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ARTIGO - A ÉTICA E O BEM-ESTAR ANIMAL NO MANEJO DA BOVINOCULTURA DE LEITE

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A ÉTICA E O BEM-ESTAR ANIMAL NO MANEJO DA BOVINOCULTURA DE LEITE
ETHICS AND ANIMAL WELFARE IN THE MANAGEMENT OF MILK BOVINOCULTURE
Douglas Martins de Santana[footnoteRef:1] [1: Graduando de Engenharia Agronômica do Instituto Federal do Piauí – Campus Uruçuí. e-mail: douglasmsn32@hotmail.com
] 
Diego Borges de Sousa[footnoteRef:2] [2: Graduando de Engenharia Agronômica do Instituto Federal do Piauí – Campus Uruçuí. e-mail: dborgesdesousa@gmail.com
] 
Natielly Nascimento Silva[footnoteRef:3] [3: Graduanda de Engenharia Agronômica do Instituto Federal do Piauí – Campus Uruçuí. e-mail: natiellysilva89@gmail.com] 
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
RESUMO
A preocupação com o bem-estar animal está, cada vez mais, sendo enfoque de estudo no mundo acadêmico, pois há uma pressão crescente por parte da sociedade atual, que busca adquirir produtos que respeitem a produção com base nos pilares éticos de bem-estar animal, distantes de um manejo cruel e arcaico. A mudança de perspectiva quanto aos conceitos de bem-estar para os bovinos de leite, tem designado novas formas de manejo desses animais, de forma humanitária e respeitando as suas necessidades, em sintonia com o ambiente e com as instalações. O manipulador tem papel fundamental na contribuição da qualidade de vida ofertada aos animais, fazendo com que a relação homem-animal goze de atenção e respeito. A pesquisa foi baseada em revisões de literatura, correlacionando os conceitos de ética e bem-estar animal, mostrando que diversos critérios exigidos por lei devem ser cumpridos, como, por exemplo, a execução das cinco liberdades. Este artigo tem como objetivo buscar aproximar a ética do bem-estar animal para melhor avaliação e melhoramento do manejo em bovinos de leite. 
Palavras-chave: ética, bem-estar, manejo. 
ABSTRACT
Concern about animal welfare is increasingly being a focus of study in the academic world, as there is growing pressure from today's society, which seeks to acquire products that respect production based on the ethical pillars of well-being distant from cruel and archaic management. The change in perspective regarding the concepts of wellbeing for dairy cattle has designed new ways of handling these animals, in a humane manner and respecting their needs, in harmony with the environment and with the facilities. The manipulator plays a fundamental role in the contribution of the quality of life offered to animals, making the human-animal relationship enjoy attention and respect. The research was based on literature reviews, correlating the concepts of ethics and animal welfare, showing that several criteria required by law must be fulfilled, such as the execution of the five freedoms. The aim of this article is to try to approach the ethics of animal welfare to better evaluate and improve management in dairy cattle.
Keywords: ethics, well-being, management.
INTRODUÇÃO 
 No percorrer do processo histórico, filósofos como René Descastes (1596-1650) atribuíram a ideia de que os animais eram meras máquinas insensíveis e irracionais. Jeremy Benthan (1748-1832) ressaltou que a questão não é se eles podem pensar ou falar, mas se eles podem sofrer. Nesse âmbito, a visão de produção animal passou por uma grande transformação com o passar dos anos. Vindo de uma visão enfática somente em produzir, não importando os meios, para uma ótica de produção voltada ao bem-estar animal, o interesse por animais de cunho zootécnico foi se alterando na perspectiva da produção (Souza, 2008). 
Conceituar a ciência do bem-estar animal (BEA) é uma tarefa difícil, mas segundo Sousa (2005), pode ser definido como sendo o estado de harmonia entre o animal e seu ambiente, caracterizado por ótimas condições fisiológicas e organizacionais e alta qualidade de vida dos animais. 
Devido à importância dada ao assunto, em escala global, para os animais de interesse econômicos, surgiu a preocupação de se produzir de forma ética e sustentável, a fim de que os animais gozem de conforto em todo a cadeia de produção. Assim, diversos governos mundiais acabaram por criar leis e regulamentos para a produção animal (MARTINS, 2011)
A ideia mais atual de produção animal adequa o interesse do homem às práticas corretas de manejo, respeitando as necessidades animais (Paranhos da Costa, 1987). 
A reflexão ética em relação aos métodos de produção alavancou as preocupações do homem quanto ao manejo, salientando novas maneiras de se conseguir uma produção de qualidade, sem ser necessário submeter os animais a condições que firam o seu o bem-estar. O uso da ética nos auxilia a refletir sobre questões do manejo na produção animal, salientando o bem-estar a fim de que se evitem abusos desnecessários (Souza, 2008). 
O objetivo deste artigo de revisão bibliográficas é mostrar como a ética pode influenciar as questões ligadas ao manejo na bovinocultura de leite. 
A IDEIA DE BEM-ESTAR ANIMAL E AS CINCO LIBERDADES 
A ciência do bem-estar é definida como o estado do animal frente às suas tentativas de se adaptar ao ambiente em que se encontra, sendo a avaliação da senciência (sentimentos) fundamental (BROOM, 1986).
A promoção do bem-estar animal é norteada por métodos de pesquisas científicas, desligada de concepções morais. Segundo Silva et al., (2010), a adoção das cinco liberdades é o meio mais usado e mais eficaz para se avaliar a eficiência do bem-estar animal. Em um panorama geral contribuem positivamente para o conforto animal, dando o direito de se comportarem de acordo com suas características sencientes. 
As cinco liberdades foram criadas pelo professor John Webster e podem ser estruturadas da seguinte forma: I) liberdade fisiológica (ausência de fome e sede); II) liberdade sanitária (ausência de ferimentos, doenças e dor); III) liberdade psicológica (livre de medo e estresse); IV) liberdade ambiental (ausência de desconforto) e V) liberdade comportamental (livre para expressar seu comportamento natural). 
Os indicadores de bem-estar de maior relevância e que designam respostas mais rápidas são os alicerces fisiológicos, comportamentais e sanitários (SOUZA, 2005). Mudanças comportamentais e alimentares com consequente alteração no peso, injúrias físicas, dores, medos e a diminuição das defesas naturais do sistema imunológico do animal são os principais indicadores de efetividade do bem-estar (PANDORF et al., 2006).
Parafraseando Paranhos da Costa & Nascimento Junior (1986), o fim da bovinocultura de leite é, principalmente, a produção de leite de qualidade com menores custos, empregando, para isso, técnicas de manejo adequadas. 
 
CRITÉRIOS PARA A AVALIAÇÃO DO BEM-ESTAR DO GADO LEITEIRO
O bem-estar do gado leiteiro está intimamente ligado às práticas corretas de manejo, uma vez que funcionam como um bom indicador da qualidade do bem-estar. 
A seguir os principais critérios de avaliação apontados pelo Código Sanitário para Animais Terrestres da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE, em inglês
Em conformidade com Fraser (1993), alterações comportamentais e alimentares são os principais indicadores quanto a problemas ocorridos no BEA. Mudanças nos hábitos, postura depressiva, aumento de agitação cardiorrespiratória, tremedeiras, diminuição do consumo médio de ração ou, em casos mais graves, rejeição, bem como oscilações significativas no peso do gado apontam para déficits relativos à qualidade de vida oferecida ao animal. 
Para animais lactantes, mudanças corporais significativas, ocasionados por subnutrição ou estresse, por um tempo acima do tolerável, somada à ideia de pouca eficiência no manejo desses animais fazem com que a produção de leite decaia em grandes quantidades. 
A aparência física, por ser um veículo externo e de fácil visualização constitui-se como ótimo indicador das condições de saúde e manejo na bovinocultura de leite. Traços indicativos podem ser observados por aparência mais óssea, inchaços, ferimentos com ou sem sangramentos, perdasde pelos, ocorrência de quantidades acima do normal de sujidades/fezes sobre o pelo do animal bem como nas instalações e aparecimento de ectoparasitas (parasitas externos).
A reprodução quando apresenta um desempenho reprodutivo fraco, abaixo da média para determinada raça de gado leiteiro também pode indicar perturbações no BEA. Fatores como estresse alimentar, hídrico e térmico e manejo aquém ao esperado influem negativamente, propiciando baixas taxas de concepções, prolongamento nos intervalos entre partos de uma mesma matriz, crescimento no número de abortos e perda de fertilidade em touros reprodutores.
Parafraseando EUSCAHAW (1999), o índice de doenças infecciosas ou metabólicas, registradas na propriedade leiteira, é o último critério de avaliação do BEA, e constituem-se como entraves à produção de leite de qualidade. A mastite, inflamação que atinge as glândulas mamárias e impossibilita a comercialização do leite até o período de carência devido ao uso de antibióticos tem relevância muito grande quando se trata de vacas leiteiras. 
O PAPEL DO HOMEM PARA A PROMOÇÃO DO BEM-ESTAR
Historicamente, no início do processo de domesticação das vacas leiteiras, a relação homem-animal era estreita, uma vez que esses animais eram totalmente dependentes dos cuidadores. Conforme o desenvolver da tecnologia, as técnicas de manejo sanitárias, nutricionais e infraestrutura, visando maximizar a produção de leite, aumentou a distância entre o animal e o seu manipulador (BOND et al., 2012).
É fato que a relação humano-animal tem uma significância muito grande no que diz respeito à produtividade, com aumento de até 20% quando esta verifica-se satisfatoriamente, como aponta Rosa & Paranhos da Costa (2001). 
Em conformidade com Pires et al. (2010), essa interação pode ser classificada como positiva ou negativa, variando em função de características do pessoal, dos animais e do ambiente. 
As atividades positivas são aquelas que ofertam qualidade de vida aos animais, diminuindo a possibilidade de medo ou estresse. Com efeito, atividades como oferta de alimentos nutritivos, de boa qualidade e de fácil acesso; cuidados com a higiene; ambiente físico e instalações bem arquitetadas, de modo que ofereçam conforto, e pessoal qualificado, que tenham noções do conceito de bem-estar e como realizá-lo, reduzem a possibilidade de respostas fisiológicas desfavoráveis. 
As atividades negativas depreciam a qualidade de vida do animal, gerando medo e estresse, além de possibilitarem quedas na produtividade de leite. Contatos agressivos, aumento na intensidade da voz, vacinações e descornas (retirada dos chifres) e a utilização de transportes precários realizadas de forma não humanitária distanciam a interação entre o animal e o homem.
O bem-estar em muito depende do manipulador do gado leiteiro, que deve conhecer e empregar as técnicas de manejo sanitário e nutricional. Conforme Coleman et al., (1998), o manipulador deve-se manter atento às mudanças comportamentais, além de ser sempre respeitoso e atencioso com os animais. 
MANEJO ADEQUADO NA BOVINOCULTURA DE LEITE
Quanto à produção comercial, o gado leiteiro pode ser mantido sob três diferentes sistemas: o intensivo (confinados ou a pasto, totalmente dependente do homem), o extensivo (vive ao ar livre e tem certa autonomia sobre sua alimentação) e o semiextensivo (combinação dos outros dois sistemas).
Independente do sistema adotado, as boas práticas de manejo animal são imprescindíveis para a realização do bem-estar. Pinheiro e Brito (2009) informam que o Código Sanitário para Animais Terrestres da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE, em inglês) descreve as principais práticas de manejo para o bem-estar animal. 
I) Manejo sanitário
As práticas de manejo sanitário, quando bem empregadas, otimizam a saúde física do rebanho leiteiro. (BOND et al. 2012).
A propriedade sempre deve recorrer a um veterinário para a prevenção, tratamento e controle de doenças ou parasitas. Para tanto, dados acerca do rebanho como números de nascimentos e abates, tratamentos médicos, uso de remédios e registros de produção (vacas em lactação e produção de leite) precisam sempre estar atualizados. Os animais doentes devem ser tratados distantes dos saudáveis, em ambientes confortáveis. 
Segundo Greenough (1997), as principais doenças que acometem o gado leiteiro são a mastite e a claudicação (doença que faz com que o fluxo de sangue se torne insuficiente durante a movimentação do animal). 
Em casos em que não houver mais como salvar o animal, este deve ser sacrificado o mais rapidamente possível, de forma humanitária. 
Os manipuladores têm de se manterem atentos aos sintomas de possíveis doenças, que desencadeiem alterações no comportamento e na produção de leite, tosses e secreções. 
II) Manejo nutricional 
A nutrição para o gado leiteiro deve ser balanceada na quantidade e em qualidade adequadas de nutrientes proteicos, energéticos, minerais e vitamínicos, dado que são elementos determinantes para o peso, para a produtividade do leite e na reprodução (BOND, et al. 2012). 
A água disponível ao rebanho precisa ser potável, saborosa, de fácil acesso, livre de contaminantes e em quantidades suficientes. 
O manipulador deve armazenar os alimentos em locais cobertos e livres de contaminantes.
O manejo nutricional deve ser executado por profissional técnico competente, geralmente zootecnista ou veterinário, que deve se atentar para as necessidades fisiológicas diárias dos animais. 
Durante o último mês de gestação deve-se dar uma maior ênfase à nutrição como alimentos volumosos e energéticos, atenuando as possibilidades de doenças do parto ou perda de peso. 
III) Manejo pré e pós-parto  
Vacas prenhes devem ser manejadas durante a gravidez, de forma a atingir as características corporais para a raça. O excesso de gordura aumenta o risco de complicações no final da gravidez ou após o parto. Se houver necessidade de cesariana deve ser feita por um veterinário. 
Bezerros recém-nascidos são sensíveis a baixas temperaturas, por isso deve-se prezar pelo conforto térmico. Nas primeiras 24 horas necessitam receber colostro (leite nos primeiros dias de amamentação) de qualidade e em quantidades suficientes. 
É comum que os bezerros, de forma gradual, sofram o processo de desmama, preferivelmente em idade precoce. Para isso, é aconselhável substituir a alimentação, aos poucos. 
IV) Ordenha
A prática da ordenha, seja ela manual ou mecânica, deve prezar pela higiene do úbere, do maquinário e do pessoal. (SILVA, 2016)
 Deve-se estabelecer uma rotina regular, podendo ocorrer no nascente ou no poente. O tempo de espera deve ser mínimo, pois longos períodos de aguarde antes e depois da ordenha podem levar a problemas de saúde e bem-estar. 
V) Inspeção 
Animais no fim de gestação, bezerros recém-nascidos, bovinos estressados e vacas leiterias devem sofrer inspeção ao menos uma vez por dia.
O gado de leite deve ser identificado na orelha, através de brincos de identificação. 
 AMBIENTE FÍSICO 
É imprescindível que o ambiente físico seja planejado e/ ou modificado, quando necessário, por um profissional habilitado, a fim de promover o maior conforto possível ao gado. Segundo a OIE, o ambiente físico deve dispor de uma série de caracteres exigidos por lei para a promoção da qualidade de vida do animal. 
A seguir os principais elementos que configuram o ambiente destinado aos animais. 
I) Localização 
De acordo com Campos et. Al (2009), citados por Cavalcanti (2009), as construções devem promover condições de trabalho favoráveis e confortáveis aos animais e ao pessoal. Para atingir essa meta, a localização à propriedade deve ser servida de estradas em bom estado, solos de boa qualidade, levemente inclinados, disponibilidade de água e acesso à energia elétrica. 
II) Construções
Em concordância com Cavalcanti citando Nobre (1984), o ambiente de criação dos animais é fator fundamental para a exploração zootécnica, principalmente para a bovinocultura leiteira. Tendo, portanto, a mesma importância que as condições nutricionaise sanitárias. 
A sala de parto tem ênfase especial, devendo ser cuidadosamente limpas, munidas de camas para parto higienizados, a fim de garantir conforto durante o parto e aos recém-nascidos. 
 Os pisos da sala de ordenha devem ser limpos regularmente e serem antiaderentes para evitar quedas. (BARTUSSEK et al. 2000)
A cama deve ser feita de material adequado, seca, confortável e limpa. Rampas e a área de carga devem ser construídas para atenuar o estresse e a possibilidade de lesões.
 Dependendo da intensidade e da forma de uso na propriedade leiteira, os currais são necessários para o manejo e o bem-estar animal, como os currais anti-estresse, que minimizam as aglomerações e os níveis de ansiedade (Bond, 2004).
III) Equipamentos e instalações 
Conforme aponta Silva (2016), os equipamentos utilizados para a ordenha bem como para outros objetivos devem ser usados de tal forma que evitem ferimentos ou dor ao animal e devem ser limpos periodicamente. As instalações mais frequentes são os estábulos, sala de resfriamento do leite, sala de insumos e galpão para máquinas. 
Os comedouros e bebedouros devem ser de fácil acesso e limpeza.
Dispositivos hidráulicos e elétricos ​devem dispor de proteção externa. 
Os banhos de imersão, usados para o controle de ectoparasitas, devem ser projetados afastados das áreas de ordenha. 
IV) Iluminação
Quando os bovinos não tiverem acesso à luz solar em duração adequada, deve-se providenciar iluminação artificial complementar, desde que seja suficiente para promover a saúde e o bem-estar do animal. (BARTUSSEK et al. 2000)
A iluminação artificial não deve ser intensa durante a noite, pois ela pode influenciar o comportamento típico do animal. Sugere-se luz amena nesse período, para evitar o desconforto nas vacas leiteiras. Acessos e saídas do curral também devem dispor de iluminação adequadas. 
V) Ventilação
Propiciar ao gado leiteiro ventilação em níveis adequados e de boa qualidade é uma tarefa importante, seja para minimizar o calor entre os animais, ou, seja para reduzir a possibilidade de ocorrência de problemas ou doenças respiratórias causados por má ventilação. (BARTUSSEK et al. 2000)
 A boa qualidade do ar é perturbada por elementos como poeira, microrganismos e gases, sejam eles poluentes ou efluentes do metabolismo dos animais, como a amônia. 
O manipulador de animais deve-se atentar para que não haja influência negativa por parte dos seguintes fatores: sistema de ventilação adotado, densidade animal e gestão correta dos resíduos gerados. 
VI) Ambiente térmico
Temperaturas elevadas ou baixas quando somadas à alta umidade relativa do ar têm efeitos negativos sobre o bem-estar animal, variando muito em função da espécie, levando ao estresse (SILVA, 2016). 
Dada a importância da ambientação térmica, Alvim et al (2005), citado por Silva Crizanto (2009), apontam que se o ambiente dispor de uma zona de conforto adequada, as oscilações quanto à produtividade de leite são irrelevantes. 
O produtor deve oferecer ao gado áreas de sombreamento, geralmente feita por árvores altas ou por sombrites, que produzem um microclima na propriedade. As árvores devem ser plantadas ao norte e a oeste, e sua copa deve ser preservada (SILVA, 2016).
0. Estresse por calor
O manipulador habilitado deve estar ciente do problema que as altas temperaturas podem desenvolver nos animais, uma vez que ela altera, principalmente, características de ordem fisiológicas: agitação, aumento da taxa respiratória, ofegação prolongada, mudanças na ingesta de comida e água e diminuição na produção de leite. 
Para a redução do efeito negativo das temperaturas elevadas, o proprietário deve levar em conta a disponibilidade de sombra na propriedade e/ou o emprego de um sistema de resfriamento apropriado. Para atingir tal efeito elementos como a idade, a raça, o estágio de lactação e a densidade de animais devem ser levados em consideração. 
0. Estresse por frio
Em ambientes frios, o produtor deve-se atentar para meios que diminuam o estresse, já que ele também pode desencadear danos ao manejo correto dos bovinos jovens e queda da produção de leite.
O estresse causado por baixas temperaturas tem efeito direto no comportamento do gado, causando tremores e aglomerações. Uma forma simples de amenizar esses problemas, por exemplo, é munir a cama de uma camada mais grossa de palhada, a fim de isolar o animal do piso frio. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
As questões éticas têm sido importantes aliadas na avaliação do bem-estar na bovinocultura de leite, pois o BEA além de evitar o sofrimento, melhorar o conforto e as técnicas de manejo ofertados aos animais, influi significamente sobre a produtividade. 
Os critérios de avaliação das condições de vivência em bovinos de leite, sobretudo as cinco liberdades, se mostram uma excelente ferramenta que permite analisar as condições de manejo empregadas para a produção, e quais fatores são determinantes. 
O homem, preocupado com a melhoria da qualidade de vida animal, desenvolveu tecnologias responsáveis por promover as boas práticas de manejo, contribuindo, positivamente, para a relação homem-animal.
 
REFERÊNCIAS
 
BARTUSSEK et al. Animal needs index for cattle. Gumpenstein: Federal Research Institute for Agriculture in Alpine Regions, 2000. 20p.
BOND et al. Métodos de diagnóstico e pontos críticos de bem-estar de bovinos leiteiros. Ciência Rural, v.42, n.7, 2012.
BOND, G.B. Diagnóstico de bem-estar de bovinos leiteiros. Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.2010. 85p.
BROOM, D. M. Indicators of poor welfare. British Veterinary Journal, v.142, p.524-526, 1986.
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