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Casos concretos – Processo Civil IV. Semana 1: 1ª Questão: Ao iniciar o cumprimento de sentença envolvendo obrigação de pagar, o credor pretende que seja penhorado um bem imóvel do devedor, avaliado em R$ 1.000.000,00 (um milhão de Reais), para pagamento de uma dívida de apenas R$ 10.000,00 (dez mil Reais). O devedor, por meio do seu patrono, peticiona ao juízo informando que possui um veículo automotor avaliado em R$ 30.000,00 (trinta mil Reais), valor que é mais compatível com o do débito, requerendo a substituição do bem penhorado em atenção ao princípio do menor sacrifício ao executado. Indaga-se: deve ser deferido o pleito do executado? R: Sem dúvida deve ser deferido o pleito do devedor, levando em conta o princípio do menor sacrifício do executado contemplado no artigo 805, CPC. Ora se o magistrado vislumbrar que o executado possui vários bens suficientes para o pagamento de uma dívida, não poderia permitir que a penhora recaísse sobre o bem de maior valor já que eventual arrematação em segunda hasta pública pode trazer prejuízos ao devedor em razão da possibilidade do lance ser inferior ao valor da avaliação. Deve-se ainda ressaltar que não se trata de princípio com contornos absoluto sendo processo dialético e, assim, a necessidade de se outorgar as mesmas garantias a ambas as partes indistintamente sob o risco de vulnerar o princípio da isonomia processual, portanto se há um direito de crédito constitucionalmente assegurado, há correspondente direito de defesa por parte do devedor. 2ª Questão: (XVI Exame de Ordem Unificado - FGV) Daniel possui uma pequena mercearia e costuma aceitar cheques de seus clientes, como forma de pagamento. Ocorre que, no último mês, três dos cheques apresentados no prazo foram devolvidos por insuficiência de fundos. Daniel não obteve êxito na cobrança amigável, não lhe restando, portanto, outra alternativa senão recorrer ao Poder Judiciário. Com base nessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta. a) Daniel pode cumular várias execuções, sendo o devedor, ainda que fundadas em títulos diferentes e diversa a forma do processo, desde que o juízo seja competente para todas. b) É vedado ao juiz examinar de ofício os requisitos que autorizam a cumulação de execuções. c) Daniel pode cumular várias execuções, fundadas em títulos diferentes, ainda que diversos os devedores, desde que para todas elas seja competente o juízo e idêntica a forma do processo. – artigo 485, IV, CPC. d) Daniel pode cumular várias execuções, sendo o mesmo devedor, ainda que fundadas em títulos diversos, de que seja competente o juízo e haja identidade na forma do processo. Semana 2: 1ª Questão: No curso de uma ação de indenização e antes da sentença de 1o grau, o réu vendeu seus dois únicos imóveis por R$ 100.000,00 (cem mil reais), os quais constituíam a totalidade de seu patrimônio. Julgado procedente o pedido, com sentença transitada em julgado, o autor pretende receber o valor da indenização fixado pelo Juiz, ou seja, R$ 100.000,00 (cem mil reais). Considerando o enunciado acima, distinga os institutos da fraude à execução e da fraude contra credores, e, num segundo momento, indique os caminhos processuais adequados para que o exequente, na prática, possa receber seu crédito. R: A fraude contra à execução, como o próprio nome já diz, ocorre quando há a alienação de bens a fim de dificultar a execução. Já a fraude contra credores, a intuição é causar dano ao credor, com o intuito de prejudica-lo. A primeira é tratada no Código de processo civil e a segunda no código civil. Ademais, há diferenças consistentes entre ambas. Vejamos: Fraude contra credores Fraude à execução Ocorre antes da citação do devedor à execução Ocorre depois da citação/intimação do devedor à execução Tem natureza jurídica de direito privado Tem natureza de direito público A boa fé na alienação é presumida A má fé é presumida Necessita preencher os requisitos da lei material Basta a alienação depois da citação da execução O ato da alienação torna-se nulo O ato da alienação torna-se ineficaz em relação ao processo Decretada por sentença em ação pauliana. Decretada nos autos da execução, por decisão interlocutória. A súmula 375, STJ dispõe que o reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado. No caso concreto em questão, ainda não havia sido proferida a sentença, de forma que não seria possível o devedor ter sido citado para à execução. Destarte, podemos concluir que ocorreu a fraude contra credores, de acordo com o disposto no artigo 790, VI, CPC. O credor deverá propor ação pauliana em face do devedor, a fim de pedir a nulidade da venda dos bens imóveis, tornando a alienação ineficaz. 2ª Questão: Considerando o CPC, e, principalmente, as normas que tutelam a legitimidade passiva em execução, indique a alternativa incorreta, ou seja, de quem não pode figurar como executado. a) o devedor, reconhecido como tal no título executivo; b) o responsável tributário, assim definido em lei; c) o fiador do débito constante em título extrajudicial; d) o Ministério Público, nos casos previstos em lei. Semana 3: 1ª Questão: Adalberto ajuizou uma ação em face da Seguradora Porto Bello pleiteando o recebimento do seguro de vida realizado pelo seu tio Marcondes. Alega na inicial que a seguradora, de forma injustificada, se negou a pagar a indenização sob o argumento de que o segurado agiu de má-fé ao não informar que realizara uma cirurgia de coração 10 anos antes da assinatura do contrato. Após a instrução o juiz julgou procedente o pedido para condenar a Seguradora a pagar a respectiva indenização em valor a ser apurado em fase de liquidação. Diante do caso concreto indaga-se: a) Qual é a modalidade de liquidação de sentença mais adequada ao caso concreto? É possível modificar a sentença em fase de liquidação? R: Em razão da morte de alguém o mais adequado é a liquidação por arbitramento, caso não houvesse a morte e, em razão de fatos novos, seria aplicada a liquidação pelo procedimento comum. Não é possível modificar a sentença em fase de liquidação, somente em apelação. b) Como deverão proceder as partes caso discordem do valor apurado na liquidação? R: Em caso de não concordarem cabe às partes ingressarem com recurso de Agravo de Instrumento. 2ª Questão: Considerando o CPC, indique a alternativa que não contempla título executivo extrajudicial: a) o crédito de auxiliar de justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial; b) a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; c) a nota promissória; d) o crédito decorrente de foro ou laudêmio. Semana 4: 1ª Questão: Juca Cipó ingressa em juízo com ação de cobrança em desfavor de Sinhozinho Malta, que, citado pelo correio, quedou-se inerte, vindo, em consequência, o pedido autoral a ser julgado procedente, com a condenação do réu ao pagamento de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). Iniciado por Juca Cipó o cumprimento de sentença, após a segurança do juízo, Sinhozinho Malta oferece impugnação, na qual alega a nulidade de sua citação na fase cognitiva. O juiz, então, acata a impugnação de Sinhozinho Malta. Qual seria o recurso cabível contra esta decisão judicial? R: A impugnação tem natureza de decisão interlocutória. Nesse caso, cabe o Agravo de Instrumento. 2ª Questão: Considerando o CPC, indique a alternativa que não contempla matéria passível de ser alegada em sede de impugnação ao cumprimento de sentença: a) incompetênciarelativa; b) impossibilidade jurídica do pedido; c) ilegitimidade da parte; d) excesso de execução ou cumulação indevida de execuções. Semana 5: 1ª Questão: Repelidos Embargos de Devedor com fundamento em sua intempestividade, apresenta o Executado petição avulsa, intitulando-a como Objeção de Não Executividade (também conhecida como Exceção de Pré-Executividade), denunciando a nulidade do título. Deve tal pleito, inobstante a rejeição dos Embargos, ser admitido ao exame do órgão judicial? Se admissível a referida peça, teria a apresentação da mesma efeito suspensivo? R: Deve ser admitido por envolver matéria de ordem pública, isto é, a exigibilidade do título do executivo, com base no modelo constitucional do devido processo legal. Embora não tenha previsão clara no CPC, é um mecanismo de defesa aceito pela doutrina e jurisprudência, que possibilita ao executado apresentar, por meio de petição, matéria que o magistrado possa pronunciar de ofício. Em princípio não suspende a execução, mantendo-se mandado de penhora enquanto pendente de exame. 2ª Questão: Os embargos do devedor serão oferecidos no prazo: a) de 10 dias, contados da juntada aos autos do mandado de citação; b) de 10 dias, contados da efetivação da penhora, depósito ou caução; c) de 15 dias, contados da efetivação da penhora, depósito ou caução; d) de 15 dias, contados da juntada aos autos do mandado de citação; e) em dobro do previsto em lei, quando forem vários os executados e tiverem procuradores diferentes nos autos. Semana 6: 1ª Questão: Determinado credor instaurou processo de execução, lastreado em título executivo extrajudicial, em face de um incapaz, que se encontra regularmente representado nos autos. A penhora recaiu sobre um determinado bem e não foram oferecidos embargos à execução. Como o exequente não manifestou interesse na adjudicação, o magistrado determinou a expropriação por alienação em leilão judicial. No segundo leilão, o bem constricto recebeu um lance equivalente a 75% do valor da avaliação, o que gerou a assinatura no auto de arrematação. Imediatamente, o executado peticionou ao juízo, postulando o reconhecimento da ineficácia da arrematação, uma vez que o bem foi expropriado por preço vil. Já o credor, por sua vez, ponderou que, de acordo com o art. 891, parágrafo único, do CPC, a arrematação teria sido perfeitamente válida. Indaga-se: como deve decidir o magistrado? R: (Artigo 896, CPC – Imóvel de incapaz só pode ser vendido acima de 80% do valor). Em regra geral, nos termos do parágrafo único, do artigo 891, CPC, considera-se vil o preço inferior a 50% do valor da avaliação. Ocorre que, em se tratando de bens imóveis, pertencente a incapaz, o artigo 896, CPC, traz uma regra específica invalidando as arrematações cujos lances sejam inferiores a 80% do valor da avaliação. Desse modo, no caso narrado, assiste razão ao executado. 2ª Questão. A respeito dos bens impenhoráveis, marque a alternativa incorreta: a) o seguro de vida; b) os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; c) os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, inclusive os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; – (artigo 833, CPC) d) os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor. Semana 7: 1ª Questão: Após a vigência do CPC, Rodolfo promove execução em face de Matheus e Lucas, objetivando o recebimento de determinada quantia. A citação de ambos foi realizada regularmente e não foram localizados bens passíveis de penhora. Diante desta situação, o magistrado suspendeu o processo pelo prazo de um ano. Findo este período e, também tendo sido ultrapassado o prazo prescricional da obrigação, os executados peticionam ao juízo requerendo o desarquivamento do processo e a pronúncia da prescrição intercorrente. Devidamente intimado, o exequente se posiciona em sentido contrário, ao argumento de que esta suspensão deveria permanecer sine die, ou seja, indefinidamente, até que sejam localizados bens passíveis de constrição judicial. Como deverá se posicionar o magistrado quanto ao tema? R: Uma das causas de suspensão da execução é a ausência de bens penhoráveis do executado, a luz do artigo 921, III, Código de Processo Civil. Em ocorrendo tal situação, o juiz determinará a suspensão pelo prazo de 1 ano, durante o qual não correrá o prazo de prescrição intercorrente. Após tal período, se não houver manifestação do exequente, começará o transcurso do prazo da prescrição intercorrente, que será reconhecida caso tenha ultrapassado o prazo prescricional da obrigação previsto nas leis de direito material (artigos 205 e 206, Código Civil). No caso apresentado, o argumento trazido pelo exequente não se sustenta, já que a suspensão não permanecerá si ne dir (indefinidamente) de modo que, como no enunciado foi informado o decurso do prazo prescricional da obrigação, a execução deverá ser extinta, na forma do artigo 924, V, CPC. 2ª Questão: A respeito das hipóteses de suspensão da execução, marque a alternativa incorreta: a) a execução é suspensa no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os embargos à execução; b) a execução é suspensa no todo ou em parte, quando o exequente renunciar ao crédito; – quando o exequente renuncia o crédito, ela é extinta, não suspensa. c) ocorrerá a suspensão se a alienação dos bens penhorados não se realizar por falta de licitantes e o exequente, em 15 (quinze) dias, não requerer a adjudicação nem indicar outros bens penhoráveis; d) a execução é suspensa no todo ou em parte, quando o executado não possuir bens penhoráveis. Semana 8: 1ª Questão: Em determinado processo, o magistrado fixou astreintes diárias para compelir o devedor a cumprir obrigação de entrega de coisa, o que não ocorreu no prazo estabelecido. Levando em consideração que o valor acumulado das astreintes está próximo de R$ 100.000,00 (Cem Mil Reais) e que o conteúdo econômico discutido no processo é de no máximo R$ 20.000,00 (Vinte Mil Reais), a parte ré peticiona requerendo a redução do valor retroativamente. Ocorre que a exequente, por seu turno, sustenta que este montante de R$ 100.000,00 (Cem Mil Reais) já integra o seu patrimônio. Vindo os autos conclusos para decisão, o magistrado percebe, na ambiência de seu gabinete, que o CPC fornece um tratamento inconclusivo quanto ao tema astreintes. Em determinada norma, por exemplo, autoriza que o magistrado possa alterar ou mesmo excluir o valor das multas, mas apenas para aquelas vincendas (art. 537, par. 1º), o que contraria entendimento jurisprudencial. Por outro lado, em outro momento, deixa o tema um tanto vago (art. 806, par. 1º), nada dispondo se a revisão do valor pode ser realizada em caráter retroativo. Indaga-se: Como decidir? O valor das astreintes poderia ser reduzido ex tunc? E, para os casos de fixação desta multa, não seria melhor simplesmente o magistrado fixar multa de incidência única, em valor mais substancial, para que a mesma realmente possa funcionar como fator coercitivo? R: Nos termos da Lei, torna-se impossível que haja fundamentação para que a multa seja reduzida ou excluída com efeitos retroativos. Com efeito, o parágrafo 1° do artigo 537 autoriza a modificação do valor da perioticidade e até mesmoa exclusão da multa, caso se torne insuficiente ou excessivo ou haja o cumprimento parcial da obrigação, sendo certo, entretanto, que tal alteração somente poderá incidir sobre a multa vincenda, ou seja, futura. Há quem entenda, todavia, pela possibilidade de alteração com caráter retroativo, sob o fundamento de que, no caso concreto, poderia o magistrado perceber que tal mecanismo executivo estaria sendo insuficiente para atingir os seus fins, tendo se desvirtuado completamente e transformado em fonte de enriquecimento indevido. Para estes, o juiz faria a retroatividade até o momento processual em que percebeu esse desvio. Tal entendimento tem sido amplamente adotado pela jurisprudência. Quanto ao último questionamento, a fixação de multa de insistência única evitaria uma acumulação indistinta que, por vezes, acaba alcançando patamares elevadíssimos, dando a impressão de que a multa se tornou uma fonte de riqueza. 2ª Questão. Considerando o CPC, indique a alternativa que represente o mecanismo de resposta que deve ser empregado pelo executado para apresentação das suas teses defensivas: (V) a) Impugnação; (V) b) Embargos à execução; (F) c) Exceção; (F) d) Contestação.
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