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7 Disfunção temporo mandibular

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DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR 
 
Alfredo Julio Fernandes Neto, et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 
 
 
 
Na presença de distúrbios oclusais, 
os pacientes suscetíveis à disfunção 
temporo-mandibular (DTM) apresentam 
problemas clínicos que envolvem muscu-
latura mastiga-tória, articulações temporo-
mandibulares (ATMs) e/ou estruturas 
associadas. 
 Os sinais e sintomas de DTM são: 
- Dor (ATMs, cabeça, auricular, facial 
(músculos mastigatórios), pescoço. 
- Alteração dos mecanismos mandibulares. 
- Limitação e descoordenação dos movi-
mentos mandibulares. 
- Ruídos articulares (estalos, crepitação). 
 
Fatores Etiológicos 
 
 Para estabelecer um correto 
diagnóstico, deve-se determinar os fatores 
etiológicos, tais como: sexo, estrutura 
esquelética, nutrição, postura, oclusão, 
limiar de dor, alterações emocionais, 
estresse, trauma, distúrbios do sono e 
bruxismo. Estes fatores influenciam no 
resultado do tratamento e se incluem nas 
seguintes categorias: 
a- Fatores predisponentes: predispõem o 
paciente ao risco de DTM ou do 
desenvolvimento da dor orofacial. 
b- Fatores determinantes: causam o início 
da desordem. 
c- Fatores perpetuantes: interferem no 
tratamento e controle. 
 Dependendo da circunstância, 
alguns fatores como o bruxismo está em 
mais de uma categoria, podendo ser 
classificados como um fator determinante 
e contribuindo para perpetuar a desordem. 
Deve-se observar que tais fatores não são 
necessariamente etiológicos, podendo ser 
o resultado da disfunção e não a causa. 
 
Fatores predisponentes 
 
 Incluem fatores biomecânicos, gene-
ticos e psicológicos. As condições sistê-
micas como as desordens reumáticas, 
hormonais, infecciosas, nutricionais e 
metabólicas podem influenciar no 
aparelho mastigatório e promover o 
aparecimento da DTM. Fatores 
predisponentes biomecâ-nicos comuns 
incluem injúrias passadas, má formação 
esquelética, desequilíbrios posturais e 
vários fatores relacionados à oclusão. 
 Tradicionalmente, fatores oclusais 
como discrepância entre a máxima inter-
cuspidação (MI) e a relação cêntrica (RC) 
ou a presença de interferência nos movi-
mentos excêntricos foram considerados 
como sendo fatores primários na etiologia 
da DTM. Porém, as evidencias científicas 
que sustentam a relação entre a má 
oclusão e a DTM são discutíveis. Muitos 
clínicos associam a presença de 
características oclusais individuais, como 
mordida aberta anterior ou mordida 
cruzada unilateral, com os sinais e 
sintomas relacionados à DTM. 
Especificamente, a mordida aberta anterior 
parece estar mais associada às mudanças 
degenerativas na ATM e a mialgia 
mastigatória. Pullinger e Seligman (1993) 
propuseram que a mordida aberta anterior 
era freqüentemente “conseqüência da 
mudança secundária óssea condilar, ao 
invés de parte da etiologia da artrose”. 
 A significância da mordida cruzada 
Disfunção Temporomandibular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 87
não é clara. Talvez a idade seja um fator 
importante. Pullinger e Seligman (1993) 
acreditam que, quando a mordida cruzada 
numa criança produz deslocamento da 
mandíbula para o lado da mordida 
cruzada, ela deve ser corrigida para 
reduzir as demandas adaptativas do 
aparelho estoma-tognático. Quando a 
mesma condição existe no adulto, o 
problema pode não ser tão importante 
porque a adaptação esquelética já ocorreu. 
 Contraditoriamente, muitos clínicos 
e pesquisadores sentem que a perda do 
suporte dentário posterior pode ser fator 
significante no aumento da carga sobre a 
ATM, o que possivelmente leva a 
mudanças degenerativas na superfície 
articular. A ausência de cinco ou mais 
dentes posteriores aumenta a probabi-
lidade de desenvolver disfunção e seus 
sintomas. 
 
Fatores determinantes 
 
 Os fatores que determinam a DTM 
geralmente se incluem em duas categorias: 
macrotraumas e microtraumas. 
 O macrotrauma pode resultar de 
evento traumático a partir de fonte externa 
(extrínseco) ou a partir do aparelho 
mastigatório (intrínseco). Um exemplo 
clássico de macrotrauma extrínseco seria 
impacto direto ocorrido durante acidente 
automobilístico ou esportivo. Alguns aci-
dentes causam aceleração e desaceleração 
da cabeça e pescoço podendo resultar em 
injúria de flexão-extensão na espinha 
cervical. Alguns acreditam que isto pode 
causar deslocamento secundário do disco 
articular para hipertranslação do côndilo 
durante o movimento para frente e para 
baixo da cabeça. 
 Inclui-se ainda nesta categoria as 
injúrias promovidas pela mastigação de 
alimentos mais duros, bocejo e longo 
período de boca aberta (para tratamentos 
odontológicos ou entubação para anestesia 
geral), que podem também precipitar a 
DTM. 
 O Microtrauma resulta de eventos 
traumáticos a partir de cargas adversas 
repetitivas, que podem causar mudanças 
adaptativas e degenerativas na ATM como 
também produzir disfunção dolorosa dos 
músculos mastigadores. Hábitos para-
funcionais bucais como: apertamento 
dentário ou rangimento (bruxismo), ato de 
roer unhas e mascar chicletes com 
freqüência, podem precipitar disfunções, 
em especial na presença de problema 
oclusal existente. Devido a grande 
freqüência, o bruxismo em particular, 
merece especial atenção. 
 
Fatores perpetuantes 
 
 Parafunção, fatores hormonais e/ou 
psicossociais associados com qualquer 
fator determinante ou predisponente, 
podem sustentar a disfunção ou complicar 
o seu controle. 
 
Classificação das Desordens 
Temporomandibulares 
 
 Muitas áreas do saber são prejudi-
cadas por falta de terminologia uniforme. 
A área das disfunções temporomandibular 
não é exceção e vários sistemas de clas-
sificação têm sido propostos no esforço de 
diminuir a confusão e/ou controvérsia. 
Porém, algumas classificações apresenta-
das têm aumentado a confusão, refletindo 
a tendência dos clínicos em usar termos 
impróprios e incluir critérios que criam 
categorias exclusivas. Entretanto o apare-
lho estomatognático não atua dessa forma 
e os sintomas podem refletir a presença de 
diferentes categorias de DTM, sendo que 
cada disfunção poderia contribuir para 
uma completa percepção da dor, 
comprome-tendo as funções normais do 
aparelho estomatognático. Por exemplo, 
um pacien-te pode se apresentar com 
ATM dolorida relativa a mudanças 
degenerativas na superfície articular 
(osteoartrite) e com um deslocamento do 
disco coexistente. E estas condições 
Disfunção Temporomandibular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 88
podem também ser acompanha-das por dor 
muscular secundária, demons-trando a 
complexa interrelação entre os tecidos da 
ATM e os músculos da mastigação. 
 Embora pouco provável que algum 
sistema de classificação seja aceito por 
todos profissionais, a Academia Ameri-
cana de Dor Orofacial (AAOP) publicou 
um sistema de classificação da DTM, 
integrada a um já existente de diagnóstico 
médico, usado pela “International 
Headache Society” que tem recebido 
aceitação geral. 
 
I. Desordens da Articulação Temporoman-
dibular (intra capsulares): 
- Desvios na forma: 
9 defeitos na superfície articular 
9 afinamento e perfuração do disco 
- Deslocamentos do disco 
9 deslocamento do disco com redução 
9 deslocamento do disco sem redução 
- Deslocamento do complexo disco 
côndilo: 
9 hipermobilidade 
9 deslocamento 
- Condições inflamatórias: 
9 capsulite e sinovite 
9 retrodiscite 
- Doença degenerativa: 
9 osteoartrose 
9 osteoartrite 
9 poliartrite 
- Anquilose: 
9 fibrosa 
9 óssea 
II. Desordens dos músculos mastigatórios 
(extra capsular): 
- Aguda: 
9 miosite 
9 contratura reflexa do músculo 
9 espasmo muscular- Crônica: 
9 dor miofascial 
9 contração muscular 
9 hipertrofia 
9 mialgia secundária a doenças 
sistêmicas 
III. Desordens congênitas e de desenvolvi-
mento: 
- Hiperplasia condilar 
- Hipoplasia condilar 
- Aplasia 
- Condilólise 
- Neoplasma 
- Fratura 
 
I. Desordens da Articulação 
Temporomandibular (intra capsular): 
 
- Desvio na forma 
 
9 Defeito na superfície articular 
 
 Os defeitos na superfície articular 
podem ocorrer tanto no compartimento 
superior como no inferior da ATM. 
Embora o defeito da superfície articular 
inferior possa causar problema durante a 
rotação, geralmente não requer tratamento 
e não será discutido neste momento. Os 
defeitos na superfície articular, que reque-
rem tratamento, em sua maioria se loca-
lizam no compartimento superior da 
articulação e estão localizados na superfí-
cie articular da eminência, embora possam 
também envolver a superfície superior do 
disco, causando impedimento do movi-
mento normal de translação. Estas irregu-
laridades na superfície articular podem ser 
causadas por trauma à mandi-bula quando 
os dentes estão desocluídos, inflamação, 
anormalidades estruturais ou condições de 
desenvolvimento, tais como remodela-
mento fisiológico relacionado a forças 
adversas. 
 Interferências no movimento podem, 
também, variar com mudanças na pressão 
passiva interarticular que, por sua vez, 
variam com o nível da tensão emocional. 
 Desta maneira, quando a tensão 
emocional é elevada, a pressão interar-
ticular pode ser excessiva, fazendo com 
que qualquer interferência no movimento 
seja percebida. 
 
 Sinais e sintomas clínicos: 
 A condição é usualmente indolor e 
Disfunção Temporomandibular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 89
apresenta-se como disfunção mecânica. 
Durante a abertura, no momento em que o 
paciente tenta evitar o defeito articular, 
nota-se um desvio do trajeto incisal no 
ponto da interferência. O desvio representa 
a tentativa de evitar a interferência 
conhecida na trajetória condilar. Devido à 
ocorrência do desvio no mesmo ponto do 
ciclo translação, um estalido pode ser 
detectável no mesmo ponto durante os 
movimentos de abertura e fechamento, 
especialmente se a interferência não for 
evitada. Este estalido deve ser diferen-
ciado do estalido recíproco encontrado no 
deslocamento do disco com redução que 
raramente ocorre no mesmo ponto de 
abertura e fechamento. Comumente, o 
primeiro estalido que ocorre pode ser 
detectado em uma abertura de 20 mm, 
enquanto o segundo no fechamento ocorre 
pouco antes dos dentes ocluírem. 
 
 Conduta Clínica: 
 O paciente com defeito da superfície 
articular deveria ser encorajado a desen-
volver trajetória de movimento mandibular 
que evite a interferência, com a intenção 
de permitir que ocorra uma adaptação no 
local comprometido. Esta tentativa deve 
ser acompanhada por esforço consciente 
para reduzir a força de mastigação e 
eliminar hábitos abusivos. Mastigar do 
lado comprometido também pode ser útil, 
por diminuir a pressão intra-articular. 
Embora a placa de estabilização da 
articulação possa reduzir a pressão na 
articulação e diminuir a hiperatividade 
muscular, ela provavelmente não 
eliminará o ruído da articulação. Se a 
disfunção é intolerável ou provoca dor, 
uma consulta cirúrgica pode ser indicada. 
 
9 Afinamento e perfuração do disco 
 
 No apertamento dentário a sobre-
carga na ATM, pode resultar no afina-
mento da parte central do disco. Eventual-
mente, a pressão contínua pode causar a 
perfuração no corpo médio do disco, 
gerando um orifício circular com as bordas 
fragmentadas. Ocorre mais provavelmente 
em indivíduos idosos, como resultado de 
anos de desgaste. A fratura do disco pode 
levar a mudanças degenerativas nas 
superfícies articulares inferiores. 
 
 Sinais e sintomas clínicos 
 Os sintomas dependem da extensão 
da lesão no disco. Se o disco for 
perfurado, podem ocorrer ruídos ou 
crepitações durante o ciclo de translação, 
devido às mudanças da superfície articu-
lar. A dor é concomitante e freqüente-
mente fator característico precoce, que 
contraditoriamente pode diminuir à 
medida que a extensão do dano aumenta. 
A fratura do disco pode manifestar-se 
clinicamente por si só, como alteração na 
oclusão, quando os dentes estão em 
máxima intercuspidação. A oclusão varia, 
baseada na presença ou ausência de 
fragmento de disco entre as superfícies 
articulares. Qualquer diagnóstico de 
afinamento e/ou perfuração do disco 
deveria ser confirmado por imagens, 
preferencialmente, artrogra-fia. 
Sensibilidade da articulação associada a 
dor muscular freqüentemente está presente 
como resultado da atividade que causou o 
dano às estruturas articulares, mas também 
pode ocorre secundariamente devido a dor 
da articulação ou disfunção. 
 
 Conduta Clínica: 
 O afinamento do disco é difícil de 
ser diagnosticado clinicamente. Partindo 
do ponto de vista prático, se a articulação 
e os músculos mastigatórios associados 
estão doloridos e sensíveis à palpação, 
recomenda-se o uso de placa estabiliza-
dora da articulação para diminuir a carga 
articular e reduzir os sintomas. Devido à 
incapacidade de regeneração do disco, a 
perfuração do mesmo freqüentemente 
requer intervenção cirúrgica, se o paciente 
não conseguir tolerar os sintomas. 
 
9 Deslocamento do disco 
 
Disfunção Temporomandibular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 90
 O deslocamento do disco, comu-
mente referido como desarranjo interno, é 
uma desordem caracterizada por relaciona-
mento anormal entre o disco articular, 
côndilo mandibular e eminência articular. 
O disco é mais freqüentemente deslocado 
anteriormente ou anteromedialmente; mas 
o deslocamento medial, lateral, e até 
mesmo deslocamentos posteriores têm 
sido relatados. Entretanto, discutiremos 
apenas os deslocamentos anteriores e 
antero-mediais. 
 Qualquer movimento de deslize ou 
torção entre o disco e o côndilo é anormal, 
pois o único movimento fisiológico 
permitido é o de rotação. O relaciona-
mento apropriado do disco é obtido graças 
a firmeza de seus ligamentos e a perfeita 
adaptação de suas bordas espessadas 
anterior e posteriormente. Desta forma, 
para que o deslocamento do disco ocorra, 
é necessário alongamento de seus 
ligamentos e deformação ou afinamento de 
sua borda posterior que permite o seu 
deslocamento anteriormente ou anterome-
dialmente em relação ao côndilo. 
Acredita-se que o componente medial 
ocorra devido ao comprometimento do 
ligamento discal lateral e ao tracionamento 
pelo pterigoídeo lateral superior. 
 Existem várias causas possíveis para 
o deslocamento do disco, algumas das 
quais estão ainda abertas para discussão. 
Uma das possibilidades é que a pressão 
excessiva na articulação a partir do 
apertamento (mordida forçada) ou trauma 
com os dentes ocluídos pode alterar ou 
eliminar o fluído sinovial lubrificante 
entre a superfície superior do disco e a 
eminência, criando uma área de resistência 
ou de adesão. Essa introdução do 
componente friccional prejudicial dentro 
de um ciclo de translação suave pode 
resultar em uma fixação temporária ou 
adesão do disco à eminência 
especialmente após período prolongado de 
inatividade ou de apertamento. O disco 
permanece imóvel e não rotaciona ou 
translada anteriormente até que seja 
desalojado pelo côndilo assentado na 
superfície inferior central e afilada do 
disco, produzindo um ruído. Com os 
movimentos, as superfícies da articulação 
são relubrificadas e a função normal pode 
retornar. Entretanto, quanto o disco está 
fixado na eminência, os ligamentos discais 
são distendidos e gradualmentealongados, 
possivelmente estabelecendo um estágio 
para o real deslocamento do mesmo. Ross 
1987 refere a esta condição como 
incoordenação friccional. 
 Na articulação saudável, a banda 
posterior do disco termina no ápice do 
côndilo quando os dentes estão em 
oclusão. Se os ligamentos discais se 
tornam alongados, o disco pode deslizar 
anterior-mente sobre o côndilo, com a 
borda posterior terminando à frente do seu 
ápice. Nesta posição, qualquer pressão 
excessiva na ATM pode causar 
afinamento da borda posterior do disco. 
Esta alteração do contorno do disco pode 
resultar na perda da capacidade de auto 
assentamento do disco. Algumas vezes, 
referida como deslocamento anterior 
parcial do disco, esta condição não é, 
clinicamente significante, pois pode não 
haver dor ou interferência na função. 
Poderia ser considerada quase como uma 
variação normal, exceto porque pode ser 
precursora de um deslocamento do disco 
mais disfuncional. 
 O deslocamento do disco tem sido 
apresentado como uma série de estágios 
clínicos, progressivamente piores, come-
çando com o deslocamento do disco com 
redução e terminando com a perfuração da 
ligamento posterior. Enquanto alguns 
pacientes podem evoluir para o deslo-
camento anterior do disco (DAD) sem 
redução em questão de meses, outros 
pacientes podem permanecer no estágio do 
DAD com redução por anos e se 
adaptarem a essa disfunção com pouco ou 
nenhum desconforto. A razão para esta 
diversidade não é sempre esclarecida. 
Fatores contribuintes, tais como perda do 
suporte dental posterior, relaxamento 
Disfunção Temporomandibular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 91
sistêmico do ligamento ou hábitos 
parafuncionais (apertamento) provável-
mente têm alguma influência. Desta 
forma, embora esta classificação dos 
desloca-mentos do disco seja apresentada 
como definitiva, deve-se tomar cuidado 
antes de qualquer conclusão definitiva 
com relação ao tratamento interceptativo. 
 Quando diagnosticado o desloca-
mento do disco, os achados clínicos por si 
só podem não ser consistentemente preci-
sos na determinação do estágio exato da 
relação côndilo disco. Imagens adicionais, 
por meio de ressonância magnética (IRM) 
ou artrografia podem ser necessárias para 
confirmar o achado clínico. Deve ser 
enfatizado que uma articulação livre de 
dor com ruído intermediário não é 
indicação para imagem de tecidos moles. 
O clínico deve primeiro determinar se o 
resultado de uma IRM ou artrograma 
influenciará no tratamento. 
 Deslocamento mecânico do disco 
parece ter alta correlação com osteoartrose 
da ATM, que é caracterizada por 
mudanças degenerativas nas superfícies 
articulares e no osso subjacente. Em 
alguns casos, mudanças articulares 
degenerativas podem até mesmo preceder 
e causar o deslocamento do disco pela 
alteração dos mecanismos da articulação. 
 
9 Deslocamento do disco com redução 
 
 Refere-se ao estágio em que o disco 
é deslocado para posição anterior ou 
anteromedial no fechamento e retorna a 
posição mais estável em relação ao 
côndilo, durante a abertura. Atividade 
secundaria dos músculos mastigatórios 
sempre acompanha o deslocamento do 
disco, causando dor e limitação da 
abertura bucal. 
 
 Sinais clínicos e Sintomas: 
 O fato mais característico do deslo-
camento do disco com redução é o estalido 
durante a abertura e fechamento mandi-
bular. O estalido de abertura, que pode ser 
sempre audível, ocorre em qualquer ponto 
do ciclo de translação na medida em que o 
côndilo se posiciona sob a banda posterior 
do disco dentro de um relacionamento 
normal com o mesmo. Durante o 
fechamento, um estalido suave pode ser 
detectável quando o disco desloca-se, para 
posição de intercuspidação, ou próximo a 
ela. Este ruído duplo de abertura e 
fechamento é sempre referido como 
estalido recíproco e representa desloca-
mento do disco no fechamento e redução 
na abertura, fig. 01. 
 
 
Fig. 01 - Demonstração esquemática do estalido 
recíproco, A: estalido na abertura, B: estalido no 
fechamento. 
 Outro achado clínico comum é o 
desvio da linha média mandibular para o 
lado da articulação comprometida, no 
inicio da abertura. Isto resulta de impe-
dimento temporário na translação, causado 
pelo disco deslocado. Quando a redução 
do disco ocorre, a translação condilar 
torna-se normal e a mandíbula retorna para 
a posição cêntrica. O termo desvio deve 
ser diferenciado de deflexão. Desvio é o 
movimento excursivo inicial da 
mandíbula, contrário a linha média, sendo 
que a mandíbula retorna à posição cêntrica 
no final do movimento. Na deflexão, a 
linha média mandibular é continuamente 
deslo-cada para o lado comprometido e 
não retorna para a posição cêntrica. 
Desvio é indicativo de interferência 
*
*
B
A
Disfunção Temporomandibular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 92
durante o movimento e é característico do 
desloca-mento anterior do disco com 
redução, enquanto deflexão da linha média 
mandi-bular é o sinal clínico característico 
do deslocamento anterior agudo do disco 
sem redução. 
 Quando a dor acompanha o DAD 
com redução, ela é geralmente emanada 
dos ligamentos discais estirados ou a partir 
da pressão condilar contra a inserção 
posterior. O grau de movimentação mandi-
bular é usualmente normal e, de fato, a 
abertura vertical pode ser maior que o 
normal. Se houver abertura limitada, esta é 
resultado de imobilização muscular secun-
daria devido a dor da articulação, e não da 
obstrução mecânica do disco. 
 
 Conduta clínica: 
 Nem todos os casos do DAD com 
redução requerem tratamento, podendo 
persistir por anos sem progredir, devido a 
adaptação fisiológica. Em vários casos, os 
ligamentos posteriores alongam-se e 
funcionam como uma extensão modificada 
da borda posterior do disco. Baseado nisto, 
se não houver nenhum relato de dor ou 
disfunção severa por parte do paciente e a 
articulação não for sensível à palpação, 
nenhum tratamento é indicado. No 
entanto, o estalido deve ser periódica-
mente acompanhado observando a 
progressão dos sinais e o início de 
sintomas de dor. 
 Na articulação com estalidos a 
presença de dor à palpação, mesmo na 
ausência de relato de dor pelo paciente, 
sugere a ausência de resposta adaptativa. 
Neste caso o paciente deve ser avisado que 
a dor pode desenvolver em um futuro 
próximo, especialmente quando o hábito 
de apertamento está presente. O primeiro 
passo no tratamento é a conscientização do 
paciente com relação ao papel do 
apertamento e a orientação para cuidados 
domésticos, visando diminuir a incidência 
desta atividade parafuncional. O paciente 
deveria também ser avaliado freqüente-
mente, sendo que um tratamento definitivo 
neste momento é opcional. 
 Quando o suporte dentário posterior 
é inadequado, podem ocorrer falhas na 
adaptação da articulação. Em razão disso, 
deve-se considerar a reabilitação dos 
dentes posteriores perdidos. Em alguns 
casos, o uso de placa estabilizadora à noite 
pode minimizar o trauma da articulação, 
particularmente quando se suspeita de 
apertamento noturno. 
 Terapia definitiva é indicada quando 
o deslocamento do disco é acompanhado 
por dor articular, ou artralgia. O objetivo 
primário do tratamento é o alívio da dor, o 
secundário, restabelecer a relação normal 
côndilo-disco. Clinicamente estes objeti-
vos parecem relativamente fáceis de serem 
atingidos usando a terapia de reposiciona-
mento mandibular. 
 Terapia de reposicionamento 
mandibular 
 O objetivo da terapia com placa de 
reposicionamento anterior é avançar a 
mandíbula anteriormente dentro de uma 
“posição terapêutica” mantendo o disco 
corretamente alinhadoe assim eliminar a 
dor e o ruído articular. Sugere-se que 
avançando a mandíbula anteriormente 
dentro da posição terapêutica, a dor 
reduziria, por evitar a articulação do 
côndilo contra o ligamento posterior que é 
muito inervado e vascularizado. Ao 
mesmo tempo, pensa-se que a posição 
condilar anterior estimularia resposta 
adaptativa no ligamento posterior na 
forma de um “pseudodisco”. Devido à 
característica fibrótica e avascular do 
pseudodisco, o côndilo poderia articular 
contra este tecido sem dor, mesmo quando 
o disco permanecesse anteriormente 
deslocado e o estalido presente. Não se 
determinou ainda porque esta adaptação 
ocorre só em alguns pacientes. O objetivo 
da terapia de reposicionamento, desta 
forma, seria controlar a dor, enquanto 
permite o reparo e a regeneração nos 
tecidos retrodiscais. 
 Existem várias controvérsias quanto 
a terapia de reposicionamento. Embora 
Disfunção Temporomandibular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 93
redução de dor e a ausência de estalido 
sejam os critérios mais freqüentemente 
usados para avaliar a efetividade da 
terapia de reposicionamento com placas, 
estudos têm mostrado que, em 
aproximadamente 50% dos casos, tratados 
com placas de reposicionamento e 
clinicamente bem sucedidos, o 
posicionamento “normal” do disco não foi 
obtido, mesmo quando a dor diminuiu. 
 Outro problema potencial com a 
terapia de reposicionamento é a neces-
sidade de terapia dentária que mantenha a 
nova posição mandibular por um longo 
tempo. Em alguns casos, a extensão do 
reposicionamento mandibular necessária 
para evitar deslocamento do disco, pode 
ser muito grande para ser mantida por um 
período longo com a terapia dentária 
oclusal. Pode haver necessidade de um 
termo de compromisso de objetivos de 
tratamento. 
 Entretanto, com base no tratamento 
de curto prazo, a terapia de reposiciona-
mento parece ser bem sucedida na redução 
da dor e ruído da articulação. Resultados 
em longo prazo, porém, são menos 
encorajadores, particularmente com res-
peito ao retorno do estalido articular. No 
entanto, apesar das controvérsias, a terapia 
de reposicionamento tem seu lugar no 
tratamento de alguns pacientes seleciona-
dos com DAD com redução. Devido ao 
estalido articular ser resistente ao trata-
mento e a terapia de reposicionamento 
requerer a estabilização dentária subse-
qüente, os autores preferem começar o 
tratamento com a placa estabilizadora da 
articulação. Se este aparelho for pouco 
efetivo na redução da dor, a terapia de 
reposicionamento deve ser considerada. 
 O protocolo de tratamento a seguir é 
sugerido para o DAD com redução: 
- Instalar uma placa maxilar estabilizadora 
da articulação para ser usada à noite e 
sempre que possível durante o dia. Para 
pacientes que rejeitam esta placa durante o 
dia por razões funcionais ou estéticas, 
confecciona-se uma placa mandibular para 
o uso diurno. Assim que os sintomas 
estiverem resolvidos, o paciente devera ser 
liberado do uso diurno, devendo continuar 
com o uso noturno. 
 Se os sintomas não desapacerem 
com a placa estabilizadora, a terapia de 
reposicionamento está indicada. Antes de 
se instituir a terapia de reposicionamento, 
o efeito imediato do reposicionamento 
mandibular na eliminação do estalido 
dever ser testado. Isto pode ser mantido 
fazendo com que o paciente execute uma 
ampla abertura de boca, anterior ao 
estalido, reduzindo o disco e então 
posiciona-se uma placa de cera para o 
registro da mordida, mantendo o fecha-
mento mandibular avançado de 2 a 3 mm. 
Se ocorrer estalido, é pouco provável que 
a terapia de reposicionamento tenha 
sucesso na correção da relação côndilo-
disco, mas pode ajudar na redução dos 
sintomas pelo estímulo da formação do 
pseudodisco. Por outro lado, se nenhum 
estalido for detectado no fecha-mento, a 
placa de reposicionamento provavelmente 
atingirá uma melhor relação côndilo-disco 
e melhora dos sintomas. O prognóstico da 
eliminação dos ruídos da articulação está 
relacionado com o ponto do ciclo de 
translação onde o disco é reduzido; uma 
abertura com estalido inicial tem melhor 
prognóstico que uma abertura com 
estalido final, uma vez que o inicial 
implica em menor dano aos ligamentos 
discais colaterais. 
 Se a decisão é usar a terapia de 
reposicionamento, a placa estabilizadora 
da articulação pode ser convertida em 
placa de reposicionamento anterior pelo 
acrescimo de resina acrílica na sua 
superfície oclusal, fazendo com que o 
paciente oclua numa posição anterior 
(protruída). Se placas mandibular e 
maxilar estiverem sendo usadas, elas 
devem ser complementares entre si com 
respeito à posição mandibular. Após, 
aproximada-mente 2 a 3 meses, se a dor 
reduzir significantemente, a placa de 
reposicio-namento deverá ser lentamente 
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convertida em placa estabilizadora da 
articulação. Embora o ruído usualmente 
retorne após esta conversão, se o paciente 
continuar livre de dor, o tratamento deverá 
ser considerado bem sucedido. Um 
período adicional de terapia de 
reposicionamento pode ser necessário se a 
dor retornar. Antes de proceder este passo, 
o papel do fator contribuinte perpetuante, 
assim como a cooperação do paciente em 
relação ao uso da placa deve ser 
reavaliada. 
 Em resumo, o tratamento para o 
DAD com redução geralmente não é 
indicado quando não há queixa de dor. O 
paciente deve ser informado sobre a 
natureza da condição e instruído sobre 
cuidados domésticos que ajudam a prevê-
nir o início dos sintomas dolorosos e/ou 
disfuncionais. Entretanto, a presença da 
disfunção, mesmo na ausência da dor, 
pode requerer tratamento definitivo. 
Exemplo: paciente relatando episódios de 
“trava-mento”, o tratamento é indicado 
porque o travamento intermitente é 
freqüentemente precursor de problema 
mais sério como o DAD sem redução. 
Outro exemplo é o estalido que cria 
problema social devido ao barulho. Neste 
caso, indica-se terapia com placas ou até 
mesmo cirurgia. 
 Para evitar desentendimentos 
durante e após a terapia, é absolutamente 
essencial ao clínico estabelecer junto ao 
paciente os critérios para tratamento bem 
sucedido antes de iniciá-lo. 
 
9 Deslocamento do disco sem redução 
 
 É caracterizado pelo deslocamento 
do disco seguido do fracasso em reduzir 
ou recapturá-lo durante a translação. O 
côndilo é incapaz de passar sob o disco 
deslocado, devido ao espessamento da 
banda posterior, há uma modificação na 
forma do disco de bicôncavo para bicon-
vexo e uma diminuição ou perda da tensão 
na inserção posterior. O contato é perdido, 
entre o côndilo, o disco, a eminência 
articular, e o espaço do disco articular 
desaparece, aprisionando-o na frente do 
côndilo. Isto resulta em sua translação 
limitada na articulação afetada e a desor-
dem é sempre referida como 
“travamento”. 
 A maioria dos pacientes é capaz de 
descrever precisamente o momento exato 
do estabelecimento do DAD sem redução, 
devido a limitação repentina da abertura 
bucal. Exceto onde o macrotrauma está 
envolvido, estas causas usualmente repre-
sentam uma deterioração progressiva das 
estruturas articulares a partir do estado do 
DAD sem redução. Alguns pacientes rela-
tam história de estalido que foi interrom-
pida por episódios de travamento, espe-
cialmente após período prolongado de 
bruxismo, apertamento, ou durante a 
mastigação. Durante estes episódios de 
travamento temporário ou intermitente, o 
paciente tem características clínicas do 
DAD sem redução, mas quando o estalido 
está presente, as características clínicas do 
DAD sem redução são evidentes. Quandoa articulação é travada, o paciente pode 
usual-mente alcançar a redução do disco, 
movendo a mandíbula para o lado oposto e 
relaxando os músculos elevadores através 
de meios físicos ou medicação. 
Infelizmente, neste estágio de travamento 
intermitente, a inserção posterior está 
alongada de forma irreversível, perdendo a 
elasticidade e tornando a redução do disco 
difícil de se atingir e manter. 
 Para a proposta de tratamento, o 
DAD sem redução é dividido em sub 
estágios agudo e crônico. 
 
¾ DAD agudo sem redução 
 
 Sinais e Sintomas Clínicos: 
 O sinal clínico mais óbvio do DAD 
agudo sem redução é abertura bucal seve-
ramente limitada de no máximo 25 mm a 
30 mm e a linha média mandibular nítida-
mente desviada para o lado envolvido na 
lesão. A excursão protrusiva também é 
limitada e acompanhada por desvio para o 
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lado da lesão. Como o deslocamento do 
disco causa obstrução mecânica do movi-
mento translatório normal, o movimento 
lateral para o lado oposto à lesão também 
fica restrito. Entretanto, o movimento 
mandibular para o lado da lesão está 
usual-mente dentro dos limites normais, 
desde que apenas o movimento rotacional 
seja necessário na articulação do mesmo 
lado. Qualquer restrição na excursão para 
o lado envolvido é quase sempre acusada 
por dor, pelo impedimento do côndilo sob 
a inserção posterior inflamada e não 
devido a qualquer obstrução mecânica. 
Esta situação ocorre mais freqüentemente 
na presença de história de trauma. 
 O DAD agudo sem redução é 
doloroso devido à inflamação na cápsula 
articular, inserção posterior, e/ou ligamen-
tos discais. Algumas vezes, o paciente 
sente a necessidade de empurrar na lateral 
da articulação ou na lateral da mandíbula 
para tentar reduzir o deslocamento do 
disco. Além do envolvimento capsular, a 
atividade muscular do temporal e do 
masseter no lado envolvido é por vezes 
aumentada. No estado agudo, o ruído da 
articulação geralmente está ausente, mas à 
medida em que o deslocamento se torna 
crônico, podem ocorrer mudanças na 
superfície articular, causando crepitação. 
 O movimento limitado pode ser 
sintomático, pelo espasmo dos músculos 
elevadores. Nesta situação, um diagnóstico 
diferencial é necessário para determinar a 
causa da restrição. Em geral, a contração 
dos músculos elevadores restringe apenas 
a abertura vertical e não afeta 
significativa-mente excursões laterais ou 
protrusivas. Em contraste, uma causa 
aguda intracapsular de restrição 
mandibular, tal como um não 
deslocamento do disco articular reduzido, 
poderá obstruir toda translação condilar, 
afetando a abertura, a protrusão e as 
excursões para o lado oposto à lesão. A 
menos que movimentos articulares sejam 
limitados pela presença de dor articular 
severa, uma causa intracapsular de 
restrição permite abertura rotacional maior 
que 25mm, enquanto que músculos 
elevadores contraídos podem permitir uma 
abertura de apenas alguns milímetros. 
 Conduta clínica: 
 No estágio agudo, a terapia inicial é 
direcionada para a redução do desloca-
mento do disco através do posicionamento 
manual. Antes de realizar este procedi-
mento, o paciente deveria tentar reduzir o 
disco através do posicionamento próprio, 
movimentando a mandíbula para o lado 
oposto e abrindo-a amplamente. Se não for 
bem sucedido, indica-se o posicionamento 
manual. O posicionamento consiste em 
restabelecer o espaço do disco entre o 
côndilo e a eminência, permitindo que o 
mesmo seja reduzido ou recapturado por 
manipulação manual. O côndilo é tracio-
nado para baixo através de pressão do 
operador com o polegar da mão direita 
sobre os dentes posteriores, ao mesmo 
tempo, força-se na região do mento para 
trás e para cima. O crânio deve ser 
estabilizado pela mão esquerda do opera-
dor enquanto que o côndilo é estabilizado. 
Para que isto ocorra, a lâmina superior 
retrodiscal precisa estar funcionalmente 
intacta, uma vez que esta é a única 
estrutura capaz de retrair o disco. Prévio 
ao reposicionamento, é aconselhável pres-
crever antiinflamatório não esteróide para 
controlar a dor moderada e reduzir 
qualquer inflamação da articulação que 
possa estar presente. Quando espasmos 
musculares secundários estão presentes, a 
prescrição de relaxante muscular esquelé-
tico também pode ser benéfica. Um blo-
queio do nervo aurículotemporal pode ser 
necessário numa articulação extrema-
mente dolorosa, para permitir ao clínico 
realizar o procedimento de reposiciona-
mento. 
 Se o reposicionamento manual for 
bem sucedido, evidenciado por aumento 
na abertura vertical e habilidade de movi-
mentar a mandíbula para o lado oposto, 
uma placa de reposicionado anterior 
deverá ser colocada imediata-mente no 
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arco superior para evitar o deslocamento 
do disco. Este dispositivo deve ser 
adaptado no reposicionamento, avançando 
a mandíbula em 2 mm a 3 mm para frente 
e ligeiramente para o lado oposto. A 
incorporação de uma pequena rampa guia 
protrusiva na placa superior irá evitar que 
o côndilo se posicione posteriormente 
quando o paciente reclina. Esta placa deve 
ser usada o tempo todo, inclusive durante 
a alimentação, por no mínimo de 10 dias. 
Recomenda-se que o paciente faça uso de 
dieta pastosa. 
 Após 10 dias, se o disco permanecer 
reduzido, uma placa menos reposiciona-
dora para o arco mandibular pode ser 
aplicada para uso diurno, alternando com a 
placa maxilar à noite. A posição terapêu-
tica para ambas as placas deve ser 
idêntica. As visitas semanais para avaliar o 
progresso, monitorar os aparelhos e tratar 
os tecidos moles fazem-se necessárias. Em 
dois meses, se o disco ainda permanecer 
reduzido, a placa de reposicionamento 
pode gradualmente ser convertida para 
uma placa de estabilização da articulação, 
pela remoção da endentação oclusal e das 
rampas guias. Se o paciente sentir retorno 
do travamento, o procedimento de reposi-
cionamento e subseqüente terapia com 
placa podem ser repetidos. Neste momen-
to, entretanto, a extensão da disfunção 
deve ser reavaliada para determinar a 
praticidade do tratamento dental em longo 
prazo, para manter a mandíbula numa 
posição mais anterior. Na eventualidade 
do tratamento dental não ser viável, o 
paciente poderá ser tratado como se o 
deslocamento do disco fosse permanente. 
 O sucesso clínico da redução do 
disco pode ser usualmente determinado 
pela comparação da quantidade da aber-
tura vertical e movimento para o lado 
oposto antes e após o reposicionamento. 
Em casos questionáveis, podem ser 
necessárias imagens para verificar o 
posicionamento do disco. Uma história de 
episódios freqüentes de travamento ou 
deslocamento prolongado do disco sem 
redução diminui as chances de reposicio-
namento bem sucedido devido a 
probabilidade de mudanças irreversíveis 
severas que ocorrem na articulação. Ao 
contrário, um episódio único agudo de 
travamento que é acompanhado pela 
abertura limitada e dor intensa tem 
prognóstico mais favorável, especialmente 
se a condição é o resultado de um episódio 
único de trauma em uma ATM relativa-
mente saudável. Mesmo quando o 
prognóstico é desfavorável, tentativa para 
reduzir o deslocamento do disco deverá 
ser feita na maioria dos pacientes. Estudos 
têm demonstrado que com o reposicio-
namento, os ruídos da articulação freqüen-
temente retornam com tempo, mas os 
sintomas de dor podem rapidamente 
diminuir. Quando o reposicionamento para 
reduzir o desloca-mento do disco não é 
bem sucedido, outras alternativas devem 
ser consideradas. No passado, cirurgiaera 
um tratamento recomendado, mas agora é 
sabido que vários pacientes podem adaptar 
para um deslocamento permanente do 
disco e função sem dor devido à formação 
de pseudodisco. Com o tempo, eles podem 
até conseguir uma variação normal de 
movimentos. 
 Isto manteria o argumento de que o 
paciente com deslocamento do disco não 
reduzido deveria ser tratado “fora do 
disco”, usando placa estabilizadora da 
articulação para induzir formação de pseu-
dodisco antes de recomendar correção 
cirúrgica. Terapia de reposicionamento é 
contra-indicada porque pode causar tensão 
desnecessária da inserção posterior. O 
paciente deve ser aconselhado a mastigar 
pequenas porções, utilizando menor aber-
tura bucal. A terapia de analgésicos 
(drogas antiinflamatórias não esteróides) 
pode também ser recomendada para 
controlar dor e inflamação. 
 Dor persistente na articulação 
normalmente indica que a adaptação não 
está ocorrendo. Nestes casos, se a dor é 
intensa, procedimento cirúrgico deve ser 
considerado. Antes da cirurgia, realiza-se 
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bloqueio diagnóstico para confirmar que a 
fonte de dor é a articulação e não os 
músculos circundantes. O diagnóstico de 
disco deslocado deve também ser confir-
mado com imagens para tecidos moles, 
tais como imagem por ressonância 
magnética (IRM) ou artrografia. 
 
¾ DAD crônico sem redução: 
 
 Sinais e Sintomas 
 Em casos crônicos, o disco é 
permanentemente deformado e o 
ligamento posterior disfuncional, 
impossibilitando a redução do disco. Antes 
deste estágio, a abertura mandibular pode 
ser levemente limitada e acompanhada por 
ligeiro desvio para o lado afetado. Alguma 
restrição no movimento lateral para o lado 
oposto pode também estar presente. Com o 
tempo, um grau de movimento mais 
normal retorna à medida que a inserção 
posterior e os ligamentos discais 
continuam a se alongar e provavelmente se 
rompem. Se presente a dor, não é tão 
severa como no estágio agudo. O som 
mais comum da articulação é a crepitação. 
 A maioria dos pacientes com DAD 
crônico sem redução relata história de 
estalido e travamento ocasional, seguido 
de limitação de abertura e, ocasional-
mente, dor. A exceção ocorre quando o 
trauma é o evento iniciador. Quando o 
clínico suspeita que o paciente tem DAD 
sem redução, o diagnóstico pode ser 
difícil, especialmente se ele é incapaz de 
relatar a história do ruído da articulação ou 
do início do travamento. Nestes casos, as 
evidências radiológicas de deslocamento 
de disco são necessárias para confirmar o 
diagnóstico. 
 
 Conduta clínica 
 Em razão de alguns pacientes terem 
dificuldade de relatar suas histórias, uma 
tentativa para reduzir o disco através do 
reposicionamento natural é indicada. Se o 
reposicionamento é bem sucedido, aconse-
lha-se terapia de reposição. A maioria dos 
pacientes com DAD crônico sem redução, 
entretanto, não respondem ao reposicio-
namento manual, requerendo decisão com 
respeito ao tratamento: com placa estabili-
zadora (tratamento fora do disco) ou 
intervenção cirúrgica. A decisão geral-
mente é baseada no grau de qualquer dor 
presente. Como já estabelecido, é acon-
selhável tratar o paciente não cirúrgica-
mente, usando placa estabilizadora da 
articulação e modalidades adjuntas para 
induzir mudanças adaptativas na inserção 
posterior. 
 Em alguns casos, a carga contínua 
na articulação produz forças compressivas 
anormais na parte anterior da inserção 
posterior do disco. Inicialmente, pode apa-
recer alongamento do ligamento retro-
discal inferior, ocasionando, por vezes, 
hérnia ou perfuração da inserção posterior. 
Diagnóstico da perfuração é confirmado 
através de artrografia ou de procedimento 
artroscópico (IRM, tem alta sensibilidade 
para deslocamento de disco, mas não é tão 
precisa para perfuração). O motivo pelo 
qual alguns pacientes são capazes de se 
adaptar à carga da articulação através da 
remodelação sem dor, enquanto outros 
desenvolvem dor, está ainda aberto à 
discussão. Provavelmente, a presença de 
tecido conjuntivo hiperplástico na parte 
posterior da fossa causa dor em alguns 
pacientes. Quando o côndilo comprime 
este tecido, a dor ocorre. Fatores siste-
micos podem estar envolvidos em adição a 
fatores locais, como o apertamento ou 
estresse emocional. Quando a dor ou 
limitação severa persiste na articulação, 
procedimento cirúrgico pode ser indicado. 
 
Deslocamento do Complexo Disco-
Côndilo 
 
9 Hipermobilidade 
 
 Durante a abertura normal, à medida 
em que o complexo disco-côndilo trans-
lada e se move anteriormente ao longo da 
eminência articular, o disco rotaciona 
posteriormente no côndilo. Como resulta-
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do de abertura excessiva, além dos limites 
normais do ciclo translatório, o limite 
posterior de rotação do disco pode ser 
alcançado e qualquer abertura adicional 
pode ocorrer sem rotação do disco no 
côndilo. Isto pode resultar num movimen-
to brusco e ruidoso à medida que o 
complexo côndilo desliza anteriormente 
como se fosse uma unidade além da crista 
articular. Esta condição é chamada de 
hipermobilidade, mas foi anteriormente 
referida como sub luxação ou deslo-
camento parcial. A maioria dos pacientes 
apresenta história de abertura maior de 
boca quando estão comendo ou gritando. 
A hipermobilidade pode ocorrer após 
procedimento de abertura de boca prolon-
gado, tal como extração de terceiro molar, 
tratamento endodôntico de molar, entuba-
ção endotraqueal para anestesia geral ou 
injúrias traumáticas. Usualmente, ambas 
as articulações estão envolvidas, mas a 
hipermobilidade unilateral pode ocorrer 
como reação compensatória à hipomo-
bilidade na articulação do lado oposto. Em 
certos pacientes, a hipermobilidade repre-
senta uma variação da função normal, 
relacionada à predisposição genética de 
maior elasticidade dos componentes arti-
culares. Isto pode também ocorrer como 
ma conseqüência de inclinação acentuada 
da eminência articular comumente encon-
trada em indivíduos com mordida 
esquelética facial profunda, em que a 
oclusão é associada a esta característica. 
 
 Sinais e Sintomas clínicos 
 Próximo ao ponto final da abertura 
ampla, deve haver uma pausa momentânea 
no movimento dos côndilos, após a qual 
eles pulam para frente e para a posição 
anterior à crista da eminência. Inicial-
mente, este movimento pode ser rude e 
irregular e é freqüentemente caracterizado 
por ruído da articulação descrito como 
“baque”. Ambos os côndilos estão envol-
vidos, mas no fechamento, um côndilo 
pode preceder ao outro no retorno à fossa, 
causando balanço da mandíbula para 
aquele lado e retornando para a linha 
média. Clinica-mente, a hipermobilidade é 
mais notável em pacientes com a face 
alongada, onde os côndilos são salientes 
em relação ao resto da face. Hiper-
mobilidade não é sempre acompanhada de 
dor, a menos que se torne crônica. 
 Para o diagnóstico e o plano de 
tratamento, os ruídos de ampla abertura de 
boca associados com hipermobilidade 
devem ser diferenciados do clique de 
abertura, que sempre significa redução de 
deslocamento anterior do disco. Devido ao 
deslocamento do disco, este poder ser 
reduzido a qualquer ponto no ciclo 
translatório, o clique associado com redu-
ção do disco pode ser detectado durante as 
excursões protrusiva e balanceio, assim 
como durante o movimento de abertura. 
Em contraste, o barulho associado com 
hipomobilidade é perceptível apenas em 
aberturas amplas. 
 
 Conduta clínica 
 A maioria dos pacientes é capaz de 
minimizar hipermobilidade,aprendendo a 
limitar a abertura da boca. Eles deveriam 
evitar bocejos e grandes mordidas enquan-
to comem e apoiar suas mandíbulas pelo 
posicionamento de uma mão sob o queixo 
durante as consultas dentárias. Exercícios 
para fortalecer os músculos elevadores 
podem também ser úteis para reduzir a 
hipermobilidade. Quando esta é dolorosa, 
alguns autores consideram a cirurgia 
artroscópica para restringir a translação 
condilar através da escarificação das 
estruturas de tecido mole da cápsula 
articular. Quando a hipermobilidade da 
ATM é parte de uma condição articular 
generalizada, ela deveria ser considerada 
benigna e nenhum tratamento é indicado. 
Em pacientes menores de 13 anos, a 
hipermobilidade não requer tratamento, 
visto que a eminência articular não está 
ainda completamente desenvolvida. Em 
adultos, a hipermobilidade pode levar a 
condição mais séria, como o deslocamento 
recorrente da mandíbula. 
Disfunção Temporomandibular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 99
 
9 Deslocamento (Luxação) 
 
 Deslocamento, também conhecido 
como “travamento aberto” é caracterizado 
pela inabilidade em fechar a boca após 
abertura ampla. Isto ocorre mais freqüen-
temente em pacientes com história de 
hipermobilidade, mas pode também surgir 
espontaneamente após bocejar ou abertura 
ampla da boca por tempo prolongado. 
 O deslocamento pode resultar de 
movimento excessivo e irregular do com-
plexo côndilo-disco à frente da eminência 
articular. Embora o disco articular possa 
estar numa relação apropriada com o 
côndilo e a eminência, aquele pode alcan-
çar uma posição bem anterior a esta. 
Somando-se à interferência da eminência 
articular, o espasmo dos músculos eleva-
dores pode posicionar o côndilo em nível 
superior, evitando que o mesmo retorne à 
sua posição na cavidade glenóide. 
 Alguns casos de deslocamento têm 
sido relatados por Katzberg e Westesson 
(1993) onde o disco é deslocado para 
posição posterior ao côndilo, evitando sua 
passagem sobre o bordo anterior do disco 
quando ele tenta retornar à fossa. Nestes 
casos, o côndilo pode não estar retido 
arteriormente à eminência. O espasmo dos 
músculos elevadores com freqüência 
acompanham o deslocamento do côndilo e 
mantêm a diminuição do espaço do disco 
articular, evitando o fechamento da 
mandíbula. 
 
 Sinais e Sintomas Clínicos 
 A mandíbula é travada aberta e o 
paciente está obviamente em estresse e dor 
que aumentam à medida que tenta fechar a 
mandíbula. O mioespasmo dos músculos 
elevadores aumenta o desconforto. Há 
uma má oclusão aguda, com contato 
apenas entre os dentes mais posteriores, 
resultando em mordida aberta anterior. Os 
côndilos estão geralmente à frente e, em 
alguns pacientes, depressões podem ser 
notadas na área pré-auricular formalmente 
ocupada pelos côndilos. 
 
 Conduta clínica 
 Pacientes com deslocamento do 
complexo côndilo-disco estão com dor e 
extremamente apreensivos, precisando ser 
atendidos de forma gentil e tranqüila. 
Normalmente, há tensão aumentada nos 
músculos elevadores que sustentam o 
deslocamento, logo o fechamento forçado 
da mandíbula deve ser evitado, uma vez 
que pode exacerbar o espasmo dos 
músculos elevadores. 
 O paciente dever ser inicialmente 
orientado para abrir a mandíbula contra 
resistência no sentido de relaxar os 
músculos elevadores, através de inibição 
recíproca. A redução do deslocamento 
mandibular pode ser tentada quando o 
paciente é orientado para bocejar o mais 
amplamente possível, enquanto que o 
profissional exerce uma pressão para 
baixo e para posterior no mento. Se a 
redução não for atingida, deve ser 
indicado procedimento manual mais 
agressivo que permita a passagem do 
complexo côndilo-disco sobre a eminência 
e o retorno à fossa. Este pode ser obtido, 
posicionando os dedos polegares sobre os 
molares e pressionando para baixo e para 
trás, enquanto o paciente boceja. Devido 
ao fato de que a mandíbula possa ser 
fechada repentinamente, ataduras devem 
envolver os polegares do clínico. Em 
alguns casos, pode ser necessário o uso de 
relaxantes musculares e/ou anestesia local. 
Outros pacientes com dor severa aguda da 
articulação ou deslocamento prolongado 
podem necessitar de sedação intravenosa 
antes que ocorra a redução. 
 Mesmo em casos onde o desloca-
mento posterior do disco é a possível 
causa do deslocamento mandibular 
(luxação), deve-se tentar a redução manual 
no sentido de aumentar suficientemente o 
espaço do disco articular, permitindo que 
o côndilo passe sob o disco. Se estas 
manipulações digitais falharem, 
recomenda-se a estimulação do reflexo de 
Disfunção Temporomandibular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 100
vômito pelo toque de um espelho bucal no 
palato mole, o que pode inibir a atividade 
dos músculos elevadores e, desta forma, 
aumentar as chances de sucesso no 
fechamento mandibular. 
 Se o deslocamento for crônico, o 
paciente deverá ser orientado para reduzir 
a mandíbula por si só, usando o treina-
mento habitual semelhante àquele aplicado 
para a hipermobilidade. Intervenções 
cirúrgicas podem ser necessárias se a 
condição se tornar intolerável. Isto é feito 
na forma de eminencectomia (remoção da 
eminência articular) ou eminoplastia 
(posicionamento de um implante que 
aumenta a altura da eminência para evitar 
o deslocamento). 
 
Desordens Inflamatórias 
 
 Sobrecarga da articulação devido ao 
bruxismo, mastigação excessivamente pe-
sada, trauma, pressão ou infecção, pode 
causar resposta inflamatória na cápsula 
fibrosa, membrana sinovial, e tecidos 
retro-discais. 
 Dor contínua, mesmo em repouso, 
aumentada pelo uso funcional da ATM é o 
principal sintoma caracterizando as suas 
desordens inflamatórias. À proporção que 
a inflamação diminui, a dor também 
diminui. Por ser a dor contínua, efeitos 
excitatórios secundários centrais, tal como 
a dor referida, contratura muscular, hipe-
ralgesia (resposta exagerada a estímulos 
nocivos), e alodinia (resposta dolorosa a 
estímulos leves sobre a área afetada) são 
freqüentemente parte do conjunto de 
sintomas. Desordens inflamatórias da 
ATM podem ser classificadas como 
capsulite, sinovite e retrodiscite. 
 
9 Capsulite e Sinovite 
 
 Capsulite é a inflamação da camada 
ex-terna de fibras da cápsula articular e 
sinovite é a inflamação do revestimento 
sinovial interno. Tais desordens possuem 
quase as mesmas características clínicas e 
são usualmente consideradas como uma 
única entidade clínica. Em ambas as 
condições pode ocorrer secundariamente 
um trauma, que comprime a ATM, após a 
abertura de boca prolongada ou após 
repentina extensão ou pressão dos liga-
mentos capsulares ou discais. Capsulite e 
sinovite podem ser associadas à outras 
desordens coexistentes na ATM, tais como 
deslocamento de disco, hipermobilidade 
ou luxação. Não é pouco comum encontrar 
resíduos de cartilagem degenerada entre a 
articulação. 
 
 Sinais e Sintomas clínicos 
 O principal sintoma é dor em 
repouso, intensificada durante a função ou 
quando a articulação é pressionada. Como 
conseqüência secundária da dor, o movi-
mento pode estar limitado. Sensibilidade à 
palpação diretamente sobre o polo lateral 
da articulação é achado característico de 
capsulite e algum edema sobre a 
articulação também pode estar presente. 
Normalmente nenhuma evidência de mu-
dança estrutural óssea pode ser detectada 
com radiografias, mas algumas evidências 
de edema inflamatório podem ser 
observadas com IRM. 
 
 Conduta clínica 
 O tratamento depende, em grande 
parte, da etiologia. Se um macrotrauma for 
o fator iniciador e não será repetido, 
indica-se, então,a limitação funcional da 
mandíbula, analgésicos leves(não esterói-
des) e calor úmido ou ultra-som na 
articulação. Em caso de dor aguda que não 
responde ao tratamento, injeção de corti-
costeróide dentro e ao redor da ATM pode 
ajudar a amenizá-la e reduzi-la reduzindo 
também a inflamação. Devido à possibi-
lidade de deterioração química do côndilo, 
não mais que duas injeções devem ser 
indicadas num curto período de tempo (tal 
procedimento é contra-indicado se houver 
infecção, neste caso, deve-se prescrever 
antibióticos). 
Disfunção Temporomandibular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 101
 Quando a inflamação estiver relacio-
nada com microtrauma crônico ou ocorrer 
secundariamente como deslocamento do 
disco, terapia mais definitiva pode ser 
indicada. O uso de placa estabilizadora da 
articulação pode reduzir o bruxismo e 
diminuir a pressão sobre a mesma. A 
terapia reposicionadora pode minimizar o 
trauma dos ligamentos do disco nos casos 
de deslocamento. 
 
9 Retrodiscites 
 
 Os tecidos retrodiscais são altamente 
vascularisados e inervados. Assim sendo, 
eles são incapazes de tolerar forças exces-
sivas. As retrodiscites podem ser causadas 
por trauma externo agudo no mento, 
forçando os côndilos posteriormente con-
tra os tecidos, podendo causar edema 
inflamatório. Isto pode também ocorrer 
gradualmente como resultado de micro-
trauma repetitivo crônico aos tecidos 
retrodiscais secundários à perda de suporte 
dos molares ou quando os côndilos estão 
deslocados posteriormente devido ao 
deslocamento anterior do disco. 
 
 Sinais e Sintomas clínicos 
 Esta condição causa dor constante e 
palpação dolorosa posterior e lateral da 
articulação. A dor aumenta pelo aperta-
mento ou pelo movimento da mandíbula 
para o lado da inflamação, gerando 
pressão do côndilo contra o tecido 
inflamado. Quando o edema estiver 
presente, o côndilo pode ser forçado 
anteriormente, resultando numa má 
oclusão aguda, vista clinicamente como 
desoclusão dos dentes posteriores do lado 
da inflamação, e contato prematuro dos 
dentes anteriores no lado oposto. 
 
 Conduta clínica 
 Quando a retrodiscite é causada por 
um único evento traumático, o paciente 
deverá ser tratado como se tivesse 
capsulite e sinovite. Função limitada, dieta 
pastosa, antiinflamatória (não esteróides) 
para dor e inflamação, calor local e várias 
modalidades terapêuticas físicas como 
ultra-som podem ser indicadas. Pode ser 
recomendável o posicionamento de placa 
estabilizadora da articulação para reduzir a 
carga sobre os tecidos retrodiscais e 
induzir cicatrização. Na presença de má 
oclusão aguda, esta placa pode ser tempo-
rariamente modificada pela introdução de 
um componente reposicionador anterior 
para evitar que o côndilo pressione 
novamente os tecidos retrodiscais. Se o 
paciente não responder a este tratamento, 
injeção de corticosteróide pode ser 
benéfica. 
 O clínico devera ser advertido com 
relação à manipulação manual da articu-
lação inflamada, no sentido de aumentar a 
variação da mobilidade. Este procedi-
mento pode intensificar a dor e induzir 
contração muscular protetora. Embora seja 
importante restaurar qualquer perda da 
variação da mobilidade e evitar hipomo-
bilidade, a etiologia da inflamação deve 
ser primeiramente identificada. 
 
Doenças Degenerativas 
 
 É um grupo diverso de desordens 
que primariamente afetam as superfícies 
articulares. Em algumas classificações, 
estas entidades clínicas têm sido catego-
rizadas sob a denominação de artrites. 
Doenças degenerativas incluem três tipos 
de desordens localizadas: osteoartrose, 
osteoartrite, e a poliartrite, que são 
causadas por uma condição generalizada 
sistêmica de artrite. No passado, vários 
termos foram usados para as desordens 
degenerativas localizadas, tais como artrite 
degenerativa, doença degenerativa da 
articulação, artropatia temporomandi-
bular, artrose deformante, osteoartrose e 
osteartrite. Somente com a compreensão 
da história natural e progressão da 
osteoartrose e osteoartrite, pode-se 
eliminar alguma confusão relativa à 
terminologia. 
 A ATM tem a capacidade de se 
adaptar a demandas funcionais através de 
Disfunção Temporomandibular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 102
processos de remodelamento articular 
progressivo que mantêm o equilíbrio entre 
a forma e a função. Entretanto, se ocorrer 
sobrecarga das estruturas articulares, a 
capacidade reparativa da articulação pode 
ser excedida e as superfícies articulares 
incapazes de se adaptarem. Esta sobre-
carga pode resultar em colapso dos tecidos 
articulares. Uma falha em manter a 
homeostasia levando a mudanças degene-
rativas pode também ocorrer quando a 
carga na articulação é normal, mas a 
capacidade adaptativa fisiológica é dimi-
nuída pela idade ou fatores sistêmicos. De 
acordo com Moffett (1984), mudanças 
degenerativas são “o caminho” final 
patológico para todas as doenças, danos e 
degenerações que afetam a articulação 
durante seu ciclo de vida. 
 
9 Osteoartrose 
 
 É a desordem degenerativa não 
inflamatória da articulação, comprome-
tendo principalmente os tecidos articulares 
e o osso subcondral. Enquanto carga 
média ou sobrecarga da articulação pode 
levar à remodelação óssea, a pressão 
excessiva sobre a ATM pode resultar em 
degeneração do tecido fibroso articular 
que recobre o côndilo. A 
compressibilidade elástica destas 
fibrocartilagens é sempre diminuída, 
transferindo o estresse para o osso 
subjacente. A proporção que o processo 
degenerativo continua, a ativi-dade 
osteoclástica pode causar afinamento ou 
perfuração da córtex condilar articular, em 
acréscimo, áreas císticas subarticulares 
podem se desenvolver nos espaços medu-
lares do côndilo. Proliferação do osso nas 
margens do côndilo pode resultar na 
formação de osteófitos. 
 É geralmente aceitável que a 
osteoartrose pode ocorrer secundariamente 
ao deslocamento do disco devido à perda 
do efeito de acolchoamento do mesmo. 
Mas a osteoartrose pode também ser 
conseqüência do mecanismo de sobrecarga 
da articulação e pode ocorrer antes do 
estabelecimento de qualquer deslocamento 
do disco. Desde que mudanças na ativi-
dade da superfície articular podem 
também induzir mudanças degenerativas 
no disco, tem sido sugerido que em alguns 
casos o deslocamento do disco possa ser 
sinal de osteoartrose ao invés de ser sua 
causa. 
 
 Sinais e Sintomas clínicos 
 São caracterizados pela ausência de 
dor e falta de pontos sensíveis na articu-
lação quando palpada. A mandíbula pode 
ter limitação de abertura bucal com 
deflexão para o lado comprometido secun-
dariamente às mudanças articulares. É 
usualmente ouvida crepitação causada 
pelas mudanças nas superfícies articulares 
durante a abertura e fechamento bucal, 
sendo mais provável estar presente em 
estágios mais avançados da doença. 
Embora estudos de imagens muitas vezes 
revelem evidências de mudanças estrutu-
rais no osso subarticular do côndilo que 
confirmam o diagnóstico, estas podem não 
ser detectáveis precocemente no processo 
degenerativo. 
 
 Conduta clínica 
 A osteoartrose da ATM é uma 
condição em que a morfologia óssea da 
articulação foi alterada. Na ausência de 
dor, a terapia é contra-indicada. No entan-
to, se as mudanças estruturais são severas 
a ponto de alterar a oclusão, o tratamento 
dentário pode ser necessário para compen-
sar tais mudanças. A osteoartrose pode 
representar uma fase que se segue à 
osteoartrite. 
 
9 Osteoartrite 
 
 Embora semelhante à osteoartrose 
em vários aspectos, difere significativa-
mente pela existência da dor devido à 
inflamação secundáriana ATM. Alguns 
pacientes podem desenvolver resposta 
inflamatória à sobrecarga da ATM por 
razões que não são prontamente aparentes. 
Disfunção Temporomandibular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 103
Nickerson e Boering (1989) descreveram 
o “evento artrítico” que foi estabelecido 
como “surgimento de resposta inflama-
tória produzindo dor durante o remode-
lamento ósseo”. 
 A maioria dos casos de osteoartrite 
tem início gradual e é auto limitante. O 
processo degenerativo, até mesmo na 
ausência de terapia definitiva da ATM, 
parece desaparecer usualmente dentro de 
um período de 3 anos. A dor desaparece, 
um grau aceitável de mobilidade retorna, e 
os ruídos parecem diminuir. Entretanto, 
alguma alteração estrutural óssea no 
côndilo ou fossa permanece. Esta condição 
estabelecida é algumas vezes referida 
como osteoartrose, devido ao 
desaparecimento do componente 
inflamatório e da dor. 
 
 Sinais e Sintomas clínicos 
 
 O sintoma característico da osteo-
artrite na ATM é a dor localizada e 
constante. Nos estágios iniciais, a dor é 
relatada como sendo exacerbada após 
alimentação ou função e aliviada no 
repouso. Posteriormente, pode haver dor 
após o repouso, rigidez articular ao 
acordar e crepitação. Frio e tempo úmido 
freqüentemente aumentam a dor. 
 Devido à dor, pode haver limitação 
no grau de movimento, incluindo deflexão 
para o mesmo lado e alguma restrição no 
movimento para o lado oposto. Típica-
mente, a parede lateral da articulação é 
sensível à palpação e ocorre dor quando a 
articulação é sobrecarregada. Algum 
edema na articulação pode estar presente, 
especialmente quando um trauma for o 
fator desencadeante. Mialgia e espasmos 
dos músculos mastigatórios comumente 
acompanham osteoartrite e representam a 
tentativa dos músculos de evitar a 
mobilidade da articulação dolorosa. 
Envolvimento muscular pode também 
ocorrer como efeito excita-tório central em 
resposta ao estímulo doloroso da 
articulação. Pode, também, ser relacionada 
com a instabilidade oclusal causada pelas 
mudanças estruturais degenerativas da 
ATM. 
 Mudanças radiográficas são usual-
mente evidentes nos estágios tardios da 
doença e podem incluir achatamento do 
côndilo, osteófitos, formação cística e 
diminuição do espaço da articulação. 
 
 Conduta clínica 
 O primeiro passo do tratamento é 
educar o paciente a respeito do estágio de 
dor aguda e a evolução da doença. Deve-
se também enfatizar a alta limitação desta 
condição, o papel das várias modalidades 
de tratamento no decorrer da dor e 
estimular os processos reparativos. 
 É importante estabelecer dieta 
pastosa ao paciente e induzi-lo a exercer 
funções dentro dos limites livres de dor. 
Farmacoterapia é um tratamento adjunto 
importante. Aspirina ou antiinflamatórios 
não esteróides podem ser prescritos para 
controlar a dor e a inflamação articular, 
relaxantes musculares ou agentes 
ansiolíticos são sugeridos aos pacientes 
com hiperatividade muscular. Quando a 
dor é severa, injeção de corticosteróide 
pode ser útil. 
 Por ser sobrecarga mecânica da 
articulação a causa principal da osteoar-
trite, é recomendado o uso de placa 
estabilizadora durante o maior número de 
horas possível. Se o deslocamento do 
disco está presente e se isto for fator 
contribuinte significante, a terapia de 
reposicionamento pode ser considerada. 
 Se a dor for resistente ao tratamento 
e intolerável, a intervenção cirúrgica pode 
ser necessária. 
 
9 Poliartrite 
 
 As desordens poliartríticas sistêmi-
cas podem também afetar a ATM e 
freqüentemente apresentam características 
clínicas que lembram a orteoartrite: 
existem mudanças degenerativas na 
cartilagem articular e no osso adjacente 
Disfunção Temporomandibular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 104
juntamente com inflamação dos tecidos 
capsular e sinovial. Incluídas na categoria 
de poliartrite, existem várias desordens 
com diferentes etiologias, tais como artrite 
reumatóide, artrite reumatóide juvenil, 
artrite infecciosa, doença de Lyme e 
desordens metabólicas como hiperuri-
cemia. Caracteristicamente, as doenças 
reumáticas inflamatórias envolvem ambos 
os lados do corpo, isso se aplica também a 
ATM. 
 A artrite reumatóide, tanto na forma 
adulta como juvenil é a doença mais 
comum do grupo e estima-se que de 34% a 
75% destes pacientes têm envolvimento da 
ATM. Na ATM as mudanças começam na 
periferia como resposta inflamatória não 
específica que converte o tecido sinovial 
em tecido de granulação. À medida que 
estas células aumentam e se estendem 
dentro do espaço articular, elas interferem 
com a função normal da articulação 
causando dor. Enzimas são liberadas, 
causando destruição e erosão do côndilo e 
osso temporal, o que eventualmente 
produz anquilose fibrosa e deformidade 
ocluso-facial. 
 
 Sinais e Sintomas clínicos 
 No estágio agudo, estão presentes a 
dor e a sensibilidade à palpação lateral da 
ATM. O tecido sobre a articulação pode 
exibir outros sinais de inflamação, tais 
como edema, rubor, calor e função limi-
tada. A crepitação pode também ser 
evidente. Os sintomas são também exacer-
bados com atividade parafuncional, masti-
gação abusiva e, eventualmente, atividade 
normal. Quando a artrite reumatóide afeta 
as ATMs, mudanças degenerativas severas 
nos côndilos podem permitir que o 
processo condilar remanescente se mova 
superiormente dentro da fossa, resultando 
em um contato oclusal somente nos 
últimos molares. Isto pode levar a rotação 
da mandíbula, com os últimos molares 
agindo como fulcro, criando maloclusão 
severa com a retrusão mandibular e uma 
mordida aberta anterior. Nestes casos de 
alta rotação da mandíbula, as imagens 
revelam evidências de mudanças ósseas 
destrutivas, variando de erosão cortical 
irregular até destruição completa e severa 
dos côndilos. Também pode ocorrer 
achatamento da eminência articular e 
mudanças na fossa glenóide. 
 
 Conduta clínica 
 Desde que o envolvimento da ATM 
é secundário, é importante que, primeira-
mente a desordem sistêmica seja identi-
ficada e tratada pelo profissional médico. 
Exames laboratoriais, devem ser usados 
em conjunto com a história médica e 
exame físico. À medida que a desordem 
do sistema se torna mais importante, 
alguns sinais e sintomas na ATM podem 
diminuir. 
 A terapia de suporte para as ATMs é 
essencialmente paliativa e envolve 
repouso da articulação, fisioterapia e 
antiinflama-tórios não esteróides para 
controle da dor. Pode ser ministrada 
injeção intra-articular de corticosteróide, 
mas somente na ausência de possíveis 
complicações. Em alguns pacientes, a 
estabilização articular com placas pode 
oferecer alívio dos sintomas. Se o paciente 
oclui primaria-mente nos molares, a parte 
mais posterior da placa se torna mais fina, 
podendo fraturar e criar um possível 
problema, como a extrusão dos segundos 
molares. Embora a oclusão instável esteja 
presente, ela só deve ser tratada de 
maneira irreversível após o processo 
degenerativo estar sobre controle e a 
inflamação articular reduzida ou 
eliminada. A conduta dentária é necessária 
para criar uma oclusão estável, devendo 
ser considerada a estabilidade do côndilo 
ao longo da eminência articular. Em caso 
de extremo dano, a cirurgia ortognática 
pode ser indicada. 
 
Anquilose 
 
 Pode ser definida como a “imobi-
lidade ou consolidação de uma articulação 
Disfunção Temporomandibular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 105
devido à doença, injúria, ou procedimento 
cirúrgico”. Na ATM, a restrição dos 
movimentos podeser causada pela anqui-
lose dos tecidos fibrosos, que é mais 
comum, ou pela anquilose óssea, que é 
relativamente rara. Com a introdução de 
exame de artroscopia da ATM em 1974, o 
papel da anquilose fibrosa como causa da 
dor e disfunção da ATM ganhou aceitação 
crescente. Antes do uso da artroscopia, a 
ênfase principal como causa da restrição 
do movimento condilar era o 
deslocamento do disco, com menor 
consideração dada à outras formas de 
patologia intracapsular. 
 
9 Anquilose Fibrosa 
 
 O tecido fibroso pode aderir o 
côndilo, o disco, e ou tecido retrodiscal na 
parede posterior da cápsula, fossa ou 
eminência articular. Várias condições 
podem causar anquilose fibrosa. A causa 
mais comum é o hematoma secundário ao 
trauma da articulação. Também pode 
ocorrer após cirurgia ou como resultado de 
uma extensão da sinovite. Adesões dentro 
da articulação pode também levar à 
anquilose fibrosa. 
 Adesões podem resultar de carga 
prolongada da articulação durante o 
apertamento, o que diminui a lubrificação 
sobre as superfícies articulares e causa 
“fixação” temporária do disco à 
eminência. Neste estágio, a adesão pode 
ser facilmente rompida com o movimento 
condilar. No entanto, se as adesões se 
prolongarem, podem formar bandas 
fibrosas que levam a fixação permanente 
das superfícies articulares. Embora a 
maioria das adesões se desenvolvam na 
cavidade superior da articulação, entre o 
disco e a eminência, elas também têm sido 
detectadas na cavidade inferior da 
articulação entre o disco e côndilo. 
Achados artroscópicos têm revelado que a 
maioria das adesões patológicas é 
encontrada no terço lateral da articulação. 
O termo síndrome do impedimento lateral 
é usado para se referir a este 
envolvimento. 
 Quando a anquilose fibrosa é mais 
difusa e funde com o disco e a inserção 
posterior à fossa, eminência ou ambos, 
essa condição é referida como fibrose 
intracapsular. A fibrose pode também 
envolver a cápsula articular (fibrose 
capsular) pela formação de bandas 
fibrosas dentro da cápsula ou causando seu 
espessamento generalizado da cápsula. 
 
 Sinais e Sintomas clínicos 
 Se o disco estiver fixado à fossa ou 
ao longo da eminência, a translação é 
restrita. O aspecto clínico freqüentemente 
lembra o deslocamento anterior do disco 
sem redução, há limitação dos movi-
mentos de abertura e para o lado oposto e 
deflecção para o lado comprometido 
durante a abertura. Qualquer dor que 
esteja presente é variável e pode ser 
causada pelo estiramento dos ligamentos 
discais na tentativa de forçar abertura 
ampla. Movimentos restritos devido a 
anquilose fibrosa precisam ser diferencia-
dos dos movimentos limitados causados 
pelo deslocamento anterior do disco sem 
redução, desde que cada situação requeira 
um tipo de tratamento. Imagem de tecido 
mole é sempre usada como auxiliar no 
diagnóstico. 
 
 Conduta clínica 
 O tratamento depende da presença 
de dor e do grau da disfunção. Se o 
paciente tem função adequada e descon-
forto mínimo, nenhum tratamento é 
indicado. Mas se a condição é intolerável, 
o tratamento de escolha é a cirurgia 
artroscopia seguida de fisioterapia. Nos 
casos em que o disco está fixo à eminência 
ou está anteriormente deslocado, cirurgia 
artroscópica pode melhorar a função e 
prevenir posterior destruição dos tecidos 
das articulações. 
 
9 Anquilose óssea 
 
Disfunção Temporomandibular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 106
 Esta condição é devida à prolife-
ração de células ósseas, causando união de 
estruturas duras da ATM que resulta em 
sua completa imobilidade. Pode desen-
volver como resultado de infecção, fratura 
ou desordem inflamatória crônica. Com o 
advento de antibióticos, a incidência de 
anquilose óssea é pouco comum. 
 
 Sinais e Sintomas clínicos 
 Clinicamente, esta condição asseme-
lha-se à anquilose fibrosa. Existe limitação 
no grau de movimento, deflexão para o 
lado comprometido e movimentação 
restrita para o lado oposto. Os estudos de 
imagens irão revelar a conexão entre as 
superfícies ósseas articulares. Anquilose 
óssea comumente não é associada à dor. 
 
 Conduta clínica 
 O tratamento depende somente da 
extensão da disfunção, desde que esta 
condição é usualmente indolor. A correção 
envolve cirurgia aberta da articulação para 
remover o osso unido ou deixá-lo em 
posição e criar nova superfície articular. 
Ambas as anquiloses (fibrosa e óssea) são 
normalmente acompanhadas pela contra-
tura dos músculos elevadores, considerada 
como parte de todo o programa de trata-
mento. 
 
Considerações finais 
 
 Foi apresentada uma discussão geral, 
incluindo características e condutas clíni-
cas das desordens mais comuns envol-
vendo a ATM. Entretanto, alguns sinais e 
sintomas comumente associados com as 
desordens intracapsulares podem também 
ser encontradas em outras condições 
mastigatórias. Por exemplo: tanto as 
desordens intracapsulares como o espasmo 
dos músculos elevadores pode apresentar-
se com dor muscular unilateral, dor 
periauricular, dor de cabeça na região 
temporal e limitação da função da 
mandíbula. Diferentes estratégias de trata-
mentos são usadas para cada condição e o 
sucesso do tratamento freqüentemente 
depende do diagnóstico diferencial. 
 Nenhuma distinção foi feita entre 
problemas envolvendo crianças e adoles-
centes e aqueles encontrados em pacientes 
adultos. Comparando-se ao volume de 
literatura científica escrita sobre DTM em 
adultos, existem relativamente poucos 
artigos sobre DTMs em crianças, embora 
estudos concluíram que existe incidência 
razoavelmente alta de sinais e sintomas de 
DTM em crianças e adolescentes. Acre-
dita-se que muitos problemas intracapsu-
lares observados em crianças e adoles-
centes são de natureza transitória, refle-
tindo crescimento, maturação e remodela-
mento das articulações e esqueleto facial, 
assim como a transição para a dentição 
adulta. Dentre os grupos de população 
estudados, concluiu-se que a idade e o 
índice de DTM aumentavam concomitan-
temente. Dessa forma, baseado em estudos 
clínicos, recomenda-se que aos problemas 
de DTM em crianças e adolescentes 
deveria ser dada a mesma abordagem dos 
pacientes adultos. O tratamento do deslo-
camento de disco em pacientes jovens, 
entretanto, pode requerer uma estratégia 
diferente. 
 O objetivo de muitas terapias, cirúr-
gicas ou não, é tratar a DTM dolorosa com 
deslocamento de disco por meio do alívio 
da dor e permitindo o reposicionamento do 
disco. Tem sido sugerido que o relaciona-
mento normal disco-côndilo protege a 
articulação de mudanças degenerativas e é 
necessário para a mandíbula alcançar seu 
máximo potencial de desenvolvimento 
genético. Provavelmente, no desenvolvi-
mento do paciente seria prudente enfatizar 
o valor de se atingir uma relação normal 
disco-côndilo para prevenir futuros 
proble-mas no paciente adulto. 
 O paciente geriátrico também 
merece especial consideração. Na 
avaliação de pacientes idosos, vários 
fatores deveriam ser considerados, tais 
como: mudanças no aparato 
craniomandibular relacionadas à idade, 
estado da dentição e sua relação com a 
Disfunção Temporomandibular Fernandes Neto, A.J., et al. Univ. Fed. Uberlândia - 2006 107
DTM e contribuição de várias doenças 
sistêmicas aos sintomas da DTM. 
 A classificação apresentada neste 
capítulo abrange várias, mas não todas as 
condições patológicas da ATM. Desta for-
ma, o clínico é aconselhado a ler outros 
textos e artigos de artropatias da ATM. 
 
Bibliografia Consultada 
 
1. KATZBERG, R.W. WESTESSON, 
P.L. Diagnosis to the Temporoman-
dibular Joint. Philadelfia: Saunders, 
1993: 25-70 
2. MAHAN,

Outros materiais