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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA AMBIENTAL CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL GIULIA MARIA DA COSTA SEGATO GUILHERME COSTA SANTOS LEONARDO BORGES RODRIGUES REBECA GOLINELLI RADIAÇÃO LÍQUIDA, TEMPERATURA, UMIDADE DO AR, VENTO, CHUVA, EVAPOTRANSPIRAÇÃO E BALANÇO HÍDRICO UBERLÂNDIA 2016 1. INTRODUÇÃO O conjunto de dados das variáveis climáticas constitui uma das bases fundamentais para pesquisas, uma vez que estes dados oferecem uma série de informações que, a partir de diferentes métodos científicos, podem ser analisados e discutidos relacionando diversos fins: seja para construção em pequenas e grandes cidades, seja no benefício da agricultura. Na climatologia e meteorologia, os dados constituintes do sistema climático, chamadas de variáveis climáticas são os elementos principais para aplicação com vistas ao desenvolvimento da sociedade. Os dados das variáveis climatológicas ficam disponíveis em um banco de dados nacionais, INMET, podendo ser utilizados em pesquisas, que devem ser embasadas num minucioso, bem elaborado e completo sobre diversas variáveis climáticas e meteorológicas em uma escala espaço-temporal definida. É imprescindível a formação de banco de dados dos elementos climatológicos constituintes do sistema climático. Para o estudo em questão, utilizou-se de uma análise de dados reais e construção de tabelas e gráficos de variáveis climáticas e meteorológicas, indicando como a utilização desses dados permite a interpretação de fatos climáticos ocorridos e o consequente planejamento de atividades antrópicas, como a agricultura, por exemplo. (AYOADE, 2004) Como área de estudo, foi eleito o município de Manaus, no estado do Amazonas na região Norte do Brasil. 2. METODOLOGIA O trabalho foi realizado em Manaus, analisando variáveis como temperatura, precipitação, umidade, radiação líquida, vento, evapotranspiração e balanço hídrico. Para as análises, utilizou o banco de dados do Instituto Nacional de Meteorologia, coletando dados meteorológicos da localidade, além de dados das normais climatológicas. No site do INMET, foram coletados dados de variáveis atmosféricas de Manaus para o ano de 2016. Em uma planilha eletrônica (Excel) avulsa, foram colados os dados, porém os mesmo se apresentam em forma de texto e em uma única célula. Para separar as colunas das variáveis, selecionou-se a coluna, clicou-se na aba de ‘Dados’, clicou-se em ‘Texto para colunas’, apareceu um quadro de configurações. Neste quadro mantivemos a opção ‘Delimitado‘, clicou-se em ‘Avançar‘, selecionou-se delimitadores ‘vírgula‘, desmarcou-se ‘tabulação’. Clicou-se em avançar e selecionou-se a opção ‘Avançado’, indicou-se ‘Separador decimal’ = ‘. ‘ (ponto) e ‘Separador de milhar’ = ‘, ‘ (vírgula). Clicou-se em OK e depois ‘Concluir ‘. Dessa forma, as variáveis separaram-se em colunas com o nome na primeira linha. Depois de separar os dados em colunas, utilizou-se uma planilha eletrônica (Excel) disponibilizada pelo professor orientador. Esta tabela apresenta automaticamente, diversas variáveis como temperatura média, umidade relativa do ar, chuva total, média mensal de pressão atual de vapor (ea) e pressão de saturação (es), fotoperíodo, vento além do balanço de radiação. Ainda é necessário incluir na tabela, dados das normais climatológicas de Manaus para as seguintes variáveis fotoperíodo, Qo, Qgo, temperatura média, umidade, chuva total, insolação e velocidade do vento a 10 metros de altura. Ainda é necessário, colocar o valor da latitude de Manaus, para realização dos cálculos. Em uma segunda planilha eletrônica disponibilizada pelo professor orientador, foram calculados a evapotranspiração através de dois métodos, além do balanço hídrico da localidade. Nesta planilha os cálculos são automáticos, sendo necessário substituir apenas os valores em azul. Para obtenção dos valores da normal climatológica foram usados dados do INMET a partir das Normais Climatológicas do Brasil 1961-1990 no link Clima do site do INMET. Os dados são apresentados com duas casas decimais. Fórmulas utilizadas: Pressão de saturação do vapor (es) T = temperatura (° C) es = pressão de saturação do vapor (kPa) Umidade relativa do ar UR = 𝑒𝑎 𝑒𝑠 .100 es = pressão de saturação de vapor (kPa) ea = pressão atual de vapor (kPa) UR = Umidade relativa do ar (%) Fotoperíodo hn hn N 133,0 15 2 N = Fotoperíodo do dia (Horas e decimal) hn = Ângulo horário ao nascer do Sol Irradiância solar extraterrestre diária (Qo) hnhn d D Qo sencoscossensen 180 6,37 2 Qo = Irradiância solar extraterrestre diária (MJ m-2 dia-1) hn = ângulo horário do nascer do Sol (graus) Equação de Angström-Prescott para estimativa da radiação Global (Qg) N n ba Qo Qg Qg = Radiação solar global diária (MJ m-2 dia-1) Qo = Irradiância solar extraterrestre diária (MJ m-2 dia-1) a e b = coeficientes empíricos ajustados para o local e época n = insolação ou número de horas de brilho solar (horas) N = Fotoperíodo do dia (horas) Velocidade do Vento U2m = 0,748 * U10m U2m = velocidade do vento a 2 metros (m/s) U10m = velocidade do vento a 10 metros (m/s) Evapotranspiração – Método de Pennan-Monteith Rn = saldo de radiação (MJ m-2dia-1); G = fluxo de calor no solo (MJ m-2dia-1); γ = constante psicrométrica = 0,063 (kPa °C-1); T = temperatura média do ar (°C) U2 = velocidade do vento a 2 m de altura (ms-1) es = pressão de saturação (kPa) ea = pressão atual do vapor de água (kPa) S = é a declividade da curva de saturação de vapor na temperatura do ar (kPa °C-1) Evapotranspiração – Método de Thornthwaite Radiação líquida (Rn) Rn = BOC + BOL = Qg -rQg+ Qa –Qs BOC = Qg –rQg = Qg (1 – r) BOL (clima úmido) = Qa –Qs = -[ 4,903*10-9*T4*(0,56 –0,25 √ ea)*(0,1 + 0,9 n/N)] Qg= Radiação global r = Albedo (refletividade a radiação de OC) Qa= Radiação emitida pela atmosfera Qs= Radiação emitida pela superfície Balanço hídrico ±∆ARM = P + I - ET + AC – DP P = precipitação I = irrigação AC = ascensão capilar ET = evapotranspiração DP = drenagem profunda 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Através de dados obtidos pelo INMET, pode-se observar e calcular diversas variáveis que designam as condições climatológicas e meteorológicas da localidade em estudo, Manaus. As variáveis analisadas foram radiação líquida, temperatura, umidade do ar, precipitação e circulação atmosférica (ventos). 3.1. NORMAL CLIMATOLÓGICA Serão apresentados os dados das normais climatológicas de Manaus para as seguintes variáveis: temperatura, umidade, vento e precipitação. 3.1.1. TEMPERATURA A primeira variável observada foi a temperatura do ar, cuja variação está relacionada com a chegada da energia solar e pela saída de energia emitida pela Terra sob a forma de ondas longas. Sabemos que a Temperatura do ar é de grande importância para várias atividades e processos físicos e químicos e que também interfere em atividades humanas e de microrganismos, alguns exemplos disso são: Crescimento e desenvolvimento das plantas; Define distribuição espacial e temporal (culturas e nativas); Condições extremas (altas e baixas temperaturase geadas); Evapotranspiração; Ocorrência de pragas e doenças (agricultura, epidemiologia); Conforto hidrotérmico; Atividade microbiológica (solo, biodigestores, decomposição de matéria orgânica). O ar em suas condições apresenta dois processos de transporte de calor sensível: a condução molecular e a difusão turbulenta causada por parcelas de ar aquecidas que entram em processo convectivo. A temperatura também influencia o armazenamento de energia global em forma de calor nos vários sistemas, como o oceano, solo e atmosfera. Em dias normais (claro e calmo), o ar na superfície irá aumentar a medida que a energia que chega é maior que a energia emitida pela superfície da Terra, durante a noite ocorre efeito inverso. A variabilidade da radiação ao longo do ano, está relacionada com o fotoperíodo (duração do dia) e esse parâmetro é dado em função da declinação solar que é o ângulo entre o raio vetor do astro e o plano equatorial celeste variando de +23°27’ a -23°27’ durante o ano. A declinação nos garante as estações do ano, controlando intensidade e duração de energia solar recebida pelas localidades da Terra, logo a variação da temperatura ao longo do ano pode variar entre as estações. A duração do dia (fotoperíodo) também está interligada à latitude da localidade. As regiões próximas a linha do Equador apresentam temperaturas mais altas, devido a incidência mais perpendicular do Sol na superfície. Analisando o gráfico do fotoperíodo de Manaus, podemos observar que o fotoperíodo tem uma pequena variação ao longo do ano, sendo que isso ocorre porque a luz solar incide perpendicularmente e uniformemente durante todo o ano nessas regiões. As regiões tropicais têm baixas amplitudes térmicas devido ao aquecimento semelhante durante o ano. Alguns fatores podem causar variações na temperatura em determinadas localidades. Esses fatores são a latitude, a continentalidade e maritimidade, altitude e até mesmo correntes oceânicas. 11,6 11,7 11,8 11,9 12 12,1 12,2 12,3 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Fotoperíodo - Normal climatológica N Gráfico 1: Fotoperíodo da normal de Manaus. Gráfico 2: Irradiância solar global e temperatura da normal de Manaus. O clima de Manaus é definido como um clima Am segundo a classificação de Köppen. O clima Am é um clima tropical de monções, caracterizado pela alta pluviosidade ao longo do ano, bem como a presença de duas estações definidas, uma seca e outra chuvosa. A localidade tem como característica uma estação seca entre maio e setembro e uma estação chuvosa entre novembro e março, sendo que os meses de outubro e abril são meses de transições entre essas estações. Observa-se que a maior temperatura ocorre ao fim da estação seca e a menor temperatura ocorre ao fim da estação chuvosa. O que se observa no gráfico acima é que o mês de fevereiro é o mês mais frio do ano com uma média de 25,9° C, já os meses de setembro e outubro são os meses mais quentes do ano com temperaturas médias de 27,7°C. Observa-se que os meses de menor temperatura são os meses compreendidos entre fevereiro e julho que são os meses de menor irradiância solar global. Outro aspecto interessante de se ressaltar é que a partir de novembro com o início da estação chuvosa, a nebulosidade afeta a irradiância solar global, diminuindo a quantidade de energia que chega na superfície e por fim vai reduzindo a temperatura da localidade; porém a partir de maio com o início da estação seca, a temperatura vai aumentando a medida que a irradiância solar aumenta. No gráfico ainda se nota que a medida que a irradiância aumenta, a temperatura tem uma tendência a aumentar também, porém os dados não têm uma relação única, sendo que outros efeitos também podem influenciar na temperatura do ar. 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 25 26 27 28 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Q g (M J/ m ². d ia ) Te m p er at u ra ( °C ) Título do Eixo Irradiância solar global (Qg) e Temperatura - Normal Climatológica - Manaus, AM T° Qg Normal O mar tem um efeito regulador na temperatura do ar, fazendo com que regiões litorâneas possuam uma menor amplitude térmica. O fato de Manaus estar dentro do continente, faz com que ocorra uma pequena variação da temperatura ao longo do ano quando comparada a uma cidade litorânea e de mesma latitude como Belém. O quão quente o ar fica quando se fala em microescala, depende de diversos fatores como tipo de solo, sua umidade e cobertura vegetal. Geralmente em regiões úmidas e vegetadas como Manaus, grande parte da energia disponível evapora água, deixando menos energia para o aquecimento do ar. 3.1.2. UMIDADE RELATIVA DO AR O ciclo hidrológico é uma sequência fechada de fenômenos naturais que são estudados tanto pela hidrologia quanto a meteorologia/climatologia. A transferência de vapor d’água para a atmosfera ocorre com a evaporação da água presente no solo ou em superfícies hídricas como os rios, lagos e oceanos. Algumas características fisiológicas em vegetais, como a transpiração, também contribuem para a presença de vapor d’água na atmosfera. Ao ser incorporado na atmosfera, o vapor d’água se mistura pelo processo de difusão turbulenta, sendo assim transportado por grandes correntes áreas. Quando encontra condições favoráveis, o vapor consegue retornar ao estado líquido ou sólido, muito das vezes longe do local que se formou. Observando as questões termodinâmicas, quando o vapor d’água entra na atmosfera ele leva calor latente que foi obtido após a mudança de fase. Quando retorna as suas características físicas normais, o vapor d’água libera o calor latente, logo, o vapor d’água funciona como uma espécie de transporte de energia na superfície terrestre. A umidade relativa do ar é uma relação entre a quantidade de água no ar e a quantidade máxima que poderia haver sob a mesma temperatura. A umidade é oriunda do processo de evaporação da água e está ligada ao ciclo da água. A água que evapora sobe, se acumula, formando nuvens e uma parte passa a compor o ar atmosférico, o ar úmido. A umidade relativa é dada basicamente pela razão entre a pressão atual de vapor (ea) e a pressão de saturação de vapor (es) definida como a pressão máxima exercida pelo vapor d’água, em ar saturado. A presença de vapor d’água na atmosfera está ligada com as condições de precipitação ao longo de um ano. Para ocorrer a presença de vapor d’água no estado líquido é necessário a presença de água e de energia para sua mudança de fase. Quanto maior a quantidade de água disponível, maior será a evaporação. Ao se analisar a relação UR=ea/es, podemos notar que a umidade e a pressão atual de vapor são grandezas diretamente proporcionais, logo, se a umidade aumenta a pressão exercida pelo vapor d’água presente na atmosfera também irá aumentar. A pressão de saturação do ar está diretamente relacionada com a temperatura do ar. A atmosfera sob determinada temperatura consegue suportar um valor máximo de água sob a forma de vapor; sendo que quando houver uma variação de temperatura esse valor irá variar, inferindo posteriormente na umidade relativa. Sabe-se que quando maior a temperatura, menor a será a umidade e que a umidade relativa e a pressão de vapor, dessa forma, não são inversamente proporcionais. Em temperaturas constantes, a umidade relativa aumenta com a pressão de vapor, porém quando a umidade sofre efeito simultâneo da temperatura e da pressão de vapor, temos que a relação entre umidade e temperatura se tornem inversamente proporcionais. (VIANELLO,1991) Gráfico 3: Chuva e umidade relativa normal de Manaus. Observando os valores da normal climatológica de Manaus, notamos o que foi explicado anteriormente, onde a umidade é influenciada pelo regime de chuvas na região. O maior valor 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 85,0 90,0 95,0 100,0 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov C h u va ( m m ) U R ( % ) Chuva Normal Urmed Normal de umidade relativa foi observado justamente no mês de maior precipitação, que foi o mês de março, onde teve-se uma umidade 88% e uma precipitação de 335,4 mm; já o menor valor de umidade ocorreu em agosto, cuja precipitação foi de 47,3 mm e a umidade relativa ficou em 77%. No gráfico notamos que durante o período de chuvas (novembro-maio), os valores de umidade são os maiores, já que temos disponibilidade de água (pressão atual de vapor) e que a energia proveniente do Sol atua na evaporação dessa água. Já os períodos de seca, possuem uma menor umidade, já que não há tanta disponibilidade hídrica, sendo que a energia do Sol que chega é utilizada no aquecimento do ar e do solo. Gráfico 4: Umidade relativa e pressão de vapor normal de Manaus. Gráfico 5: Relação temperatura e umidade. 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 2,50 2,70 2,90 3,10 3,30 3,50 3,70 3,90 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ U m id ad e (% ) P re ss ão a tu al d e va p o r e p re ss ão d e sa tu ra çã o ( kP a) Umidade relativa, pressão atual e de saturação de vapor Normal Climatológica - Manaus ea Normal es Urmed Normal 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 50,0 55,0 60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 85,0 90,0 95,0 100,0 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov Te m p e ra tu ra ( °C ) Urmed Normal Tmed Normal Analisando os dois gráficos, pode-se fazer algumas inferências sobre o clima da localidade. É notável no gráfico a relação entre a pressão atual de vapor de água e a umidade, sendo que no período chuvoso (novembro-maio) em Manaus temos uma maior pressão atual de vapor de água e consideravelmente uma maior umidade relativa do ar, sendo que o inverso ocorre para os meses de seca na região (maio-outubro). É notável ainda no gráfico de temperatura e umidade que os meses de maior temperatura são justamente os meses onde se possui a menor umidade relativa. Analisando ainda a temperatura no gráfico 5 e a pressão de saturação no gráfico 4, é notável que elas seguem um padrão parecido ao longo do ano; sendo que isso é um indicativo que essas variáveis são proporcionais. A maior pressão em épocas mais quentes se deve ao agitamento das moléculas de água causada pelo aquecimento solar. 3.1.3. PRECIPITAÇÃO A precipitação é basicamente a água proveniente da atmosfera que foi depositada sob alguma forma na superfície terrestre. A formação das nuvens depende de alguns fatores como umidade, ascensão de massas úmidas, resfriamento adiabático e núcleos higroscópios. Uma massa de ar úmida em ascensão na atmosfera irá sofrendo ação do processo de resfriamento adiabático, podendo atingir seu ponto de saturação, onde a água chega a um nível de condensação. As gotículas de água irão crescendo com os mecanismos de coalescência e difusão do vapor, até ganharem peso suficiente para vencer a resistência do ar e precipitarem sob a forma de chuva. Gráfico 6: Precipitação normal de Manaus. Como já citado, o clima de Manaus é considerado um clima Am segundo a classificação de Köppen, sendo caracterizado basicamente como um clima tropical e úmido, com uma estação seca e outra chuvosa. A pluviosidade total anual de Manaus é de 2307 mm, sendo uma quantidade considerável de água precipitada, porém condizente com as características dos climas equatoriais úmidos. A chuva em Manaus é distribuída em duas épocas, uma chuvosa com precipitação mensal em média acima dos 200mm e uma seca caracterizada por baixas precipitações. O período de maior precipitação é observado entre os meses de novembro a maio, sendo essa época caracterizada por menores temperaturas e maior umidade. Já o período de seca é compreendido entre os meses de maio a outubro, caracterizados por temperaturas mais altas e menor umidade relativa. A época de chuva em Manaus corresponde mais de 80% do total anual precipitado. A variação sazonal das chuvas em Manaus, pode estar associada a intensificação ou menor intensidade da Alta da Bolívia. A Alta da Bolívia é um anticiclone associado a convecção de massas de ar na região amazônica, provocando chuvas convectivas. O regime de chuvas ainda está associado a atuação da Zona de Convergência Intertropical, da penetração de sistemas frontais vindos da região sul do continente além da evapotranspiração e da Cordilheira dos Andes. 264,2 289,5 335,4 311,2 279,3 115,4 85,4 47,3 73,7 112,6 173,8 219,6 0 50 100 150 200 250 300 350 400 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ P R EC IP IT A Ç Ã O ( M M ) Precipitação Normal Climatológica - Manaus, AM 3.1.4. VENTOS O vento é apenas o movimento do ar em relação a superfície terrestre. A ocorrência de ventos se dá pela ação de gradientes de pressão ao longo da atmosfera. Como o ar é um fluido, ele não pode ter a existência de vazios, sendo assim, ocorre circulação do ar de áreas de altas pressões, para as de menores pressões. A formação dos centros de pressão, está ligada com os diferentes processos de aquecimento do nosso planeta pelo Sol e como esse aquecimento é realizado de forma diferencial nos diferentes pontos de nosso planeta. Além da força de gradiente de pressão, temos também a atuação da força de Coriolis que defletem a direção dos ventos. A cidade de Manaus, está em uma região tropical e próxima ao Equador; sendo uma região que recebe perpendicularmente os raios solares, logo, possui um aquecimento do ar mais eficiente. O ar possui a capacidade de se expandir com o aumento da temperatura, com isso apresenta menor densidade, logo menor pressão. As zonas tropicais são caracterizadas como zonas de baixas pressões com ventos fracos e alta precipitação, causados pela Zona de Convergência Intertropical. O ar quente e úmido das regiões equatoriais circula em direção aos polos, porém nas latitudes de 30° sofrem com os cinturões de cavalos que são caracterizados pelas altas pressões, fazendo o ar circular novamente para a região equatorial, com isso os ventos vindos do nordeste e sudeste se chocam gerando a ZCIT. Os ventos podem ser apresentados tanto como direção (vetorial) quanto intensidade (escalar). Figura 1: Modelo de circulação atmosférica. Fonte: Stefan Semenoff Gráfico 7: Temperatura e velocidade do vento em Manaus. Como já dito, o vento circula de regiões de alta pressão para as de baixas pressões, sendo que quanto maior o gradiente entre elas, mais intenso será o vento. Analisando a velocidade do vento medida a 2 metros e a 10 metros de altura, notamos que as medidas próximas a superfície possuem menor velocidade, isso ocorre devido a presença de rugosidade na superfície como construções, vegetações. Na estação automática de Manaus, nota-se a presença de algumas construções antrópicas, sendo que isso é um efeito de atenuação da velocidade do vento em menores alturas. Os valores medidos à 10 metros de altura, possuem maior velocidade, pois estão mais distantes dasuperfície e não sofrem tanto com a ação do atrito entre a superfície e o vento. Observando o gráfico, nota-se que os ventos foram mais intensos entre os meses de agosto e novembro, com o maior valor a 10 metros sendo observado em setembro (2,79 m/s). O menor valor de velocidade do vento a 10 metros foi observado em maio (2,27 m/s). Ainda em análise gráfica, nota-se que a intensidade do vento, possui uma variação íntima junto a temperatura, sendo que nos meses de maior temperatura, caracterizados pela época de seca na região, temos a presença de ventos mais intensos que podem ser oriundos de gradientes de pressões. Já no período de chuvas, caracterizados pela menor temperatura, temos ventos menos intensos. Ainda de acordo com a escala de Beaufort, podemos determinar a escala de intensidade dos ventos na região de Manaus: 24 24,5 25 25,5 26 26,5 27 27,5 28 1,5 1,7 1,9 2,1 2,3 2,5 2,7 2,9 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Te m p er at u ra ( °C ) V el o ci d ad e d o v en to ( m /s ) Título do Eixo Temperatura e velocidade do vento - Normal Climatológica - Manaus, AM 10m 2m T° Tabela 1: Velocidade do vento e escala de Beaufort. Vel. Vento Escala de Beaufort 10m 2m 2,38 1,78 ARAGEM 2,34 1,75 ARAGEM 2,39 1,79 ARAGEM 2,37 1,77 ARAGEM 2,27 1,70 ARAGEM 2,41 1,80 ARAGEM 2,47 1,85 ARAGEM 2,71 2,03 ARAGEM 2,79 2,09 ARAGEM 2,71 2,03 ARAGEM 2,65 1,98 ARAGEM 2,46 1,84 ARAGEM Quanto a intensidade, os ventos de Manaus são caracterizados como aragem, ventos que movimentam as folhas das árvores. Os ventos ainda são apresentados quanto a sua direção. A normal climatológica de Manaus para a direção dos ventos é dada como: Tabela 2: Direção dos ventos em graus. Direção do vento (graus) JAN 64 FEV 66 MAR 68 ABR 76 MAI 95 JUN 98 JUL 99 AGO 96 SET 93 OUT 84 NOV 79 DEZ 66 A direção do vento é caracterizada, como a direção da qual o vento sopra. Como já apresentado os ventos são dependentes dos gradientes de pressão ao longo da superfície, da rugosidade da superfície e da força de Coriolis. Os ventos de Manaus, são caracterizados por terem uma predominância de origem no NE e variando até próximo da direção E. 3.1.5. RADIAÇÃO LÍQUIDA A radiação líquida é basicamente o balanço entre a entrada de ondas curtas provenientes do Sol e a emissão de ondas longas de radiação na superfície. O balanço de radiação é dado pelo BOL (balanço de ondas longas) e o BOC (balanço de ondas curtas). O balanço das ondas curtas é influenciado pela irradiância global (Qg) e pelo albedo de uma superfície. Já o BOL é estimado, sendo que para Manaus usa-se a estimativa de climas úmidos. O BOL varia em função da temperatura média, da pressão parcial de vapor na atmosfera e pela insolação diária. Gráfico 8: Radiação. -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez R ad ia çã o ( M J/ m ². d ia ) Qgo Qo BOC BOL Rn Qg Qg Normal BOC Normal BOL Normal Rn Normal Fazendo uma análise rápida, nota-se que os maiores valores de Qg normal ocorrem nos meses que possuem uma maior temperatura. Ainda se observa que a radiação líquida normal, segue um formato semelhante da curva de Qg normal. No ano de 2016, ocorreu algumas variações quanto a radiação. A Qg diminuiu em relação a normal climatológica, assim como o saldo de radiação também diminuiu, sendo isso causado pela variação do BOC em relação ao normal. 4. ANÁLISES METEOROLÓGICAS E CLIMATOLÓGICAS Para o ano de 2016, algumas variações ocorrem frente as condições normais esperadas. As variáveis a serem analisadas serão a chuva, temperatura, umidade e o vento. A temperatura é uma variável que estão interligadas a quantidade de energia que chega na atmosfera sob a forma de ondas curtas e as ondas longas emitidas pela Terra. Gráfico 9: Relação temperatura e Qg da normal e das condições de 2016. Analisando o gráfico, constata-se que a temperatura no ano de 2016 teve uma média de 28,41°C, sendo observado ligeiro aumento da temperatura em relação a normal, sendo um aumento pequeno que se assume como uma variabilidade climática. Analisando também a radiação 12,00 13,00 14,00 15,00 16,00 17,00 18,00 19,00 20,00 21,00 22,00 25 26 27 28 29 30 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV Temperatura e Qg - Normal e 2016 T° Normal T° 2016 Qg Normal Qg 2016 global, nota-se que a radiação em 2016 teve valores menores em relação a normal ao longo do ano, porém essa variação em alguns meses chega no máximo a 3 MJ/m2.dia. O possível efeito para o aumento da temperatura em Manaus, seria o El Niño. Gráfico 10: Relação chuva e temperatura da normal com as condições atuais. O El Niño é um evento atmosférico caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico. O aumento da temperatura dessas águas altera as condições meteorológicas à níveis regionais e até global. Ainda podendo alterar padrões de vento em todo o mundo, causando variação nos regimes de chuvas nas regiões tropicais e de latitudes médias. O El Niño na região amazônica, dificulta a formação de nuvens, favorecendo uma menor precipitação e por fim, imbuindo na temperatura. No gráfico podemos notar que a precipitação também teve uma redução em relação a normal climatológica. O efeito do El Niño impedindo a formação de nuvens teve efeito mais agudo até o mês de junho. A menor precipitação ao longo do ano de 2016, implica em uma menor quantidade de água disponível no solo para evaporação, assim a energia proveniente do Sol que seria usada nos processos evapotranspiratórios é utilizada no aumento da temperatura do ar. Outro efeito que o El Niño provoca, a níveis regionais dentro da Amazônia, é a alteração da posição do anticiclone da Alta da Bolívia. Ainda em épocas de seca como 2016, o anticiclone possui centros menos intensos, logo variando as condições de vento e chuva na região. 0 100 200 300 400 500 600 24,0 25,0 26,0 27,0 28,0 29,0 30,0 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez C h u va ( m m ) Te m p e ra tu ra ( °C ) Chuva total Atual Chuva Normal Temp Atual Tmed Normal Uma questão interessante de se ressaltar é que durante o inverno, a Alta da Bolívia fica menor intenso provocando um período de seca característico na região. Essa condição de seca associado ao efeito do El Niño em 2016, provoca grande aumento da temperatura no mês mais seco do ano da localidade, que no caso é agosto com uma precipitação de 44,8mm e temperatura de 29,31°C. Quando se observa a umidade, notamos sua relação com a quantidade de chuvas e com a temperatura quando observados os valores de pressão atual de vapor. Gráfico 11: Relação umidade e chuva da normal e das condições de 2016. A partir do gráfico, pode-se notar que a umidade relativa do ar no mês de janeiro em 2016 é muito abaixo ao valor da normal climatológica, sendo que isso pode vir da baixa precipitação nesse mês, além da temperatura ser mais alta também, diminuindo a presença de vapor de água na atmosfera. A temperatura e a umidade são inversamente proporcionais quando a pressão de água na atmosfera e a temperatura agem em conjunto. Observando os dados climatológicos é notório que a umidade diminui concomitante com a precipitação nos meses de seca, isso ocorre devido a menor disponibilidade hídricano solo que poderia ser evaporada. A umidade relativa em setembro aumentou muito, devido a maior quantidade de chuvas que o normal na região. Mesmo atingindo uma média de chuvas maior do que a normal em setembro, 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov C h u va ( m m ) U R ( % ) Chuva total Atual Chuva Normal UR Atual Urmed Normal a UR (%) ainda não atinge o valor da normal nem o supera, isso ocorre pelo fato de que a água no solo não evapora completamente, já que ela é retida para a umidade do solo. O principal efeito para a redução da umidade é o aumento da temperatura do ar e a menor precipitação no ano de 2016. Gráfico 12: Relação entre a pressão atual de vapor e a chuva na normal e em 2016. Quando se observa a pressão atual de vapor, nota-se que ela tende a ter uma constância no ano, com uma pequena variação nos meses de menor precipitação. Isso mostra que ela tem uma dependência da pluviosidade, porém não está somente atrelada a essa variável, sendo também interligada à temperatura e a massa de ar que atua sobre a região. O aumento do valor de temperatura tem uma tendência a diminuir a pressão atual de vapor. Os valores de “ea” durante o ano de 2016, tiveram uma diminuição, isso pode ter ocorrido pelo aumento da temperatura em relação à normal, além da baixa precipitação em relação ao que era esperado. A cidade de Manaus está situada próxima ao Equador e sofre influência da Zona de Convergência Intertropical, onde os ventos alísios vindos do Sudeste e do Nordeste se encontram formando uma zona de grande zona de instabilidade, formando uma zona de convergência de ventos que carrega umidade e calor para as partes mais altas da troposfera, causando precipitação nessa região. 0 50 100 150 200 250 300 350 400 2,3 2,4 2,5 2,6 2,7 2,8 2,9 3,0 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez C h u va ( m m ) P re ss ão a tu al d e v ap o r e a (k P a) Chuva total Atual Chuva Normal Média de ea ea Normal Gráfico 13: Diagrama da direção do vento em 2016. Quando se observa a ação dos ventos na região, grande parte é vinda do NE, porém também sofre com ventos vindos do Leste. Os ventos vindo dessas áreas são causados pela força de Coriolis e pelo gradiente de pressão, onde os ventos circulam dos cinturões de cavalos que possuem alta pressão, para a região do Equador que possui baixa pressão. No ano de 2016, a direção do vento, seguiu padrões próximos aos da normal climatológica, com ventos provenientes do NE e E, porém, em setembro teve a ocorrência de ventos oriundos do SW e N, que podem ser causados por variações das zonas de pressão atuantes na região. O que pode ter ocorrido essa porção de ventos na região, pode ter sido efeito do El Niño ou até mesmo a menor intensidade da Alta da Bolívia. 0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0% Média de N Média de NE Média de E Média de SE Média de S Média de SW Média de W Média de NW 2016 - 1 2016 - 2 2016 - 3 2016 - 4 2016 - 5 2016 - 6 2016 - 7 2016 - 8 2016 - 9 2016 - 10 2016 - 11 5. EVAPOTRANSPIRAÇÃO A evapotranspiração é um processo simultâneo de transferência de água para atmosfera por evaporação do solo e vegetação úmida e transpiração pelas plantas (processo biofísico de perda de água sob a forma de vapor). O estudo da evapotranspiração é importante visando alguns aspectos, tais como: Consumo de água pelas culturas: definição de épocas de plantio e necessidade de irrigação; Perda de água em reservatórios e rios (lençol freático); Estabelecimento das culturas e vegetação; Resfriamento evaporativo (ambiente, animal e planta); Transporte de nutrientes nas plantas; Classificação climática. Alguns fatores determinantes da evapotranspiração são os fatores do clima, fatores da planta e fatores de manejo do solo. Evapotranspiração de referência (ETo) ou Potencial (ETP) é a evapotranspiração hipotética de uma extensa superfície vegetada com vegetação rasteira (normalmente gramado), em crescimento ativo, cobrindo totalmente o solo, com altura entre 8 e 15cm, sem restrição hídrica. Unidade da ET: 1mm = 1 litro/m² Para o cálculo da evapotranspiração foram utilizados dois métodos o de Thornthwaite e Penman-Monteith. Tabela 3: Evapotranspiração pelo método de Thornthwaite e Pennan. I = 151,1957 γ = 0,063 a = 3,77113 Mês T média ETp ETP - Thorn ETo - P-M Thorn - P-M (mm/mês) JAN 26,1 125,39 131,30 106,63 24,67 FEV 25,9 121,80 114,63 93,34 21,29 MAR 26 123,59 127,91 92,92 35,00 ABR 26,2 127,21 126,47 100,10 26,36 MAI 26,2 127,21 129,92 102,98 26,94 JUN 26,4 130,91 128,95 106,59 22,36 JUL 26,5 136,54 139,21 119,01 20,20 AGO 27,3 143,83 147,38 135,82 11,56 SET 27,7 147,26 147,14 137,36 9,78 OUT 27,7 147,26 153,06 134,22 18,84 NOV 27,2 142,95 144,61 118,74 25,87 DEZ 26,6 137,48 144,20 111,73 32,47 ANO 26,65 1634,79 1359,45 Média 22,94 Na análise dos dois métodos, verifica-se que o método de Thornthwaite é um método mais simples dependente apenas da temperatura média normal do ar, porém o método foi desenvolvido para regiões temperadas e úmidas, podendo variar com o valor real de uma localidade que não seja esta. Já o método de Pennan-Monteith é mais complexo, usando de diversas variáveis para o cálculo da evapotranspiração. O método de Thornthwaite é mais fácil de se utilizar, porém, o método de Pennan-Monteith engloba diversas variáveis e pode nos inferir resultados mais próximos ao real. Gráfico 14: Evapotranspiração e precipitação normal de Manaus. Analisando o gráfico acima, notamos que o maior valor de evapotranspiração ocorre em outubro com 152,1 mm/mês, já o mês de fevereiro possui o menor valor de evapotranspiração com 114,6 mm/mês. Nota-se ainda que os valores normais pelo método de Pennan são menores que os valores de Thornthwaite, sendo isso possivelmente implicações causadas pelos métodos com mais ou menos variáveis usadas. Gráfico 15: Precipitação e evapotranspiração em 2016. Percebemos através do gráfico e dos valores coletados que ETP Thorn está subestimando a evapotranspiração em comparação com ETP atual, que está um pouco acima, mas que pela 0 50 100 150 200 250 300 350 400 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ET o e P ( m m /m ê s) P Normal ETP - Thorn ETo - P-M 0 50 100 150 200 250 300 350 400 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ET o e P ( m m /m ê s) P Normal P Atual ETP - Thorn ETP Atual proximidade dos valores é razoável aceitar a estimativa Thorn, visto que a precipitação foi menor em quase todos os meses que a normal climatológica. Observamos, também, pelo gráfico que a ETP é maior em meses que não chove tanto pois a umidade relativa cai, a temperatura média também foi maior, o que corrobora para um aumento na taxa de evapotranspiração. 6. BALANÇO HÍDRICO O balanço hídrico caracteriza a contabilidade de entrada e saída de água no solo. A entrada é representada pela precipitação enquanto a saída é dada pela evapotranspiração e pela drenagem de água sub–superficial para o lençol freático, considerado como excedente. A realizaçãodo balanço hídrico é extremamente útil para auxiliar na tomada de decisões, no planejamento e manejo do sistema agrícola (preparo do solo, semeadura, plantio, irrigação), visando, de forma geral, os altos custos dos plantios agrícolas. ENTRADAS: P = Precipitação I = Irrigação O = Orvalho Ri = Escorrimento superficial DLi = Drenagem lateral AC = Ascensão Capilar SAÍDAS: ET = Evapotranspiração Ro = Escorrimento superficial DLo = Drenagem lateral DP = Drenagem profunda. Figura 2: Exemplificação do balanço hídrico no solo. Gráfico 16: Balanço hídrico normal e em 2016. As condições normais do balanço hídrico em Manaus, estão ligadas com a precipitação normal que ocorre nessa cidade. Observa-se que os valores de excedente hídrico ocorrem justamente nos meses de maior precipitação (início do ano), sendo assim ressalta-se que o armazenamento de água nesses meses é maior. Os meses característicos de baixas precipitações em Manaus, são compreendidos entre julho e outubro, onde ocorre um déficit hídrico, já que a água armazenada no solo nos períodos chuvosos, é perdida através da evapotranspiração e drenagem lateral. Comparando os dados de balanço hídrico com as condições meteorológicas de 2016, observamos uma grande variação nos valores de déficit e excedente hídrico, bem como uma variabilidade temporal do que se era esperado. Essa variação está ligada as menores precipitações no ano de 2016, provenientes do efeito do El Niño. Em janeiro, por exemplo, era esperado um grande excedente hídrico, porém as menores precipitações causaram um déficit hídrico. O mesmo ocorreu para os demais meses caracteristicamente chuvosos. Já os meses que são caracterizados pela seca, tiveram maiores déficit hídricos que o normal, diminuindo a quantidade de água armazenada no solo. -150 -100 -50 0 50 100 150 200 250 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ D EF e E X C ( m m ) mês/ano DEF Normal EXC Normal DEF Atual EXC Atual O balanço hídrico em condições normais é um bom indicador climatológico da disponibilidade de água na região. Gráfico 17: Relação entre precipitação e evapotranspiração da normal e em 2016. Através do gráfico, verifica-se que a evapotranspiração seguiu valores próximos a normal climatológica. Infere-se também que a média da precipitação pluviométrica anual da região de Manaus foi de 1566,3 mm, onde 1018,4 mm se concentraram nos meses de dezembro a abril, correspondendo a 65% de todo a precipitação anual e o restante ficou distribuído nos demais meses. O mês com maior pluviosidade média foi de abril com 273,6 mm e o de menor foi o mês de agosto com 47,3 mm. Observamos também que as diferenças entre a precipitação atual e precipitação normal são bem acentuadas nos meses de janeiro - maio, a partir de maio a diferença possui uma redução significativa sendo que nos meses de julho, outubro e novembro é aproximadamente zero. Nos meses de julho e setembro a precipitação atual ultrapassou a precipitação normal. Verificamos que no mês de janeiro a precipitação atual foi muito abaixo da normal, isso pode ser explicado pelo fenômeno do El Niño (que interfere diretamente nas massas de ar). 0 50 100 150 200 250 300 350 400 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ P e E TP ( m m ) ETP Atual P Atual ETP Normal P Normal 7. CONCLUSÃO Observando o clima de Manaus, podemos constatar que a cidade é caracterizada por um clima quente com temperatura média de 26,7°C ao ano, úmido com precipitação de 2307mm ao ano e umidade relativa média de 83%. A cidade é caracterizada ainda por duas estações, sendo uma chuvosa de novembro a março e outra seca de maio a setembro, sendo que os meses de abril e outubro são meses de transição entre as estações. Por estar situada em região equatorial, o fotoperíodo tem uma pequena variação no ano, se tornando menor no inverno do hemisfério Sul. A cidade ainda é caracterizada pela presença de ventos calmos oriundos do NE. As condições climáticas do local ainda são ao fotoperíodo da localidade bem como a incidência perpendicular dos raios solares que esquentam a região formando zonas de baixas pressões. As zonas de baixas pressões (equatorial) recebem os ventos alísios do sudeste e nordeste que se chocam gerando a Zona de Convergência Intercontinental que é responsável pela grande pluviosidade da região. A evapotranspiração é considerável em Manaus, sendo que dentre os métodos para sua estimativa usados, o que se aproxima do número mais real é o método de Pennan-Monteith. A evapotranspiração normal tem poucas variações ao longo do ano, isso pode ser devido a grande floresta que circunda a cidade. Já o balanço hídrico da região apresenta um grande excedente nos meses chuvosos e um déficit em meses secos, porém o solo da região é caracterizado por ser úmido. O ano de 2016 comparado as condições normais possui algumas variações, sendo que o efeito do El Niño pode ser o indicador dessas variações como baixa precipitações, aumento das temperaturas, queda da umidade relativa. A compreensão das características climáticas e como elas variam, nos permitem utilizar os dados para realizar projetos e estudos que visam melhores adaptações das atividades humanas frente as condições climáticas locais e das suas possíveis variações ao longo dos anos. REFERÊNCIAS AYOADE, J.O. Introdução à climatologia dos trópicos. Rio de Janeiro: Bertrand, Brasil, 2004 VIANELLO, Rubens Leite. Meteorologia básica e aplicações. UFV: Imprensa Universitária, Viçosa, Brasil, 1991. ANGELOCCI, Luiz Roberto et al. Meteorologia Agrícola. USP: Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, São Paulo, Fevereiro de 2007 VAREJÃO SILVA, M.A. Meteorologia e Climatologia. INMET: Brasília, 2000. 515p. FISCH, Gilberto. Clima da Amazônia. INPE. Disponível em: <http://climanalise.cptec.inpe.br/~rclimanl/boletim/cliesp10a/fish.html> GUSMÃO, Ana Maria. Alta da Bolívia. INPE. Disponível em: <http://climanalise.cptec.inpe.br/~rclimanl/boletim/cliesp10a/17.html> GONÇALVES, Suelen. El Niño e seca provocam prejuízos e mudam vida de 50 mil pessoas no AM. G1, Amazonas, 2016. Disponível em: <http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2016/03/el-nino-e-seca-provocam-prejuizos-e- mudam-vida-de-50-mil-pessoas-no-am.html>
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