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Peças Processuais 1º Caso No dia 13 de maio de 2020, uma criança recém-nascida é vista boiando em um córrego e, ao ser resgatada, não possuía mais vida. JOAQUINA, a mãe da criança, foi localizada e negou que houvesse jogado a vítima no córrego. Sua filha teria sido, segundo ela, sequestrada por um desconhecido. Durante a fase de inquérito, testemunhas afirmaram que a mãe apresentava quadro de profunda depressão no momento e logo após o parto. Além disso, foi realizado exame médico legal, o qual constatou que JOAQUINA, quando do fato, estava sob influência de estado puerperal. À míngua de provas que confirmassem a autoria, mas desconfiado de que a mãe da criança pudesse estar envolvida no fato, a autoridade policial representou pela decretação de interceptação telefônica da linha de telefone móvel usado pela mãe, medida que foi decretada pelo juiz competente. A prova constatou que a mãe efetivamente praticara o fato, pois, em conversa telefônica com uma conhecida, de nome ALERQUINA, ela afirmara ter atirado a criança ao córrego, por desespero, mas que estava arrependida. O delegado intimou ALERQUINA para ser ouvida, tendo ela confirmado, em sede policial, que JOAQUINA de fato havia atirado a criança, logo após o parto, no córrego. Em razão das aludidas provas, a mãe da criança foi então denunciada pela prática do crime descrito no art. 123 do Código Penal perante a 1ª Vara Criminal (Tribunal do Júri). Durante a ação penal, é juntado aos autos o laudo de necropsia realizada no corpo da criança. A prova técnica concluiu que a criança já nascera morta. Na audiência de instrução, realizada no dia 12 de agosto de 2020, ALERQUINA é novamente inquirida, ocasião em que confirmou ter a denunciada, em conversa telefônica, admitido ter jogado o corpo da criança no córrego. A mesma testemunha, no entanto, trouxe nova informação, que não mencionara quando ouvida na fase inquisitorial. Disse que, em outras conversas que tivera com a mãe da criança, JOAQUINA contara que tomara substância abortiva, pois não poderia, de jeito nenhum, criar o filho. Interrogada, a denunciada negou todos os fatos. Finda a instrução, o Ministério Público manifestou-se pela pronúncia, nos termos da denúncia, e a defesa, pela impronúncia, com base no interrogatório da acusada, que negara todos os fatos. O magistrado, na mesma audiência, prolatou sentença de pronúncia, não nos termos da denúncia, e sim pela prática do crime descrito no art. 124 do Código Penal, punido menos severamente do que aquele previsto no art. 123 do mesmo código, intimando as partes no referido ato. CURSO: DIREITO PROFESSOR (A): YURI SERRA TEIXEIRA DISCIPLINA: PRÁTICA SIMULADA PENAL ALUNO(A): NORMA COELI M. DE A. MOURA, MAYRA TIFFANY LIMA DA SILVA, PATRICIA SKARLET SILVA DOS REIS, LEONARDO GASPERIM, MARCIO VALÉRIO DE ALENCAR FURTADO, GLEISE YASMIM BRITO SILVA, GERSON LUIZ DE ANDRADE SIQUEIRA. TURMA: 9º SEMESTRE /DIRN-B2017 Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na condição de advogado(a) de JOAQUINA, redija a peça cabível à impugnação da mencionada decisão, acompanhada das razões pertinentes, as quais devem apontar os argumentos para o provimento do recurso, mesmo que em caráter sucessivo. 2º Caso Pedro foi condenado definitivamente pela prática do crime de lesão corporal seguida de morte, sendo-lhe aplicada a pena de 06 anos de reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado, em razão das circunstâncias do fato. Após cumprir 01 ano da pena aplicada, Pedro foi beneficiado com progressão para o regime semiaberto. Na unidade penitenciária, o apenado trabalhava internamente em busca da remição. Durante o cumprimento da pena nesse regime, veio a ser encontrado escondido em seu colchão um aparelho de telefonia celular. O diretor do estabelecimento penitenciário, ao tomar conhecimento do fato por meio dos agentes penitenciários, de imediato reconheceu na ficha do preso a prática de falta grave, apenas afirmando que a conduta narrada pelos agentes, e que teria sido praticada por Pedro, se adequava ao Art. 50, inciso VII, da Lei nº 7.210/84. O reconhecimento da falta pelo diretor foi comunicado ao Ministério Público, que apresentou promoção ao juízo da Vara de Execuções Penais de São Paulo, juízo este competente, requerendo a perda de benefícios da execução por parte do apenado. O juiz competente, analisando o requerimento do Ministério Público, decidiu que, “considerando a falta grave reconhecida pelo diretor da unidade, impõe- se: a) a regressão do regime de cumprimento de pena para o fechado; b) perda da totalidade dos dias remidos; c) reinício da contagem do prazo de livramento condicional; d) reinício da contagem do prazo do indulto.” Ao ser intimado do teor da decisão, em 09 de julho de 2019, terça-feira, Pedro entra em contato, de imediato, com você, na condição de advogado(a), esclarecendo que nunca fora ouvido sobre a aplicação da falta grave, apenas tendo conhecimento de que a Defensoria se manifestou no processo de execução após o requerimento do Ministério Público. Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Pedro, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e embargos de declaração, apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição, considerando que, em todos os locais do país, de segunda a sexta-feira são dias úteis. 3º Caso Odilon Coutinho, brasileiro, com 71 anos de idade, residente e domiciliado em Goiânia –GO, foi denunciado pelo Ministério Público, nos seguintes termos: “No dia 17 de setembro de 2016, por volta das 19 h 30 min, na cidade de Goiânia-GO, o denunciado, Odilon Coutinho, juntamente com outro não identificado, imbuídos do propósito de assenhoreamento definitivo, quebraram a janela do prédio onde funciona agência não franqueada dos Correios e de lá subtraíram quatro computadores da marca Lunation, no valor de R$ 5.980,00; 120 caixas de encomenda do tipo 3, no valor de R$ 540,00; e 200 caixas de encomenda do tipo 4, no valor de R$ 1.240,00 (cf. auto de avaliação indireta às fls.). Assim agindo, incorreu o denunciado na prática do art. 155, §§ 1.º e 4.º, incs. I e IV, do Código Penal (CP), combinado com os arts. 29 e 69, todos do CP, motivo pelo qual é oferecida a presente denúncia, requerendo-se o processamento até final julgamento.” O magistrado recebeu a exordial em 1.º de outubro de 2016, acolhendo a imputação em seus termos. Após o interrogatório e a confissão de Odilon Coutinho, ocorridos em 7 de dezembro de 2016, na presença de advogado ad hoc, embora já houvesse advogado constituído não intimado para o ato, a instrução seguiu, fase em que o magistrado, alegando que o fato já estava suficientemente esclarecido, não permitiu a oitiva de uma testemunha arrolada, tempestivamente, pela defesa. O policial Jediel Soares, responsável pelo monitoramento das conversas telefônicas de Odilon, foi inquirido em juízo, tendo esclarecido que, inicialmente, a escuta telefônica fora realizada “por conta”, segundo ele, porque havia diversas denúncias anônimas, na região de Goiás, acerca de um sujeito conhecido como Vovô, que invadia agências dos Correios com o propósito de subtrair caixas e embalagens para usá-las no tráfico de animais silvestres. Jediel e seu colega Nestor, nas diligências por eles efetuadas, suspeitaram da pessoa de Odilon, senhor de “longa barba branca”, e decidiram realizar a escuta telefônica. Superada a fase de alegações finais, apresentadas pelas partes em Janeiro de 2017, os autos foram conclusos para sentença, em Fevereiro de 2020, tendo o magistrado, com base em toda a prova colhida, condenado o réu, de acordo com o art. 155, §§ 1.º e 4.º, incs. I e IV, do CP, à pena privativade liberdade de 8 anos de reclusão (a pena-base foi fixada em 5 anos de reclusão), cumulada com 30 dias-multa, no valor de 1/30 do salário mínimo, cada dia. Fixou, ainda, para Odilon Coutinho, réu primário, o regime fechado de cumprimento de pena. O Ministério Público não interpôs recurso. Em face da situação hipotética acima apresentada, na qualidade de advogado(a) constituído(a) de Odilon Coutinho, e supondo que, intimado(a) da sentença condenatória, você tenha manifestado seu desacordo em relação aos termos da referida decisão e que, em 10 de Março de 2020, tenha sido intimado(a) a apresentar as razões de seu inconformismo, elabore a peça processual cabível, endereçando-a ao juízo competente, enfrentando todas as matérias pertinentes e datando o documento no último dia do prazo para apresentação. 4º Caso Tony Stark, apesar de todo seu brilhantismo intelectual, acaba por falir as indústrias Stark, sem nenhum recurso, tampouco da S.H.I.E.L.D e dos Avengers, ele decidiu vir ao Brasil, de onde possui nacionalidade, para praticar o crime descrito no Art. 33 da Lei 11.343/06, ele achou que seria um bom momento. Sabendo que o mesmo é primário, de bons antecedentes (até lutou com o Thanos), não integra organização criminosa, tampouco se dedica para atividades criminosas, Stark lamentavelmente acaba preso pelo Capitão Nascimento no supracitado ilícito. Na qualidade de advogado de Tony Stark, elabore minuta de Acordo de Não Persecução Penal para ser proposto ao Ministério Público Estadual, apresentando que Tony Stark praticou o crime de tráfico privilegiado, sendo, portanto, cabível a justiça negocial. RESPOSTA DO 1º CASO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DO JURI DA COMARCA DE ____ Na qualidade de ré, JOAQUINA, já qualificada nas fls. __ dos autos do processo- crime, venho respeitosamente diante deste digno e justo juízo criminal, através de meu defensor constituído, que baixo assina, conforme procuração em anexo com amplos, gerais, totais e irrestritos poderes de fórum, inconformado com a respeitável decisão que pronunciou a ré a este tribunal, interpor recursos em sentido restrito, na forma do art. 581, IV do CPP. Outrossim, venho requerer que os autos sejam devidamente numerados, conferidos, processados e transladados aos juízo de teto para que a respeitável decisão seja modificada em favor da ré, na forma do 587 e & único do CPP, caso o digno Magistrado pronunciante não venha reconsiderar, em favor ré, a prestigiosa decisão, exarando decisão absolutória ou decisão de impronúncia, conforme art. 589 caput e & único do CPP , pelas razões de fato e de direito que segue. Nestes termos peço respeitosamente o regular deferimento, (Local) 17 de JUNHO de 2020 NOME – OAB N. Egrégio Tribunal de Justiça Ínclitos Desembargadores Colenda Câmera Recursal Douta Procuradoria Geral de Justiça Venho muito respeitosamente diante deste Magistral Juízo, na qualidade de ré, devidamente qualificada nas fls. do processo-crime ____, através de meu defensor constituído, que abaixo assina, em face da injusta manutenção da decisão de pronunciamento da ré, pelo digno juízo de piso, oferecer as razões de fato e de direito abaixo, em sede de Recurso em Sentido Restrito, para ensejar a reforma em favor da ré da ilustre decisão. Dos fatos – Enunciado II – DO DIREITO A ré não deve ser pronunciada por crime algum por falta de provas no processo crime em curso. A ré foi condenada pelo crime do artigo 124 do CP, aborto provocado em si mesma, através de substância abortiva, que não restou cabalmente provada, haja vista não constar nos autoexame cadavérico que comprove o uso da substância, uma vez que é crime que deixa vestígios, e deve se proceder de imediato o exame de corpo de delito direto, na forma do art. 158 do CPP, gerando a nulidade prevista no art. 564, III, b. A ré nega o uso da substância, e subsiste contra a ré tão somente frágil testemunho de pessoa não técnica no processo, insuficiente para promover qualquer interpretação em desfavor a ré. Sendo assim, a mesma deve ser absolvida da acusação imputada no crime do artigo 124 do CP, por falta de provas da materialidade do delito, conforme artigo 415, Ido CPP. Não sobrevive também eventual imputação a ré sobre o crime do artigo 123 do CP de infanticídio, por força da definição jurídica diversa da denúncia, prevista no art. 383 do CPP, haja vista, como se observa no laudo cadavérico da criança, o neonato nasceu morto, sendo assim não havia bem jurídico a ser tutelado pela norma penal, a vida do neonato. Incide, portanto a hipótese de crime impossível do artigo 17 do CP, por absoluta impropriedade do objeto, retirando a tipicidade da conduta imputada. Sendo assim, faz-se incidir a absolvição sumária da ré em face do mandamento legal do artigo 415, III do CPP. O procedimento de interceptação deve ser tomado como inexistente e desentranhado do processo acusatório. A atuação policial no procedimento de interceptação telefônica é formal. Faltando quaisquer de seu ritos deve ser tomada de nulidade absoluta, conforme art. 564, IV do CPP e tida como não realizada, ocasionada pela ofensa do caput artigo 6 da lei 9296/96 na medida que não houve a comunicação ao Ministério Público da especial diligência. Por outro lado, na leitura do mesmo art. 2º, III da 9296/96 não cabe tão procedimento em crimes com penas cominadas em abstrato de detenção. Finalmente, a quebra do sigilo é medida excepcional que se impõe após a falências dos meios e métodos de apuração probatória. Todas as demais provas no processo, decorrentes da interceptação, não podem prosperar em desfavor a ré no crime imputado do art. 124 do CP, pois são provas derivadas ilícitas, ofensiva ao Art. 157,caput e & único, uma vez que as razões de acusação se formaram única e exclusivamente sobre III – DOS PEDIDOS Na qualidade de ré, em face de sentença de pronúncia em meu desfavor, venho diante deste elevado e justo tribunal recursal, pedir a retificação respeitável sentença 1. que seja desentranhada a interceptação telefônica, e tomada como inexistente as provas derivadas desta interceptação, pois são tomadas de nulidade absoluta, conforme art. 564, IV do CPP; 2. absolvida sumariamente, na forma do art. 415 I do CPP, a ré das acusações de autoaborto provocado do artigo 124, em face da inexistência de prova suficiente para sustentar a acusação, em face da nulidade prevista no art. 564, III, b; 3. absolvida sumariamente, na forma do art. 415 III do CPP, a ré das acusações de infanticídio do artigo 124, incorrendo inexistência de crime por absoluta impropriedade do objeto tutelado pela norma penal, neonato sem vida, fazendo incidir a nulidade prevista no art. 564, III, b; 4. Caso sobreviva alguma condenação, em face do princípio da ….., sejam reconhecidos o estado puerperal, na dosimetria da pena, bem como o estado anímico da gravidez e das interações sociais da miséria e da pobreza incidentes sobre a ré, e outras circunstâncias pessoais do crime, na dosimetria da pena, em conformidade com o art. 59 do CP, estabelecendo a pena base no mínimo legal. Nestes termos, em favor da ré, peço o deferimento (Local) 13 de JUNHO de 2020 ADV OAB n.... RESPOSTA DO 2º CASO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÕES PENAIS DE SÃO PAULO Execução nº XXX PEDRO, já qualificado nos autos supra indicados, vem, por meio de seu advogado, interpor o presente AGRAVO EM EXECUÇÃO, com fundamento no art. 197 da Lei de Execuções Penais. Requer seja RECEBIDO e PROCESSADO o presente RECURSO, E QUE SEJA REALIZADO O JUÍZO DE RETRATAÇÃO REFORMANDO-SE A RESPEITÁVEL DECISÃO, nos termos do ART. 589 do Código de Processo Penal (CPP), ou, caso Vossa Excelênciaentenda que deva mantê-la, QUE SEJA ENCAMINHADO, com as INCLUSAS RAZÕES, ao Egrégio Tribunal de Justiça. Nestes termos, Pede deferimento. São Paulo, 15 de julho de 2019. (Advogado) (OAB/SECCIONAL) https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11682587/artigo-197-da-lei-n-7210-de-11-de-julho-de-1984 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109222/lei-de-execução-penal-lei-7210-84 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10616900/artigo-589-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÕES PENAIS DE SÃO PAULO RAZÕES DO AGRAVO EM EXECUÇÃO AGRAVANTE: PEDRO AGRAVADA: JUSTIÇA PÚBLICA EXECUÇÃO Nº: XXX EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Em que pese o costumeiro acerto do Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara de Execuções Penais de São Paulo, a decisão recorrida merece reforma pelos motivos fáticos e jurídicos a seguir apresentados: I – DOS FATOS O agravante foi condenado pela prática do crime de lesão corporal seguida de morte, sendo, em razão das circunstâncias do crime, aplicada a pena definitiva de 6 (seis) anos de reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado. Cumprido 1 (um) ano da pena aplicada, o agravante foi beneficiado com progressão para o regime semiaberto. Na unidade penitenciária, trabalhava em busca da remição. Contudo, durante o cumprimento da pena nesse regime, foi encontrado escondido em seu colchão um aparelho celular. O diretor do estabelecimento penitenciário, ao tomar conhecimento do fato por meio dos agentes penitenciários, de imediato reconheceu na ficha do preso a prática de falta grave, apenas afirmando que a conduta narrada pelos agentes, e que teria sido praticada pelo agravante, se adequava ao art. 50, inciso VII, da Lei nº 7.210/84. O reconhecimento da falta pelo diretor foi comunicado ao Ministério Público, que apresentou promoção ao juízo da Vara de Execuções Penais de São Paulo, juízo este competente, requerendo a perda de benefícios da execução por parte do apenado. O juiz competente, analisando o requerimento do Ministério Público, considerando a falta grave reconhecida pelo diretor da unidade, decidiu impor regressão do regime de cumprimento de pena para o fechado; perda da totalidade dos dias remidos; reinício da contagem do prazo de livramento condicional e reinício da contagem do prazo do indulto. II – DO DIREITO Inicialmente, cumpre destacar que o reconhecimento da falta grave não observou as formalidades legais. Nos termos do art. 50 da Lei 7.210/84, realmente https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11698475/artigo-50-da-lei-n-7210-de-11-de-julho-de-1984 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11698176/inciso-vii-do-artigo-50-da-lei-n-7210-de-11-de-julho-de-1984 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109222/lei-de-execução-penal-lei-7210-84 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95100/lei-do-indulto-decreto-5993-06 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11698475/artigo-50-da-lei-n-7210-de-11-de-julho-de-1984 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109222/lei-de-execução-penal-lei-7210-84 como mencionado pelo diretor do estabelecimento penitenciário, a conduta de esconder o celular configura prática de falta grave. Todavia, para assegurar o direito ao exercício do princípio da ampla defesa e do princípio do contraditório, pacificou a jurisprudência o entendimento de que o reconhecimento de falta grave depende de regular procedimento administrativo disciplinar, devidamente assegurado o acompanhamento de defesa técnica. Nesse sentido é o teor da Súmula 533 do Superior Tribunal de Justiça. Evidente que o diretor do estabelecimento reconheceu a prática de falta grave sem observar as exigências antes mencionadas, ou seja, sem instaurar procedimento administrativo e sem garantir o direito de defesa. Dessa forma, não pode aquele reconhecimento ser considerado pelo juízo da execução. Não sendo válido o reconhecimento da prática de falta grave, sequer seria possível a regressão do cumprimento da pena para o regime fechado, apesar de, abstratamente, essa ser uma sanção possível na hipótese de reconhecimento válido de falta grave, nos termos do Art. 118, inciso I, da LEP e Súmula 534 do STJ. Superada a invalidade no reconhecimento da falta grave salienta-se que ainda que o reconhecimento da falta grave fosse considerado válido, impossível seria a sanção de perda da integralidade dos dias remidos. O art. 127 da LEP admite que a punição por falta grave gere perda dos dias remidos. Entretanto, o mesmo dispositivo assegura um limite de perda de até 1/3 (um terço), sendo incorreta a decisão do magistrado que determina a perda de TODOS os dias remidos. Da mesma forma, incorreta a decisão que determinou o reinício da contagem do prazo para fins de obtenção de livramento condicional e indulto. A explicação é simples: em que pese muitos defendam que o ideal seria o reinício da contagem desses prazos, fato é que a execução penal está sujeita ao princípio da legalidade, sendo certo que tais sanções não estão previstas na lei. Diante da ausência de previsão legal, não pode o magistrado impor o reinício da contagem do prazo do livramento condicional, nos termos da Súmula 441 do STJ. Pelas mesmas razões, foi editada a Súmula 535 do STJ, prevendo que a prática de falta grave não interrompe o prazo para fins de computação de pena ou indulto, sem prejuízo de esta ser considerada no momento de analisar o preenchimento dos requisitos subjetivos deste benefício. III – DOS PEDIDOS Face ao exposto requer que seja CONHECIDO e PROVIDO o presente recurso, e seja feita a reforma da decisão agravada para que seja anulada a regressão de regime, por violação do contraditório e da ampla defesa; que sejam devolvidos os dias remidos do apenado limitando-se eventual perda ao limite legal; https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11689926/artigo-118-da-lei-n-7210-de-11-de-julho-de-1984 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11689891/inciso-i-do-artigo-118-da-lei-n-7210-de-11-de-julho-de-1984 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109222/lei-de-execução-penal-lei-7210-84 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11688591/artigo-127-da-lei-n-7210-de-11-de-julho-de-1984 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109222/lei-de-execução-penal-lei-7210-84 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95100/lei-do-indulto-decreto-5993-06 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95100/lei-do-indulto-decreto-5993-06 sejam afastadas as consequências de eventual falta grave da contagem dos prazos para livramento condicional e indulto. Termos em que Pede deferimento. São Paulo, 15 de julho de 2019. (Advogado) (OAB/SECCIONAL) https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95100/lei-do-indulto-decreto-5993-06 RESPOSTA DO 3º CASO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE GOIANIA – GO Proc. Nº... Odilon Coutinho, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, dentro do prazo legal, requerer a juntada das inclusas contrarrazões, com fulcro no artigo 600 do Código de Processo Penal. Termos em que Pede deferimento. Local, data Advogado...OAB... CONTRA RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO Proc. Nº... Apelante: Odilon Coutinho Apelada: Justiça Pública Egrégio Tribunal de Justiça Colenda Câmara Doutor Procurador de Justiça Em que pese o indiscutível saber jurídico do Meritíssimo Juiz a quo, impõe-se a reforma da respeitável sentença proferida contra o apelante, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.I – DOS FATOS O apelante foi denunciado pela prática do art. 155, §§ 1.º e 4.º, incs. I e IV, do Código Penal (CP), combinado com os artigos 29 e 69, todos do Código Penal. O magistrado recebeu a exordial em 1.º de outubro de 2016, acolhendo a imputação em seus termos. Após o interrogatório e a confissão de Odilon Coutinho, ocorridos em 7 de dezembro de 2016, na presença de advogado ad hoc, embora já houvesse advogado constituído não foi intimado para o ato, a instrução seguiu, fase em que o magistrado, alegando que o fato já estava suficientemente esclarecido, não permitiu a oitiva de uma testemunha arrolada, tempestivamente, pela defesa. O policial Jediel Soares, responsável pelo monitoramento das conversas telefônicas de Odilon, foi inquirido em juízo, tendo esclarecido que, inicialmente, a escuta telefônica fora realizada “por conta”, segundo ele, porque havia diversas denúncias anônimas, na região de Goiás, acerca de um sujeito conhecido como Vovô, que invadia agências dos Correios com o propósito de subtrair caixas e embalagens para usá-las no tráfico de animais silvestres. Jediel e seu colega Nestor, nas diligências por eles efetuadas, suspeitaram da pessoa de Odilon, senhor de “longa barba branca”, e decidiram realizar a escuta telefônica. Superada a fase de alegações finais, apresentadas pelas partes em janeiro de 2017, os autos foram conclusos para sentença, em fevereiro de 2020, tendo o magistrado, com base em toda a prova colhida, condenado o réu, de acordo com o art. 155, §§ 1.º e 4.º, incs. I e IV, do CP, à pena privativa de liberdade de 8 anos de reclusão (a pena-base foi fixada em 5 anos de reclusão), cumulada com 30 dias-multa, no valor de 1/30 do salário-mínimo, cada dia. Fixou, ainda, para o apelante, réu primário, o regime fechado de cumprimento de pena. O Ministério Público não interpôs recurso. II – DO DIREITO Com a devida vênia, a respeitável sentença foi proferida em processo manifestamente nulo, não podendo subsistir. Com efeito, há nulidade absoluta nos autos, pela incompetência do Juiz. Ora, os Correios, é federal e o Juiz que julgou o apelante é estadual, uma vez que o artigo 109, IV, da Constituição Federal diz que os crimes praticados em detrimento da União são de competência dos Juízes Federais, gerando assim nulidade absoluta nos termos do artigo 564, I, do Código de Processo Penal. Há nulidade por ausência de instrução, pela inversão na ordem na ordem dos atos, onde o interrogatório foi realizado antes da instrução. Ausência do defensor constituído. Dispensa da testemunha da defesa. Com fundamento nos artigos 400 e 564, IV do Código de Processo Penal e artigo 5º, LV da Constituição Federal. É ilícita a prova colhida na interceptação telefônica, razão pela qual deve ser desentranhada e consequentemente a falta de prova lícita para condenação, nos termos dos artigos 157 do Código de Processo Penal, artigo 5º, inciso LVI, da Constituição Federal e artigo 3º da Lei 9.296/96. Subsidiariamente, requer a fixação da pena no patamar mínimo para furto qualificado, reconhecimento da atenuante relativa à idade e afastamento da causa de aumento de pela relativa ao repouso noturno. Regime inicial semiaberto ou, sendo fixado a pena abaixo de 4 anos, regime inicial aberto. Substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos ou concessão de sursis. III – DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer que seja conhecido e provido o presente recurso, anulando o processo “ab initio” nos termos do artigo 564, I, do Código de Processo Penal. Caso não entenda assim Vossa Excelência, requer a nulidade, nos termos do artigo 564, IV, CPP, a partir da audiência de instrução e que seja o seu Advogado intimado para comparecer ao ato. Requer o desentranhamento ou nulidade da prova ilícita e a consequente absolvição, com fundamento no artigo 386, V, do Código de Processo Penal. Subsidiariamente, em caso de condenação, requer a fixação da pena no patamar mínimo, reconhecimento da atenuante e afastamento da causa de aumento de pena; Regime inicial semiaberto ou, sendo fixada a pena abaixo de 4 ano, regime inicial aberto; Substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ou, caso assim não se entenda, concessão do sursis, que seja garantido o direito do réu de recorrer em liberdade, como medida de inteira justiça. Termos em que Pede deferimento. Local, data. Advogado... OAB... RESPOSTA DO 4º CASO EXELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE XXXXX PROCESSO Nº: XXXXXXX.XX MARIA JOSEFINA, advogada, inscrita na OAB/PA XXXXX.XX, com endereço profissional na Rua Vila Nova, Bairro Estrela, Belém/PA, nº 28, vem respeitosamente por vossa excelência, requerer seja viabilizado; ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL Em favor de TONY STARK, brasileiro, solteiro, residente e domiciliado na Rua Guamá, nº 222, Belém/PA, pelas razões de fato e fundamentos que passa a expor. I – DO CABIMENTO Por se tratar de alteração recente descrita pelo Pacote Anticrime (Lei 13.964/2019), o ANPP previsto no Art.28-A do CPP deve ser oferecido a todos os acusados que atendam os requisitos legais. Se tratando de direito subjetivo do réu, uma vez que a lei trouxe benefício não do no âmbito processual penal, mas também no direito material penal, tais como não responder ação penal, não ser condenado, manter a folha penal sem incidências, viabilizado com a tipificação do acordo de não-persecução penal pelo pacote anticrime, que usualmente já era adotado. Com isto, considerando o pleno atendimento aos requisitos legais, requer que seja intimado promovido o acordo de não persecução penal. II– DOS FATOS Trata-se no processo visando apurar o delito de Trafico Privilegiado de drogas que teria ocorrido nesta cidade e comarca pratico pelo réu Tony Stark Cabível assim, sejam considerados os requisitos atendidos visando o benefício da normal mais vantajosa ao acusado. III– DOS PEDIDOS Isso posto, presentes todos os requisitos permissivos, requer: V. O recebimento do presente pedido, com imediato encaminhamento ao Ministério Público para que proponha o acordo de não persecução nos termos do Art. 28-A, 3 do CPP, ou a devida motivação para não fazê-lo; No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor acordo de não persecução penal, sejam os autos remetidos a órgão superior, na forma do 14 do art. 28-A do CPP; VI. Com o recebimento do acordo, seja designada audiência, com a oitiva do investigado na presença do seu defensor, na forma da lei; VII. Ao final, seja homologado o acordo, sobrestamento do presente feito até o completo cumprimento do mesmo. Nestes termos, pede e aguarda o deferimento. Belém/PA, 01/06/2021
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