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53 Os mitos sobre o trabalho infantil e as concepções de justiça desenvolvidas por Perelman e Rawls Fabiana Dantas Soares Alves da Mota 1 INTRODUÇÃO A proposta de discussão que ora se apresenta almeja ampliar o debate sobre os diversos mitos que permeiam a exploração do trabalho infantil, à proporção que os relaciona com concepções de justiça trazidas por Chaim Perelman e John Rawls. É cediço as mazelas que acompanham o trabalho infantil, como doenças, abusos sexuais e físicos, acidentes, analfabetismo, falta de convivência com a família, ausência de lazer e de qualquer atividade lúdica. Este trabalhador mirim, será por muitas vezes conduzido à situação de futuro trabalhador escravo, até pela ausência de oportunidade, inclusive para se alfabetizar. É nesse sentido que se mostra a relevância do objeto da pesquisa sobre o qual se debruçará, sendo ela qualitativa e bibliográfica, exploratória, cujo método condutor será o dedutivo. Nesse norte, abordar-se-á a importância do debate sobre a temática, os mitos que envolvem a problemática, passando-se então a analisar a justiça aristocrática e o trabalho infantil, numa visão que avalia a reprodução das famílias e o nascimento de crianças de categorias inferiores; a concepção de justiça meritocrática e formal, dando azo à reprodução do ciclo da pobreza; a justiça caritativa e o desenrolar de sua acepção em relação ao labor infantil e, por fim, trabalhar-se-á a perspectiva rawlsiana do ideal de justiça e sua aplicação ao trabalho na infância e adolescência. Fabiana Dantas Soares Alves da Mota 54 Feitas estas considerações, passemos a abordar a temática, perquirindo avançar na problemática do trabalho à vista das concepções de justo, de justiça, e da igualdade. 2 IMPORTÂNCIA DO DEBATE SOBRE O TRABALHO INFANTIL Para falar de trabalho infantil, importante conhecer, por primeiro, os conceitos das categorias nucleares do trabalho, como o que se estabelece como parâmetro para se falar em criança e adolescente, e o próprio conceito de trabalho infantil. Segundo o Professor Zéu Palmeira1, fala-se em trabalho infantil quando se tem uma prestação de serviço realizada por pessoas que, pelas condições socioambientais e fisiológicas que se antecipam ou que são simultâneas ao estágio da puberdade, encontram-se vulneráveis aos riscos sociais, que corriqueiramente resultam em danos à saúde e à integridade física, moral e psicossocial. Ademais, continua abordando os conceitos de criança, como pessoa humana que, entre o nascimento e o advento da puberdade, encontra-se em estágio de desenvolvimento. O adolescente, por sua vez, seria “a pessoa que, sob os aspectos psíquicos e fisiológicos, encontra-se em estado de amadurecimento e aprendizado a partir da puberdade”. Por oportuno, de se dizer que o Estatuto da Criança e do Adolescente qualifica criança a pessoa de até 12 anos incompletos, e o adolescente, a pessoa dos 12 aos 18 anos de idade. A Constituição Federal brasileira de 1988 contribui no sentido de ofertar proteção ao não permitir o trabalho ao menor de 16 anos, salvo na condição de 1 PALMEIRA SOBRINHO, Zéu. Acidente do trabalho: críticas e tendências. São Paulo : LTr, 2012, p. 365. Acesso à Justiça: Perspectivas Jusfilosoficas 55 aprendiz a partir de 14 anos. Há diplomas internacionais, a exemplo da Convenção 182 da OIT, que trata das piores formas de trabalho infantil, vão além ao considerar a criança toda pessoa menor de 18 anos de idade, ampliando a proteção sobremaneira. O debate sobre o trabalho infantil como tema sempre em evidência é uma querela que entristece, em que pese de inegável relevância. É aviltante a atual situação do labor infanto-juvenil no Brasil e no mundo. O que se vê são crianças em situação no mais das vezes impensáveis, inimagináveis para, por exemplo, o leitor, nas quais resta à criança a privação de lazer, da convivência familiar e comunitária, bem assim a evasão escolar, a exposição a acidentes e doenças, etc. Falar de trabalho infantil é superar o significado das palavras, é ir além de toda a estrutura pública existente, é atravessar o dito, e perquirir o não dito, o não pesquisado, o oculto, o que é triste, como o fato recente ocorrido em Juazeiro do Norte em 31 de julho do corrente ano, em que um menino de apenas 12 (doze) anos que fazia escavações junto a uma barreira veio a falecer a partir do desabamento da mesma sobre o infante. Em que pese, os esforços com auxílio de pás e enxadas retirando a areia no local onde o garoto trabalhava, foi realizada a sua retirada, mas, infelizmente, a criança veio a óbito.2 A problemática do labor infantil alcança inúmeras crianças, já que as estatísticas são ocultadas pela realidade, e precisa ser combatida, seja com políticas públicas efetivas, mas muito mais, precisa-se vislumbrar a necessidade de se colocar no lugar do outro, seja na concepção proposta por John Rawls, por meio do véu da 2 Disponível em:< http://www.massapeceara.com/2017/07/crianca-de-12-anos- morreu-soterrada-em.html> Acesso em: 04 Ago. 2017. Fabiana Dantas Soares Alves da Mota 56 ignorância3, seja por uma das propostas realizadas por Perelman, a exemplo da valoração ir ao encontro das necessidades do outro4. As dificuldades reconhecidamente são muitas, afinal, não chegamos sequer a um conceito comum e irrefutável do que venha a ser a própria justiça, considerada a virtude fonte de todas as outras, como lembra Perelman,5 mas felizmente é ínsito na própria natureza humana a noção do justo, na perspectiva de Rawls, do bem maior a ser valorado. Neste norte, trabalhar a criança, como ser individualmente complexo, de definição necessariamente afeta aos aspectos culturais, de crescimento e maturidade, de personalidade6, enfim, da mente da criança, bem assim a todo o ambiente em que vive, tudo deixa de ser tão relevante a partir do momento de que, nos dias atuais, é quase impossível não se reconhecer uma. Enfim, não é preciso ir aos diplomas normativos seja ele nacional ou internacional, amparados na cultura e na biologia, a exemplo do Estatuto da Criança e do Adolescente,7 que fala em criança como a pessoa com até 12 anos de idade incompletos ou de 3 RAWLS, John. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2008, passim 4 PERELMAN, Chaim. Ética e direito. Tradução Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão; [Revisão da tradução Eduardo Brandão]. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 10. 5 PERELMAN, Chaim. Ética e direito. Tradução Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão; [Revisão da tradução Eduardo Brandão]. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 7. 6 TUCHER, Nicholas. O que é uma criança? Tradução Paula Santa-Rita. Lisboa: Edições Salamandra, 1997. 7 BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: Lei federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Acesso à Justiça: Perspectivas Jusfilosoficas 57 Convenções Internacionais, como a 1828, que estipula a idade limite de 18 anos para se visualizar o que é uma criança e reconhecer o trabalho infantil. Ele existe, pode ser sentido, é injusto, e precisa ser conhecido e tratado. Nota-se sob a égide do atual governo um aumento do descaso com o tema, o que pode ser comprovado pelas mais recentes notícias sobre corte de verbas para continuação das políticas públicas então existentes e já defasadase desestimuladas, como a noticiada aos 24 dias do mês de julho deste ano, que anunciaram que os cortes vinculados ao Ministério ameaçariam a fiscalização do trabalho infantil9. Sendo o objeto do presente trabalho falar sobre os mitos e conceitos de justiça que permeiam as discussões atuais sobre o labor do infante, passemos a estudar o tema principalmente na vertente das teorias de Chaim Perelman e John Rawls. 3 OS MITOS COMO CONCEPÇÕES EXPLICATIVAS DO JUSTO O labor infantil conta hoje com certos mitos que se propõem a justificar uma justiça superficial, onde sequer se visualiza a justiça concreta e reflexiva, a exemplo de dizer que “é melhor trabalhar do que roubar”; “trabalhar não mata ninguém”; “é preciso trabalhar para ajudar a família”; “o trabalho enobrece”; “o trabalho traz futuro”, 8 OIT - ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Convenção nº 182 e Recomendação nº 190. Sobre proibição das piores formas de trabalho infantil e ação imediata para a sua eliminação. 9 Disponível em:<http://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/noticias/materias/cortes-no- ministerio-do-trabalho-ameacam-fiscalizacao-do-trabalho-infantil-diz-jornal/ Acesso em: 04 Ago. 2017. Fabiana Dantas Soares Alves da Mota 58 dentre outros corriqueiramente lembrados no dia-a-dia. Contudo, a lenda jamais seria aceita como verdade para criança que habita um lar sem necessidades não realizadas. As crianças que circundam nosso meio, em sua maioria, encontram-se estudando, aprendendo novas línguas, informática, brincando, participando de atividades lúdicas, jamais trabalhando, simplesmente por que o slogan “trabalhar não é coisa de criança” é por demais verídico e realista. Todavia, tal slogan parece não se aplicar a todo o universo infantil, já que se observa um número gigantesco e inexplicável de crianças trabalhando. O labor deste considerável número de crianças ainda é feito se utilizando de contextos de justo aplicáveis a infantes que nascem em lares pobres, a exemplo dos mencionados outrora, incompatíveis com a própria conceituação do que vem a ser uma criança, de modo a se nos obrigar a questionar, enfim, o que é a justiça aplicada ao labor infantil. Difícil falar de justiça sem que se deem conceitos bastante subjetivos e próprios de cada indivíduo, com diferentes contextos de vida e de experiência, sem olvidar as diversas concepções que merecem destaque, tais quais nomina Perelman, em sua obra Ética e Direito, como “a cada qual a mesma coisa”, “a cada qual segundo seus méritos”, “a cada qual segundo suas obras”, “a cada qual segundo suas necessidades” ou “a cada um segundo sua posição”, ou “a cada um segundo a que a lei lhe atribui”, conforme se aborda a seguir. A primeira delas, a cada qual a mesma coisa, advoga que todos devem ser tratados da mesma forma, independentemente de quaisquer especificidades; a segunda, a cada um segundo seus méritos, leva em consideração o merecimento das pessoas, mas como não se consegue Acesso à Justiça: Perspectivas Jusfilosoficas 59 afirmar com certeza o que é mérito e o que é demérito, a lacuna do que seria a atribuição justoa persiste. O conceito a cada qual segundo as suas obras, por sua vez, abandona o critério moral e se concentra nos resultados da ação, sendo despiciendo o esforço despendido na execução; a cada qual segundo suas necessidades, chega a se aproximar do que conhecemos como caridade, sendo tal assertiva contextualizada à proteção ao trabalhador e suprimento de suas necessidades essenciais. Em quinto lugar, tem-se a defesa aristocrática de se dar a cada qual segundo sua posição, a qual em contraponto à universalidade, trabalha com categorias contempladas diferentemente, cujo critério é eminentemente social e hereditário, portanto, de fácil reprodução, de modo que os superiores, se impõem sempre em face de categorias que são minorias. Por fim, ao analisar a última fórmula do conceito de justiça abordada por Perelman, tem-se que a cada um segundo o que a lei lhe atribui, e traduz-se em justo o que aplica às situações similares as mesmas leis, mas com as variantes de cada sistema jurídico, numa modalidade de justiça estática10, ao contrário das demais concepções, dinâmicas11. A Justiça formal, como “um princípio de ação segundo o qual os seres de uma mesma categoria essencial devem ser tratados da mesma forma”12 em que pese não se mostra suficiente para abarcar a problemática do trabalho infantil, mormente quando se levam em 10 Justiça estática é a observação da regra, sem quaisquer reservas, na concepção de Dupréel. 11 Justiça dinâmica é a concepção que traz consigo a possibilidade de modificação da regra. 12 PERELMAN, Chaim. Ética e direito. Tradução Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 19. Fabiana Dantas Soares Alves da Mota 60 consideração os diversos tipos de critérios utilizados para classificar as categorias de seres que devem ser considerados iguais, olvidando a maior delas, estar-se falando de “crianças”, de modo que, a exigência aristotélica de semelhança entre seres aos quais aplicar-se-ia a justiça, já restaria satisfeita por si só neste mero quesito, ser criança, não fossem as demais noções de justiça que irradiam para este conjunto. A partir destes conceitos, verifica-se que as fórmulas envolvem critérios de aplicação de justiça diferentes - e às vezes até, num primeiro olhar, discrepantes entre si, em que pese todas guardarem também a ideia de igualdade - opta-se, com base em Perelman, por conciliar as concepções de justiça mais correntes, como se propõe a partir de então, em busca de uma forma de se aplicar um critério justo à mais equânime possível aplicação do princípio da proteção. Em que pese a busca pela igualdade perfeita seja algo irrealizável, de Tourtoulon, citado por Perelman, advoga que não se pode deixar de lutar por ela, asseverando que uma igualdade parcial, seria mais fácil de perseguir, sendo possível encontrá-la quanto mais distante se ficasse do ideal de igualdade completa.13 A justiça formal vem assim a nascer, contudo, neste momento, entretanto, não são determinadas as categorias essenciais para a aplicação da justiça. Tais características que, por sinal, vão gerar um desacordo, vão surgir a partir do momento em que se busque a justiça concreta. Desse modo, trabalharemos em seguida algumas das concepções de justiça, seus mitos e suas verdades. 13 PERELMAN, Chaim. Ética e direito. Tradução Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 15. Acesso à Justiça: Perspectivas Jusfilosoficas 61 4 A JUSTIÇA ARISTOCRÁTICA E O TRABALHO INFANTIL: A REPRODUÇÃO DAS FAMÍLIAS E CRIANÇAS DE CATEGORIAS INFERIORES Há que se falar, por primeiro, que na justiça aristocrática se diz que a justiça é reconhecida a cada um conforme a sua posição social, desde que o tratamento igualitário se dê dentro daquela mesma categoria essencial. A justiça formal estaria representada sempre que as pessoas de uma mesma categoria chave fossem tratadas igualmente. Ocorre que determinadas castas eleitas como superiores, vem a gozar de mais direitos que as outras, menos favorecidas, de modo que o ditado noblesse oblige, se perde no subdesenvolvimento moral e econômico da sociedade. Nesse espeque, diz-se que a justiça é reconhecida a cada um conforme a sua posição social. Esse tipo de justiça compatibiliza-secom a desigualdade social, em que existem várias infâncias. Uma infância que, conforme a posição social da família, tem acesso à escola, à saúde, a atividades lúdicas, etc, ao passo que existe outra infância que é empurrada para a exploração da relação de trabalho, onde ao invés de bonecas e bolas, se vê nas mãos das crianças ferramentas, como enxadas, ou flanelas, sacos de lixo, foices, machados, dentre outros instrumentos correlatos com o labor desenvolvido. A procuradora do trabalho Jane Vilani, em artigo intitulado “A questão do trabalho infantil: mitos e verdades”, aponta onze mitos que se constituem em sustentáculos da defesa do labor infantil. Em consonância com a justiça aristocrática tem-se, por exemplo que “O trabalho tem de ser considerado um fator positivo no caso de crianças que, dada a sua situação econômica e social, vivem Fabiana Dantas Soares Alves da Mota 62 em condições de pobreza e de risco social.” ou “É bom a criança ajudar na economia da família, ajudando-a a sobreviver.” e, nesse mesmo norte, “Mentalidade econométrica, segundo a qual primeiro se deve investir na economia; depois no social; afinal, se a economia vai bem, automaticamente o social se incrementará!”14 A todos a Procuradora rechaça eficientemente com os argumentos da perpetuação da pobreza; do equívoco em se atribuir à criança uma responsabilidade que é do Estado, asseverando-se que tal encargo tem respaldo constitucional; e trazendo exemplos concretos de países que embasaram estudo da OIT no sentido de se priorizar a base social, a fim de se sustentar o crescimento econômico, mas não em detrimento do aspecto social. Ora, aqui vislumbra-se claramente o pensamento hodierno da sociedade brasileira. Crianças que nascem pobres, devem ser tratadas e permanecer pobres, a fim de justificar uma proposta de conceito de justiça que não alcança seu desiderato de contemplar o justo, porquanto não propicia a mudança deste paradigma de pobreza, já que aqui, não se vislumbram as mesmas chances às crianças de gozar das mesmas possibilidades de desenvolvimento e formação de seu intelecto. Nesse contexto, como o futuro adulto, poderia sair do campo, e tentar trabalho na cidade, se não teve acesso à escola, ou se sequer conheceu um livro, sabendo operar somente com a enxada? A partir desta condicionalidade socioeconômica é que se propaga a reprodução das famílias dos trabalhadores. 14 VILANI, J. A. J. S. A questão do trabalho infantil: mitos e verdades. Inclusão Social, v. 2, n. 1, p. 83-92, 2007. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/4421>. Acesso em: 04 Ago. 2017. Acesso à Justiça: Perspectivas Jusfilosoficas 63 5 A JUSTIÇA MERITOCRÁTICA Nessa forma de justiça, diz-se que a justiça deve ser atribuída a cada um consoante os seus méritos, observado o grau de merecimento de cada um. Todavia, deixa de perceber as nuances que circundam o alcance do mérito. O ideal de justiça distributiva proposto nesta concepção traz consigo a difícil tarefa de alcançar um mesmo grau de mérito, já que, segundo Perelman, “Não basta, para serem tratados da mesma forma, que dois seres tenham mérito: cumpre ainda que tenham esse mérito no mesmo grau.” Mais uma vez Vilani15 elenca como mitos, que acoplam à justiça distributiva, por exemplo, os seguintes mitos: “A causa da incorporação de crianças pelo mercado de trabalho é a precarização das relações de trabalho. Ora, o trabalho é formativo, uma escola de vida que torna o homem mais digno”; em seguida, “Criança que trabalha fica mais esperta, aprende a lutar pela vida e tem condição de vencer profissionalmente quando adulta.” e que “Criança trabalhadora é sinônimo de disciplina, seriedade e coragem; a que vive em vadiagem se torna preguiçosa, desonesta e desordeira.” Destaque-se, neste aspecto, o caráter competitivo e darwinista deste tipo de justiça. O labor infantil é uma injustiça por antecipação, na medida em que se torna uma inclusão excludente, à proporção que se inclui no trabalho, mas se exclui, ao criar a míngua de competitividade. 15 VILANI, J. A. J. S. A questão do trabalho infantil: mitos e verdades. Inclusão Social, v. 2, n. 1, p. 89, 2007. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/4421>. Acesso em: 04 Ago. 2017. Fabiana Dantas Soares Alves da Mota 64 A cada um deles se opõe a deformação que o trabalho infantil ocasiona, em seus aspectos fisiológicos e por que não acrescer os psicológicos, a ausência de qualificação que justifique a ascendência profissional, bem como o absenteísmo escolar e o menor tempo e disposição física para estudar. 16 Nesse ínterim, como pensar em atribuir o mesmo grau mérito a crianças e adolescentes que são precocemente integrados a uma realidade de infância que lhes empurra para uma empregabilidade prospecta, na qual já se sabe de antemão, será a perpetuação do labor já iniciado na infância, ao argumento de que, com base em um indutivismo e etnocentrismo despudorado, utiliza-se do mito de que se trabalhando desde a infância é onde se tem as melhores chances de crescimento, se dar azo ao sustentáculo de uma das maiores mazelas e fantasmas da infância atual. Cediço tratar-se de mitos, porquanto tem-se como mais certo serem casos isolados, utilizados como parâmetros inaceitáveis para defesa complacente pela sociedade do labor infanto-juvenil. O professor Zeú Palmeira Sobrinho lembra, neste particular, que o problema no que se refere ao indutivismo não é só o que se pretende demonstrar, mas sim o que o véu da tradição busca ofuscar, a própria realidade da exploração da força de trabalho infantil17. Todo este contexto somando ao patriarcalismo ainda muito forte na 16 VILANI, J. A. J. S. A questão do trabalho infantil: mitos e verdades. Inclusão Social, v. 2, n. 1, p. 89, 2007. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/4421>. Acesso em: 04 Ago. 2017. 17 PALMEIRA SOBRINHO, Zéu. O trabalho infantil sob a influência da retórica patriarcalista: o indutivismo e o etnocentrismo como argumentos culturalistas autoritários. Revista Interface da UFRN. Natal, RN, v. 3, n. 2, p. 52, 2016. ISSN: 2237-7506. Edição Especial. Disponível em: <https://ojs.ccsa.ufrn.br/ojs/index.php?journal=interface&page=article&op=view&p ath%5B%5D=704> Acesso em 20 jul. 2017. Acesso à Justiça: Perspectivas Jusfilosoficas 65 sociedade brasileira, inviabiliza, de todo modo, a se falar em uma justiça distributiva quando se pensa em trabalho infantil, pois neste passo, não há como se falar em grau igualitário mérito. 6 A JUSTIÇA FORMAL: A REPRODUÇÃO DO CICLO INTERGERACIONAL DA POBREZA Nesta concepção de justiça, a que difere de quaisquer das anteriores, por ser puramente igualitária, sem guardar quaisquer proporções ou outras considerações circunstanciais aos seres a ser aplicada poderia ser elevada à justiça perfeita, já que a classe a ser adotada seria unicamente a de “homens”, sem distinção. A justiça formal, desse modo, enquanto uma de suas definições, consiste em “observar uma regra que enuncia a obrigação de tratar de uma certa maneira todos os seres de uma determinada categoria”18. No ponto, assevere-se, irrealizável, portanto, ao passo em que se arbitram categorias dentro desta, sejam elas quais forem, de modo que, uma vez mais, se observam os preceitos de justiça a categorias determinadas de forma arbitrária, dentro de uma classe, como se via outrora em Esparta,com os privilégios da aristocracia, e hoje bem perto de nós, no Brasil. De modo que, Perelman lembra o lado oposto desta proposta, ao passo em que os ideais humanitários são totalmente distorcidos a fim de favorecer membros de uma determinada categoria, de modo passe a valer que “a cada membro da mesma categoria essencial, a mesma coisa”19, já que a própria concepção de justiça se rende a valores que remetem à justiça concreta, a qual, por sua vez, atrela-se a 18 PERELMAN, Chaim. Ética e direito. Tradução Maria Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo : Martins Fontes, 2005, p. 45. 19 Ibidem, p. 21. Fabiana Dantas Soares Alves da Mota 66 uma visão particular do universo, a partir de que o olhar se voltar para esta ou aquela característica atribuída como essencial. Os trajetos traçados pela justiça formal nos obrigam necessariamente a não acatá-la cegamente, pois, em que pese ser clara e precisa e seu caráter racional ser evidentemente posto em relevo, nos inquieta constantemente. A fórmula da justiça concreta, portanto, é a que nos permite atribuir o critério que nos fará classificar qual ser faz parte de que categoria essencial, só por meio dela se poderá perquirir a forma pela qual cada membro deve ser tratado, pois que a justiça formal não nos leva tão longe a ponto de se perseguir o justo, ou optar pela aplicação de uma regra justa. Nesse sentido, Perelman aduz que os próprios leitores não se contentam com este sentido de justiça, já que verão que a justiça formal não passa de uma formula vazia, cujo conteúdo é conferido, a posteriori, por um dos ideais de justiça concreta20. Contextualizando, ter-se-ia o mito trabalhado pela Procuradora Vilani, de que “É natural que as crianças trabalhem com os pais, aprendendo um ofício; é natural que os pais levem seus filhos para seu local de trabalho quando não têm onde deixá-las, ainda que seja uma carvoaria ou um lixão!”21 Ora, pro primeiro, a criança não estaria aprendendo nenhum ofício, sequer aprendizagem tem como caracterizar. Ademais, para valer como verdade o argumento supra, ter-se-ia que aplicar-se a todos igualmente, de modo que, totalmente refutável frente ao fato que jamais um empresário, médico ou advogado, vai deixar de ter seu filho 20 Ibidem, p. 50. 21 VILANI, J. A. J. S. A questão do trabalho infantil: mitos e verdades. Inclusão Social, v. 2, n. 1, p. 83-92, 2007. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/4421>. Acesso em: 04 Ago. 2017. Acesso à Justiça: Perspectivas Jusfilosoficas 67 em uma boa escola a optar por levá-lo consigo para o trabalho, por mais conforto que fornecesse o seu local laboral. Segundo a premissa da justiça formal, deve ser dado a cada um o que o direito lhe atribui. A falta de efetividade do artigo 227, da constituição Cidadã de 1988, resta à criança e ao adolescente pobres a miséria. É essa a Justiça que Anatole France descreveu em seu livro “Jardim de Epicuro”, uma justiça formal é aquela que dá ao pobre a pobreza e ao rico a riqueza, nada mais. É por meio desta visão que, como bem coloca a Procuradora do Trabalho Jane Aráujo dos Santos Vilani, observa-se a perpetuação da pobreza das famílias e de suas futuras gerações. 7 A JUSTIÇA CARITATIVA: UMA POLÍTICA POBRE PARA AS CRIANÇAS POBRES A justiça caritativa é baseada na máxima de que o direito deve atribuir a cada um conforme as suas necessidades, mas as essenciais, pelas quais a própria sociedade seria responsável, o que, por si só, já se leva a questões de que necessidades essenciais se está falando. De se dizer que aqui, não se busca perquirir as necessidades enquanto individualizadas, a atender o alcance psicológico destas, mas as necessidades que se mostrem imprescindíveis e hierarquizadas dentro do contexto do que seria o justo, a fim de se distanciar do conceito de caridade, seria, como associa Perelman, “o mínimo vital.” 22 Argumenta-se manter-se o foco nas necessidades essenciais da categoria enquanto exigências do ser humano em geral, porquanto ir além significa ultrapassar os muros da justiça e chegar à caridade. Esta 22 PERELMAN, Chaim. Ética e direito. Tradução Maria Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo : Martins Fontes, 2005, p. 26. Fabiana Dantas Soares Alves da Mota 68 sim, olha o ser individualmente e considera suas características e necessidades próprias e, portanto, deve ser rechaçada. Nesta concepção, somente se chega, como dito, ao mínimo para sobreviver. Contudo, é a necessidade de se buscar uma justiça social baseada nas reais necessidades dos seres, bem assim na obrigatoriedade de se chamar a suprir tais penúrias a sociedade e o próprio Estado anseia por emergir. A justiça caritativa de baixa intensidade está baseada numa política-placebo que não rompe as estruturas de exploração, mas submerge a realidade hoje crescente, de busca pela justiça como um valor universal. Dentro deste contexto, surge o mito, segundo Jane Vilani de que “É melhor a criança trabalhar do que ficar na rua, exposta ao crime e aos maus-costumes.” Que necessidades supridas são estas ???. A criança vem a pagar por este mito, na maioria das vezes, com o próprio corpo.23 Outro mito que merece destaque, lembra Vilani, “Trabalhar educa o caráter da criança, é um valor ético e moral. É melhor ganhar uns trocados, aproveitar o tempo com algo útil, pois o trabalho é bom por natureza”, ao passo que contra argumenta no sentido do próprio conceito de infância, do organismo em formação, da prioridade que dever-se-ia observar da frequência à escola, do tempo de brincar e de aprender24. Por fim, e este o mais sério de todos, exsurge o mito de que o “O Estatuto da Criança e do Adolescente é uma utopia e está dissociado da realidade brasileira; é preciso adaptá-lo às reais 23 VILANI, J. A. J. S. A questão do trabalho infantil: mitos e verdades. Inclusão Social, v. 2, n. 1, p. 88, 2007. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/4421>. Acesso em: 04 Ago. 2017. 24 Ibidem, p. 88-89. Acesso à Justiça: Perspectivas Jusfilosoficas 69 condições sociais e econômicas do país”. Aqui, aduz a Procuradora, não se pode olvidar e dissociar tal questão do olhar com enfoque nos direitos humanos, fundamentais, que são inegociáveis e inalienáveis25, sendo obrigação da sociedade como um todo chamar para si a problemática e tratar de implementar e estender a todas as crianças o sistema protetivo constitucional e legal, a exemplo do próprio ECA. De se dizer, ainda, que qualquer das noções de justiça pelas quais se possa optar vai nos levar à única conclusão da necessidade de implementação de políticas públicas no sentido de equalizar as oportunidades a todas as crianças, como categoria essencial especial que é, sem se perquirir sua origem, cor, raça ou meio social em que vive, mas simplesmente, adotar atitudes que viabilizem essa isonomia. Sem ela, a sociedade não cresce, não evolui, nem dentro nem fora do conceito de igualdade-caridade que poderia perfeitamente se aplicar a situação. Os estudos das organizações internacionais e nacionais estão aí para comprovar, a indissociabilidade entre o crescimento econômico e social, um sem o outro, favorece uma evolução injusta, escura, a custa do suor de crianças que, mais tarde, não terão como contribuir com o país, porque ceifadas desta possibilidade, a si, suas famílias, e as geraçõesvindouras. 8 PENSANDO A INFÂNCIA COMO UMA CATEGORIA IDEAL RAWLSNIANA Se para John Rawls, que defende a insuficiência da justiça formal, uma forma de compreender a justiça é problematizá-la na sua gênese à luz da equidade, tal modelo compreensivo serve como ponto 25 Ibidem, p. 89. Fabiana Dantas Soares Alves da Mota 70 de referência para se questionar a criança e o trabalho infantil sobre a perspectiva da equidade e do véu da ignorância. A posição original, proposta de forma hipotética pelo autor como forma de se chegar a uma concepção de justiça ideal seria a partindo de uma suposição no sentido de que “ninguém conhece seu lugar na sociedade, a posição de sua classe ou o status social e ninguém conhece sua sorte na distribuição de dotes e habilidades naturais, sua inteligência, força e coisas semelhantes.”26 O autor propõe, nesse ínterim, para se chegar a escolha dos princípios de justiça, utilizar-se de um véu da ignorância, como ajuste equitativo, a fim de se garantir que não haveriam favorecimentos a partir da posição original. Esse desafio levaria o leitor à seguinte indagação: o que uma sociedade que criada, não sabe qual será a sua biografia e que está no seu nascedouro, e que precisa firmar um contrato social poderia formular como proposta de futuro para as suas crianças e adolescentes? Caso se partisse do pressuposto de que todos os adultos dessa sociedade em construção não soubessem antecipadamente qual seria a condição socioeconômica de suas famílias no decorrer do desenvolvimento do seu modelo societal, surge a indagação: como esses cidadãos, protagonistas de um modelo normogenético, fixariam as regras e princípios para disciplinar um contrato social sobre a infância e a adolescência? Se cada legislador-cidadão não sabe se será rico ou não, se terá poder político ou não, se será integrante de minoria ou não, então 26 RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. Tradução: Jussara Simões. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008, p. 15. Acesso à Justiça: Perspectivas Jusfilosoficas 71 certamente o destino de cada criança e adolescente seria pensado e elaborado a partir de uma posição original de equidade. A posição original de equidade tende a levar cada legislador- cidadão a atuar como construtor racional do destino não apenas de alguém que lhe será estranho, mas também de alguém que vê o seu próprio filho. O legislador-cidadão fará, por meio do contrato social uma escolha política: se quer uma infância com lazer, esportes, imaginação, saúde, convivência familiar e comunitária ou se quer uma infância marcada pelos riscos de acidentes de trabalho, evasão escolar, privação de lazer, ausência de convívio normal com a família, suscetibilidade de abusos, dentre tantos outros males trazidos pelo labor em tempo inoportuno. O contrato hipotético de Rawls leva o legislador cidadão a partir de uma posição de equidade e a refletir sobre os parâmetros morais do contrato social. A despeito de uma moral recheada de boas intenções, a proposta de John Rawls confunde o modelo normativo com o modelo de realidade, caindo no automatismo de que basta um modelo normativo de sociedade que se chegará à sociedade modelo. O problema é que a teoria de Rawls protagoniza a esfera de um indivíduo que pensa para si, mas a teoria não reflete na perspectiva do indivíduo concreta, em situação de desigualdade. Contudo, a teoria traz relevante contribuição no que aduz com a regra do maximin, porquanto esta apregoa maximizar a pior situação, pensando em si e em sua família, de modo que, ainda que egoisticamente, estar-se-ia buscando a melhor situação, ainda que dentre as opções se apresentam no momento não seja a ideal, é o exemplo da própria política de aprendizagem, ou do bolsa escola, que não é a política ideal, não é a melhor política, mas é, dentre as atuais, Fabiana Dantas Soares Alves da Mota 72 as que tiram o trabalhador infantil da situação precária em que labora, não fosse a regularização da aprendizagem 9 CONCLUSÃO Falar de justiça é complicado, mas não procurar uma forma de justiça a aplicar a situação do labor infantil é mais ainda. Fechar os olhos a uma realidade que grita todos os dias por socorro em nossos ouvidos é indesculpável. Deixar de procurar meios de ver o sorriso de crianças em lugar de lágrimas, mãos sujas e calejadas e até morte, não é opção. Chaim Perelman lembra em sua obra da regra áurea que se propaga através dos tempos de que deve-se tratar os outros como a sim mesmo, o que pode parecer difícil quando se discute a gravidade do trabalho frente aos mitos que se cria para justificá-lo. Todavia, no decorrer deste texto, procurou-se enfrentá-los. Para tanto, ousou-se travar a batalha a partir da conjugação das concepções de justiça trazidas por Perelman, e, ao final, por Rawls. Constatou-se possível fazer o enfrentamento, já que não é justo atribuir a criança uma responsabilidade que não é sua, em que pese mais fácil, pois indefesas e imaturas e vulneráveis o suficiente para deixar de entender as consequências que o labor infantil trará em suas vidas futuras. Nesse espeque, rebateu-se cada um dos mitos hoje associados ao trabalho infantil a partir de uma das concepções de justiça trazidas na obra de Chaim Perelman, Ética e direito, extraindo de cada uma delas argumentos de enfrentamento de cada um dos mitos, donde se viu que nenhum dos mitos que advogam em favor do labor infantil conseguiu se sustentar. Acesso à Justiça: Perspectivas Jusfilosoficas 73 Ademais, avocou-se a teoria da Justiça advogada por Rawls, a qual se constrói no sentido de da busca por uma posição original, onde o consenso é obtido por meio de uma neutralidade oriunda do “véu de ignorância” a que todos estariam submetidos. Vestir-se-ia este véu, a fim de que se encobrissem as particularidades de cada um, de forma que, face a face com a demanda a ser decidida, ninguém soubesse que posição social viria a ocupar na sociedade futura, a fim de que se decidisse a forma mais justa de partilha dos “bens sociais básicos”. Perseguindo este objeto maior que seria a justiça ideal, Rawls busca estudar a constituição do eu desvinculado. Desse modo, o autor sugere o desinteresse mútuo, porquanto a posição original fornece uma autonomia no sentido de se pensar não nos outros, mas em si mesmo (para se alcançar um conceito de bem comum). É ficção, mas uma ficção bem vinda quando se persegue a melhor forma de ver o que é justo para o outro, partindo-se de uma neutralidade relativa e permissiva, à proporção que os princípios (princípio da igualdade/liberdade; princípio da igualdade equitativa de oportunidade e princípio da diferença) são escolhidos a partir do critério que possibilita o que Rawls nomina de máximo do mínimo, de modo que uma pessoa que esteja em pior situação, ainda esteja na melhor situação possível. Diante do exposto, o que fica é o convite a cada um, para se pensar, a partir da perspectiva do legislador-cidadão, sob o véu da ignorância, sem saber quem amanhã estará na condição de labor infantil, se seu filho ou um desconhecido, perseguir alternativas político-sociais de enfrentamento do trabalho infantil, a fim de frear esta mazela que ainda alcança o sonho de tantas famílias no Brasil e no mundo. Fabiana Dantas Soares Alves da Mota 74 REFERÊNCIAS CORTES em ministério ameaçam fiscalização do trabalho infantil, diz jornal. 2017.Disponível em: <http://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/noticias/materias/c ortes-no-ministerio-do-trabalho-ameacam-fiscalizacao-do- trabalho-infantil-diz-jornal/>. Acesso em: 04 ago. 2017. OLIVEIRA, Davi (Ed.). Ações de combate ao trabalho escravo e infantil vão continuar, garante ministro. 2017. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos- humanos/noticia/2017-07/acoes-de-combate-ao-trabalho- escravo-e-infantil-vao-continuar>. Acesso em: 04 ago. 2017. PERELMAN, Chaim. Ética e direito. Tradução Maria Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 2006. RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. Tradução: Jussara Simões. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008. PALMEIRAS SOBRINHO, Zéu. Acidente do trabalho: críticas e tendências. São Paulo: LTr, 2012 PALMEIRA SOBRINHO, Zéu. O trabalho infantil sob a influência da retórica patriarcalista: o indutivismo e o etnocentrismo como argumentos culturalistas autoritários. Revista Interface da UFRN. Natal, RN, v. 3, n. 2, p. 51-69, 2016. ISSN: 2237-7506. Edição Especial. Disponível em: <https://ojs.ccsa.ufrn.br/ojs/index.php?journal=interface&page=articl e&op=view&path%5B%5D=704> Acesso em 20 jul. 2017. TENÓRIO, Demontier. Criança de 12 anos morreu soterrada em Juazeiro do Norte. 2017. Disponível em: <http://www.massapeceara.com/2017/07/crianca-de-12-anos- morreu-soterrada-em.html>. Acesso em: 04 ago. 2017. TUCHER, Nicholas. O que é uma criança? 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