os invasores. Em meados de 1635, os holandeses tomaram o Arraial 
do Bom Jesus, empurrando a resistência para Alagoas. Diante do fracasso das tropas luso-
brasileiras, o governo espanhol mandou chamar Matias de Albuquerque ao reino, onde foi 
processado e preso. Sua libertação ocorreu apenas em 1640, após a Restauração 
portuguesa. O comando da resistência foi entregue a D. Luis de Rojas y Borja e com sua 
morte em 1636 passou para o conde de Bagnuolo. A vitória dos holandeses foi consolidada 
em 1637 com a chegada de tropas lideradas por Maurício de Nassau. 
 
 
3.3– O PERÍODO NASSOVIANO (1635-1644) 
 
João Maurício de Nassau-Siegen foi um conde alemão contratado pela Companhia 
das Índias Ocidentais para governar o Brasil holandês. O período de seu governo (1637-
1644) pode ser considerado o apogeu do domínio holandês no Brasil. A primeira grande 
decisão de Nassau foi escolher a capital de seu governo, depois de cogitar Olinda e 
Itamaracá acabou optando pelo Recife devido ao seu eficiente porto. Os primeiros anos de 
governo foram dedicados a urbanização do Recife, que aos poucos deixou de ser um 
povoado para tornar-se uma das cidades mais modernas da América. A planta da cidade foi 
elaborada pelo arquiteto Pieter Post e pelo engenheiro Frederik Pistor. 
As principais características do governo de Nassau foram: 
 
 Tolerância religiosa – apesar de protestante, Nassau assegurou liberdade de culto 
para católicos e judeus. Esta medida atraiu judeus de várias partes do mundo, 
principalmente da Holanda e de Portugal e possibilitou a fundação no Recife da primeira 
sinagoga das Américas. 
 Estímulo à produção de açúcar – os engenhos conquistados foram devolvidos a 
seus proprietários e os abandonados foram leiloados. Nassau concedeu empréstimos a 
juros baixos para a reconstrução dos engenhos e incentivou a ampliação da área de 
cultivo da cana; novas técnicas produtivas foram introduzidas e os impostos sobre 
diversos produtos foram diminuídos. 
 Política de urbanização do Recife – construção de praças, jardins, ruas e pontes; 
realização de aterros; construção do palácio de Friburgo e do palácio da Boa Vista 
(Palácio de Schonsicht); instalação do primeiro observatório astronômico das Américas. 
 Igualdade de tratamento para brasileiros, portugueses e holandeses – As leis e 
as punições eram aplicadas sem distinção da nacionalidade.A aristocracia rural possuía 
representantes na Câmara dos Escabinos – órgão administrativo holandês que 
substituiu as Câmaras Municipais; a câmara era presidida pelos escoltetos, 
representantes da WIC. 
 Estabelecimento de relações amistosas com os indígenas – organização dos 
índios em aldeamentos onde seriam catequizados por pastores protestantes. Os 
aldeamentos eram administrados por um comamndeur. Os abusos contra os indígenas 
levaram Nassau a demitir vários holandeses deste cargo. Os índios hostis eram 
mantidos a distância através de tratados de paz. 
 Manutenção do sistema escravista e fortalecimento dos quilombos devido á 
desorganização provocada pela guerra. 
 Conclusão da conquista holandesa de Sergipe ao Maranhão. A Bahia, segundo 
maior produtor de açúcar, jamais foi conquistada. A WIC também ampliou os seus 
domínios na África conquistando São Jorge da Mina (1637), São Tomé (1640) e Luanda 
(1640), importantes pontos fornecedores de escravos. 
 Vinda de artistas e cientistas para o Recife – destacando-se: os pintores Frans 
Post, Albert Eckhout e Zacharias Wagener; o médico naturalista Willem Piso, que 
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Para Saber Mais 
A Guerra dos Bárbaros 
Rebelião de diversos povos 
indígenas do Nordeste, que se opunham ‘a 
ocupação de suas terras pelas fazendas de 
gado. Unidos na Confederação dos Cariris, 
esses povos sofreram uma guerra de 
extermínio movida contra eles pelo 
governador-geral Matias da Cunha entre 
1687 e 1720. 
 Francisco Teixeira 
Brasil, História e Sociedade. 
estudou a flora e a fauna e escreveu sobre as doenças tropicais e o astrônomo George 
Marcgrave. 
 Exportação de produtos tropicais para a Europa como pau-brasil madeiras para 
construção e fumo e incentivo a produção de gêneros alimentícios.3.4 – A INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA (1645 – 1654) 
 
Em 1640 ocorreu a Restauração Portuguesa, movimento que estabeleceu o fim do 
domínio espanhol e colocou D. João IV no trono de Portugal, dando início a dinastia de 
Bragança. Em guerra com a Espanha, para garantir sua autonomia, Portugal estabeleceu 
uma trégua de 10 anos com a Holanda. Porém, enquanto não se formalizava esse acordo, 
Nassau conquistou o Maranhão (1641-1644) e a WIC ocupou São Jorge da Mina (Angola), 
assegurando o abastecimento de escravos para Brasil holandês. Este fato representou uma 
dificuldade para a obtenção de escravos no resto do país, gerando uma crise na mão-de-
obra africana. 
A assinatura da trégua com Portugal fez com que a WIC se sentisse mais segura. A 
companhia diminuiu seu contingente militar no Brasil e passou a pressionar Nassau para 
que cobrasse as dívidas dos senhores de engenho. Por não concordar com esta medida, 
em maio de 1644 o conde foi substituído por representantes da WIC que formaram o 
“Conselho Supremo”. Antes de partir Nassau escreveu um importante documento no qual 
dava uma série de conselhos administrativos aos seus substitutos. O grande nível de 
detalhes do documento fez com fosse denominado “Testamento Político de Nassau”. 
A saída de Nassau e as mudanças implementadas pelo Conselho Supremo deixaram os 
luso-brasileiros insatisfeitos, alimentando o sentimento de revolta. A produção de açúcar 
encontrava-se comprometida por uma série de fatores: fuga de escravos, períodos de seca 
alternados por períodos de chuva excessiva e epidemias. Diante deste cenário, em 1645, 
teve inicio a Insurreição Pernambucana. 
Devido ao acordo de Portugal com a Holanda, o governo geral, em Salvador, estava 
oficialmente impossibilitado de intervir. Pressionado pela Holanda, D. João IV, rei de 
Portugal chegou a censurar os rebeldes. Destacaram-se nesse movimento João Fernandes 
Vieira, André Vidal de Negreiros, Henrique Dias e Filipe Camarão entre outros. 
Depois da derrota dos holandeses nas batalhas de Monte das Tabocas (1645) e Monte dos 
Guararapes (a 1ª em 1648 e a 2ª em 49), a guerra tornou-se morosa, arrastando-se por 
vários anos. Os holandeses ficaram praticamente confinados no Recife enquanto os luso-
brasileiros dominavam os arredores e o interior. 
Em 1651 a Inglaterra promulgou os “Atos de Navegação”, uma série de medidas que 
prejudicavam seriamente a Holanda. A deflagração de uma guerra entre a Holanda e a 
Inglaterra desgastou financeiramente os holandeses e tornou os ingleses aliados dos 
rebeldes pernambucanos. O enfraquecimento da Holanda estimulou Portugal a enviar 
ajuda. Em dezembro de 1653, uma armada portuguesa liderada pelo Almirante Pedro 
Jaques de Magalhães cercou o Recife por mar, enquanto as tropas dos brasileiros investiam 
por terra. Entre dois fogos, as forças holandesas capitularam, em janeiro de 1654. Os 
conflitos entre Holanda e Portugal terminaram apenas em 1661, com a assinatura da Paz 
de Haia. Este acordo estabeleceu que a Holanda reconhecia a derrota em troca de uma 
indenização de 4 milhões de cruzados (o equivalente a 63 toneladas de ouro) a ser paga 
por Portugal no prazo de 16 anos. O 
fim do conflito não apagou as diversas 
marcas deixadas pela ocupação 
holandesa. A indústria açucareira foi 
destroçada pela guerra e passou a 
enfrentar a concorrência da produção de 
açúcar implantada pela Holanda nas 
Antilhas. A fuga em massa de escravos 
engrossou os quilombos que passaram a 
ser considerado ameaça ao sistema 
produtivo escravista. A ampliação da 
pecuária no sertão promoveu novos 
conflitos com os indígenas resultando na 
Guerra dos Bárbaros. 
Revisão de Brasil Colônia 
 
 Professora Viviane Galvão 
 
Para Saber Mais 
A revolta dos luso-brasileiros 
 Os historiadores identificam vários fatores como 
responsáveis pela eclosão da revolta em Pernambuco, em julho de 
1645: a ameaça, pela Companhia, de execução dos senhores de 
engenho endividados e de confisco das propriedades; a 
incompatibilidade religiosa entre os conquistadores calvinistas e os 
conquistados católicos; a declaração de independência de Portugal 
em relação à Espanha; o desejo dos senhores de engenho, que 
estavam em Salvador e que tiveram suas propriedades confiscadas 
ou revendidas pelos holandeses, de retomar suas propriedades; a 
retomada dos Maranhão pelos luso-brasileiros. 
 Evaldo Cabral de Mello afirma que, se todos estes fatores 
foram importantes para o início da rebelião, “... a verdade é que seu 
elemento catalisador foi a grave crise comercial e financeira, 
desencadeada pela queda do preço do açúcar no mercado de 
Amsterdã”. 
Mozart Vergetti & Regina Gonçalves 
O Domínio Holandês no Brasil 
A grave crise 
econômica 
enfrentada por 
Portugal a partir 
da Restauração 
levou a metrópole 
a ampliar a 
exploração do 
Brasil dando início 
ao chamado 
“Círculo de Ferro 
da Opressão 
Colonial”. 
 As marcas 
deixadas pelos 
holandeses 
também podem 
ser percebidas no 
imaginário 
coletivo. Ainda 
hoje predominam no senso comum idéias equivocadas sobre “a união de brancos, negros e 
índios contra os holandeses”; a “traição de Calabar” e principalmente a idéia de que o Brasil 
estaria melhor se os holandeses não tivessem sido expulsos. 
 
4 - A Penetração nos Sertões Pela Expansão da Pecuária. 
A Importância da Mineração no Século XVIII 
 
4.1 – A Expansão Territorial Brasileira 
 
No século XVI, o desenvolvimento da agroindústria açucareira possibilitou a efetiva 
ocupação de parte do litoral do Nordeste, principalmente no trecho da Bahia a Pernambuco. 
Segundo Frei Vicente de Salvador, os portugueses arranhavam a costa como caranguejos. 
O processo de expansão territorial brasileiro desenvolveu-se no século XVII e teve como 
principais impulsionadores: 
 Necessidade de defender o litoral norte; 
 Busca de metais preciosos; 
 Caça predatória aos indígenas (escravos); 
 Ação de missionários; 
 Crescimento do rebanho bovino. 
 
A Pecuária e a Conquista do Interior do Nordeste 
Para evitar que a pecuária ocupasse as terras destinadas à cana-de-açúcar 
Portugal proibiu em 1701 a criação de gado a menos de 10 léguas do litoral. A interiorização 
da pecuária e a forma extensiva que a atividade assume foram responsáveis pela ocupação 
do interior do Nordeste. A introdução do gado partiu da Bahia, acompanhando inicialmente o 
curso do rio São Francisco, prosseguindo depois até o Piauí, (sertões de dentro) e em 
direção ao sul até Minas Gerais; também a partir de Pernambuco, estendendo-se pelo 
interior da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará (sertões de fora). A Pecuária fez surgir em 
seu caminho importantes fazendas de gado (latifúndios) e várias cidades (Feira de Santana-
BA; Pastos Bons - MA; Oeiras; PI). No Norte e no Nordeste a pecuária acabou por 
desenvolver uma sociedade em que predominava o trabalho livre (principalmente de 
mestiços) com espaço para a mobilidade social que foi chamada de “civilização do couro”. 
 
A Disputa pelo Litoral Nordestino 
O combate aos estrangeiros no Norte e Nordeste, principalmente durante a União 
Ibérica, levou à organização de expedições militares e à fundação de vários fortes. Estas 
fortificações deram origens a diversas cidades (João Pessoa, Natal, São Luís, Fortaleza, 
Belém), contribuindo para a ocupação do território. Ao mesmo tempo em que procurava 
criar um sistema de defesa capaz de conter as ameaças estrangeiras, o governo enviou 
Revisão de Brasil Colônia 
 
 Professora Viviane Galvão 
 
também diversos missionários jesuítas com o objetivo de pacificar os índios da região, 
principalmente os que haviam se aliado aos franceses. 
 Entre as invasões estrangeiras destaca-se a ocupação francesa no Maranhão. Após 
o fracasso da França Antártica os franceses invadiram novamente o Brasil em 1612. 
Apoiados pelo governo e liderados por Danielde La Touche, os invasores construíram no 
Maranhão o Forte de São Luis e iniciaram a construção de um povoado. Tropas militares 
enviadas pelo Governo-geral conseguiram expulsá-los da região. Esta ocupação ficou 
conhecida como França Equinocial 
 
A Ocupação da Região Norte 
A ocupação da região amazônica deveu-se a fatores de ordem político-militar – os 
ingleses e holandeses haviam fundado feitorias e fazendas na região – e também ao 
interesse econômico de explorar as drogas do sertão: cacau, pimenta, guaraná, castanhas, 
ervas medicinais, essências para perfume, resinas, urucum etc. Além destes produtos 
destaca-se a comercialização de madeiras e a introdução do plantio de algumas especiarias 
orientais como cravo, canela, pimenta e noz moscada. Embora estas atividades não tenham 
alcançado relevância na pauta de exportação brasileira foram de grande importância política 
e econômica para a região. 
O processo de ocupação do Norte foi facilitado pela atividade das ordens religiosas. 
A atuação dos padres assegurava a submissão política das populações indígenas. Jesuítas, 
franciscanos e carmelitas, ocuparam áreas específicas da região amazônica no trabalho de 
catequese. Por outro lado, recorrendo ao trabalho indígena, as missões converteram-se em 
empreendimentos econômicos. Este fato provocou inúmeros conflitos com os colonos que 
acusavam os padres de se beneficiarem do trabalho indígena enquanto proibiam a 
escravização destes. 
 
A Expansão Para o Interior 
Os limites do Tratado de Tordesilhas foram quebrados por expedições que 
buscavam riquezas minerais e índios para serem escravizados. Estas expedições 
denominavam-se entradas (financiadas pelo Estado) e bandeiras (financiadas 
principalmente por particulares). O principal centro irradiador do movimento bandeirante foi 
a Vila de São Vicente. Constantemente os bandeirantes entravam em conflito com os 
jesuítas, destruindo suas missões e aprisionando os indígenas. O movimento bandeirante 
pode ser dividido em três categorias: 
 
 Bandeiras de apresamento – tinha como objetivo capturar os indígenas para 
serem escravizados e vendidos no litoral. O controle holandês das regiões africanas, 
fornecedoras de escravos, provocou a escassez da mão-de-obra negra em diversas 
regiões do Brasil, constituindo um incentivo à caça aos índios. Os bandeirantes 
entraram em conflito com os jesuítas, destruindo várias missões no sul do País e 
capturando dezenas de milhares de índios. Eles consideravam que os indígenas das 
missões já haviam sido “domesticados” e estavam acostumados ao trabalho sistemático 
na lavoura. Em 1640, os jesuítas espanhóis obtiveram permissão de sua Coroa para 
armar os índios das reduções. Em 1641 os bandeirantes foram derrotados pelos 
guaranis na batalha de M’bororé e em 1648, a expedição de Antônio Raposo Tavares 
encontrou forte resistência na região de Itatim, sul de Mato Grosso. Essas derrotas 
marcam o declínio do bandeirantismo de apresamento. 
 Bandeiras de contrato – entre 1657 e 1720 muitos bandeirantes foram contratados 
por governadores das capitanias do Nordeste para lutar nas “guerras justas” contra os 
índios que não aceitavam perder suas terras para as fazendas de gado. O resultado foi 
o extermínio de vários grupos nordestinos, como os anayos, os maracás e os janduins. 
Muitos paulistas receberam terras e viraram criadores de gado na região do Rio São 
Francisco. Os bandeirantes também foram utilizados na luta contra os quilombos. Em 
1694, Domingos Jorge Velho foi contratado para destruir o quilombo de Palmares. As 
bandeiras de contrato foram utilizadas principalmente na Bahia e em Pernambuco. 
 Bandeiras de prospecção – buscavam encontrar metais e pedras preciosas. 
Partindo do Planalto de Piratininga, os bandeirantes desbravaram caminhos nas matas 
e utilizaram os rios como vias de penetração para o interior (monções), alcançando 
Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais. A primeira mina de ouro foi encontrada em 1693 
por Antônio Rodrigues Arzão, filho do famoso bandeirante Fernão Dias Pais. Alguns 
bandeirantes, como Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhangüera, partiram atrás da mítica 
Serra dos Martírios, cujos montes, segundo crença popular, eram feitos de ouro puro. 
Revisão de Brasil Colônia 
 
 Professora Viviane Galvão 
 
Para Saber Mais 
 
Navegando na Historia 
Site muito interessante a respeito dos indígenas 
brasileiros. Destaque para a parte que fala dos 
contatos entre índios e brancos. 
http://geocities.yahoo.com.br/terrabrasileira 
 
Site com a transcrição de todos os tratados de 
limites do período colonial 
http://www.info.lncc.br/wrmkkk/tratados.html 
 
Site do IBGE voltado para pesquisa escolar. Tem 
uma linguagem agradável e as informações são 
confiáveis. 
http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/povoamento/ 
 
 
 
Depois de três anos vagando pelo cerrado, Anhangüera achou metal precioso nas 
terras dos goyás e fundou, em 1725, a cidade de Goiás. 
 
A Conquista do Sul 
Com a destruição das missões jesuíticas no sul, o gado criado nas reduções passou 
a viver em liberdade, proliferando-se rapidamente. Com a decadência das bandeiras de 
apresamento, motivada pela normalização do tráfico negreiro e pela reação indígena, os 
bandeirantes passaram a se dedicar à captura do gado selvagem. A pecuária tornou-se a 
principal atividade econômica no Rio Grande do Sul. Foram formadas grandes estâncias e 
feiras pecuaristas na região. Ao contrário do que ocorreu no Nordeste, o desenvolvimento 
da pecuária no Sul não contribuiu para o estabelecimento de uma sociedade com relações 
de trabalho menos rígidas e com espaço para a mobilidade social. No século XVIII, a 
introdução da indústria do charque possibilitou ao Rio Grande do Sul fornecer carne para 
toda colônia e exportá-la para Havana. 
 
A Disputa Pela Colônia do Sacramento 
A região platina possuía intensa atividade comercial, além de servir de rota de 
escoamento de metais preciosos. Estas características despertaram o interesse português 
pela região, o que foi apoiado pela Inglaterra, também interessada no comércio. 
Os limites estabelecidos pelo tratado de Tordesilhas foram anulados pelo 
expansionismo português no Sul. O Tratado de Madrid (1750), reconheceu a posse das 
terras efetivamente ocupadas, baseando-se na tese Uti-possidetis, ita possideatis. 
(“quem possui de fato possui de direito”). Ficou estabelecido que Portugal entregaria a 
Colônia do Sacramento à Espanha, recebendo em troca a região dos Sete Povos das 
Missões. Jesuítas, comerciantes e indígenas habitantes de Sete Povos das Missões se 
revoltaram dando início as Guerras Guaraníticas. Diante desta situação Portugal se recusou 
a entregar a Colônia de Sacramento aos Espanhóis. A Guerra dos Sete Anos entre França 
e Inglaterra (1756-1763) agravou ainda mais o conflito na região platina, pois Portugal 
apoiava a Inglaterra, enquanto que a Espanha apoiava os Franceses. Os Espanhóis 
invadiram e dominaram a Colônia do Sacramento, o sul do Rio Grande do Sul e as Ilhas de 
Santa Catarina. Em 1777, com a assinatura do Tratado de Santo Idelfonso a Espanha 
desocupou o RS e SC e obteve o controle das regiões de Sacramento e Sete Povos das 
Missões. 
 
Principais Tratados de limites do período colonial 
 
 Tratado de Lisboa (1681) - 
tratou da devolução da Colônia do 
Sacramento, ocupada pelos 
espanhóis no ano de sua 
fundação. O apoio da Inglaterra 
foi decisivo para Portugal 
conseguir essa vitória diplomática. 
A saída das forças espanholas só 
se dá efetivamente em 1683. 
 Primeiro Tratado de Utrecht 
entre Portugal e França (1713) - 
estabeleceu as fronteiras 
portuguesas do norte do Brasil. A 
França reconheceu o direito de 
Portugal sobre o Rio Amazonas 
em troca do reconhecimento da 
posse da Guiana pelos franceses. 
 Segundo Tratado de Utrecht 
entre Portugal e Espanha - (1715) 
tratou da segunda devoluçãoda Colônia de Sacramento a Portugal. 
 Tratado de Madri (1750) – Explicado no ponto anterior 
 Tratado do Pardo (1761) – Anulou a parte do Tratado de Madri que se referia a 
posse do Sacramento e dos 7 Povos das missões. 
 Tratado de Santo Ildefonso (1777) - Portugal garantiu a posse da ilha de Santa 
Catarina e a Espanha ficou com a Colônia de Sacramento e a região dos Sete Povos. 
Revisão de Brasil Colônia 
 
 Professora Viviane Galvão 
 
 Tratado de Badajós entre Portugal e Espanha (1801) - incorporou definitivamente os 
Sete Povos das Missões ao Brasil. 
 
4.2 - A ECONOMIA MINERADORA 
 
Apesar do ouro ter sido descoberto no Brasil por Antonio Rodrigues Arzão, em 
1693, a verdadeira corrida ocorreu com a descoberta das minas de Ouro Preto em 1698, 
por Antônio Dias de 
Oliveira. A partir de 
então milhares de 
pessoas de todo Brasil e 
de Portugal se dirigiram 
à região mineradora na 
esperança de 
enriquecimento rápido. 
A mineração foi 
a principal atividade 
econômica do Brasil no 
século XVIII. Para 
defender os interesses 
da coroa, foi montado 
um rígido esquema administrativo na região das minas, estabelecido no Regimento de 
1702. Foram criadas, em cada capitania aurífera, as Intendências das Minas - autênticos 
governos autônomos, independentes das autoridades coloniais, prestando obediência 
exclusivamente à coroa. As Intendências exerciam o controle administrativo, fiscal e policial 
na região das Minas, distribuía as datas (lotes para exploração), além de funcionar como 
tribunal especial. De acordo com o regimento todas as jazidas eram de propriedade do rei, 
devendo ser comunicado de imediato a descoberta de novas minas. 
A exploração aurífera se estruturava de duas maneiras: 
 Lavras – grandes unidades de extração, formadas por importantes jazidas que 
exigiam trabalho escravo e grande capital para sua exploração. 
 Faisqueiras – unidades menores, onde a extração do ouro era feita por garimpeiros, 
com o auxílio de poucos escravos. Muitas vezes a atividade de faiscação ocorria em 
lavras já exploradas e abandonadas. 
 
Principais Impostos 
O Regimento estabelecia o pagamento de um quinto de todo ouro extraído do Brasil na 
forma de imposto. Sua cobrança era realizada pela casa de fundição (1720), onde todo ouro 
era transformado em barras. Em 1725 foi proibida a circulação de ouro em pó. O sistema de 
arrecadação das casas de fundição, entretanto, não conseguiu evitar o contrabando e a 
sonegação de impostos. Isto ocorria devido às grandes distâncias entre as minas e os 
postos de arrecadação e a circulação do ouro em pó, mesmo após sua proibição. 
Os altos impostos cobrados atingiam 
todas as atividades econômicas desenvolvidas 
nas regiões mineradoras e até mesmo a 
circulação de pessoas e animais. O alto preço 
dos gêneros alimentícios foi uma queixa 
constante. A partir da segunda metade do século 
XVIII, com o declínio da produção aurífera, a 
coroa aumentou o controle fiscal e estipulou a 
quantia mínima de 100 arrobas anuais de ouro, 
como pagamento do quinto. Para garantir esta 
arrecadação foi instituída a derrama - cobrança 
violenta dos impostos atrasados realizada por 
soldados portugueses. 
Após o fim da União Ibérica, Portugal, 
através da assinatura de diversos acordos, 
passou a depender economicamente da 
Inglaterra. Deste modo, o ouro extraído do Brasil 
não contribuiu para o desenvolvimento da 
metrópole, pois grande parte da produção era enviada para pagar a dívida externa 
portuguesa com a Inglaterra. 
Revisão de Brasil Colônia 
 
 Professora Viviane Galvão 
 
 
A extração de diamantes 
Em 1792 foram descobertos diamantes na área próxima ao Arraial do Tijuco 
(Diamantina - MG), cinco anos depois foi criada a Intendência dos Diamantes. O intendente 
possuía poder absoluto sobre as pessoas que viviam sob sua jurisdição. Sem sua 
autorização ninguém poderia sair ou entrar no Distrito Diamantino. Da mesma forma que 
acontecia com o ouro, a área de exploração de diamantes foi demarcada pelo governo 
português, sendo considerada propriedade do rei. A concessão a particulares para 
exploração da área era feita pelo rei, sob a obrigação do pagamento de taxas e tributos. 
Esta política foi alterada em 1740, sendo concedido o direito de exploração a um único 
indivíduo, o contratador. 
A região era submetida a um regime de extrema opressão, ficando praticamente 
isolada do resto da colônia. O clima era de medo e a fiscalização intensa, com revista 
sistemática dos escravos. Estas atitudes, contudo, não conseguiram evitar o contrabando. 
Em 1771, o Marques de Pombal extinguiu o sistema de contrato e determinou que a 
exploração voltaria a ser realizada pela Coroa. 
A sociedade mineradora 
 
Apesar das restrições impostas pelo Governo Português, a região das minas atraiu 
um grande número de pessoas das mais diferentes origens, promovendo o crescimento 
demográfico da região. A exploração das minas promoveu a articulação econômica da 
colônia, promovendo a integração de diversas regiões. Os principais fornecedores 
provinham de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, além da região sul. A sociedade que se 
desenvolveu ao redor das minas possuía características bastante diferentes da sociedade 
açucareira: 
 
 Desenvolvimento de centros urbanos; 
 Proliferação de profissionais liberais, artesãos e artífices (classe média); 
 Melhor distribuição de renda e maior mobilidade social, apesar das grandes 
desigualdades sociais; 
 Desenvolvimento na colônia de um mercado interno articulado; 
 Processo inflacionário gerado pela dificuldade de abastecimento e pela grande 
circulação de ouro; 
 Dependência do abastecimento externo (alimentos, gado bovino e muar, 
ferramentas, objetos artesanais e escravos) 
 Trabalho escravo em regime de semi-liberdade, o que possibilitou a muitos 
escravos a compra de sua alforria. Entretanto, não podemos afirmar que a escravidão 
foi menos rigorosa ou cruel nesta região. 
 
O renascimento agrícola 
 
O esgotamento das jazidas de ouro e pedras preciosas, no final do século XVIII, 
tornou necessária a busca de novas alternativas econômicas. O contexto histórico 
internacional neste período contribuiu para que as atividades agrícolas voltassem a ser 
consideradas um excelente investimento: 
 Algodão – Sua procura aumentou devido ao crescimento das indústrias têxteis 
européias. Os EUA, principal fornecedor do produto, estava envolvido em sua Guerra de 
Independência (1776-82) e bloqueou o fornecimento de algodão para a Inglaterra. Isto 
beneficiou a produção algodoeira brasileira, cujo maior representante era o Maranhão. 
 Tabaco – A difusão do hábito de fumar levou a popularização deste produto e o 
aumento de seu consumo na Europa. No início da colonização era utilizado como 
mercadoria de troca por negros na África (escambo). O principal produtor brasileiro de 
tabaco era o Recôncavo Baiano. 
 Açúcar – O aumento da exportação do açúcar brasileiro neste período, esteve 
diretamente relacionado com as revoltas escravas e as lutas de independência nas 
Antilhas, principal concorrente do Brasil. 
 
5 - As Crises do Sistema Colonial e os Movimentos de Resistência à 
Dominação Portuguesa. 
 
Revisão de Brasil Colônia 
 
 Professora Viviane Galvão 
 
Após a Restauração (1640), quando a dinastia de Bragança assumiu o trono de 
Portugal, a economia do país encontrava-se completamente debilitada devido às inúmeras 
guerras em que havia se envolvido durante o domínio espanhol. Apesar de ter recuperado a 
posse sobre Angola e Guiné, os lusitanos perderam o controle do comércio oriental, que 
passou a ser dominado por holandeses e ingleses. 
A situação na América também era crítica. Depois da expulsão dos holandeses a 
economia colonial também entrou em crise. Muitos escravos aproveitaram o tumulto do 
período

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