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POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (PRF) Noções de Direito Processual Penal Prof. Guilherme Rittel CPP – INQUÉRITO POLICIAL Histórico do inquérito policial: • Não havia previsão nas Ordenações Filipinas (havia uma mistura da função judiciária com a função policial); • CPP do Império (1832): Não previa formalmente o IP; • Lei 2033 de 1871 e Regulamento 4824 de 1871: nascimento do IP no Brasil; • CPP de 1941 (atual): manutenção do IP. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Conceito do IP: Trata-se de um procedimento administrativo, com natureza inquisitiva, cuja presidência está a cargo da autoridade policial (Delegado), sendo composto por uma série de atos/diligências (vide art. 6.º, CPP), cuja finalidade é apurar a materialidade e a autoria do delito (também estará correto se mencionarem as circunstâncias). CPP – INQUÉRITO POLICIAL Fundamentos: • Constituição Federal: Art. 5º, XII; Art. 129, VIII; Art. 144, 1º, IV e 4º; • Código de Processo Penal: Arts. 4º ao art. 23 e art. 28. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Grau de cognição: Existem 3 diferentes níveis de cognição: a) juízo de possibilidade; b) juízo de probabilidade; c) juízo de certeza. a. Para iniciar um inquérito policial, basta um juízo de possibilidade; b. Para iniciar uma ação penal, é necessário um juízo de probabilidade; c. Para eventual condenação, é preciso um juízo de certeza. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Arts. 4.º a 23 do CPP. Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. CPP – INQUÉRITO POLICIAL A persecução penal é dever do Estado, logo cabe a ele a apuração e esclarecimento dos fatos e suas circunstâncias. Art. 144 da CF: Polícia Judiciária competência para investigação da existência de crimes comuns e da sua autoria. CUIDADO: Não se trata de poder/dever exclusivo ou privativo da polícia. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Função do IP: 1) Materialidade; 2) Autoria. Trata-se de procedimento de natureza administrativa, uma fase pré-processual. Destina-se à formação de convencimento do responsável pela acusação. CPP – INQUÉRITO POLICIAL • O convencimento do responsável pela acusação pode ocorrer também por meio de outras atividades em processos administrativos ou até por juntada de documentação obtida de forma lícita pelo particular (peças de informações). • Logo, o IP não é indispensável!! CPP – INQUÉRITO POLICIAL Há contraditório e ampla defesa no âmbito do IP? Divergência doutrinária. Prevalece o entendimento de que não! CPP – INQUÉRITO POLICIAL • O esclarecimento das infrações penais, como regra, cabe à Polícia Judiciária e, como exceção, às autoridades administrativas. • Polícia judiciária: • a) Âmbito Estadual: Polícia Civil; • b) Âmbito Federal: Polícia Federal. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Em se tratando de ação penal pública, o IP deve ser iniciado: a)De ofício (pela autoridade policial: delegado de polícia estadual ou federal). Esta hipótese ocorre quando o delegado tem conhecimento da prática de uma infração penal, que pode ser pessoal ou comunicada por meio de uma notitia criminis, por qualquer um do povo (pode ser apócrifa? STF diz que não salvo se o doc. foi produzido pelo acusado ou constitui o próprio corpo de delito). CPP – INQUÉRITO POLICIAL Com relação à delação anônima, o entendimento majoritário é de que não é possível a instauração de IP com base unicamente nesta prova. Mas deve ensejar diligências informais. Art. 5.º, 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. CPP – INQUÉRITO POLICIAL b) mediante requisição da autoridade judiciária (juiz) ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. Requisitos do requerimento: Art. 5.º, 1: a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Se o Delegado indeferir o requerimento de reabertura do IP, cabe recurso ao Chefe de Polícia (art. 5.º, 2.º). Nada impede que o particular encaminhe os documentos diretamente para o MP (que pode requisitar). Se a ação penal for pública condicionada, o IP não poderá ser iniciado sem representação (art. 5.º, 4.º). Já na ação penal privada, o delegado só pode proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la (art. 5.º, 5.º). CPP – INQUÉRITO POLICIAL Resumindo, são formas de instauração de IP: a)Portaria da Autoridade Policial; b)Auto de Prisão em Flagrante; c)Requerimento do Ofendido; d)Representação do Ofendido; e)Requisição Judicial ou Ministerial. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Procedimento: Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; CPP – INQUÉRITO POLICIAL Procedimento: III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV - ouvir o ofendido; V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; CPP – INQUÉRITO POLICIAL Procedimento: VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes (Ver Lei nº 12.037/2009); CPP – INQUÉRITO POLICIAL Procedimento: IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. CUIDADO: Mandados de busca e apreensão de coisas e/ou pessoas, interceptações telefônicas etc. precisam de autorização judicial. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Procedimento: Hipótese de reconstituição dos fatos: Art. 7.º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.CPP – INQUÉRITO POLICIAL Procedimento escrito (art. 9.º): Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Prazo (art. 10): JUSTIÇA ESTADUAL: a)Indiciado preso (flagrante ou preventiva): 10 dias; b) Indiciado solto: 30 dias. JUSTIÇA FEDERAL (L. 5.010/1966): a) 15 dias (preso), prorrogáveis por mais 15 dias; b) 30 dias (solto) LEI DE DROGAS (L. 11.343/2006): a) 30 dias (preso); b) 90 dias (solto). CPP – INQUÉRITO POLICIAL Prazo (art. 10): Em se tratando de indiciado solto, é possível a prorrogação, na forma do art. 10, 3.º: “Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz”. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Discussão acerca da constitucionalidade do art. 156, I: Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; CPP – INQUÉRITO POLICIAL Ao término do IP: 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Quando do encerramento: Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito. Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. CPP – INQUÉRITO POLICIAL O delegado deve: I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos; II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; IV - representar acerca da prisão preventiva. CPP – INQUÉRITO POLICIAL “Mini” Contraditório (art. 14): O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. Do indeferimento, cabe recurso ao Chefe de Polícia. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Curador (art. 15): “Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial”. O menor é aquele com idade entre 18 e 21 anos!! Há discussão acerca da revogação tácita ou não deste artigo, com o Novo Código Civil. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Com relação ao MP, este não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia (art. 16). Arquivamento: A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito (art. 17). Nem o MP (Quem arquiva é o juiz!). No máx., arquiva BOs que versam sobre fatos atípicos. Ler art. 28 do CPP. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Caso seja arquivado pela autoridade judiciária: Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. Ver Súmula 524, STF: “Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas”. Cuidado, devem ser provas substancialmente novas. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Inquérito policial em crime de ação penal privada: Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Inquérito policial é sigiloso (não secreto): Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Incomunicabilidade do preso (inconst.?): Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. (Ver art. 5.º, LXII e LXIII, CF e art. 136, 3º, CF). CPP – INQUÉRITO POLICIAL Questão: quem deve presidir o IP? LEI 12.830/2013: Essa Lei dispôs sobre a Investigação Criminal Conduzida pelo Delegado de Polícia. Disciplinou no art. 2º, §1º que o delegado de polícia é a autoridade policial e que lhe cabe a condução da investigação criminal por meio do inquérito policial ou outro procedimento previsto em Lei. ADI 5043, com pedido de Liminar: - PGR: Segundo a PGR, o art. 2º, parágrafo §1º, da lei induz a interpretação de que a condução de qualquer procedimento investigatório de natureza criminal será atribuição exclusiva da autoridade policial. Essa norma afrontaria o art. 129, VI, da CF (informações do site do STF) CPP – INQUÉRITO POLICIAL ATRIBUIÇÃO PARA O INQUÉRITO POLICIAL: Depende do Crime Praticado: Crime Militar de Competência da Justiça Militar da União: - Forças Armadas: Oficial encarregado IPM Crime Militar de Competência da Justiça Militar Estadual: PM-Bombeiros: Oficial encarregado IPM Crime Eleitoral: Polícia Federal Observação: O TSE, nas localidades em que não há Polícia Federal, permite que os crimes eleitorais possam ser investigados pela Polícia Civil. CPP – INQUÉRITO POLICIAL ATRIBUIÇÃO PARA O INQUÉRITO POLICIAL: Crime Federal: Polícia Federal Crime Comum de Competência da Justiça Estadual: Polícia Civil e Federal Observação: A Polícia Federal investigará crime comum da Justiça Estadual, desde que tenha repercussão interestadual ou internacional que exija repercussão uniforme. Observação II: Não impede que os órgãos estaduais continuem investigando os delitos. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Termo Circunstanciado: Procedimento investigatório de infrações de menor potencial ofensivo. Infração de Menor Potencial Ofensivo: são as contravenções penais e crimes com pena máxima não superior a dois anos, apenados ou não com multa. E sob enfoque processual penal, são submetidos (ou não) a procedimento especial, ressalvadas às hipóteses de violência doméstica e familiar contra a mulher. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Aspectos adicionais: 1) Indiciamento: Hoje há a lei 12.830/2013, que no seu art. 2.º, § 6.º, diz: “O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por atofundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.”; 2) Vício do Inquérito contamina o Processo? Eventuais vícios constantes no Inquérito Policial não contaminam de nulidade o processo a que der origem, salvo se tratando de provas ilícitas. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Aspectos adicionais: 3) A garantia da razoável duração do processo é aplicável ao processo judicial e ao Inquérito Policial (HC 96.666, STJ); 4) Não podem ser indiciados: Membros do MP, Magistrados; 5) Os titulares de Foro por Prerrogativa de Função não podem ser investigados nem indiciados sem previa autorização do Tribunal competente. 6) Em resumo, o IP tem natureza administrativa; é um procedimento escrito, de caráter inquisitivo, dispensável e sigiloso. CPP – INQUÉRITO POLICIAL Características: Inquisitivo; discricionário; escrito; sigiloso; obrigatório (sob a ótica policial, pois sob a ótica do Ministério Público é dispensável – visão mais comum em concursos); indisponível (delegado não pode arquivá-lo). Aplicação da lei penal no tempo e no espaço Com relação à aplicação da lei penal no espaço, prevalece o critério da territorialidade. As hipóteses de extraterritorialidade estão previstas no Código Penal. Só se aplica o processo penal brasileiro em sede de jurisdição brasileira. Aplicação da lei penal no tempo e no espaço Já com relação à aplicação da lei penal no tempo, estas devem ser aplicadas de imediato, desde a sua vigência, respeitando, no entanto, os atos praticados sob a égide da legislação anterior. (art. 2º) Ainda, admite-se a interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. (art. 3º) Processo, procedimento e relação jurídica processual CONCEITOS DE AÇÃO, PROCESSO E PROCEDIMENTO Ação: “A ação é um meio de provação de jurisdição”; Processo: “Instrumento por meio do qual se manifesta a jurisdição”; Procedimento: “Forma de desenvolvimento do processo, delimitando os caminhos a serem seguidos na apuração judicial do caso penal”. (PACELLI) AÇÃO PENAL CARACTERÍSTICAS: a) Autônoma: Surge com a ocorrência da infração penal, b) Abstrata: independe do resultado, c) Subjetiva: o titular do direito é especificado na própria legislação. Via de Regra é o MP, e excepcionalmente a própria vítima ou seu representante legal, d) Pública: a atividade provocada é de natureza pública, e) Instrumental: é o meio para se alcançar a efetividade do direito material. AÇÃO PENAL CONDIÇÕES DA AÇÃO a) Possibilidade Jurídica do Pedido: o pedido formulado deve ter amparo no ordenamento jurídico Ex. denúncia contra menor de 18 anos não tem possibilidade jurídica; b) Interesse de Agir: Necessidade, Adequação e Utilidade do Processo c) Legitimidade para Agir: Polo Ativo: Na ação penal pública é o MP/ Na ação penal privada é o ofendido ou seu representante legal Polo Passivo: provável autor do fato, com mais de 18 anos. AÇÃO PENAL CONDIÇÕES DA AÇÃO d) Justa Causa: É o lastro probatório mínimo sobre a materialidade e autoria do delito, indispensável para a existência do processo penal. A ausência de justa causa pode levar ao trancamento da ação penal, por meio de Habeas corpus. Observação: No caso de Drogas, é indispensável, no momento do ajuizamento da ação penal, o laudo preliminar de constatação da natureza da droga; Igualmente, laudo pericial nos crimes contra a propriedade imaterial. AÇÃO PENAL Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. Parágrafo único. (Revogado). AÇÃO PENAL CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS (de acordo com a titularidade da ação penal). a) AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA - INCONDICIONADA: é a regra, o MP não depende de qualquer autorização ou manifestação da vítima - CONDICIONADA: depende de uma condição específica (condição de procedibilidade) Representação ou Requisição do Ministro da Justiça. Porém, cabe exclusivamente ao MP o juízo de propositura da ação penal. AÇÃO PENAL REQUISITOS PARA “PETIÇÃO INICIAL” a) Exposição do Fato Criminoso, com todas as suas circunstâncias; b) Qualificação do Acusado; c) Classificação jurídica: é a tipificação penal que o acusado está incurso; d) Rol de testemunhas: Rito Comum Ordinário: 08 testemunhas, por fato; Rito Comum Sumário: 05 testemunhas, por fato; Rito Como Sumaríssimo: 03 testemunhas, por fato; AÇÃO PENAL e) Escrita no Vernáculo; f) Deve contar a assinatura; g) Procuração com Poderes Especiais: somente no caso de Queixa-Crime. - a menção ao fato criminoso é para livrar o advogado de eventual processo indenizatório. - a jurisprudência aceita a assinatura da parte na peça, ao invés de procuração com poderes especiais. AÇÃO PENAL Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá- lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante (querelado) e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. AÇÃO PENAL PRINCÍPIOS: AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA Princípios: a) PRINCÍPIO DA INÉRCIA DA JURISDIÇÃO: ao juiz não é dado iniciar um processo penal de ofício. Ele precisa ser provocado. Não temos mais o processo JUDICIALIFORME, em que o processo era iniciado através de uma portaria do juiz ou do próprio delegado (art. 26 CPP). AÇÃO PENAL PRINCÍPIOS: AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA Art. 129 CF. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; Art. 26 CPP. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial AÇÃO PENAL b) PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE / LEGALIDADE: presente as condições da ação, o MP está obrigado a oferecer a denúncia (art. 24 CPP). O oferecimento da denúncia pelo MP é atividade Vinculada. AÇÃO PENAL Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. AÇÃO PENAL Exceção à obrigatoriedade: Transação Penal (art. 76 da Lei 9099/95). c) PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE: significa que o MP não pode desistir da ação penal pública e nem do recurso que haja interposto.O MP até pode pedir a absolvição, mas não pode desistir do processo. Igualmente, não está o obrigado a interpor o recurso, mas se o fez, não poderá dele desistir. AÇÃO PENAL Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto. Exceção: SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO: art. 89 da Lei nº. 9.099/95 Cabe para qualquer delito com a pena MÍNIMA igual ou inferior a 1 ano. AÇÃO PENAL STF Súmula nº 696: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal. AÇÃO PENAL d) PRINCÍPIO DA DIVISIBILIDADE: O MP pode denunciar alguns corréus e prosseguir as investigações em relação ao outro. STJ, RESP 388473: “Não há nulidade no oferecimento da denúncia contra determinados agentes do crime, desmembrando-se o processo em relação ao suposto co-autor, a fim de se coligir elementos probatórios hábeis à sua denunciação”. AÇÃO PENAL e) PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA: A ação penal deve ser proposta apenas contra quem se imputa a prática da infração AÇÃO PENAL 1. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA INCONDICIONADA É a titularizada pelo Ministério Público, sendo a regra em nosso ordenamento jurIdico! Neste tipo de ação, não é necessária a manifestação da vítima, seu representante legal ou até de terceiros. Ex. art. 121, 155, 157, 180, crimes previstos no ECA, Estatuto do Idoso, na Lei de Falências AÇÃO PENAL 2. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA CONDICIONADA Também é titularizada pelo Ministério Público. Porém, depende de REPRESENTAÇÃO da vítima ou de seu REPRESENTANTE LEGAL. Ou, ainda, REQUISIÇÃO do Ministro da Justiça. Obs.: A representação ou a requisição do Ministro da Justiça não vinculam o MP. AÇÃO PENAL 2.1 AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO REPRESENTAÇÃO: É uma condição de procedibilidade para que se possa iniciar a persecução criminal; É a manifestação de vontade da vítima ou de seu representante legal no sentido de que tem interesse na persecução criminal. AÇÃO PENAL 2.1 AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO Ausência de rigor formal: pode ser apresentada verbalmente ou por escrito. O importante é que a vítima revele o interesse claro e inequívoco de ver processado o autor do fato: Ex.: Lesão Corporal Leve e Culposa. DESTINATÁRIO: Autoridade Policial, MP, Juiz AÇÃO PENAL 2.1 AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO PRAZO: 6 meses, do conhecimento da autoria da infração penal. - Prazo Decadencial (não se interrompe ou suspende) - É 6 meses e não 180 dias - Prazo de Natureza Penal: inclui-se o dia do início e exclui-se o dia do término. Ex: 11/01/2014 – 10/07/2014 AÇÃO PENAL 2.1 AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO LEGITIMIDADE: a) Pessoa com mais de 18 anos; b) Representante Legal (qualquer pessoa que seja responsável pela criança ou adolescente). Se houver colidência de interesses, deve ser nomeado curador especial; c) C.A.D.I: no caso de morte da vítima. AÇÃO PENAL 2.1 AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO RETRATAÇÃO: enquanto não oferecida a denúncia, a vítima pode retratar-se da representação. Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. AÇÃO PENAL 2.1 AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO LEI 11.340/06: Lei Maria da Penha - ADI 4424, ajuizada pela Procuradoria Geral da República, tendo como Relator o Min. Marco Aurélio. - O delito de lesão corporal no âmbito doméstico e familiar contra a mulher, independente da extensão da lesão, é perseguido mediante Ação Penal de Iniciativa Pública Incondicionada. - Não se aplica a Lei nº. 9.099/95. AÇÃO PENAL 2.2 AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA CONDICIONADA A REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA REQUISIÇÃO: Trata-se de ato de conveniência política, a cargo do Ministro da Justiça, autorizando a persecução criminal das infrações que a exigem (TAVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar R.Curso de Direito Processual Penal. 7 ed. Salvador: JusPodvim, 2012, p. 209) - É uma condição de procedibilidade. Ex.: Crimes contra a honra do Presidente da República ou Chefe de Estado Estrangeiro AÇÃO PENAL 2.2 AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA CONDICIONADA A REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA DESTINATÁRIO: Ministério Público (Procurador Geral da República). PRAZO: A requisição não tem prazo decadencial, mas o delito fica sujeito a prazo prescricional. RETRATAÇÃO: prevalece que não é cabível. (polêmica) AÇÃO PENAL 3. PRAZO DA AÇÃO PENAL Acusado preso: 5 dias Acusado solto: 15 dias. AÇÃO PENAL 4. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA - Tem previsão constitucional, no art. 5º, LIX, da CF/88. Só tem cabimento diante da INÉRCIA DO MP, nos crimes em que tenham VÍTIMA DETERMINADA. REQUISITOS: - Inércia do MP - Vítima Determinada AÇÃO PENAL 4. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Não há que se falar em decadência, renúncia, perdão ou perempção, pois a ação penal é pública. Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. AÇÃO PENAL 5. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA Querelante: autor Querelado: réu Queixa-crime: petição inicial acusatória AÇÃO PENAL 6. PRINCÍPIOS: Ação Penal de Iniciativa Privada a) PRINCÍPIO DA INÉRCIA DA JURISDIÇÃO: ao juiz não é dado iniciar um processo penal de ofício. Ele precisa ser provocado. b) PRINCÍPIO DA CONVENIÊNCIA OU OPORTUNIDADE: É facultada a vítima, mediante os critérios da oportunidade e conveniência, optar pelo oferecimento da queixa-crime. Se o ofendido não tem interesse em ofertar a queixa-crime, poderá fazê-lo. AÇÃO PENAL 6. PRINCÍPIOS: Ação Penal de Iniciativa Privada DECADÊNCIA: perda do direito de ação, por não ter exercido no prazo de 6 meses, contados após o conhecimento da autoria; RENÚNCIA: Prática de ato incompatível com a vontade de ver processado o autor da infração penal. - Pode ser Tácito ou Expresso - A renúncia é antes de ajuizar a queixa-crime - A Renúncia se estende a todos os autores do crime. AÇÃO PENAL 6. PRINCÍPIOS: Ação Penal de Iniciativa Privada Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. AÇÃO PENAL 6. PRINCÍPIOS: Ação Penal de Iniciativa Privada c) PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE: uma vez exercida a ação penal, o querelante poderá desistir dela, seja por meio do perdão ou perempção. Perdão e a Perempção: Acarreta a Extinção da Punibilidade.AÇÃO PENAL PERDÃO: Ato bilateral. Depende de aceitação. - Ocorre no curso da ação penal; - Perdão poderá ser tácito ou expresso ; - Perdão poderá ser extraprocessual ou processual; - Concedido o perdão nos autos, o querelado será intimado a dizer, no prazo de 3 dias se aceita. O silencio importará aceitação; - O perdão concedido a um dos querelados, a todos se estende, mas somente extingue a punibilidade daqueles que o aceitarem. AÇÃO PENAL Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. AÇÃO PENAL PEREMPÇÃO: É a desídia do querelante que exerceu o direito de ação. - É uma sanção processual pela inércia na condução da ação privada. AÇÃO PENAL HIPÓTESES: art. 60 CPP Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; AÇÃO PENAL HIPÓTESES: art. 60 CPP III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. AÇÃO PENAL d) PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE: O processo de um acusado obriga ao processo de todos. É a impossibilidade de se fracionar a persecução penal. Ou seja, de escolher pela punição de apenas um ou alguns dos supostos autores do fato, deixando os demais excluídos da imputação. O Ministério Público é o fiscal desse princípio. A doutrina majoritária entende que o MP não pode incluir na queixa-crime co-autores. Para tanto, o querelante deve ser intimado para incluí-los, sob pena de caracterização da renúncia. AÇÃO PENAL d) PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE: O processo de um acusado obriga ao processo de todos. Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. AÇÃO PENAL e) PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA: A ação penal deve ser proposta apenas contra quem se imputa a prática da infração AÇÃO PENAL 7. ESPÉCIES 7.1 Exclusivamente privada ou propriamente dita. É a ação exercida pela vítima ou seu representante legal. Na falta da vítima, ocorre a sucessão processual ao C.A.D.I. AÇÃO PENAL 7. ESPÉCIES 7.2 Personalíssima: o direito de ação será exercido apenas pela vítima. Não há sucessão processual. Um único crime: art. 236 CP Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento AÇÃO PENAL 7. ESPÉCIES Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. AÇÃO PENAL 8. PRAZO Deve ser ofertada a queixa-crime no prazo de 6 meses contados do conhecimento da autoria da infração, sob pena de decadência. AÇÃO PENAL 9. AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO - Em razão do exercício das funções. Legitimidade concorrente: Ofendido ou MP Funcionário Público por meio de Queixa Crime ou Representação ao MP. AÇÃO PENAL 9. AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO STF Súmula nº 714 - É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. AÇÃO PENAL 10. REJEIÇÃO DA PEÇA ACUSATÓRIA Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. Recurso: Crimes Comuns: RESE; Jecrim: Apelação. AÇÃO PENAL 11. RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA Não cabe recurso. É possível impetrar HC. Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído. AÇÃO PENAL 12. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE - Pode ser declarada de ofício pelo juiz - Requerimento do MP, Querelante ou do Réu: procedimento apartado - Morte: necessidade de certidão de óbito. AÇÃO PENAL 12. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício. Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o prazo de cinco dias para a prova, proferindo a decisão dentro de cinco dias ou reservando-se para apreciar a matéria na sentença final. AÇÃO PENAL 12. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade. Competência 1. PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL Previsto na Constituição Federal nos art. 5º, XXXVII e LIII. • Art. 5º, XXXVII, CF: “Não haverá juízo ou tribunal de exceção” • Art. 5º, LIII, CF: “Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”. É o direito que cada cidadão tem de saber previamente a autoridade que irá processá-lo e julgá-la, caso venha praticar um delito. Competência REGRAS DE PROTEÇÃO: a) Só podem exercer jurisdição os órgãos instituídos pela Constituição; b) Ninguém pode ser julgado por órgão jurisdicional criado após o fato delituoso; c) Entre os juízes pré-constituídos vigora uma ordem taxativa de competências, que impede discricionariedade na escolha do juiz. Competência 2. COMPETÊNCIA Competência é a medida e o limite da jurisdição dentro do qual o órgão jurisdicional aplica o direito. Competência 2.1 Espécies de Competência a) Razão da MATÉRIA: fixada em virtude da natureza da infração (militar, eleitoral, comum federal e comum estadual); b) Razão da PESSOA (O STF fala em Razão da Função): fixada em razão da função. É o foro por prerrogativa de função. c) Razão da LOCAL: competência em razão do lugar. Geralmente, a competência é fixada pelo local da consumação do delito. Competência 2.2 COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA ABSOLUTA: - fixada em face do interesse de ordem pública; - Não pode sermodificada (pelas partes ou pelo juiz); - A Conexão e a Continência não podem alterar regras de competência absoluta; - Pode ser reconhecida de ofício (art. 109, CPP); Competência 2.2 COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA ABSOLUTA: A incompetência absoluta pode ser reconhecida enquanto o juiz exerce jurisdição. Após proferir sentença, não cabe a ele mais reconhecer a incompetência. - Se violada, é caso de nulidade absoluta - Competência por Matéria e pela Pessoa/Função. Competência 2.2 COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA RELATIVA: - Fixada em face do interesse das partes; - Pode ser modificada pelas partes: Prorrogável; - A Conexão e Continência somente podem alterar regras de competência relativa; - Pode ser reconhecida de ofício (até o início da audiência de instrução e julgamento, em face do princípio da identidade física do juiz (art. 399, 2º, CPP); Competência 2.2 COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA RELATIVA: - Se violada, é capaz de produzir uma nulidade relativa - Competência Territorial, Prevenção, Distribuição, alterada por Conexão ou Continência. STF, Súmula nº 706 - É RELATIVA A NULIDADE DECORRENTE DA INOBSERVÂNCIA DA COMPETÊNCIA PENAL POR PREVENÇÃO. Competência GUIA PARA DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA a) Competência de Jurisdição: Qual é a justiça competente? Militar, Eleitoral, Federal, Estadual. b) Competência Originária: O acusado tem foro por prerrogativa de função? c) Competência de Foro ou Territorial: Qual a comarca competente? Competência GUIA PARA DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA d) Competência de Juízo: Qual a Vara Competente? Importante porque, às vezes, dependendo da comarca, há varas especializadas, como acidente de trânsito, drogas, etc. Competência QUAL A JUSTIÇA COMPETENTE? Competência de Jurisdição Justiça Especializada: - Militar - Eleitoral - Trabalho Justiça Comum: - Federal - Estadual Competência JUSTIÇA DO TRABALHO: não tem competência penal. Nunca julgará crimes. - Os crimes contra a organização do trabalho são julgados pela Justiça Federal; - Os crimes cometidos na Justiça do Trabalho são julgados pela Justiça Federal. Competência JUSTIÇA MILITAR: - Julga APENAS CRIMES MILITARES. - Abuso de autoridade cometido por Policial Militar é julgado na Justiça Comum Estadual, pois não é crime militar. Súmula 172 STJ: Compete a Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço. Competência JUSTIÇA MILITAR: - E se houver crimes conexos de natureza comum? Haverá separação obrigatória dos processos (art. 79, I, CPP). Competência JUSTIÇA MILITAR: JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO: . Julga os Militares das Forças Armadas e Civis (eventualmente). JUSTIÇA MILITAR DOS ESTADOS: . Julga apenas os Militares do Estado (Polícia Militar, Polícia Rodoviária Militar e Bombeiro Militar); . Condição de Militar a época do delito. Competência JUSTIÇA MILITAR: Observações: I - E se o crime é cometido em co-autoria com um civil? Há Separação Obrigatória dos processos (art. 79, I, CPP); II – Civil não é julgado na Justiça Militar Estadual: Súmula 53 STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar civil acusado da prática de crime contra as instituições militares. Competência JUSTIÇA MILITAR: III – Crime militar é julgado sempre pela justiça militar do respectivo Estado ao qual o militar está vinculado. IV – Crime doloso contra a vida praticado por militar em serviço, contra civil: Tribunal do Júri (art. 125, 4º, CF). Competência JUSTIÇA ELEITORAL: Julga os CRIMES ELEITORAIS –Crime Eleitoral conexo com um Crime de Competência da Justiça Militar: Separação dos processos (art. 79, I, CPP); II – E o Crime Eleitoral conexo com um Crime de Competência da Justiça Comum Estadual: Prevalece a competência da Justiça Eleitoral (art. 78, IV, CPP); Competência JUSTIÇA ELEITORAL: Julga os CRIMES ELEITORAIS III –Crime Eleitoral conexo com um Crime de Competência da Justiça Comum Federal: Haverá a separação dos processos (STJ, HC 19478). Competência JUSTIÇA COMUM: Federal e Estadual - A competência da Justiça Federal vem taxativamente descrita na Constituição Federal, no art. 109 da CF; - No concurso entre a competência da Justiça Federal e a Estadual, prevalece a competência da Justiça Federal, pois a sua competência foi taxativamente prevista na CF; Competência JUSTIÇA COMUM: Federal e Estadual STJ Súmula nº 122 - Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do Art. 78, II, "a", do Código de Processo Penal. Competência JUSTIÇA FEDERAL: A Justiça Federal NÃO JULGA CONTRAVENÇÕES PENAIS e ATOS INFRACIONAIS. STJ, Súmula nº 38: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades. Competência JUSTIÇA FEDERAL: Hipóteses: a) Crime político: Recurso é o ROC (Recurso Ordinário Constitucional) para o STF; b) Crimes Contra União, Autarquias Federais, Empresas Públicas Federais (administração direta e indireta) Ex.: Crime contra o Ministério da Justiça, INSS, Banco Central do Brasil (Bacen), Ibama, Receita Federal (Crimes contra a ordem Tributária), Ordem Previdenciária, Contrabando, Descaminho, CEF, ECT, BNDES, Casa da Moeda do Brasil etc. Competência JUSTIÇA FEDERAL: I – Crime contra Sociedade de Economia Mista (Banco do Brasil, Petrobrás), a competência é da Justiça Comum Estadual. Súmula 42 STJ (Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.) II – Se o crime é praticado contra uma agência dos correios franqueada, a competência é da Justiça Comum. Competência JUSTIÇA FEDERAL: c) Crimes contra entidades de fiscalização profissional (CRM, CREA); d) Crimes contra a Justiça do Trabalho, Militar da União e a Justiça Federal; e) Crime praticado CONTRA funcionário público federal; ou POR funcionário Público Federal, todos no exercício das funções; f) Crime à distância; g) Crime praticado a bordo de navio ou avião; Competência JUSTIÇA FEDERAL: h) Crime contra o sistema financeiro nacional; i) Crime de permanência de estrangeiro; j) Crime contra os Direitos Indígenas, assim considerados em sua coletividade; k) Crime contra a organização do trabalho (coletividade). Competência JUSTIÇA FEDERAL: IDC: Instituto de Deslocamento de Competência: art. 109, V-a, 5º, CF. É o deslocamento de competência da Justiça Estadual para a Justiça Federal. Solicitado pelo Procurador Geral da República, perante o STJ, durante o IP ou Processo. Competência JUSTIÇA FEDERAL: REQUISITOS: - crime praticado com grave violação de direitos humanos - risco de descumprimento de obrigações de tratados internacionais firmados pelo Brasil. Competência JUSTIÇA COMUM ESTADUAL: é a mais residual. Todosos demais crimes. Competência ACUSADO COM FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO/PESSOA Determinadas pessoas, em razão da importância da função desempenhada, têm direito ao julgamento por um órgão colegiado. - Essa competência advém em razão do exercício funcional. Terminou o exercício funcional, cessou a competência por prerrogativa de função. - STF, STJ, TJ, TRF. Competência STF: • Poder Executivo: - Presidente e Vice- Presidente - Ministros de Estado - Advogado Geral da União; - Presidente do Banco Central • Poder Legislativo: - Deputados Federais e Senadores • Poder Judiciário: - Membros dos Tribunais Superiores (STF, STJ, STM, TST, TSE) Competência STF: Outras Autoridades: - Procurador Geral da República - Comandantes das Forças Armadas *Competência Fixa: independentemente do crime. Competência STJ • Poder Executivo: - Governadores • Poder Judiciário: - Membros do TRF, TRE, TJ e TRT Outras autoridades: - Membros do MP da União que atuarem perante Tribunais. *Competência Fixa: independentemente do crime. Competência TJ • Poder Executivo: - Prefeitos • Poder Legislativo: - Deputados Estaduais • Poder Judiciário: - Juízes de Direito Outra autoridade: - Membro do MP Estadual Competência TJ • * Competência móvel quanto aos crimes eleitorais: TRE; • *Vereadores não tem foro por prerrogativa de função, sendo julgado na primeira instância. Competência TRF: art. 108 • Poder Executivo: - Prefeitos (crime de que há interesse da União, autarquia ou empresa pública federais); • Poder Legislativo: - Deputados Estaduais (crime de que há interesse da União, autarquia ou empresa pública federais) Competência TRF: art. 108 • Poder Judiciário: - Juízes Federais, Trabalho, Militares da União Outras autoridades: - Membros do MP da União Competência Observações: I – Não se fala mais em manutenção do foro por prerrogativa de função uma vez encerrado o cargo ou mandato; II – As autoridades com foro por prerrogativa de função previstos na CF não irão a júri, caso cometam um crime doloso contra a vida; Competência Observações: III – As autoridades com foro por prerrogativa de função estabelecido EXCLUSIVAMENTE nas Constituições Estaduais, caso cometam um crime doloso contra a vida, irão a júri. STF Súmula nº 721 - A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual. Competência Observações: SÚMULA VINCULANTE 45 - STF A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual. Competência Observações: IV – Será julgada pelo Tribunal de Origem; V – Co-autoria: ambos os acusados serão julgados pelo Tribunal de Maior Graduação, em virtude da conexão (art. 78, III, CP); Se há um crime doloso contra a vida, os processos deverão ser separados: a) Autoridade será julgado no foro privilegiado b) Cidadão comum será julgado pelo Tribunal do Júri Competência Observações: STF Súmula nº 704 - Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados. Competência QUAL É A COMARCA COMPETENTE? COMPETÊNCIA TERRITORIAL A competência territorial é determinada pelo LUGAR DA INFRAÇÃO PENAL. O CPP, no art. 70, adotou a Teoria do Resultado. Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. Competência Observações: I – Nos crimes dolosos contra a vida, o STJ admite que denúncia seja ofertada no local da ação ou do resultado. Competência Observações: II – Crimes praticados no estrangeiro: - Juízo da Capital do Estado onde houver por último residido. Se nunca residiu no Brasil, será o Juízo da Capital da República. Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República. Competência III – Crimes Praticados a abordo de Embarcações ou Aeronaves: A competência é da Justiça Federal. a) Se o navio ou a aeronave vem para o Brasil, a competência será do local onde primeiro atracar/pousar; b) Se o navio ou a aeronave sai do Brasil, do local onde esteve por último. Competência Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado. Competência Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave. Competência IV – Competência pelo Domicílio do Acusado a) Quando for incerto o local da infração; b) No caso de ação penal exclusivamente privada. Competência QUAL A VARA COMPETENTE? Competência de Juízo. É importante porque, às vezes, dependendo da comarca, há varas especializadas, como de drogas, acidente de trânsito, crimes financeiros, culposos, etc. Competência do Tribunal do Júri: - Crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados, e os conexos. - Homicídio/ Induzimento, Instigação ou Auxílio ao Suicídio/Infanticídio/Aborto. Competência MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA: Conexão e Continência Conexão: Pluralidade de Crimes. Continência: Duas ou mais pessoas concorrem para a prática da mesma infração; ou, concurso formal de crimes. Competência MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA: Conexão e Continência - Funcionam, em regra, como causas modificativas da competência; - Só poderão incidir sobre hipóteses de competência relativa (territorial, prevenção, distribuição); - Efeito: julgamento conjunto dos processos. STJ Súmula nº 235 - A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado. Competência DETERMINAÇÃO DO JUIZ PREVALENTE a) Concurso entre Júri x Jurisdição comum: prevalece o Júri; b) Concurso entre a Justiça Especial e a Comum: prevalece a especial; Justiça Eleitoral atrai os crimes eleitorais e os conexos a ele. Justiça Militar: cinde. Competência DETERMINAÇÃO DO JUIZ PREVALENTE c) Concurso entre a Justiça Federal e a Estadual: prevalece a Federal; d) Crimes com a Mesma Graduação: (2crimes de competência da Justiça Federal ou da Justiça Comum): Foro do lugar do crime mais grave (Gravidade); Lugar onde houver sido praticado o maior número de crimes (Quantidade) Prevenção. Competência Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas. Competência SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA: a) Crimes de competência da Justiça Eleitoral e Comum com a Justiça Militar: cinde; b) Concurso entre a Jurisdição Penal e Infância e Juventude: Cinde; c) Quando um dos acusados é acometido de doença mental: cinde; d) Corréu foragido que não possa ser julgado a revelia: cinde Competência SEPARAÇÃO FACULTATIVA: Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação. Prova CONCEITO “É tudo aquilo que contribui para a formação do convencimento do magistrado, demonstrando os fatos, atos, ou até mesmo o próprio direito discutido no litígio”. (Nestor Tavora e Rosmar Alencar. Curso de Direito Processual Penal. 7 ed. JusPodivm. Salvador, 2012, p. 376). Prova Prova é elemento de convicção produzido, em regra, durante o processo judicial, com participação dialética das partes, sob o manto do contraditório e da ampla defesa e mediante uma supervisão do órgão julgador; Destinatário direto: Magistrado; Destinatários indiretos: partes. Finalidade: Formar o convencimento do juiz acerca dos fatos. Prova PRINCÍPIOS Princípio da Presunção de Inocência Art. 5º, LVII: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”. Três Regras: a) Regra Probatória: ônus da prova recai sobre acusação b) Regra de Tratamento: Excepcionalidade das Prisões c) Regra de Tratamento: Excepcionalidade de medidas restritivas de direitos Prova Princípio do Nemo Tenetur se Detegere Ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo. É o princípio da não auto- incriminação. Art. 5º, LXIII: “O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogados”. Atenção: interpretação ampla de preso (qualquer suspeito). Prova Desdobramentos: 1. Advertência quanto ao direito de não produzir provas contra si mesmo [informação]; O preso deve receber nota de ciência das garantias constitucionais. Prova 2. Direito ao Silêncio ou de Ficar Calado Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. Prova 3. Direito de Não ser Constrangido a Confessar a prática de um ilícito criminal; 4. Inexigibilidade do sujeito dizer a verdade; 5. Direito de Não Praticar Qualquer Comportamento Ativo que possa Incriminá-lo! Ex: Participação da reconstituição de fato delituoso, fornecer material para exame grafotécnico; exame de sangue, acareação, reconhecimento de pessoas etc. Prova Obs. I: Não se enquadraria nessa garantia o caso de Provas Não Invasivas, em que não há penetração do corpo humano ou extração de parte dele, como no exame do lixo de alguém, exame de matérias fecais, fio de cabelo. Prova CARACTERÍSTICA DAS PROVAS Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. Prova Observações: 1. Via de regra, é produzida na fase judicial; 2. É obrigatória a observância do contraditório e da ampla defesa, com participação da defesa técnica; 3. A prova deve ser produzida na presença do juiz (Princípio da Identidade Física); 4. A finalidade da prova é auxiliar na formação da convicção judicial. Prova Observações: Os elementos informativos, isoladamente considerados, não podem fundamentar uma sentença penal condenatória. Porém, tais elementos não devem ser desprezados durante a fase judicial, podendo se somar a prova produzida em juízo para auxiliar na formação do convencimento do magistrado. Prova PROVAS CAUTELARES, NÃO REPETÍVEL E ANTECIPADAS 1) PROVAS CAUTELARES: São aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do lapso temporal. Podem ser produzidas tanto na fase investigativa como na fase judicial, e para sua produção dependem de autorização judicial. O contraditório é postergado (diferido). Ex. Intercepção telefônica Prova 2) PROVA NÃO REPETÍVEL: É aquela que uma vez produzida não tem como ser novamente coletada, em virtude do desaparecimento da fonte probatória. Podem ser produzidas na fase investigatória e na fase judicial, e não dependem de autorização judicial. O contraditório é postergado (diferido). Ex.: Exame pericial em relação as infrações que cujos vestígios possam desaparecer, como exame de corpo de delito no crime de lesão corporal. Prova 3) PROVA ANTECIPADA: É aquela produzida com observância do contraditório e da ampla defesa real, em momento processual distinto daquele previsto processualmente (mesmo antes do início do processo), em virtude da urgência e relevância. Dependem de autorização judicial sendo que o contraditório será real. Art. 225 Depoimento ad perpetuam rei remoriam. Prova Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento. Prova OBJETO DA PROVA É a imputação penal (fatos) constante na denúncia. O réu se defende dos fatos e não da capitulação jurídica. Fatos não contestados ou incontroversos precisam ser comprovados, mesmo que o acusado confesse a prática do delito. Prova SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA PROVA Persuasão Racional ou Convencimento Racional ou Livre Convencimento motivado: o juiz tem ampla liberdade na valoração das provas, as quais possuem todas o mesmo valor. Assim, o juiz deve fundamentar sua decisão. Prova Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. Prova CONSEQUÊNCIAS: a) Não há prova de valor absoluto: todas as provas têm valor relativo; b) Deve o magistrado valorar todas as provas produzidas no processo; c) Somente são consideradas válidas as provas produzidas no processo. Prova PROVAS QUANTO AO ESTADO DAS PESSOAS: parágrafo único do art. 155 a) No processo penal vigora a ampla liberdade probatória, podendo as partes valerem-se das provas inominadas e nominadas; b) Quanto ao Estado das Pessoas, a prova está submetida as restrições estabelecidas na lei civil. Prova Prova da Morte do acusado: certidão de óbito Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade. STJ, Súmula nº 74: Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil. Prova ÔNUS DA PROVA Ônus da prova é o encargo que as partes têm de provar a veracidade das informações por ela formuladas ao longo do processo. Prova ÔNUS DA PROVA Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. Prova DISTRUIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA: Acusação: 1. Fato típico (materialidade); 2. Autoria e Participação; Defesa: 1. Excludente de Ilicitude; 2. Excludente de Culpabilidade; 3. Causa Extintiva da Punibilidade: renúncia da vítima. Prova Observação: Para condenar, a acusação deve produzir um juízo de certeza. Já para absolver, basta que a defesa produza uma DÚVIDA RAZOÁVEL. Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: [...] VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; VII – não existir prova suficiente para a condenação. Prova PROVAS NOMINADAS x INOMINADAS - Exame do corpo de delito e perícias em geral - Interrogatório - Confissão - Declarações do Ofendido - Prova Testemunhal - Prova Documental - Acareação - Reconhecimento de Pessoas e Coisas - Busca e Apreensão - Indícios Prova PROVAS EM ESPÉCIE EXAME PERICIAL “É o exame procedido por pessoa que tenha conhecimento técnico, científico ou domínio específico em determinada área do conhecimento. Afinal, não sendo o magistrado especialista em todas as áreas do saber, vale-se dos peritos para auxiliá-lo”. (TAVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar R.Curso de Direito Processual Penal. 7 ed. Salvador: JusPodvim, 2012, p. 402). Prova Em regra, a autoridade policial pode determinar a realização de qualquer perícia no curso do inquérito policial, com exceção do exame de sanidade mental. Prova PERITO OFICIAL E NÃO-OFICIAL O perito é um auxiliar do juízo, dotado de conhecimento técnico científico específico, tendo como função examinar o corpo de delito. Perito Oficial: a) Deve ser portador de diploma de curso superior; b) É investido na função por lei: é um funcionário público de carreira; c) 1 único perito oficial por perícia. Prova Perito Não Oficial: a) Deve ser portador de diploma de curso superior; b) É pessoa nomeada pelo juízo ou pela autoridade policial para realizar determinada perícia; c) Deve prestar o compromisso de bem desempenhar a sua função; d) 2 peritos não oficiais por perícia Leiam o art. 159 do CPP. Prova Perícia complexa: quando abranja mais de uma área de conhecimento técnico, sendo possível a designação de mais de um perito oficial. Art. 157, 7º: Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico. Prova QUESITOS E ASSISTENTE TÉCNICO Quesitos: MP, assistente da acusação, ofendido, querelante e o réu poderão formular quesitos ao perito. Assistente técnico: É um auxiliar das partes; e, por consequência, tem uma função evidentemente parcial. Não é considerado funcionário público; Não comente o crime de falsa perícia. Prova Obs: O perito é um auxiliar do juízo e tem o dever de ser imparcial; Tanto o perito oficial, como o perito não- oficial, são funcionários públicos e podem cometer o crime falsa perícia. Prova Obs: O perito é um auxiliar do juízo e tem o dever de ser imparcial; Tanto o perito oficial, como o perito não- oficial, são funcionários públicos e podem cometer o crime falsa perícia. MOMENTO DE INGRESSO DO ASSIST. TÉCNICO: Será possível durante o curso do processo judicial; após sua admissão pelo juiz; e, após, elaboração do laudo pelos peritos oficiais. Prova Art. 159 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. Prova 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar; II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. Prova 6º Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência. Prova REALIZAÇÃO DA PERÍCIA: Laudo Com a realização da perícia, é produzido o laudo pericial, que deve englobar tudo o que foi analisado pelo perito. O laudo é datilografado e subscrito pela autoridade que o produziu. Prova PRAZO: 10 dias, podendo ser prorrogado. Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. Prova SISTEMA DE APRECIÇÃO DO LAUDO PERICIAL Adota-seo sistema liberatório, isto é, o juiz pode aceitar ou rejeitar o laudo pericial, uma vez que o ordenamento jurídico adotou o sistema do livre convencimento motivado. Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. Prova EXAME DE CORPO DE DELITO É o conjunto de vestígios materiais deixados pela infração, podendo ser a própria materialidade do delito. Porém, nem toda infração deixa vestígios. Assim, a doutrina divide as infrações em: a) Transeuntes: não deixam vestígios. Ex.: Injúria verbal b) Não Transeuntes: deixam vestígios. Ex.: Homicídio. Prova Para as infrações não-transeuntes existe o exame de corpo de delito. Nas infrações que deixam vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito. Pode ser determinado tanto pela autoridade policial como pelo juiz. Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Prova Exame de Corpo de Delito DIRETO: é aquele em que os peritos dispõem do próprio corpo de delito (materialidade) para analisar. Ex.: A vítima que comparece ao IML após a agressão. Prova Exame de Corpo de Delito INDIRETO: Corrente Majoritária: quando não for possível a realização do exame direto em virtude do desaparecimento dos vestígios, a prova testemunhal ou documental poderá suprir sua essência. - não há laudo pericial, mas tão somente prova documental ou testemunhal suprindo a ausência do exame de corpo de delito. Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. CPP – DA PROVA PERICIAL Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiência. Exemplo: arma de fogo. Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. Prova Obs. 1: O exame de corpo de delito por ser realizado em qualquer dia e qualquer horário. Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos. Prova Obs. 2: Em regra, o laudo pericial não é obrigatório para ajuizamento da ação penal, pois pode ser juntando ao longo do processo. Duas exceções: a) Laudo provisório de constatação da natureza da droga: laudo firmado por perito ou pessoa idônea. O laudo definitivo deverá ser firmado por 2 peritos oficiais; b) Crimes contra a propriedade imaterial. Prova CONSEQUENCIA DA FALTA DE EXAME DE CORPO DE DELITO DIRETO - Se ainda for possível realizar o exame de corpo de delito, será reconhecida a nulidade absoluta do processo; - Se não for mais possível realizar o exame de corpo de delito, a consequência será a absolvição do réu, por ausência de materialidade. CPP – DA PROVA PERICIAL Peculiaridades: a) Perícia em cadáver (art. 162 a 166): Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante. CPP – DA PROVA PERICIAL Peculiaridades: a) Perícia em cadáver: Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto. CPP – DA PROVA PERICIAL Peculiaridades: a) Perícia em cadáver: Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. CPP – DA PROVA PERICIAL Peculiaridades: b) Perícia em caso de lesões corporais: Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. § 1º No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir- lhe a deficiência ou retificá-lo. CPP – DA PROVA PERICIAL Peculiaridades: b) Perícia em caso de lesões corporais: § 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1º, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime (lesão corporal grave Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias). § 3º A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal. CPP – DA PROVA PERICIAL Peculiaridades: c) Perícia no local do crime (ex: incêndio): Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos. CPP – DA PROVA PERICIAL Peculiaridades: c) Perícia no local do crime (ex: incêndio): Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. CPP – DA PROVA PERICIAL Peculiaridades: d) Perícia de laboratório: Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos
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