Buscar

Resumo - Processo de execução.

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Processo de execução, CPC. 
 
— Princípios. 
 
1) Princípio da livre iniciativa: 
Esse princípio é considerado como fundamento da ordem 
econômica e atribui a iniciativa privada o papel primordial na 
produção ou circulação de bens ou serviços, constituindo a base 
sobre a qual se constrói a ordem econômica, cabendo ao Estado 
apenas uma função supletiva pois a Constituição Federal determina 
que a ele cabe apenas a exploração direta da atividade econômica 
quando necessária a segurança nacional ou relevante interesse 
econômico (CF, art. 173). 
 
2) Princípio do desfecho único: 
Quanto a este princípio, cumpre destacar que pelo fato de o 
processo de execução ter um único escopo, qual seja, satisfazer o 
direito do exequente, ele acaba por ter desfecho único, podendo este 
ser normal: sentença declaratória ou com final anômalo: 
consubstanciado na extinção sem a resolução do mérito ou 
acolhimento integral dos embargos à execução com fundamento na 
inexistência do direito material do autor. 
Sendo assim, o executado nunca terá uma decisão de mérito ao 
seu favor, vez que não há discussão meritória, e, sim, uma busca da 
satisfação do direito do autor, ou seja, é impossível a improcedência, 
possuindo, pois, o processo desfecho único. 
O STJ pacificou entendimento no que tange o reconhecimento da 
prescrição no próprio processo executivo. Segundo o tribunal, neste 
caso específico, será gerada decisão que resolve o mérito, apesar 
disso, o princípio em comento continua a valer como regra. 
 
3) Princípio da disponibilidade da execução: 
 
Quanto à disponibilidade da execução, leciona o art. 775, NCPC: 
é permitido ao exequente desistir de toda a execução ou de apenas 
alguma medida executiva a qualquer momento – ainda que 
pendentes de julgamento os embargos à execução – não sendo 
necessária a concordância do executado, presumindo a lei sua 
aceitação, vez que não há possibilidade de tutela em seu favor. Isto 
é, diversamente do que sucede no processo de conhecimento, em 
que ao réu assiste idêntico direito a um juízo de mérito, visando à 
eliminação da incerteza a seu favor, a execução só almeja o benefício 
do credor. Por isso, dela pode desistir sem o consentimento do 
adversário. (ASSIS, 2010). 
A desistência, instituto de direito processual, não se confunde com 
a renúncia, instituto de direito material. Desde que comprovada a 
quitação das custas judicias, pode, posteriormente, o executor 
ingressar com demanda idêntica. 
São legitimados a desistir do processo de execução todos os 
legitimados a ingressarem com a ação, salvo o Ministério Público, 
vez que tutela interesse alheio. 
Condicionada está a admissibilidade da desistência a não 
realização de atos que não possam sofrer anulação sem o prejuízo 
do devedor ou de terceiros. Ao lado disso, já quanto à pendência de 
julgamento de embargos de execução, esta não impede a 
desistência por parte do legitimado. 
Se no caso os embargos versem apenas sobre a matéria 
processual, perderão seu objeto e logo serão extintos sem a 
resolução de mérito, e, caso versem sobre direito material a extinção 
dos embargos está condicionada à concordância do embargante. 
Já quanto às defesas incidentais, por terem natureza incidental, é 
impossível a extinção da execução e a continuidade destas defesas. 
Então, se a defesa tiver conteúdo meramente processual, será 
extinta por perda superveniente de interesse, mas, se versar sobre 
direito material, a extinção dependerá da anuência do executado, 
que, se permanecer com o interesse no julgamento da defesa, 
impedirá a extinção da execução. 
 
4) Princípio da atipicidade dos meios executivos: 
 
Previstos em rol meramente exemplificativo, os meios executivos 
são os instrumentos pelos quais o direito do exequente será 
satisfeito. Este princípio, consagrado pelo art. 536, §1º do NCPC, ao 
se valer da expressão “entre outras medidas” permite ao juiz, no 
exercício de sua função, adotar outros meios executivos que não 
estejam expressamente previstos na legislação. 
São previstas na legislação medidas como multa, penhora, 
expropriação, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, 
desfazimento de obras, impedimento de atividade nociva, entre 
outros. 
Por fim, cumpre destacar que o STJ reconhece expressamente a 
existência deste princípio, que em oportunidade entendeu admissível 
o bloqueio ou sequestro de verbas públicas como medida coercitiva 
para o fornecimento de medicamentos pelo Estado, na hipótese em 
que a demora no cumprimento da obrigação acarrete risco à saúde 
e à vida do demandante (NEVES, 2015). 
 
5) Princípio do menor sacrifício: 
 
O princípio do menor sacrifício do executado surgiu no decorrer 
da evolução da sociedade, na antiguidade a execução poderia incidir 
até mesmo sobre o próprio corpo do devedor, o qual se não pagasse 
a dívida poderia ser mantido como escravo até que o mesmo quitasse 
o que devia através de seu trabalho, também poderia perder todos 
os seus bens para o credor, não importando se era o único bem que 
possuía ou se era sua fonte de renda e sobrevivência, notando-se 
que tais práticas eram abusivas e feriam a dignidade do devedor as 
formas de execução começaram a evoluir; até o ano de 1992 as 
prisões civis por depositário infiel ainda eram permitidas, fato que 
mudou com a promulgação do decreto nº 678, de 6 de novembro de 
1992 (Pacto São José da Costa Rica), aderindo tal pacto o Brasil 
eliminou a possibilidade de prisão por dívidas, salvo no caso de 
prestação de pensão alimentícia conforme exposto no artigo 5º, 
inciso LXVII da Constituição da República Federativa do Brasil. 
Através de tal evolução surgiu o princípio do menor sacrifício do 
executado, o qual é fundamentado no artigo 620 do Código de 
Processo Civil, tal princípio foi criado com o intuito de proporcionar 
nas execuções uma forma em que ela seja “totalmente” eficaz, mas 
ao mesmo tempo considerando as possibilidades reais e financeiras 
do executado para que este tenha o menor prejuízo possível visando 
um equilíbrio entre as partes, busca prevenir quaisquer 
comportamento abusivo do exequente e também a proteção 
patrimonial do devedor, sejam estas através de penhora, 
apreensões, arresto, sequestro, alienações, hasta pública, vendas 
judiciais e leilões. 
O princípio do menor sacrifício do executado está diretamente 
ligado ao princípio da boa-fé e também da dignidade da pessoa 
humana, pois tais princípios tem o intuito de buscar um “equilíbrio 
social” para obter uma sociedade harmônica, justa e solidaria, de 
forma a proteger tanto a parte devedora como a credora da relação 
processual. Uma das formas em que o Código Civil de 2002 buscou 
efetivar tal princípio foi com o advento do artigo 649, o qual traz quais 
bens são impenhoráveis, estes podem ser considerados como 
essenciais para que não fira a dignidade do executado e que não lhe 
prive de bens essenciais no seu dia a dia, também pode o devedor 
nomear bens à penhora, pedir a substituição do bem penhorado por 
dinheiro, pedir para que remanesça como depositário de seus bens 
penhorados, sendo proibida a arrematação de bens do devedor por 
preço vil. 
Sendo assim pode-se concluir que o princípio do menor 
sacrifício do executado é de grande valia para resolver os conflitos 
judiciais, pois busca o equilíbrio entre o credor e o devedor, de forma 
a não prejudicar nenhuma das partes para que ambas saiam 
satisfeitas e sem grande prejuízo material. 
 
6) Princípio da responsabilização do exequente pela 
execução indevida: 
 
Como o direito de ação é subjetivo público e potestativo, deve o 
exequente responderpelos prejuízos que sua ação ocasionou ao 
executado declarado parte ilegítima para a execução. A liquidação 
dos prejuízos deve processar-se perante o próprio juiz que decidiu a 
execução, e nos mesmos autos desta, invertendo-se os polos, por 
aplicação, também analógica, do 575, II, do CPC (competência 
absoluta horizontal funcional), pois ninguém melhor do que o próprio 
juiz da execução infundada para liquidar e decidir, em sede de 
incidente de liquidação por perdas e danos, o valor a ser indenizado. 
Esse incidente deve processar-se de conformidade com as 
disposições do Capítulo IX do Livro I do CPC, iniciando-se por 
provocação da parte interessada, que especificará o modo de 
liquidação pretendido e a natureza dos prejuízos sofridos. Tratando-
se de danos materiais, há de se operar a liquidação por artigos, 
permitindo-se o contraditório e a ampla defesa. Tratando-se, no 
entanto, de danos morais, decorrentes da execução, como a 
inscrição do nome do executado nos cadastros dos órgãos de 
proteção ao crédito (Serasa, SPC, etc.), força convir provam-se in re 
ipsa, sendo suficiente a demonstração da inscrição para caracterizar 
a ocorrência do dano. Nessa hipótese, a indenização deve ser 
liquidada por arbitramento. 
A extinção de ação executiva fundada na ilegitimidade passiva do 
executado implica a incidência do artigo 574 do CPC, liquidando-se 
os prejuízos nos próprios autos em que se processou a execução, 
sujeitando-se aos prazos prescricionais previstos no Código Civil, 
acarretando a inércia do interessado a prescrição da pretensão 
reparatória, desnecessária a propositura de ação própria para tal fim. 
 
7) Princípio do contraditório na execução: 
 
Ensina Fredie Didier Jr. (2014) que a função jurisdicional realiza-
se processualmente, isso significa dizer que o método de exercício 
do poder jurisdicional pressupõe a participação efetiva e adequada 
dos sujeitos interessados ao longo do procedimento. Este direito à 
participação efetiva é o direito ao contraditório. 
No processo de execução, em razão de o magistrado partir de 
uma presunção de existência de direito do credor, sustenta-se que 
não há a presença da discussão meritória, fazendo com que o 
processo de execução fosse apelidado de “processo do credor”. 
Inclusive, uma doutrina hoje já superada, sustentava ser dispensável 
o contraditório no processo de execução. 
No entanto, apesar dessas sustentações, sabe-se que o processo 
de execução possui natureza jurisdicional, sendo que, por isso, ficará 
sob o crivo do princípio constitucional do contraditório. Além disso, 
inegável a existência de cognição acerca das questões incidentais no 
processo nas quais haverá nulidade se não observado o princípio 
constitucional supramencionado. Exemplos de questões incidentais 
que devem se desenrolar sob o crivo do contraditório são: o preço vil 
na arrematação, a avaliação do bem, a alienação antecipada de 
bens, a modificação ou reforço da penhora, decisão acerca da 
natureza do bem penhorado, entre outros. 
 
8) Princípio da probidade das partes na execução civil: 
 
O princípio da probidade abrange, de forma ampla, o dever de 
lealdade processual, condizente com os regramentos éticos 
resumidos na expressão “proceder com lealdade e boa-fé” (Art. 14, II 
CPC), recaindo esse princípio sobre todos os entes que participam 
do processo, conforme estabelece o artigo 14, “caput”, do Código de 
Ritos. 
Desta forma, é possível conceituar como litigante de boa-fé 
aquele que age conforme o artigo 14, do CPC, não incorrendo em 
qualquer conduta contrária ao ali disposto, principalmente, mas não 
exclusivamente, as enumeradas nos artigos 17 e 600, do Código de 
Ritos. 
Portanto, o litigante de boa-fé é aquele que não utiliza de 
artifícios fraudulentos, abusando do direito de demandar, e, 
consequentemente, prejudicando, com tais atos, a efetividade do 
provimento jurisdicional. 
 
— Liquidação de sentença. 
 
A sentença, ainda que ilíquida, constitui título executivo, 
figurando a liquidação como pressuposto para o cumprimento. 
Ocorre que, em razão da natureza do pedido, ou da falta de 
elementos nos autos, o juiz profere sentença ilíquida. Sentença 
ilíquida é a que, não obstante acertar a relação jurídica (torna certa a 
obrigação de indenizar, v.g.), não determina o valor ou não individua 
o objeto da condenação. 
A liquidação, que constitui um complemento do título judicial 
ilíquido, se faz por meio de decisão declaratória, cujos limites devem 
ficar circunscritos aos limites da sentença liquidanda, não podendo 
ser utilizada como meio de impugnação ou de inovação do que foi 
decidido no julgado (art. 509, § 4º, CPC/2015). Apenas os 
denominados pedidos implícitos, tais como juros legais, correção 
monetária e honorários advocatícios, podem ser incluídos na 
liquidação, ainda que não contemplados na sentença. 
A iliquidez pode ser total ou parcial. É totalmente ilíquida a 
sentença que, em ação de reparação de danos, apenas condena o 
vencido a pagar lucros cessantes (o que razoavelmente deixou de 
ganhar) referentes aos dias em que o veículo ficou parado. É 
parcialmente ilíquida a sentença que condena o réu a reparar o valor 
dos danos, orçados em R$ 3.000,00, causados ao veículo de 
propriedade do autor e, ao mesmo tempo, condena-o ao valor 
equivalente à desvalorização do veículo, conforme se apurar em 
liquidação. No caso de iliquidez parcial, poderá o credor (ou o 
devedor), concomitantemente, requerer o cumprimento da parte 
líquida nos próprios autos, e a liquidação da parte ilíquida, em autos 
apartados (art. 509, § 1º, CPC/2015). 
O novo Código contempla duas formas de liquidação: por 
arbitramento e pelo procedimento comum. A diferença entre estas 
e as formas previstas no Código de 1973 (por arbitramento e por 
artigos) é apenas de nomenclatura. De acordo com o CPC/1973, na 
liquidação por artigos observa-se o procedimento adotado no 
processo do qual se origina a sentença. É possível, portanto, que a 
liquidação se realize pelo rito comum sumário ou pelo rito comum 
ordinário. Como o CPC/2015 prevê um procedimento único para 
todas as ações de conhecimento, a liquidação de sentença que 
dependa da prova de fatos novos somente será possível com 
utilização do procedimento comum. 
 
I) DETERMINAÇÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO POR 
CÁLCULO DO CREDOR 
Não sendo o caso de liquidação, o credor deverá apresentar a 
memória discriminada e atualizada do cálculo, o que pode ser feito 
no próprio pedido de cumprimento da sentença (art. 509, § 2º, 
CPC/2015). Essa providência tem por objetivo delimitar a pretensão 
do credor (pedido mediato), permitindo ao devedor controlar a 
exatidão da quantia executada e controvertê-la por meio de 
impugnação, se for o caso[1]. 
De regra, não se exige dilação probatória para definição do valor 
a ser apurado. De qualquer forma, não se suprime o contraditório. O 
credor requer o cumprimento da sentença, instruindo o pedido com o 
demonstrativo discriminado e atualizado do crédito[2] O devedor, 
então, é intimado para pagar o valor constante do demonstrativo no 
prazo de quinze dias. Intimado, o devedor pode efetuar o pagamento, 
caso em que a fase de cumprimento de sentença será extinta por 
sentença. Decorrido o prazo sem pagamento, iniciam-se mais quinze 
dias para a apresentação de impugnação, independentemente de 
nova impugnação. 
 
II) LIQUIDAÇÃO NA PENDÊNCIA DE RECURSO 
 
O art. 512, CPC/2015, admite a liquidação antecipada da 
sentença, ou seja, na pendência de recurso, ainda que tenha sido 
recebido também no efeito suspensivo. Nesse caso, o pedido de 
liquidação, que é formuladono juízo de origem e autuado em 
apartado, será instruído com cópias das peças processuais 
pertinentes. 
A mera expectativa de que o provimento deferido na primeira 
instância seja mantido legitima o presumido credor a agilizar a 
satisfação futura de sua pretensão, mensurando, desde já, a quantia 
devida. É incomum que o próprio devedor requeira a liquidação 
antecipada, mas o Código não faz nenhuma distinção. Se, por 
exemplo, é o credor que recorre da sentença por considerar que o 
juiz não acolheu integralmente o seu pedido, pode o devedor pleitear 
a liquidação. 
Essa liquidação antecipada em nada prejudica o suposto devedor 
ou o suposto credor, porquanto esses poderão, concomitantemente 
com o processamento do recurso, opor-se aos termos da liquidação. 
Ademais, dado provimento ao recurso, o cumprimento do julgado terá 
por baliza a obrigação definida no acórdão, o qual, nos termos do art. 
1.008, substitui a decisão recorrida no que tiver sido impugnado. 
Como já afirmado, o recebimento do recurso no efeito suspensivo 
não impede a liquidação antecipada. Entretanto, embora liquidada 
antecipadamente, caso penda recurso ao qual se imprimiu efeito 
suspensivo, não poderá o credor executar provisoriamente a 
sentença. 
Somente a sentença ou o acórdão impugnado por meio de recurso 
recebido no efeito meramente devolutivo é passível de cumprimento 
provisório. Assim, finda a liquidação antecipada, o credor somente 
pode promover a execução provisória caso o recurso não tenha sido 
recebido no efeito suspensivo. 
 
III) PROCEDIMENTO 
 
Qualquer que seja a forma da liquidação, o procedimento inicia-se 
com o pedido do credor (ou do devedor[3]), formulado por simples 
petição, à qual não se aplica o disposto no art. 319, CPC/2015. 
Os termos da petição bem como o procedimento a ser observado 
dependerão da forma de liquidação. Por exemplo, em se tratando de 
liquidação por arbitramento, a fim de se apurar a desvalorização 
decorrente de acidente de automóvel, devem-se indicar os danos 
sofridos pelo veículo, conforme reconhecido na sentença. Tratando-
se de liquidação pelo procedimento comum, a petição deve indicar 
os fatos a serem provados. 
Autuada a petição, cabe ao juiz adotar uma das seguintes 
providências: (a) indeferi-la; (b) determinar que se emende a petição; 
ou (c) determinar a intimação das partes, na liquidação por 
arbitramento, ou do requerido (credor ou devedor), na liquidação pelo 
procedimento comum. 
Na liquidação por arbitramento as partes serão intimadas para 
apresentar os documentos necessários à liquidação no prazo 
assinalado pelo juiz. O réu revel, sem procurador nomeado nos 
autos, não precisa ser intimado dos atos subsequentes à citação. 
Entretanto, embora não intimado para a fase da liquidação, poderá o 
réu revel intervir no procedimento liquidatório, desde que o faça por 
meio de advogado, no prazo fixado para a intervenção, contado da 
publicação do ato decisório no órgão oficial. 
Em se tratando de liquidação pelo procedimento comum, a 
intimação, de regra, se faz na pessoa do advogado do requerido ou 
da sociedade de advogados a que estiver vinculado (art. 511, 
CPC/2015). Essa previsão se harmoniza com a redação do art. 105, 
§ 3º, que determina ao advogado integrante de sociedade de 
advocacia a indicação, no instrumento de mandato anexado à 
petição inicial, dos dados do escritório ao qual estiver vinculado. Vale 
ressaltar que não é a sociedade que atuará nos autos. O patrocínio 
da causa é pessoal. A sociedade apenas será intimada de 
determinadas publicações por meio do diário oficial. E essa intimação 
compele o advogado à atuação. 
O procedimento da liquidação encerra-se por decisão que irá 
declarar o quantum debeaturou individuar o objeto da obrigação, 
integrando a sentença condenatória anteriormente prolatada e 
possibilitando a execução por meio do cumprimento de sentença. 
Exatamente por se tratar a liquidação de fase ou incidente do 
processo de conhecimento, tal pronunciamento judicial tem natureza 
de decisão interlocutória, sujeita, pois, a agravo, conforme 
expressamente previsto no art. 1.015, parágrafo único, CPC/2015. 
 
IV) LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO 
 
Far-se-á a liquidação por arbitramento quando (art. 509, I, 
CPC/2015): 
a) determinado pela sentença ou convencionado pelas partes: 
a convenção das partes, geralmente, é anterior à sentença 
e nela contemplada; 
b) o exigir a natureza do objeto da liquidação: estimar a 
extensão da redução da capacidade laborativa de uma 
pessoa, por exemplo, depende de conhecimentos técnicos, 
mas também de apreciação subjetiva do perito, daí por que, 
em tal caso, recomenda-se a liquidação por arbitramento. 
Aplicam-se à liquidação por arbitramento as normas sobre a 
prova pericial (art. 510, CPC/2015), que, como vimos, consiste em 
exame, avaliação ou vistoria. Exame consiste na inspeção para 
verificar alguma circunstância fática em coisa móvel que possa 
interessar à solução do litígio. Vistoria é a inspeção realizada em 
bens imóveis. Avaliação tem por fim a verificação do valor de algum 
bem ou serviço. 
O credor ou o devedor requererá liquidação por meio de 
simples petição. O juiz determinará, então, a intimação para a 
apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, na tentativa 
de apurar o quanto devido. No mesmo despacho, caso não possa 
decidir de plano, nomeará perito, fixando o prazo para entrega do 
laudo. 
Note que o novo Código permite que as próprias partes 
apresentem os documentos e pareceres necessários à apuração do 
quantum debeatur sem a necessidade de prévia nomeação de perito 
(art. 510, primeira parte). Somente quando o juiz, de posse dos 
elementos apresentados pelos interessados, não puder decidir de 
plano o valor da condenação, será possível a produção de prova 
pericial. 
 
V) LIQUIDAÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM 
 
Far-se-á a liquidação pelo procedimento comum quando, para 
determinar o valor da condenação, houver necessidade de alegar e 
provar fato novo (art. 509, II, CPC/2015). Fato novo é aquele que não 
foi considerado na sentença. Irrelevante que se trate de fato antigo, 
ou seja, surgido anteriormente à prolação da sentença, ou de fato 
novo, isto é, surgido posteriormente ao ato sentencial. 
Fato novo, para fins de liquidação, é aquele que, embora não 
considerado expressamente na sentença, encontra-se albergado na 
generalidade do dispositivo, no contexto do fato gerador da 
obrigação, tendo portanto relevância para determinação do objeto da 
condenação. 
Exemplo: o réu (empregador) foi condenado a ressarcir danos 
pessoais e lucros cessantes sofridos em razão de acidente de 
trabalho por culpa daquele empregador, conforme se apurar em 
liquidação. A liquidação, nesse caso, faz-se com a observância do 
procedimento comum, em face da necessidade de se provar fatos 
novos, como, por exemplo, gastos com despesas médico-
hospitalares e paralisação de atividades. Indispensável é que tais 
fatos tenham relação causal com o acidente reconhecido na 
sentença, porquanto não se permite discutir novamente a lide ou 
modificar a sentença que a julgou (art. 509, § 4º, CPC/2015). 
Tal como na liquidação por arbitramento, o procedimento encerra-se 
por decisão interlocutória, que complementa a sentença liquidanda. 
 
VI) OUTROS ASPECTOS DA LIQUIDAÇÃO 
 
A decisão proferida no procedimento liquidatório tem natureza 
interlocutória, razão pela qual cabível o recurso de agravo de 
instrumento (art. 1.015, parágrafo único, CPC/2015). 
O agravo de instrumento, de regra, não tem efeito suspensivo. 
Assim, a menos que o relator imprima tal efeito ao recurso,a 
execução prescinde aguardar o julgamento do agravo interposto 
contra a decisão que pôs fim à liquidação. 
Finalizada a liquidação, pode o credor partir para a execução da 
sentença, podendo ser provisória ou definitiva. Definitiva, se a 
sentença transitou em julgado (art. 523, CPC/2015); provisória, caso 
a sentença tenha sido impugnada por recurso desprovido de efeito 
suspensivo (art. 520, CPC/2015). 
 
— Impugnação de sentença: 
 
 Na fase de cumprimento de sentença existe alguma forma 
de “defesa” do devedor? 
SIM. A defesa do devedor executado no cumprimento de sentença é 
a chamada impugnação. 
A impugnação ao cumprimento de sentença constitui um incidente 
processual, e não uma ação autônoma. Nisso reside uma diferença 
relevante entre os embargos do devedor e a impugnação. 
Ademais, é certo que os embargos do devedor constituem a defesa 
do executado no curso de uma ação autônoma de execução. Já a 
impugnação é a via defensiva de que o executado pode valer-se no 
bojo de um cumprimento de sentença. 
 
 Quais as matérias que deverão ser alegadas na 
impugnação? 
 
- Art. 525, § 1º, CPC (...) Na impugnação, o executado poderá 
alegar: 
Inciso I: falta ou nulidade da citação se, na fase de 
conhecimento, o processo correu à revelia; 
O vício na citação é gravíssimo e macula, para boa parte da 
doutrina, a própria existência jurídica do processo. Mesmo para 
aqueles que não enxergam, em tal vício, a inexistência processual, 
situando-o no plano da nulidade, não há dúvida quanto a sua 
gravidade e a possibilidade de ser alegado a qualquer tempo ou grau 
de jurisdição. 
Nesse contexto, resta evidente que o vício na citação sobrevive 
à fase cognitiva e pode ser alegado em fase de impugnação. 
O dispositivo legal exige, acertadamente, que o processo tenha 
corrido à revelia. Isso se dá porque se o réu comparece 
espontaneamente no processo e não sofre os efeitos da revelia, dá-
se por sanado o vício na citação, diante da inexistência de prejuízo. 
Inciso II: ilegitimidade de parte; 
Este inciso diz respeito à legitimatio ad causam. Pode ser 
arguida tanto a ilegitimidade para a causa do exequente como a do 
executado. Trata-se de questão de ordem pública, daí porque se não 
alegada na impugnação não haverá preclusão. 
Tratando-se de título judicial, quem não participou do processo 
na fase cognitiva não pode figurar como executado na fase de 
execução, excetuadas as hipóteses de sucessão processual. 
Uma hipótese comum de discussão a respeito da legitimidade 
passiva no cumprimento de sentença, frequentemente ocorrida sob 
a égide do CPC/73, dispõe ao redirecionamento da execução para 
um dos sócios quando a sentença condena uma pessoa jurídica a 
uma obrigação de pagar. Tal discussão deve desaparecer diante da 
solução do incidente de desconsideração da personalidade jurídica 
previsto nos arts. 133/137 do NCPC. 
Inciso III: inexequibilidade do título ou inexigibilidade da 
obrigação; 
Corrigiu-se uma impropriedade técnica existente no CPC/73 
que se refere a “inexigibilidade do título”. O que se exige não é o 
título, mas sim sua obrigação. 
Tratando-se de obrigação inexigível, o título que a embasa será 
inexequível. Tome-se, por exemplo, a hipótese de se pretender a 
execução de uma sentença ilíquida e, portanto, dependente de prévia 
liquidação. 
 
Inciso IV: penhora incorreta ou avaliação errônea 
Como a impugnação, agora por expressa disposição legal, 
pode ser manejada sem prévia penhora, seguramente, em muitas 
situações, quando ocorrer a penhora e a avaliação do bem 
penhorado, a impugnação já terá sido oposta. Nestas circunstâncias, 
o executado poderá alegar o vício por meio de simples petição como 
expressamente ressalvado no § 11. 
Penhora é ato de constrição judicial que impõe a observância 
de determinados requisitos formais e substanciais previstos nos arts. 
831 e ss. Do NCPC. É questão de ordem pública. A inobservância de 
tais requisitos nulifica o ato, autorizando sua alegação pelo 
executado (em sede de impugnação ou por mera petição) ou mesmo 
o conhecimento de ofício pelo juiz. 
Por sua vez, o termo avaliação errônea deve ser compreendida 
amplamente, abrangendo aquela que superestimar ou subestimar o 
bem, a que resultar de dolo ou erro do oficial de justiça ou do 
avaliador nomeado e, bem aim, aquela que não observar a forma e 
as condições previstas nos arts. 870 e seguintes. 
Inciso V: excesso de execução ou cumulação indevida de 
execuções 
Tanto os excessos de execução, como a cumulação indevida 
de execuções, podem (rectius devem) ser alegados por meio da 
impugnação. 
Quando a impugnação versar sobre excesso de execução, a 
teor do § 4º, sob pena de sua rejeição liminar, quando for este seu 
único argumento, ou de não conhecimento acerca deste fundamento, 
se existentes outros, deverá o executado declarar o valor que 
entende correto, apresentando memória do cálculo. 
Há dúvida quanto à possibilidade de o juiz, de ofício, 
reconhecer o excesso de execução, mesmo se não alegado pelo 
executado. Conquanto a ideia do NCPC repita a do CPC/73 no 
sentido de impor ao executado o ônus de alegar e comprovar o 
excesso, sob pena de rejeição dessa alegação, inclinamo-nos a 
aceitar que em situações de flagrante excesso o juiz conheça deste 
vício – mesmo na ausência de alegação e de apresentação de 
planilha pelo executado – na medida em que, ao fim e ao cabo, 
quanto ao excesso não há título. 
A cumulação indevida de execuções, de igual forma, segundo 
pensamos, é matéria de ordem pública, atinente à higidez do 
procedimento executivo, de forma que, mesmo se não alegado tal 
vício por meio da impugnação, poderá ser suscitada posteriormente, 
por meio de simples petição ou mesmo reconhecida de oficio pelo 
magistrado. 
Inciso VI: incompetência absoluta ou relativa do juízo da 
execução; 
É perfeitamente possível ao executado arguir, em sede de 
impugnação, a incompetência (absoluta ou relativa) do juízo da 
execução. 
A incompetência relativa deverá ser arguida na própria 
impugnação, sob pena de preclusão e convalidação do vício. Não há 
outra forma de alegá-la, porquanto o NCPC, diversamente do 
anterior, não prevê a exceção de incompetência. 
A incompetência absoluta, por sua vez, poderá ser alegada na 
impugnação, porém sua não arguição neste momento processual 
não terá o condão de validar o vício, que poderá ser corrigido a 
qualquer momento e grau de jurisdição, até mesmo de ofício, pelo 
juízo. 
 
Inciso VII: qualquer causa modificativa ou extintiva da 
obrigação, como pagamento, novação, compensação, 
transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença; 
Trata-se de norma ampla, que permite ao executado deduzir 
todas as matérias que, de acordo com a regra do direito material, 
modificam ou extinguem a obrigação. Disso decorre que a 
enumeração das “causas” constante no dispositivo – como, aliás, 
sugere o próprio texto com a locução como - é meramente 
exemplificativa. 
O § 2º trata da hipótese de impedimento ou suspeição do 
juiz. Caberá ao executado alegá-las por meio do incidente 
próprio (arts. 146 e 148) e não na mesma impugnação. 
O § 3º prevê expressamente a aplicação da regra do art. 
229, de forma que havendo mais de um executado com 
diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, 
os prazos para a oposição da impugnação e demais 
manifestações serão contados em dobro. 
O § 4º aplica-se exclusivamente à hipótese de alegação de 
excesso de execução (já comentada no inciso V). Com efeito, o 
executado deverá não só alegar, como também declarar a 
quantia que entende como devida e demonstrá-lapor meio de 
cálculo discriminado, sob pena de rejeição liminar da 
impugnação ou deste fundamento (§ 5º). 
Como já comentamos no inciso V, nas situações de flagrante 
excesso, mesmo na ausência de alegação e de apresentação de 
planilha pelo executado, entendemos que o juiz pode conhecer deste 
vício porquanto se trata de questão de ordem pública, na medida em 
que não há título para embasar o (indevido) excesso. 
 
 Para que o devedor apresente impugnação, é 
indispensável a garantia do juízo, ou seja, é necessário que 
haja penhora, depósito ou caução? 
 
A garantia do juízo em cumprimento de sentença era um requisito 
de admissibilidade na redação do antigo CPC, porém o Novo Código 
de Processo Civil garante em seu artigo 525 que “transcorrido o prazo 
previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 
15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de 
penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua 
impugnação. ” Com este entendimento, o Tribunal de Justiça do Rio 
Grande do Sul de forma unânime, dispensou a garantia em juízo. 
 
Qual é o prazo para a apresentação da impugnação? 
 
15 dias. 
Importante: o CPC 2015 prevê expressamente que, se for mais de 
um executado (litisconsórcio) e eles tiverem diferentes procuradores, 
de escritórios de advocacia distintos, o prazo para impugnação será 
em dobro, ou seja, 30 dias (art. 525, § 3º). 
 
 A partir de quando é contado o prazo para que o executado 
ofereça impugnação? 
 
O prazo de 15 dias para impugnação inicia-se imediatamente após 
acabar o prazo de 15 dias que o executado tinha para fazer o 
pagamento voluntário (art. 525, caput). Não é necessária nova 
intimação. Acabou um prazo, começa o outro. 
“Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o 
pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para 
que o executado, independentemente de penhora ou nova 
intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.” 
 
— Embargos: 
 
Os embargos de declaração são uma espécie de recurso, 
sendo julgados pelo próprio órgão que prolatou a decisão. 
Ex.: os embargos de declaração opostos em face de uma sentença 
são julgados pelo próprio juiz que proferiu a decisão. 
O prazo dos embargos de declaração é de 5 dias (lembrar que 
no CPP, diferentemente, o prazo é de 2 dias, por isso é chamado de 
"embarguinhos"). 
 
 Hipóteses de cabimento: 
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão 
judicial para: 
I — esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; 
II — suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se 
pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; 
III — corrigir erro material. 
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que: 
I — deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de 
casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência 
aplicável ao caso sob julgamento; 
II — incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º. 
 
Ficou expressamente previsto que cabem embargos de 
declaração contra qualquer decisão judicial. Antes, diante da 
literalidade do art. 535 do CPC 1973, havia entendimentos de que 
não caberia embargos de declaração contra decisões interlocutórias. 
Com o novo CPC, não há dúvidas de que isso é possível; · 
O conceito do que seja “omissão” para fins de embargos de 
declaração foi ampliado; 
Foi acrescentada uma nova hipótese de embargos de 
declaração, que já era admitida pela jurisprudência: situação em que 
se verifica um “erro material” na decisão. 
 
 Efeito modificativo dos embargos de declaração 
(“embargos de declaração com efeito infringente”) 
Em regra, a função dos embargos de declaração não é a de 
modificar o resultado da decisão, fazendo com que a parte que 
perdeu se torne a vencedora. Essa não é a função típica dos 
embargos. 
 
 Os objetivos típicos dos embargos são: 
 
A) esclarecer obscuridade; 
B) eliminar contradição; 
C) suprir omissão; 
D) corrigir erro material. 
Vale ressaltar, no entanto, que muitas vezes, ao se dar 
provimento aos embargos, pode acontecer de o resultado da decisão 
ser alterado. Quando isso acontece, dizemos que os embargos de 
declaração assumem um efeito infringente. 
Os embargos de declaração interrompem o prazo para a 
interposição de recurso (art. 1.026 do CPC 2015). 
 
STJ: Os embargos de declaração, ainda que contenham nítido 
pedido de efeitos infringentes, não devem ser recebidos como 
mero "pedido de reconsideração". STJ. Corte Especial. REsp 
1.522.347-ES, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 16/9/2015 (Info 
575). 
 
— Penhora: 
 
O devedor responde com todos os seus bens presentes e 
futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições 
estabelecidas em lei (art. 789). 
O credor/exequente poderá requerer na secretaria da vara, 
uma certidão constando que a execução foi admitida pelo juiz, com 
identificação das partes e valor da causa, para fins de averbação no 
CARTÓRIO de Registro de Imóveis no caso de imóveis, ou, no 
DETRAN, no caso de veículos, requerendo nessa hipótese 
(DETRAN), uma ordem de RESTRIÇÃO de: circulação; 
licenciamento; transferência. Os mesmos procedimentos se aplicam 
para outros bens móveis sujeitos a penhora, arresto ou 
indisponibilidade (art. 828). 
"(...) A realização de bloqueio via sistema RENAJUD é ferramenta 
posta à disposição do Judiciário, para contribuir, eficaz e 
rapidamente, com a satisfação do crédito exequendo. O lançamento 
de restrição de circulação de veículo deve ser deferido, para 
possibilitar a prestação jurisdicional com máxima efetividade, 
sobretudo quando restar demonstrada a ação do devedor de obstar 
a execução". (TJMG - 1.0407.12.004234-3/001. Data de Julgamento: 
30/10/2013). 
Buscando aplicação do princípio da efetividade no processo de 
execução, o sistema processual brasileiro vem aplicando importantes 
ferramentas no intuito de compelir o executado, que tenta fugir do 
pagamento de uma obrigação ou de uma dívida, via um titulo 
executivo judicial ou extrajudicial, ferramentas essas tais como, 
INFOJUD; RENAJUD, BACENJUD, e mais recentemente, os 
tribunais do país, estão firmando convênios com a PGR – 
Procuradoria Geral da República, para a implantação de um novo 
sistema denominado SIMBA - Sistema de Investigação de 
Movimentações Bancárias. 
Onde ficarão os dados bancários? Os órgãos terão suas 
próprias bases de dados. O MPF/PGR não armazenará nenhuma 
informação de sigilo bancário de outros órgãos. Os dados ficarão 
custodiados no próprio órgão. 
 
 MODALIDADES DE PENHORAS 
 
1) Penhora por oficial de justiça. 
 
Deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o 
pagamento do principal atualizado, juros, custas e honorários 
advocatícios (art. 831). 
 
2) Penhora por termos nos autos. 
É realizada onde se encontrem os bens, ainda que sob a posse, 
detenção ou guarda de terceiros. No caso de imóveis basta 
apresentar certidão da respectiva matrícula, e no caso de veículos 
apresentar certidão que ateste a sua existência (art. 845). 
 
3) Penhora por meio eletrônico. 
É prioritária a penhora em dinheiro. Sendo dinheiro, em espécie 
ou em depósito em instituição financeira o primeiro na ordem de 
preferência para realização de penhora (art. 835, I, e § 1º). Essa 
ferramenta conhecida como BACENJUD, é muito eficiente, uma vez 
que, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do 
ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por meio 
de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema 
financeiro nacional, que torne indisponíveisativos financeiros 
existentes em nome do executado (art. 854). 
 
 
4) Penhora de bem indivisível. 
No caso de penhora de bem indivisível, o equivalente à quota-
parte do coproprietário ou do cônjuge alheio à execução recairá 
sobre o produto da alienação do bem (art. 843 do CPC/2015). Ou 
seja, mesmo sendo bem indivisível, poderá ser penhorado, e o outro 
coproprietário ou cônjuge (NÃO devedor), receberá sua parte do bem 
comum penhorado, com a venda desse bem penhorado. Vale ainda 
registrar que os bens da comunhão respondem pelas obrigações 
contraídas pelo marido ou pela mulher para atender aos encargos da 
família, às despesas de administração e às decorrentes de imposição 
legal (art. 1.644 do Código Civil). Cabe ressaltar que: É reservada ao 
coproprietário ou ao cônjuge NÃO executado a preferência na 
arrematação do bem em igualdade de condições (art. 843, § 1º). E, 
não será levada a efeito expropriação por preço inferior ao da 
avaliação na qual o valor auferido seja incapaz de garantir, ao 
coproprietário ou ao cônjuge alheio à execução (NÃO devedor) , o 
correspondente à sua quota-parte calculado sobre o valor da 
avaliação (art. 843, § 2º). 
 
5) Penhora de crédito. 
Quando o executado é credor de um valor com uma terceira 
pessoa, poderá o exequente requerer fica sub-rogado nos direitos do 
executado até a concorrência de seu crédito (arts. 855 e 857). 
 
6) Penhora no rosto dos autos. 
EXEMPLO: Um devedor está sendo executado em um processo 
(Processo A) ...Mas esse mesmo devedor é credor de uma terceira 
pessoa em um outro processo (Processo B) ... Nessa hipótese, 
poderá o exequente do processo A, requerer a penhora no rosto dos 
autos do processo B, cujo o qual o credor/exequente do processo A, 
não é parte (art. 860). 
 
7) Penhora de percentual de faturamento da empresa, de outros 
estabelecimentos e de semoventes. 
Em caso de não pagamento voluntário, é possível o pedido de 
penhora de faturamento de empresa bem como de semoventes e/ou 
plantações até a satisfação do crédito do exequente (art. 862). 
 
 DA MENOR ONEROSIDADE 
 
Quando por vários meios o exequente puder promover a 
execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso 
para o executado (art. 805). 
A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo 
se outros forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz, 
mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será 
menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente (art. 829, § 2º). 
A execução sempre se dá em benefício do exequente, porém de 
maneira MENOS GRAVOSA para o executado (arts. 847 e 867). 
Portanto, o exequente/credor poderá indicar os bens a serem 
penhorados, os bens que prefere sejam atingidos pelos atos 
expropriatórios, e o oficial de justiça deverá seguir essa indicação. 
Contudo, caso o executado indique bens à penhora que lhe 
produzam menos onerosidade, sem prejuízo à satisfação do 
exequente, o juiz poderá aceitar a indicação de tais bens e determinar 
que a penhora recaia sobre eles (art. 847). 
 
 DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR 
QUALQUER EXECUÇÃO. 
A execução é a via utilizada para cobrança de uma quantia certa, 
líquida e exigível (art. 783.). 
 
 DO PRINCÍPIO DO DESFECHO ÚNICO. 
 
A finalidade do processo de execução, seja via um título executivo 
extrajudicial (art. 781, exemplos: Cheque; Nota Promissória, etc), ou 
seja um título executivo judicial em (art. 523 = cumprimento da 
sentença) é o cumprimento da obrigação no título extrajudicial, ou da 
condenação no título judicial 
A diferença do processo de conhecimento e do processo de 
execução é que no processo de conhecimento, busca-se transformar 
o fato em direito. Em outros termos: Dizer quem tem o direito. Dizer 
qual é o direito (dizer o direito). Regular a relação jurídica entre as 
partes (dizer “quem tem razão”). 
Já no processo de execução, busca-se transformar direito em fato. 
Em outros termos: Satisfazer o credor. Efetivar o direito (fazer o 
devedor pagar, para o credor receber). 
No processo de execução não existe processo procedente ou 
improcedente, e sim execução frutífera ou infrutífera. 
 
— Obrigações de fazer/não fazer em entrega de coisas: 
 
1. EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA CERTA FUNDADA 
EM TÍTULO JUDICIAL 
 
Para iniciarmos o estudo desse procedimento executivo, em 
primeiro lugar, devemos lembrar que não se trata de um processo de 
execução autônomo, propriamente dito. Na verdade, o que se tem 
nesse caso é um prolongamento do processo de conhecimento. 
Com a edição da lei 10.444/2002 o direito processual civil passou 
a conviver com o chamado processo misto ou sincrético, no qual são 
praticadas, num mesmo procedimento, atividades cognitiva e 
executiva. São as chamadas sentenças executivas, já referidas no 
item anterior, em que, em que pese impor ao vencido uma obrigação, 
em caso de inadimplemento, não é necessário que o credor instaure 
nova demanda tendente a dar cumprimento ao título executivo. 
O juiz, a proferir a sentença já determina providências necessárias 
à garantia do cumprimento da condenação. Nesse sentido, é o que 
dispõe o art. 461-A do CPC: “na ação que tenha por objeto a entrega 
de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para 
o cumprimento da obrigação”. Como se vê, o juiz não se limita a 
proferir comando condenatório, mas também a estabelecer o prazo 
no qual a sentença deverá ser cumprida. 
Além disso, o juiz deverá fixar multa periódica pelo atraso no 
cumprimento da obrigação tenha ou não havido requerimento do 
autor na petição inicial, conforme autoriza a interpretação sistemática 
do art. 287 c/c art. 461-A, § 3º e 4º do CPC. 
Proferida a sentença e não tendo sido interposto recurso, o que 
conduzirá ao trânsito em julgado, ou mesmo se impugnada a 
decisão, o recurso for recebido somente com o efeito devolutivo, o 
juiz intimará o devedor para cumprir a condenação no prazo que lhe 
assinar. Caso não haja a entrega da coisa dar-se-á início á incidência 
da multa, podendo o juiz, também, valer-se de outros meios, sendo 
os mais comum a busca e apreensão ou imissão na posse. 
 
2. EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA CERTA FUNDADA 
EM TÍTULO EXTRAJUDICIAL 
 
Em se tratando de execução para entrega de coisa certa fundada 
em título extrajudicial o Código traça outro procedimento. Vigora o 
princípio da demanda estabelecido no art. 2º do CPC. Ao contrário 
do estabelecido para a execução das obrigações fundadas em títulos 
judiciais, nesse caso trata-se de verdadeiro processo de execução. 
Inicia-se por provocação do credor mediante petição inicial que 
deverá obedecer aos requisitos do art. 282 do CPC naquilo que for 
compatível, como também deverá estar acompanhada do título 
executivo. 
Dispõe o art. 621 que “o devedor de obrigação de entrega de coisa 
certa, constante de título executivo extrajudicial, será citado para, 
dentro de 10 (dez) dias, satisfazer a obrigação ou, seguro o juízo (art. 
737, II), apresentar embargos.” 
Há que se ter cuidado na interpretação desse dispositivo, ainda 
mais quando se tem em vista o disposto no artigo seguinte que diz 
que “o devedor poderá depositar a coisa, em vez de entregá-la, 
quando quiser opor embargos.” A leitura apressada dos dispositivos 
pode conduzir a equívocos, haja vista a revogação do art. 737. O 
primeiro deles é que não se exige mais garantia de juízo para 
oferecimento de embargos. 
Desta feita, o devedor poderá embargar a execução 
independentemente do depósito da coisa ou qualquer outro tipo de 
garantia ou caução. Alterou-se, também, o prazo para o oferecimentodos embargos, que agora é de 15 dias a partir da juntada aos autos 
do mandado devidamente cumprido. Poderá, ainda, o devedor, 
quando for opor embargos, depositar a coisa no prazo de dez dias, 
tão somente para livrar-se do risco da incidência da multa, quando 
cominada. 
Tendo sido proposta a execução, com a petição inicial 
devidamente acompanhada do título executivo, o executado será 
citado para entregar a coisa no prazo de 10 (dez) dias. Caso o 
devedor entregue a coisa no prazo estabelecido, o juiz proferirá 
sentença declarando extinto o processo de execução. Optando o 
executado por depositar a coisa, será lavrado termo de depósito, 
ficando coisa à disposição do juízo até o julgamento dos embargos. 
Contudo, pode ocorrer que o executado permaneça inerte, nem 
oferecendo embargos, nem entregando ou depositando a coisa. 
Nesse caso, o juiz deverá determinar medidas práticas 
tendentes à satisfação do exeqüente, além da multa periódica pelo 
tempo de atraso, poderá determinar a busca e apreensão da coisa 
(caso se trate de coisa móvel) ou imissão na posse (em se tratando 
de coisa imóvel). 
Pode ocorrer que mesmo sendo determinadas providências 
para o cumprimento da obrigação a coisa pode não ser encontrada. 
Nesse caso, o processo pode tomar diferentes rumos. Primeiro, 
tendo a coisa sido transferida a terceiro, mesmo assim será buscada 
e apreendida e o terceiro somente poderá se manifestar depois que 
a coisa já estiver em poder do juízo (art. 626). 
Não sendo a coisa entregue por ter desaparecido ou 
deteriorado, o exequente terá direito de receber o equivalente em 
dinheiro mais perdas e danos que eventualmente tiver sofrido, tudo 
apurado mediante liquidação incidente, seguindo-se, a partir daí, pelo 
procedimento de execução por quantia certa. Por fim, pode ocorrer 
que o executado, ou terceiro que estiver em poder da coisa, tenha 
realizado nela benfeitorias indenizáveis. Assim, é necessária a 
liquidação prévia do valor das benfeitorias, devendo o exeqüente 
depositar o valor correspondente antes do recebimento da coisa. 
Pois bem, tendo o executado entregue no decênio estabelecido 
pelo art. 621 o juiz proferirá sentença declarante extinta a obrigação. 
Tendo ele depositado a coisa em juízo para livrar-se do risco da 
incidência da multa, há que se verificar se foi ou não oferecidos 
embargos. 
Caso não tenha sido embargada a execução, ou rejeitados 
liminarmente os embargos, a coisa será entregue ao exeqüente com 
a lavratura do respectivo termo e prolação de sentença extintiva da 
execução. Situação diversa ocorrerá quando os embargos forem 
recebidos. Deverá ser verificado se os embargos foram recebidos 
com efeito suspensivo ou não. No primeiro caso, a coisa ficará 
depositada em juízo até o julgamento definitivo do incidente. Sendo 
julgado improcedente (ou extinto por qualquer outro motivo) passa-
se á entrega da coisa ao exequente. 
Caso sejam julgados procedentes, extingue-se, também a 
execução, contudo, com a restituição da coisa ao executado. Porém, 
caso os embargos sejam recebido sem efeito suspensivo, a coisa 
poderá ser entregue, desde já, ao exeqüente, independentemente do 
julgamento dos embargos, contudo, o juiz deverá adotar cautelas que 
assegure a devolução do objeto da obrigação, caso os embargos 
sejam, ao final, acolhidos. 
 
3. EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA INCERTA FUNDADA 
EM TÍTULO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL 
 
Em linhas gerais, o procedimento para a execução das obrigações 
de entregar coisa incerta não difere do procedimento da execução 
das obrigações de entregar coisa certa. Encontra-se regido pelos 
artigos 629 e seguintes do Código quando fundada em título 
extrajudicial e no art. 461-A em se tratando de título judicial. Contudo, 
levando em conta que o objeto da obrigação é identificado apenas 
pelo gênero e quantidade, há um momento necessário, a fim de se 
individualizar a coisa, chamado de “concentração da obrigação.” 
Basicamente, trata das regras para a escolha da coisa. Segundo 
dispõe o art. 629, o devedor será citado para entregar a coisa já 
individualizada, salvo se a escolha couber ao credor, caso em que 
ele deverá indicar a coisa escolhida, já na inicial. 
Vale fazer referência à observação posta por Alexandre de Freitas 
Câmara, de que, quando se tratar de coisa fungível, tratar-se-á de 
coisa certa e não, propriamente de coisa incerta. Diz ele: 
“A obrigação de entregar coisa fungível (ou coisas fungíveis) deve 
ser tratada como obrigação de entregar coisa certa. Isto porque a 
coisa fungível, por definição, pode ser substituída por outra de 
mesmo gênero, qualidade e quantidade. Deste modo, sendo alguém 
obrigado a entregar dez sacas de feijão preto, pouco importa – já que 
a qualidade deve ser sempre a mesma – se são entregues estas ou 
aquelas sacas. Não há que se falar, assim, em escolha, porque esta 
não faz nenhum sentido quando as coisas entre as quais se deve 
escolher são idênticas. Assim, parece-nos mais adequado considerar 
que o CPC, ao tratar da execução para entrega de coisa incerta, está 
se referindo às hipóteses em que alguém é obrigado a entregar coisa 
indeterminada (mas determinável), devendo o objeto a ser entregue 
ser escolhido entre coisas de qualidade diversa.” [1] 
Acrescente-se que a escolha deve seguir as regras do art. 244 
do Código Civil, segundo qual “nas coisas determinadas pelo gênero 
e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não 
resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem 
será obrigado a prestar a melhor”. 
Segue-se à escolha, o chamado “incidente de impugnação de 
escolha”, que tem lugar exatamente quando a parte a quem couber 
a individualização da coisa não seguir a regra do art. 244 do CC. 
Segundo o art. 630 do CPC, “qualquer das partes poderá, em 48 
(quarenta e oito) horas, impugnar a escolha feita pela outra, e o juiz 
decidirá de plano, ou, se necessário, ouvindo perito de sua 
nomeação.” 
Resolvidos os eventuais incidentes e individualizada a coisa a 
ser entregue, segue, normalmente, o procedimento da execução 
para entrega de coisa certa, posto que a relativa incerteza quanto ao 
objeto da obrigação já não existe mais. 
 
4. EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER FUNDADA EM 
TÍTULO JUDICIAL 
 
A execução das obrigações de fazer muito se parece com o 
procedimento da execução das obrigações de entregar coisa. 
Também pode se fundar em título executivo judicial ou extrajudicial. 
Quando for fundada em sentença tem-se, também, a chamada 
sentença executiva, e dessa forma, o procedimento executivo, que 
será mero prolongamento do processo de conhecimento, poderá ser 
iniciado de ofício pelo juiz. 
Proferida a sentença, o juiz fixará prazo para o cumprimento da 
obrigação. Como ninguém pode ser obrigado a prestar um fato, de 
nada adiantam os meios convencionais de execução, também 
conhecidos com meios diretos ou materiais. 
Nesses casos, o juiz vale-se dos meios de coerção, já referidos no 
procedimento de execução pra entrega de coisa. De grande valia é a 
multa periódica, que poderá ser cominada de ofício ou a 
requerimento do autor e deverá incidir periodicamente enquanto 
houver atraso no cumprimento da obrigação. 
Ressalte-se que a multa não tem caráter indenizatório, o que quer 
dizer, que, tornando-se impossível o cumprimento da obrigação, o 
executado, além de responder pela multa, deverá arcar também com 
eventuais perdas e danos advindas do seu inadimplemento. 
O juiz poderá alterar no curso do processo tanto o valor quanto a 
periodicidade da multa. Se o objetivo dela é produzir pressão 
psicológica para que o devedor cumpraa obrigação, o juiz deverá 
tomar todas as providências ao seu alcance para que a multa, de 
fato, cumpra o seu papel. Se, de toda forma, não for cumprida a 
obrigação, o juiz, ainda, poderá valer-se das medidas de apoio 
arroladas no art. 461, § 5º do CPC. 
 
5. EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER FUNDADA EM 
TÍTULO EXTRAJUDICIAL 
 
Tratando-se de execução fundada em título extrajudicial tem-se 
propriamente a execução autônoma, não se fala, nesse caso, em 
processo sincrético, porque não há a precedente atividade de 
conhecimento. A petição inicial deverá obedecer o regramento do art. 
282 e estar acompanhada do título executivo. Ao despachar a inicial 
o juiz determinará a citação de executado para que cumpra a 
obrigação no prazo estabelecido no título. 
Caso o título seja omisso o juiz deverá fixá-lo. Não sendo cumprida 
a obrigação, o procedimento será diferente daquele previsto para a 
obrigação fundada em título judicial. Há que se verificar se se trata 
de obrigação de fazer fungível ou infungível. A obrigação infungível 
é aquela que só pode ser cumprida pelo próprio devedor. 
Já a obrigação fungível é aquela cuja prestação pessoal do 
executado não é essencial, poderá ser cumprida por outrem, 
inclusive pelo próprio credor, às custas do devedor. Sendo a 
obrigação infungível. Deverá, ainda, ser verificado se é possível 
obter, por outros meios, resultado prático equivalente àquele que se 
teria caso o devedor cumprisse voluntariamente a obrigação. Não 
sendo isso possível, a obrigação, necessariamente converter-se-á 
em perdas e danos. 
Contudo, caso se revele possível a obtenção de resultado prático 
equivalente, o credor poderá optar entre esta e a conversão da 
obrigação em indenização por perdas e danos. Tendo o credor 
optado pela obtenção do resultado prático equivalente o juiz poderá 
valer-se das medidas de apoio previstas no art. 461, § 5º para 
garantia do adimplemento da obrigação. 
Quando se tratar de obrigação de fazer fungível, o exeqüente 
poderá escolher entre o cumprimento da obrigação por terceiro às 
custas do devedor ou a conversão em perdas e danos. 
Em qualquer caso, seja a obrigação fungível ou infungível, 
optando o exeqüente pela conversão em perdas e danos, proceder-
se-á à liquidação incidente e a partir daí segue-se a execução pelo 
rito da execução por quantia certa. 
 
6. EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER FUNDADAS 
EM TÍTULO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL 
 
Seguindo o raciocínio até aqui exposto, a sentença que contenha 
condenação em uma obrigação de não fazer é uma sentença 
executiva (para quem adota o critério quinário) e, assim sendo, 
cumpre-se mediante procedimento executivo que pode ser 
deflagrado de ofício pelo juiz. 
Contudo, há que se dizer que a obrigação de não fazer é sempre 
personalíssima, ou seja, somente o devedor pode cumpri-la. E assim 
deve ser entendido, pois não há como alguém deixar de fazer algo 
por você. Dessa forma, o descumprimento da obrigação sempre 
ensejará perdas e danos. 
 Tratando-se de obrigação fundada em título judicial não há 
alteração de procedimento em relação às obrigações de fazer. Tendo 
sido proferida a sentença que condene o devedor a desfazer aquilo 
que foi feito indevidamente, o juiz fixará prazo para o cumprimento 
da sentença. Não sendo implementada a obrigação no prazo fixado 
o juiz valer-se-á dos meios de coerção arrolados no art. 461, § 5º, 
sem prejuízo da multa já fixada na sentença. 
Porém, é necessário entender que as obrigações de não fazer 
podem ser classificadas em permanentes (ou contínuas) e 
instantâneas. As primeiras são aquelas cujo descumprimento se 
prolonga no tempo, sendo possível cessar o descumprimento e 
retornar ao estado anterior. Assim, é possível desfazer o que foi feito 
indevidamente com a respectiva indenização pelo dano causado, p. 
ex., a construção de um muro o qual o executado havia se obrigado 
a não construir. Já as obrigações instantâneas se descumprem num 
só ato, razão pela qual não é possível retornar ao estado anterior; por 
exemplo, a revelação de um segredo. Nessas obrigações, resta ao 
exeqüente tão somente o ressarcimento por perdas e danos. 
Em se tratando de obrigação de não fazer fundada em título 
extrajudicial o procedimento será o mesmo, contudo, como não há 
processo de conhecimento anterior, a demanda há que se instaurada 
pelo exeqüente. A petição inicial deverá obedecer aos ditames do art. 
282 do CPC e estar acompanhada do título executivo. Sendo 
recebida a inicial segue o procedimento estabelecido para a 
execução do título judicial. 
 
— Conversão da obrigação em perdas e danos: 
 
 A EXECUÇÃO DAS TUTELAS ESPECÍFICAS. 
 
Inicialmente, para a melhor compreensão da questão ora posta, 
se faz necessário uma breve definição de obrigações, das tutelas 
específicas e dos meios coercitivos previstos em nosso ordenamento 
jurídico. 
 
1.1 Obrigações 
 
Obrigação, segundo o Professor Flávio Tartuce, pode ser 
conceituada "como sendo a relação jurídica transitória, existente 
entre um sujeito ativo, denominado credor, e outro sujeito passivo, o 
devedor, e cujo objeto consiste em uma prestação situada no âmbito 
dos direitos pessoais, positiva ou negativa". 
O objeto imediato da obrigação é a prestação, sendo que se 
tratando de uma obrigação de fazer esta pode ser fungível ou 
infungível e, por sua vez, as obrigações de não fazer são quase 
sempre infungíveis, personalíssimas e indivisíveis, nos termos do art. 
258 do Código Civil. 
 
Assim, nos casos de inadimplemento de uma obrigação de 
fazer fungível, o credor pode optar por: exigir do devedor o 
cumprimento forçado da obrigação, por meio da tutela específica, 
prevista no artigo 497 do Novo Código de Processo Civil e no artigo 
84 do Código de Defesa do Consumidor, nos casos de relação de 
consumo; solicitar a um terceiro que cumpra a obrigação, à custa do 
devedor, conforme previsto nos artigos 816 e 817 do Novo Código de 
Processo Civil; ou, não havendo mais interesse na prestação, 
requerer a conversão em perdas e danos, nos moldes do artigo 248 
do Código Civil. 
Por sua vez, nos casos de inadimplemento de uma obrigação 
de fazer ou de não fazer infungíveis, o credor também poderá exigir 
o cumprimento forçado da obrigação pactuada, conforme previsto no 
artigo 497 do Novo Código de Processo Civil, ou a conversão em 
perdas e danos, conforme artigos 247 e 251, caput, do Código Civil, 
respectivamente. 
Pois bem. O presente estudo objetiva tratar, especificamente, 
das ações movidas pelo credor com o objetivo de exigir o 
cumprimento forçado da obrigação, através da tutela específica, 
disposta no art. 497 do Novo Código de Processo Civil. 
 
1.2 Tutelas Específicas 
 
A expressão tutela é polissêmica, podendo ser utilizada como 
sinônimo de procedimento, decisão ou resultado (tutela jurisdicional 
em sentido estrito). Ou seja, três sentidos completamente distintos. 
No que tange à tutela jurisdicional em sentido estrito esta pode 
ser subdivida em tutela específica e tutela pelo equivalente em 
pecúnia. Neste tocante, destaca-se a distinção feita pelo Professor 
Fredie Didier Jr.: "Quando o resultado alcançado pelo processo 
corresponder exatamente ao resultado previsto pelo direito material, 
ou seja, corresponder àquilo que seria obtido se não houvesse a 
necessidade de ir ao Poder Judiciário, diz-se que há tutela específica. 
Trata-se da tutela pela qual se dá a quem tem razão exatamente 
aquilo a que ele tem direito. 
 
Na tutela pelo equivalente não se entrega a quem tem razão 
exatamente o bem da vida que lhe foi tirado, mas sim um equivalante 
em dinheiro."(DIDIER, 2014) 
Tutela específica é, portanto, toda aquela que envolve uma 
obrigação de fazer (dever de cumprir uma determinada tarefa), de 
não fazer (dever de abstenção de uma conduta) ou de dar (dever de 
entregar coisa certa distinta de dinheiro). Ou seja, para concretização 
da tutela pretendida pelo autor da ação é indispensável o 
cumprimento de uma obrigação positiva ou negativa por parte do réu. 
A Seção IV do Novo Código de Processo Civil destina-se, 
especificamente, a tratar deste tipo de ação, nos artigos 497 ao 501. 
No que tange à natureza jurídica, se trata de uma ação 
condenatória com caráter inibitório. Deste modo, é uma ação de 
conhecimento cujo provimento de mérito tem eficácia executivo-
mandamental, ao passo que, caso procedente o pedido, o juiz da 
causa determinará ao obrigado um comportamento comissivo ou 
omissivo. 
Importante destacar que o nosso ordenamento jurídico sofreu 
significativas alterações neste tipo de ação, ao longo dos anos, no 
intuito de dar maior efetividade à tutela jurisdicional específica, de 
modo a alcançar um processo mais justo e efetivo. 
Assim, segundo leciona o Professor Freddie Professor Fredie 
Didier Jr., "tamanha é sua relevância que atualmente se pode falar 
na existência de um verdadeiro princípio da primazia da tutela 
específica. A busca por uma tutela específica é, atualmente, um dos 
valores que orienta o processo civil contemporâneo"(DIDIER, 2014). 
Neste sentido, destaca-se a alteração legislativa promovida 
pela Lei 8.952, de 13 de dezembro de 1994, que conferiu nova 
redação ao art. 461 do Código de Processo Civil de 1973, 
estabelecendo que "na ação que tenha por objeto o cumprimento de 
obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica 
da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências 
que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento". 
Nota-se, inclusive, que a redação do artigo 461 do Código de 
Processo Civil de 1973 é, praticamente, a mesma do artigo 84 do 
Código de Defesa do Consumidor (lei 8.078, de 11 de setembro de 
1990), instituído com o objetivo de conferir maior proteção às 
relações de consumo, garantindo o efetivo cumprimento das 
obrigações avençadas entre as partes. 
Pois bem. A nova redação reflete a preocupação em assegurar 
ao credor a efetiva entrega da tutela específica pleiteada ou, ao 
menos, resultado prático equivalente. O objetivo principal é, portanto, 
a proteção da legítima expectativa da parte autora. 
Contudo, infelizmente, é corriqueiro em grande parte das ações 
que envolvem tutelas específicas haver uma resistência no 
cumprimento por parte do obrigado, razão pela qual se tornam 
indispensáveis os meios coercitivos. 
 
1.3 Meios Coercitivos 
 
Assim, segundo a autorizada palavra do Ministro Teori Albino 
Zavascki para o alcance do processo ideal é primordial a existência 
de meios coercitivos eficazes: 
O processo, instrumento que é para a realização de direitos, 
somente obtém êxito integral em sua finalidade quando for capaz de 
gerar, pragmaticamente, resultados idênticos aos que decorreriam do 
cumprimento natural e espontâneo das normas jurídicas. Daí dizer-
se que o processo ideal é o que dispõe de mecanismos aptos a 
produzir ou a induzir a concretização do direito mediante a entrega 
da prestação efetivamente devida, da prestação in natura.E quando 
isso é obtido, ou seja, quando se propicia, judicialmente, ao titular do 
direito, a obtenção de tudo aquilo e exatamente daquilo que 
pretendia, há prestação de tutela jurisdicional específica. (grifo do 
autor) (ZAVASCKI, 1997) 
 
Também neste sentido, dispõe o Professor Fredie Didier Jr.: 
(...) é necessário que o vencedor, aquele em favor de quem 
esse direito material foi reconhecido, encontre no ordenamento 
meios idôneos que lhe permitam ter efetivo acesso ao bem de vida 
que buscava. É por isso que o sistema deve prever meios eficazes e 
idôneos de efetivação das decisões judiciais. (grifos do autor) 
(DIDIER, 2014) 
Deste modo, os meios coercitivos são os mecanismos 
indispensáveis para o alcance da plena tutela jurisdicional, pois estes 
se prestam a compelir o devedor a cumprir o comando judicial tal 
como determinado, satisfazendo a tutela específica pretendida pelo 
credor. 
Assim, compete ao juiz, mediante a análise do caso concreto, 
decidir qual será o mecanismo mais adequado e proporcional a ser 
utilizado, sendo certo que o nosso ordenamento jurídico não possui 
um rol exaustivo, conferindo, assim, certa margem de liberdade ao 
julgador, para que este possa determinar as medidas que entender 
mais apropriadas à satisfação do exequente, segundo determina o 
art. 536 do Novo Código de Processo Civil. 
Conforme bem salienta o Professor Fredie Diddier, a busca 
pela entrega da tutela específica deve se pautar na ordem 
constitucional, sendo preciso ponderar sempre o direito fundamental 
à efetividade da tutela jurisdicional (art. 5º, XXXV, da CF) com o 
princípio fundamental do devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF). 
Ou seja, o magistrado não pode esquecer que "o devedor tem direito, 
também fundamental, de que a efetivação da tutela jurisdicional se 
faça do modo que lhe for menos gravoso" (DIDIER, 2014). 
 
Todavia, o meio coercitivo mais utilizado é, por certo, a fixação de 
multa cominatória, prevista, expressamente, no art. 500 do Novo 
Código de Processo Civil. 
Oportuno ressaltar que a multa diária pode ser fixada a 
qualquer tempo, seja na fase de conhecimento ou na execução, 
assim como independe de requerimento por parte do credor da 
obrigação, visto que pode ser fixada de ofício pelo Juiz, com amparo 
nos artigos 537 e 814 do Novo Código de Processo Civil. 
 
 A PERTINÊNCIA DA MANUTENÇÃO DAS ASTRENTINTES 
QUANDO OCORRE A CONVERSÃO DA OBRIGAÇÃO DE 
FAZER EM PERDAS E DANOS. 
 
Imperioso destacar que o art. 84, § 2º, do CDC e o art. 500 do 
CPC/15 preveem, expressamente, que a indenização por perdas e 
danos se fará sem prejuízo da multa cominatória. Confira-se: 
Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da 
multa fixada periodicamente para compelir o réu ao cumprimento 
específico da obrigação. 
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação 
de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da 
obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado 
prático equivalente ao do adimplemento. (...) § 2º A indenização por 
perdas e danos se fará sem prejuízo da multa. 
Destarte, a conversão da obrigação de fazer em perdas e 
danos tem por escopo compensar o prejuízo suportado pelo credor, 
ou seja, de natureza indenizatória e que não se confunde com a 
astreinte, nos termos do § 2º do citado dispositivo. 
As perdas e danos nada mais são do que a exata reparação 
pelo prejuízo sofrido pelo credor com o inadimplemento da obrigação. 
É o exato valor da prestação a que estava obrigado o demandado. A 
multa cominatória, por sua vez, é meio coercitivo, de natureza 
inibitória. Assim, é notório que o produto da incidência de eventual 
multa pecuniária vencida pelo descumprimento de obrigação 
específica sancionada caberá ao credor prejudicado pela mora do 
devedor. 
Imperioso frisar que a multa aplicada e a conversão em perdas 
e danos são institutos diferentes. Sendo assim, são perfeitamente 
cumuláveis.

Continue navegando