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SISTEMA DE ENSINO DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução Livro Eletrônico 2 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL Apresentação . ............................................................................................................................3 Cumprimentos de Sentença (Fazer, Não Fazer, Entregar e Pagar); Cumprimento Provisório de Sentença; Processo de Execução (Fazer, Não Fazer e Entregar) . ...............5 Disposições Gerais ao Cumprimento da Sentença. ................................................................5 Cumprimento Provisório da Sentença de Pagar Quantia Certa . ..........................................17 Cumprimento Definitivo de Sentença de Pagar Quantia Certa . ..........................................24 Cumprimento de Sentença de Fazer ou de Não Fazer . .......................................................32 Cumprimento de Sentença de Entregar Coisa . ....................................................................45 Processo de Execução para Entregar Coisa .........................................................................46 Processo de Execução para Fazer ou Não Fazer . ................................................................47 Resumo .....................................................................................................................................49 Questões de Concurso . .......................................................................................................... 58 Gabarito . ................................................................................................................................. 82 Gabarito Comentado . ..............................................................................................................83 ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL ApresentAção Olá, tudo bem com você? Vamos nos aventurar no maravilhoso mundo do Processo Civil e eu terei a honra de auxi- liar você nessa caminhada. Eu sempre adotei, na minha trajetória de estudos, um material base com o qual eu pudes- se contar e ler sempre antes de fazer as provas. Acredito que seja fundamental você ter suas anotações/cadernos e sempre poder revisá-los nas semanas que antecedem a prova. DICA! É fundamental você ter um caderno apenas. Uma fonte para cada matéria. Não faça a besteira de ter três ou quatro ano- tações esparsas da mesma matéria. Condensar tudo em um mesmo material é muito importante para fins de organização. Por isso, utilize este material em PDF e monte seus cadernos a partir deles, ou, caso você já tenha seus cadernos, alimen- te-os com as informações que você verá aqui. O importante é você não ter uma pluralidade de materiais, porque se fizer isso você vai acabar se perdendo. Minha trajetória de estudos começou em 2010 e, desde então, eu acompanho todas as notícias diárias que são publicadas no STF e no STJ, bem como todos os informativos sema- nais dos dois tribunais, sem perder nenhum. O diferencial deste material, portanto, é justamente este: abordarei com você o conteúdo básico de cada disciplina, mas irei aprofundar com a jurisprudência mais atual e mais diver- sificada sobre o assunto, além de apresentar questões sobre as matérias. As provas, atualmente, cobram muita letra de lei, mas também muito entendimento juris- prudencial, por isso eu acredito que com esta leitura você ficará preparado(a) para alcançar seu objetivo no mundo dos concursos públicos, pois terá todo o conteúdo mais atualizado possível. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL Com esse método, fui aprovado e exerci os cargos de técnico administrativo no MPU, ana- lista judiciário no TJ-DFT, juiz de direito no TJ-MT e juiz federal no TRF-1ª. Se eu consegui, você também consegue! Em Processo Civil, ficarei responsável por 14 pontos que estão divididos conforme o cro- nograma a seguir. Não vejo a necessidade de uma leitura ordenada dos pontos, portanto, você pode começar com provas (aula 12) e depois ler sobre juizados especiais (aula 28), por exem- plo. Eu acho importante apenas que você leia o ponto inteiro antes de partir para o próximo. Aula Conteúdo 7 Atos Processuais; e Vícios dos Atos 8 Tutela Provisória 9 Formação, Suspensão e Extinção do Processo; e Petição Inicial 10 Audiência de Mediação e Conciliação; Respostas do Réu; e Revelia 11 Providências Preliminares e Julgamento conforme o Estado do Processo; e Audiência de Instrução e Julgamento 12 Provas 13 Sentença; Liquidação de Sentença; e Coisa Julgada 16 Execução; Princípios, Sujeitos e Competência da Execução 17 Título Executivo; e Responsabilidade Patrimonial 18 Cumprimento Provisório de Sentença; Cumprimentos de Sentença (Fazer, Não Fazer, Entregar e Pagar); Processo de Execução (Fazer, Não Fazer e Entregar) 19 Processo de Execução de Pagar Quantia; Execuções Especiais 20 Defesas do Executado; Suspensão e Extinção do Processo de Execução 27 Mandado de Segurança; Ação Popular; Ação Civil Pública; e Ação de Improbidade Administrativa 28 Juizados Especiais; Processo Eletrônico ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL CUMPRIMENTOS DE SENTENÇA (FAZER, NÃO FAZER, ENTREGAR E PAGAR); CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DE SENTENÇA; PROCESSO DE EXECUÇÃO (FAZER, NÃO FAZER E ENTREGAR) Nesta aula, eu e você iremos trabalhar os arts. 513 ao 527, 536 ao 538 e 806 ao 823 do Código de Processo Civil. Fique tranquilo(a) porque sempre que o artigo for muito importante, eu irei transcrevê-lo. Sempre que houver algum julgado importante, também transcreverei a ementa para que seu estudo fique dinâmico. Disposições GerAis Ao Cumprimento DA sentençA O cumprimento de sentença demanda a existência de um título executivo judicial para seu início. Já vimos em materiais anteriores algumas diferenças cruciais entre o processo de execução e a fase de cumprimento de sentença. A despeito de algumas diferenças existentes, o Código permite a aplicação subsidiária das regras do processo de execução à fase de cumprimento de sentença, no que couber. Diferentemente do cumprimento de sentença que reconheça as obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa, que podem ser iniciadas de ofício ou a requerimento da parte, no cum- primento de sentença que reconhece o dever de pagar quantia, seja provisório ou definitivo, não será possível o início de ofício pelo juiz, havendo a necessidade de requerimento do exe- quente-credor. O devedor, portanto, é intimado para cumprir a sentença mediante várias hipóteses pos- síveis, a depender do estado do processo. Perceba que não há citação, porque diante do pro- cesso sincrético e da necessidade prévia de um pronunciamento judicial, presume-se já ter ocorrido a citação e a integração processual. No caso da sentença penal condenatória transitada em julgado, sentença arbitral e senten- ça estrangeira homologada pelo STJ (bem como a decisão interlocutória estrangeira com ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVILexequatur), não haverá processo sincrético, ou seja, haverá processo de execução autônomo com títulos executivos judiciais! É um processo autônomo de execução, mas o procedimento é de cumprimento de sentença! Salvo a petição inicial e a citação, o procedimento é o cumprimento de sentença (TJMT/ P2/2014). Dessa forma, a execução segue o rito do cumprimento de sentença, com multa de 10% caso não haja o pagamento espontâneo em 15 dias contados: • da juntada do mandado de citação devidamente cumprido, no caso de sentença líquida; ou • da intimação do devedor, na pessoa do seu advogado, por publicação no DJe, no caso de sentença ilíquida (porque, nesse caso, a citação já ocorreu na fase de liquidação prévia). STJ. REsp 1102460/RJ. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA – ACÓRDÃO ESTADUAL DANDO PROVIMENTO A AGRAVO DE INSTRUMENTO DA SOCIE- DADE EMPRESÁRIA EXECUTADA, POR CONSIDERAR DESCABIDA A INCIDÊNCIA DA MULTA DO ARTIGO 475-J DO CPC NO ÂMBITO DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ARBI- TRAL. INSURGÊNCIA DOS EXEQUENTES. 1. Para efeitos do artigo 543-C do CPC: No âmbito do cumprimento de sentença arbitral condenatória de prestação pecuniária, a multa de 10% (dez por cento) do artigo 475-J do CPC deverá incidir se o executado não proceder ao pagamento espontâneo no prazo de 15 (quinze) dias contados da jun- tada do mandado de citação devidamente cumprido aos autos (em caso de título execu- tivo contendo quantia líquida) ou da intimação do devedor, na pessoa de seu advogado, mediante publicação na imprensa oficial (em havendo prévia liquidação da obrigação certificada pelo juízo arbitral). 2. O Código de Processo Civil, assim como a Lei da Arbi- tragem, confere a natureza de título executivo judicial à sentença arbitral, distinguindo apenas o instrumento de comunicação processual do executado. Com efeito, em se tra- tando de cumprimento de sentença arbitral, a angularização da relação jurídica proces- sual dar-se-á mediante citação do devedor no processo de liquidação ou de execução em vez da intimação promovida nos processos sincréticos (nos quais ocorrida a citação ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL no âmbito de precedente fase de conhecimento). Eis, portanto, a única diferença proce- dimental entre o cumprimento da sentença proferida no processo civil e o da sentença arbitral. 3. Nessa ordem de ideias, à exceção da ordem de citação (e não de intimação atinente aos processos sincréticos), a execução da sentença arbitral condenatória de obrigação de pagar quantia certa observa o mesmo procedimento previsto para as sen- tenças civis de idêntico conteúdo, qual seja, o regime previsto nos artigos 475-J a 475-R do CPC. 4. A multa de 10% (dez por cento) prevista no artigo 475-J do CPC (aplicável no âmbito do cumprimento de título representativo de obrigação pecuniária líquida) tem por objetivo garantir a maior efetividade e celeridade na prestação jurisdicional, tornando onerosa a recalcitrância do devedor em desobedecer o comando sentencial ao qual submetido. 5. Consequentemente, o afastamento da incidência da referida sanção no âmbito do cumprimento de sentença arbitral de prestação pecuniária representaria um desprestígio ao procedimento da arbitragem (tornando-a um minus em relação à juris- dição estatal), olvidando-se de seu principal atrativo, qual seja, a expectativa de célere desfecho na solução do conflito. […]. 7. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao rito do artigo 543-C do CPC e da Resolução STJ 8/2008. (Rel. Ministro MARCO BUZZI, CORTE ESPECIAL, julgado em 17/06/2015, DJe 23/09/2015). Caso o devedor tenha advogado constituído nos autos, sua intimação ocorrerá por Diário da Justiça. Por outro lado, se o requerimento de cumprimento de sentença for formulado após um ano do trânsito em julgado da sentença, haverá a necessidade de intimação por carta com aviso de recebimento. Caso o devedor não tenha advogado constituído nos autos, sem ser revel, ou seja, repre- sentado pela Defensoria Pública, haverá a necessidade de intimá-lo por carta com aviso de recebimento. Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, as empresas públi- cas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrôni- cos, para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas preferen- cialmente por esse meio. Com base nessa regra, utiliza-se o meio eletrônico para intimação, ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL caso não haja procurador constituído nos autos, pois, neste caso, a intimação ocorrerá pela regra geral (via Diário da Justiça). Por fim, no processo de conhecimento, quando o réu for desconhecido ou incerto, ou mes- mo quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar, terá ocorrido a ci- tação por edital. Na fase de cumprimento de sentença, caso o réu revel citado por edital não tenha constituído advogado, haverá a necessidade de intimação por edital. Nas situações em que o réu revel sem advogado nos autos, o réu representado pela De- fensoria Pública ou as empresas públicas e privadas com cadastro no sistema de processo em autos eletrônicos tiverem mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, consi- dera-se realizada a intimação no endereço antigo, como se válido fosse. O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento. Limite subjetivo é a eficácia inter pars da coisa julgada, regra no sistema processual. A coisa julgada vincula o autor, réu e terceiros intervenientes. Exceções: • assistente simples suporta a eficácia da intervenção; • em ação de usucapião, por se tratar de reconhecimento de direito real, a sentença tem efeito erga omnes; • em sucessão, pois o sucessor assume a posição do sucedido na relação jurídica dedu- zida no processo; • em dívidas condominiais em que, na fase de conhecimento, figurou o locatário do bem, é possível, na fase de cumprimento de sentença, penhorar o imóvel, mesmo sem a pre- sença do proprietário do imóvel no polo passivo. STJ. REsp 1829663/SP. DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. PENHORA DO IMÓVEL GERADOR DOS DÉBITOS CONDOMINIAIS NO BOJO DE AÇÃO DE COBRANÇA NA QUAL A PROPRIETÁRIA DO BEM NÃO FIGUROU COMO PARTE. POSSIBI- ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL LIDADE. OBRIGAÇÃO PROPTER REM. 1. Embargos de terceiro opostos pela proprietária do imóvel, por meio dos quais se insurge contra a penhora do bem, realizada nos autos de ação de cobrança de cotas condominiais, já em fase de cumprimento de sentença, ajuizada em face da locatária. 2. Ação ajuizada em 22/03/2011. Recurso especial con- cluso ao gabinete em 30/06/2016. Julgamento: CPC/73. 3. O propósito recursal é definir se a proprietária do imóvel gerador dos débitos condominiais pode ter o seu bem penho- rado no bojo de ação de cobrança, já em fase de cumprimento de sentença, da qual não figurou no polo passivo, uma vez que ajuizada, em verdade, em face da então locatária do imóvel. 4. Em se tratando a dívida de condomínio de obrigação propter rem e par- tindo-se da premissa de que o próprio imóvel gerador das despesas constitui garantia ao pagamento da dívida, o proprietário do imóvel pode ter seu bem penhorado no bojode ação de cobrança, já em fase de cumprimento de sentença, da qual não figurou no polo passivo. 5. A solução da controvérsia perpassa pelo princípio da instrumentalidade das formas, aliado ao princípio da efetividade do processo, no sentido de se utilizar a técnica processual não como um entrave, mas como um instrumento para a realização do direito material. Afinal, se o débito condominial possui caráter ambulatório, não faz sentido impedir que, no âmbito processual, o proprietário possa figurar no polo pas- sivo do cumprimento de sentença. 6. Em regra, deve prevalecer o interesse da coleti- vidade dos condôminos, permitindo-se que o condomínio receba as despesas indis- pensáveis e inadiáveis à manutenção da coisa comum. 7. Recurso especial conhecido e provido. (Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/11/2019, DJe 07/11/2019). STJ. REsp 775.841/RS. […]. – Nos termos do art. 472 do CPC, a regra é que a imutabili- dade dos efeitos da sentença só alcance as partes. Contudo, em determinadas circuns- tâncias, diante da posição do terceiro na relação de direito material, bem como pela natureza desta, a coisa julgada pode atingir quem não foi parte no processo. Entre essas hipóteses está a sucessão, pois o sucessor assume a posição do sucedido na relação jurídica deduzida no processo, impedindo nova discussão sobre o que já foi decidido. [...]. (Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/03/2009, DJe 26/03/2009). STJ. REsp 1421034/RS. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DECORRENTES DA MORTE DE GENITOR EM ACIDENTE DE TRÂNSITO. PRE- ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL MISSA FÁTICA ADOTADA EM DEMANDA INDENIZATÓRIA ANTECEDENTE. COISA JUL- GADA. INEXISTÊNCIA. 1. No Código de Processo Civil de 1973, os limites subjetivos da coisa julgada encontravam-se, expressamente, insertos no artigo 472, segundo o qual “a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem preju- dicando terceiros”. 2. Nada obstante, além de alcançar quem efetivamente figura como parte em uma dada relação jurídica processual, a autoridade da coisa julgada também se estende ao seu sucessor, “porque todo fenômeno de sucessão importa sub-rogação em situações jurídicas e aquele é sempre um prolongamento do sucedido como centro de imputação de direitos, poderes, obrigações, faculdades, ônus, deveres e sujeição” (DINAMARCO, Cândido Rangel. Fundamentos do Processo Civil Moderno. Tomo II, 6ª ed. São Paulo: Malheiros, 2010, p.1.145-1.146). 3. Versando, contudo, a demanda sobre direito próprio do herdeiro – indenização pelo dano moral causado pela morte prematura de seu genitor em acidente de trânsito –, sua posição, em relação à demanda antece- dente ajuizada em face da citada vítima fatal, era mesmo de terceiro e não parte. Logo, a coisa julgada formada anteriormente, no âmbito da ação ajuizada pelo ora réu em face do espólio, não se revela extensível ao herdeiro (ora recorrido), nem para o prejudicar nem para o beneficiar. 4. É certo que, a partir da vigência do CPC de 2015, a coisa julgada pode favorecer terceiros. Contudo, tal regramento somente pode ser aplicado àquelas decisões judiciais de mérito transitadas em julgado sob sua égide, nos termos do artigo 14 do novel codex. 5. Ademais, o conteúdo do artigo 469 do CPC de 1973, sobre os limites objetivos da coisa julgada, também inviabiliza a adoção da premissa fática firmada em ação precedente em benefício do herdeiro da vítima do sinistro. Isso porque os motivos (a exemplo da causa de pedir), ainda quando relevantes para o comando concreto pro- nunciado pelo juiz na decisão, somente fazem coisa julgada se conectados ao pedido, isto é, como elemento da situação jurídica definida pelo dispositivo. 6. Da mesma forma, a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença ou do acórdão, não se recobre do manto da intangibilidade da res judicata. “De tal sorte, um fato tido como ver- dadeiro em um processo pode muito bem ter sua inverdade demonstrada em outro, sem que a tanto obste a coisa julgada estabelecida na primeira relação processual. Natural- mente, o segundo julgamento, embora baseado no mesmo fato, há de referir-se à lide ou questões diversas, porquanto não será lícito reabrir-se o processo sobre o que já foi decidido e se acha acobertado pela ‘res iudicata’”. (THEODORO JÚNIOR, Humberto. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL Artigo “Coisa julgada: limites objetivos e eficácia preclusiva (CPC atual e Código proje- tado)”. In: O direito de estar em juízo e a coisa julgada: estudos em homenagem a The- reza Alvim. Coordenadores Arlete Inês Aurelli. (et al.). São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 768-769). 7. Assim, não se reveste da imutabilidade da coisa julgada a premissa fática (culpa concorrente pelo acidente de trânsito) adotada, na demanda anterior, como fundamento para a condenação do espólio do de cujus (genitor do ora recorrido) ao pagamento de indenização pelos danos materiais causados ao ora recorrente, quando dissociada do pedido deduzido naqueles autos. 8. Desse modo, tanto em razão dos limi- tes subjetivos quanto dos objetivos, não é possível reconhecer, na espécie, coisa julgada vinculativa da atividade jurisdicional, afigurando-se correta, portanto, a decisão profe- rida pelo magistrado de piso, que, analisando o caderno probatório, apontou a culpa exclusiva do de cujus pelo acidente de trânsito e, consequentemente, julgou improce- dente a pretensão indenizatória ajuizada pelo ora recorrido. 9. Recurso especial conhe- cido em parte e, nessa extensão, provido. (Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 17/05/2018, DJe 08/06/2018) Como dito, para se dar início à fase de cumprimento de sentença há a necessidade de o credor possuir um título executivo judicial, existindo um rol de títulos dessa espécie no Códi- go, de natureza taxativa, diante do princípio da tipicidade dos títulos executivos. São títulos executivos judiciais as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa. Também são considerados títulos judiciais a decisão homologatória de autocomposição judicial e a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza. A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo. Quando o antigo art. 475-N permitia a homologação de matéria não posta em juízo, queria dizer que a matéria está em juízo, ou seja, há lide. Daí a razão de utilizar a palavra “posta”. Afirmava-se que “o Poder Judiciário não pode ser utilizado como mero cartório que incluirá, ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL em documentos submetidos à sua sumária avaliação, um mero selo, que sequer pode ser chamado selo de qualidade, porque não é submetido, do ponto de vista substancial, a seu controle efetivo” (Notícias do STJ de 22/11/2012). A nova redação do atual CPC, contudo, afirma que a autocomposição judicial pode envolver relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo, dando a entender que haveria interesse processual na homologação judicial de acordo mesmo sem existir qualquer demanda ajuiza-da. O tema, contudo, é bastante tormentoso. STJ. REsp 1.184.267 / MS. PROCESSO CIVIL. TRANSAÇÃO EXTRAJUDICIAL. HOMOLO- GAÇÃO. LEI 9.099/95. ART. 57. IMPOSSIBILIDADE. 1. É imprescindível preservar o escopo da Lei 9.099/95, criada para facilitação de acesso ao Poder Judiciário pelos titulares de direitos relacionados a lides de menor complexidade. 2. O art. 57 da Lei 9.099/95 tem, em princípio, eficácia transcendente à Lei dos Juizados Especiais. Essa norma, contudo, teria o papel de regular provisoriamente a matéria, até que ela encontrasse regulação específica nos diplomas adequados, a saber, o Código de Processo Civil e o Código Civil. 3. Na última alteração a que se sujeitou o CPC, incluiu-se o art. 475-N, que em lugar de atribuir eficácia de título executivo judicial à sentença que homologue acordo que verse sobre matéria não posta em juízo, passou a falar em transações que incluam matéria não posta em juízo. 4. Uma transação que inclua matéria não posta em juízo pressupõe a existência prévia de uma lide, admitindo apenas sua maior amplitude de conteúdo que o dessa lide posta. Assim, a transação para ser homologada teria de ser levada a efeito em uma ação já ajuizada. 5. Recurso especial não provido. (Rel. Min. Nancy Andrighi, TERCEIRA TURMA, julgado em 13/11/2012). É título executivo judicial o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. Perceba que, nes- se caso, há uma limitação da abrangência dos sujeitos. Também o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial é título executivo judicial. É título executivo judicial a sentença penal condenatória transitada em julgado. Perceba que é possível o juízo penal fixar desde logo o valor da indenização, tornando o título líquido. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL Caso contrário, a sentença penal permitirá o início da liquidação de sentença, para fixação do quanto é devido. A sentença arbitral também é título executivo judicial. Por fim, a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça, bem como a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça, são títulos executivos judiciais. Como dito acima, nos casos de sentença penal condenatória transitada em julgado, sen- tença arbitral, sentença estrangeira homologada pelo STJ e decisão interlocutória estrangei- ra, após a concessão do exequatur, haverá citação do devedor no juízo cível para cumprimen- to da sentença ou para a liquidação, no prazo de 15 dias. O cumprimento de sentença efetua-se perante os tribunais, nas causas de competência originária ou perante o juízo que decidiu a causa em primeiro grau de jurisdição. Também é atribuído ao juízo cível competente o cumprimento de sentença quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo. Fora a hipótese de cumprimento de sentença nos tribunais, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem. O credor pode optar pela remessa dos autos ao foro de domicílio do executado mesmo após o início do cumprimento de sentença. STJ. REsp 1776382/MT. […]. 5. Em regra, o cumprimento de sentença efetua-se perante o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição. Contudo, nos termos do art. 516, parágrafo único, do CPC/2015, o exequente passou a ter a opção de ver o cum- primento de sentença ser processado perante o juízo do atual domicílio do executado, do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou do local onde deva ser exe- cutada a obrigação de fazer ou não fazer, casos em que a remessa dos autos do pro- ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL cesso será solicitada ao juízo de origem. 6. Como essa opção é uma prerrogativa do credor, ao juiz não será lícito indeferir o pedido se este vier acompanhado da prova de que o domicílio do executado, o lugar dos bens ou o lugar do cumprimento da obriga- ção é em foro diverso de onde decidida a causa originária. 7. Com efeito, a lei não impõe qualquer outra exigência ao exequente quando for optar pelo foro de processamento do cumprimento de sentença, tampouco dispondo acerca do momento em que o pedido de remessa dos autos deve ser feito – se antes de iniciada a execução ou se ele pode ocorrer incidentalmente ao seu processamento. 8. Certo é que, se o escopo da norma é realmente viabilizar a efetividade da pretensão executiva, não há justificativa para se admitir entraves ao pedido de processamento do cumprimento de sentença no foro de opção do exequente, ainda que o mesmo já tenha se iniciado. 9. A remessa dos autos ao foro da Comarca de São Paulo/SP é medida que se impõe. 10. Recurso especial parcial- mente conhecido e, nessa extensão, provido. (Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/12/2019, DJe 05/12/2019). A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário de 15 dias. Para tanto, o exequente deve apresentar certidão de teor da decisão, que deve ser fornecida no prazo de três dias, com a indicação do nome e qualificação do exequente e do executado, número do processo, valor da dívida e data do decurso do prazo para pagamento voluntário. Na rara hipótese em que pender ação rescisória para impugnar a decisão exequenda, pode o executado pedir a anotação de tal informação à margem do título protestado. Comprovada a satisfação integral da obrigação, a requerimento do executado, o protesto será cancelado por determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de três dias, contado da data de protocolo do requerimento. Sentença judicial condenatória transitada em julgado pode ser protestada, dada a restrição ao crédito que ela acarreta, obrigado o devedor a adimplir sua obrigação. Esse entendimento existia antes mesmo do CPC de 2015. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL É certo que a sentença não precisa da publicidade nem da prova inequívoca do inadim- plemento, que são, em última análise, o escopo do protesto. A publicidade é inerente aos atos judiciais e a prova do inadimplemento vem de simples certidão do juízo, informando a propositura da ação de execução. Contudo, além desses escopos, o protesto causa efeito negativo na vida do devedor recalcitrante. A publicidade específica, que causa a restrição ao crédito, leva o devedor a adimplir sua obrigação, tão logo quanto possível, para livrar-se da restrição creditícia. (ITA do REsp 750805/RS). STJ. REsp 750805/RS. RECURSO ESPECIAL. PROTESTO DE SENTENÇA CONDENATÓRIA, TRANSITADA EM JULGADO. POSSIBILIDADE. EXIGÊNCIA DE QUE REPRESENTE OBRI- GAÇÃO PECUNIÁRIA LÍQUIDA, CERTA E EXIGÍVEL. 1. O protesto comprova o inadimple- mento. Funciona, por isso, como poderoso instrumento a serviço do credor, pois alerta o devedor para cumprir sua obrigação. 2. O protestoé devido sempre que a obriga- ção estampada no título é líquida, certa e exigível. 3. Sentença condenatória transitada em julgado, é título representativo de dívida – tanto quanto qualquer título de crédito. 4. É possível o protesto da sentença condenatória, transitada em julgado, que repre- sente obrigação pecuniária líquida, certa e exigível. 5. Quem não cumpre espontanea- mente a decisão judicial não pode reclamar porque a respectiva sentença foi levada a protesto. (Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/02/2008, DJe 16/06/2009). Lei b. 9.492/1997 (Define competência, regulamenta os serviços concernentes ao protesto de títu- los e outros documentos de dívida e dá outras providências): Art. 1º Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. STJ. REsp 1126515/PR. 1. Trata-se de Recurso Especial que discute, à luz do art. 1º da Lei 9.492/1997, a possibilidade de protesto da Certidão de Dívida Ativa (CDA), título exe- cutivo extrajudicial (art. 586, VIII, do CPC) que aparelha a Execução Fiscal, regida pela Lei 6.830/1980. […]. 4. No regime instituído pelo art. 1º da Lei 9.492/1997, o protesto, insti- tuto bifronte que representa, de um lado, instrumento para constituir o devedor em mora e provar a inadimplência, e, de outro, modalidade alternativa para cobrança de dívida, foi ampliado, desvinculando-se dos títulos estritamente cambiariformes para abranger ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL todos e quaisquer “títulos ou documentos de dívida”. Ao contrário do afirmado pelo Tri- bunal de origem, portanto, o atual regime jurídico do protesto não é vinculado exclusiva- mente aos títulos cambiais. […]. 16. A interpretação contextualizada da Lei 9.492/1997 representa medida que corrobora a tendência moderna de intersecção dos regimes jurí- dicos próprios do Direito Público e Privado. A todo instante vem crescendo a publici- zação do Direito Privado (iniciada, exemplificativamente, com a limitação do direito de propriedade, outrora valor absoluto, ao cumprimento de sua função social) e, por outro lado, a privatização do Direito Público (por exemplo, com a incorporação – naturalmente adaptada às peculiaridades existentes – de conceitos e institutos jurídicos e extraju- rídicos aplicados outrora apenas aos sujeitos de Direito Privado, como, e.g., a utiliza- ção de sistemas de gerenciamento e controle de eficiência na prestação de serviços). 17. Recurso Especial provido, com superação da jurisprudência do STJ. (Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/12/2013, DJe 16/12/2013). A prescrição da pretensão executória de título cambial não enseja o cancelamento automáti- co de anterior protesto regularmente lavrado e registrado. Protestar o título já prescrito não pode. STJ. REsp 813.381/SP. RECURSO ESPECIAL. TÍTULOS DE CRÉDITO. NOTA PROMIS- SÓRIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. PROTESTO REGULARMENTE LAVRADO. AJUIZA- MENTO DE AÇÃO EXECUTIVA. PRESCRIÇÃO DO TÍTULO. AÇÃO DE CANCELAMENTO DO REGISTRO DO PROTESTO FUNDADA EM MOTIVO DIVERSO DO PAGAMENTO DO TÍTULO (LEI 9.492/97, ART. 26, § 3º). NECESSIDADE DE DECISÃO JUDICIAL. RECURSO PROVIDO. 1. De acordo com o art. 26, § 3º, da Lei 9.492/97, o cancelamento do registro do pro- testo advém, normalmente, apenas em razão do pagamento do título. Por qualquer outra razão, somente poderá o devedor obter o cancelamento mediante decisão judicial favo- rável. 2. Como esclarece FRAN MARTINS: “o protesto cambial não cria direitos. Meio de prova especialíssimo, próprio dos títulos cambiários, ele apenas atesta um fato, a falta ou recusa do aceite ou do pagamento.” Portanto, o protesto não se prende imediata- mente à exequibilidade do título ou de outro documento de dívida, mas sim à inadim- plência e ao descumprimento da obrigação representada. Como estas não desaparecem com a mera prescrição do título executivo não quitado, o protesto não pode ser cance- ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL lado simplesmente em função da inaptidão do título prescrito para ser objeto de ação de execução. 3. Recurso especial provido. (Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 20/11/2014, DJe 20/05/2015). Destaque-se que, ao contrário dos registros em cadastros de inadimplentes, não há prazo fixado para que o protesto seja cancelado, isto é, o decurso do prazo não é motivo suficiente para o cancelamen- to do protesto. O efeito da inscrição em cadastros de inadimplentes terá a duração de 5 anos ou até a prescrição da cobrança da obrigação, mas isso não cancela, por si só, o protesto realizado. Nem a prescrição da eventual pretensão executória é motivo para o cancelamento do protesto. (Marlon Tomazette, Curso de Direito Empresarial. Vol. 2, 4ª ed., São Paulo: Atlas, 2013, p. 167 e p. 175). Todas as questões relativas à validade do procedimento de cumprimento da sentença e dos atos executivos subsequentes poderão ser arguidas pelo executado nos próprios autos e nestes serão decididas pelo juiz. Cumprimento provisório DA sentençA De pAGAr QuAntiA CertA Para se ter um cumprimento provisório de sentença que reconheça a exigibilidade de obri- gação de pagar quantia certa, há a necessidade de a causa não ter transitado em julgado, caso contrário se estaria em cumprimento definitivo, bem como de o recurso interposto não ter sido recebido com efeito suspensivo, o que obsta o cumprimento provisório. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito sus- pensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, porém com algumas adaptações. O cumprimento provisório corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido. Da mesma forma, o cumprimento provisório fica sem efeito, sobrevindo decisão que mo- difique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos. Claro que se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada ape- nas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL A restituição ao estado anterior não implica o desfazimento da transferência de posse ou da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação dos prejuízos causados ao executado. Os danos causados a partir da execução de tutela antecipada (assim também a tutela caute- lar e a execução provisória) geram responsabilidade objetiva também. STJ. REsp 1191262/DF. […]. 2. Recurso especial interposto por Mozariém Gomes do Nascimento: 2.1. Os danos causados a partir da execução de tutela antecipada (assim também a tutela cautelar e a execução provisória) são disciplinados pelo sistema pro- cessual vigente à revelia da indagação acerca da culpa da parte, ou se esta agiu de má-fé ou não. Basta a existência do dano decorrente da pretensão deduzida em juízo para que sejam aplicados os arts. 273, § 3º, 475-O, incisos I e II, e 811 do CPC. Cuida-se de responsabilidade objetiva, conforme apregoa, de forma remansosa, doutrina e juris- prudência. 2.2. A obrigação de indenizar o danocausado ao adversário, pela execução de tutela antecipada posteriormente revogada, é consequência natural da improcedên- cia do pedido, decorrência ex lege da sentença e da inexistência do direito anteriormente acautelado, responsabilidade que independe de reconhecimento judicial prévio, ou de pedido do lesado na própria ação ou em ação autônoma ou, ainda, de reconvenção, bas- tando a liquidação dos danos nos próprios autos, conforme comando legal previsto nos arts. 475-O, inciso II, c/c art. 273, § 3º, do CPC. Precedentes. 2.3. A complexidade da causa, que certamente exigia ampla dilação probatória, não exime a responsabilidade do autor pelo dano processual. Ao contrário, neste caso a antecipação de tutela se eviden- ciava como providência ainda mais arriscada, circunstância que aconselhava conduta de redobrada cautela por parte do autor, com a exata ponderação entre os riscos e a como- didade da obtenção antecipada do pedido deduzido. 3. Recurso especial do Condomínio do Shopping Conjunto Nacional não provido e recurso de Mozariém Gomes do Nasci- mento provido. (Quarta Turma. Rel. Min. Luis Felipe Salomão. Julgado em 25/09/2012). A obrigação de indenizar o dano causado pela execução de tutela antecipada posteriormente revogada é consequência natural da improcedência do pedido. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL STJ. REsp 1767956/RJ. [...]. 5. Esta Corte Superior compreende que a obrigação de inde- nizar o dano causado pela execução de tutela antecipada posteriormente revogada é consequência natural da improcedência do pedido, dispensando-se, inclusive, pedido da parte interessada. 6. A sentença de improcedência, quando revoga tutela concedida por antecipação, constitui, como efeito secundário, título de certeza da obrigação de o autor indenizar o réu pelos danos eventualmente experimentados, cujo valor exato será pos- teriormente apurado em liquidação nos próprios autos. Precedente: REsp 1.548.749/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Segunda Seção, DJe 6/6/2016. 7. Recurso espe- cial parcialmente provido. (Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/10/2018, DJe 26/10/2018). O ressarcimento dos prejuízos advindos com o deferimento da tutela provisória posterior- mente revogada por sentença que extingue o processo sem resolução de mérito, sempre que possível, deverá ser liquidado nos próprios autos. STJ. REsp 1770124/SP. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. DESIS- TÊNCIA DA DEMANDA APÓS A CONCESSÃO DA TUTELA PROVISÓRIA. EXTINÇÃO DO FEITO, SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA FORMULADO PELA PARTE RÉ PLEITEANDO O RESSARCIMENTO DOS VALORES DESPENDIDOS EM RAZÃO DO DEFERIMENTO DA TUTELA PROVISÓRIA. CABIMENTO. DESNECESSIDADE DE PRO- NUNCIAMENTO JUDICIAL PRÉVIO NESSE SENTIDO. OBRIGAÇÃO EX LEGE. INDENIZA- ÇÃO QUE DEVERÁ SER LIQUIDADA NOS PRÓPRIOS AUTOS. ARTS. 302, CAPUT, INCISO III E PARÁGRAFO ÚNICO, E 309, INCISO III, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. REFORMA DO ACÓRDÃO RECORRIDO QUE SE IMPÕE. RECURSO PROVIDO. 1. A questão jurídica discutida consiste em definir se é possível proceder à execução, nos próprios autos, objetivando o ressarcimento de valores despendidos a título de tutela anteci- pada, posteriormente revogada em virtude de sentença que extingue o processo, sem resolução de mérito, por haver a autora desistido da ação. 2. O Código de Processo Civil de 2015, seguindo a mesma linha do CPC/1973, adotou a teoria do risco-proveito, ao estabelecer que o beneficiado com o deferimento da tutela provisória deverá arcar com os prejuízos causados à parte adversa, sempre que: i) a sentença lhe for desfavo- rável; ii) a parte requerente não fornecer meios para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias, caso a tutela seja deferida liminarmente; iii) ocorrer a cessação da eficá- ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL cia da medida em qualquer hipótese legal; ou iv) o juiz acolher a decadência ou pres- crição da pretensão do autor (CPC/2015, art. 302, caput e incisos I a IV). 3. Em relação à forma de se buscar o ressarcimento dos prejuízos advindos com o deferimento da tutela provisória, o parágrafo único do art. 302 do CPC/2015 é claro ao estabelecer que “a indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido concedida, sempre que possível”, dispensando-se, assim, o ajuizamento de ação autônoma para esse fim. 4. Com efeito, a obrigação de indenizar a parte adversa dos prejuízos advindos com o deferimento da tutela provisória posteriormente revogada é decorrência ex lege da sen- tença de improcedência ou de extinção do feito sem resolução de mérito, como no caso, sendo dispensável, portanto, pronunciamento judicial a esse respeito, devendo o res- pectivo valor ser liquidado nos próprios autos em que a medida tiver sido concedida, em obediência, inclusive, aos princípios da celeridade e economia processual. 5. Recurso especial provido. (Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/05/2019, DJe 24/05/2019). Exceção à responsabilidade objetiva por danos decorrentes de provimento cautelar, execução de tutela antecipada e execução provisória: Verba alimentar é irrepetível. O que foi pago, não volta. Mesmo com dolo da parte que recebeu (STJ). STJ. REsp 412684/SP. RESPONSABILIDADE CIVIL. Dano moral. Marido enganado. Ali- mentos. Restituição. 1 – A mulher não está obrigada a restituir ao marido os alimentos por ele pagos em favor da criança que, depois se soube, era filha de outro homem. 2 – A intervenção do Tribunal para rever o valor da indenização pelo dano moral somente ocorre quando evidente o equívoco, o que não acontece no caso dos autos. Recurso não conhecido. (Rel. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado em 20/08/2002, DJ 25/11/2002, p. 240). Uma das principais diferenças em relação à execução definitiva repousa no fato de que o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos. Essa caução, contudo, poderá ser dispensada nos seguintes casos: quando o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem; quando o credor demonstrar situ- ação de necessidade; quando pender agravo contra decisão do presidente ou vice-presidente do tribunal que inadmitir RE ou REsp; ou quando a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em conformidade com súmula do STF ou do STJ ou com acórdão proferido no julga- mento de casos repetitivos. Ainda nessas hipóteses em que é possível dispensar a caução, deverá o juiz analisar a possibilidade de essa dispensa resultar manifesto risco de grave dano ou de difícil ou incerta reparação, ocasião em que poderá, ainda assim, manter a necessidade da caução. Proposto o cumprimento provisório da sentença, que será formulado em petição dirigida ao juiz competente, o executado poderá apresentar impugnação nos próprios autos, em 15 dias, independentemente de garantia. Tenha em mente que se há a pendência de um recurso, o processo principal está em outra instância, por isso há a necessidade da petiçãoautônoma, que será dirigida ao juiz que seria responsável pelo cumprimento definitivo. Na hipótese de se tratar de processo físico, a petição deve ser acompanhada de cópias da decisão exequenda, da certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo, de procuração outorgada pelas partes, da decisão de habilitação se for o caso e, facultativa- mente, de outras peças processuais necessárias. Todas as peças nominadas acima são obrigatórias. Veja que, se o processo for eletrônico, não haverá a necessidade de juntada de tais documentos, nem mesmo os obrigatórios. Saiba que é possível o cumprimento provisório de sentença que reconheça a obrigação de fazer, não fazer ou dar coisa, aplicando-se, no que couber, estas regras. No cumprimento provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa também são devidos a multa e os honorários referentes ao cumprimento definitivo. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL Quer isso dizer que o executado será intimado para pagar o débito, no prazo de 15 dias. Não havendo o pagamento nesse prazo, o débito será acrescido de multa de 10% e honorários de 10%. Transcorrido esse prazo é que se tem início novo prazo de 15 dias para a impugnação. Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isen- tar-se da multa, o ato não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto. O autor da APP não se submete à caução para executar provisoriamente o julgado (TRF2/2012). STJ. RMS 2366/MG. […]. 2. COMO SUBSTITUTO DO PODER PUBLICO, O AUTOR DA AÇÃO POPULAR NÃO ESTA OBRIGADO A PRESTAR CAUÇÃO AO REQUERER A EXECUÇÃO PRO- VISORIA DO JULGADO. […]. (Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/10/1995, DJ 11/03/1996, p. 6599). O STJ vai um pouco além nas hipóteses de dispensa que o legislador estipulou: STJ. REsp 1125582. […]. 7. […]. Advirta-se, entretanto, que a prestação de garantia não deve inviabilizar o acesso à justiça, permitindo-se, casuisticamente, ao juiz que a dis- pense nos casos em que a sua exigibilidade obsta a promoção da execução. Ademais, a caução reclama avaliação pelo juízo de eventuais e possíveis prejuízos com a reversão do julgado, por isso que onde não houver risco não se impõe, podendo iniciar-se o pro- cesso sem caução a garantia.”. (FUX, Luiz. Curso de direito processual Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, pág. 1281 – grifo nosso) […]. Houve um caso, inclusive, em que o STJ admitiu que a ex-esposa pudesse sacar sem cau- ção R$ 8 milhões em indenização devida ao ex-marido. A Quarta Turma do STJ assegurou a uma mulher o direito de sacar, sem prestação de caução, metade da indenização paga ao ex-marido em processo de dissolução de sociedade comercial. O ex-marido integrava o quadro societário durante o casamento em regime de comunhão parcial de bens. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL O casamento durou de 1992 a 2000, quando houve a separação de corpos, e em 2004 houve o di- vórcio. Durante a união em regime de comunhão parcial de bens, o homem integrava a sociedade. A indenização pela dissolução parcial da sociedade, no valor total de R$ 16 milhões, integrou os bens objeto do inventário e foi bloqueada para assegurar a divisão. (Notícias do STJ de 23/02/12). STJ. REsp 1.283.796 – RJ. […]. 3. A impossibilidade de reversão da decisão (em fase de execução), que reconheceu o direito do ex-cônjuge varão à percepção de indenização em processo de dissolução de sociedade comercial, cumulada com apuração de have- res, somada ao direito incontroverso da ex-mulher à meação desses valores, legitima seu levantamento pela recorrida, máxime tendo em vista que o patrimônio do casal é suficientemente expressivo para cobrir qualquer diferença porventura apurada em favor de um ou de outro, nos autos do inventário e partilha, consoante consignado pelo tribu- nal de origem (fl. 191). Infirmar tal decisão é vedado pelo óbice erigido pela Súmula 7 do STJ. 4. Ademais, sendo o escopo precípuo da caução prevenir provável risco de grave dano de difícil ou incerta reparação a que exposto o executado com o prosseguimento da execução, ressoa inequívoca a prescindibilidade desta garantia no caso em julga- mento, ante o expressivo vulto do patrimônio partilhável. […]. (Julgado em 14/02/2012). “Consumidora do Rio Grande do Sul que alega ter adquirido compulsão para o jogo, após ingestão de medicamento, deve continuar prestando caução em favor da empresa fabricante do remédio, a qual lhe paga pensão mensal determinada por liminar.” (Notícias do STJ de 09/03/2012). No caso específico, a pensão adquiriu natureza híbrida, ora garantindo a necessidade de subsistência, ora representando mera antecipação da indenização por dano material, por essa razão foi mantida a necessidade de caução para levantamento dos valores, mesmo em razão da irrepetibilidade dos alimentos, pois essa irrepetibilidade circunscreve-se unicamen- te à verba necessária à subsistência digna. STJ. REsp 1.252.812 – RS. 1. A apuração da necessidade de prestação de caução para garantia de restituição do pagamento, feito em antecipação de tutela recursal, de verba alimentar vinculada a obrigação de natureza civil, coloca em confronto dois princípios: o primeiro, de natureza material, é o da irrepetibilidade dos alimentos. O segundo, de ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL natureza processual, é o da impossibilidade de um provimento cautelar ou antecipatório gerar prejuízos para a parte a quem se reconheça razão, ao final do processo. 2. Sendo corolário de um valor fundamental da sociedade brasileira – a proteção da dignidade da pessoa humana – o princípio da irrepetibilidade dos alimentos deve preponderar. Con- tudo, diante da seriedade de tal medida e da possibilidade de se causar à parte inocente significativos prejuízos, é necessário ao judiciário, especialmente em causas não vin- culadas a direito de família, atenção redobrada ao fixar uma prestação de natureza ali- mentar em provimento antecipatório. 3. A verba alimentar deve estar restrita às neces- sidades do apelando. Nas inúmeras decisões proferidas até o momento no processo, há elementos dando conta de que a tutela antecipada aqui discutida adquiriu natureza híbrida, ora garantindo a necessidade de subsistência da autora da ação, ora represen- tando mera antecipação da indenização por dano material cujo pagamento, porventura, poderá ser determinado ao final do processo. Essa natureza híbrida se reforçou quando a tutela antecipada foi mantida não obstante a comprovação do retorno da autora às suas atividades profissionais, e também pelo montante fixado a título de pensão mensal na maior parte do tempo em que esteve vigente a obrigação: R$ 7.500,00. 4. A obrigação alimentar é irrepetível. Mas o processo civil deve ser campo de distribuição de justiça, não terreno de oportunidades. O montante que deverá ser considerado irrepetível ao final do processo, na hipótese de julgamento de improcedência, deve ser exclusivamente o valor pago para a subsistência digna da autora da ação, conforme demonstrarem as provas do processo. Determinar a irrepetibilidade e qualquer montante que supere esse valor implicaria causar injustificado prejuízo ao réu, caso se lhe reconheça razão ao final da demanda. Poresse motivo, a caução determinada deve ser mantida, ainda que o res- pectivo valor não seja majorado. 5. Recurso especial conhecido em parte e, nessa parte, parcialmente provido. (Terceira Turma, julgado em 07/02/2012). Cumprimento Definitivo De sentençA De pAGAr QuAntiA CertA No cumprimento definitivo de sentença de pagar quantia certa, executado é intimado para pagar o débito no prazo de 15 dias, acrescido de custas, se houver, tudo a depender do reque- rimento do exequente. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL Esse cumprimento ocorre quando houver condenação em quantia certa, quando já houver a fixação da quantia em liquidação ou no caso de execução de parcela incontroversa. Ultrapassado o prazo de 15 dias para pagamento voluntário, caso não haja sua realização, o débito será acrescido de multa de 10% e de honorários de advogado de 10%. No caso de cumprimento parcial, esses percentuais incidirão na parcela remanescente. Para incidência da multa do art. 523, § 1º, do NCPC, é preciso a efetiva resistência do execu- tado ao cumprimento de sentença. Se o executado depositar o valor alegando que se trata de garantia do juízo para posterior atribuição de efeito suspensivo à impugnação, mas, no final das contas, não apresentar a impugnação, não há a multa! STJ. REsp 1834337/SP. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL EM FASE DE CUMPRIMENTO DEFINITIVO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA. PAGAMENTO VOLUNTÁRIO. INCIDÊNCIA DE MULTA. CRITÉRIOS. INTEMPESTIVIDADE. RESISTÊNCIA MEDIANTE IMPUGNAÇÃO. DEPÓSITO INTEGRAL NO PRAZO DE 15 DIAS ÚTEIS SEM RESISTÊNCIA DA PARTE EXE- CUTADA. NÃO APLICAÇÃO DA MULTA. 1. Ação ajuizada em 2/5/17. Recurso especial interposto em 28/5/18. Autos conclusos ao gabinete em 28/6/19. Julgamento: CPC/15. 2. O propósito recursal consiste em dizer da violação do art. 523, §1º, do CPC/15, acerca do critério de quando deve incidir, ou não, a multa de dez por cento sobre o débito, além de dez por cento de honorários advocatícios. 3. São dois os critérios a dizer da inci- dência da multa prevista no art. 523, §1º, do CPC, a intempestividade do pagamento ou a resistência manifestada na fase de cumprimento de sentença. 4. Considerando o caráter coercitivo da multa, a desestimular comportamentos exclusivamente baseados na protelação da satisfação do débito perseguido, não há de se admitir sua aplicação para o devedor que efetivamente faz o depósito integral da quantia dentro do prazo legal e não apresenta impugnação ao cumprimento de sentença. 5. Na hipótese dos autos, apesar de advertir sobre o pretendido efeito suspensivo e da garantia do juízo, é incon- troverso que a executada realizou tempestivamente o depósito integral da quantia per- ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL seguida e não apresentou impugnação ao cumprimento de sentença, fato que revela, indene de dúvidas, que houve verdadeiro pagamento do débito, inclusive com o respec- tivo levantamento pela exequente. Não incidência da multa prevista no art. 523, §1º, do CPC e correta extinção do processo, na forma do art. 924, II, do CPC. 6. Recurso especial conhecido e não provido. (Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/12/2019, DJe 05/12/2019). Na ausência do pagamento voluntário, expedem-se desde logo os mandados de penhora e avaliação, prosseguindo-se para os atos de expropriação. Esse requerimento de cumprimento de sentença referente ao pagamento de quantia certa deve ser instruído com o demonstrativo atualizado e discriminado do crédito, além de neces- sariamente conter o nome completo, o número de inscrição no CPF ou no CNPJ do exequente e do executado; o índice de correção monetária adotado; os juros aplicados e as respectivas taxas; o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados; a periodici- dade da capitalização dos juros, se for o caso; especificação dos eventuais descontos obriga- tórios realizados; e indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível. O juiz pode entender que a execução está sendo realizada em valor excessivo, ainda as- sim, deve-se permitir o início do cumprimento pelo valor pretendido, mas pode o juiz limitar a penhora ao valor que entende adequado. No âmbito executivo, o excesso de execução é matéria não conhecível de ofício. STJ. REsp 1196342/PE. [...]. 4. A inexigibilidade parcial do título e excesso de execu- ção são típicas matérias de defesa, e não de ordem pública, que devem ser alegadas pelo executado ou pelo terceiro a quem aproveita. [...]. (Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/12/2010, DJe 10/12/2010). STJ. AgRg no AREsp 150035/DF. [...]. 3. A petição apresentada após os embargos à execução não pode ser conhecida, porquanto o suposto excesso de execução é típica matéria de defesa, e não de ordem pública, a qual deve ser alegada pelo executado a ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL quem aproveita. Precedentes: AgRg no REsp 1.067.871/SE, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Quinta Turma, DJe 16.4.2013; EDcl no Ag 1.429.591/PE, Rel. Ministro Bene- dito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 12.9.2012; REsp 1.270.531/PE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28.11.2011; REsp 1.196.342/PE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 10.12.2010. [...].(Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/05/2013, DJe 05/06/2013). O juiz pode se valer do contador do juízo para verificação dos cálculos, estipulando o Có- digo o prazo de 30 dias para a verificação. Sempre que a elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de terceiros ou do executado, o juiz pode requisitá-los, sob cominação do crime de desobediência. Na hipótese de o executado recusar-se, sem justificativa, a apresentar a documentação, é possível reputar como corretos os cálculos apresentados pelo exequente com base nos dados de que dispõe. Vimos que há um prazo de 15 dias para pagamento voluntário. Após esse prazo, iniciam- -se novos 15 dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente sua impugnação ao cumprimento de sentença nos próprios autos. O prazo previsto no art. 523, caput, do CPC, para o cumprimento voluntário da obrigação, pos- sui natureza processual, devendo ser contado em dias úteis. STJ. REsp 1708348/RJ. RECURSO ESPECIAL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. INTIMA- ÇÃO DO DEVEDOR PARA PAGAMENTO VOLUNTÁRIO DO DÉBITO. ART. 523, CAPUT, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. PRAZO DE NATUREZA PROCESSUAL. CONTAGEM EM DIAS ÚTEIS, NA FORMA DO ART. 219 DO CPC/2015. REFORMA DO ACÓRDÃO RECOR- RIDO. RECURSO PROVIDO. 1. Cinge-se a controvérsia a definir se o prazo para o cumpri- mento voluntário da obrigação, previsto no art. 523, caput, do Código de Processo Civil de 2015, possui natureza processual ou material, a fim de estabelecer se a sua conta- gem se dará, respectivamente, em dias úteis ou corridos, a teor do que dispõe o art. 219, ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL caput e parágrafo único, do CPC/2015. 2. O art. 523 do CPC/2015 estabeleceque, “no caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requeri- mento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver”. 3. Conquanto o pagamento seja ato a ser praticado pela parte, a intimação para o cumprimento voluntário da sentença ocorre, como regra, na pessoa do advogado constituído nos autos (CPC/2015, art. 513, § 2º, I), fato que, inevitavelmente, acarreta um ônus ao causídico, o qual deverá comunicar ao seu cliente não só o resultado desfavorável da demanda, como também as próprias consequências jurídicas da ausência de cumprimento da sentença no respectivo prazo legal. 3.1. Ademais, nos termos do art. 525 do CPC/2015, “transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação”. Assim, não seria razoável fazer a contagem dos primeiros 15 (quinze) dias para o pagamento voluntário do débito em dias corridos, se considerar o prazo de natureza material, e, após o transcurso desse prazo, contar os 15 (quinze) dias subsequentes, para a apresentação da impugnação, em dias úteis, por se tratar de prazo processual. 3.2. Não se pode ignorar, ainda, que a intimação para o cumprimento de sentença, independentemente de quem seja o destinatário, tem como finalidade a prá- tica de um ato processual, pois, além de estar previsto na própria legislação processual (CPC), também traz consequências para o processo, caso não seja adimplido o débito no prazo legal, tais como a incidência de multa, fixação de honorários advocatícios, possi- bilidade de penhora de bens e valores, início do prazo para impugnação ao cumprimento de sentença, dentre outras. E, sendo um ato processual, o respectivo prazo, por decor- rência lógica, terá a mesma natureza jurídica, o que faz incidir a norma do art. 219 do CPC/2015, que determina a contagem em dias úteis. 4. Em análise do tema, a I Jornada de Direito Processual Civil do Conselho da Justiça Federal – CJF aprovou o Enunciado n. 89, de seguinte teor: “Conta-se em dias úteis o prazo do caput do art. 523 do CPC”. 5. Recurso especial provido. (Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 25/06/2019, DJe 01/08/2019). ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL Nessa impugnação, o executado pode alegar diversas matérias: falta ou nulidade da ci- tação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; ilegitimidade de parte; inexe- quibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; penhora incorreta ou avaliação errônea; excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; incompetência absoluta ou re- lativa do juízo da execução; qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença. No que se refere à inexigibilidade da obrigação, o Código considera como um exemplo o título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo STF ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo STF como incompatível com a Constituição, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso, desde que a decisão do STF seja anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda, uma vez que, se for após o trânsito, restará apenas a via da ação rescisória, que terá como prazo o trânsito em julgado da decisão do STF. O reconhecimento da constitucionalidade ou inconstitucionalidade pelo STF deve ter ocorrido em data anterior ao trânsito em julgado da sentença que se impugna. O tema veio expresso no NCPC. Informativo 916, STF São constitucionais as disposições normativas do parágrafo único do art. 741 do Código de Processo Civil (CPC), do § 1º do art. 475-L, ambos do CPC/1973, bem como os cor- respondentes dispositivos do CPC/2015, o art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14, o art. 535, § 5º. São dispositivos que, buscando harmonizar a garantia da coisa julgada com o primado da Constituição, vieram agregar ao sistema processual brasileiro um mecanismo com eficácia rescisória de sentenças revestidas de vício de inconstitucionalidade qualificado, assim caracterizado nas hipóteses em que a) a sentença exequenda esteja fundada em norma reconhecidamente inconstitucional, seja por aplicar norma inconstitucional, seja por aplicar norma em situação ou com um sentido inconstitucionais; ou b) a sentença ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL exequenda tenha deixado de aplicar norma reconhecidamente constitucional; e c) desde que, em qualquer dos casos, o reconhecimento dessa constitucionalidade ou a incons- titucionalidade tenha decorrido de julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) rea- lizado em data anterior ao trânsito em julgado da sentença exequenda. […]. (PLENO, RE 611503/SP, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 20.9.2018). Não há a relativização da coisa julgada ilegal. Não cabe rescisória contra decisão proferida antes da pacificação de tese no STJ. STJ. REsp 736650/MT. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. PRAZO DECADEN- CIAL. TERMO INICIAL. TRÂNSITO EM JULGADO DA ÚLTIMA DECISÃO PROFERIDA NOS AUTOS. ART. 495 DO CPC. SÚMULA N. 401/STJ. COISA JULGADA “POR CAPÍTULOS”. INADMISSIBILIDADE. SFH. UTILIZAÇÃO DO IPC (84,32%) NO MÊS DE ABRIL DE 1990. ADOÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA (LEI N. 8.177/1991). VIOLAÇÃO DE LITERAL DISPOSIÇÃO DE LEI. ART. 485, V, DO CPC. SÚMULA N. 343/STF. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. 1. A violação do art. 535 do CPC não se configura na hipótese em que o Tribunal de origem, ainda que sucintamente, pronuncia-se sobre a questão controvertida nos autos, não incorrendo em omissão, contradição ou obscuridade. 2. O prazo decadencial de 2 (dois) anos para a propositura da ação rescisória inicia com o trânsito em julgado da última decisão proferida no processo, que se aperfeiçoa com o exaurimento dos recursos cabíveis ou com o transcurso do prazo recursal, a teor do que dispõe a Súmula n. 401/STJ: “O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial”. 3. É incabível o trânsito em julgado de capítulos da sen- tença ou do acórdão em momentos distintos, a fim de evitar o tumulto processual decor- rente de inúmeras coisas julgadas em um mesmo feito. 4. A ação rescisória, fundada no art. 485, V, do CPC, pressupõe violação frontal e direta de literal disposição de lei, sendo certo, ainda, que a adoção pela decisão rescindenda de uma dentre as interpretações cabíveis não enseja a rescisão do decisum. Incidência da Súmula n. 343/STF: “Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais”. 5. No caso ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL concreto, diversamente da atual jurisprudência, o acórdão rescindendo (transitado em julgado em 19/12/2001), embasado em uma das interpretações possíveisà época do julgamento (15/8/2000), decidiu pela aplicação do BTNf para a correção monetária do saldo devedor dos contratos do SFH no mês de março de 1990, no percentual de 41,28% (quarenta e um inteiros e vinte e oito centésimos percentuais), bem como pela impos- sibilidade de aplicação da TR nos contratos de financiamento habitacional celebrados antes da Lei n. 8.177, de 1º de março de 1991, sob pena de locupletamento. 6. A pacifi- cação da jurisprudência desta Corte em sentido contrário e posteriormente ao acórdão rescindendo não afasta a aplicação do enunciado n. 343 da Súmula do STF. 7. Firmado o posicionamento deste Tribunal Superior quanto à interpretação de determinada norma infraconstitucional, torna-se cabível a ação rescisória contra julgado proferido em data posterior à pacificação, desde que contrário ao entendimento que se consolidou no STJ, afastando-se, em tal hipótese, a incidência do referido enunciado sumular. 8. Recurso especial conhecido e parcialmente provido. (Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, CORTE ESPECIAL, julgado em 20/08/2014, DJe 01/09/2014). Sempre que a alegação for a de excesso de execução, deve o executado demonstrar de imediato o valor que entende correto, com demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo. Se não houver essa demonstração, a impugnação será liminarmente rejeitada na hipótese de ser seu único fundamento. Caso haja outros fundamentos, a impugnação é pro- cessada, mas o tema afeto ao excesso de execução não será apreciado pelo juiz. Como visto, a impugnação ao cumprimento de sentença não depende de garantia do juízo e, como regra, não possui efeito suspensivo, o que implica na possibilidade de prosseguimen- to dos atos executivos, inclusive os de expropriação. É possível que o juiz conceda efeito suspensivo à impugnação, total ou parcialmente, des- de que haja requerimento do executado e garantia do juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, aliado à análise da relevância dos fundamentos e da ocorrência de grave dano de difícil ou incerta reparação na hipótese de prosseguimento da execução. Mesmo com o efeito suspensivo concedido, é possível efetuar atos de substituição, refor- ço ou redução da penhora e de avaliação dos bens. Além do mais, caso o exequente ofereça nos próprios autos caução suficiente e idônea, pode haver o prosseguimento da execução. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos executados não suspenderá a execução contra os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao impugnante. É claro que é possível que surjam questões a serem dirimidas após o prazo para ofereci- mento da impugnação. Para tais temas, o Código permite a arguição via simples petição, no prazo de 15 dias em qualquer caso, contados da ciência do fato ou da intimação do ato. Antes mesmo da intimação para o cumprimento da sentença, pode o réu comparecer em juízo e oferecer o pagamento do valor que entender devido. O autor é ouvido em 5 dias e pode impugnar o valor depositado, sem prejuízo do levantamento da quantia incontroversa. Se o juiz concluir pela insuficiência do depósito, sobre a diferença incidirão a multa e os honorários antes tratados, cada um em 10%. Cumprimento De sentençA De fAzer ou De não fAzer Diferentemente do que ocorre quanto à obrigação de pagar quantia certa, no cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer o juiz poderá determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente de ofício ou a requerimento. Dentre outras medidas, pode o juiz determinar a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade noci- va, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial. O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente des- cumprir a ordem judicial, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência. A sistemática de defesa (impugnação) é a mesma vista anteriormente para o cumprimen- to de sentença consistente em obrigação de pagar quantia certa. No que tange à multa (astreintes), aduz o Código que poderá ela ser aplicada na fase de co- nhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja sufi- ciente e compatível com a obrigação e que se determina um prazo razoável para cumprimento. De ofício ou a requerimento o juiz pode modificar o valor da multa ou a sua periodicidade. Além do mais, tal valor é devido ao exequente. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte. Descumprir obrigação de fazer, não fazer ou entregar – juiz impõe, majora ou reduz como quiser (astreintes). No caso abaixo, o juiz de primeiro grau determinou, em decisão liminar, que a empresa pa- gasse o tratamento do autor, no total de R$ 31.650 – incluindo cirurgia plástica, uso de apa- relho dentário e medicação –, mediante a apresentação, pelo autor, dos laudos e orçamentos. Após a manifestação da empresa contra os orçamentos apresentados, o magistrado de primeiro grau intimou-a a fazer o depósito do montante no prazo de 24 horas, sob pena de multa de R$ 150 por dia de atraso. O relator do recurso especial no STJ, ministro Antonio Carlos Ferreira, concluiu que não se trata de obrigação de pagar quantia certa. Segundo ele, o autor pediu que fosse imposta à empresa obrigação de fazer. “O depósito da quantia objeto dos orçamentos apresentados constitui mera fase para que o autor possa se submeter aos tratamentos necessários à restauração de sua saúde, cum- prindo a ré, assim, a obrigação de fazer”, explicou o relator. Segundo o ministro Antonio Carlos, o autor não pediu a simples quitação de dívida ou o reembolso de um valor pago anteriormente. Como a empresa não atua na área de saúde, o valor depositado servirá para pagar os profissionais que irão realizar os tratamentos médi- co e odontológico, viabilizando a recuperação do autor. “Somente assim o cumprimento da obrigação de fazer – a prestação de um fato, representado pelo custeio da cirurgia e do trata- mento odontológico – estará concretizado”, completou. STJ. REsp 1002297. [...]. 2. Quanto à cirurgia médica e ao tratamento odontológico, incluindo aí o fornecimento de aparelho e dos medicamentos respectivos, a serem reali- zados futuramente, o custeio de tais procedimentos tem natureza de obrigação de fazer, viabilizando a fixação de multa diária disciplinada no art. 461, § 5º, do CPC na deci- são que concede a tutela antecipada. [...]. (Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe 07/04/2015). ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 123www.grancursosonline.com.br Thiago Cordeiro Pivotto Cumprimento Provisório de Sentença. Cumprimentos de Sentença. Processo de Execução DIREITO PROCESSUAL CIVIL Quem pode sofrer astreintes? Quem for parte no processo. STJ. REsp 1633295/MG. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ASTREINTES. AGENTE PÚBLICO. RESPONSABILIDADE PESSOAL PELO PAGAMENTO. POSSIBILIDADE, QUANDO É PARTE NA AÇÃO. DESCABIMENTO NA HIPÓTESE. 1. Não é possível a responsabilização pessoal do agente público pelo pagamento das astrein- tes quando ele não figure
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