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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Graduação em Direito –Oitavo Período/Manhã Mariana Fernandes Tupynambá Miria Santos Freitas Trabalho de Prática Simulada II Embargos infringentes BETIM 2018 Excelentíssimo Desembargador Relator do Acórdão n.º __________________ da ___ Câmara Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. Referente Apelação n.º XXXXXXXXXXXXXXX José Floriano da Silva, já devidamente qualificado nos autos, por seu procurador e advogado infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de V.Exa. opor EMBARGOS INFRINGENTES,2 ao venerando acórdão, com fundamento no art. 609, parágrafo único, do CPP, para tanto requerendo seja recebido e ordenado o processamento do presente recurso, frente as razões sustentadas em apartado. Termos em que, Pede Deferimento. Betim, 11 maio de 2016 OAB/XXXXXX (Nome completo advogado) Razões de Embargos infringentes Pelo embargante: José Floriano da Silva Embargado: Ministério Público Apelação n.º xxxxxxxxx Egrégio Tribunal, O embargante obteve, em sentença proferida em 1.º grau, condenação por conduta prevista no artigo 16, caput e parágrafo único, inciso IV, da Lei nº 10.826/2003, impingindo-lhe pena de três anos e quatro meses, além do pagamento de 10 dias-multa Inconformado com o teor da decisão José Floriano apelou dessa decisão. A decisão em 2.º grau, contudo, não foi unânime em ratificar a sentença proferida pelo juízo singular pois, o excelentíssimo Senhor Desembargador Fulano de Tal , fls. XX votou pela absolvição, por entender comprovado que José Floriano não concorreu para a predita infração. Em verdade, foi confirmada a sentença atacada em decisão de cunho majoritário, a sustentar a hipótese do presente recurso, ora interposto, em torno do voto vencido. Sustenta, desta feita, os presentes embargos, o voto que, com acerto, identificou que José Floriano da Silva não concorreu para a predita infração, nos termos do inciso IV, Art. 386 do CPP.. Restou apurado que José Floriano da Silva, em data de 29/10/2014, por volta das 02 horas da madrugada, pilotava a motocicleta Honda CGC, placa OOO-1111, tendo como garupa o amigo João Pablo Ribeiro; Que os envolvidos retornavam de uma festa, porem ao passarem pela Avenida Delta, no bairro Montanhês, em Belo Horizonte/MG, receberam sinal de policiais militares, para que parassem; que o condutor da motocicleta (José Floriano da Silva ), amedrontado, não atendeu à ordem de parada emitida pelos agentes sendo então perseguido pela viatura policial militar. Na Rua Beta, altura do número 52, os envolvidos finalmente pararam. Neste momento o envolvido João Pablo correu até a residência de número 171, onde desfez-se de um revólver, Taurus, calibre 38, nº 52525, mais tarde encontrado pelos militares. Cuidando do concurso de pessoas, diz o Art. 29, caput, do Código Penal, que quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Fala-se em concurso de pessoas, portanto quando duas ou mais pessoas concorrem para a pratica de uma mesma infração penal. Esta colaboração recíproca pode ocorrer tanto nos casos em que são vários os autores, bem como naqueles onde existam autores e participes. A regra trazida pelo art. 29 do Código Penal aplica-se, mormente, aos chamados crimes de concurso eventual (unissubjetivos), que são aqueles que podem ser cometidos por um único agente, mas que, eventualmente, são praticados por duas ou mais pessoas. Sobre a aplicabilidade do instituto Rogério Greco salienta: "Para que se possa concluir pelo concurso de pessoas, será preciso verificar a presença dos seguintes requisitos: a) pluralidade de agentes e de condutas; b) relevância causal de cada conduta; c) liame subjetivo entre os agentes; d) identidade de infração penal" (Greco, Rogério., p.509.) O acervo probatório constante nos autos foi incapaz de demonstrar que o embargante tenha preenchido os requisitos necessários a configuração do concurso de pessoas. Em verdade, evidencia o não preenchimento de requisitos básicos, vejamos: Durante depoimento um dos policiais militares ouvidos afirmou ter visto o momento em que João Pablo desfez-se do revólver, no quintal de um imóvel que invadiu; Em juízo, o embargante afirmou que naquela madrugada “deu carona” a João Pablo e que não tinha conhecimento do porte da arma; Ficou, pois, demonstrado pelo relato testemunhal do policial militar integrante da guarnição que efetuou a prisão dos suspeitos que o embargante não praticou as condutas típicas previstas no artigo 16, caput e parágrafo único, inciso IV, da Lei nº 10.826/2003, pois ele não foi surpreendido desfazendo-se do revólver, no quintal de um imóvel. Ao compulsar os autos verifica-se que não restou demonstrado o liame subjetivo entre os agentes. O Vínculo subjetivo há que existir, também, para que o concurso eventual de pessoas possa se aperfeiçoar, a consciência entre os vários integrantes de que cooperam numa ação comum. Não basta, portanto, o agente atuar com dolo (ou culpa), é necessário, pois, que haja uma relação subjetiva entre os participantes da empresa criminosa, caso contrário as várias condutas se tornarão isoladas e autônomas. Somente a adesão voluntária objetiva (nexo causal) e subjetiva (liame psicológico) à atividade criminosa de outrem, visando a realização de um fim comum, cria e estabelece efetivamente a co-delinqüência, responsabilizando os participantes pelas consequências do resultado criminoso. Deve haver, portanto, uma participação consciente e voluntária no fato, verifica-se que, o embargante afirmou que naquela madrugada apenas ´´deu carona´´ a João Pablo e que não tinha conhecimento do porte da arma. Neste sentido, após a instrução processual não ficou demonstrado a adesão inequívoca do embargante a conduta criminosa. A identidade de fato constitui o último requisito para se configurar o concurso de pessoas, é necessário, em face da teoria monista adotada pelo CP, que a infração praticada pelos concorrentes seja única. É necessário, pois, que todos atuem conjugando os esforços com vistas a consecução de um mesmo crime. O embargante declarou em juízo que não tinha conhecimento do porte da arma, ao passo que após a instrução processual não ficou demonstrado a ciência inequívoca do embargante de que João Pablo Ribeiro levava consigo o armamento apreendido. Deste modo, o voto do Desembargador que considerou que o embargante não praticou o delito deve prosperar, devendo ser o embargante absolvido por não ter concorrido para a infração penal, a teor do que emana o artigo 386, IV, do Código de Processo Penal. Diante do exposto, postula-se se digne Vossa Excelência receber o presente recurso, com o reconhecimento da divergência instaurada pelo voto vencido, esperando sejam estes embargos infringentes, ao final, julgados de forma a restar reformado o venerando acórdão, para prevalecer o teor do voto vencido, dando-se procedência à sua tese, com a conseguinte absolvição do embargante, como medida de JUSTIÇA. Termos em que, Pede Deferimento. Betim, 11 maio de 2016 OAB/XXXXXX (Nome completo advogado)