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CUMPRIMENTO DA SENTENÇA

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 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CUMPRIMENTO DA SENTENÇA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPÍRITO SANTO 
 
 
INTRODUÇÃO1 
A nova visão do processo civil busca, através da democratização, dar uma 
maior efetividade ao sistema processual, abondando, assim, a perspectiva privatista 
do processo impregnado do espírito do formalismo-valorativo. Desta forma, 
preocupado com a problemática e com seus desdobramentos no decorrer da história 
do direito processual civil, o constituinte, através da Emenda Constitucional nº 45, de 
08 de dezembro de 2004, incorporou no rol de direitos e garantias fundamentais o 
inciso LXXVIII, do art. 5º, o qual dispõe: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, 
são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantem a 
celeridade de sua tramitação.” 
A partir daí diversas alterações ocorreram no Código de Processo Civil, 
dentre elas a dada pela Lei nº 11.232, de 22 de dezembro de 2005, a qual 
concentrou o processo de conhecimento e o de execução por título judicial, salvo 
quando condenada a Fazenda Pública, num único procedimento. Ou seja, trata-se 
de processo sincrético em que o autor não mais necessita do ajuizamento da 
demanda executiva para obtenção de seu crédito, isto é, para o cumprimento da 
sentença. 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 
A denominação do Capítulo 10, ‘DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA’, 
alcança toda a sua extensão a realidade que pretende exprimir, pois de efetivo 
cumprimento se trata apenas nas hipóteses de obrigações de fazer e não fazer (art. 
461) e de entrega de coisa (art. 461-A); em se tratando de obrigação por quantia 
certa, faz-se por execução, embora nos termos dos demais artigos do capítulo.” No 
entanto, para Elpídio Donizetti (2007, p. 194): 
“Cumprimento na acepção utilizada nos artigos 475-I ao 475-R, é termo 
genérico. Abrange tanto a efetivação das obrigações de fazer, não fazer e 
dar coisa diferente de dinheiro, consoantes de sentenças, quanto a 
 
1 Texto extraído do artigo: “Cumprimento de sentença”, de Patricia Dayane Gonçalves de 
Almeida, Vanderleia Muniz de Souza e Pamela Cristina Cavalheiro. 
 
 
execução de obrigação de pagar quantia, consoante dos títulos judiciais 
previstos no art. 475-N.” 
O cumprimento de sentença é aplicação direta do princípio da economia 
processual e da celeridade, uma vez que, finda a ação de conhecimento, não é mais 
necessário que se instaure um novo processo para efetivação do direito já 
reconhecido na sentença, basta que, no mesmo processo, a parte interessada junte 
aos autos uma simples petição para dar o prosseguimento à nova fase executiva ou 
satisfativa da sentença. 
“A ideia básica dessa Lei foi fazer com que o processo executivo deixasse 
de ser um processo próprio e independente do processo de conhecimento 
para se tornar uma fase deste feito.” (WAGNER JUNIOR, 2008, p. 465). 
Ou seja, a novidade diz respeito às sentenças condenatórias que versarem 
sobre obrigação de pagar quantia, cuja execução deverá ocorrer de forma incidental, 
em fase complementar sucessiva, na mesma relação jurídica processual, 
dispensando-se a instauração de outra estrutura processual autônoma sentença. 
Cumprimento de sentença definitivo ainda que pendente recurso parcial de 
apelação O Novo Código de Processo Civil, em seu artigo 523, caput traz a 
possibilidade de cumprimento definitivo de sentença de decisão sobre parcela 
incontroversa. Veja-se: 
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em 
liquidação, e no caso de decisão sobre PARCELA INCONTROVERSA, o 
cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, 
sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) 
dias, acrescido de custas, se houver. 
O aludido dispositivo alinha-se ao princípio da razoável duração do processo 
estampado no art. 4º do Novo Código de Processo Civil que reza que “as partes têm 
o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade 
satisfativa”. Pela leitura do aludido dispositivo (artigo 4º do Novo Código de Processo 
Civil) é fácil verificar que não basta que haja a solução da lide por meio de uma 
sentença em prazo razoável. É necessário também que a satisfação dos direitos 
reconhecidos pela sentença ocorra dentro de um prazo razoável. Coadunam-se, 
portanto, os aludidos dispositivos à previsão constitucional que assegura a todos a 
“razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação” (artigo 5º, inciso LXXVIII, CF/88 – EC n. 45/2004). 
 
 
Como bem lecionou FRANCESCO CARNELUTTI nos anos 50 (lições que 
continuam atuais): 
"É imenso e em grande parte desconhecido o valor que o tempo tem no 
processo. Não seria imprudente compará-lo a um inimigo contra o qual o 
juiz deve lutar sem tréguas" (Apud DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria 
Geral do Novo Processo Civil – de acordo com a Lei 13.256 de 4.2.2016. 
São Paulo: Malheiros. p.56). 
Exatamente pensando-se na razoável duração do processo (tempo 
processual), foi com o advento do CPC/2015 que se abriu no plano legal (e não 
apenas jurisprudencial) a possibilidade de fragmentação da coisa julgada, fenômeno 
denominado, por muitos, de coisa julgada parcial, progressiva ou parcelada, ou seja, 
aquela que vai ocorrendo em momentos distintos porque a sentença foi fragmentada 
em partes (capítulos) autônomas. 
 
 
Fonte: www.previcalc.com 
A coisa julgada progressiva é aquela que vai se formando ao longo do 
processo, em razão de interposição de recursos parciais. Exemplo muito elucidativo 
é dado por WEBER LUIZ DE OLIVEIRA: 
Imagine-se se o réu recorreu apenas de um dos capítulos julgado 
procedente, nada dispondo sobre o outro capítulo também procedente, 
prerrogativa que lhe é dada pelo artigo 1.002 do Código de Processo Civil 
de 2015, o que é denominada pela doutrina de apelação parcial (NELSON 
NERY JR, 2000, p. 418; LEONEL, 2002, p. 377), classificação daquele 
recurso ‘que não compreende a totalidade do conteúdo impugnável da 
decisão’ (BARBOSA MOREIRA, 2007, p. 114). Haverá, nestes termos, o 
trânsito em julgado do capítulo da sentença não impugnado, ou seja, o 
 
 
mesmo se tornará incontroverso (DIDIER, Fredie (Coord.) Novo CPC 
doutrina selecionada. V. 5: Exceução. 2ª ed. Salvador: Juspodivm. 2016. p. 
415). 
É como se a coisa julgada fosse sendo paulatinamente formada a medida que 
os capítulos da sentença não são impugnados. Da leitura do art. 502 do Novo 
Código de Processo Civil, define-se coisa julgada material como a “autoridade que 
torna imune e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso”. Ademais, 
conforme Enunciado n. 100 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Não é 
dado ao tribunal conhecer de matérias vinculadas ao pedido transitado em julgado 
pela ausência de impugnação”. 
Com relação à coisa julgada há previsão expressa no Novo Código de 
Processo Civil de julgamento antecipado parcial do mérito (art. 356), de 
homologação de autocomposição parcial e de reconhecimento de decadência ou 
prescrição em relação a um dos pedidos cumulados (art. 354, parágrafo único). 
Na mesma toada, o art. 1.002 do CPC/2015 permite a delimitação voluntária 
do objeto do recurso; admite-se o recurso parcial. Demonstra-se claramente, 
portanto, que o espírito do Novo Código de Processo Civil foi de aceitar a coisa 
julgada parcial. Em comentário ao art. 356 do NCPC, pontua TERESA ARRUDA 
ALVIM WAMBIER (relatora do Novo Código de Processo Civil) et all.: 
“O NCPC, em seu art. 356,admite de forma expressa a possibilidade de 
julgamento parcial do mérito, rompendo o dogma da sentença una. Chama 
a decisão, neste caso, de decisão, interlocutória de mérito” (WAMBIER, 
Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo 
Ferres da Silva; MELLO, Rogerio Licastro Torres de. Primeiros comentários 
ao novo código de processo civil: artigo por artigo. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2015, p. 356.). 
Defende ainda a coisa julgada material fragmentada consagrados 
processualistas como CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO, JOSÉ CARLOS 
BARBOSA MOREIRA e HUMBERTO THEODORO JÚNIOR. 
ARAKEN DE ASSIS, em comentários ao Novo Código de Processo Civil, 
leciona também que: 
 
“A execução de capítulo estranho ao recurso pendente (v.g., o réu é 
condenado a pagar perdas e danos e lucros cessantes, mas só recorre da 
última rubrica) processar-se-á de modo definitivo” (ASSIS, Araken de. 
Manual da Execução. 18ª ed. São Paulo: RT. 2016. p. 465). 
 
 
Exceções ao cumprimento de sentença 
As ações cujo objeto seja a prestação de alimentos e a Execução contra a 
Fazenda Pública não seguirão o procedimento do cumprimento de sentença, 
embora sejam decisões que versem sobre a obrigação de pagar quantia. Quis o 
legislador ao tratar da pensão alimentícia, que o rito fosse diferenciado, seguindo as 
disposições previstas no art. 733 do CPC, em que há a necessidade de propositura 
de uma nova ação para executar o título obtido no processo de conhecimento, 
sendo que o devedor será citado para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar 
que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo, sob pena de prisão. Para 
Humberto Theodoro Júnior: 
“Como a Lei 11.232/05 não alterou o art. 732 do CPC, continua 
prevalecendo nas ações de alimentos o primitivo sistema dual, em que 
acertamento e execução forçada reclamam o sucessivo manejo de duas 
ações separadas e autônomas: uma para condenar o dever a prestar 
alimentos e outra para forçá-lo a cumprir a condenação. A segunda via 
executiva à disposição do credor de alimentos também não escapa do 
sistema dual. A redação inalterada do art. 733 determina, expressamente, 
que na execução de sentença que fixa a pensão alimentícia, ‘o juiz mandará 
citar o devedor para, em três dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou 
justificar a impossibilidade de efetuá-lo’. Logo, tanto na via do art. 732 como 
na do art. 733, o credor de alimentos se vê sujeito a recorrer a uma nova 
ação para alcançar a satisfação forçada da prestação assegurada pela 
sentença. (“O procedimento executivo é, pois, o dos títulos extrajudiciais 
(Livro II)) e não o de cumprimento de sentença instituído pelos art. 475-J a 
475-Q.” 
A doutrina ainda é divergente quanto à aplicação ou não do cumprimento de 
sentença em alguns casos, mas frisa-se o argumento de que tais procedimentos 
estão previstos em separado, e, assim, não se aplica as regras atinentes ao 
cumprimento de sentença. 
OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA 
A Lei 13.105, de 16 de março de 2015, instituiu o Novo Código de Processo 
Civil, dentre as várias alterações trazidas, veremos aquelas atinentes ao 
cumprimento de sentença que reconhece a obrigação de pagar quantia certa. No 
Novo CPC, o instituto se encontra disciplinado na Parte Especial, Título II. Em 
termos normativos, pode-se afirmar que não houve substancial alteração em relação 
 
 
à legislação vigente, mas, por outro lado, o legislador foi preciso ao positivar 
situações que vinham suscitando dúvidas entre os operadores do direito e na 
jurisprudência. 
O primeiro deles diz respeito ao início do prazo para que o vencido, após o 
trânsito em julgado de decisão judicial, cumpra voluntariamente a obrigação prevista 
no título executivo judicial, sem que incida a multa prevista no art.475‐J: 
“Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou 
já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante 
da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a 
requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta 
Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.” 
A redação do dispositivo não indica com clareza o termo inicial do prazo de 15 
dias. Se seria necessária a intimação específica do devedor para cumprimento da 
sentença ou se o retorno dos autos da instância já seria suficiente para deflagrar a 
contagem do prazo. 
O próprio entendimento da jurisprudência acerca do tema foi pacificado 
apenas em 02/03/15, com a publicação da Súmula nº. 517 pelo STJ (embora seu 
foco principal seja a incidência de honorários advocatícios), com o seguinte 
enunciado: “São devidos honorários advocatícios no cumprimento de sentença, haja 
ou não impugnação, depois de escoado o prazo para pagamento voluntário, que se 
inicia após a intimação do advogado da parte executada.” O Novo CPC, no art. 523, 
§1º, fulmina qualquer dúvida porventura existente acerca do início da contagem do 
prazo, além de positivar o entendimento acima transcrito: 
“Art. 523”. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em 
liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o 
cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, 
sendo o executado intimado1 para pagar o débito, no prazo de quinze dias, 
acrescido. De custas, se houver. 
§ “1º Não ocorrendo pagamento voluntário no Prazo do caput, o débito será 
acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado 
de dez por cento. ” 
O legislador preocupou‐se, ainda, em deixar bem claro que, havendo 
pagamento parcial do débito a multa será aplicável somente em relação ao Saldo 
remanescente, conforme disposto no §2º. 
Como se percebe, as novas disposições processuais também buscaram 
dirimir outras dúvidas e divergências jurisprudenciais correlatas. Afinal, constatou-se 
 
 
acima que a Súmula nº. 517 pacificou entendimento acerca da incidência dos 
honorários advocatícios no cumprimento de sentença, ressalvando os casos de 
rejeição da impugnação. Com relação a forma da intimação, dispõe o novo códex no 
art. 513 que: 
§ 2º O devedor será intimado para cumprir a sentença: 
I ‐ pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos; 
II ‐por carta com aviso de recebimento, quando representado pela 
Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos, 
ressalvada a hipótese do inciso IV; 
III ‐ Por meio eletrônico, quando, no caso do § 1º Do art. 246, Não tiver 
procurador constituído nos autos; 
IV ‐ Por edital, quando, citado na forma do art.256, tiver sido revel na fase 
de conhecimento.” 
§ 3º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os 
honorários previstos no § 1º Incidirão sobre o restante. 
Na Hipótese de rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença, não 
são cabíveis honorários advocatícios. Entretanto, coube ao §1º do art. 523 
estabelecer o percentual dos honorários em 10% (dez por cento), fulminando 
divergências porventura existentes e contribuindo para a diminuição de recursos 
aviados apenas para discutir a adequação do percentual fixado. 
O Novo CPC também altera a impugnação ao cumprimento de sentença. No 
tocante ao prazo, o CPC Vigente estabelece que sua apresentação deva ser feita 
em 15 (quinze) dias contados da intimação do auto de penhora e de avaliação, 
conforme disposto no art. 475‐J, §1º. O Novo CPC, por sua vez, estabelece que a 
impugnação possa ser apresentada após 15 (quinze) dias do prazo concedido para 
pagamento voluntário, independentemente de penhora ou nova intimação, ex-vide 
do art. 525. 
PROTESTO DA SENTENÇA2 
O novo CPC previu, expressamente, a possibilidade do protesto de decisão 
judicial perante osTabelionatos de Protesto. O protesto de decisão judicial é mais 
uma ferramenta interessante, à disposição do credor, para garantir a efetividade das 
decisões e o adimplemento dos créditos objetos de cobrança judicial. 
 
2 Texto extraído do artigo “Protesto de Sentença Judicial no NCPC” de Rodrigues e Lima 
Advogados. 
 
 
Não se trata de uma total inovação normativa, pois o artigo 1º da atual lei de 
protesto (Lei nº 9.429/97), que conceituou protesto como “ato formal e solene pelo 
qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos 
e outros documentos de dívida”, já possibilitava a interpretação no sentido de ser 
permitido o protesto de sentença, conforme decisão do STJ no REsp 750.805/RS. 
O novo CPC, na verdade, apenas regulou o protesto de decisão judicial, 
trazendo segurança jurídica e rapidez ao procedimento, tanto para o devedor quanto 
para o credor. A grande utilidade do protesto de decisão judicial é dar amplo e 
público conhecimento do decidido, forçando o devedor ao adimplemento da 
obrigação. 
É permitida a retirada de protesto de decisão judicial definitiva, que preveja 
obrigação pecuniária, certa, líquida e exigível. Não apenas as sentenças são 
protestáveis, mas também decisões interlocutórias e acórdãos. Ou seja, qualquer 
espécie de decisão judicial pode ser protestada, desde que certifique uma obrigação 
pecuniária transitada em julgado. Houve, inclusive, previsão de cabimento do 
protesto de decisão que imponha a obrigação de prestar alimentos. (CPC/15, art. 
528, §1º). 
O artigo 517 do NCPC disciplina que: 
Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a 
protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento 
voluntário previsto no art. 523. 
§ 1o Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar certidão de 
teor da decisão. 
§ 2o A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo de 3 (três) 
dias e indicará o nome e a qualificação do exequente e do executado, o 
número do processo, o valor da dívida e a data de decurso do prazo para 
pagamento voluntário. 
§ 3o O executado que tiver proposto ação rescisória para impugnar a 
decisão exequenda pode requerer, a suas expensas e sob sua 
responsabilidade, a anotação da propositura da ação à margem do título 
protestado. 
§ 4o A requerimento do executado, o protesto será cancelado por 
determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo 
de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do requerimento, desde que 
comprovada a satisfação integral da obrigação. 
Por definição legal, protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a 
inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros 
documentos de dívida. O protesto visa dar publicidade e fé pública a determinados 
fatos jurídicos. 
 
 
O NCPC disciplina a possibilidade do protesto de decisão judicial perante os 
Tabelionatos de Protesto. O protesto de decisão judicial é mais uma ferramenta 
interessante, à disposição do credor, para garantir a efetividade das decisões e o 
adimplemento dos créditos objetos de cobrança judicial. 
 
 
Fonte: domtotal.com 
Não se trata de uma total inovação normativa, pois o artigo 1º da atual lei de 
protesto (lei 9.492/97), que conceituou protesto como "ato formal e solene pelo qual 
se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e 
outros documentos de dívida", já possibilitava a interpretação no sentido de ser 
permitido o protesto de sentença, conforme decisão do STJ no REsp 750.805/RS. 
O novo CPC, na verdade, apenas regulou o protesto de decisão judicial, 
trazendo segurança jurídica e rapidez ao procedimento, tanto para o devedor quanto 
para o credor. A grande utilidade do protesto de decisão judicial é dar amplo e 
público conhecimento do decidido, forçando o devedor ao adimplemento da 
obrigação. 
É permitida a retirada de protesto de decisão judicial definitiva, que preveja 
obrigação pecuniária, certa, líquida e exigível. Não apenas as sentenças são 
protestáveis, mas também decisões interlocutórias e acórdãos. Ou seja, qualquer 
espécie de decisão judicial pode ser protestada, desde que certifique uma obrigação 
pecuniária transitada em julgado. Houve, inclusive, previsão de cabimento 
 
 
do protesto de decisão que imponha a obrigação de prestar alimentos (CPC/15, art. 
528, §1º). 
 Assim, iniciado o cumprimento de sentença, o devedor é intimado para 
adimplir a obrigação no prazo de 15 dias. Não ocorrendo o cumprimento voluntário 
da decisão, o credor poderá levá-la a protesto perante o Tabelionato competente. 
Para lavratura do protesto, o credor deverá apresentar certidão de teor da 
decisão. O cartório da vara fornecerá no prazo de 3 dias a certidão de teor da 
decisão, que indicará o nome e a qualificação do credor e do devedor, o número do 
processo, o valor da dívida e a data de decurso do prazo para pagamento voluntário. 
Se comprovada a satisfação integral da obrigação, o devedor poderá requerer 
ao juízo onde tramita a execução o cancelamento do protesto, mediante ofício a ser 
expedido ao tabelionato, no prazo de 3 dias, contado da data de protocolo do 
requerimento, conforme disciplina o artigo 517 § 4° vejamos: 
 § 4º A requerimento do executado, o protesto será cancelado por 
determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo 
de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do requerimento, desde que 
comprovada a satisfação integral da obrigação. 
Deve ser observado ainda, que nos casos em que o requerente litigue sob o 
amparo da AJG o protesto poderá ser determinado pelo juiz através da expedição de 
ofício, conforme entendimento do TRT4: 
AGRAVO DE PETIÇÃO DO EXEQUENTE. PROTESTO DO CRÉDITO 
TRABALHISTA. Aplicável a Orientação Jurisprudencial Nº 16 da Seção 
Especializada em Execução, no sentido de que o Juiz pode, de ofício, 
proceder ao protesto extrajudicial da sentença, nos termos da Lei 9.492, de 
10.09.1997, mediante expedição de certidão ao cartório competente, 
independentemente do registro da executada no Cadastro Nacional de 
Devedores Trabalhistas, bem como do recolhimento de emolumentos 
quando o interessado for beneficiário da justiça gratuita. Agravo de petição 
provido. (...)Data: 05/04/2016, Órgão julgador: Seção Especializada Em 
Execução, Origem: 3ª Vara do Trabalho de Pelotas. 
Assim, o protesto de decisão judicial, é uma medida proeminente para 
conseguir o efetivo adimplemento das obrigações. 
 
 
CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA 
O novo diploma processual civil deixou de utilizar o termo “execução 
provisória” e passou a adotar “cumprimento de sentença provisório”. Execução 
provisória é fundada em título executivo judicial provisório, isto é, a decisão judicial 
que pode ser modificada ou anulada em razão da pendência de um recurso 
interposto contra ela. 
Proferida uma decisão judicial executável e não havendo a interposição de 
recurso, verifica-se o seu trânsito em julgado, passando a partir desse momento a 
ser cabível a execução definitiva. Havendo a interposição do recurso cabível e 
sendo este recebido no seu efeito suspensivo, a decisão não poderá gerar efeitos, 
impedindo-se o início da execução. 
A única forma apta a gerar a execução provisória é a interposição do recurso 
cabível, não recebido no efeito suspensivo. Importante destacar, contudo, que no 
Novo Código de Processo Civil toda execução de título executivo judicial passa a ser 
feita por meio de cumprimento de sentença, assim, como cumprimento de sentença 
é forma de execução, chamar o fenômeno de execução provisória não prejudica e 
tampouco contraria o novonome consagrado no Código de Processo Civil de 2015. 
MULTA COERCITIVA NAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E DE NÃO FAZER3 
Na execução de obrigação de fazer ou de não fazer em título extrajudicial, 
poderá o juiz nesse momento inicial do procedimento fixar multa por período de 
atraso no cumprimento da obrigação, ainda que tal providência não tenha sido 
requerida pelo exequente. 
Para Daniel Neves (2013), se o valor da multa estiver previsto no título, o juiz 
poderá reduzi-lo, se entendê-lo excessivo. Na verdade, a liberdade do juiz é 
consideravelmente mais ampla do que sugere a interpretação literal do dispositivo 
legal. 
 
3 Texto extraído do artigo “Da execução das obrigações de fazer e de não fazer”, de Letícia 
Marques Padilha 
 
 
Quanto às prestações de fazer, recebida a inicial, será o executado citado, no 
prazo designado pelo juiz ou fixado no título, para cumprir a obrigação4. 
Para Daniel Neves, na hipótese de o executado não cumprir a sua obrigação, 
o prosseguimento da execução dependerá da natureza da obrigação de fazer, ou 
seja, se fungível ou infungível. Apesar do CPC sugerir que diante do vencimento do 
prazo processual para o cumprimento da obrigação o exequente deverá optar pela 
execução à custa do devedor ou a conversão em perdas e danos, admite-se que o 
exequente insista na multa como meio coercitivo psicológico. 
Ainda que o exequente possa aguardar o cumprimento da obrigação, embora 
expirado o prazo concedido para tanto, pressionando o executado com o pagamento 
de multa (astreinte), diante da ineficácia da coerção psicológica, num certo momento 
notar-se-á a impossibilidade material ou jurídica da obtenção da tutela específica, 
momento no qual terá que fazer o exequente a conversão em indenização. 
Para Marinoni e Arenhart, importante nessa espécie de procedimento, a 
determinação da fungibilidade da obrigação: 
a) Prestação de fazer infungível, não há como suprir a omissão do devedor. 
Embora o credor possa insistir no uso da multa coercitiva, esta 
eventualmente pode não ser capaz de convencer o devedor a adimplir. 
Porque o fato só pode ser prestado por ele, a não satisfação voluntária da 
prestação redunda na sua conversão em perdas e danos. 
Haverá a liquidação das perdas e danos nos mesmos autos do processo de 
execução, seguindo-se a partir daí, a execução por quantia certa5. 
b) Prestação de fazer fungível, não cumprida a obrigação no prazo estipulado 
pelo título ou pelo juiz, poderá o credor requerer a realização da prestação por 
terceiro ou a sua conversão em perdas e danos. 
Caso o credor prefira que a prestação seja executada por terceiro, 
determinará o magistrado que assim se proceda à custa do executado. Depende de 
pedido expresso do exequente. 
Pleiteada essa forma de execução, o juiz, nomeará terceiro da sua confiança, 
que apresentará proposta. 
 
4 Art. 815: Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o executado será citado para 
satisfazê-la no prazo que o juiz lhe designar, se outro não estiver determinado no título executivo. 
5 Art. 816, parágrafo único: O valor das perdas e danos será apurado em liquidação, 
seguindo-se a execução para cobrança de quantia certa. 
 
 
Após a prestação, o magistrado ouvirá as partes no prazo de dez dias, não 
havendo impugnação, será considerada satisfeita a obrigação. 
No caso, de impugnação à proposta por qualquer das partes, deverá o 
magistrado decidir a questão de plano. Ouvida as partes e aprovada a proposta, 
dará o terceiro início à execução da prestação, cabendo ao credor antecipar as 
quantias necessárias. 
Não tendo o terceiro contratado realizado a prestação no prazo ou havendo 
cumprimento incompleto ou defeituoso, poderá o exequente requerer ao juiz, no 
prazo de 15 (quinze) dias, que o autorize a concluir ou reparar a prestação devida às 
expensas do contratante. 
 
 
Fonte: imgs.jusbr.com 
Ouvido o contratante no prazo de 15 (quinze) dias, o juiz mandará avaliar o 
custo das despesas necessárias e o condenará a pagá-lo. 
Caso o exequente queira executar ou mandar executar, as obras e os 
trabalhos necessários à realização da prestação, terá preferência, em igualdade de 
condições de oferta, em relação ao terceiro. Esse direito de preferência deve ser 
exercido no prazo de 5 (cinco) dias, contados da aprovação da proposta do terceiro. 
No tocante à obrigação de fazer, caso convencionado que o executado a 
satisfaça pessoalmente, o exequente poderá requerer ao juiz que determine prazo 
para cumpri-la. 
 
 
Em caso de recusa ou mora do executado, sua obrigação pessoal será 
convertida em perdas e danos. 
Quanto à defesa do executado poderá opor-se à execução por meio de 
embargos. Poderá o executado apresentar os embargos à execução alegando 
qualquer das matérias previstas no art. 917 do CPC. Via de regra, os embargos não 
suspendem à execução, embora o juiz esteja autorizado a concedê-lo a pedido do 
executado, preenchidos os requisitos do art. 919, § 1º, do CPC. 
Quanto à obrigação de não fazer, praticado ato em que o executado estava 
obrigado a sua abstenção por lei ou por contrato, o exequente pleiteará ao juiz que 
determine prazo para o executado desfazê-lo. 
Em caso de recusa ou mora do executado, o exequente requererá ao juiz que 
mande desfazer o ato à custa do executado, que responderá por perdas e danos. 
Sendo impossível o desfazimento do ato, a obrigação se resolverá em perdas e 
danos, que após sua liquidação, observará o procedimento da execução por quantia 
certa. 
IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA6 
O novo CPC (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015) reservou o seu Capítulo 
III para tratar sobre o tema relativo ao cumprimento de sentença, iniciando-se pelo 
art. 523 que determina que em caso de condenação em quantia certa, ou já fixada 
em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento 
definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado 
intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se 
houver. 
Vencido o prazo legal de 15 (quinze) dias sem o pronto pagamento há 
importantes desdobramentos no processo executório: 1º: será acrescido o valor de 
multa e honorários advocatícios, ambos no percentual de 10% (dez pontos 
percentuais); 2º: será expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação e 3º: 
abrirá o prazo para o executado apresentar impugnação, conforme dicção do art. 
 
6 Texto extraído do artigo “A impugnação ao cumprimento de sentença que reconhece a exigibilidade 
de obrigação de pagar quantia certa na ótica do novo CPC” de Rafael Silveira. 
 
 
 
525 que define que uma vez transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o 
pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, 
independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, 
sua impugnação, consubstanciada em: 
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo 
correu à revelia; 
II - ilegitimidade de parte; 
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; 
IV - penhora incorreta ou avaliação errônea; 
V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; 
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; 
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como 
pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que 
supervenientes à sentença. 
Observa-se ao fim que para se pleitear o efeito suspensivo da execução 
deverá o executado além de oferecer a garantia do juízo mediante penhora, caução 
ou depósitodeverá comprovar que a execução é manifestamente suscetível de 
causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação. 
PRAZOS7 
O novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/15 – em vigência desde 18 de 
março de 2016, trouxe consigo alterações substanciais no que diz respeito aos 
prazos legais, dado que, a partir de então, nos termos do Artigo 219, "na contagem 
de prazo em dias, estabelecidos em lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os 
úteis", e, além disso, complementa o parágrafo único, tal forma de contagem "aplica-
se somente aos prazos processuais", demonstrando o ineditismo da norma: 
"[...] os prazos processuais são em regra contados em dias, e quanto a eles 
há uma grande novidade no Novo Código de Processo Civil. O art. 219, 
caput, do Novo CPC traz interessante inovação quanto à contagem de 
prazo, passando a estabelecer que a contagem de prazo em dias, 
determinado por lei ou pelo juiz, computará somente os dias úteis." 
Assim, importante verificar, antes de mais nada, que a nova sistemática 
processual trouxe expressa distinção entre os prazos materiais e processuais, sendo 
 
7 Texto extraído do artigo “A incerteza do cômputo dos prazos no cumprimento definitivo de sentença à 
luz da interpretação do artigo 523 do novo Código de Processo Civil” de Bruni Fernando Garutti. 
 
 
que, apenas aos segundos aplicar-se-ão os referidos dias úteis, o que tornou, no 
âmbito das regras procedimentais para cumprimento definitivo de sentença na 
obrigação de pagar quantia certa estabelecidas nos artigos 523 ao 527 do 
mencionado diploma legal, um campo inseguro ao executado a fim de que opte em 
cumprir o comando executório no prazo de 15 (quinze) dias úteis ou 15 (quinze) dias 
corridos, principalmente para fins de apresentação da impugnação a que se refere o 
caput do artigo 525, sem sofrer as devidas sanções prescritas na norma estatuída 
no artigo 523 e parágrafos. 
Portanto, da imediata vigência do novo diploma legal, a despeito da vacatio 
legis de um ano (artigo 1.045, novo CPC), adveio significativa insegurança jurídica 
ante a insuficiência da norma, em grande parte, na fase executória, pelo fato de que, 
apesar de se saber o exato início do cômputo do prazo para pagamento da quantia 
exequenda, que se inicia com a intimação do devedor para pagar o débito, não foi 
regulamentado se o pagamento – cumprimento – deverá ser realizado em dias úteis 
ou corridos. 
Assim, a princípio, antes de verificar se o prazo a que se refere o artigo 523, 
novo CPC, é de caráter processual ou material, o que não se pretende exaurir neste 
artigo, dada a divergência doutrinária a esse respeito que será adiante exposta, o 
executado possui três alternativas a fim de cumprir o comando sentencial nos casos 
de obrigação de pagar quantia certa. 
Primeiro, antes mesmo do réu ser intimado acerca da instauração da fase do 
cumprimento de sentença, poderá oferecer em pagamento o que entende ser 
devido, desde que apresente memória discriminada de cálculo, nos termos do artigo 
526, caput. 
A problemática desta primeira opção por parte do réu reside justamente no 
fato de que, ante a nova sistemática, no caso de impugnação pelo autor do valor por 
ele depositado (art. 526, § 1º), "concluindo o juiz pela insuficiência do depósito, 
sobre a diferença, incidirão, multa de dez por cento e honorários advocatícios, 
também fixados em dez por cento, seguindo-se a execução com penhora e atos 
subsequentes." (art. 526, § 2º). 
Em segundo lugar, o réu – executado – poderá aguardar a intimação para 
pagar a quantia exequenda e, caso considere que os cálculos apresentados pelo 
 
 
autor estão corretos, deverá realizar o pagamento e aguardar a extinção da fase de 
execução, com o posterior levantamento pelo exequente da quantia depositada. 
Em terceiro lugar, na hipótese do parágrafo anterior (no caso do réu aguardar 
a intimação para pagar a quantia exequenda), contudo, considerando o executado a 
existência de uma das hipóteses impugnáveis do artigo 525, § 1º, incisos I à VII, 
novo CPC, deverá, no prazo de 15 (quinze dias), tendo ou não realizado o depósito 
voluntário da quantia que o autor (exequente) entendeu como devida, apresentar 
impugnação, podendo requerer, outrossim, a atribuição de efeito suspensivo, nos 
exatos termos e hipótese do artigo 525, parágrafo sexto, novo CPC. 
 
 
Fonte: jornaldoradialista.com 
Neste último caso, na hipótese de não acolhimento da impugnação, o 
executado poderá incorrer nas penalidades previstas no parágrafo primeiro do artigo 
523, quais sejam, acréscimo ao débito exequendo de multa de dez por cento e 
honorários advocatícios, também fixados em dez por cento, tendo que realizar o 
pagamento – caso já não o tenha feito por precaução no prazo para pagamento 
voluntário ou já não tenha sofrido bloqueio em suas contas – neste momento. 
Assim, após verificadas as possibilidades que existem ao executado no 
cumprimento definitivo de sentença na obrigação de pagar quantia certa, 
conferidas pela atual legislação processual, importa saber, ou ao menos indicar, 
neste início de vigência do novo Código se o prazo a que se refere o caput do 
artigo 523, novo CPC, é de natureza material – não processual – ou processual. 
 
 
Isto porque, no caso de o prazo em referência ser não processual, estar-se-
ia diante de contagem do prazo em dias corridos, aplicando-se, assim, o disposto 
no artigo 231, V, novo CPC, o que impacta de forma direta na contagem do prazo 
inicial para apresentação de impugnação, esta última, a ser apresentada 
computando-se o prazo em dias úteis. 
Vale dizer, a insuficiência de norma em determinar se o prazo para 
pagamento voluntário é em dias úteis ou corridos implicará diretamente em 
consequência processual e de cunho econômico ao executado. 
Por conseguinte, se o executado, após iniciado o cumprimento definitivo de 
sentença com a intimação para pagar o valor discriminado em memória de cálculo 
juntado pelo exequente não o fizer no prazo de 15 (quinze) dias, (i) incidirá na 
multa de dez por cento, além de honorários arbitrados em outros dez por cento, 
nos termos do artigo 523, parágrafo primeiro; bem como, (ii) uma vez que o prazo 
para apresentar impugnação terá início apenas após o término do prazo para 
pagamento voluntário, é certo que o equívoco no cômputo de prazo para o 
pagamento voluntário – por exemplo, no caso de considerá-lo como sendo não 
processual –, significará a intempestividade e consequente preclusão 
temporal para apresentação da impugnação, impossibilitando o executado de se 
opor ao débito exequendo, bem como, submetendo-se a futuros atos 
expropriatórios a serem realizados no curso da execução. 
Logo, diante do imbróglio jurídico que em breve deverá ser submetido ao 
Superior Tribunal de Justiça, provavelmente através de instrumento processual 
próprio, qual seja, do Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR), 
com fundamento no novo diploma processual legal – conjugação dos artigos 928, 
parágrafo único com o artigo 976, II, ambos do novo CPC – chega-se a questão 
que vem sendo debatida pela doutrina, debate que também se estende ao prazo 
previsto no artigo 829, novo CPC, referente ao processo de execução. 
A questão não é simples, em que pese inovadora, uma vez que decorre, 
como mencionado no início deste artigo, da não aplicação da contagem dos 
prazos em dias úteis aos prazos não processuais, conforme disposto na norma 
estatuída no artigo 219, parágrafo único, novo CPC. Por isso, talvez, pela 
aplicação ainda recente no campo da prática processual, o tema não tenha sido 
objeto de debates pela maioria dos processualistas, em que pese muito delesjá 
 
 
ter expressado posição a respeito da natureza do prazo aludido no artigo 523, 
caput. 
Veja-se, por exemplo, alguns argumentos utilizados por parte da doutrina, 
de modo a conferir, quanto ao prazo indicado para cumprir (pagar) a condenação, 
natureza processual: 
"O prazo fixado no texto ora comentado tem como destinatário a parte, que 
é quem deve praticar ato para cumprimento da sentença (pagamento) em 
quinze dias. Trata-se de prazo fixado em lei, como exige o CPC 219 caput 
para que a contagem se dê em dias úteis. O segundo requisito legal para a 
aplicação do critério de contagem somente em dias úteis é a destinação da 
intimação: prática de ato processual, que é o que deve ser praticado no, em 
razão do ou para o processo. Cumprimento da sentença, portanto, é ato 
processual que deve ser praticado pela parte. Incide a regra da contagem 
de prazo prevista no CPC 219 caput e par. ún., de que os prazos previstos 
em lei ou designados pelo juiz fixados em dias, correm apenas em dias 
úteis." 
"Impõe-se, por fim, indagar a respeito da contagem do prazo de quinze dias, 
notadamente diante da regra contida no art. 219 pelo qual "a contagem de 
prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os 
úteis", com a ressalva contida no seu parágrafo único de que tal regra 
“aplica-se somente aos prazos processuais". Conquanto o ato de pagar seja 
voltado à parte, o comando exarado pelo juiz, instando o executado a pagar 
em determinado prazo, como já dissemos, é ato executivo, de natureza 
mandamental (coercitiva), daí porque se trata de um prazo processual e, 
como tal, deve observar o comando do art. 219. Assim, o prazo de quinze 
dias deve ser contado em dias úteis." 
"Nesse sentido, o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523 do 
novo CPC – quinze dias contados da intimação para pagamento, realizada 
na forma do art. 513, § 2º – é de natureza processual ou material? 
Certamente haverá margem para discussão, mas considerando que esse 
ato (pagamento) também se destina (ainda que não exclusivamente) a 
produzir efeitos no processo, inibindo a deflagração das próximas etapas do 
cumprimento de sentença, com a realização de atos constritivos sobre o 
patrimônio do executado, parece que o prazo deve ser qualificado como 
processual, computando-se apenas nos dias úteis" 
 
Entretanto, é importante verificar que há argumentos relevantes no que diz 
respeito a natureza material do prazo disposto no artigo 523, caput, também 
discutido pela outra parte da doutrina: 
 
"Ressalte-se, por fim, que a regra de contagem de prazos apenas em dias 
úteis aplica-se tão somente a prazos processuais. Isso significa que os 
prazos concedidos às partes para o cumprimento de sentença ou decisões 
interlocutórias que lhes imponham obrigações não contarão com o 
beneplácito do art. 219, contando-se de forma corrida igualmente em dias 
não úteis." 
"Apesar de existir corrente doutrinária que defende tratar-se de um prazo 
processual (apud, Scarpinella Bueno, Manual, p. 402), em meu 
entendimento o prazo é material, porque o pagamento é ato a ser praticado 
 
 
pela parte e não pelo advogado, não se tratando, portanto, de ato 
postulatório." 
Como mencionado, a questão não está pacificada entre os processualistas 
que iniciaram o estudo a seu respeito, e não ficará até definição e estabilização do 
tema, como bem salientado por estudiosos da área: 
"[...] Mas não há consenso a respeito do tema. Para alguns, se o ato tiver de 
ser realizado primordialmente fora dos autos, ou se não for para realizar um 
ato estritamente processual, já não se trata de ato processual. Nesse 
sentido, haveria espaço para debate se um prazo seria processual (e, 
portanto, com contagem em dias úteis) ou material (com contagem em dias 
corridos, nos termos da legislação civil). [...]" 
[...] Contudo, como dito, a questão é polêmica, já existindo considerável 
divergência doutrinária a respeito do tema neste início de vigência do 
Código. [...]" 
Vale ressaltar, entretanto, que diante da insegurança jurídica demonstrada, 
por consequência, duas precauções deverão ser observadas por parte dos 
operadores do direito (especificamente, advogados e magistrados). 
Em primeiro plano, caberá ao advogado, até estabilização do entendimento 
jurisprudencial, considerar o cômputo do prazo – no cumprimento definitivo de 
sentença na obrigação de pagar quantia certa –, em dias corridos, a despeito de 
qualquer entendimento doutrinário contrário, conforme acima exposto. Aquele que 
cumpriu o comando no prazo exíguo, por certo, o terá feito também dentro do prazo 
mais amplo, a despeito do entendimento futuro. 
A segunda precaução, direcionada aos magistrados, deverá respaldar-se no 
princípio da cooperação, esculpido no artigo 6º, novo CPC, sendo-lhe uma das 
vertentes o dever de prevenir, dando-se ênfase ao processo como genuíno 
mecanismo técnico de proteção de direito material, vale dizer, caberá ao magistrado 
expressamente determinar no despacho que intima o executado para cumprir o 
comando sentencial, se o cômputo se dará em dias úteis ou corridos. 
Finalmente, em que pese o teor insuficiente da norma disposta pela 
conjugação dos artigos 523 e 219, parágrafo único, novo CPC, e, sem embargo ao 
entendimento doutrinário que apenas demonstra a incerteza a respeito da aplicação 
do texto normativo, resvalando, inclusive, no entendimento quanto a própria teoria 
do ato processual, o balizamento da questão deverá ser decorrência de decisão 
futura a ser articulada pelo Superior Tribunal de Justiça, órgão do poder judiciário 
com a precípua função de estabilizar o entendimento a respeito de interpretação da 
 
 
legislação federal, cabendo aos operadores do direito atuar com precaução e 
cooperação, esta última, por sinal, aplicável a todas as fases do processo. 
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