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LIVRO BASE S.S CONTEMPORÃNEO

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Serviço Social 
Contemporâneo
???????????
Serviço Social 
Contemporâneo
Organizado por Universidade Luterana do Brasil
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA
Canoas, RS
2016
Ângela Maria Pereira da Silva
Arno Vorpagel Scheunemann 
Caroline Fernanda Santos da Silva
Giovane Scherer
Lourenço Brito Felin
Lúcia Cristina Delgado Capitão
Sílvia Regina Silveira
Conselho Editorial EAD
Andréa de Azevedo Eick
Ângela da Rocha Rolla
Astomiro Romais
Claudiane Ramos Furtado
Dóris Gedrat
Honor de Almeida Neto
Maria Cleidia Klein Oliveira
Maria Lizete Schneider
Luiz Carlos Specht Filho
Vinicius Martins Flores
Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. 
Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores 
a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida 
por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da 
ULBRA.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei 
nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal.
ISBN: 978-85-5639-176-6
Dados técnicos do livro
Diagramação: Samanta Feldens Gerhardt
Revisão: Paula Fernanda Malaszkiewicz e Ane Sefrin Arduim
Serviço Social Contemporâneo compreende movimentos sociais e Ter-ceiro Setor, residência multiprofissional em saúde, Responsabilidade 
Social, marketing social e balanço social como demandas para a assesso-
ria e a consultoria em Serviço Social, bem como o planejamento e a gestão 
da carreira profissional.
A abordagem dessas temáticas acontecerá ao longo de dez capítulos. 
O primeiro capítulo refletirá as metamorfoses no mundo do trabalho e o 
impacto no cotidiano dos assistentes sociais; o perfil do profissional no 
Serviço Social na atualidade; as competências e as exigências do assistente 
social do século XXI; a gestão da carreira profissional na perspectiva da 
educação continuada.
O segundo capítulo se ocupará com os movimentos sociais e o Ter-
ceiro Setor, destacando aspectos relacionados com a prática profissional 
do Serviço Social. Na primeira parte, discutirá os movimentos sociais na 
história recente da sociedade brasileira e, em seguida, os desafios impostos 
pelos novos movimentos sociais à prática profissional. Na segunda parte, 
refletirá sobre as organizações não governamentais, apresentando a defi-
nição, alguns conceitos e as principais características. O Capítulo 3 focará 
o Serviço Social na educação, refletindo a conceituação, os fundamentos 
e a legislação.
O Capítulo 4 abordará a Responsabilidade Social: histórico, conceitu-
ação e gestão da Responsabilidade Social nas organizações e os desafios 
postos ao processo de trabalho do assistente social. Esta abordagem se 
dará sob os seguintes itens: surgimento e evolução da Responsabilidade 
Social; conceitos e consensos sobre a Responsabilidade Social; gestão da 
Responsabilidade Social nas organizações; Responsabilidade Social e Ser-
Apresentação
Apresentação v
viço Social. O Capítulo 5 refletirá o Balanço Social, destacando o histórico 
e a contextualização do mesmo, bem como a sua constituição como de-
manda emergente para o Serviço Social e orientações e modelos para sua 
elaboração.
O Capítulo 6 se ocupará com uma demanda relativamente recente no 
Serviço Social: a residência multiprofissional em saúde. Para tanto, des-
tacará a educação permanente na Saúde e no Serviço Social; a inserção 
do Serviço Social no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde. 
O Capítulo 7 refletirá o Serviço Social no âmbito sociojurídico, que se 
apresenta como uma área de trabalho especializado nas manifestações da 
questão social. Como tal, apresenta diferentes espaços de trabalho para 
assistentes sociais.
O Capítulo 8 refletirá a perícia social como especificidade do assistente 
social. Começará situando a perícia social e suas características e finalizará 
clarificando procedimentos para sistematização desta prática profissional. 
O Capítulo 9 terá como objeto o planejamento e a gestão da carreira 
profissional, abordando competência profissional, planejamento e gestão 
da carreira profissional e a gestão da vida pessoal. Por fim, o Capítulo 
10 aborda o assessoramento no processo de transição de carreira como 
uma nova possibilidade de trabalho para o assistente social, conceitua a 
transição na trajetória de vida dos sujeitos e analisa possíveis estratégias 
de intervenção, com foco na mudança de carreira profissional, refletindo 
sobre programas de pré-aposentadoria..
Serviço Social Contemporâneo implica o acontecer simultâneo do devir 
histórico e do exercício profissional. Essa simultaneidade coloca o desafio 
de compreender os dados históricos na mesma velocidade em que os mes-
mos acontecem e, ao mesmo tempo, “pensar” a intervenção. As reflexões 
que compõem este livro se constituem como referência qualificada para 
esta simultaneidade contemporânea da prática profissional.
Arno Vorpagel Scheunemann
Ângela Maria Pereira da Silva
Mestre em Serviço Social. Especialista em Gestão do Capital Humano. 
Assistente social do Centro Jacobina – Atendimento e Apoio à Mulher e 
docente do curso de Serviço Social – Modalidade Educação a Distância na 
Universidade Luterana do Brasil.
Arno Vorpagel Scheunemann 
Bacharel em Serviço Social (1994) e Teologia (1988). Doutor em Teo-
logia Prática: aconselhamento (2000). Professor de graduação e de pós-
-graduação em Serviço Social na ULBRA/ Canoas, RS. Coordenador do 
curso de Serviço Social EAD-ULBRA.
Caroline Fernanda Santos da Silva
Assistente social, mestre em Serviço Social e especialista em relações 
raciais e de gênero. Professora adjunta do curso de Serviço Social da Uni-
versidade Luterana do Brasil – ULBRA Campus Canoas, RS.
Giovane Scherer
Doutor em Serviço Social. Professor de graduação e pós-graduação 
em Serviço Social na PUCRS.
Sobre o Autor
Sobre o Autor vii
Lourenço Brito Felin
Mestre em Serviço Social. Professor do curso de Serviço Social da UL-
BRA.
Lúcia Cristina Delgado Capitão
Mestre em Serviço Social pela PUCRS. Professora do curso de Serviço 
Social da ULBRA.
Sílvia Regina Silveira
Assistente Social atuante na Política de Educação. Mestre em Serviço 
Social e Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Serviço Social 
PUC/RS.
 1 Transformações Societárias, Reestruturação Produtiva e a 
Emergência de Novas Competências, Espaços Ocupacionais e 
Relações de Trabalho ............................................................1
 2 Movimentos Sociais e Terceiro Setor: Aspectos Relacionados 
com a Prática Profissional do Serviço Social .........................27
 3 Serviço Social na Educação .................................................55
 4 Responsabilidade Social: Histórico, Conceituação e Gestão 
da Responsabilidade Social nas Organizações e os Desafios 
Postos ao Processo de Trabalho do Assistente Social ............76
 5 Balanço Social – Metodologia para sua Elaboração ...........101
 6 Considerações sobre a inserção do serviço social nos 
programas de residência multiprofissional em saúde .........125
 7 O Serviço Social no Âmbito Sociojurídico...........................147
 8 Perícia Social como Especificidade do Serviço Social ..........166
 9 Planejamento e Gestão da Carreira Profissional ................188
 10 Transição de Carreiras: Uma Demanda para o 
Serviço Social ...................................................................219
Sumário
Giovane Scherer1
Capítulo 1
Transformações 
Societárias, 
Reestruturação Produtiva 
e a Emergência de 
Novas Competências, 
Espaços Ocupacionais e 
Relações de Trabalho
1Doutor em Serviço Social. Professor de graduação e pós-graduação em Serviço 
Social na PUCRS.
2 Serviço Social Contemporâneo
Introdução
Quem sabe o que está buscando e aonde quer chegar, 
encontra o caminho certo e o jeito de caminhar. 
Thiago de Mello
Para que se possa compreender a prática do assistente social 
na atualidade, faz-se necessário ampliar o olhar e buscar 
compreender os processos históricos de metamorfoses do 
mundo do trabalho, uma vez que este profissionalse encontra 
inserido na divisão social e técnica do trabalho e acaba 
sofrendo os impactos que vêm ocorrendo ao longo da história 
nas formas de organização da sociedade. As mudanças que 
ocorreram no palco da sociedade não são cristalizadas, mas 
estão acontecendo a cada dia no nosso meio, e nós estamos 
sendo constantemente afetados por elas; conforme afirma 
Bauman (2000), nosso tempo é um tempo líquido/fluido, 
que não tem uma dimensão espacial clara, isso é, somos 
constantemente “respingados” por gotas do passado, somos 
diretamente afetados pelas transformações de outrora. 
Com isso, é necessária uma releitura do terreno socio-
histórico das formas de produção até os dias atuais, em que 
as metamorfoses no crivo do mundo do trabalho impactam 
diretamente os profissionais de Serviço Social. Dessa forma, 
o presente capítulo abordará os modelos de produção que 
regularam a economia, quais sejam, binômio Fordismo/
Taylorismo, o modelo japonês Toyotismo, e as repercussões 
para os assistentes sociais diante destas mudanças societárias. 
Neste contexto, será dada visibilidade à discussão referente 
Capítulo 1 Transformações Societárias, Reestruturação... 3
às formas de como o assistente social se posiciona frente a 
demandas complexificadas da atualidade, dando destaque 
para o perfil do profissional de Serviço Social no século XXI, 
bem como à importância da gestão da carreira do assistente 
social e do processo de educação continuada. 
1 As metamorfoses no mundo do trabalho 
e o impacto para os profissionais de 
Serviço Social
Nos últimos séculos, o mundo experimentou mudanças 
radicais que deram outra configuração nas relações 
econômicas, culturais e sociais. Estas transformações 
ocorreram principalmente após o século XVIII, quando entram 
em cena as grandes revoluções da humanidade – Revolução 
Francesa, Revolução Gloriosa e Revolução Industrial –, que 
representaram um marco na história da humanidade, pois 
passaram a instaurar o modo de produção capitalista, a qual 
afetaria a vida das pessoas de uma forma ampla e complexa. 
O sistema econômico, antes baseado na agricultura, foi 
substituído pela industrialização, que se baseia na produção 
em grande escala e na valorização do capital. Quem possui o 
capital se apropria dos meios de produção, o que significa que 
eles compram, com salários, a força de trabalho daqueles que 
passam a depender da venda de sua mão de obra. 
Inicialmente, nas grandes indústrias, o modelo de produção 
utilizado pelas empresas era o chamado binômio Fordismo/
Taylorismo, que, segundo Antunes (2000), vigorou na grande 
4 Serviço Social Contemporâneo
indústria durante praticamente todo o século XX. Este modelo 
caracteriza-se por elementos constitutivos básicos que eram 
dados pela produção em massa, com a fragmentação de 
funções, com uma separação entre elaboração e execução 
dentro do processo de trabalho, reduzindo a atividade do 
trabalho a uma ação mecânica e repetitiva. Nesse sentido, o 
Fordismo/Taylorismo se caracterizava como:
(...) uma linha rígida de produção articulada com 
os diferentes trabalhos, tecendo vínculos entre ações 
individuais, as quais a esteira fazia as interligações, 
dando o ritmo e o tempo necessário para a realização 
das tarefas. Esse processo produtivo caracterizou-se, 
portanto, pela mescla de produção em série fordista 
com o cronômetro taylorista, além de uma vigência de 
uma separação nítida entre elaboração e execução. 
(...) “Suprindo” a dimensão intelectual do operário, que 
era transferida para as esferas da gerência científica. 
(ANTUNES, 1999, p. 37)
Dessa forma, o Fordismo/Taylorismo realizava uma 
expropriação intensificada do operário-massa, destituindo-o 
de qualquer participação na organização do processo de 
trabalho, que se resumia a uma atividade repetitiva e desprovida 
de sentido (ANTUNES, 1999). O produto que era produzido 
pelo individuo não possuía a sua marca, a sua identidade, 
pois este era feito por várias mãos em uma produção em série 
com movimentos repetitivos, fechados dentro das indústrias. 
O Fordismo/Taylorismo transformou a produção industrial 
capitalista, sendo utilizado inicialmente pelas indústrias 
automotivas, mas paulatinamente se expandiu por todas as 
Capítulo 1 Transformações Societárias, Reestruturação... 5
indústrias nos países de viés capitalista. O capitalismo é um 
sistema que separa capital de trabalho e cujas relações são 
de dominação e exploração, portanto, o Fordismo/Taylorismo 
vem a consolidar de maneira global os mecanismos do sistema 
capitalista. (GUARESCHI, 2002). 
Porém, no final da década de 1960 e início dos anos de 
1970, tal padrão produtivo começou a apresentar sinais de 
esgotamento. Isso porque o padrão de acumulação fordista/
taylorista de produção se depara com a incapacidade de 
responder à retração do consumo que se acentuava; esta 
retração já era uma resposta ao desemprego estrutural que 
se iniciava (ANTUNES, 1999). Como o binômio Fordismo/
Taylorismo não mais respondia às demandas do capital, era 
necessário pensar outra forma de lucratividade, de manter o 
sistema capitalista dirigindo o roteiro no cenário mundial e 
assim, nesse momento, entra em cena a reestruturação produtiva 
no mundo do trabalho como uma nova forma de organização 
industrial e de relacionamento entre o capital e o trabalho, 
chamado Toyotismo. 
Surge dessa forma, na década de 1970, o Toyotismo, 
também denominado como modelo japonês, que é 
caracterizado pela flexibilização tanto do aparato produtivo 
como dos trabalhadores, em que as regras da produção são 
voltadas e conduzidas diretamente pela demanda do mercado 
e não é mais pensada uma produção em série e de massa, pois 
o sistema toyotista visa atender demandas mais individualizadas 
do mercado consumidor, produzindo em menor tempo e com 
mais “qualidade”. No modelo de acumulação flexível toyotista 
há uma estrutura horizontalizada, ao contrário da verticalidade 
6 Serviço Social Contemporâneo
fordista, isto é, a empresa transfere a “terceiros” o que era antes 
produzido dentro do seu espaço produtivo (ANTUNES, 2000). 
Assim, com o esgotamento do binômio Fordismo/
Taylorismo, houve uma reestruturação produtiva para melhor 
atender aos interesses do capital. Neste contexto, com a 
ascensão do modelo japonês toyotista, um modelo mais 
flexível, o trabalhador teve que ser polivalente, isso é, saber 
manipular várias máquinas ao mesmo tempo. Para atuar no 
palco toyotista, o indivíduo deve ser mais qualificado, tendo 
conhecimento de todo o processo de produção, trabalhando 
em uma linha integrada dentro de uma equipe estruturada 
por meio do número mínimo de pessoas que devem trabalhar 
horas extras. 
Em suma, o modelo japonês chamado de Toyotismo organiza 
um discurso voltado à valorização do trabalho em equipe, de 
uma qualidade no e do trabalho, da multifuncionalidade, da 
flexibilização e da qualificação do trabalhador. Porém, esse 
modelo deixa oculta, segundo Mészáros (2005), a exploração, 
a intensificação e a precarização do trabalho, inerentes à 
busca desenfreada do lucro pelo sistema de metabolismo 
social do capital que, por não ter limites, configura-se como 
ontologicamente incontrolável. Segundo Maciel (2006), com 
exceção do emprego vitalício, o modelo japonês, com seu 
potencial universalizante, trouxe consequências negativas 
para o mundo do trabalho em escala ampliada, e está mais 
sintonizado com a lógica neoliberal que com uma concepção 
verdadeiramente social-democrata. 
Capítulo 1 Transformações Societárias, Reestruturação... 7
Dentre todas as transformações ocorridas no roteiro 
histórico desde a revolução industrial, a década que mais 
marcou sob o ponto de vista de perdas sociais foi a década de 
1980. Segundo Hobsbawm (1994), esse período pós-guerra, 
de retração econômica, de inúmeras transformações mundiais 
com a queda do socialismo em países como a Alemanha 
e a União Soviética e da expansão do sistema toyotista, foi 
marcado pelo desencadeamento deinúmeras expressões da 
questão social, como o aumento significativo da pobreza e da 
miséria, do desemprego estrutural, entre outros, tanto em países 
subdesenvolvidos como nas grandes potências mundiais. 
Outra questão pertinente que nasceu nesse cenário, nas 
décadas de 1980/1990, foi o aumento significativo dos aparatos 
tecnológico, de robótica, de automação e de microeletrônica 
que invadem o universo fabril, o que demandou aos operários 
um aumento expressivo na sua qualificação. Com o aumento 
da tecnologia, houve a substituição da mão humana por 
máquinas na realização das produções dentro das empresas, 
o que acarretaria altos ganhos para quem possui os meios de 
produção, pois é possível produzir em maior escala com menor 
tempo e menor custo; por outro lado, houve uma considerável 
redução da mão de obra dentro das empresas, gerando um 
grande desemprego estrutural, que cresce de maneira global, 
em especial em países como o Brasil. 
Paralelo à tendência do desemprego estrutural, cresce em 
grande escala a questão da subproletarização do trabalho, 
que pode ser visualizado nas formas de trabalho temporário, 
precário, subcontratado, terceirizado, vinculado à economia 
informal, entre outras modalidades existentes. Em uma 
8 Serviço Social Contemporâneo
sociedade em que não se vive sem possuir capital, o individuo 
busca de várias maneiras sobreviver dentro de um sistema 
excludente, em que ele não tem mais utilidade, e vivencia-
se, então, a precarização do mundo do trabalho (ANTUNES, 
2000).
A flexibilidade não afetou somente a produção das 
empresas, adequando as normas do mercado, mas também 
os direitos dos trabalhadores. Isso porque, para atender 
ao interesse do modo de produção capitalista, houve a 
flexibilização dos trabalhadores dentro das empresas, e estas, 
por sua vez, buscaram cada vez mais empregados qualificados 
e polivalentes, assim como a flexibilidade dos direitos dos 
indivíduos.
A legislação e o direito trabalhista identificam com o 
objetivo de compensar o menor peso dos trabalhadores 
frente aos empregados no campo econômico, por meio 
de um ordenamento normativo que buscava proteger os 
primeiros e entregar ao Estado o papel de supervisor. 
A legislação trabalhista foi concebida doutrinalmente, 
dotada de um caráter universal. Isso levou à ideia de 
que a legislação fosse considerada fundamentalmente 
invariável, independente dos diferentes processos ou 
conjunturas econômicas e sociais. (TOKMAN et al., 
1994, p. 21)
Em um panorama de direitos flexíveis, em que a questão 
do subemprego aumenta significantemente a cada dia, na 
mesma proporção em que o desemprego estrutural avança, 
é cada vez maior o número de pessoas desprotegidas dos 
Capítulo 1 Transformações Societárias, Reestruturação... 9
direitos trabalhistas, sendo a violação dos direitos sociais 
uma expressão da Questão Social. Desse modo, a era da 
informação, da modernidade, da tecnologia, também se 
mostra como a era do desemprego, da negação de direitos, 
do aumento das expressões da Questão Social. 
Diante desse contexto, com o acirramento de novas e antigas 
expressões da Questão Social em um contexto mundial, cresce 
para o Serviço Social a demanda por um trabalho competente 
que dê conta da garantia dos direitos dos sujeitos que são 
afetados por tais expressões. Paralelo a isso, este profissional 
também é afetado por estas mudanças societárias e por todo o 
processo de reestruturação produtiva, uma vez que o assistente 
social é um profissional inscrito na divisão sociotécnica do 
trabalho e, portanto, não se encontra fora das relações em 
sociedade; está, assim como todos os profissionais, implicado 
por estas. 
(...) o debate atual volta-se às considerações das especificas 
condições e relações sociais por meio das quais se realiza 
o exercício profissional no mercado, o marco de uma 
organização coletiva do trabalho – e suas implicações, 
enquanto trabalho concreto e abstrato – no novo cenário 
nacional e internacional. (IAMAMOTO, 2008, p. 254)
O que se põe em pauta a partir de agora é o perfil 
profissional demandado pelo mercado, isso porque as 
transformações societárias que se movimentam constituem 
um mercado de trabalho, como afirma Maciel (2006), 
desestruturado e diversificado, que incide no perfil profissional 
e nas respectivas demandas para as profissões em geral. 
10 Serviço Social Contemporâneo
Para tanto, trabalharemos a seguir com o perfil profissional 
do assistente social na atualidade, para que se possa ter 
visibilidade dos impactos afetos a esta profissão no que tange, 
para além das competências de um profissional, às exigências 
requisitadas pelo mercado e o diferencial deste profissional, 
em responder ao enfrentamento das expressões da questão 
social e o compromisso com a classe trabalhadora. 
2 O perfil do profissional de Serviço Social 
na atualidade: as competências e as 
exigências do assistente social do século XXI
A reestruturação produtiva traz significativos impactos nos 
diversos setores em que o profissional do Serviço Social 
está inserido, e com isso, segundo Maciel (2006), cabe 
às organizações da formação um esforço em captar essas 
alterações, se não quisermos correr o risco de que outros 
profissionais assumam o espaço socio-ocupacional do 
assistente social em função da sua competência e não, 
necessariamente, pela sua formação. Em um contexto de 
amplas transformações societárias, exige-se do profissional de 
Serviço Social um perfil diferenciado e atento para as novas 
demandas que surgem para a profissão diante deste contexto 
de mudanças societárias. 
Essas transformações, sejam de ordem política, econômica, 
social ou cultural, estão produzindo necessidades sociais que 
requerem novas demandas, isto é, novas requisições técnico-
operativas à profissão. Dessa forma, o assistente social deve 
Capítulo 1 Transformações Societárias, Reestruturação... 11
estar atendo para este movimento do real, uma vez que 
captar tal movimento é imprescindível para que se percebam 
as suas repercussões na profissão e as alterações que estão 
processando em seu mercado de trabalho e na constituição 
da sua ação profissional (SERRA, 2000). Mais do que isso, 
o assistente social deve estar atento para novos espaços 
sócio-ocupacionais, onde poderá desenvolver sua prática 
profissional, como no Terceiro Setor, a questão ambiental, a 
assessoria e a consultoria em diversas áreas, entre outros. 
As novas demandas que vão surgindo nos setores de 
ocupação do assistente social devem ser descortinadas pelos 
profissionais, exigindo destes um perfil que dê conta das ações 
operacionais relacionadas ao cotidiano dos profissionais, do 
planejamento estratégico, das formas de gestão e, para isso, 
estarem em constante aprimoramento com sua formação, ou 
seja, almejarem pela educação continuada. Dessa forma, o 
Serviço Social deve transcender a prática rotineira desenvolvida 
em torno de velhos campos, incorporando para o seu espaço 
profissional o estudo e as novas respostas, tanto às demandas já 
existentes quanto, fundamentalmente, às demandas emergentes 
(MONTAÑO, 2007). Essas questões remetem ao exercício 
das competências teórico-metodológica, técnico-operativa e 
ético-política, que constituem a elaboração das propostas das 
intervenções dos profissionais e, dessa forma, apropriando-
se da realidade através de uma postura investigativa com 
atenção nas demandas que emergem empiricamente nas 
intervenções com os sujeitos e na interdisciplinaridade, que 
também se apresenta como um desafio na constituição do 
perfil profissional na atualidade, ou seja, 
12 Serviço Social Contemporâneo
(...) um profissional culto e atento às possibilidades 
descortinadas pelo mundo contemporâneo, capaz de 
formular, avaliar e recriar propostas no nível das políticas 
sociais e da organização das forças da sociedade civil. Um 
profissional informado, crítico e propositivo, que aposte 
no protagonismo dos sujeitos sociais. Mas, também, um 
profissionalversado no instrumental técnico-operativo, 
capaz de realizar ações profissionais, nos níveis de 
assessoria, planejamento, negociação, pesquisa e ação 
direta, estimuladoras da participação dos usuários na 
formulação, gestão e avaliação de programas e serviços 
sociais de qualidade. (IAMAMOTO, 1999, p. 126)
Dessa forma, é fundamental ao assistente social do século 
XXI uma postura crítica. O significado de “crítica” muitas 
vezes é utilizado no cotidiano como uma ação de julgar 
desfavoravelmente, censurar ou rechaçar algo: criticar algo, 
porém, no âmbito do projeto profissional do Serviço Social, 
diz respeito a buscar uma reflexão a partir do reflexo teórico 
apropriado da realidade sobre a estrutura e as dinâmicas sociais 
(KOIKE, 2009). Dessa forma, a reflexão crítica do profissional 
diz respeito ao processo de compreensão e questionamento 
do real, podendo realizar uma leitura destes movimentos de 
forma ampla e totalizante. 
Faz-se necessária a compreensão crítica do mundo 
contemporâneo, compreendendo o assistente social como 
um profissional inscrito na divisão sociotécnica do trabalho, 
devendo apreender na dinâmica da sociedade as novas 
expressões da questão social, mas também as formas pelas 
quais atua no movimento da realidade, passo a passo nessa 
Capítulo 1 Transformações Societárias, Reestruturação... 13
dinâmica. Contrário a isso, este profissional poderá estar 
fadado a uma intervenção arcaica e que esteja contribuindo 
para o acirramento da lógica que prevê o lucro, a benesse, 
a moralização do sujeito de per si, em vez de estarmos 
nos movimentando para defender os direitos dos sujeitos 
inseridos na sociedade. O mercado de trabalho, em função 
da reestruturação produtiva, movimenta-se para atender 
às necessidades do capital e, em vista disso, alargam-se 
as formas de exploração dos trabalhadores, esse mercado 
apresentando demandas ao profissional do Serviço Social. 
Segundo Iamamoto (1999),
(...) têm sido exigidos requisitos que extrapolam o 
campo dos conhecimentos para abranger habilidades e 
qualidades pessoais – podem ser citadas: experiência, 
criatividade, desembaraço, versatilidade, iniciativa, 
liderança, capacidade de negociação e apresentação em 
público, fluência verbal, habilidade no relacionamento e 
capacidade de sintonizar-se com as rápidas mudanças 
no mundo dos negócios. Para tanto, é indispensável o 
conhecimento de línguas e da informática – e capacidade 
operativa no exercício das suas funções. (IAMAMOTO, 
1999, p. 1244) 
As competências do profissional assistente social estão 
pautadas pela Lei de Regulamentação da profissão, em que 
se pode verificar que os elementos que constituem o eixo 
fundante da profissão nos permitem desenvolver um perfil 
profissional com requisitos que vão ao encontro das exigências 
do mercado de trabalho. O perfil profissional constitui-se além 
do projeto de formação profissional, na articulação entre a Lei 
14 Serviço Social Contemporâneo
de Regulamentação da Profissão e no Projeto Ético – Político da 
Profissão. 
Diante do atual cenário complexificado, fragmentado e 
heterogeneizado do mundo do trabalho, intensificado ainda 
mais no século XXI, o perfil de um profissional assistente social 
é de polivalência, com destaque para a constante leitura da 
conjuntura atual e sua movimentação, a compreensão dos 
processos sociais e para, além disso, ser um profissional crítico 
e propositivo. Não obstante, que este profissional tenha um 
compromisso e uma obrigação ético-políticos: estar ciente de 
todas as formas de violações de Direitos Humanos, sabendo 
exatamente por onde estas violações perpassam, o que exige 
que o assistente social assuma uma postura, uma opção 
ética e político-profissional e que, dentro desse campo de 
tensão, participe profissionalmente com claras perspectivas 
ideopoliticas e teórico-metodológicas (MONTAÑO, 2007). E, 
mais do que isso,
(...) requisita um perfil profissional culto, crítico e capaz 
de formular, recriar e avaliar propostas que apontem para 
a progressiva democratização das relações sociais. Exigi-
se, para tanto, compromisso ético-político com valores 
democráticos e competência teórico-metodológica na 
teoria crítica em sua lógica e explicação da vida social. 
(IAMAMOTO, 2007, p. 208)
É necessário compreender que o tempo presente proporciona 
um acúmulo de saberes e informações no que tange à realidade 
social e à sua dinâmica, interferindo nos processos de trabalho 
dos assistentes sociais com certa relevância e indicando a 
Capítulo 1 Transformações Societárias, Reestruturação... 15
potencialidade da realização das intervenções, pois, uma vez 
que se tem certo acúmulo de conhecimentos, os profissionais 
podem estar apreendendo o que vem ocorrendo com a prática 
profissional e também no cotidiano, quando estão em contato 
com os segmentos populacionais aos quais atendem. 
3 A caminhada para o além da 
universidade: gestão da carreira 
profissional e educação continuada
Todas as mudanças societárias ocorridas nos últimos anos 
tiveram um impacto significativo para o Serviço Social, o que 
exige do profissional desta área um perfil diferenciado, com 
uma atenção crítica para novas e antigas demandas que 
surgem para a profissão, bem como uma clareza no Projeto 
Ético-político Profissional. Porém, não basta ter uma visão 
crítica da conjuntura em que está inserido: é necessário saber 
administrar a trajetória profissional em meio às mudanças do 
mundo do trabalho, uma vez que pensar a carreira profissional 
é pensar na dinâmica da história da vida das pessoas enquanto 
sujeitos de sua trajetória, e a compreensão deste processo 
e sua adequada condução são fundamentais para o bom 
desenvolvimento e o empenho da vida profissional (OLIVEIRA, 
2000). 
A carreira profissional deve estar em consonância com a 
finalidade do projeto profissional e com a intencionalidade de 
um profissional, a saber, aonde este quer chegar. Todo e qualquer 
planejamento se torna fundamental para a materialização dos 
16 Serviço Social Contemporâneo
objetivos de cada profissional, que deve estar ligada à sua 
história de vida, sem se descolar dos grandes eixos da profissão, 
que é guiada por um projeto ético-político. Como um navio que 
se lança no mar, tem claro o objetivo da sua navegação e é 
guiado por uma bússola que não deixa o marinheiro se perder 
em tantos perigos do mar, o assistente social deve ter claro quais 
são os objetivos da sua carreira profissional, sendo guiado pelo 
seu Projeto Ético-político, para não se perder no grande mar da 
sociedade capitalista, que possui grandes armadilhas calcadas 
no individualismo corporativista e nos mecanismos de alienação 
no que tange ao mundo do trabalho. 
Gerenciar a carreira significa organizar, planejar, controlar 
e estabelecer metas, alvos e estratégias de desenvolvimento 
contínuo desta trajetória de vida profissional que está 
correlacionada à vida, a história e ao contexto sociovivencial 
de cada pessoa e de cada categoria profissional (OLIVEIRA, 
2000). Na projeção da carreira profissional, é fundamental 
que o assistente social tenha clareza tanto dos diversos campos 
de atuação, bem como tenha um autoconhecimento, para que 
possa estabelecer metas possíveis de serem concretizadas e 
condizentes com os seus objetivos pessoais. Como refere o 
poeta Thiago de Mello na epígrafe que abre este capítulo, 
“Quem sabe o que está buscando e onde quer chegar, encontra 
o caminho certo e o jeito de caminhar”. 
Além de ter claro onde se quer chegar, é fundamental ao 
profissional desenvolver um processo de educação continuada. 
Esse processo pressupõe a aprendizagem no próprio local de 
trabalho, a troca de saberes, o trabalho coletivo, o respeito 
pelas diferenças e a efetivação de mudanças. Dessa forma, é 
Capítulo 1 Transformações Societárias, Reestruturação... 17
através do ângulo da educação no trabalho que se pretende 
descortinar as possibilidades existentes para poder contribuir com 
o desenvolvimentode competências teórico-metodológicas, 
técnico-operativas e ético-políticas, necessárias para o 
exercício da profissão na contemporaneidade (FERNANDES, 
2007). Nesse sentido, o termo educação continuada não se 
refere exclusivamente à educação formal, que é apreendida 
dentro do âmbito acadêmico, mas pressupõe a reflexão 
crítica e a abordagem teórica do cotidiano profissional em 
uma perspectiva de constante atualização e capacitação dos 
profissionais em seu próprio ambiente de trabalho. A educação 
continuada é plausível e necessária a partir da lógica de que 
a realidade é uma constante e, da mesma forma, os estudos/
pesquisas realizados apresentam sempre novos significados 
para as expressões da dinâmica societal, e com a educação 
continuada é possível que o profissional esteja conectado com 
esses novos significados e fenômenos que emergem do âmbito 
social. 
Dessa forma, estudar e debruçar-se continuamente sobre 
os problemas de nossa época é reconhecer a complexa e 
dinâmica realidade com que o assistente social interage em 
seu cotidiano profissional (FERNANDES, 2007). O processo 
de educação continuada implica ao profissional a negação 
da utilização de mecanismos arcaicos no fazer profissional, 
ou que se constitui em discursos moralizantes, estigmatizantes 
e, com isso, continuam em uma relação de morosidade e 
benesse com a população que atende, com a instituição e 
contribuindo com a lógica capitalista. A educação continuada 
se constitui em uma ação de reflexão crítica permanente do 
cotidiano profissional, que terá impactos positivos na qualidade 
18 Serviço Social Contemporâneo
do serviço prestado ao cidadão, bem como terá reflexos na 
empregabilidade do assistente social. 
O conceito de empregabilidade diz respeito à capacidade 
de conquistar e manter um emprego, porém a empregabilidade 
do assistente social apresenta outras dimensões além da simples 
formulação de estratégias de qualificação para manter-se no 
emprego. A empregabilidade do assistente social se configura 
como uma empregabilidade cidadã, isto é, o assistente social 
deve buscar qualificar, gerenciar a sua carreira, prestar serviços 
de qualidade, estar comprometido com o seu trabalho, com 
valores e ações que garantam os direitos dos cidadãos, consigo 
mesmo e com a sociedade em que está inserido (OLIVEIRA, 
2000). Dessa forma, a empregabilidade cidadã do assistente 
social está diretamente ligada ao projeto ético-político que 
norteia a categoria profissional, o qual tem como objetivo final 
a garantia dos Direitos Humanos de todos os sujeitos, e não 
somente a defesa de interesses pessoais, guiados pela lógica 
do mercado. 
Pensar a carreira profissional, tendo um direcionamento claro, 
em consonância com os objetivos pessoais, tendo presente um 
processo de educação continuada, sendo guiado pelo Projeto 
Ético-político do Serviço Social, é fundamental para construir a 
empregabilidade cidadã do assistente social e desenvolver um 
processo de sucesso que se desenvolve tanto na vida profissional 
quanto na vida pessoal de cada assistente social. 
Capítulo 1 Transformações Societárias, Reestruturação... 19
Recapitulando
Todas as mudanças societárias ocorridas no mundo tiveram 
significativo impacto para o Serviço Social, o que demanda do 
profissional um olhar atento para novas e antigas requisições 
técnico-operativas no âmbito da sociedade. Mais do nunca, 
exige-se do profissional assistente social um perfil que seja 
crítico e atualizado, buscando a compreensão dos processos 
que são desenvolvidos no âmbito na sociedade capitalista. 
Ao refletir sobre as artimanhas do tempo atual, sobre 
o perfil profissional e demandas sociais, das exigências e 
competências para um e de um profissional, é necessário que 
tenhamos como ponto de partida uma projeção do caminho 
a ser percorrido na formação profissional para que possamos 
estar inteiramente comprometidos com uma transformação 
societária e, não obstante, respaldados pelo Projeto Ético-
político com compromisso na qualidade dos serviços 
prestados à população e com o aprimoramento intelectual, 
na perspectiva da competência profissional. Isso nos remete a 
pôr em pauta o planejamento profissional, a saber, aonde se 
quer chegar, e cabe dentro disso enfatizar a importância da 
educação continuada na qualificação profissional. 
Torna-se fundamental, em um contexto de tantas alterações 
no mundo do trabalho e de aumento das expressões da 
Questão Social, uma leitura clara de conjuntura, bem como 
uma compreensão do Projeto Ético-político da categoria 
profissional, associada com proposições criativas que possam 
se constituir em formas de enfrentamento a tantas violações de 
direitos que os sujeitos vivenciam em seu cotidiano. Para tanto, 
20 Serviço Social Contemporâneo
faz-se necessário um trabalho profissional competente; porém, 
esta competência só poderá ser plenamente desenvolvida se 
a profissão e a carreira estiverem intimamente ligadas com os 
objetivos pessoais de cada sujeito, e isso remete à necessidade 
de pensar o gerenciamento da carreira profissional guiada 
pelos objetivos pessoais de cada indivíduo. 
Referência comentada
No livro Natureza do Serviço Social: um ensaio sobre sua 
gênese, a “especificidade” e sua reprodução, Carlos Montaño 
trabalha concepções acerca da natureza e o processo de 
gênese e reprodução do Serviço Social. Tal obra desafia os 
profissionais a pensarem a categoria, a prática profissional e a 
produção do conhecimento na área, buscando compreender 
concepções acerca do Serviço Social, que muitas vezes se 
encontram enraizadas por percepções distorcidas formadas 
tanto no âmbito da sociedade quanto no seio da própria 
categoria profissional. 
Filmografia
No filme Tempos Modernos, Charles Chaplin interpreta um 
operário de uma grande indústria automobilística na Inglaterra 
Capítulo 1 Transformações Societárias, Reestruturação... 21
pós-Revolução Industrial. Esta obra clássica do cinema mostra, 
através da ótica do trabalhador, as transformações societárias 
ocorridas naquele tempo e ressalta a organização fordista/
taylorista dentro das empresas e seu impacto para a classe 
trabalhadora. 
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metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 
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UERJ. Nº 10, set. 1997. 
Capítulo 1 Transformações Societárias, Reestruturação... 23
______. A prática do Serviço Social. 2.ed. São Paulo: Cortez, 
2003.
Atividades
 1) Considerando o contexto de transformações societárias 
das últimas décadas, marque a alternativa que avalia 
corretamente as seguintes afirmativas: 
I – O assistente social encontra-se inserido na divisão 
social e técnica do trabalho e acaba sofrendo os 
impactos que vêm ocorrendo ao longo da história nas 
formas de organização da sociedade capitalista. 
II – O assistente social trabalha com as inúmeras 
expressões da questão social e deve, em seu trabalho, 
estar imune a essas expressões para melhor desenvolver 
seu oficio. 
III – As mudanças que ocorreram na sociedade não são 
cristalizadas, estão acontecendo a cada dia no nosso 
meio, e todos os sujeitos são constantemente afetados 
por elas. 
a) Todas estão corretas.
b) Somente I está correta. 
c) Somente I e II estão corretas. 
d) Somente I e III estão corretas. 
24 Serviço Social Contemporâneo
e) Somente II e III estão corretas.
 2) Com base nas reflexões do Capítulo 1, analise as 
afirmações e marque a alternativa incorreta: 
a) As metamorfoses no crivo do mundo do trabalho 
impactam diretamente os profissionais de Serviço 
Social.
b) Uma das grandes transformações ocorridas nos 
últimos séculos foi a instauração do Modo de Produção 
Capitalista. 
c) O modo de produção capitalista se baseia pela compra 
da força de trabalho, isto é: dá-se pela exploração do 
trabalho alheio. 
d) Apesar de grandes transformações no modelo 
econômico e na sua forma de gestão, tais mudanças 
não alteraram a dinâmica da vida social dos sujeitos. 
e) Houve diversas mudanças na gestão da forma de 
trabalho, especialmente pela instauração de modelos 
como o Fordismo/Toyotismo e Taylorismo.
 3) Marque a alternativa que mais se relaciona com o modo 
de produção Fordismo/Taylorismo. 
a) Uma linha rígida de produção articulada com os 
diferentes trabalhos. 
b) Uma linha flexível com exploração das potencialidades 
subjetivas do trabalhador. 
Capítulo 1 Transformações Societárias, Reestruturação... 25
c) Uma linha alternativa de mudanças na ordem da 
produção de valores. 
d) Uma linha de benefícios para o trabalhador. 
e) Uma linha que possibilite a polivalência do trabalhador. 
 4) Marque a alternativa que mais se relaciona ao Toytismo: 
a) Trabalhador capacitado para exercer uma única 
função. 
b) Linha rígida de produção articulada com diferentes 
trabalhados .
c) Flexibilização, tanto do aparato produtivo como dos 
trabalhadores. 
d) Regras da produção voltadas conduzidas diretamente 
pela oferta do mercado. 
e) Desenvolvimento de uma estrutura de produção 
verticalizada. 
 5) Acerca dos impactos das Transformações Societárias 
para o Serviço Social, analise as afirmativas e marque a 
alternativa correta: 
I – Em um contexto de amplas transformações societárias, 
exige-se do profissional de Serviço Social um perfil 
diferenciado e atento para as novas demandas que surgem 
para a profissão diante deste contexto de mudanças 
societárias.
26 Serviço Social Contemporâneo
II – O Serviço Social deve transcender a prática rotineira 
desenvolvida em torno de velhos campos, incorporando 
para o seu espaço profissional o estudo e as novas 
respostas tanto às demandas já existentes quanto, 
fundamentalmente, às demandas emergentes. 
III – Mostra-se fundamental o exercício das competências 
teórico-metodológica, técnico-operativa e ético-
política, que constituem a elaboração das propostas 
das intervenções dos profissionais e, dessa forma, 
apropriando-se da realidade por meio de uma postura 
investigativa. 
a) Todas estão corretas.
b) Somente I está correta. 
c) Somente I e II estão corretas. 
d) Somente I e III estão corretas. 
e) Somente II e III estão corretas.
Capítulo 2
Caroline Fernanda Santos da Silva1
Movimentos Sociais e 
Terceiro Setor: Aspectos 
Relacionados com a 
Prática Profissional do 
Serviço Social
1 Capítulo produzido por Caroline Fernanda Santos da Silva e Eliana Souza da 
Silva – e atualizado por Caroline Fernanda Santos da Silva – Assistente social, 
mestre em Serviço Social e especialista em relações raciais e de gênero. Professora 
adjunta do curso de Serviço Social da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA 
Campus Canoas, RS.
28 Serviço Social Contemporâneo
Introdução
Pensar na relação entre o Serviço Social e os movimentos 
sociais exige um olhar atento à forma como esta profissão se 
constituiu, historicamente. Conforme sinaliza Faleiros (1997), 
o exercício de construir e reconstruir o objeto do Serviço 
Social só pode ser feito a partir de uma retrospectiva histórica. 
Dessa forma, embora se trate de um tema que se inscreve no 
campo do denominado “Serviço Social Contemporâneo”, a 
questão dos movimentos sociais tem suas raízes intimamente 
ligadas com um dos mais importantes marcos históricos da 
profissão: o Movimento de Reconceituação do Serviço Social.
Assim, elucidar os principais aspectos dessa relação 
histórica e, ao mesmo tempo, contemporânea, constitui-se 
como um desafio, tendo em vista a vasta gama de informações 
que se somam com os novos contornos da sociedade atual. 
Dessa forma, buscaremos, neste capítulo, lançar algumas 
provocações para pensarmos no tema, sem pretender oferecer 
respostas finais às questões que nos movem.
Na primeira parte do capítulo, discutiremos os movimentos 
sociais na história recente da sociedade brasileira e, em 
seguida, os desafios impostos pelos novos movimentos sociais 
à prática profissional. Em um segundo momento, refletimos 
sobre as organizações não governamentais, apresentando a 
definição, alguns conceitos e as principais características do 
Terceiro Setor.
Capítulo 2 Movimentos sociais e terceiro setor: aspectos... 29
2.1 O Movimento de Reconceituação do 
Serviço Social e os movimentos sociais na 
história recente da sociedade brasileira
A década de 1960 foi marcada por um momento de 
inquietações crescente experimentado em todo o mundo. 
Nesse cenário, o Serviço Social brasileiro e da América Latina 
questionam os métodos e teorias que embasam suas práticas, 
bem como suas filiações e concepções políticas e ideológicas. 
A convergência entre influências nacionais e internacionais, 
internas e externas à profissão, impulsionou o processo que 
ficou conhecido como Movimento de Reconceituação do 
Serviço Social (GÓIS, 2006). Deflagrado a partir da década de 
1960, ele demarcou o momento em que a profissão passou a 
enfrentar um conjunto de desafios apresentados pela expansão 
da pobreza nos centros urbanos. 
Pinto (2003) pontua que nesse momento também houve a 
denúncia dos modelos de ação importados de outros países, 
decorrendo que a intervenção profissional não atendesse às 
necessidades da população usuária. Tais questões evidenciaram 
a incapacidade dos modelos assistenciais existentes, forçando 
o Serviço Social a uma revisão dos paradigmas. A partir desse 
momento, portanto, o Serviço Social passa por reformulações 
teóricas, metodológicas, ideológicas e profissionais, 
ocasionando uma mudança de paradigma com relação ao 
papel ocupado por este profissional na sociedade. 
30 Serviço Social Contemporâneo
Podemos observar, conforme sugere Faleiros (1997), que 
se antes do Movimento de Reconceituação, notadamente no 
período de 1930 a 1945, o perfil profissional do assistente 
social no Brasil era facilmente vinculado a uma perspectiva 
de conservação social e de manutenção da ordem – com o 
foco no indivíduo, buscando a mudança de comportamento 
por meio da moral e higiene –, após esse período evidencia-se 
a perspectiva de transformação social emsua prática. Sob a 
égide do desenvolvimentismo que vigorava no cenário brasileiro 
no período de 1950 e 1960, o assistente social passa a atuar 
junto ao desenvolvimento de comunidades, tendo como objeto 
a articulação e a harmonia social entre o Estado e a sociedade 
(FALEIROS, 1997).
No bojo do Movimento de Reconceituação, cuja marca 
central foi a concomitância da crítica com a intervenção 
(FALEIROS, 1997), gesta-se um processo de aproximação 
e aliança entre os trabalhadores e os Assistentes Sociais. O 
resultado dessa relação evidencia-se especialmente a partir dos 
anos 1980, quando a profissão passa a exibir em suas práticas 
uma identidade com os movimentos sociais, contribuindo para 
organização e mobilização social.
Nesse momento, os Assistentes Sociais se fizeram presen-
tes em diversas frentes de fortalecimento do poder popular, 
inclusive no processo de mobilização ocasionado pela Consti-
tuinte. Esse cenário político e social conduziu o Serviço Social 
a revisões curriculares que buscaram adequar a formação do 
Capítulo 2 Movimentos sociais e terceiro setor: aspectos... 31
assistente social aos novos tempos e às novas expectativas 
sociais.33
Percebe-se que o Serviço Social se modificou ao longo 
das décadas, chegando aos dias atuais como uma profissão 
voltada aos interesses das camadas populares e comprometida 
com uma prática de transformação social. O Código de 
Ética de 1993 declara em seus princípios a “opção por um 
projeto profissional vinculado ao processo de construção de 
uma nova ordem societária, sem dominação-exploração de 
classe, etnia e gênero”. 
Esses e outros aspectos sinalizam os principais aspectos em 
que se dão as relações entre o Serviço Social e os movimentos 
sociais. Mas que movimentos são esses? De que forma se 
apresentam na conjuntura atual da sociedade brasileira? Essas 
são as questões que nos movem no próximo item.
2.2 Desafios impostos pelos novos 
movimentos sociais à prática profissional 
Desvendar os desafios impostos ao Serviço Social nesse tempo 
atual requer capacidade para decifrar as novas mediações por 
meio das quais se expressa a questão social. Os anos de 1990 
trouxeram uma série de mudanças à sociedade, sendo elas 
3 A Proposta de Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social foi produto de um 
amplo e sistemático debate realizado pelas Unidades de Ensino a partir de 1994, 
quando a XXVIII Convenção Nacional da Associação Brasileira de Ensino de Serviço 
Social – ABESS, ocorrida em Londrina/PR, em outubro de 1993, deliberou sobre 
os encaminhamentos da revisão do currículo mínimo vigente desde 1982 (LEI DE 
DIRETRIZES CURRICULARES).
32 Serviço Social Contemporâneo
experimentadas sob dois aspectos principais: na forma como 
se estabelecem as relações de trabalho e nas novas relações 
estabelecidas entre Estado e sociedade civil.
Uma das características marcantes dessa década foi a rees-
truturação produtiva, que impôs novas demandas de flexibili-
zação do trabalho, pulverizando a classe trabalhadora. Tal fe-
nômeno modificou as relações no mundo do trabalho e foi um 
dos mais importantes pilares para o desmonte da sociedade 
salarial, que se caracterizava pelo binômio trabalho-proteção 
social (CASTEL, 1998). 
O enfraquecimento e o desmonte das mobilizações dos 
diferentes sindicatos foram dois dos sinais lançados por este 
fenômeno. A flexibilização nas relações de trabalho veio 
acompanhada de alguns outros elementos, que a tornaram 
ainda mais perversa, tais como: as práticas de terceirização, 
o discurso pela qualificação e polivalência que causa 
insegurança, a precarização das condições do trabalho e da 
saúde dos trabalhadores, dentre outras.
Nesse cenário, as relações que se estabelecem entre Estado 
e sociedade também ganham novos contornos, ocasionando 
deslocamentos nos meios e recursos destinados à gestão 
social (SILVA, 2004). Analisando o atual contexto em que se 
desenvolvem as relações entre Estado e sociedade, Faleiros 
(2002) e Santos (1999) desenvolvem análises semelhantes 
e destacam o papel dos “novos movimentos sociais”, que 
exercitam novas práticas de mobilização social.
Frente a essas mudanças, é fundamental observarmos 
concomitantemente dois aspectos – aquele que se refere à 
forma como os sujeitos sociais vivenciam tais modificações 
Capítulo 2 Movimentos sociais e terceiro setor: aspectos... 33
em sua subjetividade e a maneira como eles elaboram formas 
de resistência aos efeitos dessas questões. Uma das principais 
marcas dos novos movimentos sociais é a resistência plural 
(FALEIROS, 2002) e a crítica radical, afirmando uma identidade 
social opositora, ou seja: eles não mais são impulsionados 
somente pela relação de classes sociais, mas são permeados 
por diversos aspectos subjetivos, como as questões de gênero, 
raça, procedência regional, religiosa, dentre outros. 
As definições acerca dos “novos movimentos sociais” 
sinalizam seu caráter de denúncia de novas formas de opressão, 
estando diretamente relacionadas à busca por emancipação. 
Para Faleiros (2002), as apropriações da informação e 
conhecimento se tornam questões em disputa na relação 
capitalismo/sociedade/estado/democracia, e através dos 
novos movimentos sociais é evidenciada a possibilidade de 
aglutinação, crítica e construção de pensamento opositor dentro 
da democracia, que se aprofunda tanto sob o viés da crítica 
quanto da resistência.
Contemporaneamente, o Serviço Social tem passado por 
novas modificações, que se dão a partir das transformações 
que alteram a economia, a política e a cultura na sociedade 
brasileira. Assim, Iamamoto (2001) ressalta a importância do 
conhecimento sobre as particularidades da questão social e 
dos sujeitos sociais envolvidos nesse processo por parte do 
profissional de Serviço Social: 
Uma hipótese de trabalho sobre o desenvolvimento do 
Serviço Social nos anos 1980 indica que a profissão teve 
os olhos mais voltados para o Estado e menos para a 
sociedade, mais para as políticas sociais e menos para 
34 Serviço Social Contemporâneo
os sujeitos com quem trabalha: o modo e condições 
de vida, a cultura, as condições de vida dos indivíduos 
sociais são pouco estudadas e conhecidas. (IAMAMOTO, 
2001, p.75)
A partir de tais questões, alguns desafios se tornam evidentes 
nesse processo: a relação do Serviço Social com os novos 
movimentos sociais exige que repensemos a relação entre 
sociedade, cultura, subjetividade, autonomia e identidade. 
Diversas têm sido as críticas com relação à institucionalização 
dos movimentos sociais, que sinalizam a perda do seu poder 
de mobilização e oposição, já que ao se transformarem em 
ONGs, recebem financiamentos dos governos em geral, 
comprometendo sua crítica política. Frente a isso, há, em 
contrapartida, o fato de que as ONGs têm feito a mediação 
das vozes dos oprimidos, possibilitando a manifestação e a 
criação de novas agendas públicas – estamos em fase de 
construção de uma nova gramática plural, conforme sinaliza 
Faleiros (2002), na qual nós somos desafiados, enquanto 
profissionais, a participar.
2.3 Refletindo sobre organizações não 
governamentais e Terceiro Setor
O Terceiro Setor é uma temática atual e pertinente no contexto 
acadêmico, sua compreensão específica e atualizada leva ao 
entendimento e à busca da qualidade para os serviços prestados. 
O Terceiro Setor se configurou, no decorrer das duas últimas 
Capítulo 2 Movimentos sociais e terceiro setor: aspectos... 35
décadas, dentro de um contexto social, econômico e político 
marcado pela complexidade, incerteza, instabilidade e rápidas 
mudanças, em uma dimensão globalizada com um vasto 
desenvolvimento tecnológico e científico. Contrariamente, 
com muita pobreza e desigualdade social. 
Com o surgimento de certas organizações no interior da 
sociedade civil, caracterizadas pela promoção de ações de 
natureza privada com fins públicos, diferentes denominações 
passaram a ser dadas às mesmas. Alguns exemplos são: 
organizações voluntárias,organizações não governamentais 
(ONGs), organizações sem fins lucrativos, setor independente, 
Terceiro Setor.
Para entender e identificar o Terceiro Setor, faz-se necessário 
esclarecer que aqueles que utilizam este termo consideram o 
Estado como o Primeiro Setor e o Mercado como o Segundo 
Setor, sendo o Terceiro Setor aquele que apresenta características 
de ambos. Portanto, genericamente, o Terceiro Setor é visto 
como derivado de uma conjugação entre as finalidades do 
Primeiro Setor e a metodologia do Segundo Setor, ou seja, 
composto por organizações que visam a benefícios coletivos 
(embora não sejam integrantes do governo) e de natureza 
privada (embora não objetivem auferir lucros).
Alguns conceitos de Terceiro Setor são trabalhados por 
diferentes autores que têm se destacado enquanto estudiosos 
do assunto: “por Terceiro Setor entenda-se [...] a sociedade 
civil que se organiza e busca soluções próprias para suas 
necessidades e problemas, fora da lógica do Estado e do 
mercado” (RODRIGUES, 1998, p.31). 
36 Serviço Social Contemporâneo
[...] o Terceiro Setor é composto de organizações sem fins 
lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação 
voluntária, num âmbito não governamental, dando 
continuidade a práticas tradicionais de caridade, da 
filantropia e do mecenato e expandindo o seu sentido para 
outros domínios, graças, sobretudo, à incorporação do 
conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações 
na sociedade civil. (FERNANDES, 1997, p.27)
Essas organizações não fazem parte do Estado, nem a ele 
estão vinculadas, mas se revestem de caráter público na 
medida em que se dedicam a causas e problemas sociais 
e em que, apesar de serem sociedades civis privadas, 
não têm como objetivo o lucro, e sim o atendimento das 
necessidades da sociedade. (TENÓRIO, 2001, p.7) 
Portanto, o Terceiro Setor é formado por instituições 
(associações ou fundações privadas) não governamentais, 
que expressam a sociedade civil organizada, com participação 
de voluntários, para atendimentos de interesse público 
em diferentes áreas e segmentos. Avança da perspectiva 
filantrópica e caritativa para uma atuação profissional e 
técnica, na qual os usuários são sujeitos de direitos, tendo em 
vista o alcance de um trabalho qualitativamente diferenciado 
daquele que sempre marcou a história dessas organizações: o 
assistencialismo e a filantropia (MORAES, 2010). 
Aqui cabe mencionar que o movimento do Terceiro 
Setor nasceu nos Estados Unidos com a doação de grandes 
fortunas para programas sociais e a fundação de institutos 
ligados a empresas que investiam neles parte do imposto de 
renda devido ao Estado. De forma diferente das instituições 
Capítulo 2 Movimentos sociais e terceiro setor: aspectos... 37
religiosas tradicionais de caridade, este movimento busca a 
profissionalização do seu processo de gestão, estabelecendo 
parcerias com vistas à consecução de resultados concretos de 
mudança social. É por esse contexto que os principais estudos 
acadêmicos ligados ao Terceiro Setor encontram-se nos cursos 
de administração (MORAES, 2010).
Atualmente, segundo Moraes (2010), a concepção de não 
governamental e não lucrativa deixou de ser usada, pois conta-
se com o estado na maioria das parcerias em que o lucro é 
desejado e buscado, embora a lei obrigue as organizações a 
reverterem o lucro em favor da própria instituição e não para 
a aquisição de patrimônio pessoal dos seus diretores.
Nesse cenário, cabe citar Merege (2005, p.149), que 
afirma haver três grandes grupos de acadêmicos que discutem 
o conceito de Terceiro Setor. 
O grupo norte-americano considera o movimento 
como mais um setor dentro da sociedade capitalista. 
O europeu considera o Terceiro Setor como a área do 
social-ativismo, do cooperativismo e das sociedades de 
interesse mútuo, como parte de uma economia social. 
Trata-se de um setor estratégico para o processo de 
distribuição de renda na sociedade. Para o terceiro grupo, 
a área é de ativismo político, em que as pessoas podem 
tomar posições ideológicas, de ação política frente ao 
Estado e ao mercado.
Para Peruzzo (2007), apesar da expressão “Terceiro Setor” 
ser usada quase naturalmente no dia a dia das organizações, 
no mundo acadêmico há a tendência de caracterizá-lo como 
38 Serviço Social Contemporâneo
um bloco homogêneo, mas há controvérsias sobre a imprecisão 
dos seus conceitos e sobre o real sentido da emergência deste 
segmento para a sociedade. Não será possível aprofundar tais 
questões neste texto, mas cumpre pelo menos esclarecer que 
as críticas se situam a partir de dois focos principais: 
 Â a) diversidade de atores que compõem o Terceiro Setor, 
ou seja, de organizações formais às atividades informais 
e individuais, além de atores com diferentes objetivos e 
linhas político-ideológicas (desde empresas privadas e 
entidades filantrópicas até movimentos populares); 
 Â b) do sentido do surgimento deste setor para a sociedade. 
O interesse em apenas “fazer o bem” é aparente, pois 
no fundo a estratégia é reduzir os compromissos do 
Estado de Bem-Estar Social (Welfare State), além de 
salvaguardar os interesses de classe quanto à reprodução 
da governabilidade capitalista e ao uso mercadológico 
por parte de grandes corporações. 
Porém, há que se dizer que historicamente o Estado entrou 
no atendimento ao bem-estar porque a prática capitalista se 
exime de pagar o “salário” necessário para a reprodução da 
força de trabalho (PERUZZO, 2007).
Para Silva e Aguiar (2001), o espaço criado pelo Terceiro 
Setor se configura como aquele de iniciativas de participação 
cidadã. As ações que se constituem neste espaço são tipica-
mente extensões da esfera pública, não executadas pelo Es-
tado e caras demais para serem realizadas pelos mercados. 
Sendo assim, inicia o papel do cidadão que, agente ativo da 
sociedade civil, organiza de modo a catalisar trabalho volun-
Capítulo 2 Movimentos sociais e terceiro setor: aspectos... 39
tário em substituição aos serviços oferecidos pelo Estado, via 
taxação compulsória, e a transformar em doação a busca por 
lucro do mercado.
É importante explicar que “benefícios coletivos”, que 
compõem a caracterização do setor, não correspondem 
necessariamente a “benefícios públicos”. Muitas organizações 
do Terceiro Setor visam promover benefícios coletivos privados, 
ou seja, específicos a um determinado objetivo. Este caso 
corresponde ao de organizações visando ajuda mútua que 
pretendem defender interesses de um grupo restrito de pessoas, 
sem considerável alcance social. As organizações de caráter 
público, de outro lado, estão voltadas para o atendimento 
de interesses mais gerais da sociedade, produzindo bens ou 
serviços que tragam benefícios para a sociedade como um 
todo (SILVA; AGUIAR, 2001).
O Terceiro Setor passa então a constituir um setor de lógicas 
diferentes dos demais. De acordo com Domènech (apud 
SEVIGNANI, 2007, p.21), para a sociedade atual, os valores 
que justificam o Terceiro Setor são menos emocionais e mais 
carregados de ideologia, “um guia das justificativas ideológicas 
mais importantes de qualquer organização [...] sendo que os 
valores das organizações não lucrativas são diferentes, em 
essência, dos valores de outras organizações presentes na 
sociedade”. 
A relação entre as organizações de Terceiro Setor e 
o mercado pode ser identificada, basicamente, segundo 
Montaño (2007), por um processo de complementaridade 
por meio do financiamento de projetos do Terceiro Setor pelo 
40 Serviço Social Contemporâneo
mercado. Essa relação muitas vezes acaba se tornando alvo 
de muita discussão e, até mesmo, do surgimento de linhas 
de reflexão convergentes em torno do assunto. Para alguns, o 
mercado deve estimular sim a execução de projetos por parte 
do Terceiro Setor e, para outros, o mercado deveria se afastar 
de vez para que as organizações de cunho civil não se vejam 
atreladas à vontade do mercado. 
Conforme Hudson (1999, p.6), “o aumento daintervenção do Estado nos assuntos sociais por meio do 
aumento das provisões sempre esteve em contínua definição 
de limites de atuação”.
Segundo Gandolfi (2006, p.29), pode-se compreender 
Terceiro Setor como um setor que “possui forte orientação por 
valores, uma fronteira de atuação não claramente delimitada, 
um constante relacionamento com o Estado e uma demanda 
crescente de resultados”.
A definição do papel desse setor permite compreender as 
transformações às quais estão sujeitas as sociedades globais: 
Entender o que são, de onde vem, o que querem, 
como cresceram e se multiplicaram, como atuam as 
organizações de cidadãos implica retomar os fios de 
uma história que combina valores e práticas ancestrais 
com fenômenos contemporâneos e, em boa medida, 
anunciadores de profundas mudanças no perfil das 
sociedades e da ordem internacional. (SEVIGNANI, 
2007, p.33)
Capítulo 2 Movimentos sociais e terceiro setor: aspectos... 41
Cardoso ressalta a importância do Terceiro Setor como 
meio de uma revolução nos papéis sociais tradicionais, afir-
mando que seu conceito “descreve um espaço de participação 
e experimentação de novos modos de pensar e agir sobre a 
realidade social”. Sua afirmação tem o grande mérito de rom-
per a dicotomia entre público e privado, na qual público era si-
nônimo de estatal, e privado, de empresarial. “Estamos vendo 
o surgimento de uma esfera pública não estatal e de iniciativas 
privadas com sentido público. Isso enriquece e complexifica a 
dinâmica social” (apud SEVIGNANI, 2007, p.29).
2.4 As ONGs e o social
Para Lopes (2004), as ONGs assistencialistas e desenvolvi-
mentistas realizam uma variedade de ações profissionalizantes 
tradicionais e artesanais ou manuais, mas poucas delas pro-
porcionam geração de recursos financeiros aos usuários; regu-
larmente, estes não participam da gestão das ONGs ou, quan-
do o fazem, estão limitados a um dos procedimentos, como 
planejamento, execução, acompanhamento ou avaliação de 
atividades; os trabalhos geralmente reproduzem estruturas di-
ferenciadoras das relações sociais de gênero; a divulgação das 
ações das ONGs é realizada de forma restrita, direcionada a 
seus próprios usuários e participantes; a maioria das ONGs 
avalia seus trabalhos com reuniões; nenhuma organização pre-
tende manter a sociedade do jeito que está, propondo ideali-
zações de melhoria, porém justificadas pelas restrições que as 
próprias enfrentam na efetivação de suas atividades.
42 Serviço Social Contemporâneo
2.4.1 Definição, conceitos e características sobre 
Terceiro Setor
As ONGs realizam atividades mínimas de manutenção, 
recorrentes a um modelo de atuação com a pobreza 
reproduzido desde os programas estatais. Assim, mais de 
50% dos usuários atendidos nas ONGs estão na faixa de 
renda familiar de menos de 1 salário mínimo, enquanto os 
demais recebem de 1 a 6 salários mínimos. Aqui, surge uma 
hipótese interessante: a proximidade das faixas de renda dos 
usuários atendidos, abaixo e acima de 1 salário mínimo, pode 
significar que as organizações direcionam suas atividades 
predominantemente para os sujeitos que estão abaixo da 
linha da pobreza, mas também para aqueles que vivenciam o 
processo de empobrecimento ou precarização das condições 
de via.
Os critérios para separar tais usuários por classes distintas 
estão sendo definidos pelos serviços ou atendimentos prestados 
aos mesmos pelas ONGs. Se a hipótese for verdadeira, os 
tipos de serviços ou atendimentos devem ser semelhantes, 
conforme as classes de renda se aproximem, frente a essa linha 
de corte (os extremos das faixas de renda atendidas). Caso 
se confirme tal hipótese, pode-se supor que as organizações 
estão se tornando a porta de entrada dos sujeitos que 
empobrecem aos serviços e bens públicos de manutenção de 
suas necessidades básicas, o que abre oportunidade para uma 
série de questionamentos derivados (LOPES, 2004).
Se a presença difusa de diversos agentes coloca em cena 
necessidades e expectativas concretas definidas nos termos de 
“exercício de liberdade”, como as configuradas nas ONGs, em 
Capítulo 2 Movimentos sociais e terceiro setor: aspectos... 43
contrapartida provoca-se uma crise de regulação das “garantias 
formais que [...] constituem as pré-condições lógicas para a 
mudança efetiva das relações intersubjetivas” (LOPES, 2004, p.3).
Dessa forma, reconhecendo o escopo restrito e focalizado 
dessa análise, é necessário inventariar os tipos de ONGs que 
emergem e suas articulações em torno de um projeto social 
para configurar o caráter instituinte de esfera pública que 
se forma entre as organizações e em suas relações com a 
sociedade civil e o Estado.
2.4.2 Atuação em ONGs
Já para aqueles profissionais que pretendem atuar em 
organizações do Terceiro Setor, alguns requisitos são 
fundamentais. Dentre esses, destacam-se, conforme COSTA 
(2003): 
1. Ter um conhecimento básico sobre o que é o Terceiro 
Setor e as instituições que o compõem, bem como, mais 
especificamente, sobre a instituição onde irá desenvolver a 
sua ação: histórico, objetivos, missão, recursos, proposta de 
trabalho, dificuldades, possibilidades, limites, público-alvo, 
etc.;
2. Ter a visão da totalidade institucional, conhecendo o am-
biente interno e externo da organização e, principalmente, 
o papel que pretende cumprir naquele determinado mo-
mento histórico e pelo qual deseja ser reconhecido;
3. Conhecer a legislação atual que fundamenta a política de 
atuação junto ao segmento atendido pela instituição. Isso 
44 Serviço Social Contemporâneo
significa buscar nas leis pertinentes à ação institucional 
respaldo legal para a um trabalho voltado para a garantia 
dos direitos da população atendida. A Constituição Federal 
de 1988, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), o 
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, a Lei Orgânica 
da Saúde, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
– LDB etc., são exemplos do aparato legal que podem 
contribuir para garantir a ação do técnico, do Serviço 
Social ou de outras áreas, uma ação mais contextualizada, 
interdisciplinar e abrangente; 
4. Ter a concepção clara de que população atendida pela 
instituição é constituída por sujeitos de direitos e não meros 
objetos da ação profissional; 
5. Saber atuar em equipe, pois essa participação pressupõe 
o trabalho conjunto de pessoas que discutem e analisam 
situações e fatos concernentes ao âmbito de atuação, 
tomando decisões de encaminhamento e executando-as. 
Traz a ideia do trabalho coletivo, cujos membros partilham 
de uma visão claramente definida sobre os objetivos a 
serem alcançados, tendo em vista a totalidade institucional 
e a ação interdisciplinar; 
6. Produzir respostas profissionais concretas e práticas para a 
problemática trabalhada pela instituição, a partir de uma 
postura reflexiva, crítica e construtiva. Exercer a práxis 
profissional com compromisso e responsabilidade, primando 
pela capacidade de denunciar situações que necessitam ser 
superadas, mas também anunciando as formas de fazê-lo. 
Capítulo 2 Movimentos sociais e terceiro setor: aspectos... 45
Mas, em se tratando da atuação específica do assistente 
social, acrescenta-se que este profissional necessita, além dos 
requisitos apontados, possuir uma sólida formação profissio-
nal sobre: 
 Â os determinantes da questão social brasileira e suas 
diferentes manifestações; 
 Â as políticas sociais setoriais para o enfrentamento dessas 
manifestações;
 Â a relação Estado, mercado e Terceiro Setor, discernindo o 
papel e a função de cada um no contexto da formulação 
e execução dessas políticas; não esquecendo que cabe 
ao Estado o dever de prover políticas sociais adequadas 
e eficientes para o enfrentamento da questão social. O 
Terceiro Setor é parceiro do Estado e não o contrário 
(COSTA, 2003). 
Além disso, baseados na Lei de Regulamentação da Profissão 
de assistente social (Lei nº 8.6662, de 07/06/93), pode-se 
visualizar algumas atribuições específicasao assistente social 
que atua na área do Terceiro Setor, segundo Costa (2003): 
 Â implantar, no âmbito institucional, a Política de 
Assistência Social, conforme as diretrizes da Lei Orgânica 
da Assistência Social (LOAS/93) e Sistema Único da 
Assistência Social (SUAS/04), de acordo com a área e o 
segmento atendidos pela instituição; 
 Â subsidiar e auxiliar a administração da instituição na 
elaboração, execução e avaliação do Plano Gestor 
Institucional, tendo como referência o processo do 
46 Serviço Social Contemporâneo
planejamento estratégico para organizações do Terceiro 
Setor; 
 Â desenvolver pesquisas junto aos usuários da instituição, 
definindo o perfil social desta população, obtendo dados 
para a implantação de projetos sociais, interdisciplinares; 
 Â identificar, continuamente, necessidades individuais e 
coletivas, apresentadas pelos segmentos que integram 
a instituição, na perspectiva do atendimento social e da 
garantia de seus direitos, implantando e administrando 
benefícios sociais; 
 Â realizar seleção socioeconômica, quando for o caso, de 
usuários para as vagas disponíveis, a partir de critérios 
preestabelecidos, sem perder de vista o atendimento 
integral e de qualidade social e nem o direito de acesso 
universal ao atendimento; 
 Â estender o atendimento social às famílias dos usuários 
da instituição, com projetos específicos e formulados a 
partir de diagnósticos preliminares; 
 Â intensificar a relação instituição/família, objetivando 
uma ação integrada de parceria na busca de soluções 
dos problemas que se apresentarem; 
 Â fornecer orientação social e fazer encaminhamentos 
da população usuária aos recursos da comunidade, 
integrando e utilizando-se da rede de serviços 
socioassistenciais; 
Capítulo 2 Movimentos sociais e terceiro setor: aspectos... 47
 Â participar, coordenar e assessorar estudos e discussões 
de casos com a equipe técnica, relacionados à política 
de atendimento institucional e nos assuntos concernen-
tes à política de Assistência Social; 
 Â realizar perícia, laudos e pareceres técnicos relacionados 
à matéria específica da Assistência Social, no âmbito da 
instituição, quando solicitado. 
No interior das instituições do Terceiro Setor, a atuação do 
assistente social, sempre tendo como fim último o atendimento 
integral e de qualidade social, trabalhará no enfoque da 
garantia do direito de inclusão ao atendimento. Mas também 
priorizará ações que caracterizam o alcance dos objetivos, 
metas e diretrizes preconizados pelo planejamento estratégico 
institucional, para o qual deverá ter contribuição significativa. 
Gerir o social é sinônimo de sofisticação; precisa-se 
ser capaz de pensar em múltiplos cenários e estar sempre 
sintonizado aos apelos sociais, e os paradigmas não podem 
existir em uma organização do Terceiro Setor.
Neste contexto de precarização das políticas sociais e 
assistenciais estatais, agora multifragmentadas, o Estado 
se apresenta como parceiro da sociedade nas práticas 
filantrópicas e caritativas. “É neste espaço que surgirá o que é 
chamado de ‘Terceiro Setor’, atendendo a população excluída 
ou parcialmente integrada. Isso se constitui como “uma luva” 
na mão do projeto neoliberal” (MONTAÑO, 2007, p.11).
48 Serviço Social Contemporâneo
Referência comentada
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ao padrão emergente de intervenção social. 4.ed. São Paulo: 
Cortez, 2007.
Neste livro, o autor enfrenta teoricamente a questão das 
semelhanças e diferenças entre as concepções de “sociedade 
civil” e “Terceiro Setor”, discutindo o papel e as implicações 
políticas de tais atores sociais na arena do Estado brasileiro.
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