Buscar

Apostilas Penal I e Penal II

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

ADENDO A APOSTILA DE LEI PENAL NO ESPAÇO.docx
ADENDO A APOSTILA DE LEI PENAL NO ESPAÇO:
TURMA: LÁ VAI DUAS OUTRAS CORRENTES SOBRE EMBARCAÇÕES DE NATUREZA PÚBLICA (OU A SERVIÇO DO SEU PAÍS) ESTRANGEIRAS ATRACADAS NO PORTO DO BRASIL QUANDO UM DOS TRIPULANTES SAI DA EMBARCAÇÃO E ACABA COMETENDO CRIME EM SOLO BRASILEIRO: 
1º corr - "Não poderá haver persecução penal no Brasil (senão mediante acordo entre os países), mas por questões alheias ao Direito Penal, de jurisdição internacional, e não de territorialidade."
 2º corr - A segunda corrente baseia-se pelo princípio da territorialidade, como consectário da ubiqüidade, nesse caso, o crime será apurado conforme as regras penais brasileiras, posto que praticado em território brasileiro, e não dentro do navio estrangeiro, que é território estrangeiro, eis que é navio estatal, de natureza pública. 
3º corr - A terceira corrente está expressa na apostila, da qual deverá ser investigado se o agente saiu da embarcação a serviço ou não de seu país, ou seja, o motivo pelo qual ele saiu da embarcação. Se saiu a serviço, responderá pela lei de seu país, porém, se não saiu a serviço, responderá pela lei brasileira. 
POR FAVOR, ALTEREM A APOSTILA!!!
CONDUTA OMISSIVA E NEXO CAUSAL.doc
DIREITO PENAL I
	Conduta COMISSIVA – Crime COMISSIVO
	Para estudar um crime comissivo temos, antes, que analisar tipo proibitivo. É um pressuposto inevitável para entender o que é crime comissivo.
	Tipo Proibitivo – “O direito penal protege bens jurídicos, proibindo algumas condutas desvaliosas (matar, constranger, subtrair, falsificar, etc.).” Tipo proibitivo é aquele você abre, lê e percebe que o legislador está proibindo um comportamento. O tipo proibitivo protege o bem jurídico proibindo alguns comportamentos. 
	 “No crime comissivo, o agente infringe um tipo proibitivo praticando a ação proibida.” 
	Isso aqui é a regra no Código Penal, o óbvio. Ninguém pergunta isso, o que cai é o seguinte:
Conduta OMISSIVA – Crime OMISSIVO
	Para explicar crime omissivo eu vou ter que explicar que espécie de tipo? Crime omissivo não se refere a tipo proibitivo.
	Para entender o crime omissivo, temos que analisar o tipo mandamental.
	Tipo Mandamental - “O direito penal protege bens jurídicos determinando a realização de condutas valiosas (socorrer, notificar, guardar).”
	No proibitivo eu proíbo condutas desvaliosas. No mandamental, eu determino condutas valiosas. 
	“No crime omissivo, o agente deixa de agir de acordo com o que determinado por lei (é uma inação: não agir como determinado).”
	Importante: A norma mandamental (norma que manda agir) pode decorrer:
	a)	Do próprio tipo penal – significando que o tipo penal descreve a omissão. Por exemplo, “deixar de”.
	b)	De cláusula geral – aqui a omissão não está descrita no tipo. O dever de agir é que está descrito em norma geral, e não no tipo. O agente vai responder por crime comissivo. Isso é importante. Apesar da omissão, responde por crime comissivo.
ESPÉCIES DE TIPO OMISSIVO
	Quando a norma mandamental decorrer do próprio tipo penal, isto é, quando o tipo descrever a omissão, tenho o chamado tipo omissivo próprio ou puro. 
	Quando a omissão decorre de cláusula geral e apesar de omitir ele responde por ação, tenho o crime omissivo impróprio ou impuro. 
	O que difere um do outro é o tipo de norma mandamental, uma está no tipo e a outra em norma geral. A diferença está na espécie de norma mandamental. Do tipo penal ou da cláusula geral mais especificamente o art. 13, § 2º, do Código Penal. O artigo 13, § 2º nada mais é do que aquela cláusula geral que se você se enquadrar nela, você responde por ação.
		“§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
		a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
		b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 	
		c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
	Diferenças entre omissão PRÓPRIA e omissão IMPRÓPRIA
	
		
		OMISSÃO PRÓPRIA
		OMISSÃO IMPRÓPRIA
		1.
		O agente tem um dever genérico de agir 
		1.
		O agente tem um dever específico de evitar o resultado.
		2.
		A omissão está descrita no tipo – Subsunção direta.
		2.
		O tipo não descreve a omissão – Subsunção indireta. 
		3.
		Não admite tentativa – são delitos de mera conduta.
		3.
		Admite tentativa.
	Omissão própria:
Se eu falei em dever genérico é porque não tem destinatário certo. Atinge a todos indistintamente. É o dever de solidariedade.
Se a omissão está descrita no tipo, estou diante de uma subsunção direta. A omissão se ajusta perfeitamente ao tipo penal. Aqui o tipo penal descreve diretamente a omissão.
Crime omissivo puro não admite tentativa. São delitos de mera conduta.
	Omissão imprópria: 
Se eu falei que é dever específico, não é dever que atinge, que cabe, a todos, mas personagens especiais. É endereçado a personagens especiais, aqueles referidos no art. 13, § 2º. E isso não só para agir, mas para evitar o resultado típico.
Na omissão imprópria, o tipo não descreve a omissão. Estou diante de uma subsunção indireta. Por que subsunção indireta? Eu tenho a omissão e o tipo penal. O problema é que o tipo penal descreve uma ação. Como é que eu posso ajustar a omissão à ação? Não tem como. Eu preciso primeiro passar pelo art. 13, § 2º, para só depois chegar ao tipo penal. Eu preciso da norma geral para chegar no tipo penal. Daí subsunção indireta.
O crime omissivo impróprio concorre com o crime comissivo. Admite tentativa.
	Agora vamos colocar toda a teoria na prática: você se deparou na prova com uma omissão. É própria ou imprópria? Para responder isso, basta perguntar o seguinte: o omitente se encaixa no art. 13, § 2º? Sim. Pronto. É omitente impróprio e responde pelo resultado como se tivesse praticado a infração. O omitente não se enquadra no art. 13, §2º? Não. Então não é omissão imprópria. Tem que ter tipo penal específico, senão não é crime.
	Olha como fica fácil: vamos imaginar alguém que se omita diante de um menino agonizando e não faz nada. Que crime praticou? Vocês primeiro têm que perguntar o seguinte: Essa pessoa que estava vendo e não fez nada se enquadra no art. 13, §2º? Se ela se enquadrar, e o menino morrer, ela vai responder por homicídio. Se ela não se enquadrar e omitiu socorro, tem algum tipo que descreve omissão de socorro? Tem. É omissão de socorro. Se quem se omite é o pai, ele é omitente impróprio e responderá por homicídio. A pessoa que está olhando, de algum a forma assumiu a responsabilidade de impedir o resultado (era a babá) ou quem olhando e não está fazendo nada, foi quem empurrou. Se o omitente se enquadra em uma das três alíneas, ele é um omitente impróprio e vai responder por homicídio (doloso ou culposo, dependendo do animus dele). 
	Se ele se enquadra em uma dessas alíneas a doutrina diz que ele é garante ou garantidor. Ele não é um simples omitente. 
	Agora, se não é garante ou garantidor porque não se enquadra em nenhuma das alíneas, o fato de ele não socorrer, tem um tipo penal específico que é a omissão de socorro, aí ele é omitente próprio.
	Numa comarca do interior uma professora levou dois alunos para conhecer uma caverna. Ela se descuidou, não vigiou os meninos e um deles bateu a cabeça e morreu. Houve uma omissão. Ela tinha o dever de cuidado. A omissão dela é própria ou imprópria? Vcs conseguem enquadrá-la em alguma das alíneas do art. 13, § 2º? 
“§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:	a) tenha
por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 	c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.”
	
	Essa professora, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado. Essa professora é uma garantidora e vai responder por homicídio, no caso, culposo, mas vai responder por homicídio. 
	3)	Conduta MISTA – Crime de CONDUTA MISTA
	Há crimes que no tipo penal exigem do agente ação e omissão. Não basta agir, também tem que omitir. Não basta agir, também tem que omitir. É um tipo penal específico que traz os dois núcleos, o comissivo e o omissivo para configurar o delito.
	Exemplo: art. 169, § único, II (apropriação de coisa achada):
	“Apropriação de coisa achada”
	“II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente (AÇÃO), deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente (OMISSÃO), dentro no prazo de quinze dias.”
	É uma ação seguida de omissão: crime de conduta mista. Há outro exemplo: Apropriação indébita previdenciária (art. 168-A):
	“Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:”
	Neste caso, eu tinha primeiro uma ação (recolhimento), depois, deixo de repassar (omissão). Há divergência doutrinária neste caso porque há autores que enxergam o crime do art. 168-A só como omissivo. Mas eu acho que está muito claro que há as duas condutas, uma omissiva e outra omissiva. Ação seguida de omissão.
	Com isso, terminamos conduta.
	Quando se fala em crime, mais especificamente em fato típico, o seu primeiro substrato, o assunto conduta, você já aprendeu. Pode perguntar o que for, sobre conduta, que vocês terão no caderno. Agora, vamos para o resultado, ou seja, o segundo requisito do fato típico.
3.	FATO TÍPICO: 2º ELEMENTO: RESULTADO
	
3.1. 	ESPÉCIES de Resultado
	
	Quando falamos em resultado, temos que lembrar das duas espécies: 
a)	Resultado NATURALÍSTICO (ou MATERIAL) – “Da conduta resulta efetiva alteração física no mundo exterior. Exemplo: morte, diminuição patrimonial, falsidade documental, etc.”. 
b)	Resultado NORMATIVO (ou JURÍDICO) – “Da conduta resulta lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado”.
	
3.2. 	CLASSIFICAÇÃO doutrinária do crime quanto ao Resultado
	a)	Crime MATERIAL – No crime material, o tipo penal descreve conduta mais resultado naturalístico. A ocorrência resultado naturalístico é indispensável para a consumação. Exemplo: homicídio. 
	b)	Crime FORMAL – No crime forma, o tipo penal também descreve conduta mais resultado naturalístico. Porém, cuidado! Aqui, o resultado naturalístico é dispensável. É mero exaurimento do crime. Por que? Porque o crime se consuma com a conduta. A consumação se dá com a conduta. Por isso é chamado de crime de consumação antecipada. O que o juiz faz com o exaurimento? Enfia na pena. Exemplo: Extorsão (se consuma com a exigência). Recebendo a vantagem indevida, é mero exaurimento.
	
	c)	Crime DE MERA CONDUTA – O tipo penal descreve uma mera conduta. Não descreve resultado naturalístico. É o chamado crime de mera atividade. Eu não digo que não possa existir de fato, mas juridicamente, não consta do tipo penal. Quem me dá um exemplo? Omissão de socorro, violação de domicílio, etc. Porte ilegal de arma é crime de mera conduta? Sim. 
	
	Todos os crimes têm resultado naturalístico? É algo inerente a todo e qualquer crime? Não. Crime material tem e exige. Crime forma tem, mas dispensa. Crime de mera conduta, sequer tem. Então, verdade insofismável: Nem todos os crimes têm resultado naturalístico. 
	Tem algum crime que não tem resultado jurídico? Se é verdade que nem todos os crimes tem resultado naturalístico, todos os crimes têm resultado jurídico. Não há crime sem lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. O crime material, o formal e o de mera conduta todos têm resultado normativo. É um elemento comum. 
	A última pergunta para acabar o estudo do resultado (e ir para relação de causalidade) eu pergunto o seguinte: Do que é feito o fato típico? O crime é constituído de fato típico, que é composto de conduta, resultado, nexo e tipicidade. Quantos resultados vocês conhecem? Dois, um naturalístico e um jurídico. Qual dos dois integra o fato típico? Olha a pergunta da Magistratura Federal: “Qual resultado integra o fato típico?” E a resposta que o examinador queria era a seguinte: 
1ª Corrente – Só o resultado naturalístico. É o que vocês vão encontrar na maioria dos manuais. Se é resultado naturalístico, eu tenho que diferenciar o fato típico no crime material do fato típico no crime formal ou de mera conduta. E por que? Se o crime é material, será constituído de conduta, resultado e nexo (o que une conduta e resultado) e tipicidade. Agora, se o crime é formal ou de mera conduta, ele é constituído só de conduta, não tem resultado, não tem nexo e só a tipicidade. O crime material tem o fato típico com quatro requisitos. O formal e o de mera conduta é constituído de dois requisitos: conduta e tipicidade, mais nada. Vocês vão encontrar isso em diversos manuais. 
2ª Corrente (doutrina moderna funcionalista) – Para essa segunda corrente, a tipicidade formal só é constituída de resultado naturalístico. Porém, a tipicidade material, é constituída de resultado normativo. Então, na tipicidade material não importa se o crime é material, não importa se o crime é formal e não importa se é de mera conduta. Para a tipicidade material, não importa nada disso porque será sempre constituído de conduta, resultado normativo, nexo e tipicidade. 
	Para a primeira corrente, o resultado que integra o fato típico é só o naturalístico e, com isso, ela diferencia os componentes do fato típico no crime material e no não material. Já a segunda corrente diz: Peraí, a tipicidade formal é só constituída de resultado naturalística. Então, aqui estão certos, mas na hora que você analisar a tipicidade material, verá que ela depende do resultado normativo. O fato típico, então, não importa se é material, formal ou de mera conduta porque ele é composto de conduta, resultado, nexo e tipicidade.
.
	
4.	FATO TÍPICO: 3º ELEMENTO: RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
	
	“É o nexo causal, vínculo entre conduta e resultado. O estudo da causalidade busca concluir se o resultado, como um fato, ocorreu da ação e se pode ser atribuído, objetivamente (e juridicamente, ao sujeito ativo), inserindo-se na sua esfera de autoria por ter sido ele o agente do comportamento”.
	Já foi dissertação de concurso: relação de causalidade. Não tem como começar a falar disso, sem dar o conceito. 
	O nexo de causalidade existe em qualquer crime? É requisito essencial de qualquer crime? O nexo causal é requisito essencial do crime?
	1ª Corrente: Não. Só nos materiais. Essa primeira corrente diz que o nexo causal só existe nos crimes materiais. Por que? Porque crime formal e de mera conduta só tem conduta e tipicidade. Ela está dizendo que o nexo causal é sempre naturalístico. 
	2ª Corrente: Vai dizer o seguinte: O nexo causal nem sempre está presente na tipicidade formal. Porém, o nexo causal (normativo) é requisito da tipicidade material. A segunda corrente reconhece também o nexo causal normativo, que é requisito da tipicidade material.
	Eu vou agora analisar o nexo de causalidade a fundo.
4.1.	PREVISÃO LEGAL – Art. 13, do CP:
	Relação de causalidade
	“Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. 
	O art.
13 do Código Penal acabou tratando da causalidade de forma simples. Se você perguntar o que é causa, é simples: é toda ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Esse artigo, quando trata do nexo de causalidade, adotou a causalidade simples.
4.2.	TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS ou TEORIA DA CONDITIO SINE QUA NON
	“O art. 13, caput, do Código Penal, adotou a causalidade simples, generalizando as condições, é dizer, todas as causas concorrentes se põem no mesmo nível de importância equivalendo-se em seu valor (Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais também chamada de Teoria da 'Conditio Sine Qua Non').”
	Alguém te pergunta: O que é causa? O Código Penal responde: “Simples. A causa do resultado morte é todo comportamento (ação e omissão) anterior sem o qual o resultado não teria ocorrido.” ou seja, adotou a Teoria da Conditio Sine Qua Non. O que foi causa do resultado morte? Tudo aquilo que antecedeu e sem o qual não teria ocorrido.
	Aí alguém pergunta: “Mas como saber qual foi o comportamento determinante para o resultado?” Como que eu vou saber? A conditio sine qua non, sozinha não responde isso. Então, temos que adicionar à teoria da conditio sine qua non, a Teoria da Eliminação Hipotética dos Antecedentes Causais. Agora, sim, somando uma teoria com a outra, você vai saber o que é causa.
4.3.	TEORIA DA ELIMINAÇÃO HIPOTÉTICA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS	
	O que é causa? O CP diz: É toda ação ou omissão sem a qual o resultado não ocorreria. Como é que eu vou saber qual foi ou não determinante? Vc vai eliminar hipoteticamente o comportamento dos antecedentes causais. E pergunta: eliminando o resultado, aconteceria? Se a resposta for positiva, então ele não foi determinante, não é causa. Eliminando o resultado muda? Muda! Então foi causa. O que é causa? É tudo o que antecede o resultado sem o qual não teria ocorrido.
	Teoria da Eliminação Hipotética dos Antecedentes Causais - “No campo mental da suposição e da cogitação, o aplicador deve proceder à eliminação da conduta para concluir pela persistência ou desaparecimento do resultado. Persistindo, não é causa. Se o resultado persiste, não é causa, desaparecendo, é causa.”
Para você saber o que é causa de um resultado, o Código Penal acaba exigindo a soma das duas teorias. Quando ele fala em ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, como é que eu vou saber se o resultado ocorreria ou não ocorreria? Se eu elimino a sua conduta e o resultado persiste, significa que a sua conduta não tem influência no resultado, então ela não é causa do resultado. Agora, se eu elimino a sua conduta e o resultado desaparece é porque sua conduta deu causa ao resultado. 
Exemplo: Antes do envenenamento, eu tenho: 1) comprei o veneno; 2) comprei o bolo; 3) misturei o bolo + veneno; 4) tomei um suco de laranja; 5) eu servi o bolo para a vítima que morreu envenenada. O que foi causa da morte da vítima? O Código diz: tudo aquilo que antecedeu a morte, sem o qual a morte não teria ocorrido. Como eu vou saber? Vc vai pegar cada um dos cinco comportamentos e eliminar hipoteticamente. Vamos lá: eliminando a compra do bolo, eliminaria o resultado? Não porque ele comeu o bolo. Então, é causa. Eliminando a compra do veneno, ele deixaria de morrer como morreu, então é causa. Tudo é causa. Menos tomar o suco. Então, o que acontece: dos cinco antecedentes causais, você só consegue eliminar o suco.
	CRÍTICA: que se faz a essas duas teorias: Eu parei na compra do veneno, mas poderia ir até o pai e até a mãe do agente! Eliminando o pai e a mãe do Beira-Mar, ele não nasceria. E nem por isso eu posso dizer que os pais dele são a causa de tudo o que ele faz. Levando isso ao infinito, chegamos até Adão e Eva. A crítica que se faz a essa teoria é o seguinte: Ela faz com que a causalidade objetivamente regresse ao infinito. É óbvio que o pai e a mãe do Fernandinho não vão responder pelo crime porque não agiram com dolo ou culpa, mas objetivamente, são causa. 
A Causalidade Objetiva só trabalha com nexo causal. Eu só não vou responsabilizar o infinito porque eu ainda tenho a causalidade cíclica, eu ainda analiso dolo e culpa. Mas reparem que objetivamente, eu posso chegar a esse infinito. Eu só não vou responsabilizar esse infinito porque eu tenho o filtro do dolo e da culpa.
4.5.	CONCAUSAS
	Vamos supor que eu tenho aqui A, B e C. Vamos supor que às 19h A envenenou C e às 20h B atirou em C. C morreu às 21h em razão do disparo. 
Pergunto. Quantas causas concorreram para o resultado? Eu tenho o envenenamento e o disparo de arma de fogo concorrendo para o resultado. São duas causas concorrendo para o mesmo evento, sendo que somente uma atingiu o objetivo. Eu não tenho dúvida que B vai responder por homicídio consumado. A dúvida que eu tenho é: Por qual crime responde A? O que eu tenho aqui? Pluralidade de causas concorrendo para o mesmo evento. Como se chama isso? Concausas.
	“Pluralidade de causas concorrendo para a produção do mesmo evento.”
Quando estudo concausa não estou preocupado com a causa efetiva do resultado. Eu estou preocupado em como responsabilizar aquela causa que não atingiu o seu fim. 
	Quando a gente fala em concausa, temos que lembrar das suas duas grandes espécies:
	a)	Concausa absolutamente independente – ocorre quando a causa efetiva do resultado não se origina direta ou indiretamente da causa concorrente, não se origina direta ou indiretamente de nenhuma outra causa. A concausa absolutamente independente pode ser: preexistente, concomitante ou superveniente.
	b)	Concausa relativamente independente – aqui, a causa efetiva do resultado origina-se direta ou indiretamente da causa concorrente. A concausa relativamente independente também pode ser preexistente, concomitante ou superveniente.
Será preexistente quando a causa efetiva do resultado é anterior à concorrente. 
Será concomitante quando a causa efetiva do resultado concorre com outra causa.
Será superveniente quando a causa efetiva do resultado é posterior à concorrente.
Agora vamos analisar as concausas absolutamente independentes nas suas três subespécies: CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES:
Olha que interessante: Primeira coisa: ver se a causa é absoluta ou relativamente independente. Por que? Porque se você concluir que ela é absolutamente independente, você pode parar de procurar a resposta. De qualquer modo, o suposto autor do fato sempre responderá por tentativa. 
Isso é, se a causa for preexistente, concomitante e superveniente absolutamente independente o acusado sempre responderá por TENTATIVA!!!!!!!
	Vamos supor que A, às 19h envenenou C. B, às 20h atirou contra C. C morreu envenenado às 22h.
	
Pergunto: alguém tem dúvida por qual crime vai responder A? Homicídio consumado. Eu falei que o estudo da concausa não interessa para A, que conseguiu o resultado visado com o seu comportamento. O estudo da concausa tem interesse com relação a B, que agiu buscando o resultado, mas não o alcançou direta ou indiretamente. E aí, ele responde por qual crime? Eu pergunto: a causa do resultado morte é absoluta ou relativamente independente à conduta de B? 
RESPOSTA: Será absoluta se a causa da morte não se origina direta ou indiretamente de B. Ela se originou direta ou indiretamente de B? Elimine o comportamento de B do mundo. O resultado aconteceria? Sim! Então, elas são absolutamente independentes. Então, nós concluímos aqui que a causa efetiva é absolutamente independente.
	Agora, eu pergunto: ela é anterior, concomitante ou superveniente à outra causa? 
RESPOSTA: É anterior. Então é causa absolutamente independente preexistente. Quando eu tenho causa absolutamente independente e preexistente, o outro vai responder pelo quê? Tentativa! Então, B responde por tentativa. Quando estou diante de concausa absolutamente
independente preexistente a outra causa será punida a título de tentativa. 
	Próximo exemplo (todos os exemplos são extraídos da doutrina):
	Vamos supor que às 20h A envenena C. Também às 20h, B atira contra C. C morre em razão do disparo. 
Eu já expliquei que não me interessa estudo da concausa apurar como punir o atirador. O atirador produziu o resultado. Se ele é assaltante, vai responder por latrocínio, inclusive. O estudo da concausa é importante para saber o que fazer com aquele que estava envenenando.
 Pergunto?: A causa efetiva do resultado é absoluta ou relativamente independente do envenenamento? 
RESPOSTA: É só vocês pensarem: o disparo se originou direta ou indiretamente do envenenamento? Se vocês tirarem do mundo o envenenamento, iria entrar o assaltante e atirar contra C do mesmo jeito? Sim. Então, eu estou diante de uma causa efetiva absolutamente independente. 
Agora, pergunto: é causa efetiva anterior, concomitante ou superveniente ao envenenamento? 
RESPOSTA: É concomitante. Nessa forma, qual o resultado? Aquele que envenenava, responde pelo quê? Por tentativa. É a mesma conclusão da preexistente! A exemplo da preexistente, também na concomitante ele responde por tentativa.
Mais um exemplo: 
Às 20h A envenenou C. Às 21h cai um lustre na cabeça de C. C morreu em razão de traumatismo craniano. 
Eu não tenho dúvida que a causa da morte de C foi à queda de um lustre (caso fortuito ou força maior). Agora veja: o estudo da concausa é importante para saber o que acontece com a causa concorrente. 
Pergunto: A causa efetiva do resultado (queda do lustre) é absoluta ou relativamente independente do envenenamento? 
Retire o envenenamento do mundo, o lustre cairia ou não cairia na cabeça da pessoa? Sim. Então, a causa efetiva é absolutamente independente da concorrente (do envenenamento). 
Agora eu pergunto: preexistente, concomitante ou posterior ao envenenamento? Superveniente. Qual é o resultado desta equação? Concausa absolutamente independente + causa superveniente = responde por tentativa. Aqui também responde por tentativa.
CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES. Vamos aos exemplos.
	Vamos supor que A deu um golpe de faca em C. No entanto, C era hemofílico e morreu em razão da doença. Se ele não fosse doente, aquela facada não ia ter condições de causar sua morte. Há intenção de A matar C, mas a facada não causaria o resultado morte se não fosse hemofílico. Houve grande perda de sangue. A doutrina diz o seguinte: a causa efetiva do resultado morte não foi à facada, foi à hemofilia. A facada desencadeou a doença. Fez com que a doença se desencadeasse efetivamente. 
Agora, eu pergunto: essa causa efetiva do resultado morte é absoluta ou relativamente independente da facada? 
RESPOSTA: Ela se originou direta ou indiretamente da facada ou não? Eliminem a facada do mundo, a doença não se desencadearia. Então, a causa efetiva é relativamente independente da concausa. 
Ele já era hemofílico ou ficou hemofílico depois da facada? Ou seja, a causa efetiva ao resultado morte é preexistente, concomitante ou superveniente a concausa?
RESPOSTA: É causa relativamente independente e preexistente. O agente responderá por consumação.
A jurisprudência atenua isso. A só vai responder por homicídio consumado se ele tem conhecimento de que havia uma doença preexistente. Para quê? 
Para evitar uma responsabilidade penal objetiva. Cuidado porque os manuais não alegam esse atenuante da jurisprudência. Para A responder por consumação, ele tem que ter consciência da doença. 
OUTRO EXEMPLO:
Vamos supor que A vai matar B. A aponta e atira. Aí a vítima, B, fala: “vou morrer, a bala vai me atingir” e morre de ataque cardíaco antes da bala atingir. 
Agora, eu pergunto: essa causa efetiva do resultado morte – ataque cardíaco - é absoluta ou relativamente independente do tiro? 
RESPOSTA: A doutrina diz que esse exemplo é uma concausa relativamente independente. Relativamente independente porque se não fosse o tiro vc não teria o ataque cardíaco.
A causa efetiva ao resultado morte – ataque cardíaco - é preexistente, concomitante ou superveniente a concausa?
RESPOSTA: concomitante. A concausa relativamente independente concomitante também a outra será punida por consumação. 
Quando a concausa é absolutamente independente, pouco importa se concomitante, preexistente ou superveniente, ela vai concorrer e será punida por tentativa. 
Se é uma concausa relativamente independente onde a causa efetiva se origina direta ou indiretamente da concorrente, a concorrente será punida por consumação se preexistente ou concomitante. Isso está previsto no art. 13, § 1º, do Código Penal.
“§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.” 
	
�Lendo esse dispositivo eu percebo duas espécies de concausa relativamente independente superveniente: uma causa relativamente independente por si só e uma causa que não relativamente independente por si só. 
	Eu posso ter uma causa relativamente independente superveniente que:
	a)	Por si só produziu o resultado ou então
b)	uma concausa relativamente independente que não por si só produziu o resultado.
	Isso fica claro da leitura do dispositivo. Quando que, por si só, produz o resultado? 
	AQUI, O RESULTADO SAI DA LINHA DE DESDOBRAMENTO CAUSAL NORMAL DA CAUSA CONCORRENTE. 
Em concurso recente, a pergunta da segunda fase foi: “O que significa o 'por si só' do §1º, do art. 13?” - só isso ele perguntou. Significa que o resultado sai da linha de desdobramento causal normal da causa concorrente e toma uma linha imprevisível. Já o não por si só o resultado está na linha de desdobramento normal da conduta (ou causa) concorrente e o tipo ainda produz o resultado no campo da criminalidade. Olha que fácil:
Se estivermos diante de uma concausa relativamente independente que, por si só, produziu o resultado, quem deu o tiro responde por tentativa.
Se estivermos diante de uma concausa relativamente independente que, não por si só, produziu o resultado, quem deu o tiro responde por consumação.
EXEMPLO:
A deu um tiro em B, que vai parar no hospital. Quando os médicos estão lá tentando salvar a vida de B, cometem um erro médico e a vítima, B, morre. O erro médico foi á causa efetiva do resultado. 
Essa causa efetiva do resultado morte – erro médico - é absoluta ou relativamente independente do tiro? 
RESPOSTA: A morte de B se originou direta ou indiretamente do tiro? Se eu não tivesse dado o tiro, B não estaria no hospital. Então, é causa relativamente independente. 
A causa efetiva ao resultado morte – erro médico - é preexistente, concomitante ou superveniente a concausa (tiro)?
RESPOSTA: O erro médico é anterior, concomitante ou superveniente ao tiro? Superveniente. Então, o erro médico é uma concausa relativamente independente, superveniente. 
Erro médico. O erro médico por si só produziu o resultado ou não produziu o resultado? Vocês acham que o erro médico é o resultado que faz a linha de desdobramento causal normal da causa concorrente? 
É algo imprevisível para quem dá um tiro? Ou você sabe que quem vai socorrer é um ser humano e ser humano é falível? Pessoal, o erro médico é uma causa que não por si só produziu o resultado. O erro médico está na linha de desdobramento causal normal da causa concorrente. Era previsível que quem socorresse do tiro pudesse errar. Então, você vai responder por consumação. Basta pensar na surpresa. Vocês ficariam surpresos em saber que houve um erro médico no hospital? Ninguém fica surpreso com erro médico porque está no campo da previsibilidade.
São seres humanos.
OUTRO EXEMPLO: 
A deu um tiro em B, que vai pro hospital, enquanto está descansando da cirurgia, cai o teto e morre. A morte foi a queda do teto.
Essa causa efetiva do resultado morte – queda do teto - é absoluta ou relativamente independente do tiro? 
RESPOSTA: Se A não tivesse dado o tiro, B não estaria no hospital. Então, é causa relativamente independente. 
A causa efetiva ao resultado morte – queda do teto - é preexistente, concomitante ou superveniente a concausa (tiro)?
RESPOSTA: Superveniente.
Queda do teto - Vocês acham que isso está na linha de desdobramento causal normal de um tiro? Todo mundo que dá um tiro tem como prever que pudesse cair um teto na cabeça da vítima? 
Não. Então, a queda de um teto, por si só produziu o resultado. Está fora da linha de desdobramento causal normal da causa concorrente. A queda do teto por si só produziu o resultado. Quem deu o tiro responde por tentativa. Todo mundo fica surpreso com a queda de parte do teto do hospital, não está no campo de previsibilidade do agente a queda do teto.
INFECÇÃO HOSPITALAR – ESTÁ NA LINHA DO DESDOBRAMENTO FISICO DO AGENTE? OU NÃO? 
No concurso cai assim: onde eu devo ajustar a infecção hospitalar? Será que ela deve ser tratada como erro médico (quem deu o tiro responde por consumação)? Ou ela deve ser tratada como a queda de um teto? É isso que vai cair: infecção hospitalar! Deve ser equiparada à queda de um teto ou erro médico? 
Há divergência sobre isso:
Na prova do Cespe caiu isso e equipararam infecção hospitalar a erro médico (quem atirou responde por consumação porque a infecção hospitalar está na linha de desdobramento causal normal da causa concorrente – está no campo da previsibilidade). 
	“As concausas absolutamente independentes e relativamente independentes, essas quando preexistentes e concomitantes, norteiam-se pela causalidade simples do art. 13, caput. Já a concausa relativamente independente superveniente, norteia-se pela causalidade adequada, prevista no art. 13, § 1º.”
	Até a relativamente independente e concomitante, você estava trabalhando com causalidade simples (Teoria da Conditio Sine Qua Non, equivalência dos antecedentes causais). A partir da relativamente superveniente, você não trabalha mais com causalidade simples, mas causalidade adequada.
	Conceito de causalidade adequada: “Somente haverá imputação do fato se, no conjunto das causas, fosse a conduta do agente, consoante as regras de experiência comum, a mais adequada à produção do resultado ocorrente.”
	
Reparem que quando eu falei de erro médico e de infecção hospitalar, eu trabalhei com regras de experiência comuns. E isso é uma causalidade adequada. Eu não vou olhar de forma simples.
O que está faltando para a gente terminar relação de causalidade? Falta falar de relação de causalidade nos crimes omissivos.
	
4.6.	RELAÇÃO DE CAUSALIDADE NOS CRIMES OMISSIVOS
	Vimos que há duas espécies de crimes omissivos: os próprios (ou puros) e os impróprios (ou impuros). Vamos analisar a relação de causalidade nos dois.
	a)	A relação de causalidade no crime omissivo PRÓPRIO
	“Nessa espécie de infração penal, há somente a omissão de um dever de agir imposto normativamente, dispensando nexo de causalidade naturalístico (são crimes de mera atividade).”
Na omissão própria o seu dever é de agir, eu não estou pensando em resultado naturalístico, não se questiona o nexo naturalístico.
	Aqui só temos a omissão de um dever de agir. Eu não estou preocupado com o resultado. O que nos interessa vem a seguir.
	b)	A relação de causalidade no crime omissivo IMPRÓPRIO
	“Nessa espécie de infração penal, o dever de agir é para evitar o resultado concreto. Estamos diante de um crime de resultado material, exigindo, consequentemente, a presença do nexo causal entre a ação omitida e esperada e o resultado.”
No próprio, nós vemos que o dever é de agir (ninguém está preocupado com o resultado). No impróprio, não. Eu quero vê-lo agir para evitar um resultado concreto. No crime omissivo impróprio eu tenho uma omissão e um resultado naturalístico. Neste crime, que exige um resultado material, consequentemente, eu terei a presença do nexo entre a ação omissiva esperada e o resultado. Vocês devem estar pensando: se do nada, eu nada fiz, que nexo é esse?
“Esse nexo, no entanto, para a maioria da doutrina não é naturalístico (do nada, nada surge). Na verdade, o vínculo é jurídico, isto é, o sujeito não causou, mas como não impediu, é equiparado ao verdadeiro causador do resultado.”
	
Na imprópria, o dever é de agir para evitar o resultado naturalístico. Se você não conseguir evitar, o resultado naturalístico existe. Então, existe um vínculo entre a sua omissão e aquele resultado. É que esse vínculo não é naturalístico, é jurídico. 
Você não produziu o resultado, mas como não o impediu, é equiparado ao verdadeiro causador. É o que a doutrina chama, não de nexo causal, mas de nexo de não impedimento. Zaffaroni chama de nexo de hesitação. 
Se te perguntarem relação de causalidade nos crimes omissivos próprios, não existe resultado naturalístico no dever de agir, então eu não tenho que me preocupar com o nexo naturalístico. Nos crimes omissivos impróprios o dever de agir é para evitar um resultado naturalístico (eu tenho esse resultado). O problema é que eu tenho um resultado naturalístico e uma omissão! E, de acordo com a física, do nada, nada surge. Então esse nexo que existe entre a omissão e o resultado naturalístico não pode ser um nexo causal, físico, naturalístico. Na verdade, o nexo é de não impedimento ou não hesitação. Você tinha o dever de evitar o resultado, se não evitou, é equiparado ao verdadeiro causador físico. É uma equiparação jurídica.
Com isso, encerramos a relação de causalidade. Não vamos mais estudá-la.
� PAGE \* MERGEFORMAT �16�
CONDUTA. DOLO E CULPA_.docx
19
NOÇÕES PRELIMINARES À TEORIA GERAL DO DELITO
2.	CONCEITO DE CRIME
	O crime pode ser conceituado de algumas maneiras:
2.1.	Conceito FORMAL de crime
	“Sob o enfoque formal, crime é aquilo que está estabelecido em norma penal incriminadora, sob ameaça de pena”.
	Sob enfoque formal é aquilo que o legislador previu como crime.
2.2.	Conceito MATERIAL de crime
	“Já para o conceito material, crime é comportamento humano causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção penal.”
	Que doutrina lembrar que é possível mesclar o conceito formal e material, resultando no conceito FORMAL-MATERIAL: 
2.3.	Conceito FORMAL-MATERIAL de crime
	“Crime é aquilo que está previsto em lei, consistente no comportamento humano causador de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.”
2.4.	Conceito ANALÍTICO de crime
	“O conceito analítico leva em consideração os elementos que compõem a infração penal (sua estrutura).”
	E que elementos são esses? Prevalece que os elementos do crime, os elementos que compõem a infração penal são:
fato típico
ilicitude 
culpabilidade
	
	Prevalece esse rol. Mas isso é extremamente controvertido até hoje.
3.	SUJEITOS DO CRIME
	
3.1.	Sujeito ativo do crime 
	Sujeito ativo é o autor da infração penal.
	Quem pode ser autor de uma infração penal? Pessoa física capaz com idade igual ou superior a 18 anos.
	
	
3.2.	Sujeito passivo da infração 
	É pessoa ou entidade que sofre a conseqüência da infração penal. 
	Quem pode ser sujeito passivo? Pessoa física, pessoa jurídica ou então, entidades ou entes sem personalidade jurídica (exemplo: crimes contra a família, etc.). Esses
crimes cujo sujeito passivo é o ente despersonalizado o delito é chamado de crime vago.
	Pessoa jurídica pode ser vítima de extorsão mediante sequestro? Art. 159, do Código Penal:
	“Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:”
	E aí? Pessoa jurídica pode ser vítima de extorsão mediante sequestro prevista no art. 159, do CP? Caiu em concurso: Claro que pode! Vc sequestra a pessoa física, mas quem pode acabar pagando o resgate é uma pessoa jurídica. Duas são as vítimas: a pessoa física que é levada e a jurídica que dá o dinheiro. Mais do que proteger a locomoção, da qual a pessoa jurídica não pode ser vítima, quem pode pagar o resgate é a empresa. 
	Alguém sequestra o Silvio Santos. Quem paga? O Banco. As vítimas são Silvio (liberdade de locomoção) e o Banco (vítima patrimonial).
4.	OBJETO DO CRIME
4.1.	Objeto material
	É a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa.
	Não se confunde com sujeito passivo!
	O que é sujeito ativo? Autor da infração. E o sujeito passivo? O que sofre as consequências. Vamos supor que o Rogério furtou a carteira do Renato. Quem é o sujeito ativo? Rogério. Quem é o passivo nessa relação? Renato porque sofreu uma consequência da infração. E o objeto material? É a carteira. A conduta recaiu sobre a carteira.
	Rogério matou o Renato. Quem é o sujeito ativo? Rogério? E o sujeito passivo? O Renato. E o objeto material? O Renato. Pode coincidir com o sujeito passivo. Em regra, o objeto material não coincide com o sujeito passivo, salvo alguns casos excepcionais, como o homicídio.
	Exemplo de crime com sujeito ativo, com sujeito passivo, mas sem objeto material: existe crime sem objeto material? Sim. Ato obsceno e falso testemunho. São crimes que não recaem sobre ninguém ou qualquer coisa. Nesses crimes, a conduta do agente não recae sobre ninguém e sobre coisa nenhuma.
	Qual o objeto material do latrocínio? O objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual recaiu a conduta criminosa. No caso do latrocínio, a violência recai sobre a pessoa, junto com a coisa subtraída.
4.2.	Objeto jurídico
	“O objeto jurídico é o interesse tutelado pela norma penal.”
	Não há crime sem bem jurídico tutelado. Todos os tipos penais têm que proteger algum interesse. Mas temos tipos penais que protegem mais de um bem jurídico. 
	São os crimes de dupla objetividade jurídica: latrocínio (patrimônio e vida), extorsão mediante sequestro (patrimônio e liberdade). Há pluralidade de interesses protegidos.
	
	Furto: Rogério sujeito ativo, Renato passivo, carteira é objeto material: objeto jurídico – patrimônio.
	Homicídio: Rogério sujeito ativo, Renato sujeito passivo, renato também é objeto material – qual o bem jurídico? Vida.
 
INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DO DELITO
	Inúmeros são os fatos que ocorrem no mundo. São fatos humanos e fatos da natureza. O direito penal é seletivo. Se é seletivo, ele ignora os fatos da natureza (nos quais não interfere o homem). Para o direito penal interessam apenas os fatos humanos.
	Esses fatos humanos podem ser desejados e indesejados. O direito penal é seletivo. Ele é uma peneira. Se é seletivo, ele já alerta que fatos humanos desejados não interessam para o direito penal. Só interessam para o direito penal os fatos humanos indesejados.
	Todos os fatos humanos indesejados interessam para o direito penal? Não. Andar na contramão é um fato indesejado que não interessa para o direito penal porque o direito penal é anunciado pelo princípio da intervenção mínima, é dizer, o direito penal é subsidiário e fragmentário.
	Ou seja, o os fatos humanos indesejados só interessam para o direito penal quando consistirem em uma conduta que produza um resultado com nexo causal entre ela, conduta e o resultado e que apresente tipicidade formal e material. Lembrando que a tipicidade formal nada mais é do que o ajuste a um tipo penal. Se ajusta formal e materialmente a um tipo penal. A partir daí eu não tenho só um fato, eu tenho um fato típico. E vcs sabem que o fato típico é o primeiro substrato do crime. É o primeiro requisito do crime. Quem fala em substrato? Bettiol. 
	Prosseguindo: O Crime, no entanto, além do fato típico, necessita da ilicitude. A ilicitude aparece como segundo substrato do crime. E para a maioria, além do fato típico e da ilicitude é imprescindível também, a culpabilidade, aparecendo como terceiro substrato do crime. 
Fato típico – primeiro substrato do crime, mas não único.
Ilicitude – segundo substrato do crime
Culpabilidade – terceiro substrato do crime
	Se o fato for típico, o lícito é culpável, nasce a punibilidade. Vejam que a punibilidade não é substrato do crime, mas sua consequência jurídica.
		
1.	FATO TÍPICO: CONCEITO E ELEMENTOS
1.1.	Conceito
	Quando se pergunta o que é fato típico, é preciso saber se o examinador quer o conceito analítico ou formal? 
	Se perguntar o conceito analítico, basta responder que fato típico é o primeiro substrato do crime. Pronto. Já é um conceito analítico. Já é o fato típico na estrutura do crime
 +
	Se perguntar sobre o conceito material: é um fato humano indesejado que, norteado pelo princípio da intervenção mínima, consistente em uma conduta produtora de resultado que se ajusta formal e materialmente a um tipo penal. 
1.2.	Elementos
	
	O fato típico é constituído por conduta, nexo causal e resultado.
2.	FATO TÍPICO: 1º ELEMENTO: CONDUTA
O que é conduta? 
Conduta para a Teoria FINALISTA
Veja que Aristóteles já dizia que : “ toda conduta humana tem uma finalidade.” 
O homem, quando atua, seja fazendo ou deixando de fazer alguma coisa a que estava obrigado, dirige sua conduta sempre a determinada finalidade, que pode ser ILÌCITA (quando atua com dolo, por exemplo, querendo praticar uma conduta proibida pela lei penal) ou LÍCITA (quando não quer cometer delito algum, mas que, por negligência, imprudência ou imperícia, causa um resultado lesivo, previsto pela lei penal).
Ex: aquele que almejando chegar a tempo ao batismo de seu filho, imprime velocidade excessiva ao seu veículo, e em virtude disso, culposamente atropela alguém, não atua com o fim de causar dano algum. Contudo, os meios empregados por ele para que pudesse alcançar aquilo que desejava inicialmente é que foram utilizados de forma inadequada e deram causa ao evento lesivo.
Logo, nessa teoria, o dolo e a culpa são levados para o conceito de conduta!!!! O Dolo passou a ser natural, são dois seus elementos: consciência e vontade 
	Essa teoria também é tripartiti. Crime para ela:
Também é fato típico (tb composto de: conduta, resultado, nexo e tipicidade)
Também é ilícito
Também é culpavél = potencial consciência da ilicitude + exigibilidade de conduta diversa + imputabilidade ( culpa lato sensu)
E o que vem a ser conduta para o finalismo? 
	“Nada mais é do que um movimento humano voluntário ciclicamente dirigido a um fim”.
	Quando eu digo “ciclicamente dirigido a um fim” já dá para ver que o dolo e a culpa migram da culpabilidade para o fato típico.
OBS: o que justifica a atuação do direito penal é o desvalor da conduta e não do resultado, pois pode haver crime sem resultado algum, que são os crimes de mera conduta. [1: É aquele em que a lei descreve apenas uma conduta, e não um resultado. Sendo assim, o delito consuma-se no exato momento em que a conduta é praticada. Podemos citar como exemplo o crime de violação de domicílio, previsto no artigo 150, do Código Penal, em que a lei tipifica a conduta de ingressar ou permanecer em domicílio alheio sem autorização do morador, independente da ocorrência de qualquer resultado naturalístico.]
No finalismo, o resultado
tem até importância, no que diz respeito à pena, mas será punido pela tentativa, acaso não alcance o resultado. Quanto mais se aproxima do resultado, maior será a pena-base do individuo.
2.2.	Causas Excludentes da Conduta
	
	Quais são essas causas? Qual é o denominador comum para todas as teorias que vimos? Movimento humano consciente e voluntário. Então, no estudo das causas excludentes da conduta, vou partir deste denominador comum. Quais são as causas excludentes da conduta?
	a)	Caso fortuito ou força maior
	Por que excluem a conduta? Porque aqui vc deixa de ter um movimento humano voluntário, apesar de consciente. Caso fortuito e força maior excluem a voluntariedade do movimento e, se é assim, se é que tem movimento em alguns casos, não é conduta para nenhuma das teorias.
	b)	Coação física irresistível ou vis absoluta
	Falta o elemento volitivo = vontade. Exclui-se a conduta diante da coação física irresistível. Guardar isso para daqui a algumas aulas. Coação física irresistível exclui a conduta (exclui voluntariedade do movimento) ≠ Coação moral irresistível exclui a culpabilidade (exclui a liberdade do movimento). Uma coisa não se confunde com a outra. Cuidado
	c)	Estado de inconsciência
	Trata-se da ausência de consciência!!! Hipótese em que o aparelho cerebral não esta funcionando corretamente. A doutrina dá como exemplo sonambulismo e hipnose. Se vc é um sonâmbulo e mata alguém, não é conduta. O seu movimento não foi voluntário. De igual forma, na hipnose.
Obs: alguns autores defendem a embriaguez letárgica. Contudo, somente a embriaguez acidental é excludente da responsabilidade penal. 
	d)	Atos reflexos
	São atos corpóreos sem que haja uma vontade. Vc tomou um susto e deu um soco em alguém. Tomou um choque e deu um tiro. 
Mas, cuidado com atos reflexos propositais. Como assim? Há pessoas que propositadamente se colocam em situação de ato reflexo para praticar um crime. A pessoa segura a arma, coloca o pé na tomada para apertar o gatilho. Ato reflexo preordenado é conduta, é crime!
2.3.	Espécies de Conduta
A conduta pode ser dolosa ou culposa.
A conduta pode ser comissiva ou omissiva.
	O tema “dolo” e “culpa” está umbilicalmente ligado à voluntariedade do crime. 
	a)	Conduta DOLOSA - DOLO
PREVISÃO LEGAL
	Art. 18, I, do CP:
		“Art. 18 - Diz-se o crime: 
		Crime doloso 
		I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;”
CONCEITO de dolo 
	(Caiu MP/MR): Qual é o conceito de dolo? No seu livro está assim: 
	“Dolo é a vontade livre e consciente dirigida a realizar ou aceitar realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador.” 
	Isso está no livro de doutrina, só que o examinador deu como errada essa resposta. O que está errado aí? Dizer isso está errado por causa da palavra “livre”. Se o dolo é ou não “livre”, isso é matéria de culpabilidade. A liberdade do movimento é matéria da culpabilidade! Para a conduta, basta que o movimento humano seja voluntário, isto é, vontade consciente. Se foi livre ou não, isso é matéria da culpabilidade, não pertence ao dolo. Olha que importante: Se há comportamento humano voluntário, tipicamente dirigido a um fim, já há conduta. Agora, se é movimento humano voluntário, mas não livre, vc tem uma conduta não culpável. Reparem que é matéria da culpabilidade. A liberdade não é elemento do dolo. Então, o erro é colocar como “livre” o dolo. O fato de ser livre ou não ser livre exclui a culpabilidade. Entenderam como o examinador corrigiu isso? 
	Agora, fica fácil analisar quais são os elementos do dolo:
ELEMENTOS do dolo
	Se eu falei que dolo é a vontade consciente (e o fato de ser livre ou não ser livre não pertence ao dolo), vc consegue enxergar no dolo, apenas dois elementos. Quem acha que o dolo é vontade livre e consciente, tem que dar ao dolo três elementos: consciência, vontade e liberdade. Mas ele tem dois apenas: o elemento intelectivo e o elemento volitivo.
Elemento intelectivo: é a consciência
Elemento volitivo: vontade
	É mais uma prova de que o fato de ser livre ou não ser livre não pertence ao dolo, tanto que a liberdade não é seu elemento.
	“Dolo não se confunde com desejo. No dolo, o agente quer o resultado delitivo como consequência de sua própria conduta. No desejo, quer-se o resultado delitivo como consequência de conduta alheia (ou exemplo alheio)”.
	Então, se eu te dou um tiro, quero te matar, isso é dolo. Mas se eu fico torcendo para você ser morto na rua, isso é desejo e não dolo.
	Pergunta da 2ª fase do MP/MG: Diferença de desejo e dolo.
	Vimos a previsão legal da culpa dolosa, o conceito de crime doloso e os elementos do crime doloso. Vamos analisar agora as teorias do dolo:
TEORIAS do dolo:
	1)	Teoria da Vontade – Essa teoria diz que dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal. 
	2)	Teoria da Representação – Para essa teoria, ocorre dolo toda vez que o agente, prevendo o resultado como possível, continua a sua conduta ( decide pela continuidade de sua conduta). Qual é a crítica? Essa teoria mistura dolo eventual com culpa consciente. Aqui não há diferença entre dolo eventual e culpa consciente. A antevisão do resultado leva á responsabilização do agente a título de dolo. Vcs vão estudar isso depois.
	3)	Teoria do consentimento ou assentimento – ela, na verdade é um corretivo da segunda teoria. Ela repete à segunda, mas corrige. Se eu falei que ela repete, o que é dolo para ela? “Ocorre dolo toda vez que o agente, prevendo o resultado como possível, decide prosseguir com a conduta.” até agora mudou alguma coisa? Não. Mas ela corrige: “decide prosseguir com sua conduta, assumindo o risco de produzi-la.” Pronto. Com essa observação, não corre o risco de abranger a culpa consciente.
	Vale dizer, que atua com dolo aquele que, antevendo como possível o resultado lesivo com a prática de sua conduta, mesmo não o querendo de forma direta, não se importa com sua ocorrência, assumindo o risco de vir a produzi-lo. Aqui o agente não quer o resultado diretamente, mas o entende como possível e o ACEITA.
	Qual das três teorias o Brasil adotou? 
	A maioria da doutrina diz que o Brasil adotou a teoria da vontade no dolo direto e a teoria do consentimento ou do assentimento no dolo eventual. Quer ver a prova disso?
		“Art. 18 - Diz-se o crime: 
		Crime doloso 
		I - doloso, quando o agente quis o resultado (essa é a teoria da vontade – dolo direto) ou assumiu o risco de produzi-lo (essa é a teoria do consentimento – dolo eventual);”
	O Brasil, então, adotou duas teorias. 
	Olha só o que despenca em concurso: 
ESPÉCIES de dolo:
	1)	Dolo direto ou determinado – ocorre quando o agente prevê determinado resultado, dirigindo sua conduta na busca de realizar esse mesmo resultado. Ele prevê o homicídio e busca realizar o homicídio, dirigindo sua conduta nesse sentido. Isso é dolo direto ou determinado. O agente quer efetivamente, cometer a conduta descrita no tipo, conforme preceitua a primeira parte do art. 18 do CP. É o dolo por excelência.
	
	2) Dolo EVENTUAL – “o agente prevê pluralidade de resultados, porém dirige sua conduta na realização de um deles, aceitando produzir o outro.” Olha a diferença! Presta atenção nisso. Exemplo: Marcio dispara sua arma de fogo em cima de Flávia com intenção de apenas feri-la. Mas previu que poderia matá-la tb, assumindo o risco de matá-la. Ele dirige sua conduta à lesão corporal ( quer apenas ferir Flávia).. Contudo, se ocorrer o risco de morte dela, ele arca, ou seja, assume o risco da morte, assume o risco de produzir o homicídio. 
Vejam a diferença do dolo alternativo para o dolo eventual, espécies de dolo indireto e indeterminado: No dolo alternativo existe a mesma intensidade de vontade: o João queria
tanto matar quanto ferir – 100% de vontade. No dolo eventual não: Márcio quer 100% ferir. Essa é a vontade dele. Mas se ele matar Flávia, ele aceita esse risco de 50%. Então, no dolo eventual, há diferentes intensidades de vontade. Os dois são espécies de dolo indireto e indeterminado, mas eu não tenho um resultado certo.
.
	3)	Dolo de primeiro grau – Nada mais é do que o dolo direto. 
	4)	Dolo de segundo grau (ou necessário) – “Neste dolo, o agente produz resultado paralelo ao visado, pois necessário à realização deste.” 
	Para o dolo de segundo grau, eu quero o resultado A, mas para alcançar o resultado A, eu tenho que passar pelo resultado B. Olha o exemplo (de Rogério Greco): Eu quero matar meu desafeto que está no avião. Eu coloco uma bomba no avião que, ao explodir, vai matar meu desafeto e todo mundo que estiver lá dentro. Com relação ao meu desafeto, agi com dolo de primeiro grau; com relação aos demais passageiros, eu agi com dolo de segundo grau. A morte dos demais passageiros é o resultado paralelo necessário para eu alcançar a minha primeira necessidade, que é a morte do meu desafeto. 
Por que dolo de segundo grau não se confunde com dolo eventual? No dolo de segundo grau, o resultado paralelo é certo e necessário. A morte dos demais é certa e imprescindível. Com relação a eles, eu agi com dolo de segundo grau. Já no dolo eventual, o resultado paralelo é incerto, eventual, possível, desnecessário. Por exemplo, a morte é possível, desnecessária ao fim almejado. Quando se coloca uma bomba no avião, a morte dos demais passageiros é certa e, sem ela, não se consegue alcançar o principal resultado.
 
Pergunta de concurso: “Doente mental tem dolo?” 
	Vamos anotar essa observação: “O doente mental tem consciência e vontade dentro do seu precário mundo valorativo. Isto, é, tem dolo.” 
	Se perguntarem em concurso se doente mental tem dolo, a resposta é: tem. Quem me dá a prova de que o Brasil concorda com isso? Se o doente mental não tivesse dolo, a inimputabilidade não era excludente da culpabilidade, seria excludente do fato típico. A prova que o Brasil concorda: no Brasil a inimputabilidade é causa excludente da culpabilidade. Se doente mental não tivesse dolo, a inimputabilidade excluiria o fato típico. É a maior prova de que o Brasil concorda com isso. O fato que ele praticou continua típico, continua ilícito e mais, ele sofre até sanção penal na espécie medida de segurança.
	
OBS: Se o tipo penal não traz a finalidade especial do agente, normalmente indicada pela expressão “com o fim de”, vc diz: dolo. 
Se o tipo penal, além do dolo, traz a finalidade especial do agente, indicada pela expressão “com o fim de” vc vai dizer que é um dolo acrescido de elementos subjetivos do tipo (não fala mais em dolo específico).
b)	Conduta CULPOSA – Crime CULPOSO
PREVISÃO LEGAL
	Art. 18, II, do CP:
		“Art. 18 - Diz-se o crime: 
		Crime culposo 
	II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.” 
CONCEITO de crime culposo 
	Ele não é tão simples quanto o dolo.
	“Crime culposo consiste numa conduta voluntária (ação ou omissão) que realiza um fato ilícito não querido ou aceito pelo agente, mas que foi por ele previsto (culpa consciente) ou lhe era previsível (culpa inconsciente) e que podia ser evitado se o agente atuasse com o devido cuidado.”
	O art. 33, II, do Código Penal Militar traz um megaconceito de crime culposo e vocês vão apenas reproduzir, sem falar que estão extraindo de lá. O examinador vai imaginar que o conceito é seu.
“Art. 33. Diz-se o crime: II - culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, ou diligência ordinária, ou especial, a que estava obrigado em face das circunstâncias, não prevê o resultado que podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente que não se realizaria ou que poderia evitá-lo.” 
	É um conceito completo, aplaudido pela doutrina.
OBS: Nos delitos culposos, ao contrário dos dolosos, o agente não quer produzir resultado ilícito algum!!!! Sua conduta é geralmente dirigida a um fim lícito, mas que, por infringência a um dever objetivo de cuidado, o agente dá causa a um resultado previsível, mas não previsto por ele (culpa inconsciente), ou, se previsto (culpa consciente), pelo menos não consentido. 
ELEMENTOS do crime culposo – são seis elementos:
	Qual é o primeiro elemento de um crime? Pouco importa se doloso, se culposo... É a conduta humana!!!!. Meus queridos alunos, vcs não podem esquecer que não há crime sem conduta. Então, elementos do crime culposo:
	1.	Conduta – todo crime tem isso.
	2.	Violação de um dever de cuidado objetivo – esse segundo elemento do crime culposo é o que mais cai. Aqui o agente atua em desacordo com o que esperado pela lei e pela sociedade. Quando você diz isso, quais são as formas de violação? A doutrina chama de modalidades da culpa. Quando a doutrina fala nisso, ela, na verdade, quer dizer: quais são as formas de você violar um dever de objetivo de cuidado? Quais são? 
Resposta: Negligência; imprudência; imperícia. O agente pode violar um dever de cuidado objetivo sendo imprudente, sendo negligente e sendo imperito. O que significa cada uma dessas coisas?
Imprudência – Seria a conduta positiva praticada pelo agente que, por não observar seu dever de cuidado, causasse o resultado lesivo que lhe era previsível. Ex: motorista que imprime velocidade excessiva em seu veiculo; que desrespeita sinal vermelho em cruzamento. A imprudência é, portanto, um fazer alguma coisa.
Negligência – ausência de precaução – ao contrário da imprudência, é um deixar de fazer aquilo que a diligência normal impunha. Ex: caso do motorista que não conserta os freios já gastos do seu automóvel; ou do pai que deixa a arma de fogo ao alcance dos filhos menores.
Imperícia – quando ocorre uma inaptidão, momentânea ou não, do agente para o exercício da arte, profissão ou ofício. Diz-se que a imperícia está ligada basicamente à atividade profissional do agente. Ex; um cirurgião plástico pode praticar atos que, naquela situação específica, conduzam a imperícia. Contudo, não querermos dizer que a aquele profissional é imperito, mas sim, que, naquele caso concreto atuou com imperícia.
	Observação importante: concursos como o MP/RS, MP/SC, MP/SP, na segunda fase o candidato tem que realizar uma peça prática. Por exemplo, confeccionar uma denúncia. Se o seu crime é culposo, não adianta dizer que houve culpa. Além de dizer que houve culpa, tem que anotar qual a modalidade de culpa presente, e mais, descrever no que consistiu. Do contrário, sua denúncia é inepta.	
Exemplos:
Fulano matou culposamente Beltrano – sua denúncia é inepta.
Fulano com imprudência matou culposamente Beltrano – sua denúncia é inepta.
Fulano mediante inépcia, consistente em (..), matou culposamente Beltrano – sua denúncia está apta. É necessário dizer no que consistiu.
	Olha que importante: Fulano de tal, desrespeitando a placa “pare”, nisso consistindo a sua imprudência, matou Cicrano. A denúncia do crime culposo é uma das denúncias mais técnicas que tem. 
	Vocês conseguem perceber a diferença da negligência e imperícia na prática? Quem dirigiu e ultrapassou o sinal vermelho foi negligente ou imprudente? É sensível a diferença. Descobri que a imprudência e a imperícia não deixam de configurar uma negligência, porém em sentido estrito. Tudo tem negligência. Se vc é imprudente é porque vc age sem precaução. Se vc é imperito, vc age com negligência. Se vc está na dúvida, coloca negligência na prova. A imprudência e a imperícia são antecedidas de negligência. Se vc na prova, tiver dificuldade de identificar a modalidade de culpa, coloca negligência. A negligência é o gênero da qual a imperícia e a imprudência são espécies. 
	
3.	Resultado lesivo não querido, tampouco assumido,
pelo agente – Não há crime culposo sem resultado naturalístico. Que conclusão vcs podem extrair quando eu digo que não há crime culposo sem resultado naturalístico? Que todo crime culposo é crime: material, formal ou de mera conduta? Vamos estudar esses tipos de crimes:
Crime material – Aqui, o tipo penal descreve conduta + resultado naturalístico. O resultado naturalístico é indispensável para a consumação.
Crime formal – Aqui, o tipo penal descreve conduta + resultado naturalístico. A diferença é que no formal, o resultado naturalístico é dispensável, ocorrendo mero exaurimento. Por quê? Porque esse crime se consuma no momento da conduta, com a simples prática da conduta. Por isso é chamado de crime de consumação antecipada. Ele tem resultado naturalístico? Tem. Mas é dispensável. Ele já está consumado com a simples conduta. Por exemplo? Extorsão, extorsão mediante sequestro, concussão, crimes contra a honra.
Crime de mera conduta – Aqui, o tipo penal descreve uma mera conduta. Não tem resultado naturalístico. Por exemplo, violação de domicílio, omissão de socorro, etc.
	Se vocês compreenderam isso, presta atenção: eu comentei que o crime culposo tem como elemento o resultado naturalístico. Não existe crime culposo sem isso. Se é indispensável para o crime culposo o resultado naturalístico, qual é o crime em que o resultado naturalístico é indispensável? O crime material. Então vocês vão ver que todo crime culposo é, necessariamente, material. 
Embora o agente tenha deixado de observar o seu dever de cuidado, praticando por exemplo, uma conduta extremamente imprudente, pode haver situações em que seu comportamento não cause danos aos bens juridicamente tutelados pelo Direito Penal. Em casos tais, o agente não responderá pela prática de um delito culposo, uma vez que, para que reste caracterizada esta espécie de crime, é preciso que ocorra um resultado naturalístico, ou seja, aquele no qual haja uma modificação no mundo exterior. Essa exigência vem expressa no inciso II do art. 18 do CP, que diz ser o crime culposo quando o agente deu causa ao RESULTADO por imprudência, negligência ou imperícia.
Se por exemplo, um agente de forma imprudente coloca o vaso de flores no parapeito de sua janela do 29º andar, se este não vier a cair e, por conseguinte, não causar lesão em ninguém, crime culposo algum poderá a ele ser atribuído; da mesma forma aquele que avança um sinal de transito e tb não causa lesão a a outrem, não poderá ser responsabilizado por um crime culposo.	
Exceção: Tem mais de uma, mas vou falar só de uma. Eu quero um crime culposo que não seja material e que dispense o resultado naturalístico. Ele se consuma com a mera conduta. Alguém sabe? Art. 38, da Lei de Drogas (Lei 11.343/06).
		“Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa.”
	O médico receita uma droga em dose excessiva. O crime se consuma na hora da prescrição. Dispensa resultado naturalístico. O médico receitou a dose errada ou de forma excessiva? O crime já está consumado na hora que o paciente segura a receita. Dispensa o paciente fazer uso da droga. Esta observação só vocês vão ter:
	“O art. 38, da Lei 11.343/06 é uma exceção, punindo a culpa sem resultado naturalístico.”
	A culpa, além da conduta, da violação de um dever de cuidado objetivo e resultado, a culpa tem um quarto elemento:
	4.	Nexo causal entre a conduta e o resultado – A sua conduta negligente tem que ser a causa do resultado, isso é, iremos verificar se a conduta do agente que deixa de observar seu dever de cuidado foi causa ou não do resultado.
	
	5.	Previsibilidade – O resultado deve estar abrangido pela previsibilidade do agente, isto é, pela possibilidade de conhecer o perigo. Não se confunde com previsão. Isso é importante! Previsibilidade é potencialidade, possibilidade de conhecimento do perigo. Já a previsão, vc conhece o perigo. 
Diz-se que no crime culposo, o agente não prevê aquilo que lhe era previsível. Essa afirmativa, como veremos adiante, presta-se tão somente para os delitos que houver a culpa inconsciente ou comum, uma vez que na culpa consciente o agente prevê o resultado, mas, SINCERAMENTE, não acredita na sua ocorrência.
	
Pergunta de concurso: “Qual é a espécie de crime culposo que não tem esse elemento da previsibilidade?” tem uma espécie de crime culposo que tem conduta, violação de um dever de cuidado objetivo, resultado, nexo, mas não tem a previsibilidade? A culpa consciente não tem previsibilidade. A culpa consciente tem previsão. A culpa consciente, mais do que previsibilidade, tem previsão, mais do que a mera possibilidade de conhecer o perigo ele efetivamente conhece o perigo.
Se o fato escapar totalmente a previsibilidade do agente, o resultado não lhe poderá ser atribuído, mas sim ao caso fortuito ou força maior. “Quem não pode prever não tem a seu cargo o dever de cuidado e não pode violá-lo.” Previsível é o fato cuja possível superveniência não escapa à perspicácia comum. Por outras palavras: quando a previsão do seu advento, no caso concreto, podia ser exigida do homem normal, do homo medius, do tipo comum de sensibilidade ético-social.
A previsibilidade pode ser objetiva ou subjetiva. A objetiva seria aquela em que o agente, no caso concreto, dever ser substituído pelo chamado “homem médio, de prudência normal.” Exemplificando: Marcus ao dirigir seu veiculo em velocidade excessiva próximo a uma escola, no horário da saída dos alunos, atropelou um dos estudantes e causou-lhe a morte. Nesse exemplo estão previstos os quatro primeiros elementos do crime culposo. Mas pergunto, e a previsibilidade? Previsibilidade no que diz respeito ao fato de que, naquele local e hora, muitas pessoas poderiam estar tentando efetuar a travessia da rua. Se substituirmos Marcus por um homem médio, de prudência normal, este ultimo teria tido uma conduta diferente daquele que fora realizada pelo agente. Logo, era previsível.
Na previsibilidade subjetiva, o que é levado em consideração são as condições particulares, pessoais do agente. Na previsibilidade subjetiva não existe essa substituição hipotética pelo homem médio para saber se o fato escapava ou não sua previsibilidade. Se pergunta nesse caso, o que era exigível do sujeito nas circunstâncias em que se viu envolvido? Um técnico em eletricidade pode prever com maior precisão do que um leigo o risco que implica um cabo solto. 
 
Para aqueles que entendem possível a aferição de previsibilidade subjetiva do agente, tais fatos poderão ser objeto de análise por ocasião do estudo da CULPABILIDADE, quando se perquirirá se era exigível do agente, nas circunstâncias que se encontrava agir de outro modo. 
	6.	Tipicidade – É o último elemento do crime culposo. Art. 18, § único, do CP:
	“Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.” 
	Isto é, no silêncio, o crime é punido a título de dolo. Quando o legislador quer punir a forma culposa, ele o faz expressamente.
Se te perguntassem: crime culposo ofende o princípio da legalidade (prova oral TRF 3ª Região)? Analisamos as normas penais em branco e os tipos abertos. A norma penal em branco depende de um complemento normativo, já os tipos abertos dependem de um complemento valorativo, que é dado pela doutrina e pelo juiz no caso concreto. O exemplo está aqui: o crime culposo é um exemplo de tipo aberto. Quem vai valorar e completar o tipo penal é o juiz analisando o caso concreto. 
Resposta: “O crime culposo, apesar de aberto (ação não determinada legalmente), não fere o
princípio da legalidade, pois contém um mínimo de determinação legal.”E segundo Munoz Conde: Isso não implica qq lesão ao princípio da legalidade, de vez que a própria natureza das coisas impede que se possam descrever com maior exatidão na lei todos os comportamentos negligentes suscetíveis de ocorrer ou realizar-se.
ESPÉCIES de crime culposo
	
	Eu vou começar pelas duas espécies famosas:
	1.	Culpa CONSCIENTE ou culpa COM PREVISÃO – O agente embora prevendo o resultado, acredita sinceramente na sua não-ocorrência, decidindo prosseguir com sua conduta, acreditando não ocorrer ou que pode evitá-lo com sua habilidade. (Diferente do dolo eventual, embora o agente não queira diretamente o resultado, assume o risco de vir a produzi-lo.)
	
	2.	Culpa INCONSCIENTE ou culpa SEM PREVISÃO – O agente não prevê o resultado que, entretanto, lhe era inteiramente previsível. Mas existia a previsibilidade, ou seja, a possibilidade de prever.
	3.	Culpa PRÓPRIA ou PROPRIAMENTE DITA – Gênero do qual são espécies a culpa consciente e a culpa inconsciente. 
	4.	Culpa IMPRÓPRIA ou POR EXTENSÃO ou POR EQUIPARAÇÃO ou POR ASSIMILAÇÃO – VEREMOS NA AULA SOBRE ERRO DE TIPO!!!!! Fala-se em culpa imprópria nas hipóteses das chamadas descriminantes putativas (ERRO VENCÌVEL) em que o agente, em virtude de erro evitável pelas circunstâncias, dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um crime culposo. É na segunda parte do art. 20, § 1ºdo CP que reside a culpa imprópria.
 Exemplo: Tício está dentro de um carro preso no engarrafamento, atravessa à rua o Pedro que parece um marginal ( roupas sujas, de chinelo e boné) e este vem na minha direção, e coloca a mão no bolso. Eu penso que vai me matar. Tiro a minha arma primeiro e dou um tiro. Mas na verdade Pedro só foi pegar um cigarro no bolso, e atravessar entre os carros. Tício atirou para matar? A vontade dele era que Pedro morresse ou não? Sim. Ele cai e morre. Depois de termos chagado essa conclusão, devemos nos fazer mais uma indagação: o erro de tício era evitável ou inevitável? Se inevitável, Tício ficará isento de pena; se evitável, deverá responder pelo crime cometido à título de culpa.
Nesse caso, o art. 20, § 1º, diz o seguinte: Tício que imaginava estar agindo em legítima defesa, uma legitima defesa fantasiada, putativa, responderá à titulo culposo e não doloso.
		“§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.” 
	
	Eu dei o tiro para matar. A minha vontade era matar. Mas vou ser punido a título de culpa. Na verdade é uma culpa punindo um crime doloso. Por isso é chamada de culpa imprópria porque é uma culpa apenas por razões de política criminal.
	“Culpa imprópria é aquela em que o agente, por erro, fantasia situação de fato, supondo estar acobertado por causa excludente da ilicitude (caso de descriminante putativa) e, em razão disso, provoca intencionalmente o resultado ilícito, evitável. Apesar de a ação ser dolosa, o agente responde por culpa por razões de política criminal.”
	Em apertada síntese, é o art. 20, § 1º, 2ª parte. 
	Existe no direito penal compensação de culpa? O agente foi negligente e a vítima também. Nesse caso, cabe compensação de culpa, como acontece no direito civil? No direito penal, não. A culpa concorrente da vítima não exclui a responsabilidade do agente, não se compensa culpa no direito penal, mas a culpa concorrente pode atenuar a responsabilidade penal do agente (art. 59, do Código Penal):
	“Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:” 
	Então, vejam que comportamento da vítima pode influenciar na fixação da pena-base.
OBS: NÃO SE COGITA, NÃO SE PREPARA E NÃO SE EXECUTA UM CRIME CULPOSO, MAS TÃO SOMENTE UM DELITO DOLOSO!!!POR ISSO NÃO CABE TENTATIVA NO CRIME CULPOSO. Salvo, aceita por uma parte da doutrina, a possibilidade de tentativa nos crimes culposos, quando da ocorrência da culpa imprópria.
	Vimos o crime doloso, o crime culposo, agora vamos ao preterdoloso.
CONCEITO de crime preterdoloso 
	O crime preterdoloso é espécie de crime agravado pelo resultado. Temos que lembrar disso. O crime pode ser agravado pelo resultado de quatro maneiras, segundo a doutrina:
Crime doloso agravado dolosamente
Crime culposo agravado pela culpa
Crime culposo agravado pelo dolo
Crime doloso agravado culposamente
		
	Eu falei que o preterdoloso é uma espécie. Eu ainda não disse qual. 
OBS: Exemplo de um crime doloso agravado dolosamente: Latrocínio. Você que acha que latrocínio é só preterdoloso, não é não!!!!
Exemplo de crime culposamente agravado culposamente? Incêndio culposo. Ele é agravado se ocorre morte culposa de alguém. 
Crime culposo agravado dolosamente: Homicídio culposo no Código de Trânsito Brasileiro, agravado dolosamente pela omissão de socorro. 
Exemplo de um crime doloso agravado culposamente? Lesão corporal seguida de morte, latrocínio também pode ser um exemplo. Somente esta quarta espécie, de crime agravado pelo resultado é que é chamado de preterdolo ou preterdoloso. Por quê? É um misto de dolo na conduta e culpa no resultado.
	Preterdolo = dolo na conduta e culpa no resultado. 
	Depois que eu dei a previsão legal de dolo e o conceito de dolo, eu, em seguida expliquei o quê? Os elementos do dolo. Depois que eu dei a previsão da culpa e o conceito da culpa, eu dei o quê? A doutrina dá a previsão e o conceito de preterdolo, mas omite os elementos. Só o seu caderno vai ter isso:
ELEMENTOS de crime preterdoloso 
	Quais são os elementos do preterdolo? São três:
Conduta dolos	a visando determinado resultado
Provocação de resultado culposo mais grave do que o desejado
Nexo causal entre conduta e resultado
	Não tem como errar. Exemplo clássico: lesão corporal seguida de morte. Conduta dolosa visando determinado resultado: lesão corporal. Provocação de resultado mais grave do que o desejado: morte. Tem nexo causal? Sim. 
	Vejam bem: o resultado mais grave do que o desejado tem que ser a título de culpa. Não pode ser fruto de caso fortuito ou força maior.
Maricotão está numa boate. Ele quer brigar com alguém. Dá um soco no Pedro. Pedro bate com a cabeça na quina e morre. Maricotão responde pelo quê? Ele deu um soco querendo a lesão. Ocorreu a morte, resultado mais grave do que eu queria. Esse resultado pode ser imputado a Maricotão a título de culpa? Era possível prever o perigo daquela conduta? Sim (a boate estava cheia de gente e cheia de mesas). Se era previsível, existe culpa e eu vou responder por lesão corporal seguida de morte. 
	Obs.: Se algum aluno questionar esse exemplo, dizendo que não dá para concluir com tanta segurança que era previsível, já que ninguém pode imaginar que de um soco, o cara vai bater a cabeça na quina da mesa e morrer. Vejam que vocês não podem confundir previsibilidade com previsão. Previsão é pensar que o outro vai bater a cabeça e morrer. Previsibilidade é: quem dá um soco numa boate, lotada de mesas em volta, pode não ter previsto, mas era possível prever que isso fosse acontecer. 
Luta marcial. O sujeito leva um chute e morre porque em decorrência do chute, bateu com a cabeça em um prego que havia no tatame. Era previsível que num tatame houvesse um prego? Não. Então o que bateu vai responder somente pela lesão. Essa morte não pode ser imputada a ele a título de culpa. Se foi culposa, lesão seguida de morte. Se não, responde só por lesão.
Flávio discute com Bruna

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando