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RELAÇÕES HÍDRICAS Parte II Mecanismos de Absorção e translocação de solutos na planta • A passagem de água pela planta deve ser contínua, sem interrupções; • A água estabelece interações específicas com cada componente do sistema: solo – planta – atmosfera. Para compreender o processo de absorção, transporte e transpiração da água, é necessário analisar o potencial hídrico em cada um destes sistemas. Potencial hídrico (Ψw) • É o potencial químico da água • Energia livre/mol • Capacidade de realizar trabalho; • Por convenção, na água pura o Ψ = 0 e corresponde a toda água existente no sistema; • Como na natureza não há água pura, em qualquer sistema biológico o Ψ será negativo • Depende de inúmeras interações da molécula de água dentro da planta e também no meio externo, podendo ser subdividido em vários componentes: Ψw = Ψos + Ψp + Ψg + Ψm + Ψe- Potencial osmótico Ψ • Refere-se ao nível de Energia da solução, ou seja, a interação solvente/soluto e consequentemente a passagem de água (movimento) devido à presença de soluto • Depende diretamente da concentração do soluto, quanto maior a dissolução do soluto, menor será o potencial osmótico Ψos= - CRT MPa 1MPa = 10 bares = 9,87 atm Potencial mátrico (Ψm) • Refere-se à interação a água com uma matriz (solo, proteína, parede celular, substâncias insolúveis, entre outras) e depende da sua carga elétrica; • Importante nos estágios iniciais de germinação (solo seco, sementes, parede celular) Potencial gravitacional (Ψg) • Significativo quando as plantas atingem grandes alturas, pois a subida da água tem que superar a força gravitacional Ψg = ρgh Desprezível nas raízes e folhas; O movimento da água na planta é passivo. SOLO • O potencial hídrico no solo depende dos diferentes componentes que contribuem para torná-lo negativo, sendo o principal deles o Potencial Mátrico (Ψm); • Além deste, vários outros fatores influenciam na disponibilidade de água no solo, como por exemplo, tipo de solo (areia, silte e argila), pois este aumenta ou diminui a quantidade de cargas negativas; • Quanto maior o número de cargas negativas, maior será a quantidade de água retida pelo solo e consequentemente menor será seu potencial hídrico, ou seja, mais negativo este será; • textura, porosidade e matéria orgânica também influenciam na retenção de água, esta última devido, principalmente, a grande quantidade de cargas negativas e positivas que apresenta (proteínas e pectinas); • Assim, o potencial osmótico no solo resulta da presença dos solutos e sua interação com a água. Os solutos provém da decomposição das rochas, plantas e animais; da adubação e dos sais dissolvidos na água de irrigação. • Então, a variação do potencial osmótico a curto prazo depende da água proveniente das chuvas, irrigação, evaporação e absorção de água pelas plantas e, a longo prazo, da quantidade de adubos e sais presentes na água de irrigação. Quanto maior a quantidade de água no solo, maior o potencial osmótico, ou seja, menos negativo. • Então, o potencial hídrico da água do solo depende principalmente do tipo de solo (potencial mátrico) e da presença de solutos (potencial osmótico), sendo influenciado pela presença de água no solo. ψsolo =ψm +ψos • O movimento da água no solo depende do gradiente de difusão nos diferentes pontos, sendo geralmente limitado e ocorrendo quando os potenciais hídricos são elevados (alto e próximo de zero – chuva); • Na ausência de chuvas, o movimento ocorre em direção aos pontos com baixo potencial hídrico (superfície de contato da raíz e superfície do solo); • Assim, para determinar a direção do movimento, é necessário conhecer o potencial hídrico do solo. • Solo em capacidade de campo (c.c.) – a quantidade de água retida após a chuva é máxima (ψ = - 0,5); • Ponto de murcha permanente (pmp) – refere- se à água remanescente no solo, a qual a planta não consegue absorver (ψ = -15 bar) RAIZ • Para as raízes o importante é o potencial hídrico do solo, pois para a planta absorver água, o ψ da raiz deverá estar mais negativo que o do solo. A amplitude desta diferença determinará a velocidade de absorção. • A raiz é uma grande superfície de absorção de água e solutos, cuja atividade é maximizada por sua estrutura específica • Raiz: pilífera, elongamento e tuberificação zona de absorção (pilífera); nas raízes jovens, aumenta consideravelmente a superfície de absorção, a água passa para o córtex, endoderme e cilindro vascular. Existem três caminhos possíveis da água dentro da planta, dependentes do grau de diferenciação dos tecidos que os constituem: • Apoplástico: via parede celular; • Simplástico: via plasmodesmos; • Transcelular: célula a célula. • Quando as plantas absorvem água do solo, o ψ osmótico aumenta, tornando-se menos negativo e quando esta célula perde água para o xilema da raiz, sob influência da transpiração ou por absorção de íons/solutos do solo, o ψ osmótico diminui, tornando-se mais negativo • Quando a raiz absorve água o ψ pressão aumenta e quando perde água, o ψ de pressão diminui. • Geralmente o ψ mátrico na raiz é muito pequeno quando comparado ao ψ osmótico e ψ pressão, então: ψ raiz = ψ osmótico + ψ pressão • O potencial de água na raiz varia durante o dia, principalmente em função da transpiração foliar. • Quando as células das folhas absorvem a radiação, a água evapora e passa para a atmosfera através dos estômatos. A perda de água resulta na queda do ψ osmótico e do ψ pressão e consequentemente no ψ hídrico, fazendo com que a água passe do xilema para a folha, causando queda progressiva e generalizada do ψ água no xilema da folha, do caule e da raiz, promovendo então o movimento da água. • A intensidade do movimento da água na direção solo – raiz acompanha a variação da intensidade da transpiração durante o dia; • Durante a noite, a absorção de água pode ocorrer devido à queda do ψ osmótico e ψ da água da raiz, provocado pela absorção noturna de íons e solutos, fato que promove a pressão radicular positiva (gutação)
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