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1 Formação do território brasileiro História 2C05 Aula Primeira “fronteira” do Brasil Com a notícia da “descoberta” de novas terras, em 1492, realizada por Cristóvão Colombo, que estava a serviço da Espanha, os reis Fernando e Isabel trataram de garantir a posse desse novo patrimônio. Para isso, pediram ajuda ao papa Alexandre VI, que era espanhol. Em 1493, o Papa editou a Bula Inter Coetera, determinando a divisão do mundo em duas partes, cabendo aos espanhóis todas as terras situadas a oeste de uma linha imaginária, que passaria a 100 léguas das ilhas de Cabo Verde. Portugal contestou a bula papal e, após inúmeras negociações, conseguiu estender a linha imaginária para 370 léguas. Tal acordo foi firmado no Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494. Brasil – Principais Entradas M ar ilu d e So uz a Assim, quando Portugal iniciou a colonização das terras brasileiras, em 1530, o território da Colônia limitava-se ao norte com o local onde hoje se encontra a cidade de Belém e ao sul com o lugar onde hoje se encontra a cidade de Laguna. Durante todo o século XVI, a presença portuguesa restringiu-se ao litoral e à pequena faixa interiorana. Porém, a partir do século XVII, à ação colonizadora por- tuguesa começou a avançar para o interior, alterando profundamente o mapa da Colônia e dando ao país praticamente a feição atual. Ocupação do interior do Nordeste no Período Colonial O principal fator de ocupação do interior do Nordeste foi a criação de gado, inicialmente uma atividade com- plementar à do açúcar. No entanto, com a expansão dos engenhos, as terras do litoral começaram a escassear e, com isso, as áreas para pasto. Em face disso, os criadores de gado foram buscando novas áreas, seguindo os cursos dos rios e penetrando pelo sertão. Aproveitando-se da vantagem de a criação de gado exigir baixos investimentos e pouca mão de obra – que foi predominantemente livre –, o negócio expandiu-se em torno do rio São Francisco e do Parnaíba, ocupando as regiões da Bahia, Pernambuco, Piauí e Maranhão. Cidades, como Feira de Santana e outras, tornaram-se importantes feiras de gado. Brasil – Pecuária M ar ilu d e So uz a Ocupação do vale amazônico Embora pertencente aos espanhóis, a região amazônica começou a ser visitada pelos portugueses a partir do século XVII. Coube aos jesuítas a primazia da ocupação do vale amazônico. Enquanto uns ficavam nas missões, outros embrenhavam-se pela floresta em busca de especiarias e drogas, com o objetivo de exportar para a Europa e obter rendimentos para sustentar a manutenção dos núcleos religiosos. Produtos, como resinas aromáticas, condimentos e ervas medicinais, alcançavam bons preços no mercado externo e eram obtidos pelos jesuítas com o auxílio dos índios. Também expedições militares, visando a preservar a região da presença de holandeses e franceses, foram um fator de ocupação do território. Em 1637, uma expedição comandada por Pedro Teixeira percorreu o rio Amazonas, da Foz até o Equador, fazendo um detalhado levantamento da região. No final do século XVIII, a presença portuguesa já era bem consistente em boa parte do território amazônico. M ar ilu d e So uz a Exploração da Amazônia M ar ilu d e So uz a O gado foi um importante elemento para ocupação territorial e interligação entre regiões que começavam a ser ocupadas. Como uma “riqueza móvel”, o gado desloca- va-se para lugares onde podia ser comercializado. Assim, do litoral nordestino, os rebanhos de gado subiram o rio São Francisco e atingiram a região das Minas Gerais, onde, durante o século XVIII, contribuíram para a economia do ouro que lá se desenvolvia. Neste contexto, destacaram-se os tropeiros, res- ponsáveis pelo comércio de cavalos e mulas, além de charque, para a região das minas. Sorocaba, em São Paulo, tornou-se um importante entreposto desses produtos, assim como foi Feira de Santana, no Nor- deste. A importância maior, porém, foi a abertura de estradas e a fundação de vilas, ao longo do trajeto dos tropeiros. As vilas originaram-se dos locais de pouso e das feiras de troca e abastecimento. Cidades como a Lapa, Campo Largo, Castro e Ponta Grossa, no Paraná, Lages em SC, e Itapetininga, Itararé, Avaré e Sorocaba, em São Paulo, surgiram graças ao tropeirismo. Também a região Sul teve parte de sua ocupação relacionada à criação de gado. Os rebanhos dessas áreas do sul do território brasileiro foram trazidos pelos jesuítas. Espalhados pelas regiões dos pampas, forma- ram rebanhos selvagens. Mais tarde, impulsionaram a ocupação e o desenvolvimento econômico, primeiro com a exploração do couro e depois com a do charque. DEBRET, Jean-Baptiste. O jaguaricatu. 1827. 1 aquarela sobre papel, color.; 14,4 cm x 21,8 cm. Coleção Geneviéve e Jean Boghici, Rio de Janeiro. Co le çã o Ge ne vi év e e Je an B og hi ci , R io d e Ja ne iro Tropas de mulas, século XVIII 2 Extensivo Terceirão Missões Os jesuítas vieram ao Brasil com a tarefa de cate- quizar os índios. Após algumas experiências frustradas de proceder à conversão dos nativos atuando em suas próprias aldeias, os jesuítas começaram a confinar os índios em locais onde eles pudessem estar constante- mente sob a “vigilância” dos padres. Eram as missões. Os jesuítas construíram missões ao longo dos territó- rios do Paraguai, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Pará e Maranhão. Nessas missões, os índios aprendiam a ler, a escrever, a cantar, a plan- tar e, principalmente, a fé cristã. As missões existiram até a segunda metade do século XVIII, quando, por ordem do Marquês de Pombal, os jesuítas foram expulsos das terras portuguesas. As missões deram origem a importantes núcleos populacionais. Além disso, foram alvo da ação dos pre- dadores de índios, que abriram caminho pelos sertões até chegarem às missões. Por fim, a destruição dos aldeamen- tos jesuíticos no Sul liberou seus rebanhos bovinos, que se espalharam pelos pampas. Todos esses fatores contribuíram para que os portugueses explorassem as terras do interior do Brasil, ampliando, dessa forma, a ocupação territorial. Bandeiras As bandeiras foram expedições particulares que, partindo de São Vicente, percorreram os sertões brasilei- ros em busca de índios e de metais preciosos. A população desta região foi trazida, originalmente, por Martim Afonso de Sousa, com o objetivo de coloni- zar as terras por meio da produção de açúcar. Porém, a distância de Portugal e a dificuldade em obter mão de obra escrava, além da concorrência do açúcar nor- destino, provocaram o rápido declínio da região, forçando a população a estruturar outra atividade para sobreviver. As bandeiras foram organizadas no decorrer do sé- culo XVII e chegaram a reunir milhares de pessoas, entre brancos, índios e mamelucos. Quase todas as bandeiras partiam de São Paulo, aproveitando o curso dos rios. PERFIL TOPOGRÁFICO DO ESTADO DE SÃO PAULO (Sentido Sudeste – Nordeste) 1 400 1 200 1 000 800 400 Planalto Arenito-Basáltico (Planalto Ocidental Cuesta de Botucatu Depressão Periférica Planalto Atlântico Serra do MarBacia de São Paulo O ce an o A tlâ nt ic o N ils on M ül le r. 20 08 . D ig ita l.Os bandeirantes nor- malmente andavam a pé e descalços. Vestiam camisa, chapéu de abas largas, ceroulas e gibões de algodão acolchoado. A alimentação consistia em um cardápio pou- co convencional, como formigas, larvas, cobras, ratos, além de mel, palmito e frutas. A disciplina era rígida e as execuções, frequentes. Bandeirante As bandeiras podem ser agrupadas em ciclos. O primei- ro, ainda tímido, limitando-se a áreas não muito distantes do litoral, foi o ciclo do ouro de aluvião. Essa atividade bandeirante teve efeitos colonizadores no litoral do Paraná Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549, junto com o Governador Geral Tomé de Sousa. Chefia- dos por Manuel da Nóbrega, fundaram colégios e missões. José de Anchietae Antônio Vieira foram outros jesuítas importantes. Além de atuarem por todo o território da colônia portuguesa, catequizan- do os índios e participando da economia, como na extração das drogas do sertão, no vale amazônico, tiveram papel notável no Sul do Brasil, nos domínios espanhóis, com as missões ou reduções, dentre as quais se destacavam os “sete povos das missões”. M ar ilu d e So uz a M us eu d o Pá tio d o Co lé gi o, S ão P au lo Brasil – Missões Jesuíticas Autoria desconhecida. Anchieta escreve seu poema nas areias de Iperoig. [s.d.]. Museu do Pátio do Colégio, São Paulo. In.: História do Brasil, ed. Folha de São Paulo, 1997, S.Paulo/SP. Reprodução de Vida Ilustrada do Padre Anchieta, padre Frota Gentil, Rio de Janeiro/RJ. Anchieta foi um dos mais impor- tantes jesuítas a desembarcar no Brasil para realizar a catequese. Aula 05 3História 2C e Santa Catarina. Seguidores dos primeiros vicentinos prosseguiram explorando a região e fundaram as vilas de Paranaguá, São Francisco do Sul, Nossa Senhora do Desterro e Laguna. A necessidade de mão de obra para a lavoura da região paulista (onde se produziam vários artigos para consumo e venda, como o trigo) e também para abastecer os engenhos da Bahia, privados de escravos durante a ocupação holan- desa, estimulou a formação de ex- pedições que deram origem ao ciclo de caça ao índio. Essas expedições visavam principalmente às missões jesuíticas, nas quais os índios já se encontravam aculturados. Além desses ciclos, os paulistas realizaram o sertanismo de contrato, que eram expedições contratadas para combater tribos indígenas rebe- ladas e quilombos, como a liderada por Domingos Jorge Velho, que des- truiu o Quilombo dos Palmares. Ainda existiram as monções, expedições fluviais com objetivos co- merciais, que transportavam mercadorias para as novas minas de Goiás e Mato Grosso. Foi o último prolongamento das bandeiras. Bandeirantes no Sul do Brasil M ar ilu d e So uz a CA M IN HO p ar a M in as G er ai s. Sé cu lo X VI II. M us eu d e O ur o Pr et o, M in as G er ai s. Monções Os Palmares do Nordeste M ar ilu d e So uz a M ar ilu d e So uz a A interiorização das bandeiras ocorrida no ciclo de caça ao índio abriu caminho para as grandes jazidas de ouro na região das Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Antônio Rodrigues Arzão teria sido o pioneiro, ao descobrir ouro em Cataguases, em 1693. Começava, pelas mãos dos bandeirantes, o grande ciclo do ouro e do diamante. 4 Extensivo Terceirão Assimilação 05.01. (UFV – MG) – Em finais do século XVI e durante o século XVII, inúmeras expedições percorreram os sertões brasileiros, partindo principalmente da Capitania de São Paulo. Tais expedições ficaram conhecidas como “bandeiras”, e seus componentes, “bandeirantes”. O objetivo principal das bandeiras era: a) encontrar um novo caminho para as Índias Orientais. b) abastecer as regiões mineradoras das Minas Gerais. c) combater as incursões dos colonos espanhóis na fronteira do Rio Grande do Sul. d) destruir os quilombos de escravos fugidos das grandes fazendas de café. e) apresar índios e buscar ouro e pedras preciosas. 05.02. (UNIVALI – SC) – As expedições chamadas de entra- das e bandeiras tinham como objetivo a procura de riquezas minerais e/ou a caça ao índio, para escravizá-lo e vendê-lo no litoral. O papel histórico das entradas e bandeiras pode ser assim resumido: a) Determinaram a ocupação efetiva do interior do Brasil e deram ao nosso país sua atual configuração geográfica. b) Contribuíram para a implantação de uma nova política colonizadora, aproximando índios e colonos. c) Iniciaram o aproveitamento verdadeiro das terras agrícolas do oeste, mudando a situação econômica da colônia. d) Por razões políticas e econômicas, contribuíram para a mu- dança da capital do vice-reino, do Rio de Janeiro para a Bahia. e) Respeitaram o meridiano de Tordesilhas, evitan do, assim, conflitos armados entre portugueses e espanhóis. 05.03. (FUVEST – SP) – Durante o período colonial, o Estado português deu suporte legal a guerras contra os povos indí- genas do Brasil, sob diversas alegações; derivou daí a guerra justa, que fundamentou: a) o genocídio dos povos indígenas, que era, no fundo, a ver- dadeira intenção da Igreja, do Estado e dos colonizadores. b) a criação dos aldeamentos pelos jesuítas em toda a colô- nia, protegendo os indígenas dos portugueses. c) o extermínio dos povos indígenas do sertão, quando, no século XVII, a lavoura açucareira aí penetrou, depois de ter ocupado todas as áreas litorâneas. d) a escravidão dos índios, pois, desde a Antiguidade, reconhecia-se o direito de matar o prisioneiro de guerra ou escravizá-lo. e) uma espécie de “limpeza étnica”, como se diz hoje, para garantir o predomínio do homem branco na colônia. 05.04. (FUVEST – SP) – Qual destas definições expressa melhor o que foram as bandeiras? a) Expedições financiadas pela Coroa que se propu nham exclusivamente a descobrir metais e pedras preciosas. b) Movimento de fundo catequético, liderado por jesuítas para a formação de uma nação indígena cristã. c) Expedições particulares que apresavam os índios e pro- curavam metais e pedras preciosas. d) Empresas organizadas com o objetivo de conquistar as áreas litorâneas e ribeirinhas. e) Incursões de portugueses para atrair tribos indí genas para serem catequizadas pelos jesuítas. Aperfeiçoamento 05.05. O mapa a seguir constitui-se como um documento do século XVII e revela o Brasil conhecido e cartografado naquele contexto. Ao longo dos séculos XVII e XVIII, muitas atividades propiciaram o aumento do espaço conhecido e habitado do território hoje chamado Brasil. Fonte: Cartografia Biblioteca Nacional, disponível em https://goo.gl/7ifakx Este é o Mapa de João Teixeira Albernaz II, intitulado Província do Brasil, datado de 1666. Ali é possível ver o litoral do Brasil, desde a Barra do Pará, até o Rio Grande, incluindo algumas missões jesuíticas na fronteira do Rio da Prata. A respeito da expansão territorial, assinale a alternativa CORRETA: a) A pecuária desempenhou um importante papel para o povoamento do Sertão e com o tempo, os vaqueiros seguiram o curso dos rios, especialmente do rio São Francisco. Testes Aula 05 5História 2C b) O desconhecimento em relação às bacias hidrográficas existentes, fez com que a ocupação se mantivesse restrita ao litoral da Colônia. c) Os jesuítas instalaram suas missões na região nordeste, visto que a Coroa Portuguesa proibia a presença das aldeias na região ao sul do Rio de Janeiro. d) A colonização portuguesa manteve-se localizada na re- gião nordeste, permanecendo as terras abaixo do Trópico de Capricórnio dominadas pela Espanha. e) Não houve nenhuma ocupação da região da Amazônia, o que fez com que esta parte do Brasil ficasse inexplorada até o final do século XIX. 05.06. (PUC – SP) – As Bandeiras utilizaram amplamente os rios para penetrar no território brasileiro e atingir regiões distantes do litoral. Entre suas funções, é possível afirmar que: a) estavam intimamente ligadas ao tráfico negreiro e bus- cavam o interior para vender escravos africanos para aldeias indígenas; b) opunham-se às tentativas de catequização de índios pelos jesuítas por considerar os índios destituídos de alma; c) procuravam, a mando da metrópole portuguesa, pedras e metais preciosos no interior do Brasil e no leito dos rios que navegavam; d) fundavam cidades ao longo dos rios e dos caminhos que percorriam e garantiam, posteriormente, seu abasteci- mento de alimentos; e) eram contratadas, por senhores de terras, para perseguir escravos fugitivos e destruir quilombos. 05.07. (UFES) – O processo de expansão da conquista ter- ritorial que culminou com a incorporação da Amazônia ao domínio português esteve vinculado a diferentes situações. NÃO faz parte desse contexto o (a): a) iniciativade colonos que se aventuravam na coleta de recursos naturais da região, como as “drogas do sertão”. Ou formavam as “tropas de resgate”. b) implantação da grande lavoura canavieira com base no latifúndio e no trabalho escravo negro, voltada para o mercado externo. c) conflito entre colonos e missionários que tinham, a res- peito da população indígena, interesses diversificados. d) prática de uma política oficial adotada pela Coroa, que incentivava o movimento expansionista e fazia realizar expedições para o reconhecimento da área. e) ação das Ordens Religiosas que buscavam os indígenas para nucleá-los e catequizá-los, estabelecendo missões ou aldeamentos. 05.08. (FUVEST – SP) – A criação, em território brasileiro, de gado e de muares (mulas e burros), na época da colonização portuguesa, caracterizou-se por a) ser independente das demais atividades econômicas voltadas para a exportação. b) ser responsável pelo surgimento de uma nova classe de proprietários que se opunham à escravidão. c) ter estimulado a exportação de carne para a metrópole e a importação de escravos africanos. d) ter-se desenvolvido, em função de mercado interno, em diferentes áreas no interior da colônia. e) ter realizado os projetos da Coroa portuguesa para inten- sificar o povoamento do interior da colônia. 05.09. (MACK – SP) – “Os bandeirantes foram roman- tizados (...) e postos como símbolo dos paulistas e do progresso, associação enobrecedora. A simbologia bandeirante servia para construir a imagem da trajetória paulista como um único e decidido percurso rumo ao progresso, encobrindo conflitos e diferenças.” Apud, K. Maria. In: Matos, M. I. S. de São Paulo e Adoniram Barbosa Ainda que essa imagem idealizada do bandeirante tenha sido uma construção ideológica, sua importância, no período colonial brasileiro, decorre: a) de sua iniciativa em atender à demanda de mão de obra escrava do Brasil Holandês, durante o governo de Maurício de Nassau. b) de sua extrema habilidade para lidar com o nativo hostil, garantindo sua colaboração espontânea na busca pelo ouro. c) de sua colaboração no processo de expansão territorial brasileira, à medida que ultrapassou o Tratado de Torde- silhas e fundou povoados, garantindo, futuramente, o direito de Portugal sobre essas terras. d) de sua atuação decisiva na insurreição Pernambucana, que resultou na expulsão dos holandeses do nordeste, em 1654, considerada como o primeiro movimento de cunho emancipacionista da colônia. e) da colaboração dos mesmos na formação das Missões Jesuíticas, cujo objetivo era a proteção e catequização de índios tupis, obstáculo à ocupação do território colonial. 05.10. (PUCCAMP – SP) – Se a obra historiográfica de Sérgio Buarque de Hollan- da foi um olhar para o passado brasileiro a partir da História de São Paulo (as monções, as entradas e ban- deiras, os caminhos e fronteiras) entre a generalidade do ensaio, em Raízes do Brasil, e a sistematização acadêmica de sua produção na USP, a cidade do Rio de Janeiro funda um universo poético e um horizon- te criativo inteiramente novos em Chico Buarque, no cruzamento das atividades do “morro” (o samba, so- bretudo) com as da “cidade” (A Bossa Nova e a vida intelectual do circuito Zona Sul). FIGUEIREDO, Luciano (org). História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013, p. 451. As entradas e bandeiras, durante o Período Colonial, foram expedições a) contratadas pelos donatários das capitanias, a fim de mapear as populações indígenas que habitavam a região e instalar missões e aldeias visando à sua pacificação, etapa indispensável para o sucesso do empreendimento colonial. 6 Extensivo Terceirão b) idealizadas por autoridades coloniais e pelos primeiros moradores instalados na Vila de São Paulo, com o objetivo principal de combater os colonizadores espanhóis que vi- nham desrespeitando os limites do Tratado de Tordesilhas e tomando-lhes as minas de ouro e prata. c) planejadas pelos brancos colonizadores, empreendedores particulares ou encarregados da Coroa, compostas de dezenas de índios e mestiços contratados para desbravar o “sertão” e viabilizar rotas comerciais de minérios, especiarias e gado entre as isoladas vilas do interior. d) articuladas e executadas pelos bandeirantes, a mando da Coroa, da Igreja Católica ou por iniciativa própria, a fim de assegurar o controle português das minas de ouro e o plantio em terras férteis, dizimando índios hostis e fundando vilas jesuíticas para o branqueamento da população. e) organizadas e financiadas, respectivamente, pela Coroa Portuguesa e por particulares, em busca de metais preciosos, do apresamento de indígenas e da efetivação da posse das terras por colonizadores portugueses. Aprofundamento 05.11. (UNESP – SP) – Observe o mapa e responda: Atlas histórico escolar. Fename/MEC, 1980. (Adaptado). a) O meridiano de Tordesilhas, enquanto esteve em vigor, obstruiu a efetiva ocupação do interior do território brasileiro. b) As riquezas do Vice-Reinado do Rio da Prata atraíram muitos aventureiros em busca de fortuna fácil e que acabaram por se fixar na região sul do Brasil. c) A busca por pau-brasil e terras férteis para a cana-de- -açúcar impulsionou a derrubada da mata atlântica e a fixação do colonizador no sertão nordestino. d) Apesar do aspecto extensivo da atividade, a pecuária desempenhou importante papel no processo de inte- riorização da ocupação. e) O intenso povoamento da região Norte causou sérios problemas para a Metrópole, que não dispunha de meios para abastecer a área. 05.12. (UFSCAR – SP) – A respeito da ocupação do território brasileiro, foram feitas as quatro observações seguintes: I. Iniciou-se pela nascente do rio Amazonas. II. Seguiu os cursos dos rios em direção ao interior. III. Foi decorrência da penetração do gado, da busca de metais preciosos e da exploração de drogas do sertão. IV. Significou a criação de vilas e cidades na região do pla- nalto central. Pode-se afirmar que estão corretas: a) I e II, apenas b) I, II e III, apenas c) I, II, III e IV d) II e III, apenas e) III e IV, apenas 05.13. Nos fins de 1700 encerrou-se o Ciclo do Bandeirantismo: nesta altura as conquistas dos aventureiros paulistas resultam em significativas alterações na vida, na História e na Geografia brasileira. Das alterações relacionadas a seguir: I. surgimento de importante centro de povoamento no interior das Minas Gerais; II. transferência do polo administrativo do Sul para mais ao Norte, isto é, do Rio de Janeiro para Salvador; III. posse efetiva das terras a Oeste do Meridiano de Tordesi- lhas (apesar do “tratado”), que daí passou a praticamente toda a região central do nosso atual território. Escreve-se corretamente em: a) I e II apenas b) I e III apenas c) II e III apenas d) I, II e III e) nenhuma delas 05.14. (UNESP – SP) – “Nossa milícia, Senhor, é diferente da regular que se observa em todo o mundo. Primei- ramente nossas tropas com que vamos à conquista do gentio bravo desse vastíssimo sertão não é de gente matriculada no livro de Vossa Majestade, nem obrigada por soldo, nem por pagamento de munição.” Carta de Domingos Jorge Velho ao rei de Portugal, em 1694. De acordo com o autor da Carta, pode-se afirmar que: a) os bandeirantes possuíam tropas de mercenários, pagas pela metrópole, com o objetivo de exterminar indígenas. b) havia proibição oficial de capturar índios para a escravi- zação e os bandeirantes pretendiam evitar ser punidos pelos colonos e pelos espanhóis. c) os exércitos portugueses, organizados na colônia, tinham a particularidade de serem compostos por indígenas especializados em destruir quilombos. d) algumas tribos indígenas ameaçavam a segurança dos colonos e as bandeiras eram tropas encarregadas de transportar os nativos para as reduções religiosas. e) muitas das bandeiras paulistas eram constituídas por exércitos particulares, especializados em exterminar e capturarindígenas para serem escravizados. Aula 05 7História 2C 05.15. (UPF – RS) – “Não é fácil saber de onde foi que Jorge Velho partiu para ir combater Palmares, se de São Paulo ou do Piauí. Tanto se pode admitir uma versão como a outra, já que ambas se apoiam em documentos de igual autoridade [...]. Há também muita controvér- sia sobre os seus efetivos. Em diferentes documentos o número de indígenas oscila entre 800 e 1.300, e o de brancos entre 80 e 150, não falando nas mulheres e crianças que costumava levar consigo. A marcha de seiscentas léguas até Pernambuco foi uma estupenda façanha. Custou-lhe a perda de 396 pessoas, das quais 196 morreram de fome ou doença e 200 desertaram.” (FREITAS, Décio. Palmares: a guerra dos escravos. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1984, p. 145-146) O bandeirante Domingos Jorge Velho foi contratado pelo governo português para destruir o quilombo de Palmares. Isso se deu porque a) os paulistas, excluídos do circuito da produção colonial centrada no Nordeste, queriam aí estabelecer pontos de comércio, sendo impedidos pelos quilombos. b) os paulistas tinham prática na perseguição de índios, os quais, aliados aos negros de Palmares, ameaçavam o governo com movimentos milenaristas. c) o quilombo desestabilizava o grande contingente escravo existente no Nordeste, ameaçando a continuidade da pro- dução açucareira e da dominação colonial. d) os senhores de engenho temiam que os quilombolas, que haviam atraído brancos e mestiços pobres, organizassem um movimento de independência da colônia. e) os aldeamentos de escravos rebeldes incitavam os colonos à revolta contra a metrópole, visando trazer novamente o Nordeste para o domínio holandês. 05.16. (UPF – RS) – No período colonial, o Brasil foi marcado por expedições internas com destaque para as Bandeiras. Lide- radas pelos paulistas, as Bandeiras percorriam os sertões, onde passavam meses ou mesmo anos. Sobre esse fenômeno histórico, considere as afirmativas: I. As Bandeiras organizaram a sociedade do interior a partir do modelo norte-americano de colônias de povoamento. II. Os rumos das principais Bandeiras foram Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Paraná, tendo algumas delas che- gado até o Paraguai. III. Os bandeirantes ensinaram aos índios técnicas de agricultura para que desenvolvessem a colônia econo- micamente. IV. Os objetivos principais dos bandeirantes foram o apresa- mento de índios para serem escravizados e a busca por metais preciosos. V. As Bandeiras foram responsáveis pela expansão territorial do Brasil para muito além da linha de Tordesilhas. Está correto apenas o que se afirma em: a) I, II e IV. b) II, IV e V. c) II, III e IV. d) III e V. e) III, IV e V. 05.17. (UFSC) – Este homem é um dos maiores selvagens que tenho topado: quando se avistou comigo trouxe consigo língua, porque nem falar sabe, nem se diferencia do mais bárbaro tapuia mais que em dizer que é cristão, e não obstante o haver-se casado de pouco, lhes assistem sete índias concubinas, e daqui se pode inferir como pro- cede no mais; tendo sido a sua vida, desde que teve uso da razão – se é que a teve, porque, se assim foi, de sorte a perdeu que entendo a não achará com facilidade –, até o presente, andar metido pelos matos à caça de índios, e de índias, estas para o exercício das suas torpezas, e aqueles para os granjeios de seus interesses. CARNEIRO, E. O Quilombo dos Palmares. São Paulo: Brasiliense, 1947, p. 134-135 apud CAMPOS, Flávio de; PINTO, Júlio Pimentel; CLARO, Regina. Oficina de História. São Paulo: Leya, 2016, p. 84. v. 2. Língua: intérprete que auxiliava na comunicação entre indígenas e portugueses. Granjeio: trabalho realizado com o objetivo de receber vantagens e comodidades. O trecho acima, de uma carta do bispo de Pernambuco ao rei de Portugal Pedro II, em 1697, descreve Domingos Jorge Velho, mestre de campo das operações de Palmares. Sobre o contexto das ações e da memória histórica construída sobre os bandeirantes, é correto afirmar que: 01) segundo a historiografia atual, a imagem heroica com que os paulistas foram representados, sobretudo no século XX, ajudaram na difusão de uma série de pre- conceitos culturais e raciais que formaram muitos dos valores da nossa sociedade. 02) muitas vezes apresentados como desbravadores, des- cobridores de riquezas, fundadores de vilas e respon- sáveis pelo povoamento de várias regiões, os ban- deirantes e sua imagem heroica acabam camuflando aspectos como a dizimação de povos indígenas, o des- locamento forçado de populações nativas e a escravi- zação que transformou o indígena em mercadoria. 04) a percepção do bispo na carta endereçada ao rei portu- guês trata de uma exceção, pois a Igreja estava alinha- da às ações dos bandeirantes no processo de acultura- mento dos povos indígenas. 08) os bandeirantes, também chamados de sertanistas, eram os participantes das expedições oficiais que a co- roa portuguesa organizava em busca da escravização dos povos indígenas e também de metais preciosos. 16) o apresamento dos povos indígenas, sobretudo no ex- tremo Sul e na região Amazônica, o sertanismo de con- trato, particularmente intenso no Nordeste, e as expe- dições de pesquisa mineral que partiam de São Paulo em direção à região das minas foram os principais focos do bandeirantismo na América Portuguesa. 8 Extensivo Terceirão Gabarito 05.01. e 05.02. a 05.03. d 05.04. c 05.05. a 05.06. e 05.07. b 05.08. d 05.09. c 05.10. e 05.11. d 05.12. d 05.13. b 05.14. e 05.15. c 05.16. b 05.17. 19 (01 + 02 + 16) 05.18. 21 (01 + 04 + 16) 05.19. a) Ao longo dos séculos XVII e XVIII, os bandeirantes paulistas exerceram diver- sas atividades econômicas, tais como caça ao índio, caça ao ouro, monções, sertanismo de contrato. b) A partir da segunda metade do sécu- lo XIX, a região de São Paulo passou por um processo de modernização econômica ligada ao café e a indús- tria. Assim, a elite foi construindo uma imagem idealizada dos bandeirantes paulistas, como heróis, europeus, bem vestidos, etc., quando na verda- de eram mamelucos, “grosseiros nos modos” e que utilizavam de muita violência. Desafio 05.18. (UEPG – PR) – Em 1740, um relatório enviado pelo Conselho Ultramarino ao rei de Portugal definia um quilombo como “toda habitação de negros fugidos, que passem de cinco, em parte despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados e nem se achem pilões nele”. Apesar da historio- grafia atual tratar da existência de quilombos consentidos pelos senhores e nos quais as comunidades negras gozavam de certa autonomia, o mais comum no período colonial brasileiro era a sua caracterização como estruturas sociais de resistência negra que reuniam desde pequenos grupos até milhares de negros fugitivos. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01) Em que pese expressar a luta pela liberdade e desafiar a ordem escravocrata, os quilombos não colocaram em risco o sistema de escravidão na colônia. Prova disso é que no Brasil a abolição ocorreu após o fim do período colonial, no fim do século XIX. 02) Domingos Jorge Velho, português radicado na colônia, foi um dos principais defensores da formação de qui- lombos. Era dono de um dos maiores. 04) Ao longo do período colonial existiram centenas de quilombos, sendo as regiões dos atuais estados de Per- nambuco, Bahia e Alagoas, locais onde ocorreram com muita frequência. 08) Durante o domínio holandês em Pernambuco, não se verifica a fuga de escravos nem a formação de quilom- bos. O fato dos holandeses condenarem a escravidão e estruturarem um modelo social baseado no trabalho livre e assalariado explica tal fenômeno. 16) Os quilombos eram locais onde os negros se organi- zavam social e culturalmente de acordo com suas ori- gens, produzindo coletivamente e sobrevivendo à mar- gem do sistema escravista. 05.19. (UFPR) – Leia o excerto abaixo, retirado de artigo sobre a construçãoda mitologia referente à figura e à atuação dos bandeirantes no Brasil: Delineou-se com toda a clareza [...] uma preocupação ao mesmo tempo historiográfica e ideológica, presente principalmente na obra de historiadores paulistas da primeira metade do século XX, em estudar a formação da população paulista a partir da biografia de seus ante- passados ilustres, encarnados na figura do bandeirante. (SOUZA, Ricardo Luiz de. A mitologia bandeirante: construção e sentidos. História Social, Campinas, SP, n. 13, 2007, p. 161.) A partir dos conhecimentos sobre o período colonial da América Portuguesa (séculos XVI a XIX) e sobre o período re- ferido no excerto (a primeira metade do século XX no Brasil): a) Cite 2 principais atividades das bandeiras no período colonial da América Portuguesa. b) Defina duas características do mito do bandeirante cons- truído entre o final do século XIX e primeira metade do século XX por grupos paulistas e explique duas razões que levaram a essa construção. Em seguida, aponte uma crítica feita a essa mitologia. Aula 05 9História 2C Quando e onde A descoberta das primeiras jazidas de ouro na região das Minas Gerais ocorreu no final do século XVII. Durante o século XVIII, muitas outras lavras foram encontradas e cidades foram levantadas. Na região de Tijucos, os bandeirantes descobriram o diamante. Além das Minas Gerais, muito ouro foi descoberto também em Goiás, Mato Grosso e Bahia. No início do século XVIII, a produção de ouro já atingia 4,5 toneladas/ano. Em meados do século, no auge da mineração, eram retirados, só da região das Minas Gerais, mais de 11 toneladas de ouro/ano. A migração para a região das Minas, com o objetivo de obter a riqueza fácil, fez com que a população da Colônia pulasse, de 300 mil, em 1700, para cerca de 3 milhões, no final do século. Extração Embora a notícia do ouro tenha provocado uma “explosão” demográfica, a exploração desse ouro não era tarefa para tanta gente. Não havia uma disponi- bilidade “democrática” de terras. Tão logo a notícia do ouro se espalhou, a Coroa portuguesa tratou de regulamentar a extração, controlando rigidamente a ex- ploração. No caso da exploração do diamante, o governo português decretou o estanco do produto, ou seja, diamantes tornaram-se monopólio régio. SPIX, Johann Baptist von; MATIUS, Carl Friedrich Philipp von. Lavagem de Diamantes em Curralinho. 1823-1831. 1 litografia sobre papel: 41 cm x 52,7 cm. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. Em 1702, Portugal criou a Intendência das Minas, órgão encarregado de fiscalizar toda a atividade mineradora. Qualquer descoberta de ouro deveria ser comunicada à Intendência, que então se encarregava de delimitar a área, dividindo-a em datas. O tamanho variaria de acordo com o número de escravos que o minerador possuísse, o que incluía na lista dos pretendentes apenas os de posse. A primeira data cabia ao rei, outra ia para a Intendência, e o minerador que houvesse descoberto o lugar ficava com duas. As demais eram distribuídas de acordo com as requisições feitas ao Intendente, o que conferia a este um grande poder perante os mineradores. A extração do ouro nas lavras exigia uso de máquinas e escravos. A maioria dos mineradores, que não dispunham destes recursos, praticavam a extração por meio da faiscação, que consistia em revirar muitas vezes os cascalhos abandonados nos rios pelos grandes mineradores, usando a bateia, sozinhos ou em pequenos grupos, sem nenhum requinte ou técnica mais sofisticada. Instrumentos de expropriação e fiscalização portugueses M us eu P au lis ta (U SP ), Sã o Pa ul o AMOEDO, Rodolfo. Ciclo do Ouro. 1924. 1 óleo sobre tela; color.; Museu Paulista (USP), São Paulo. Além da Intendência das Minas – encarregada de dirigir o processo de distribuição das lavras de ouro, fis- calizar a extração e cobrar impostos –, Portugal instituiu ainda, na região das Minas, as Casas de Fundição, para onde deveria ser encaminhado todo o ouro encontrado, a fim de ser fundido e transformado em barras ou lingotes, retirando-se evidentemente a parte relativa ao fisco português. Bi bl io te ca N ac io na l, Ri o de Ja ne iro Au to ria d es co nh ec id a. C as a de f un di çã o. S éc ul o XI X. Co le çã o Pa rt ic ul ar , M in as G er ai s. Casa do fisco 10 Extensivo Terceirão História 2CAula 06 Mineração Os impostos foram a forma mais rentável de expro- priação do ouro brasileiro. Dos impostos, o mais famoso era o quinto: M us eu d o ou ro (C as a de In te nd ên ci a e Fu nd iç ão ), Sa ba rá , M in as G er ai s Peso para medir o ouro em pó (...) E de todos os metais, depois de fundi- dos e apurados, era-lhe forçoso pagar o quinto, salvo quando fossem as veias tão fracas que não suportassem e, neste caso, ao achador competia requerer à Coroa para prover como fosse de seu serviço. HOLANDA, Sérgio Buarque de (Org.). História geral da civilização brasileira. 6. ed. São Paulo : Difel, 1985. v. 2. p. 268. As Casas de Fundição e a cobrança do quinto foram objeto de várias manifestações e revoltas dos minera- dores, como a Revolta de Vila Rica, que estudaremos mais tarde. Nenhum desses esforços, porém, impedia o contrabando, inclusive o praticado por padres que, além de não pagarem impostos, incentivavam os fiéis a fazerem o mesmo. Ouro quintado Museu do Banco Central/Fotógrafo Desconhecido Para forçar que os mineradores pagassem os impos- tos, Portugal estabeleceu uma quantia base – mínima – de 1,5 tonelada de ouro/ano aos mineradores como forma de pagamento dos impostos. Caso tal limite não fosse alcançado, o governo poderia decretar a derrama, que era a cobrança coletiva e compulsória dos impostos atrasados. Sociedade do ouro A sociedade mineradora era urbana, móvel e pater- nalista. A composição social era bem mais complexa que a sociedade do açúcar, principalmente pela existência de uma numerosa classe média urbana, formada por pequenos comerciantes, funcionários públicos, profis- sionais liberais, cléricos, militares e outros. Mineradores e grandes comerciantes Classe média urbana Escravos N ils on M ül le r. 20 08 . D ig ita l. Apesar de a economia ser “de ouro”, a maior parte da riqueza produzida não ficava aqui. De qualquer forma, muita gente enriqueceu na Colônia, prin- cipalmente com a exploração das grandes lavras, com o contrabando e com o comércio, mas a maio- ria da população era formada por brancos pobres e escravos. Embora a mobilidade social fosse mais flexível do que na sociedade açucareira, raramente se dava no sentido vertical. Assim, a flexibilização da formação social da região do ouro poderia se reduzir à seguinte expressão: um maior número de pessoas dividia a pobreza do lugar. Desdobramentos da mineração O esgotamento das jazidas e a utilização de técnicas muito precárias de exploração provocaram o declínio da atividade na região das Minas, no fim do século XVIII. Mesmo em um período relativamente curto, a minera- ção promoveu transformações importantes na Colônia: • A mineração contribuiu para a formação de um mercado interno na Colônia. • Vinculada à economia mineira, houve o desen- volvimento da agricultura em São Paulo, sul de Minas e Rio de Janeiro, objetivando suprir suas necessidades. O mesmo ocorreu com a pecuária no Sul. O couro, a carne e os animais de transpor- te eram vendidos em larga escala nas Gerais. • A mineração estimulou também a formação de cidades e o desenvolvimento do artesanato. • O polo econômico deslocou-se do Nordeste para o Sudeste, o que provocou, inclusive, a transfe- rência da capital de Salvador para o Rio de Janei- ro, principal porto do ouro mineiro. Aula 06 11História 2C Testes Assimilação 06.01. As relações entre a metrópole e a colônia foram regidas pelo chamado pacto colonial, sendo este aspecto uma das principais características do estabelecimento de um sistema de exploraçãomercantil implementado pelas nações europeias com relação à América. Com relação ao Brasil, do que constava este pacto? a) As colônias só poderiam produzir artigos manufaturados. b) A produção agrícola seria destinada, exclusivamente, à subsistência da colônia. c) A produção da colônia seria restrita ao que a metrópole não tivesse condições de produzir. d) A colônia poderia comercializar a produção que excedesse às necessidades da metrópole. e) Portugal permitiria a produção de artigos manufaturados pela colônia, desde que a matéria-prima fosse adquirida da metrópole. 06.02. (FAMEMA – SP) – No Brasil Colonial, uma determinada atividade gerou maior articulação entre regiões distantes, ampliou a intervenção regulamentadora da metrópole e deu origem a uma sociedade diferenciada, caracterizada pela vida urbana, pelo aumento da mestiçagem e do número de alforrias e por uma notável produção cultural. Trata-se a) da pecuária no sertão nordestino. b) das plantations de tabaco e algodão no Nordeste. c) da coleta de drogas do sertão na região amazônica. d) das missões jesuíticas no Sul. e) da extração de ouro nas Minas Gerais. 06.03. (UTFPR) – O principal interesse da metrópole portuguesa em relação ao Brasil, no período Colonial, era: a) produzir alimentos para alimentar a população de Portugal. b) fazer o comércio e escravidão de índios e negros. c) vender os produtos manufaturados de Portugal e Espanha. d) extrair produtos e matérias-primas rentáveis no mercado mundial da época. e) criar gado para atender ao mercado europeu. 06.04. (FAMERP – SP) – A descoberta de ouro, no Brasil do século XVII, provocou, entre outros, a) a formação de núcleos populacionais no interior da colônia e o pagamento, por Portugal, de parte das dívidas com a Inglaterra. b) o fim da economia agrícola monocultora e a clara dife- renciação em relação às áreas de colonização espanhola na América. c) o início do extrativismo na colônia e a exploração dos metais nobres brasileiros por multinacionais inglesas e norte-americanas. d) o desenvolvimento de ampla produção agrícola na região das minas e a autossuficiência alimentar das áreas mineradoras. e) a implantação de vasta rede de transportes na região das Minas e o rápido escoamento do ouro na direção dos portos do Nordeste. Aperfeiçoamento 06.05. (ACAFE – SC) – A mineração durante o período co- lonial brasileiro foi uma das frentes que contribuíram para a interiorização da economia e para o surgimento de vilas e cidades no interior. Acerca desse contexto e sobre o ciclo do ouro é correto afirmar, exceto: a) Intensificação das bandeiras de apresamento e escraviza- ção dos indígenas que eram a principal mão de obra na exploração do ouro de aluvião e das lavras. b) A ação dos tropeiros contribuiu para o surgimento de um mercado interno. A região mineradora era abastecida por esta atividade com charque e outros derivados da pecuária. c) A Guerra dos Emboabas foi um conflito que resultou das tentativas de controle das minas de ouro descobertas pelos colonos e bandeirantes que desejavam o monopólio da exploração e eram contrários à presença de portugue- ses e exploradores de outras regiões. d) As casas de fundição exerciam a função de controlar a cobrança do quinto, um imposto sobre o ouro extraído pelos mineradores. O ouro “quintado” era transformado em barras com o selo real português. 06.06. O processo que pode ser denominado “corrida do ouro” e que provocou um intenso fluxo migratório à região das minas brasileiras provocou, no século XVIII, significativas mudanças na Economia e na sociedade colonial. Assinale as mais importantes transformações: a) O grande desenvolvimento urbano, crescente aumento populacional, aumento do mercado interno e as grandes obras do período barroco. b) Foi considerado o “século das luzes” pois a educação foi extensiva a toda a população, sem distinção de classe. c) Houve uma grande resistência indígena e uma intensifi- cação do tráfico negreiro. d) Os olhos do colonizador estavam mais voltados para os grandes senhores dos engenhos açucareiros que propor- cionavam maiores lucros. e) A resistência indígena à exploração do ouro e a situação de Portugal tendo que pagar sua dívida com a Inglaterra. 12 Extensivo Terceirão 06.07. (UNESP – SP) – Em meados do século o negócio dos metais não ocuparia senão o terço, ou bem menos, da população. O grosso dessa gente compõe-se de mercadores de tenda aberta, oficiais dos mais variados ofícios, boticários, prestamistas, estalajadeiros, taber- neiros, advogados, médicos, cirurgiões-barbeiros, burocratas, clérigos, mestres-escolas, tropeiros, sol- dados da milícia paga. Sem falar nos escravos, cujo total, segundo os documentos da época, ascendia a mais de cem mil. A necessidade de abastecer-se toda essa gente provocava a formação de grandes currais; a própria lavoura ganhava alento novo. (Sérgio Buarque de Holanda. “Metais e pedras preciosas”. História geral da civiliza- ção brasileira, vol. 2, 1960. Adaptado.) De acordo com o excerto, é correto concluir que a extração de metais preciosos em Minas Gerais no século XVIII a) impediu o domínio do governo metropolitano nas áreas de extração e favoreceu a independência colonial. b) bloqueou a possibilidade de ascensão social na colônia e forçou a alta dos preços dos instrumentos de mineração. c) provocou um processo de urbanização e articulou a economia colonial em torno da mineração. d) extinguiu a economia colonial agroexportadora e in- corporou a população litorânea economicamente ativa. e) restringiu a divisão da sociedade em senhores e Escravos e limitou a diversidade cultural da colônia. 06.08. (UFU – MG) – No Brasil, a sociedade que se estruturou na região das minas possuía características que a diferencia- vam do restante da colônia. A esse respeito, assinale a alternativa correta. a) O ouro, os diamantes e o comércio possibilitaram a forma- ção de uma sociedade onde a riqueza era atribuída mais equitativamente, não se reproduzindo ali os contrastes entre a fortuna de poucos e a pobreza da maioria. b) a intensa miscigenação entre homens brancos e mu- lheres negras contribuiu para diminuir sensivelmente o preconceito racial, levando os senhores a dispensarem um tratamento humanitário aos seus escravos. c) a arte barroca de Aleijadinho, profundamente influenciada pelos dogmas religiosos da época, foi colocada a serviço da rica elite local, traduzindo um sentimento de confor- mismo e aceitação da ordem social vigente. d) era uma sociedade urbanizada e heterogênea, formada por comerciantes, funcionários reais, artesãos, profissio- nais liberais e escravos, onde a riqueza proporcionada pelo ouro, diamantes e comércio estava concentrada nas mãos de poucos, contrastando com a miséria da maioria da população. 06.09. (ACAFE – SC) – No Brasil, a economia da mineração, durante o Período Colonial, apresentou potencialidades bem maiores do que a açucareira, embora sua área de abrangência tenha sido menor. Acerca desse tema, todas as alternativas estão corretas, exceto: a) Ao longo das rotas das tropas de gado destinadas às áreas de mineração, surgiram inúmeras vilas, que propiciaram o povoamento do interior do Brasil. b) A mineração desenvolveu um mercado interno de bens e serviços devido às distâncias entre a área mineradora e os portos litorâneos. c) Uma incipiente urbanização, a abertura de inúmeros “caminhos” no interior do Brasil, a vinda de artesãos com conhecimentos técnicos, são fatores que promoveram, também, o desenvolvimento da área mineradora. d) A mineração promoveu um grupo quase aristocrático, uma elite formada pelas ideias do iluminismo europeu que tentou buscar a ruptura do Pacto Colonial. e) Em decorrência dos capitais gerados pela mineração, logo se desenvolveram inúmeras manufaturas, principalmente de tecidos de algodão, em áreas periféricasde São Paulo e Minas Gerais. 06.10. (UNICAMP – SP) – Tanto que se viu a abundância do ouro que se tirava e a largueza com que se pagava tudo o que lá ia, logo se fizeram estalagens e logo começaram os mercadores a mandar às Minas Gerais o melhor que chega nos navios do Reino e de outras partes. De todas as partes do Brasil, se começou a enviar tudo o que dá a terra, com lucro não somente grande, mas excessivo. Daqui se seguiu, mandarem-se às Minas Gerais as boia- das de Paranaguá, e às do rio das Velhas, as boiadas dos campos da Bahia, e tudo o mais que os moradores imaginaram poderia apetecer-se de qualquer gênero de cousas naturais e industriais, adventícias e próprias. (Adaptado de André Antonil, Cultura e Opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia- -Edusp, 1982, p. 169-171.) Sobre os efeitos da descoberta das grandes jazidas de metais e pedras preciosas no interior da América portuguesa na for- mação histórica do centro-sul do Brasil, é correto afirmar que: a) A demanda do mercado consumidor criado na zona mineradora permitiu a conexão entre diferentes partes da Colônia que até então eram pouco integradas. b) A partir da criação de rotas de comércio entre os campos do sul da Colônia e a região mineradora, Sorocaba e suas feiras perderam a relevância econômica adquirida no século XVII. c) O desenvolvimento socioeconômico da região das minas e do centro-sul levou a Coroa a deslocar a capital da Co- lônia de Salvador para Ouro Preto em 1763. d) Como o solo da região mineradora era infértil, durante todo o século XVIII sua população importava os produtos alimentares de Portugal ou de outras capitanias. Aula 06 13História 2C Aprofundamento 06.11. (UPF – RS) – No Brasil do século XVIII, a mineração marcou o deslocamento do eixo econômico para o Centro, incorporando os territórios que viriam a compor as capitanias de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Sobre essa atividade, leia as seguintes afirmações: I. A ocupação das regiões mineradoras ocorreu de modo diverso daquela ocorrida nas áreas litorâneas e pecuaris- tas, pois deu início à urbanização do interior. II. O Rio de Janeiro foi o porto de escoamento do ouro para a Europa e ingresso de mercadorias que iam para as minas. III. O Rio Grande do Sul integrou-se à economia nacional enviando gado de corte e animais de carga para a região mineradora, tendo a vila de Sorocaba (SP) como principal eixo comercial. IV. A estratificação social nas minas era marcada por uma grande participação dos setores populares e dos escravos na tomada de decisões. V. A convergência dos caminhos no centro do país foi denominada de Cruzeiro Rodoviário. Está correto apenas o que se afirma em a) I, II e V. b) I, II e III. c) II, III e IV. d) II, IV e V. e) III, IV e V. 06.12. (PUCCAMP – SP) – Em 1499 retornavam a Lisboa, em momentos diferentes, as duas naus restantes da ar- mada que, dois anos antes, partira rumo ao Índico em viagem de descoberta do caminho que levasse à Índia, local desejado por Portugal há quase meio século. (...) Definitivamente, as coisas nunca mais foram as mes- mas, tanto para aquele pequeno reino português, na franja atlântica da Europa, quanto, em outras medidas, para o resto do continente europeu. Desta viagem, mas sobretudo do que se esperou dela e do que efetiva- mente se encontrou, restaram-nos alguns documentos epistolares, mas restou-nos também o Roteiro de uma viagem que levou os sonhos portugueses por “mares nunca dantes navegados”, e complementando o poeta Camões, “por terras nunca dantes palmilhadas”. VILARDAGA, José Carlos. Lastros de viagem. Expectativas, projeções e descobertas portuguesas no Índico (1498-1554). São Paulo: Annablume, 2010. p. 27. Dentre os sonhos portugueses relacionados à descoberta de novas terras, certamente figurava o desejo de encontrar ouro em abundância. Ao longo da colonização do território brasileiro, o período em que Portugal mais lucrou com a exploração de minérios a) foi o século XVII, quando da descoberta de metais pre- ciosos na região de Minas Gerais e da criação da Estrada Real para o controle do escoamento da produção pelo Porto de Paraty. b) estendeu-se por cerca de um século entre 1710 e 1810, fase em que vigorou o Sistema da Real Extração, por meio do qual a coroa portuguesa se apossou das minas e controlava integralmente a extração, a fundição e a exportação aurífera. c) limitou-se aos dez anos de intensa exploração do Arraial do Tijuco (atual Diamantina), área que foi isolada como Distrito e mantida sob o controle da Intendência dos Diamantes, no final do século XVII. d) iniciou-se com a descoberta de esmeraldas pelo ban- deirante Fernão Dias Paes, em 1681, e se encerrou com a execução da derrama, por falta da arrecadação mínima de minérios, em 1776. e) ocorreu ao longo do século XVIII, principalmente após a instituição de impostos como o quinto, perdurando até o declínio da extração do ouro de aluvião, nas últimas décadas desse mesmo século. 06.13. (UFPel – RS) – O desenvolvimento desigual entre os povos, na atualidade, tem suas origens em limitações históricas, como: ALVARÁ DE 1785 “Eu, a Rainha, faço saber aos que este alvará virem que, sendo-me presente o grande número de fábricas, manufaturadas que de alguns anos a esta parte se têm difundido em diferentes capitanias do Brasil, com gra- ve prejuízo da cultura e da lavoura, e da exploração das terras minerais daquele vasto continente; [...] hei de por bem ordenar que todas as fábricas, manufatu- ras, ou teares de galões, de tecidos – excetuando tão somente aqueles dos ditos teares e manufaturas em que se tecem ou manufaturam fazendas grossas de al- godão, que servem para o uso e vestuário dos negros, para enfardar e empacotar fazendas e para outros mi- nistérios semelhantes –, e todas as demais sejam ex- tintas e abolidas em qualquer parte onde se acharem nos meus domínios do Brasil.” A intenção da rainha, expressa no texto, foi: a) promover a concentração dos recursos coloniais na mo- nocultura cafeeira da exportação e numa industrialização substitutiva. b) manter a economia colonial embasada no algodão, que dominou o valor das exportações no século XVIII. c) subordinar os interesses brasileiros ao Tratado de Me- thuen, fazendo com que o ouro brasileiro acabasse em Portugal, através da Inglaterra. d) acelerar a industrialização portuguesa em detrimento do desenvolvimento agrícola brasileiro. e) evitar que, na fase do ciclo da mineração, ocorresse um desenvolvimento industrial no Brasil, concorrendo com a Metrópole. 14 Extensivo Terceirão 06.14. (FATEC – SP) – Observe a imagem. Johannn Moritz Rugendas. festa de Nossa Senhora do Rosário, Patrona dos Negros, c. 1835. <https://tinyuri.com/bj66a52/>. Acesso em: 20/10/2018. Original colorido A imagem retrata a festa em homenagem à santa padroeira da irmandade religiosa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, em Minas Gerais, no século XVIII. Segundo o historiador Caio Boch, “as irmandades foram a mais viva expressão social das Minas Gerais do século XVIII”. De modo geral, as irmandades são definidas como associações constituídas por religiosos leigos e fiéis de diferentes classes sociais que se dedicavam ao culto de um padroeiro. Na região das Minas Gerais, no século XVIII, essas associações se caracterizavam pela a) organização da vida social, construção de igrejas e de cemitérios, organização de festas, cuidados com os necessitados e formação profissional com o ensino dos ofícios mecânicos e das artes. b) organização da vida econômica, construção e manu- tenção de estradas, criação dos órgãos de fiscalização e cobrança de impostos, e administração dos seminários coloniais, responsáveis pela formação de novos padres. c) organização da vida política, construção de hospitais e de escolas de educação básica, administração do patrimônio do Vaticano no Brasil e organização de bazares e feiraspara arrecadação de donativos para os necessitados. d) criação e fiscalização do cumprimento das leis referentes à moral e aos costumes dos moradores de Minas Gerais, celebração semanal do rito da missa e administração de sacramentos, como o batismo, o casamento e a extrema unção. e) criação dos órgãos de controle metropolitano sobre a população de escravos e libertos, regulamentação das práticas do Candomblé, construção de casas para os irmãos de baixa renda e desenvolvimento de sistemas de ensino religioso ecumênico. 06.15. (UFRGS) – Leia o enunciado abaixo. A sede insaciável do ouro estimulou a tantos a dei- xarem suas terras e a meterem-se por caminhos tão ásperos como são os das minas, que dificultosamente se poderá dar conta do número de pessoas que atual- mente lá estão (...). Cada ano, vêm nas frotas quanti- dades de portugueses e de estrangeiros para passarem às minas. Das cidades, vilas e recôncavos e sertões do Brasil, vão brancos, pardos e pretos, e muitos índios, de que os paulistas se servem. ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. São Paulo: Melhoramentos; Brasília: INL, 1976. p. 167. [1ª. edição: 1711]. A descrição acima refere-se à sociedade formada na região das Minas Gerais, no século XVIII. A respeito dessa sociedade, considere as seguintes afir- mações. I. A possibilidade de ascensão social era mais facilitada do que na atividade açucareira empreendida no Nordeste. II. A riqueza gerada promoveu o desenvolvimento de uma agricultura em grande escala, voltada para a exportação. III. O desenvolvimento acarretou uma sociedade urbana, heterogênea, composta por comerciantes, funcionários reais, profissionais liberais e escravos. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e III. d) Apenas I e II. e) Apenas II e III. 06.16. (UEM – PR) – Ao longo do século XVIII, a mineração se tornou uma das atividades econômicas mais importantes no Brasil. A mineração impactou não apenas o mundo americano, mas também Portugal e mesmo a Europa. A esse respeito, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) Comparada à sociedade que se construiu no Nordes- te do Brasil, a sociedade mineradora era mais urbana, mais complexa que aquela e apresentava uma maior mobilidade social. 02) A região das minas gerais tornou-se, com o tempo, um grande mercado consumidor e de trabalho para pe- dreiros, carpinteiros, marceneiros e demais profissionais necessários em áreas urbanas. 04) Um dos grandes problemas da mineração foi o con- trabando realizado pelos jesuítas em seus “santos do pau oco”. A persistência desta atividade ilícita levou o Marques de Pombal a expulsar os jesuítas do Brasil em meados do século XVIII. 08) As características da mineração no Brasil possibilita- vam a ação de mineradores de poucos recursos, que trabalhavam isoladamente ou com alguns escravos nas “faisqueiras”. 16) O contínuo crescimento do número de escravos nas minas ao longo de todo o século XVIII alimentou o sen- timento antiescravista no Brasil e se tornou o principal motivador da Inconfidência Mineira. Aula 06 15História 2C 06.17. (UEPG – PR) – Resultado das pretensões e objetivos portugueses nas áreas coloniais, bem como da estrutura eco- nômica montada a partir do século XVI, a sociedade colonial brasileira possui características bastante peculiares. É possível afirmar que, em parte, o atual modelo social brasileiro reflete aquele que vigorou entre os séculos XVI e XVIII. A respeito da sociedade colonial brasileira, assinale o que for correto. 01) Na colônia, foi comum o transporte de pessoas em re- des, cadeirinhas ou liteiras. Cabia aos escravos, carregar os seus senhores ou outros livres, neste caso cobrando por tal serviço. 02) A culinária colonial foi toda baseada na tradição euro- peia, não sendo possível falar em integração das prá- ticas alimentares indígenas ou negras. Devido ao seu alto preço, o consumo de carne bovina restringiu-se aos mais abastados. 04) Apesar de predominantemente patriarcal, na socieda- de colonial, existiram muitas mulheres que se envol- veram em práticas políticas e que ocuparam cargos administrativos. 08) Os indígenas foram plenamente integrados ao modelo social colonial. Considerados homens livres, eles tive- ram papel importante na dinamização do comércio interno e na integração territorial durante a Colônia. 16) Apesar de ambas comporem a sociedade colonial bra- sileira, a sociedade da mineração possui características diferentes da sociedade do açúcar. A dinâmica urbana, a existência de profissões especializadas e a influência do iluminismo francês marcaram a experiência mineira. 06.18. (UEM – PR) – Assinale a(s) alternativa(s) correta(s) sobre a relação entre as atividades econômicas e a ocupação dos territórios pelos portugueses na América, do século XVI ao XVIII. 01) A principal atividade econômica desenvolvida na re- gião litorânea do atual Nordeste brasileiro foi o cultivo de cana e a produção de açúcar. 02) Ao organizar expedições em direção ao interior do ter- ritório, em busca de metais preciosos e de índios para serem escravizados, os bandeirantes paulistas possibili- taram o alargamento dos domínios portugueses além dos limites estabelecidos pelo tratado de Tordesilhas entre Portugal e Espanha. 04) A descoberta e a exploração de ouro e de diamantes, no século XVIII, conduziram à ocupação do interior do atual estado de Minas Gerais pelos portugueses. 08) Com o crescimento da produção de açúcar, a pecuária foi sendo gradativamente empurrada para o interior do Nordeste, ocupando as margens do rio São Francisco e a caatinga nordestina. 16) Ao longo dos séculos XVI e XVII, a cafeicultura possibi- litou a ocupação das terras altas (as montanhas) de Mi- nas Gerais, da região noroeste do estado de São Paulo e do sudoeste do Paraná. Desafio 06.19. (FUVEST – SP) – ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO DO BRASIL (1700 – 1970) Ano População em milhares 1700 300 1770 2.000 1810 4.000 1870 10.000 1920 30.600 1970 100.000 Disponível em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 18/11/2014. Adaptado. Com base nos números apresentados na tabela acima, identi- fique e explique o fator determinante para o aumento popula- cional registrado entre a) 1700 e 1770; b) 1920 e 1970. 16 Extensivo Terceirão Gabarito 06.01. c 06.02. e 06.03. d 06.04. a 06.05. a 06.06. a 06.07. c 06.08. d 06.09. e 06.10. a 06.11. b 06.12. e 06.13. e 06.14. a 06.15. c 06.16. 11 (01 + 02 + 08) 06.17. 17 (01 + 16) 06.18. 15 (01 + 02 + 04 + 08) 06.19. a) O crescimento da população entre 1700 e 1770 foi impulsionado pela economia baseada na exploração de ouro e de pedras preciosas princi- palmente em Minas Gerais. O Brasil colônia recebeu um considerável flu- xo de portugueses e de escravos de origem africana para o trabalho nas minas, agricultura, além do comércio e serviços nas cidades mineiras que cresceram na época como Ouro Preto e Tiradentes. b) Entre 1920 e 1970, o país atravessou um período de industrialização e ur- banização mais acentuado, atraindo fluxos significativos de imigrantes, principalmente europeus. Além disso, houve avanços importantes no sa- neamento básico e na medicina que resultaram na diminuição da taxa de mortalidade. Assim, como a taxa de natalidade era elevada, houve um grande crescimento vegetativo da população até a década de 1970. A partir de então, a população do país continuou crescendo, mas em ritmo mais lento devido à queda da taxa de natalidade. 06.20. 17 (01 + 16) 06.20. (UEPG – PR) – Objeto de estudo de diversos historiado- res, sociólogos e antropólogos, a sociedade colonial brasileira possui peculiaridades e constitui a base da nossa sociedade contemporânea. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01) Agrária, patriarcal e escravista, a sociedade colonial se estruturou a partir da grande propriedade e do poder dos donos da terra. Nesse cenário, os povoadose vilas tiveram papel secundário, limitados praticamente às funções administrativas. 02) Os indígenas, povos originários do território, foram am- plamente integrados ao modelo de sociedade colonial. Inicialmente utilizados como escravos, os indígenas ascenderam à condição de trabalhadores livres e assa- lariados a partir da chegada dos africanos escravizados, exercendo importante papel produtivo na colônia. 04) Apesar de colonial, a sociedade da mineração, que se formou no século XVIII, diferia completamente da so- ciedade do açúcar. Urbana, marcada por grande mo- bilidade social e estruturada a partir do trabalho livre e assalariado, pode-se dizer que nela a escravidão foi meramente assessória. 08) A religiosidade foi um dos traços marcantes da socieda- de colonial brasileira. A forte presença da Igreja Católica foi sentida durante os três séculos da colônia. Impor- tante destacar que também há grande influência de re- ligiões protestantes como o luteranismo e o calvinismo, sem contar as religiões de origem africana. 16) O mulato e o caboclo são personagens típicos da so- ciedade colonial. Marcada pela mistura de raças e tam- bém de culturas, a sociedade colonial possui um cará- ter essencialmente mestiço. Aula 06 17História 2C 18 Extensivo Terceirão História 2C Formação das fronteiras e movimentos nativistas Aula 07 Qual a origem da discussão sobre as fronteiras entre Portugal e Espanha? A primeira fronteira do território brasileiro foi estabelecida por Portugal e Espanha antes mesmo de o Brasil ter sido “descoberto”: foi o Tratado de Tordesi- lhas, assinado em 1494, que estabelecia a divisão das terras descobertas e por descobrir, através de uma linha imaginá- ria que passaria a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. Hoje, a Linha de Tordesilhas cruzaria a cidade de Belém, ao norte, e Laguna, em Santa Catarina, ao sul. Durante os séculos XVI e XVII, a expansão econômica realizada pelos portugueses ampliou os limites lusita- nos para além da Linha de Tordesilhas. O problema era regularizar a questão com o governo espanhol. Em 1680, o governo português autorizou a fundação da Colônia de Sa- cramento, na margem esquerda do Rio da Prata (em pleno território espanhol), com o objetivo de aproveitar o farto co- mércio da região platina monopolizado até então pela cidade de Buenos Aires. Pouco depois da instalação, a nova colônia foi atacada e tomada pelos espanhóis, após 23 dias de feroz resis- tência. O governo português reagiu e ameaçou provocar um conflito na Europa. Para evitar maiores problemas, os espanhóis restituíram o território e indenizaram os danos causados, aceitando resolver a questão por via di- plomática. Sucederam-se, então, vários acordos. Tratado de Tordesilhas M ar ilu d e So uz a Colônia do Sacramento e dos sete povos das Missões M ar ilu d e So uz a Aula 07 19História 2C Quais os principais acordos e qual a configuração resultante? Com o Tratado de Lisboa, em 1681, deu-se o primeiro passo na longa negociação. Pressionada por Portugal, a Coroa espanhola reconheceu a soberania portuguesa sobre a colônia, porém na região a paz não era tão fácil, e os conflitos se repetiam. Em 1715, Por- tugal e Espanha enfrentaram-se na Europa em face da Guerra de Sucessão espanhola. Como não havia mais motivos para temer a guerra – pois ela estava ocorren- do de fato –, Sacramento foi novamente tomada pelos espanhóis. Após a resolução do conflito na Europa, pelo Tratado de Utrecht, em 1715, a colônia voltou a ser portuguesa. Em 1713, Portugal e França assinaram um trata- do, também em Utrecht, para resolver uma pendên- cia entre a região onde hoje é o Amapá e a Guiana Francesa. Em 1749, representantes das duas nações ibéricas sentaram-se à mesa de negociações para tentar dar uma solução definitiva para a questão da Colônia de Sacra- mento. Do lado português, o habilidoso padre brasileiro Alexandre de Gusmão, interessado em um acordo que contemplasse não apenas a questão do Prata, mas todo o território da América de ocupação portuguesa, pon- derou que era hora de se fazer um acordo que acabasse com as desconfianças e a sensação, de ambas as partes, de um prejuízo quanto à cessão de terras. Em 13 de janeiro de 1750, foi assinado o Tratado de Madri, que revogava o “velho Tordesilhas” e definia os limites das terras da América entre as duas potências, com base no princípio romano do uti possidetis, ita possideatis, ou seja, a posse da terra caberia a quem a tivesse ocupado primeiro. Na mesma forma pertencerá à Coroa de Portugal tudo o que tem ocupado pelo rio Amazonas, ou Ma- rañon, e o terreno de ambas as margens, desde rio até as paragens, que abaixo se dirão: como também tudo que tem ocupado no distrito de Mato Grosso, e dele, para a parte do Oriente, e Brasil, sem em- bargo de qualquer pretensão por parte da Espanha, com motivo do que se determinou no referido Tra- tado de Tordesilhas... Artigo 3o. do Tratado de Madri Pelo Tratado de Madri, ficou resolvido que a Colônia de Sacramento passaria ao domínio espanhol, sendo Portugal compensado com o território dos Sete Povos das Missões. Ficou determinado também que os índios guaranis deveriam deixar a região, mudando-se para o outro lado do rio Uruguai. Tudo o que foi construído por índios e jesuítas deveria ser deixado para trás. O interessante é que não havia nenhum representante dos guaranis ou mesmo dos jesuítas na mesa de negociação em Madri. A reação veio com as Guerras Guaraníticas (1754 - 1756), que acabaram por complicar as negocia- ções fronteiriças. A consolidação do acordo arrastou-se por mais 50 anos, com marchas e contramarchas: • Em 1761, o Convênio de El Pardo anulou as dispo- sições firmadas no Tratado de Madri. • Em 1777, O Tratado de Santo Ildefonso ratificou as decisões do Tratado de Madri com relação ao Brasil, exceto com relação à região Sul, onde os portugueses perderam os Sete Povos das Mis- sões e a Colônia de Sacramento. No início do século XIX, aproveitando-se de nova querela na Europa, os portugueses determinaram o avanço de tropas sobre o território dos espanhóis, no Sul, atingindo o arroio Chuí. Cessados os conflitos, o Tra- tado de Badajós, em 1801, consolidou definitivamente essa posição, revalidando o acordo de Madri. O território do Brasil, a partir de então, passou a ser representado da forma apresentada a seguir. M ar ilu d e So uz a 20 Extensivo Terceirão Brasil – Início do Século XIX No âmbito político e so- cial, como era a situação da colônia no século XVII e início do XVIII? No século XVII, a estrutura denominada de Pacto Colonial começava a atingir o seu limite. A elite por- tuguesa mantinha uma postura de desinteresse pelos problemas da Colônia, resistindo a admitir o desgaste da sua política de restrições, monopólios e, principalmente, de cobrança de tributos. O monopólio colonial vigorava desde 1571 e ga- rantia a Portugal um duplo lucro: comprava mais barato e vendia mais caro. Além disso, a Coroa cedia a empresas portuguesas o direito de explorarem, com exclusividade, certas regiões e atividades no Brasil. Para ampliar o controle e a submissão da Co- lônia, em 1642 foi criado o Conselho Ultramarino, que tornava mais rígida a pressão fiscal. Diante disso, as primeiras rebeliões, denominadas de nativistas, demonstraram a disposição de certos setores da elite brasileira em não mais permitir a espoliação das riquezas da Colônia. Quais foram e como foram os principais movimentos nativistas? De maneira geral, podemos caracterizar os movi- mentos nativistas da seguinte maneira: • não tinham, via de regra, sentimentos separatis- tas em relação à Metrópole; • não tinham âmbito nacional; • não contestavam, na sua totalidade, a relação Metrópole – Colônia, ou seja, o Pacto Colonial. A Aclamação de Amador Bueno, em 1641, em São Paulo, foi a primeira manifestação de caráter nativista da Colônia. O movimento reduziu-sea uma manifestação dos comerciantes paulistas preocupados com a possibi- lidade de que seus negócios com Buenos Aires fossem prejudicados pelo fim da União Ibérica. Como forma de protesto, os comerciantes da região aclamaram Amador Bueno – o mais rico habitante do lugar – rei de São Paulo. O gesto dos comerciantes acabou não tendo nenhu- ma consequência mais séria. Amador Bueno recusou a “oferta” e, dias depois, os paulistas juraram fidelidade ao novo Rei português. A Revolta de Beckman, em 1684, no Maranhão, foi mais complexa. Os fazendeiros maranhenses estavam ressentidos com as dificuldades em obter mão de obra para suas lavouras, já que Portugal não mantinha a regularidade no fornecimento de escravos negros para a região, e os jesuítas se opunham ferozmente à ideia da escravidão dos indígenas. Brasil – Movimentos Nativistas Ta lit a Ka th y Bo ka Ta lit a Ka th y Bo ka Aula 07 21História 2C A cessão do monopólio do tráfico negreiro para uma Companhia de Comércio não aliviou a situação. Pelo contrário, os constantes atrasos da empresa irritaram ainda mais os fazendeiros, que chefiados pelos irmãos Beckman e por Jorge Sampaio passaram a lutar pela extinção da Companhia de Comércio do Maranhão e pela expulsão dos jesuítas. O governo português não admitiu a revolta e sufocou o movimento com brutalidade, executando os líderes. Em 1708, eclodiu um outro movimento nativista, na região das Minas Ge- rais: A Guerra dos Emboabas. Como sabemos, a descoberta do ouro na região foi obra dos bandeirantes paulistas, que agora se ressentiam da presença ma- ciça de “forasteiros”, principalmente portugueses atraídos pela possibilidade de enriquecimento rápido. Os forasteiros foram chamados pejorativamente de emboabas, pala- vra indígena que fazia referência a uma ave de pernas emplumadas e, a partir de então, também aos portugueses, que ao contrário dos bandei- rantes usavam botas ou panos enrolados para proteger as pernas. Não demorou a que paulistas e “emboabas” entrassem em conflito. Os portugueses, liderados por Manuel Nunes Viana, infligiram uma série de derrotas aos paulistas – entre elas a mais importante ficou conhecida como “Capão da Traição” – e acabaram por expulsá-los das Minas Gerais. Forçados a deixar a região das Minas, os bandeirantes foram em busca de novas jazidas. Em 1718, encontraram ouro em Mato Grosso, abrindo nova corrida ao metal. Em 1710, teve início a Guerra dos Mascates, conflito envolvendo os senhores de engenho de Olinda e os comerciantes de Recife. Durante o domínio holandês, Recife, até então um acanhado povoado, passou a ser o principal lugar de Pernambuco. Recife, século XVII Na capital, Olinda, moravam os decadentes senhores de engenho, que, para cobrirem as despesas, endividavam-se cada vez mais com os comercian- tes recifenses, chamados pejorativamente de “mascates”. Em 1709, o rei de Portugal elevou Recife à categoria de vila e mandou erguer o pelourinho, símbolo do poder municipal. Essa atitude, coerente pela crescente importância de Recife, irritou profundamente os olindenses, pois significava a perda de uma importante fonte de renda para os seus já minguados cofres, já que agora Recife não arrecadaria impostos para Olinda, mas para seus próprios cofres. Num ato de desespero, os olin- denses invadiram Recife e derru- baram o pelourinho. O Governador fugiu. Os comerciantes pediram ajuda a Portugal. A reação do Rei foi rápida: mais de 150 pessoas foram presas e mais de 400 fugiram. Recife não só foi confirmada como vila, mas também passou à condição de capital da capitania. Restou a Olinda a melancólica estagnação. Finalmente, em 1720, ocorreu o que podemos denominar de o último movimento nativista: a Revolta de Vila Rica, liderada pelo mineiro Filipe dos Santos. O motivo foi o arrocho tributário português, que incomoda- va profundamente os mineradores. Além de pagar valores escorchantes, o governo português, com o intuito de diminuir o contrabando, criou as Casas de Fundição, local onde o ouro deveria ser entregue para o recolhimento do quinto. Os minera- dores foram obrigados a fazer longas caminhadas até as Casas de Fundição, para entregar a maior parte do ouro aos portugueses, isso sem contar o tempo que perdiam com a burocra- cia, que era interminável. Em 1703, o Tratado de Me- thuen, com a Inglaterra, ampliou a necessidade de ouro para cobrir os deficits da coroa portuguesa. Some-se a isso a insatisfação com o fato de o abastecimento da região ser controlado pelos comer- ciantes portugueses, o que oprimia ainda mais a população local. Contra essa situação, um grupo de homens influentes da região, che- fiados por Filipe dos Santos, entre- gou ao Governador um documento exigindo a extinção imediata das Casas de Fundição, além da redução de impostos e de monopólios. O Governador – Conde de Assumar – fingiu atender às reivin- dicações dos rebeldes, mas, assim que os ânimos serenaram, mandou ocupar Vila Rica, prendeu e enforcou Filipe dos Santos. Co le çã o Ly gi a e N ew to n Ca rn ei ro Ju ni or /F ot óg ra fo d es co nh ec id o 22 Extensivo Terceirão Testes Assimilação 07.01. No início do século XVIII, a concorrência das Antilhas fez com que o preço do açúcar brasileiro caísse no mercado europeu. Os proprietários de engenho, em Pernambuco, para minimizar os efeitos desta crise, recorreram a empréstimos junto aos comerciantes da Vila de Recife. Esta situação gerou um forte antagonismo entre estas partes, que se acirrou quando D. João V emancipou politicamente Recife, deixando esta de ser vinculada a Olinda. Tal fato desobrigou os comerciantes de Recife do recolhimento de impostos a favor de Olinda. O conflito que eclodiu em função do acima relatado foi a a) Revolta de Beckman. b) Guerra dos Mascates. c) Guerra dos Emboabas. d) Insurreição Pernambucana. e) Conjuração dos Alfaiates. 07.02. O território brasileiro é, atualmente, bem maior do que as terras atribuídas a Portugal pelo Tratado de Tordesilhas. A expansão da colônia ocorreu graças à ação de bandeirantes, missionários, militares e pecuaristas que ocuparam as vastidões pouco exploradas das áreas de ambos os lados da linha de Tordesilhas. O tratado em que a França renuncia às terras que ocupava na margem esquerda do rio Amazonas e aceita o rio Oiapoque como limite entre a colônia portuguesa e a Guiana Francesa é o a) Segundo Tratado de Ultrech. b) Tratado de Santo Ildefonso. c) Tratado de Madri. d) Tratado de Badajós. e) Primeiro Tratado de Ultrech. 07.03. Leia texto a seguir. Em 1682, foi criada a Companhia Geral do Comércio do Estado do Maranhão, com o objetivo de contro- lar os atritos entre fazendeiros e religiosos na disputa pelo trabalho indígena, mais barato que o africano, e incentivar a produção local... A companhia vende- ria aos habitantes do Maranhão produtos europeus, como azeite, vinho e tecidos, e deles compraria o que produzissem, como algodão, açúcar, madeira e as drogas do sertão, para comercializar na Europa. Tam- bém deveria fornecer à região quinhentos escravos por ano, uma fonte alternativa de mão de obra, diante da resistência jesuítica em permitir a escravidão de nativos. Os preços cobrados pela companhia, entre- tanto, eram abusivos, e ela não cumpria os acordos, como o fornecimento de escravos. VICENTINO, Claudio e DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. Editora Scipione, SP, 2010 – p. 358. O texto acima descreve uma situação que colaborou para o acontecimento de um conflito, no período colonial brasi- leiro ocorrido na segunda metade do século XVII, que ficou conhecido como a) Revolta de Beckman. b) Guerra dos Mascates. c) Guerra dos Emboabas. d) Revolta de Felipe dos Santos. e) Revolta de Amador Bueno. 07.04. (ACAFE – SC) – A Revolta de Vila Rica no século XVIII mostrou os abusos que as autoridades portuguesas cometiam com os mineradores e a população de Minas Gerais.
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