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Atendimento Humanizado em Saúde

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Atendimento 
Humanizado em Saúde
3
 
Atendimento 
Humanizado em Saúde
Copyright © 2015 Editora etb Ltda.
1ª edição
Todos os direitos reservados.
Diretora acadêmica: Simone Savarego
Coordenadora editorial: Rosiane Aparecida Marinho Botelho
Produção editorial: etb - Editora Técnica do Brasil
As informações e as imagens são de responsabilidade dos autores.
Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem a autorização escrita da Editora.
A Editora não se responsabiliza por eventuais danos causados pelo mau uso das informações contidas neste livro.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Esse livro está catalogado na CIP.
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Palavra da Abril Educação
Desenvolver uma geração de profissionais capazes de estar à frente de um mercado de trabalho 
desafiador, que exige cada vez mais eficiência e competências comprovadas, é uma das preocupações 
mais evidentes dos Governos Federal, Estaduais e Municipais, dos gestores de políticas públicas e dos 
desenvolvedores de programas implementados.
Com o objetivo de conquistar esse desafio e contribuir para a formação de profissionais 
competentes e eficazes, o Sistema etb de ensino técnico apresenta uma proposta de apoio ao 
processo de ensino-aprendizagem, a partir de um material didático desenvolvido especificamente 
para programas de formação profissional.
Abrangendo mais de 12 eixos de conhecimento e com mais de 102 coleções de “cadernos de 
conteúdo”, o Sistema etb cobre mais de 90% das demandas de formação profissional por todo o 
Brasil, contando com o endosso da Abril Educação, cuja trajetória bem--sucedida já atravessa cinco 
décadas.
O Sistema etb tem ao seu dispor a experiência e a abrangência de um dos maiores expoentes no 
setor educacional, com destaque para metodologias diferenciadas e recursos educacionais exclusivos 
para a educação profissional.
A oferta de programas de formação profissional, baseada em um material didático de qualidade 
e focado no desenvolvimento de habilidades e competências, associada à sequência de políticas 
públicas que estimulam o investimento no setor da educação profissional compõem uma proposta 
aos cidadãos para que consigam entrar no mercado de trabalho pela porta da frente, como convidados 
a exercer suas atividades de maneira segura e eficiente em empresas que clamam por profissionais 
diferenciados.
Este livro é mais um convite na direção da real compreensão da expressão SER PROFISSIONAL. O 
objetivo deste curso é a formação de profissionais que não só tenham conhecimento e capacidade 
de resolver problemas, mas também sejam criativos, éticos e preocupados com ações e processos 
sustentáveis.
A reunião de autores renomados na área do ensino fortalece o caráter criterioso e responsável dos 
capítulos componentes desta obra, para que, com eles, o aluno esteja provido do material necessário 
para iniciar sua carreira profissional, a qual será repleta de conquistas e outras lições.
Ivan Sartori
Diretor de Novos Negócios da Abril Educação -
Mantenedora do etb – Editora Técnica do Brasil
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Autor(es)
Flávia Pantoja Machado
Graduada em Fisioterapia pela Universidade do Estado do Pará, UEPA (2010), Aperfeiçoamento em 
Fisioterapia na Reabilitação da Deficiência Física pela Associação de Assistência à Criança Deficiente - 
AACD (2014). Especialização em Reabilitação Neurológica pela Universidade do Estado do Pará (2014). 
Atualmente é mestranda no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências da Saúde pela 
Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP.
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Sumário
Atendimento Humanizado em Saúde
Flávia Pantoja Machado
NOvAS DIRETRIzES CURRICULARES NACIONAIS: 
UM PASSO PARA OS PROFISSIONAIS DO SéCULO XXI............................................................................7
DA IMPLANTAçãO DAS DIRETRIzES à PRáTICA: CAMINhOS RUMO à hUMANIzAçãO .........8
MAIS DE 25 ANOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: POR qUE O ESTADO EU NãO MUDEI? . 10
hUMANISMO E SUAS RELAçõES COM A SAÚDE....................................................................................11
(DES)hUMANIzAçãO: O RESGATE DA hISTóRIA ................................................................................... 13
MOvIMENTOS E TENDêNCIAS DE hUMANIzAçãO NO BRASIL ........................................................ 14
POLíTICA NACIONAL DE hUMANIzAçãO .................................................................................................. 16
O ACOLhIMENTO NA RELAçãO PROFISSIONAL-USUáRIO ............................................................... 17
A TROCA DO ChEFE: EMBATES PARA A BUSCA DO NOvO ROSTO DE GESTãO DO SUS ....... 18
MéTODO PAIDéIA: ATITUDES EM GRUPO COM PRAzOS DE ENTREGA ........................................ 19
AMBIêNCIA: O ESPAçO qUE FAz A DIFERENçA ..................................................................................... 21
hUMANIzAR, COMO? qUANDO AS CONDIçõES DE TRABALhO 
ESTãO AqUéM DO ESPERADO ...................................................................................................................... 22
hUMANIzAçãO NA SAÚDE NA SOCIEDADE PóS-MODERNA ........................................................... 23
GRUPO DE TRABALhO EM hUMANIzAçãO ............................................................................................ 25
PRáTICA TRANSDISCIPLINAR: Dá PRA FAzER? ...................................................................................... 27
RELAçãO PROFISSIONAL-PACIENTE: AMIzADE, CUMPLICIDADE E CONFIANçA. .................... 30
hUMANIzAçãO NA SAÚDE DA FAMíLIA: 
SURGIMENTO DO PROGRAMA E DA ESTRATéGIA ................................................................................ 31
REALIDADE E DESAFIOS DA ATUAçãO PRIMáRIA NA ESTRATéGIA SAÚDE DA FAMíLIA ....... 32
SAÚDE NO hOSPITAL: A hISTóRIA ENTRE OS SéCULOS .................................................................... 34
PROGRAMA DE hUMANIzAçãO NO PRé-NATAL E NASCIMENTO .................................................. 35
SOFTwARE SISPRENATAL: CONvERSA ENTRE TECNOLOGIA E SAÚDE .......................................... 36
EU qUERO ISSO! EU qUERO AqUILO! FATORES 
qUE CONTRIBUEM PARA A ESCOLhA DO PARTO .................................................................................. 38
SERá qUE O PARTO CESáREO NãO ENTRA NA LóGICA DA hUMANIzAçãO? ........................... 39
PARTO: POLISSEMIAS E ATITUDES ................................................................................................................ 40
A hUMANIzAçãO vEM DO COLO: O MéTODO MãE-CANGURU ...................................................... 42
hUMANIzAçãO NAS UNIDADES DE URGêNCIA E EMERGêNCIA ................................................... 44
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hUMANIzAçãO NA UTI ................................................................................................................................... 45
vISITA ABERTA E DIREITO A ACOMPANhANTE ........................................................................................ 46
qUANDO A hUMANIzAçãO vEIO DE CASA: O CUIDADOR FAMILIAR ........................................... 48
O CUIDAR COMO vIRTUDE PROFISSIONAL ............................................................................................... 50
A ROBOTIzAçãO DO ATENDIMENTO: hERANçAS DA REvOLUçãOBIOTECNOLóGICA .......... 52
POR ACASO NãO SOMOS hUMANOS? DISCUSSãO ENTRE hUMANIzAçãO 
E éTICA ..................................................................................................................................................................... 54
INTRODUçãO à éTICA: A BASE PARA A vIvêNCIA PROFISSIONAL ................................................. 55
vULNERABILIDADE E AUTONOMIA: O qUE MUDOU DURANTE OS ANOS? ................................. 56
PLACEBO: CONSIDERAçõES E LEGISLAçãO ............................................................................................ 58
PROjETO GENOMA hUMANO E A EUGENIA ............................................................................................ 59
MORTE DIGNA: A DIREçãO PARA OS CUIDADOS PALIATIvOS ......................................................... 61
EUTANáSIA, ORTOTANáSIA, DISTANáSIA E SUICíDIO ASSISTIDO: 
A qUANTOS PALMOS ESTAMOS? .................................................................................................................. 62
MORTE ENCEFáLICA: A hORA DE DESLIGAR OS APARELhOS ........................................................... 64
PULANDO FASES NATURAIS: DISCUSSãO SOBRE REPRODUçãO ASSISTIDA ............................. 65
CéLULAS-TRONCO ............................................................................................................................................. 67
CLONAGEM REPRODUTIvA E TERAPêUTICA ............................................................................................. 68
ABORTO: LEGALIzAR é hUMANIzAR? ....................................................................................................... 70
AIDS: 6 DIMENSõES PARA UM TRATAMENTO hUMANIzADO ...........................................................71
hUMANIzAçãO NA SAÚDE MENTAL .......................................................................................................... 72
BIOéTICA E ENvELhECIMENTO....................................................................................................................... 73
O PAPEL DA INTERNET NA PROMOçãO DA SAÚDE .............................................................................. 75
OS ALICERCES DA hUMANIzAçãO: qUEM SABE FAz A hORA ........................................................ 76
ESTUDO DE CASO 1 ........................................................................................................................................... 78
ESTUDO DE CASO 2 ............................................................................................................................................ 78
EXERCíCIOS ............................................................................................................................................................ 78
GABARITO - EXERCíCIOS .................................................................................................................................. 87
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Atendimento Humanizado em Saúde
Atendimento Humanizado em Saúde
Flávia Pantoja Machado
NovAS DirEtrizES CurriCulArES NACioNAiS: um PASSo PArA oS 
ProfiSSioNAiS Do SéCulo XXi
 
Estratégias interdisciplinares e articuladas vêm sendo constantemente implementadas pelos 
ministérios da Educação e da Saúde no Brasil visando a formação, transformação e atualização das 
práticas profissionais, principalmente relacionadas à saúde dos brasileiros. O cerne principal dessas 
ações é, sem dúvida, favorecer a aproximação dos acadêmicos do ensino superior – que se encontram 
em processo de construção do conhecimento – da realidade sócio epidemiológica da população. 
 
A Constituição Federal de 1988 e a Lei Orgânica da Saúde n° embasam os 
princípios da Reforma Sanitária Brasileira n° 8.088/1990, cujos textos são 
ligados às necessidades da Educação Superior Brasileira, expressas na Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Superior (LDB) nº 9.394/1996. Além dessas 
premissas, o Plano Nacional de Educação, Lei nº 10.172/2001, o Sistema 
Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), a Lei nº 10.861/2004 
e o Decreto nº 5.773/2006 fizeram propostas com o objetivo de reforma da 
educação superiorsob coordenação do Ministério da Educação.
 
O movimento por mudanças, referenciais e experiências no campo da 
formação em saúde do ensino superior foi desencadeador da implementação 
e incorporação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) nos cursos da 
área da Saúde. Essas diretrizes estão documentadas no Parecer CNE/CES 
nº 1.133/2001, com o objetivo de uma construção coletiva buscando a 
integralidade da área da educação à saúde.
 
O objetivo principal objetivo das DCNs é a flexibilização do currículo acadêmico além do incentivo 
a uma formação diferenciada neste período buscando requisitos para auxiliar o estudante que está 
em sólida formação e em constante desenvolvimento do conhecimento, à experimentação de diversos 
métodos e práticas para o aprendizado e enfrentamento de situações futuras do mundo do trabalho. 
Em congruência com o processo, as DCNs, têm caráter incentivador também ao corpo docente para 
que este estruture metodologias efetivas para o conteúdo ministrado, munido de estratégias para 
construir competências e habilidades que abranjam o perfil acadêmico e profissional do aluno, a partir 
de referências nacionais e internacionais. 
 
Desta forma, as DCNs almejam que acadêmicos sejam formados em coerência com suas diretrizes 
buscando uma formação generalista, técnica, científica e humanista, diferente do padrão de especificidade 
profissional que se construía há pouco tempo, onde o objetivo estava longe da interdisciplinaridade, e 
também da humanização. Por esse motivo, o desafio de desenvolver a capacidade crítica e reflexiva no 
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aluno, colocando-o em situações que o integrem no âmbito da responsabilidade social e compromisso 
da cidadania, ou seja, sair do nível de discurso para a ação.
 
Mas tem-se refletido que o rompimento de paradigmas entre o novo direcionamento de formação 
e a pertinência social que se percebe ainda nas salas de aula e práticas de ensino de hoje é bastante 
desafiador para a busca da coerência com as DCNs. Ressaltando-se, portanto, que o processo de ensino/
aprendizagem deve ser construído desde o início da trajetória acadêmica e perpetuado durante a prática 
profissional, para que se construa uma maneira mais efetiva de atendimento em saúde. 
 
Entende-se, portanto, que produzir uma aproximação entre as instituições formadoras e prática 
profissional de saúde seja em instituições privadas ou no próprio Sistema Único de Saúde (SUS) é 
considerado um constante desafio para os atuantes na saúde e educação do Brasil. Na próxima aula será 
abordada as competências e habilidades propostas pelas DCNs, assim como exemplos de aplicabilidade 
na formação dos cursos da saúde.
 
DA imPlANtAção DAS DirEtrizES à PrátiCA: CAmiNHoS rumo à 
HumANizAção
 
Antes do entendimento dos conceitos de humanização em Saúde, é necessário o conhecimento das 
políticas de educação e saúde que embasaram tais habilidades. Acatando os objetivos das DCNs, as Instituições 
de Ensino Superior (IES) devem direcionar o aluno de acordo com as competências e habilidades gerais listadas 
como essenciais para a construção de um bom profissional da saúde: administração e gerenciamento, 
tomada de decisão, comunicação, liderança, educação permanente e atenção à saúde. Nesta aula será 
discutido tais habilidades e competências propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais.
 
No quesito Administração, as habilidades a serem desenvolvidas estãorelacionadas à construção 
de ferramentas específicas para o gerenciamento, o processo exigido durante o trabalho, a ética no 
gerenciamento de tarefas, instrução sobre cultura e poder organizacional, legislação trabalhista, 
gerenciamento de pessoas, recursos materiais e físicos, entre outros. Para que os objetivos da atenção à 
saúde sejam conhecidos, apreendidos pelo aluno e – futuramente pelo profissional que irá se formar – 
alcançados, este deve fazer uso de instrumentos da administração, como o planejamento, a organização, 
a coordenação e o controle. 
 
Os recursos humanos qualificados e adequação dos recursos materiais estão em estreita relação com 
a qualidade da assistência à saúde e são essenciais para o desenvolvimento da Atenção à Saúde. Dessa 
forma não se pode desatrelar os objetivos de “gerenciar” do de “cuidar”, visto que este está integrado 
como forma de assistência na promoção, prevenção e reabilitação da saúde. 
 
Em conformidade com a linha de raciocínio das diretrizes, está a tomada de decisão, onde os 
profissionais de saúde devem capacitar-se para a habilidade de agirem em situações complexas, 
adequando suas ações na busca da eficácia e custo-efetividade. De um modo geral, tais profissionais 
devem possuir habilidades e competências – baseadas em evidências científicas – para indicação e 
prescrição de medicamentos, equipamentos, procedimentos e práticas. Entre as etapas, é crucial 
o conhecimento prévio da Instituição e sua respectiva missão, além da avaliação das necessidades 
daqueles que frequentam o ambiente de trabalho.
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Atendimento Humanizado em Saúde
vale ressaltar, que as habilidades para a tomada de decisão serão sempre formadas por meio do 
raciocínio lógico e intuitivo. quando se fala em lógica, remete-se a algo analisado, pensado, em que 
o raciocínio e a intuição constituem fatores imprescindíveis para construí-la. No entanto, e se este 
profissional, mesmo que pautado sobre todos os quesitos da lógica estiver em uma situação totalmente 
adversa, que exija sua tomada de decisão imediata? Pois, é nesta situação que o raciocínio intuitivo 
deve ser colocado em prática, favorecendo assim, o julgamento de medidas e ações. Por esse motivo, 
o planejamento deve ser detalhado, prevendo situações complexas com o intuito de construir formas 
de intervenção tanto no campo das ideias, como em suas formas de operacionalização. Outro quesito 
importante é a definição do grupo de pessoas envolvidas em cada função, além da fomentação e 
inclusão dos diversos níveis de hierarquia pré-estabelecidos.
 
A comunicação no âmbito da saúde deixa de ser meramente o fato de trocar informações ou ideias. 
Apesar de serem os mesmos, os componentes da comunicação — comunicador e receptor — necessitam 
de análise individual da escolha do meio de comunicação e do ambiente o qual se deseja comunicar-
se. Além disso, não há comunicação efetiva caso a decodificação da mensagem não seja sentida e 
interpretada de forma minimamente satisfatória. Para isso, são necessárias medidas para a verificação e 
avaliação do feedback e influência que provocou no meio. 
 
No exercício profissional da saúde, constantemente, lidam-se com situações de comunicados 
urgentes, medidas provisórias, novos protocolos, entre outros. No entanto a experiência e a habilidade 
do emissor no que tange ao perfil do receptor faz-se essencial, no intuito de garantir uma comunicação 
eficaz entre eles, já que, a chamada falha de comunicação advém, basicamente, das distorções na 
mensagem trocada, causando, desse modo, ruídos de comunicação.
 
Atualmente, a comunicação não se restringe apenas ao meio oral, tendo se ampliado no contato 
escrito, através do mundo virtual da internet. E-mails, whatsapp, facebook, twitter, aplicativos em geral, 
além dos canais de troca de informações são os principais meios de correspondência de dados entre 
indivíduos e grupos, o que vem transformando profundamente a lógica das relações humanas na pós-
modernidade. Muito distante dos primeiros conceitos de comunicação, mas cada vez mais perto da 
sociedade pós-moderna é o surgimento de uma nova forma de comunicação cada vez mais presente no 
ambiente de trabalho: a comunicação virtual. 
 
Muitos profissionais da saúde se fecham quando o assunto é liderança, pois esta é por muitas 
vezes considerada como característica nata daqueles que a detém. No entanto, essa premissa não 
é verdadeira, pois a liderança também pode ser desenvolvida por todos, e consequentemente, pelo 
profissional de saúde. No entanto, é necessário vislumbrar algumas características caso se deseje obter 
uma posição de líder, entre eles: o compromisso, a responsabilidade, boa comunicação, empatia com o 
público, habilidade para tomar decisões quanto à estrutura, tempo, gerenciamento de conflitos, entre 
outros. O que deve estar claro é o objetivo que se deseja almejar quando a posição de líder de uma 
equipe multiprofissional ou interdisciplinar é admitida: o favorecimento da comunidade.
 
Como norteadora do objetivo de aprendizado continuado, a diretriz “Educação Permanente” 
é um convite ao profissional da saúde, que está dentro das universidades e instituições públicas, a 
se comprometer com a própria educação e proporcionar atualizações por meio de treinamentos e 
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estágios para as futuras gerações profissionais. Essa “conversa” que é desenvolvida tanto nacional como 
internacionalmente, propõe um constante desenvolvimento e mobilidade entre as partes acadêmica 
e profissional. Neste novo século, globalizado e interconectado, em que nos são disponíveis notícias 
frescas em tempo real, a educação permanente é um grito de necessidade para o público que deseja 
trabalhar em prol da educação e da saúde. 
 
Entre todos os pontos das diretrizes, o maior destaque é à inserção das propostas de ensino-serviço 
dada através da Atenção à Saúde, pois esta exige mudanças nas concepções acadêmicas e preparo para 
ser executada. Entre os objetivos que compõem essa diretriz, estão que os profissionais de saúde, dentro 
de suas áreas de conhecimento, devem ser formados com o intuito de desenvolver ações preventivas, de 
promoção, proteção e reabilitação em saúde visando à integridade do indivíduo ou de um grupo. Para 
que esses objetivos sejam alcançados de forma efetiva é necessário que se faça integrada e contínua com 
as demais instâncias do sistema de saúde buscando ir além da ação de um determinado atendimento, 
mas ser capaz de pensar de forma crítica, analisar os problemas que aquela população enfrenta e 
procurar soluções para eles. 
 
Foi possível notar o quanto todas as diretrizes levam à humanização, e mesmo exemplificando todos 
os tópicos das DCNs, ainda sim, é um papel complexo explicar o que é humanização em Saúde? Pois 
bem, na aula seguinte, serão analisados os conceitos previamente estabelecidos pela história com a 
finalidade de construir o conceito de humanização.
 
mAiS DE 25 ANoS Do SiStEmA ÚNiCo DE SAÚDE: Por quE o EStADo Eu 
Não muDEi?
 
O período da reforma sanitária foi importantíssimo para a construção de fenômenos históricos 
nacional e internacionalmente que caminharam para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). 
Crises das políticas públicas em detrimento da sociedade comunista foram fortemente marcadas pelo 
surgimento do SUS. Entre esse contexto histórico, constatavam-se mudanças nas condições de vida da 
população mundial. 
 
A ampliação do acesso aos serviços de saúde foi a grande marca do SUS, no entanto, o diálogo 
aberto entre a implementação e a ação, ao longo demais de vinte anos do sistema não assegurou a falta 
de fatores negativos associados ao bem-estar social e à saúde em estado de equidade da população. 
Talvez o sonho da equidade nos próximos 20 anos esteja muito aquém do esperado, mas o convívio com 
as desigualdades sociais persistentes no âmbito da saúde torna cada vez mais frágil o princípio de saúde 
ampliada no Brasil.
 
Essa expansão de acesso dependeu do movimento dos médicos, sindicatos, partidos políticos 
interessados na confiança da população, e assim, foram fortes influenciadores para a decisão 
governamental. Dessa forma, além das atribuições prometidas à saúde pública, o Estado tinha o dever 
de conceder um ambiente favorável para a comunidade médica, seja como agência financiadora ou com 
algum poder de regulação do crescente mercado de atenção médico-hospitalar. Por esse motivo, cumpriu 
seu “dever” como intermediador entre bancos e empresas de seguros de caráter particular. Tal modelo de 
organização do cuidado à saúde e papel exercido, ainda é utilizado nos Estados Unidos. Por esse motivo 
que o crescimento da renda da população ou seguro privado ou estatal são interdependentes. 
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Atendimento Humanizado em Saúde
Se você tem vinte e poucos anos e ainda desconhece o momento que precedeu o SUS, lanço a 
resposta: o Estado, através da Previdência Social, posteriormente unificado ao Ministério da Saúde e 
o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (MS/INAMPS) funcionava como um 
tipo de seguro do Estado, onde este exercia o papel de mediador entre prestadores privados de serviço 
e consumidores.
 
Alguns autores observam a diferença entre os papeis exercidos no âmbito da saúde pelo Estado 
antes e depois do SUS, já que este era responsável pela regulação genérica, com o estabelecimento 
de ações de contratos ou convênios com prestadores de serviço, negociação de preço, fiscalização da 
adequação de custos para os procedimentos estabelecidos. 
 
vários foram os fatores que culminaram para o surgimento do SUS, mas muitos autores afirmam 
que um dos principais desencadeadores foi o movimento sanitário, assim como o estabelecimento de 
um novo conceito de saúde. O sistema operacional do SUS foi elaborado por vários pensadores, como 
ativistas, intelectuais e algumas entidades, compondo assim as políticas e princípios que norteiam o 
modelo do sistema.
 
Lembro-vos do clássico conceito da Organização Mundial da Saúde (OMS) que define saúde como “o 
completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência da doença”; e do Art. 
196 da Constituição Federal Brasileira, que diz que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao 
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
 
Tais conceitos apresentam uma grande relação entre desenvolvimento da qualidade de vida da 
população e saúde. Dessa forma, esta está diretamente ligada à influência das condições de vida 
adequadas de bens e serviços que o Estado proporciona. Mas, de fato é assim que deve funcionar? Ou 
deve-se pensar que a saúde é direito de todos, mas não apenas de dever do Estado? que pretensão 
tem-se quando se busca uma política pública universal, com equidade e integralidade? Ou será que não 
deve-se investir na nossa própria política de distribuição de equidade aos outros cidadãos à nossa volta?
 
HumANiSmo E SuAS rElAçõES Com A SAÚDE
 
“O apelo para o humanismo talvez seja um convite arriscado”.
 
(Claudia Abbês Baêta Neves e Altair Massaro)
 
A concepção de “humanismo” surgiu na era do Renascimento pareado à construção da ciência 
moderna e, como resultado, instaurou a concepção da dignidade humana através do estabelecimento 
do potencial natural do ser humano como meta intelectual. Na construção do conceito de humanização 
em saúde, o humanismo coloca em primeiro plano as ações humanas e os valores morais, como respeito 
ao próximo, desejo de justiça, atitudes de honra, amor, liberdade e solidariedade.
 
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Em contraste com a tradição grega, a cultura do “novo homem” se detinha a investigar a origem 
de fenômenos ditos “sobrenaturais”, estimulando a ação do mundo para a mudança da passividade de 
aceitar a teoria para a descoberta de procedimentos com a prática. Ou seja, através da aplicação dos 
conhecimentos, o homem dava respostas a operações antigamente explicadas apenas pela história e 
crença. A partir desse momento, a mentalidade pós-renascentista que dava significado às modificações 
físicas naturais crescia cada vez mais estabelecendo uma crescente convicção da superioridade pela 
decisão do homem
 
O humanismo contemporâneo, levemente tingido pela sua origem histórica traz a premissa de que 
o homem é a medida de todas as coisas, propondo, dessa forma, um pragmatismo de conhecimento 
que gera em torno da natureza humana e suas necessidades fundamentais. Atualmente, o conceito de 
humanismo privilegia as dimensões éticas e sociais da sociedade pós-moderna, levando a uma abertura 
da vertente da humanização. No âmbito do exercício da função profissional, o indivíduo deve procurar 
seguir uma postura ética de respeito ao próximo, visando garantir a coesão e o bom convívio social. 
Nesta lógica, cria-se o verbo “humanizar”, como o entendimento da necessidade da singularidade de 
cada indivíduo, levando em consideração seus valores e vivências, evitando a discriminação negativa, 
preservando, assim, a dignidade do ser humano. Em saúde, refere-se à possibilidade de uma transformação 
das práticas desenvolvidas nas instituições, assumindo uma postura de acolhimento e respeito ao 
usuário/cidadão, evitando tratar o mesmo apenas como um consumidor de serviços de saúde.
 
Levando-se em consideração que saúde não é apenas a ausência de doença, mas, principalmente, o 
bem-estar físico, espiritual, psíquico e social em um meio ambiente equilibrado e sustentável, se prevê a 
necessidade da formação de um profissional preocupado em atuar em todas as dimensões existenciais 
do ser humano e da vida humana. 
 
Neste sentido, deve demonstrar interesse por aspectos dos seus pacientes que não são diretamente 
afetos à enfermidade. Giglio (2015) cita um exemplo prático de humanismo ou de medicina humanizada, 
quando comenta sobre a eficácia de uma abordagem mais pessoal do paciente pode aumentar a 
adesão e a eficácia do tratamento prescrito. Por exemplo, no caso de um paciente que tiver perdido seu 
emprego, seu quadro será de estresse e apreensão, até por não saber se conseguirá arcar com os gastos 
de medicação. Entretanto o médico só saberá esse histórico pessoal, se conversar e se dispuser a ouvir 
o paciente e suas queixas. 
 
Dessa forma, supõe-se que se o indivíduo portador de uma enfermidade é recebido, diagnosticado e 
tratado embasando-se em sua história clínica e exista um interesse do profissional em questionar outras 
facetas do paciente, como sua história de vida, personalidade e interesse. Assim, a rede sustentadora 
do humanismo e humanização está em construção. Portanto, em saúde, o conceito de humanismo está 
relacionado ao contato com o ser humano de forma mais emocional, social e cultural, ou seja, de forma 
mais humanizada.
 
Observa-se, portanto, que se a prática do humanismo for aplicada no campo dos programas e 
políticas de humanização em saúde, se tornará tão efetiva e importante quanto uma nova tecnologia 
de ponta. Isso só seria possível e real se, primeiramente, asações focarem nos problemas e necessidades 
biológicas, abrangendo as circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas, uma vez que trata o 
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estado de saúde e o processo saúde–doença em cada pessoa como uma condição única. é necessário 
que as práticas humanizadoras sejam incorporadas na formação dos profissionais de saúde, buscando 
uma nova compreensão do ser que demanda cuidado e que deve ser considerado na sua realidade 
pessoal, social e individual como um ser único. Os pacientes devem ser cuidados e não apenas tratados, 
considerando que além da tecnologia, a simpatia e a compaixão fazem parte da arte de cuidar e curar.
 
(DES)HumANizAção: o rESgAtE DA HiStóriA
 
“... Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas 
não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos.”.
 
(Martin Luther King)
 
Embora haja uma variedade de artigos científicos que debatem e discutem o tema “humanização”, 
ainda há dificuldade para responder a pergunta: “o que é humanização? ”Ou “exemplifique um ato 
de humanização”. Certamente, quando o assunto é a desumanização, conceitos e fatos ficam mais 
claros, e muitas vezes temos uma história para contar que ocorreu no trabalho, no atendimento clínico/
hospitalar ou de nossas próprias atitudes embaladas pela dificuldade de uma visão global do paciente.
 
O debate do tema desumanização-humanização em saúde, apesar de ter iniciado na década de 
1950, é apresentado em forma de estudos críticos na década de 1970, marcada por grandes discussões 
a respeito da impessoalidade da relação médico-paciente. 
 
Observem que, apenas o caráter impessoal de um indivíduo para outro não denota o sentido amplo 
da desumanização, mas não deixa de fazer parte da ampla dimensão do déficit na assistência à saúde. 
Apoiado pela superação da visão do paciente, antes refletindo um perfil de passividade para um fazer 
parte do processo de cuidado em saúde e integralidade de atenção, o Brasil buscou debater no campo 
da saúde coletiva os papeis deturpados e assumidos pelos agentes de saúde.
 
Para isso, foi criado no Brasil, diretrizes e normas que se referem à humanização da atenção em 
saúde, incluindo a preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral, 
à igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie, e o direito à 
informação das pessoas assistidas sobre sua saúde (Lei federal 8080/90, art. 7º, III, Iv e v) (FORTES, 2004).
 
Entre as discussões que permeiam os estudos científicos a respeito da humanização, destacam-
se dois grandes eixos: discussões sobre o incentivo à relação interpessoal baseado na solidariedade, 
autonomia dos sujeitos que se relacionam e cooperam entre si abrangendo questões importantes a 
respeito da integralidade, da assistência com acolhimento e da medicalização social1*.
 
1 - Medicalização social: termo utilizado para a realidade de transformação da sociedade pelo declínio da 
capacidade de enfrentamento autônomo da maior parte dos adoecimentos e das dores cotidianas. Este comportamento 
desemboca num consumo abusivo e contra produtivo dos serviços biomédicos, gerando dependência excessiva e alienação 
(TESSER, 2006). 
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O segundo eixo é pautado no debate de políticas de gestão contemplando as teias organizacionais 
e modelos de assistência técnica e suas contribuições para a produção de serviços e práticas de saúde. 
Os princípios que fundamentam o SUS são também amplamente discutidos nesses estudos, entre outras 
exigências administrativas, como autonomia e democratização da gestão de serviços.
 
O propósito em comum de todas as questões levantadas é a meta de humanizar indivíduos que 
atuam, especificamente, na área da saúde. Esta área em particular é carente de muitas intervenções 
quanto a organização e implementação do cuidado à saúde devido aos problemas enfreados tanto pelos 
organismos e práticas dos Estados, como também na sociedade civil.
 
Outros autores utilizam o termo “rehumanização”, como consequência do distanciamento entre a 
medicina e a ciências da saúde, em geral das humanidades ocorridas, principalmente, no final do século 
XIX. A busca pelas causas das doenças, portanto, deveria ser investigada além dos órgãos e organismos 
da pessoa doente, e sim, no que há de essencial no indivíduo: a alma. 
 
Essa premissa concorre para que as práticas contemporâneas da saúde saiam do modo cartesiano 
que vai desde o uso de uma linguagem técnica impessoal – em que alguns pressupõem corresponder 
ao ideal científico – até o comportamento autoritário ou paternalista que trata o paciente de modo 
infantilizado. Além disso, há os mais clássicos, como a própria homogeneização e indiferença, onde os 
agentes de saúde não preferem tratar de números a nomes, de escrita a olho-no-olho, de gritos a fala.
 
Todo esse histórico permeia atos de mudança de desumanização para humanização. Mas, e quando 
as mínimas condições de trabalho não são favoráveis ao ato humanitário? Esse assunto será discutido 
na próxima aula.
 
movimENtoS E tENDêNCiAS DE HumANizAção No BrASil
 
A 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) ocorrida no ano de 1986, em Brasília, tornou-se um 
marco para a saúde pública do Brasil, pois reconheceu e consagrou propostas políticas que concebiam 
que o conceito abrangente de saúde era direito do cidadão e dever do Estado. Tais propostas tiveram 
grande embasamento teórico no Movimento da Reforma Sanitária, e foram assinaladas na Conferência 
levando a abertura de novos movimentos sociais e políticos no âmbito da saúde.
 
A 8ª Conferência também foi palco da construção do Sistema Único de Saúde (SUS), o qual preconizou 
pontos importantes em relação às necessidades e necessidades e expectativas da sociedade em relação 
à saúde. Um desses pontos é o esclarecimento quanto ao direito à saúde e como dever do Estado, 
subitamente legalizado na Constituição Federal de 1988.
 
Garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do 
risco de doença e de outros agravos, o acesso universal e igualitário às ações 
e serviços para sua promoção, proteção e recuperaçã (Brasil, 1988, p. 32).
 
Desde a aprovação da Lei 8.080/90 pela constituição no ano de 1990, o SUS, já na posição de 
institucionalização, avançou para o princípio de universalização do atendimento, tornando-se, portanto, 
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de caráter público e gratuito a qualquer cidadão brasileiro. Entre as diretrizes que compunham os 
princípios constavam o atendimento integral, de forma descentralizada e regionalizada. Sua formação 
foi estabelecida pelo conjunto de ações e serviços da saúde, tanto por prestação de serviços de órgãos 
como instituições públicas em âmbito provado, federal, estadual e municipal.
 
Um ponto importante destacado durante a tendência dos movimentos para a humanização é que 
esta não deve ser realizada em apenas uma direção, ou seja, Estado-cidadão. A Lei 8.142/90 foi que 
instituiu e promulgou a reflexão da importância da participação do usuário na construção e no controle 
social do sistema de saúde. Nesse prisma, instituía-se a obrigatoriedade do envolvendo a comunidade 
na gestão do SUS através da criação das Conferências e Conselhos de Saúde. 
 
Os princípios e diretrizes que norteiam o SUS, como o acesso universal aos serviçosde saúde foram 
fomentadores de outras ações de integralidade do cuidado e controle social, como a Estratégia de Saúde 
da Família (ESF) e os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Estes grupos foram importantes para 
a transformação das ações produzidas nas áreas de prevenção, assistência à saúde e reabilitação.
 
A implantação de equipes multiprofissionais, como no caso das equipes da ESF (EqSE) foi fundamental 
para a reorganização do modelo de atenção preconizado pelo SUS. Em 2008, com a criação do NASF 
foi possível apoiar o trabalho iniciado pelas equipes das ESF, pois estas abrangiam diversas regiões e 
territórios brasileiros. Entre os profissionais que compõem as equipes, estão: psicólogos, fisioterapeutas, 
fonoaudiólogos, nutricionistas, terapeutas ocupacionais além de algumas especialidades médicas.
 
Em continuidade com as experiências e ações em saúde ocorridas depois da 8ª CNS, a 9ª CNS, 
realizada em 1992, trouxe reflexões sobre a humanização. No ano 2000, o assunto foi instituído como 
tema central da 11ª CNS, e em 2003, o Ministério da Saúde definiu a humanização do SUS como uma 
de suas prioridades, assumindo a importância da construção de uma nova cultura de atendimento 
humanizada através da implementação de outros programas nacionais, como o Parto humanizado, Mãe 
Canguru, hospital Amigo da Criança, Programa Nacional de humanização da Assistência hospitalar 
(PNhAh), entre outros.
 
O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Atenção à Saúde e do Núcleo Técnico da Política 
Nacional de humanização (PNh), constituiu o Documento Base para Gestores e Trabalhadores do 
SUS, apresentando-os para uma nova possibilidade de atendimento à saúde. Entre as prioridades do 
documento que preza pela humanização, está a necessidade de tornar os participantes do processo de 
produção da saúde a se tornarem protagonistas e comprometidos para a criação de vínculos solidários, 
melhoria das condições de trabalho e do atendimento em saúde.
 
Na próxima aula será abordado, especificamente, a Política Nacional de humanização, 
norteadora de tantas outras decisões no âmbito da atenção básica.
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PolítiCA NACioNAl DE HumANizAção
 
“Conhecedor da alma humana e da cultura em que se inseria, já que 
invariavelmente andava muito próximo de seus pacientes – como médico 
de família que era –, esse respeitável doutor sabia que curar não era uma 
operação meramente técnica (...)”
 
(Dante Marcello Claramonte Gallian)
 
O Documento Base para Gestores e Trabalhadores do SUS afirma que por humanização entende-
se como a busca pela valorização dos diferentes participantes implicados no processo de produção de 
saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Estes assumindo o papel de protagonistas da obtenção da 
saúde fomentam o aumento da corresponsabilidade e da participação coletiva, a criação de vínculos 
solidários culminando com a melhoria das condições de trabalho e do atendimento.
 
A história da criação da Política Nacional de humanização (PNh) no Brasil começou pelo Programa 
Nacional de humanização do Atendimento hospitalar (PNhAh) que foi criado para melhorar a qualidade 
do atendimento hospitalar, através da melhora da assistência, focando as relações entre pacientes e 
profissionais. Em 2003, a PNh foi instituída pelo Ministério da Saúde, posicionando-se como uma política 
constituída por um conjunto de princípios e diretrizes baseadas nos conceitos do SUS. Por esse motivo, 
também é chamada de humanizaSUS, do qual emergem três objetivos principais: o primeiro, buscando 
enfrentar os desafios comumente destacados pelos usuários da sociedade brasileira quanto à qualidade 
e à dignidade no cuidado em saúde; o segundo, reestruturar e articular ações de humanização no SUS; 
e o terceiro, buscar soluções para os problemas enfrentados na organização e gestão do trabalho no 
âmbito do trabalho em saúde, o qual reflete processos desfavoráveis na vida dos trabalhadores. 
 
Dessa forma, a principal proposta da PNh é impulsionar ações que visem à mudança dos modelos 
de atenção e gestão no plano da saúde pública. Esse movimento busca a implantação de modelos 
diferentes dos fundados na racionalidade biomédica onde se percebem atendimentos fragmentados, 
hierarquizados e centrados na doença e na prestação de serviço no ambiente hospitalar. 
 
Entre os princípios básicos instituídos pela PNH estão:
 
• A congruência de ações entre clínica e política, implicando na inseparabilidade entre os processos 
de atenção e gestão em saúde; 
 
• Transversalidade, compreendendo um grau de abertura no âmbito da comunicação entre os grupos, 
buscando a promoção de práticas de saúde;
 
De acordo com a PNh, a desvalorização dos participantes do processo de produção em saúde, com 
os usuários, trabalhadores e gestores, é considerada como forma de desumanização do atendimento. Por 
isso, entre as diretrizes que embasam a PNh, constam a inclusão dos usuários, trabalhadores e gestores 
na gestão geral dos serviços de saúde com a preocupação de incluir práticas como a clínica ampliada, a 
cogestão dos serviços, além da valorização do trabalho, vivência do acolhimento, entre outros. 
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Atendimento Humanizado em Saúde
Segundo o Ministério da Saúde, entende-se que humanizar é dar garantia de dignidade e ética, 
tanto para o usuário, quanto para o profissional da saúde. O PNh surge, então, como garantia para 
que os sujeitos inseridos no contexto de serviços de saúde ganhem mais autonomia para que suas 
capacidades de transformação da realidade se tornem mais abrangentes. Por esse motivo essa política 
incentiva atos de responsabilidade compartilhada, criação de vínculos de solidariedade, participação 
coletiva na gestão e na produção da saúde.
 
Entre as propostas instituídas pela PNh, estão: o acolhimento, colegiado gestor, visita aberta e direito 
a acompanhante, equipe transdisciplinar de referência, Programa de Formação em Saúde e Trabalho 
(PFST) e projetos cogeridos de ambiência. Ao longo das próximas, será abordada cada uma delas, dada a 
valorização e a necessidade de conhecimento que a PNh propõe. 
 
o AColHimENto NA rElAção ProfiSSioNAl-uSuário 
 
Estudos científicos da área da psicologia descrevem que a arte de ouvir e examinar com cuidado 
o paciente é fundamental desde os primórdios da humanidade, antes mesmo que se houvesse uma 
intervenção terapêutica. Além disso, propõem que este comportamento era capaz de gerar grande 
influência no psiquismo da pessoa doente e, portanto, na própria evolução da enfermidade. Tal reação 
“mágica” se embasa pela transmissão do sentimento de solidariedade, amparo e segurança, vividos 
durante o relacionamento interpessoal entre o profissional de saúde e o paciente e que tem grande 
relação com seu percentual de cura.
 
No entanto, com as evoluções tecnológicas no campo da biomedicina no século XX, essa relação forte 
entre médico-paciente cedeu espaço para os métodos auxiliares de diagnóstico aliados ao descontrole 
das prescrições medicamentosas acabando por sucumbir a relação entre ambos e construindo em 
paralelo o exercício da Medicina técnica e de alto custo. 
 
Observa-se que se antes a relação profissional-paciente era tratada como algo essencial à prática do 
atendimento, hoje se torna objeto de complexa aprendizagem para a equipe de saúde. Nesta conjuntura, 
a PNh do SUS estabeleceu o acolhimento como um dos principais processos a serem reconstruídos nas 
práticas relacionadas à promoção e produção de saúde. A Assistência Básica foi o ambiente escolhido 
pela políticacomo incentivadora desse processo, uma vez que esta dimensão se compreende como mais 
próxima ao paciente pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e ações preventivas. 
 
Define-se acolhimento como uma forma de expressar as relações entre o usuário e o profissional 
da saúde que devem ir além da simples prestação de serviço. Um dos princípios do acolhimento é 
a escuta qualificada que engloba a forma de recepcionar o usuário, estar atento aos relatos de 
problemas e demandas, abordando-o numa dimensão biológica, mas ao mesmo tempo, não excluindo 
as características psicológicas, culturais e sociais que o integram. Transportando esse conceito para 
o atendimento na AB, espera-se que haja uma reorganização dos serviços com a proposta de maior 
vínculo entre a equipe de profissionais e o usuário através da resolução do atendimento e adequação 
do serviço em conformidade às principais necessidades da população atendida. Resume-se, portanto 
que a base para o acolhimento deva se basear na tríade acolhimento-diálogo, acolhimento-postura e 
acolhimento-reorganização dos serviços, compreendidas como possíveis dimensões.
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Engana-se, no entanto, o profissional que pressupõe que ao transpor seus valores e crenças ao 
usuário estará praticando o acolhimento. Pelo contrário, tal comportamento reflete em uma postura de 
desrespeito ao usuário e total etnocentrismo por parte do profissional. Devido à complexidade do “ser” 
e do “fazer”, o assunto acolhimento ganhou espaço dentro dos princípios do SUS, pois necessita de um 
processo de qualificação do modelo de assistência que são baseados na integridade de atenção à saúde, 
universalização do acesso e equidade instituída pelo sistema.
 
Ressalta-se a que tal proposta de acolhimento caminha com outros objetivos que têm como finalidade 
mudanças no processo de trabalho e gestão dos serviços de saúde. Tratando-se de organizações de saúde, 
uma boa prática para tal qualificação é a aplicação de metodologias ativas de ensino/aprendizagem, 
que possuem confiabilidade comprovada e bons índices quanto à efetividade. Tais modelos podem ser 
aplicados em situações e contextos específicos, com baixo dispêndio de recursos para o alcance dos 
objetivos. junta-se a este processo a habilidade da equipe em desenvolver soluções adaptadas aos 
problemas de saúde que surgem no ambiente de trabalho. 
 
Neste caso, ao invés da apreciação dos recursos tecnológicos, cada vez mais sofisticados no século 
XXI, como cerne e instrumento de um bom atendimento, os profissionais de saúde devem buscar o 
aperfeiçoamento do trabalho em equipe no desenvolvimento de estratégias para solucionar problemas 
comuns e complexos através da definição de papéis, competências e responsabilidades de cada categoria 
profissional unidas no atendimento em saúde. 
 
A troCA Do CHEfE: EmBAtES PArA A BuSCA Do Novo roSto DE gEStão 
Do SuS 
 
“O Método de Gestão Colegiada é um processo de educação continuada em ato”. 
 
(Regina Benevides e Eduardo Passos)
 
O conceito de cogestão não está resumido aos locais de atendimento em locais de AB no Brasil, mas sim 
a todas as instituições de saúde que estão ligadas ao SUS. Este princípio é considerado primordial desde a 
estratégia de descentralização do poder para os municípios – a municipalização – além do surgimento de 
conselhos e conferências de saúde com participação de usuários, conferindo uma forma de modificar o 
funcionamento e burocratização, característica comum da maioria das instituições públicas.
 
No entanto, alguns autores afirmam que o alcance dos objetivos deve ir além da municipalização 
devido ao alto grau de alienação o qual se constata na maioria dos trabalhadores, já que observa-
se pouca estimulação para ampliar suas habilidades e prover outras competências que devem estar 
inerentes a uma instituição de saúde, como a capacidade de reflexão em casos que necessitam de 
tomada de decisão em curto, médio e longo prazo, de cogestão ou cogoverno, decidindo sobre interesses 
específicos de uma causa, negociação permanente e luta em outras instâncias de poder. 
 
Desta forma, o Método de Gestão Colegiada, proposto por Campos (1998) baseia-se na 
participação de todos. De acordo com a PNh, essa participação pública assume novos contornos, pois 
é direcionado para a inclusão de outros protagonistas convidados a seres corresponsáveis ao processo 
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de produção da saúde. A prioridade para exercer a missão pública do SUS deve ser coletiva agregando 
sujeitos, não necessariamente institucionalizados, para fazer a sua própria ação dentro de sua realidade 
cotidiana e local, independente do trabalho ou rede sociofamiliar que o usuário/profissional fazem 
parte, estimulando sim, um engajamento maior para que haja movimento em prol da mudança nos 
modos de cuidar e gerir.
 
Em suma, a proposta da Gestão Colegiada não é a decisão de um, mas de todos. O dirigente que antes 
tinha a função de exercer, gerir, buscar soluções e tomar decisões na instituição sozinho evolui para fazer 
parte de um colegiado formado por gestores e trabalhadores. é utopia pensar que este método será capaz 
de resolver todos os conflitos e desaparecer com as contradições, no entanto há possibilidade de maior 
participação, equilíbrio da distribuição de poder, construção de soluções objetivas, discussão, negociação e 
clareza das principais diferenças, ou seja, uma forma de exercício e prática da educação continuada.
 
De acordo com a PNh, a gestão não deve ser tratada como um espaço de presença exclusiva de 
servidores públicos de longa data, especialistas e doutores em administração ou empreendedorismo, 
mas deve ceder lugar – que é de direito – a sujeitos que estão envolvidos no processo de trabalho, 
muitas vezes com maior capacidade livre para a criação de novas abordagens, autônomos e, portanto, 
corresponsáveis pela produção da saúde. 
 
Apesar da trajetória do SUS perpassar por mais de 25 anos, ressalta-se que as dificuldades e desafios 
enfrentados neste tempo ainda são numerosas. O reconhecimento da PNh quanto aos visíveis desafios 
no sistema público de saúde não deixa de vislumbrar e apostar em um futuro de um “SUS que dá certo”, 
pois parte de seus objetivos já são realidade em instituições que, antigamente, não prezavam pela 
integralidade na gestão de pessoas e que, atualmente, evoluem e são exemplos de serviço, formação de 
boas equipes, diálogos entre trabalhadores e melhoras na utilização do serviço. 
 
Estas boas experiências que estão presentes em vários pontos do território brasileiro são exemplos 
concretos de superação das dificuldades. Certamente, investir e reinvestir no novo, apostar na capacidade 
criativa da equipe e colocar-se ao lado da experiência não é tarefa fácil. Na próxima será possível 
compreender melhor áreas que colocaram em prática esse método e outros, com o mesmo objetivo: 
criar redes de comunicação para auxiliar na produção da saúde.
 
métoDo PAiDéiA: AtituDES Em gruPo Com PrAzoS DE ENtrEgA 
 
Assumindo-se o lema de que todos são gestores de seus processos de trabalho retoma-se o conceito 
de Cogestão Colegiada a qual abre um leque de possibilidades para a análise contextual do problema, 
atitudes tomadas em conjunto e exercício do processo de tomada de decisão abrangendo, assim, 
várias instâncias e níveis da produção da saúde. Essa nova forma de administração deve caminhar 
paralelamente a níveis mais altos de gestão como de estados e municípios, com a finalidade infinita 
de aprimoramento da prática gestora a partir da análise eresultados positivos observados nos grupos 
de produção de saúde do SUS os quais priorizaram formas de cooperação em âmbito regional e ações 
solidárias entre gestores.
 
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No entanto existem outros métodos de gestão coletiva, que também foram originadas a partir de 
pactos entre os sujeitos, excluindo o sentimento de imposição ou obrigação, mas trazendo um caráter de 
corresponsabilidade e cuidado para a produção da saúde. Campos (1998), o mesmo criador do método 
de Gestão Colegiada também propôs o Método Paidéia ou da Roda que tem por objetivo a ampliação 
da capacidade de direcionamento dos grupos, buscando a capacidade de análise e de operação sobre o 
mundo. Este método tem por função a elaboração e implementação de projetos, propondo em paralelo 
a construção de indivíduos e de uma coletividade organizada. 
 
O mesmo autor considera importante a introdução do termo “apoio” àqueles que integram os grupos 
de elaboração de projetos, pois descaracteriza a tradicional ordem de “supervisão do trabalho”, a qual 
carrega uma singularidade de poder e chefia inadequados para ações coletivas. O termo apoio, portanto, 
incita interesses comuns com desejo de transformar a realidade, dinamizar práticas ou até mesmo 
resgatar medidas tomadas no passado que podem dar certo no presente. Em geral, o ato de apoiar é a 
atitude de se comprometer com outras realidades, de forma ética e corresponsável. 
 
As tarefas instituídas pelo Método Paidéia vão além da construção de projetos em equipe, pois 
incluem a definição de tarefas com prazos e responsabilidades. Um agente facilitador da equipe é a 
figura do apoiador institucional ou mediador, o qual desata os nós de comunicações não efetivas e, 
ao mesmo tempo, amplia as possibilidades e considerações do grupo sobre determinado assunto. O 
apoiador, portanto, tem papel fundamental nesse método pois necessita lidar com diversas demandas 
da equipe, novas necessidades do projeto, interesses e desejos por outras formas de trabalho, inclusão 
de ideias dos diferentes atores – usuários, trabalhadores e gestores – que irão participar do grupo além 
do olhar de sensibilidade para compreensão de suas personalidades e potenciais. 
 
Deve-se fazer a seguinte pergunta: quem gere tudo isso? A Organização Mundial da Saúde (OMS) 
ressalta que as redes de Atenção Primária à Saúde (APS) devem buscar a garantia e fomentar projetos 
que serão operados de maneira interdependente. O Ministério da Saúde cria estratégias de apoio a 
essas redes através do Apoio Integrado (AI), o qual tem a função de fortalecer a gestão do SUS com a 
prioridade de atender projetos originários de opções regionais e ações de solidariedade entre gestores. 
 
Dessa forma, pode-se dizer que o apoiador não se limita a uma pessoa, e sim a um movimento 
coletivo que pode apresentar-se em âmbito municipal ou estadual, mas que tem por característica 
comum buscar novos modos de operação e produção nas organizações levando em consideração os 
objetivos estratégicos a nível federal e metodologia estruturada pelo AI. 
 
Ressalta-se que toda base está em conformidade com os princípios da PNh, pois, em primeiro lugar 
opera fomentando ambientes coletivos o qual constroem uma rede de integração entre os sujeitos 
envolvidos; em segundo, admitem um saber translacional sendo capaz de promover afeto entre pessoas 
e ideias; em terceiro, incentiva a disposição de compromissos e contratos coletivos; em quarto, desperta 
uma visão avaliativa durante a construção dos processos; e por último, cria uma capacidade crítica dos 
participantes, gerando atitudes proativas na prática da saúde. 
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Atendimento Humanizado em Saúde
AmBiêNCiA: o ESPAço quE fAz A DifErENçA
 
quando falamos de ambiência na área de saúde, estamos nos referindo ao espaço em que os diferentes 
tipos de atendimento ocorre. Como a própria palavra já nos lembra, trata-se de como o ambiente 
influencia na recuperação do paciente e no trabalho dos profissionais que o auxiliam. Por ambiente, 
não podemos nos ater unicamente ao espaço físico, mas às percepções cognitivas que provocam nos 
indivíduos. O que isso quer dizer? que as cores, os cheiros, a arquitetura, as texturas, os sons e muitos 
outros elementos influenciam o dia-a-dia de uma instituição de saúde, desde a melhoria do paciente à 
recepção do funcionário. 
 
é por isso, por exemplo, que não nos sentimos bem em ambientes que não nos deixam confortáveis, 
como hospitais lotados, clínicas com goteiras ou consultórios com cores fortes demais. A verdade é que 
os fatores externos ao atendimento em si também têm forte influência em nossas vidas. 
 
Por isso, o Ministério da Saúde, entendendo a importância deste assunto para a realidade atual 
brasileira, definiu o conceito de ambiência ligando-o à necessidade de humanização nos serviços da 
saúde, a partir de três eixos:
 
I. O espaço que visa confortabilidade
 
é imprescindível a todo paciente ser atendido dentro de um lugar seguro e confortável para a melhoria 
de sua condição. Isto porque o mesmo já se encontra em uma situação de vulnerabilidade, incertezas e 
preocupações e, portanto, sua fragilidade psicológica momentânea o leva a buscar segurança em outros 
pontos. é neste contexto que ele espera um local acolhedor, bem cuidado e que forneça a privacidade 
que lhe é devida.
 
A um primeiro olhar, falar de confortabilidade pode parecer uma exigência excessiva. No entanto, 
imagine que, ao sentir dores de coluna muito fortes você procure um hospital e, ao chegar no mais 
próximo, você se depara com paredes descascando, goteiras no teto, falta de macas para repouso e 
odores desagradáveis. você se sentiria confiante em relação à sua saúde? Certamente não. 
 
Inconscientemente, nosso pensamento trabalha a todo momento com avaliações e ponderações 
sobre o mundo ao nosso redor e isso influencia o modo como encaramos as diversas situações. Por 
isso, quando falamos de fornecer um tratamento mais humanizado na área de saúde, conforto não se 
configura como luxo, mas sim no compromisso de possibilitar condições favoráveis ao bom atendimento 
físico e psicológico do paciente.
 
II. O espaço como ferramenta facilitadora do processo de trabalho 
 
O mesmo mecanismo que ocorre com o paciente, também se repete com o profissional de saúde. 
Sem um mínimo de conforto, recursos, iluminação, dentre outros fatores, o trabalho se torna cada 
vez mais difícil. A ambiência, neste sentido, atua sobre a motivação do profissional, seu humor e, 
consequentemente, reflete no atendimento do enfermo.
 
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A ambiência deve contribuir também para a segurança da saúde do profissional, assegurando a 
biossegurança, a prevenção de acidentes e possíveis infecções hospitalares. Por fim, o espaço físico em 
que os processos de saúde ocorrem, devem ser funcionais a fim de ajudar o profissional a atender da 
forma mais correta e acolhedora seus pacientes.
 
III. A ambiência como espaço de encontro entre sujeitos
 
O terceiro eixo levantado pelo Ministério da Saúde aborda a importância de entender os espaços 
de saúde como ambientes da coletividade, ou seja, do encontro entre diversos sujeitos, não apenas de 
agentes do setor, mas outros convívios que propiciem um melhor aproveitamento do espaço. Esta seria 
uma realidade para permitir discussões sobre possíveis intervenções no espaço, através de oficinas, rodas 
de debate e outrosformatos que levassem à reflexão sobre qual a melhor forma de uso daquele espaço.
 
Não podemos esquecer que um ambiente de saúde é constituído por muitos sujeitos que trazem, 
cada um, bagagens culturais diferentes: são médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, gestores, arquitetos, 
engenheiros que, todos os dias, se relacionam com pessoas de diferentes comunidades e que, por 
conseguinte, tem muito a contribuir sobre as melhores formas de usar aquele espaço ao qual pertence 
a todos. 
 
A ideia de promover a ambiência como espaço de encontro é o de incluir diversos tipos de pessoas nas 
decisões de como tornar aquele lugar mais funcional, partindo do pressuposto da inclusão de diversos 
tipos de saberes provenientes dos estudos de profissionais, mas também da realidade dos indivíduos. 
 
Na próxima aula, será abordado quais os riscos da falta de ambiência para as condições de trabalho, 
dentre outros elementos que podem ser prejudiciais ao bom desempenho do profissional de saúde.
 
HumANizAr, Como? quANDo AS CoNDiçõES DE trABAlHo EStão 
Aquém Do ESPErADo 
 
Não é de hoje que estudiosos de diversas áreas do saber se preocupam em pesquisar as relações 
entre condições de trabalho, desempenho e qualidade de vida. já no século XvIII, quando explodiu a 
I Revolução Industrial, começou-se a detectar que as condições insalubres de trabalho (com carga-
horária elevada, ergonomia prejudicial e exposição a acidentes de trabalho) levavam os funcionários à 
desmotivação, distração e a uma produtividade inferior. 
 
hoje, é comum as empresas oferecerem condições de trabalho favoráveis à satisfação do funcionário. 
Não apenas por uma questão de benfeitoria, mas muito mais por entenderem que um colaborador 
satisfeito gera muito mais resultados positivos. 
 
Na área da saúde não seria diferente. é muito comum, no Brasil, nos depararmos com profissionais de 
saúde que se queixam das condições de trabalho a que são submetidos. As condições de trabalho, afinal, 
refletem em sua vida social e familiar, além de sua saúde física e mental. Neste contexto, o Ministério da 
Saúde reconhece esta realidade e propõe o Programa Nacional de Desprecarização do Trabalho no SUS 
para investigar, discutir e redefinir perspectivas para todos aqueles que prestam serviço na instituição. 
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Atendimento Humanizado em Saúde
quando falamos de “precarização”, abre-se uma gama de possibilidades referentes a prejuízos 
direcionados às pessoas. Assim, podemos entender o termo como a perda de direitos de uma forma 
geral, dentro das condições de trabalho na área da saúde. Isso inclui riscos e acidentes de ordem física, 
como a contaminação de doenças e acidentes com instrumentos de trabalho, mas também perigos 
psíquicos. Estes estão em preocupante crescimento na atualidade, diante das diferentes pressões sociais 
e internas a que os profissionais de saúde estão submetidos, revelando cada vez mais casos de ansiedade 
e depressão.
 
Na área de saúde, especificamente, essas ocorrências são alarmantes, pois a ideologia que sempre 
acompanhou estas profissões, a de cuidar de pessoas, salvar vidas e promover o bem-estar, na prática é 
muitas vezes revertido, tirando a possibilidade do profissional de exercer sua função da maneira que se 
preparou e desejou.
 
Sendo assim, as condições precárias de trabalho em Saúde se devem, principalmente, aos hospitais 
lotados, à falta de estrutura, às relações de trabalho que abrem precedentes para jornadas de trabalho 
elevadas e à falta de profissionais que levam ao acúmulo exacerbado de pacientes esperando por 
atendimento. Desta forma, o hospital é encarado muito mais como um lugar de doença do que de 
promoção de saúde, o que confere àqueles que estão a todo momento inseridos em sua realidade, a 
pressões psicológicas de grande dimensão.
 
Para desenvolver um trabalho humanizado com o paciente, é necessário antes olhar para o mercado 
da saúde e transformá-lo em um ambiente estruturado e agradável que cumpre sua função de promover 
a saúde entre os que deles necessitam, mas também dos que nele trabalham.
 
Nota-se, portanto, que mudar esta realidade perpassa por diversos campos, a ver: o de recursos 
humanos, para relações de trabalho formalizadas e que garantam os direitos dos funcionários; o de gestão, 
para atender às necessidades próprias dos clientes (pacientes) sem sobrecarregar os profissionais; o de 
saúde mental, para o acompanhamento deste profissional de saúde que está exposto a diferentes formas 
de tensão; o governamental, para uma reestruturação do espaço físico, dos materiais, medicamentos e 
recursos tecnológicos; e o da comunidade, para a melhor compreensão das necessidades sociais dentro 
de um ambiente de saúde, entre outros.
 
Por fim, para uma transformação verdadeira no que diz respeito à humanização dos profissionais de 
saúde, é fundamental humanizar primeiro o próprio espaço (físico e social) ao qual o profissional de saúde 
está inserido. Só assim, este profissional atuará de forma mais humana também com seus pacientes.
 
HumANizAção NA SAÚDE NA SoCiEDADE PóS-moDErNA
 
Na área da saúde, surgem várias iniciativas pós-modernas que não passam despercebidas. 
Estampadas como que se imitassem os sujeitos de uma eleição apresentam o nome do candidato (Luta 
anti-manicomial, movimento feminista, parto, etc.)...e, posteriormente, mas não secundário, seu vice: a 
humanização. Todos, por fim, provocam impulso no pensamento do “eleitorado”, pois quando associadas 
questões polêmica a humanização, já se tornam marca registrada histórica. 
 
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Trocadilhos a parte, uma visão mais abrangente da humanização desponta no momento em que 
a sociedade pós-moderna passa por uma avalanche de construção de novos conceitos de valores e 
atitudes. Dessa forma, o ambiente pós-moderno se caracteriza pelo reordenamento social decorrente 
do capitalismo multinacional e a globalização econômica. 
 
Cabe ressaltar que o simples acionador chamado “enter” com o palco das famosas redes sociais 
de grande repercussão, como o Twitter, tornam-se responsáveis pela chamada de solidariedade para 
indivíduos portadores de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) na campanha do balde de gelo, ou para 
protestos que mobilizam Estados inteiros do território nacional, dando asas imaginárias ao “#vemprarua” 
ou “#ogiganteacordou”. Assim, todas levantam as bandeiras de ideais utópicos, políticos, estéticos e 
éticos da modernidade que acreditavam na construção de um mundo melhor, movidos pela razão 
humana, desabaram (RIOS, 2009). Apesar de ser visualizada como uma sociedade individualista, em 
alguns contextos, buscam referenciais de identificação nos grandes coletivos sociais, e passaram do 
cultivo excessivo do “eu”, para a integridade do “nós”
 
No entanto, o campo das relações interpessoais estruturada na perda de suporte ético somado ao 
individualismo, cria condições para atitudes de intolerância e diferença, onde o ser semelhante passa a 
ser visto como uma ameaça. Um dos exemplos para essa nova realidade são atos de violência contra o 
menor, o gay, o idoso, o incapaz, o índio, o nordestino, tanto a nível real quanto virtual. Seria, portanto, 
necessário resgatar ou recriar novos valores? 
 
As respostas para essas novas questões começaram a despontar do meio do século XX adiante. 
O processo de humanização da saúde tem suas origens nos movimentos de reformas sanitárias, nas 
Conferências de Saúde e nos grupos voltados às ações em prol de uma consciência cidadã que, a partir da 
década de 1980, se tornaram articuladas(REIS, MARAzINA e GALLO, 2004). Aliados a esses movimentos, 
somam-se os debates abrangendo Direitos humanos, Bioética, Proteção Ambiental, Cidadania, entre 
outros. Mais do que conceitos emergentes, são práticas que vão ganhando espaço no dia-a-dia das 
pessoas, chamando-nos para o trabalho de construção de outra realidade (RIOS, 2009). 
 
Tal comportamento é capaz de interferir na reordenação do conceito de saúde, incorporando novas 
condições necessárias para a vida, e mostrando a cara do Brasil da assistência médico-hospitalar pública. 
Neste contexto, diversos hospitais, principalmente os do setor público, começaram a desenvolver ações 
humanizadoras. Inicialmente, tais ações eram discretas e inexperientes, preocupando-se, apenas em 
tornar o ambiente hospitalar mais ameno e afável. Com o passar do tempo, em alguns lugares (mesmo 
sendo minoria) foram se reestruturando a medida que visavam modificar a organização do trabalho ou 
a gestão, buscando diminuir o sofrimento que o ambiente de trabalho hospitalar provocava em seus 
usuários, profissionais e gestores. Rotinas como visita livre, acompanhante e dieta personalizada foram 
alteradas como resultado das medidas de humanização.
 
Atualmente, várias manifestações ideológicas, construções teóricas, técnicas e programas temáticos 
fazem da humanização um campo de inovação da prática na área da saúde. Além dos princípios e 
diretrizes ligadas ao SUS, esta pode ser compreendida como um conjunto de bases humanistas e de 
ética; um movimento contra a violência institucional na área da saúde; e uma política pública para 
a atenção e gestão no SUS. O que ainda espanta muita gente é o caráter viral a causas humanitárias 
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Atendimento Humanizado em Saúde
desencadeada por jovens politizados e conectados. Não por atingirem altos níveis de adesão, mas por 
ficarem veladas por tanto tempo. 
 
gruPo DE trABAlHo Em HumANizAção 
 
Nas aulas anteriores visualizou-se como a humanização passou a ser considerada uma política 
nacional, baseadas nos princípios e diretrizes da Lei Orgânica da Saúde, as quais regulamentam o 
Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, mesmo com muitas campanhas, programas, e projetos com 
o tema de humanização, o conceito desta ainda é um desafio, pois por vezes ainda é confundido com 
assistencialismo, voluntarismo, paternalismo e até mesmo, caridade. 
 
Alguns autores retomam o conceito de humanização em saúde como parte de um modismo, já 
que o verdadeiro conceito se perde na repetição de ações de forma sintomática, não promovendo, 
portanto, um verdadeiro movimento pelas mudanças na prática da saúde. Dessa forma, é de suma 
importância ultrapassar os limites gessados de que um “homem humanizado” é um “homem bom”, para 
a redefinição de “reencantamento do concreto”, enfatizando a ideia de que se deve, primeiramente, 
observar a realidade que este se insere para promover ações concretas na saúde.
 
Dessa forma, o conceito de política de humanização pede interferências nas práticas de saúde, onde 
os sujeitos coletivamente estejam engajados em ações concretas para transformarem a si mesmos. Esse 
movimento em prol da transformação é considerado positivo por alguns autores, pois ganha o rosto de 
uma nova “práxis” daqueles que constituem um grupo de assistência à saúde, aumentando a qualidade 
do atendimento, já que este está pautado no reconhecimento da alteridade e nas vantagens do diálogo. 
 
Dentro dessa perspectiva, em maio de 2000, o Ministério da Saúde (MS) teve a iniciativa de mudar 
esse cenário regulamentando o Programa Nacional de humanização da Assistência hospitalar (PNhAh), 
o qual estimulou a criação dos Grupos de Trabalho de humanização (GThs) dentro das unidades 
hospitalares brasileiras, para a discussão do tema e buscar ações concretas para o avanço no que se 
refere ao atendimento humanizado na saúde pública, considerando várias partes envolvidas neste 
processo, como equipes, gestores, usuários, meios físicos, etc.
 
Dessa forma, o Grupo de Trabalho de humanização (GTh) é uma estratégia criada pela PNh para 
o SUS com o intuito de intervir e melhorar os processos de trabalho, além de promover o aumento 
do nível de qualidade na saúde para todos. A discussão das relações estabelecidas entre o grupo, e a 
maneira que esse serviço pode funcionar para melhorar o processo de trabalho bem como a qualidade 
da produção de saúde para todos também são vistos como objetivos comuns da estratégia. Acima de 
tudo, é estabelecido e concretizado como um encontro de pessoas interessadas em discutir o próprio 
serviço em que trabalham, ou que utilizam. Abaixo, segue um quadro baseado no Material de Apoio da 
Política Nacional de humanização da Atenção e da Gestão do SUS com os temas pertinentes para os 
gestores que pretendem criar um GTh na instituição de saúde a qual fazem parte. 
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Tabela 1 - Temas interessantes para se propor um Grupo de Trabalho de Humanização (GTH)
Como? Qual? Que?
Melhorar e/ou qualificar a 
prestação de serviço?
O pior lugar para se trabalhar? 
qual o pior ambiente de 
atendimento? Por que são tão 
impassíveis de mudança?
Projetos coletivos já foram feitos, mas que não 
continuaram? quais os que estão ativos e seus principais 
aspectos para maior desenvolvimento?
Trabalhar em equipe nessa 
função? Ou ainda não existem 
equipes de trabalho?
 
São as relações com os chefes e 
colegas de trabalho?
O nível de valorização das 
contribuições que os usuários 
fazem? (Reclamações, sugestões)
 
Parcerias seriam necessárias 
para a melhora da resolução de 
problemas?
Implicação existe quanto à organização e inserção da 
comunidade nesse processo?é a relação entre profissionais 
e familiares dos usuários em 
atendimento?
O nível de participação dos 
trabalhadores nas tomadas de 
decisão dos serviços prestados?
Articular projetos intersetoriais 
na instituição? Regras e normas de cada setor?
São tomadas as decisões? 
quem as define?
Normas sem sentido que a 
instituição continua acatando?
Fonte: Política Nacional de humanização da Atenção e da Gestão do SUS - Material de apoio, 2008.
 
De acordo com as perguntas, apesar da denominação de “grupo de trabalho”, todos podem participar 
dessa equipe, sejam profissionais da saúde, técnicos, funcionários, coordenadores e também usuários. 
Participam todos aqueles que estão interessados na construção de propostas para promover ações 
humanizadoras, buscar estratégias para melhorar o cuidado em saúde, formar inter-relações entre 
equipes e a democratização institucional na unidade de prestação de serviço ou nos órgãos das várias 
instâncias do SUS. A participação dos gestores nos GTh mostra que estes dão muita importância à 
construção coletiva da política pública de saúde.
 
é um espaço destinado à aproximação das pessoas, para o compartilhamento das tensões sofridas 
no cotidiano, eleger as maiores dificuldades do trabalho, acolher e debater pontos de vista diferentes, 
transformar sonhos em objetivos, e buscar, por meio da análise e da negociação, propostas que permitam, 
de fato, que as melhorias desejadas aconteçam.
 
O trabalhador foi colocado em foco, pois em grupo, pode contribuir para o favorecimento de um 
ambiente agradável para a busca de novas ideias e, implementação de propostas coletivas. No entanto, 
a maioria dos trabalhadores da saúde já estão tão acostumados com seu ambiente de trabalho e vínculo 
com a instituição que não conseguem considerar novas situações. Nesse sentido, no GTh, os sujeitos 
desse grupo podem ser

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