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Terceiro Setor e Serviço Social

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FACIG - POLO SOLANEA
O TERCEIRO SETOR E O SERVIÇO SOCIAL 
ANACIR DE CASTRO FIDELIS
SOLÂNEA-PB
2017
INTRODUÇÃO
 Este trabalho tem por finalidade apresentar a relação entre o “terceiro setor” e o Serviço Social, sua conjuntura nas esferas do projeto Ético- Político da profissão. Visando entender as dificuldades e vantagens encontradas no âmbito da sociedade atual. Semelhantemente saber que, o “terceiro setor” composto pelas organizações não governamentais (ONGs, fundações, instituições filantrópicas... etc.) assumi importante papel na chamada insuficiência da diferença. Uma vez que ao termos o primeiro setor (o Estado) e o segundo setor (o privado) e ambos não correspondem as necessidades das demandas sociais. 
 	O terceiro setor mostra-se como suporte na saída para as demandas sociais, pelo fato de ser conhecido como entidades “sem fins lucrativos” não visando lucros, tendo por propósito central a solução das questões sociais. Buscaremos compreender de forma mais clara, dilemas e contradições postas ao Assistente Social nas instituições que “integram” o terceiro setor, dando atenção especial as questões sociais diante o forte sistema capitalista. 
 	E por fim, destacaremos a construção do projeto-Ético-político do Serviço Social (PEPSS) no seu campo de atuação, objetivando a superação dos desafios para a intervenção profissional no terceiro setor.
Desmistificando o terceiro setor
 	No Brasil o chamado terceiro setor surge na década de 70, intuitivamente para atender as demandas sociais, a qual o estado não conseguia remediar. Partindo do princípio de solidariedade, intermediado por entidades de interesse social.
 	Presumido da análise Neoliberal, o “terceiro setor” coexiste com os outros dois setores e é diante este fato que MONTAÑO (2007) faz uma alerta: 
Quando os teóricos do “terceiro setor” entendem este conceito como superador da dicotomia público/privado, este é verdadeiramente o “terceiro setor”, após o Estado e o mercado, primeiro e segundo respectivamente; o desenvolvimento de um “novo” setor que viria dar as respostas que supostamente o Estado já não pode dar e que o mercado não procura dar. Porém, ao considerar o “terceiro setor” como sociedade civil, historicamente ele deveria aparecer como o “primeiro”. Esta falta de rigor só é desimportante para quem não tiver a história como parâmetro da teoria.
 		O “terceiro Setor”, segundo MONTAÑO (2007) concentra-se em estudar de forma desarticulada a totalidade social). 
 	Vale evidenciar que há uma certa contradição encontrada no terceiro setor, quando instituições denominadas de Organizações Não-Governamentais (ONGs) ou as sem fins lucrativos acabam recebendo financiamento do próprio Estado, ou de grandes empresas. Surge a grande questão em si: Se já temos o primeiro e o segundo setor, que subjetivamente almejam interesses individuais e coletivos, qual real interesse de se articular surgimento de um novo setor?
 	Posicionando os interesses das questões sociais percebe-se a necessidade do surgimento do terceiro setor, mediante a falta de efetivação do Estado de garantir Políticas Públicas para a sociedade que dela necessite. E diante o enfraquecimento das políticas sociais, com a privatização das organizações estatais, do enxugamento dos gastos públicos, todos inseridos no ideal liberal. Diante à crise do Estado, a escassez de recursos, formulou-se uma nova questão social, o que justifica essa nova forma de responder as suas refrações.
 	Porém, a questão social, “Que expressa a contradição capital-trabalho, as lutas de classe, a desigualdade de participação, da distribuição de riqueza social” (MONTAÑO, 2007. P, 487) continua inalterada.
A atuação do Assistente Social no Terceiro Setor
 	A atuação do profissional de Serviço Social nas diversificadas instituições que compõem o terceiro setor, caracteriza-se pela necessidade de dar respostas as expressões da questão social. Assim o Assistente social insere-se no contexto que busca mediar a relação Capital/trabalho (onde encontra se o Cirne da questão social). “O trabalho do Assistente Social “passa a ter”, portanto, sentidos e resultados sociais bem distintos, o que altera o significado social do trabalho técnico- profissional, bem como ainda seu nível de abrangência” (ALENCAR, 2009, p, 458.).
 	Se dará mediante o desenvolvimento da filantropia, tendo em vista, a filantropização se configura como uma das “novas” formas de intervir na questão social. Montaño critica o fato da ocultação do fenômeno da desresponsabilização estatal as sequelas da questão social, deixando a população a mercê de atendimento e serviços prestados pelas diversas e distintas organizações da sociedade civil.
 	Dentre as atividades desenvolvidas pelos Assistentes Sociais nessas instituições, destacamos os encaminhamentos de usuários. E acontecem através de parceria entre entidades filantrópicas e o Estado a qual não acontece de forma neutra, trazendo interesses que produzem, a polarização na sociedade em que “reforça-se o desenvolvimento da coesão social, da complementaridade entre as classes da unidade, entre capital e trabalho, entre Estado e sociedade civil, (IAMAMOTO, 2009, p, 139). Nesta visão a questão social é tratada “Como um todo indiferenciado, obscurecendo seu caráter de classe” (Idem).
 	Neste contexto o profissional de Serviço Social deve buscar por meio da qualificação, do conhecimento e análise crítica da realidade, estratégias que o possibilite enfrentar o projeto neoliberal, a fim de legitimar-se mediante a tendência devastadora da “área social” “nisso estão jogadas todos as cartas, para a profissão e para os setores subalternos da sociedade” (MONTAÑO 1999, p. 75). 
 	Enfatizamos a importância do projeto Ético-Político do Serviço Social (PEPSS) como baliza de sustentação as ações voltadas para a classe menos favorecida. Consolidados nas décadas de 1980 e 1990, o PEPSS, constata-se a ruptura com o conservadorismo profissional, instaurando-se o pluralismo político na profissão. E para responder as expressões da questão social na contemporaneidade não se pode prescindir dessa visão na realidade. O projeto crítico do Serviço Social, contendo três dimensões: os instrumentos normativos da profissão; Código de Ética profissional; lei de Regulamentação e Diretrizes Curriculares. Tendo em vista que, embora o cotidiano de trabalho se apresentem aspectos que por vezes inviabilizem a ação profissional, a criatividade, o comportamento profissional, bem como a capacidade de reconhecimento crítico da realidade.
CONCLUSÃO
 	O desenvolvimento deste seminário teve por finalidade fomentar discussões que decorrem no contexto do terceiro setor, de forma peculiar para o Serviço social. Focamos algumas considerações de modo próprio, salientando que situar as vertentes que envolvem, na contemporaneidade o Serviço Social, na esfera do terceiro setor, se faz de suma importância, pois tais espaços requer a intervenção de profissionais que possuem como objeto de intervenção as múltiplas expressões da questão social. 
 	Inferimos que os espaços que o fundem no terceiro setor, se mostram de forma contraditória ao Serviço social, pelos interesses de classe. Conquanto é de suma importância que tais espaços sejam ocupados por profissionais, longe de adotar lógica burguesa na sociedade, mas que, busquem através da efetivação de um projeto profissional critico responder os sinais da questão social, de forma que as ações visem a emancipação política dos sujeitos.
Referências
ALENCAR, Monica. O trabalho do Assistente Social nas organizações privadas não lucrativas. In: Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFERSS/ABEPSS, 2009.
IAMAMOTO, Marilda Vilela. O serviço Social na Contemporaneidade: trabalho eformação profissional. São Paulo: Cortez, 2009.
MONTAÑO, Carlos Eduardo. Das “logicas do Estado” às “lógicas da Sociedade Civil” Estado e “terceiro setor” em questão. In: Revista Serviço Social e Sociedade Nº 59. São Paulo, Cortez, 1997.
________. Terceiro SETOR E Questão Social: crítica ao padrão emergente de intervenção social. 4. Ed. São Paulo: Cortez, 2007.

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