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Jales - SP, 06 a 08 de outubro de 2016 VIII Sintagro – Simpósio Nacional de Tecnologia em Agronegócio IMPORTÂNCIA DO BEM ESTAR ANIMAL NA SUINOCULTURA Maria Gabriela de Souza Trevisan, Faculdade de Tecnologia de Mococa, mgstrevisan@gmail.com. Yamilia Barrios Tolon, Faculdade de Tecnologia de Mococa, yamilia@gmail.com. Marta dos Santos Baracho, Faculdade de Engenharia Agrícola/UNICAMP. Irenilza de Alencar Nääs, Faculdade de Engenharia Agrícola/UNICAMP. Área Temática: Agropecuária, Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. RESUMO A implementação dos conceitos de bem estar animal vem contribuindo para o aumento do valor agregado da carne suína. Objetivo desde trabalho foi demonstrar a importância do bem estar animal na criação de suínos e sua influencia na lucratividade do produtor. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, visando descrever conceitos e características sobre os temas abordados. Por meio desta revisão pode ser observado como a aplicação de praticas para a melhoria dos procedimentos na criação de suínos em termos de bem estar animal dentro das propriedades podem trazer benefícios ao produtor podendo obter um maior lucro e um rebanho saudável. Palavras-Chave: Suínos. Bem estar animal. Qualidade do ambiente. ABSTRACT The implementation of the concepts on animal welfare has been contributing to an increase of the aggregate value of the pork. The aim of this paper was to demonstrate the importance of the animal well being on the breeding of pigs and its influence on the producer profit. A bibliographic research was done, aiming to describe concepts and characteristics about the approached subjects. Through this review, it can be observed how the application of practices to improve the procedures on the pig breeding in terms of animal well being inside the properties may bring benefits to the producer, making it possible to obtain a bigger profitability and a healthy herd. Key Words: Pigs. Animal welfare. Environment quality. 1. INTRODUÇÃO A preocupação com o Bem-estar animal teve seu início no ano de 1964, quando na Grã- Bretanha, foi publicado o livro “Animal Machines” da autora Ruth Harrison, no qual ela denunciava os maus tratos a que os animais são submetidos na criação intensiva. A publicação deste livro resultou num grande choque para a sociedade, o que motivou ao Parlamento destes pais à criação do Comitê Brambell, em 1964. No asno seguinte este comitê apresentou um relatório, no qual eram apresentadas as cinco liberdades mínimas que um animal deve ter: virar-se; cuidar-se corporalmente; levantar-se; deitar-se e estirar seus membros (HÖTZEL; MACHADO FILHO, 2004). É difícil saber o grau de satisfação do animal (contentamento) com seu ambiente. Entretanto, a manifestação de certos comportamentos se constitui em evidência do Jales - SP, 06 a 08 de outubro de 2016 VIII Sintagro – Simpósio Nacional de Tecnologia em Agronegócio desconforto, inclusive mental. A Privação de estímulos ambientais, ou seja, o oferecimento de um ambiente monótono, com falta de substratos como palha, ramos e terra leva à frustração que pode-se refletir em comportamentos anômalos. Conforto físico implica o animal saudável e bom estado corporal. Entretanto, os animais são "entidades" psicológicas. (HURNIK, 1992) De acordo com (WYSS et. al., 2004) o bem-estar animal se tornou uma questão de interesse público em varias sociedades. Começou a perceber que a falta de bem-estar repercute na sanidade dos alimentos, o que se traduz em uma necessidade de informação sobre o alimento que se consome o que provocou uma transformação das normas de comunicação, qualidade e segurança sanitária dos alimentos de origem animal. A partir deste momento o bem-estar animal começou a ser considerado um fator de rastreabilidade dentro do aspecto de segurança alimentar e ao mesmo tempo ter uma grande influencia na qualidade sanitária e qualidade ética, ou seja, na qualidade total dos alimentos. (LUNA, 2016) O bem-estar animal assim pode ser considerado uma demanda para que um sistema seja defensável eticamente e aceitável socialmente e, segundo (WARRISS, 2000) as pessoas desejam comer carne com “qualidade ética”, isto é, carne oriunda de animais que foram criados, tratados e abatidos em sistemas que promovam o seu bem-estar, e que sejam sustentáveis e ambientalmente corretos. Objetivo desde trabalho foi demonstrar a importância do bem estar animal na criação de suínos e sua influencia na lucratividade do produtor. 2. METODOLOGIA Para a realização deste trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica, visando descrever conceitos e características sobre os temas abordados. Para o desenvolvimento da mesma, foram utilizados livros, artigos publicados em mídia e web sites especializados. 3. REVISÃO DE LITERATURA Nos dias de hoje a definição de bem-estar mais utilizada é a estabelecida pela FAWC (Farm Animal Welfare Council) na Inglaterra citada por (CHEVILLON, 2000) a qual se baseia no reconhecimento das cinco liberdades inerentes aos animais: 1. A liberdade fisiológica (ausência de fome e de sede), 2. A liberdade ambiental (edificações adaptadas), 3. A liberdade sanitária (ausência de doenças e de fraturas), 4. A liberdade comportamental (possibilidade de exprimir comportamentos normais), 5. A liberdade psicológica (ausência de medo e de ansiedade). O Bem-estar é a avaliado através de dois indicadores fundamentais: fisiológicos e comportamentais. Para entendermos os indicadores fisiológicos, devemos conhecer os mecanismos fisiológicos do estresse. Para definir o que é o estresse primeiramente devemos definir o que é homeostase. Para Bernad citado por SABATTINI (2016) o conceito de homeostase não é mais que a estabilidade controlada do ambiente interno, composto pelas células e tecidos. Para (MOBERG; MENCH, 2000) estresse pode ser definido como a resposta biológica ou conjunto de reações obtidas quando um indivíduo percebe uma ameaça a sua homeostase. Esta ameaça é chamada de agente ou estimulo estressante. Jales - SP, 06 a 08 de outubro de 2016 VIII Sintagro – Simpósio Nacional de Tecnologia em Agronegócio 3.1. CONSEQUÊNCIAS DO ESTRESSE - Estresse a curto prazo: Produção de carne com DFD (escura, dura e seca): este é consequência das brigas entre animais que não se conhecem e que foram misturados momentos antes do abate suínos que produziram carcaças com mais danos na pele (arranhões e marcas de mordidas) tiveram níveis progressivamente mais altos do hormônio cortisol e da enzima creatinina fosfoquinase (CPK) em seu sangue, indicativos de maior estresse psicológico e físico, produzindo desta forma carne com DFD. Um dos exemplos mais evidentes da resposta a curto prazo é o manejo pré-abate de suínos. Segundo CHEVILLON, (2000) verificou aumento da frequência cardíaca de suínos na saída da baia de terminação, no momento do embarque e do desembarque no abatedouro, e que esta alteração foi acompanhada de indicadores comportamentais de agitação (orelhas em pé, gritos, ajuntamento). - Estresse a longo prazo: provoca o aparecimento de carne com PSE (pálida, mole e exsudativa) devido a que na atualidade a indústria de produção de carne tem como característica principal, o uso de uma alta velocidade de operação que junto da necessidade de coerção, aspectos que resultam no aparecimento de estresse nos animais ecarne com PSE. - Ulceras gástrica: O sistema gastrointestinal é especialmente sensível ao estresse geral um dos primeiros sintomas é a perda de apetite, devido à paralisação do trato gastrointestinal sob ação simpática, o que pode ser acompanhado de vômitos, constipação e diarreias em caso de bloqueios emocionais (SOUZA et. al., 1997). 3.2. TECNOLOGIAS USADAS PARA A AVALIAÇÃO DO BEM-ESTAR ANIMAL Segundo os autores NÄÄS; TOLON; BARACHO (2014) existem diversas tecnologias que permitem a avaliação do bem estar animal as mesmas são descritas a seguir: - Produtividade: alta produtividade não necessariamente implica bem-estar, pelo contrário, animais selecionados geneticamente para alta especialização e colocados em ambientes pressionados para alta produtividade podem experimentar grande sofrimento. Porcas selecionadas para alta reprodução, parindo em jaulas parideiras, podem produzir facilmente 25 leitões desmamados por ano e ainda apresentar comportamentos estereotipados e anômalos, o que é evidência de sofrimento psicológico. - Análise de imagens: avaliação de comportamento – comportamentos estereotipados (morder barras, sentar, balançar a cabeça, praticar canibalismo, fuçar piso sólido, fazer ninho sem palha); identificação de problemas nas articulações, lesões nas juntas e problemas respiratórios. - Telemetria: monitoramento a distância das variáveis fisiológicas: temperatura corporal, batimentos cardíacos, pH do sangue, atividade animal. - Detectores infravermelhos passivos (PID’s): servem para medir a atividade de suínos. - Vocalização: é a geração ativa de sons com o uso de órgãos específicos, constitui uma expressão do estado específico de um animal que possa ocorrer espontaneamente ou ser o resultado de um evento externo, por este motivo ele se transformou numa ferramenta de avaliação do bem estar animal. 3.3. MEDIDAS DE QUALIDADE DE AMBIENTE Jales - SP, 06 a 08 de outubro de 2016 VIII Sintagro – Simpósio Nacional de Tecnologia em Agronegócio - Amônia: é o poluente tóxico mais frequentemente encontrado no ar, especialmente quando os excrementos são decompostos no solo. A amônia atua como irritante nas membranas dos olhos e da mucosa do trato respiratório, podendo causar corrimento nasais, apatia e outros sintomas. O gás carbônico é um gás presente na atmosfera, sem cheiro, e quando a concentração é de 50.000 ppm causa nos animais um aumento no ritmo respiratório e respirações mais profundas. Segundo OLIVEIRA et. al., (1993), embora os odores por si só não possam provocar doenças, podem gerar desconfortos em pessoas e animais. - Ácido sulfídrico (H2S): pode provocar perda de apetite, fotofobia, vômitos e diarreias nos animais. (NADER et. al., 2002), realizando coletas de gases em creches de suínos não encontraram valores significativos para os gases (metano, sulfídrico, oxigênio, monóxido de carbono). 3.4. CONFORTO TÉRMICO E QUALIDADE DO AR Segundo HANNAS (1999) fatores ambientais externos e o microclima dentro das instalações exercem efeitos diretos e indiretos sobre os suínos em todas as fases de produção e provoca redução na produtividade, com consequentes prejuízos econômicos a exploração suinícola. Segundo os autores PIFFER; PERDOMO; SOBESTIANSSKY (1998) a poeira é originária, basicamente, do uso de camas e alimentos, e a mesma constitui um problema comum a unidades com deficiência de ventilação. Fungos produzem micotoxinas que são venenosas para os animais e podem ter efeitos graves, como por exemplo, as produzidas pelos gêneros Aspergillus, Penicillium ou Fusarium, que podem ser detectados em criações. Nas condições tropicais, normalmente o desconforto térmico é quase permanente nas construções para suínos, constituindo-se um dos principais problemas que afetam a criação. Esta característica inerente à criação pode estabelecer condições de qualidade do ar prejudiciais aos animais e trabalhadores. O prédio para a creche é ocupado por animais susceptíveis às condições térmicas desfavoráveis, bem como a presença de microrganismos e gases no ar (NADER et. al., 2002). Fungos e bactérias são encontrados em grande quantidade disseminados na natureza, sendo comuns na poeira do ar, no solo, nos vegetais, nos animais, etc. A umidade e a temperatura do ar favorecem o seu desenvolvimento no ambiente, sendo propícios os climas quentes e úmidos. A avaliação do bem estar animal com usos de diversas técnicas se fez necessário já que este se tornou uma questão de interesse público em varias sociedades, pois se começou a perceber que a falta de bem-estar repercute na sanidade dos alimentos, o que se traduz em uma necessidade de informação sobre o alimento que se consome o que provocou uma transformação das normas de comunicação, qualidade e segurança sanitária dos alimentos de origem animal. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que a implementação dos conceitos do bem estar animal contribui para um aumento do valor agregado na produção de carne suína devido à aplicação de procedimentos que contribuem com a melhoria da saúde animal por tanto com a segurança alimentar e atendendo desta forma as exigências dos consumidores na atualidade. Jales - SP, 06 a 08 de outubro de 2016 VIII Sintagro – Simpósio Nacional de Tecnologia em Agronegócio REFERÊNCIAS CHEVILLON, P. O bem-estar dos suínos durante o pré-abate e o atordoamento. 2000. Conferência virtual sobre qualidade de carne suína. [online] Disponível em: <www.embrapa.br>. Acesso em 17 ago. 2016. HANNAS, M. I. Aspectos fisiológicos e a produção de suínos em clima quente. In: DA SILVA, I. J. O. Ambiência e qualidade na produção industrial de suínos. Piracicaba: Fealq, 1999. HÖTZEL, M.J.; Machado Filho, L.C.P. Bem-estar animal na agricultura do século XXI. Artigo. Universidade Federal de Santa Catarina, 2004. HURNIK, J. F. Behaviour (Chapter 13). In: PHILLIPS, C.; PIGGINS, D. (Eds.). Farm animals and the environment. Wallingford: CAB International. 1992. LUNA, M. A. Algunas consideraciones sobre los conceptos de bienestar en la especie porcina julho. 2016. MOBERG, G. P.; MENCH, J. A. (eds). The biology of animal stress: basics principles and implications for animal welfare. CAB. Publishing, 2000. NADER, A.; BARACHO, M. S.; NÄÄS, I. A., SAMPAIO, C. A. P. Avaliação dos níveis de ruídos e da qualidade do ar (com relação a presença de gases e fungos) em creche de suínos. In: Seminário Poluentes Aéreos e Ruídos em Instalações para Produção de Animais, Anais. Campinas, 2002. NÄÄS, I. A.; TOLON, B. Y.; BARACHO, M. S. Conforto ambiental em suínos: conceitos e dado. In: FERREIRA, A. H.; CARRARO, B.; DALLANORA, D.; MACHADO, G.; MACHADO, I. P.; PINHEIRO, R.; ROHR, S. (Org.). Produção de Suínos: teoria e prática. Brasília: ABCS, 2014. p. 872. OLIVEIRA, P. A.; LIMA, G. J. M. M.; FAVERO, J. A.; BRITO, J. R. F. Suinocultura: noções básicas. Concórdia: EMBRAPA – CNPSA. 1993. PIFFER, I. A.; PERDOMO, C. C.; SOBESTIANSSKY, J. Efeitos de fatores ambientais na ocorrência de doenças. In: SOBESTIANSSKY, J., WENTZ, I., SESTI, L.C. Suinocultura Intensiva. Concórdia Embrapa. 1998. SABBATINI, R. M. E. CLAUDE BERNARD: UMA BREVE BIOGRAFIA. Revista cérebro e mente. [Online] disponível em: <http://www.cerebromente.org.br/n06/historia/bernard.htm>. Acesso em: 5 ago. 2016. SOUZA, F. P.; TOLENTINO, C. A. P.; FERNANDES, L. J.; SOUZA, K.N.; MELO, M. L.; MENDES, M.G. A. O estresse e as doenças psicossomáticas. Revista de psicofisiologia, 1(1), 1997. WARRISS, P. D. Meat Science: an introductory text. (Chapters 1 and 10). Wallingford: CABI Publishing, 2000. WYSS, H.; WECHSLER, B.; MERMINOD, J. JEMMI, T.Bienestar Animal: entre ganancia y protección. Global Conference on Animal Welfare: an OIE initiative. [Online]. Disponível em: <www.oie.int /eng /Welfare_2004 /Conference.htm>. Acesso em: 24 fev. 2004.
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