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¹ Formado em Administração pela Faculdade do Vale do Itapecuru - FAI QUALIDADE DE TRABALHO DO PROFISSIONAL DA SAÚDE: FATOR QUE INFLUENCIA NA QUALIDADE DO ATENDIMENTO DO PROFISSIONAL DA REDE PÚBLICA DE SAÚDE. Edvaldo Tavares da Silva¹ RESUMO Desde muito tempo a qualidade da saúde pública no Brasil vem sendo questionada. Em um passado recente, a situação estava mais crítica devido a acontecimentos que acabaram por pegar o país desprevenido ocasionando mudanças significativas na forma de agir e no planejar de ações sociais, econômicas e na área da saúde. O tema desse estudo focaliza a qualidade de trabalho do profissional da saúde e decidiu-se delimitar para qualidade de trabalho desse profissional como fator que influencia na qualidade do atendimento na rede pública de saúde. A metodologia utilizada neste trabalho foi pesquisa bibliográfica através de consulta feita a vários autores, sites e artigos sobre o tema em questão nas bases de dados online MEDLINE, LILACS, PUBMED e em livros. O trabalho que se desenhou sobre essa temática, teve como objetivo analisar a visão de autores sobre a relação que pode existir entre qualidade da assistência e do trabalho dos profissionais de saúde no atendimento em hospitais públicos, e como ele pode ser encarado como fator que influencia na qualidade do atendimento do profissional da rede pública de saúde além de entender as dificuldades enfrentadas por eles. Compreendendo assim como a precariedade do sistema público de saúde afeta a qualidade do atendimento. Palavras-chave: Atendimento. Qualidade. Saúde. Avaliação em Saúde. Qualidade da Assistência à Saúde. Introdução Segundo Silva, Braga (2011) o hospital surgiu como instrumento terapêutico desde muito tempo, e teve sua origem no século XVIII e hoje se perpetua como um local onde as pessoas procuram intervenções para melhoria de sua saúde. Mas nem sempre foi assim. Segundo o autor acima supracitado, a priori a principal finalidade dos hospitais era prestar assistência espiritual, material e caridosa para os mais necessitados que na grande maioria das vezes estavam apenas esperando a morte. Então nessa perspectiva segundo Silva, Braga (2011) "os hospitais acabavam se tornando locais de morte e exclusão, pois abrigavam aqueles que poderiam trazer algum tipo de problema sanitário ou de salubridade aos indivíduos considerados como sadios". Nesse período, como afirma Filho (2008), os religiosos detinham “o poder da cura” e eram eles os responsáveis por cuidar desses locais que eram amplamente 2 denominadas de casas de misericórdia. Mas o que realmente incomodava ou tornava tal ambiente impróprio era o fato de que conforme afirma Filho (2008, p. 10): Em suas enfermarias misturavam-se pacientes de todos os tipos, sendo comum dois ou mais doentes dividirem o mesmo leito. É claro que tal ‘tratamento’ somado a higiene dos hospitais, fazia com que houvesse infecções e consequentemente a morte (FILHO, 2008, p.10). Oguisso (2007) afirma também que: O cristianismo exerceu enorme influência na ação de cuidar, pois ao valorizar o cuidado com pobres e doentes, fez com que pessoas da nobreza, como reis e rainhas, se despojassem de seus bens para se dedicar à caridade ou transformassem seus palácios em abrigos ao menos favorecidos. ( OGUISSO, 2007, p. 12) Segundo Filho (2008) historicamente, as instituições de saúde vêm sendo amplamente difundidas e uma coisa deve ser levada em consideração é que o meio social, econômico e psicológico acaba que afetando tanto a qualidade da saúde como também a qualidade da assistência àqueles que procuram tal serviço. Cianciarullo (2003) também afirma que os progressos alcançados na medicina curativa e assistencial aliados ao desenvolvimento tecnológico acabaram que modificando a forma de atuação dos profissionais de saúde o que diretamente afeta a assistência prestada. Filho (2008) afirma que desde a proclamação da república, novos ideais surgiram com o “Ordem e Progresso”, ao passo que para se alcançar essa ordem e esse progresso era necessário contar com pessoas municiadas de educação e de saúde física e mental. Surgem então os primeiros traços de políticas de saúde do Brasil, diferentemente das ações anteriores (saúde no Brasil colônia) essas beneficiavam todas as classes sociais e efetivadas não somente em caso de surto epidêmico, e estendiam-se por todo tempo. A partir de então, como afirma Filho (2008), a população passou a ser vista como a força motora rumo à modernização e para tal seria necessário investimento em fatores como educação, alimentação, habitação, transporte e trabalho, ou seja, fatores sociais. E isso se confirma quando Filho (2008) diz que a ideia formada de como a população constituía capital humano foi importante e necessária, uma vez que: A incorporação dos novos conhecimentos clínicos e epidemiológicos às práticas de proteção de saúde coletiva levaram os governos republicanos, 3 pela primeira vez na história do país, a elaborar minuciosamente planos de combate às enfermidades que reduziam a vida produtiva “útil” da população (FILHO, 2008, p.14). Filho (2008) nos fala que tempos depois da proclamação da república a população continuava miserável e enfrentando várias doenças, principalmente o homem do campo que para uma economia baseada na agricultura e sem equipamentos modernos para dar suporte na produção, o trabalhador rural não poderia, doente, ser eficientemente utilizado nesse processo. Filho (2008, p. 21) ainda destaca que: Em 1918, o Brasil tinha uma população rural em torno de vinte milhões de pessoas; havia 17 milhões de enfraquecidos pelos parasitas intestinais, três milhões de vítimas da doença de Chagas, dez milhões de atacados de malária e ainda cinco milhões de tuberculosos. Mesmo considerando apenas esse pequeno conjunto de doenças, podemos concluir que as pessoas padeciam geralmente de mais de uma enfermidade. Juntando a esse quadro a subnutrição e o alcoolismo, conclui-se que o homem rural brasileiro era acima de tudo um personagem doente (FILHO, 2008, p.21). A partir de então Filho (2008) diz que começa a surgir então os institutos com importantíssima contribuição para a saúde do país até hoje. Sua missão era acabar com o problema sanitário erradicando endemias e epidemias que assolavam a população. De acordo com Ibanez (2011, p.111) “enfim, o SUS, a mais ambiciosa e abrangente política pública de saúde já formulada no país, emerge completamente sitiado pela conformidade da relação Estado/Sociedade nesse momento histórico”. A verdade, segundo Ibanez (2011) é que à saúde pública nunca foi dada a atenção e a devida importância ao qual merece, uma vez que os recursos destinados a saúde não são suficientes e boa parte deste é desviado antes e depois de serem empregados. Como diz Filho (2008) que: O compromisso governamental com as necessidades básicas da população tem sido relegado sempre a segundo plano, perpetuando um círculo tristemente vicioso: desamparado e sem participação decisiva nas decisões do governo, o trabalhador recebe salários baixos e vive mal, adoecendo com facilidade (FILHO, 2008, p.15). Vale ressaltar também o que Filho (2008) afirma que o foco das medidas preventivas de saúde nesse período, não eram as pessoas em si, mas sim, os 4 agentes determinantes para o crescimento e modernização da economia como: saneamento, estrutura dos portos e algumas empresas. O que de forma indireta acabava beneficiando a população. Cianciarullo (2003) afirma que as instalações das unidades públicas de saúde no Brasil são em sua grande maioria mal estruturadas em termos de recursos físicos, humanos e equipamentosnecessários para um diagnóstico rápido e preciso. E no que tange ao atendimento, há a falta de ambientes adequados para que o profissional possa dispensar um atendimento de qualidade com os recursos adequados e suficientes para que os procedimentos sejam executados dentro dos parâmetros ao qual são regidos. Nos vemos, portanto, de frente ao que Cianciarullo e Cornetta (2002) afirmam que: Pensar no trabalhador somente como uma máquina é esquecer acima de tudo de sua multidimensionalidade, incluída nesta a sua subjetividade. É necessário integrar as dimensões pessoais, profissionais e institucionais, assumindo a complementaridade destas. Afinal, como cuidar do cliente em sua integralidade se os sujeitos trabalhadores também não forem considerados em sua multidimensionalidade? (CIANCIARULLO, CORNETTA, 2002, p.217). Orlando (1978) diz que podemos observar e destacar em nosso meio que existem uma série de fatores que causam o processo chamado de “desumanização”. Neles podemos observar e dividi-los em fatores extrínsecos e intrínsecos. Os fatores extrínsecos estão relacionados e ligados ao meio, à formação, e a conexão do profissional que trabalha nessas instituições de saúde na sociedade. Já os fatores intrínsecos estão especificamente ligados à assistência e atenção à saúde e os efeitos colaterais da boa ou má qualidade da assistência. Em consequência disso torna-se verdade o que Cianciarullo (2003) diz que tais motivos fazem com que o atendimento da saúde pública seja tão criticado e insuficiente. Ainda segundo o autor supracitado faz-se necessário criar medidas estratégicas e pontuais em todas as instâncias governamentais para sanar ou minimizar essas deficiências propiciando ao profissional qualidade de trabalho, o que refletirá na qualidade de atendimento, gerando satisfação e qualidade de vida social a ambas as partes: profissional e cliente (paciente). 5 Cianciarullo e Cornetta (2002) afirmam que “são as condições de trabalho insatisfatórias e as relações de trabalho as apontadas pelos trabalhadores como limitantes ao alcance da qualidade de vida no trabalho” (CIANCIARULLO, CORNETTA, 2002, p. 214). Com base no que foi exposto, se formulou o seguinte questionamento: Como a valorização do profissional da saúde referente à compensação justa e adequada, condições de trabalho e segurança, influencia na qualidade do atendimento do profissional da saúde da rede pública? Uma das hipóteses possíveis correlaciona a qualidade de atendimento dos colaboradores da saúde e o ambiente de trabalho, assim como os recursos para que tal procedimento seja realizado hipótese objeto levantada neste estudo. A metodologia utilizada neste trabalho foi pesquisa bibliográfica através de consulta feita a vários autores, sites e artigos sobre o tema em questão nas bases de dados online MEDLINE, LILACS, PUBMED e em livros sobre a temática. Esta pesquisa objetiva analisar a visão de autores sobre a relação que pode existir entre qualidade da assistência e do trabalho dos profissionais de saúde no atendimento em hospitais públicos, e como ele pode ser encarado como fator que influencia na qualidade do atendimento do profissional da rede pública de saúde, além de entender as dificuldades enfrentadas por eles compreendendo assim como a precariedade do sistema público afeta a qualidade do atendimento. A relevância desta pesquisa está nas contribuições que poderão trazer aos governos, aos profissionais e pincipalmente à população assistida pelo Sistema Único de Saúde – SUS, e à própria comunidade acadêmica que poderá fazer dele uma proposta de mudança prática do novo modelo de atendimento que deve ser adotado: “atendimento humanizado”. Ao estudarmos a qualidade do atendimento do profissional da saúde em relação a sua qualidade de trabalho, levando-se em conta os diversos fatores relacionados ao tema em estudo, identificaremos os pontos negativos e os positivos, e poderemos observar as melhorias nas condições e no ambiente podendo estas serem viabilizadas, trazendo benefícios para os profissionais e para os assistidos. 6 Desenvolvimento Segundo Santos (2008) não é de hoje que a qualidade da saúde pública no Brasil vem sendo questionada. Muitas situações epidêmicas demonstram a fragilidade do sistema de saúde e que pegam o país desprevenido e por consequência acaba que gerando grandes problemas; são mudanças políticas e econômicas que acabam afetando de forma direta os serviços públicos e a sociedade como um todo. Santos (2008) afirma que as instalações das unidades públicas de saúde no Brasil são em sua grande maioria mal estruturadas em termos de recursos físicos, humanos, equipamentos necessários para um diagnóstico rápido e preciso. E tanto no que tange ao atendimento, quanto na falta de ambientes adequados o profissional só poderá dispensar um atendimento de qualidade com os recursos adequados e suficientes ao seu alcance, para que os procedimentos sejam executados dentro dos parâmetros ao qual são regidos. Cianciarullo e Cornetta (2002) afirmam que “as condições de trabalho estão sendo deterioradas em função do sucateamento do setor público de saúde, refletindo-se também na qualidade de vida no trabalho do pessoal da enfermagem” (CIANCIARULLO, CORNETTA 2002, p. 214). Carraro (2001) diz que são por estes e outros motivos, que o atendimento da saúde pública é tão criticado e insuficiente, é necessário criar medidas estratégicas e pontuais em todos os níveis governamentais para sanar ou minimizar essas deficiências, propiciando aos profissionais uma qualidade de trabalho, o que se refletirá na qualidade de atendimento, gerando satisfação e qualidade de vida social. Ainda segundo Carraro (2001) sem dúvida a qualidade de vida no trabalho proporcionará descobertas que contribuirão no auxílio da organização de lidar com seus trabalhadores de forma adequada. Esse conceito, que engloba as relações de trabalho, vem se tornando foco de estudos, analise, discussões e pesquisas. Conforme cita Carraro (2001, p. 148): A qualidade de vida no trabalho pode ser definida pela busca do equilíbrio psíquico, físico e social onde são respeitadas as necessidades e limitações do ser humano resultando num crescimento pessoal e profissional, sem traumas que possam afetar atitudes pessoais e comportamentais relevantes para a produtividade 7 pessoal e grupal, tais como: motivação para o trabalho, adaptabilidade a mudanças, criatividade e vontade de inovar (CARRARO, 2001.p.148). Segundo Cianciarullo e Cornetta (2002) a qualidade de vida no trabalho envolve duas posições distintas. O problema é que atualmente a maioria das instituições, quer sejam elas de saúde ou não, não se preocupam em dar qualidade de vida e de trabalho para seus funcionários e com isso os empregados não têm motivação para fazer um bom trabalho ou até mesmo ficam impossibilitados de fazê- lo por conta da escassez de recursos e materiais. E isso fica evidente quando falamos nas instituições de saúde de ordem pública no Brasil. A solução para isso é fazer com que o poder público, no caso das instituições de saúde de ordem pública, possa fazer com que elas tenham mais recursos disponíveis e disponibilizem aos seus funcionários uma promoção de qualidade de vida no trabalho para que possa ter produtividade e desempenho para suas tarefas, o que vai gerar, sem dúvida, uma melhora na assistência para todos que procurarem tais serviços. Como Ciancirullo e Cornetta (2002) afirmam que: Com base nestas reflexões, vislumbramos a importância de se investir na qualidade de vida do trabalhador, visando à qualidade da assistência, mas acima de tudo, comoum direito a ser preservado. Como querer exigir de um profissional uma assistência de qualidade quando não se dá a este, qualidade de vida e condições adequadas para realizar seu trabalho? Neste sentido, a forma como o trabalho está organizado tem relação direta com a qualidade de assistência e a qualidade de vida do trabalhador (CIANCIARULLO, CORNETTA, 2002, p.215) Malagutti e Bonfim (2011) afirmam que o hospital, de maneira geral, é reconhecido como um ambiente insalubre, penoso e perigoso para os que ali trabalham. William e Isabel (2011) dizem que a hospitalização é responsável pelo afastamento do paciente de seu cotidiano para um ambiente com rotinas e normas rígidas e isso pode e vai refletir negativamente levando essas pessoas a experimentarem sentimentos como o medo, insegurança, insatisfação e carência. Cianciarullo (2003) nos mostra ainda que: Entendemos que o hospital pode ser apontado como local privilegiado para o adoecimento. Além dos riscos de acidentes e doenças de ordem física aos quais os trabalhadores e pacientes estão expostos, destacamos que o sofrimento psíquico é também bastante comum e parece estar em crescimento, diante da alta pressão social e psicológica a que estão submetidos àqueles trabalhadores, tanto na esfera do trabalho quanto fora dela. As difíceis condições de trabalho e de vida podem estar relacionadas com a ocorrência de transtornos mentais como a ansiedade e a depressão, 8 frequentes entre esses trabalhadores e isso ocasiona sem dúvida um déficit no atendimento à clientela que procura tais serviços (CIANCIARULLO, 2003, p. 32). Nessa ótica segundo Silva (2007) é possível estabelecer uma relação entre qualidade da assistência e do trabalho dos profissionais de saúde no atendimento em hospitais públicos e como ele pode ser encarado como fator que influencia na qualidade do atendimento do profissional da rede pública de saúde além de entender as dificuldades enfrentadas por eles compreendendo assim como a precariedade do sistema público de saúde afeta a qualidade do atendimento. No que se refere à saúde, a Constituição Brasileira prevê no artigo 198 que: “as ações e serviços públicos de saúde devem integrar uma rede regionalizada e hierarquizada constituindo um sistema único”, o que originou o SUS- Sistema Unificado de Saúde. Nesse sistema a representação popular é garantida pela sua participação, enquanto membros eleitos, nos conselhos municipal, estadual e nacional de saúde, com papel deliberativo em todas as ações realizadas nestas diferentes instâncias inclusive o papel de avaliação da prestação de serviços (CIANCIARULLO, 2003). Partindo desse pressuposto entendemos que como afirma Cianciarullo (2003, p. 113): A qualidade da assistência à saúde prestada pelas unidades, nos três níveis de poder, é diretamente avaliada pela população atendida através de seus representantes nos conselhos de saúde [...] Entretanto deve se considerar que nos processos sociais e políticos, em maior ou menor grau, podem sim modificar o processo tanto pra quem trabalha como pra quem recebe o tratamento em tais instituições, o que acaba que interferindo diretamente e compromete a qualidade da assistência prestada (CIANCIARULLO, 2003.p.113). Portanto, ainda de acordo com o autor supracitado, ao estudarmos a qualidade do atendimento do profissional da saúde em relação a sua qualidade de trabalho, levando-se em conta os diversos fatores relacionados ao tema em estudo, identificaremos os pontos negativos e os positivos, e melhorias nas condições e no ambiente podem estar sendo viabilizadas, trazendo benefícios para os profissionais e para os assistidos. Segundo Maximiano (2007) podemos dividir o ambiente de trabalho em duas partes distintas: a física (instalações, móveis, decoração etc.) e a social (as pessoas 9 que o habitam) e ambas as partes estão diretamente relacionadas à qualidade do trabalho que é oferecido por aqueles que estão inseridos nessas instituições, principalmente as de saúde. Maximiano (2007, p.36) adverte: Pois não pode exigir resultados de uma equipe se esta não tiver um mínimo de comodidade e de condições para realizar suas necessidades básicas. Mas se acredita que quanto melhor e mais bem atendidas estas necessidades tanto melhor será o desempenho de uma equipe (MAXIMIANO, 2007. p. 36). Segundo Fernandes (2006) as condições de trabalho influem diretamente no conforto que é oferecido aos que procuram serem atendidos por qualquer serviço assim como influem também no conforto social. Como diz Fernandes (2006) que: Evidentemente podemos entender que se tais elementos como (instalações, móveis, materiais de uso contínuo, etc.) forem precários, ninguém trabalhará com moral elevado. Conforme a natureza do trabalho exigir-se-á uma luminosidade, uma temperatura, um grau de umidade diferente, o que também deverá estar de acordo com a região onde se trabalha e a época do ano e isso influenciará diretamente na qualidade do trabalho e assistência oferecida” (FERNANDES, 2006.p. 7). Verificamos, segundo tal perspectiva, que é possível medir as condições prevalecentes no ambiente de trabalho. E entre os aspectos relacionados a esse eixo estão: a jornada e carga de trabalho, materiais e equipamentos disponibilizados para a execução das tarefas e ambiente saudável (preservação da saúde do trabalhador). Ou seja, tais instrumentos servem para analisar e avaliar as condições reais oferecidas ao empregado para a consecução das suas tarefas (MAXIMIANO, 2007). Para Chiavenato (2004) um bom lugar para se trabalhar possibilita, entre outras coisas, que as pessoas tenham, além do trabalho, outros compromissos em suas vidas, como a família, os amigos e os hobbies pessoais. Além disso, possibilita condições mínimas de trabalho e materiais para tal. Para o autor, da perspectiva de um empregado isto é uma questão fundamental para a eficácia e eficiência de seu trabalho. Chiavenato (2004) reforça também que não é justo que um local de trabalho seja a única coisa na vida das pessoas, aliás, como temos visto atualmente na esmagadora maioria dos casos. Um contexto com essa característica, segundo ele, não permite que as pessoas se desenvolvam ou se tornem mais completamente 10 humanas o que torna a assistência com qualidade e adequada muito mais difícil de ser vivenciada e presenciada. Ao seguirmos essa linha de raciocínio no que diz respeito à qualidade do atendimento do profissional da saúde em relação a sua qualidade de trabalho, levando-se em conta os diversos fatores relacionados, teremos a possibilidade de identificar quais fatores podem ser colocados como pontos negativos e positivos, tornando possível a melhoria das condições e no ambiente podendo estas serem viabilizadas e consequentemente trazerem benefícios para os profissionais e para os que são por eles atendidos (SILVA, 2007). Metodologia Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, de natureza crítica reflexiva sobre os modelos de atenção à saúde e a relação da qualidade de trabalho do profissional da saúde como fator que influencia na qualidade do atendimento do profissional da rede pública de saúde. Esse tipo de estudo possibilita a apreciação de um tema, ao tempo que aponta conclusões inovadoras. Para que haja uma aproximação do objeto de estudo propôs se realizar uma pesquisa bibliográfica sobre o tema abordado, tendo como objetivos e ênfase tratar- se de uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa do tipo exploratório e documental de revisão tendo êxito tão somente quando a pesquisa seguir as etapas adequadamente tais como identificação do tema e seleção da questão da pesquisa; estabelecimentode critérios de inclusão e exclusão; identificação dos estudos pré- selecionados; análise e interpretação dos resultados (REA, PARKER,2002). Foi realizada pesquisa bibliográfica sobre a temática da qualidade da assistência relacionada com a temática: Qualidade de trabalho do profissional da saúde: fator que influencia na qualidade do atendimento do profissional da rede pública de saúde. Tais pesquisas foram realizadas nas bases de dados online como MEDLINE, LILACS, PUBMED e SciELO, tendo como palavras-chave: atendimento, qualidade, saúde, avaliação em saúde, qualidade da assistência à saúde; e foi realizada a busca em livros sobre a temática em questão. Foram selecionados e revisados artigos de maior relevância correspondente ao período dos anos entre 2013 a 2016, de acordo coma relevância para o presente estudo. 11 Os critérios de inclusão e exclusão: foram incluídos na pesquisa os artigos científicos publicados na integra, monografias, revisões de literaturas compreendidas entre os anos de 2013 a 2016 que condizem com a temática proposta nas bancas de fonte online de publicação. Como critérios de exclusão, foram excluídos aqueles artigos não publicados por completo e/ou que não abordaram a temática descrita, que estejam em outra língua e que estiveram fora do intervalo de tempo descrito. Para quantificar os dados coletados eles serão analisados e interpretados avaliando-se a distribuição quanto ao delineamento do estudo, tipo de abordagem e o objetivo do estudo da publicação. As etapas definidas para este projeto buscaram na metodologia de abordagem qualitativas as técnicas de análise documental através de artigos científicos, observação direta para a coleta de dados em conformidade com os objetivos específicos da pesquisa. Resultados e Discussão Este estudo confirmou, em tese, o que demostra na prática as pessoas envolvidas no processo de atendimento em órgãos públicos de saúde e que há uma harmonia de pensamentos com os resultados encontrados na literatura. Entende –se que todos os autores apontaram que a qualidade do ambiente dos trabalhadores de saúde influencia na qualidade da assistência e acaba que revelando que tal força de trabalho vem sendo consumida por problemas de saúde de caráter físico e psíquico, por conta do estresse do trabalho, destacando-se as lesões por esforços repetitivos, a depressão, a angústia, o estresse, dentre outras. Assim as condições inadequadas de trabalho são também determinantes na qualidade do atendimento prestado pelo pessoal envolvido na saúde e em qualquer outra instituição. No estudo realizado, pode-se perceber que as características do cotidiano dos profissionais de saúde em hospitais públicos são causadoras de sofrimento físico e psíquico. Ou seja, em relação às condições de trabalho, processos materiais e subjetivos, os autores relataram que um ambiente desgastante com disputas internas, não envolvimento da equipe, e grande preocupação da sobrecarga de trabalho, a quantidade de pacientes atendidos e a pouca disponibilidade de leitos faz com que haja o déficit de atendimento e precariedade no que diz respeito à qualidade do mesmo. 12 Conclusão Desde muitos anos há-se a necessidade de reflexão sobre as práticas públicas voltadas à saúde e principalmente àqueles que oferecem seus serviços nesses estabelecimentos de ordem pública. Percebe-se que os profissionais de enfermagem/médicos e demais especialistas que atuam em hospitais, estão expostos a condições de trabalho precárias que, aliadas às suas condições de vida, potencializam as possibilidades de precariedade no que diz respeito ao atendimento. Segundo a OMS saúde só é possível a partir da harmoniosa relação entre aspectos físicos, psíquicos, sociais e emocionais; tais fatores detêm a possibilidade real de oferecer aos que trabalham sobre condições viáveis o alcance positivo no produto final de seu trabalho. Mas, o que foi possível verificar é que as mínimas condições adequadas de trabalho não são consideradas aspectos evidentes nos ambientes hospitalares, o que torna a vivência dos profissionais de saúde com produto final (atendimento) inevitavelmente precário. O trabalho daqueles que fazem parte do ambiente hospitalar é intenso, desgastante e realizado em detrimento aos recursos que são disponibilizados. É preciso pensar em restaurar o direito à dignidade de trabalho uma vez que a saúde física, psíquica, social, econômica dos profissionais é uma necessidade e tal processo pode se iniciar pela humanização do cuidado com o profissional e em consequência tal humanização refletirá no atendimento aos clientes que procurarão o serviço. Um bom lugar para se trabalhar possibilita, entre outras coisas, a capacidade de permitir que as pessoas desenvolvam ou se tornem mais completamente humanas e isso resultará no melhor atendimento nos setores públicos de saúde. 13 REFERÊNCIAS CARRARO, Westphalen. Metodologias para Assistência de Enfermagem. Revinter, São Paulo, 2001. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 2ª edição. Editora Elsevier – Campus. 2004 CIANCIARULLO, Tamara Iwanow. Instrumentos Básicos do Cuidar: um desafio para a qualidade da assistência. São Paulo, Ed. Atheneu, 2003. CIANCIARULLO, Tamara Iwanow. CORNETTA, Vitória Kedy. Saúde, Desenvolvimento e Globalização: um desafio para os gestores do terceiro milênio. São Paulo; Ed. Ícone, 2002. FERNANDES, E. C. Qualidade de vida no trabalho: um desafio e uma perspectiva para a GRH. Informação profissional - Recursos humanos. São Paulo: n. 25, p. 6-8, 2006. FILHO, Claudio Bertolli. História da saúde Pública no Brasil. São Paulo. Ed. Ática, 2008. IBANEZ, Nelson. Política e Gestão Pública em Saúde - São Paulo, Hucitec, 2011. MALAGUTTI, William; BONFIM, Isabel Miranda. Enfermagem em Centro cirúrgico: atualidades e perspectivas. 2ed. São Paulo: Martinari; 2011. MAXIMIANO, Antônio – Introdução a Administração.7ª Edição - editora Atlas, 2007. OGUISSO, Taka. Trajetória histórica e legal da Enfermagem. 2ª ed. Barueri São Paulo; Ed. Manole, 2007. ORLANDO, Ida Jean. O relacionamento dinâmico enfermeiro/paciente: função, processo e princípios. São Paulo, Ed. Da Universidade de São Paulo, 1978. REA, Louis M. e PARKER A. Metodologia de Pesquisa: do planejamento à execução. São Paulo: Pioneira, 2002. SANTOS, Iracidos. Enfermagem e campo de prática em saúde coletiva. Rio de Janeiro: Atheneu, 2008. 14 SILVA, Alcione Leite da. Cuidado Transdimensional: um novo paradigma para a saúde. São Caetano do Sul, SP. Editora Yendis, 2007. SILVA, José Vitor da. BRAGA, Cristiane Giffone. Teorias e Enfermagem. 1ª Ed. São Paulo, Ed. Itália, 2011.
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