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DOCENTE: Eng.º Nelson Agostinho MSc AULA TEÓRICA ANO 2021 Tema: Agua na planta i. Identificar os componentes do Yw nos diferentes sistemas através dos quais a água irá se movimentar; ii. Discutir o caminho que a água deverá percorrer em cada um destes meios; iii. Analisar as forças responsáveis pelo movimento de água. Sumário RELAÇÃO HÍDRICA NO SISTEMA SOLO- PLANTA-ATMOSFERA Objectivo: A vida na atmosfera terrestre apresenta um incomparável desafio para as plantas, pois: Fonte de CO2, necessário para a fotossintese; Relativamente seca e pode desidratar. Visão geral Estas carecem de superfícies que permitam a difusão interna de CO2, e ao mesmo tempo impeçam a perda de água, logo, a absorção de CO2 expõe as plantas o risco de desidratação. A taxa de movimento da água no solo depende em grande parte do tipo e estrutura do solo A água no solo A água no solo pode existir como uma lâmina que se adere à superfície das suas partículas ou pode preencher todo o canal entre as partículas. No solo arenoso os espaços entre as partículas são tão grandes, a água drena podendo somente permanecer nas superfícies das partículas. A água no solo No solo argiloso os espaços entre as partículas são pequenos permitindo a retenção contra as forças geradas pela gravidade. A água no solo Capacidade de campo (CC) Solos argilosos ou com alto conteúdo de húmus tem maior capacidade de campo. Quantidade máxima de água que um solo pode reter quando a maior parte de seus poros (exceto os poros maiores) estiver cheia de água. Solos argilosos após a saturação podem reter até 40% da água por unidade de volume, Solos arenosos retêm 4% de água por unidade de volume após a saturação. Capacidade de campo (CC) Potencial hidrico no solo O Yp de solos úmidos é próximo de zero. No solo desidratado, a pressão é referida potencial mátrico (Ym ). O Yw do solo úmido pode ser expresso em dois componentes, Ys e Yp O Ys de solos é geralmente desprezível (conc. sais baixa). Um típico valor é - 0,02 MPa. Elevada concentração de sais produz Ys de – 0,2 ou menores Logo: Yw = Ym A medida que o conteúdo de água do solo decresce, a água retrocede para os interstícios entre as partículas do solo formando superfícies ar-água. Diante das superfícies curvas a água desenvolve uma pressão negativa. T é a tensão superficial da água (7,28 x 10-8 MPa m) e r é o raio de curvatura da interface ar-água. Potencial hidrico no solo Ym = − 2 Onde: Movimento da água no solo O movimento de água no solo, ocorre predominantemente por fluxo em massa, ou seja, por diferença de pressão (Ym = - Yp). A pressão na água do solo deve-se a existência de interfaces ar-água-curvas. A planta ao absorver água do solo, ocorre uma redução no Ym próximo à superfície da raiz, ficando estabelecido um gradiente de pressão em relação às regiões vizinhas. Como os poros estão cheios de água e são interconectados, a água move-se para a superfície da raiz por fluxo em massa, através dos canais a favor do gradiente de pressão. Movimento da água no solo A taxa de fluxo de água no solo depende de dois factores: tamanho do gradiente de Ym estabelecido e conductibilidade hidráulica do solo Conductibilidade hidráulica: medida da facilidade com que a água se move pelo solo. Movimento da água no solo Solos arenosos têm alta condutibilidade Hidraulica, enquanto que solos argilosos têm condutibilidade hidráulica menor. Movimento da água no solo Movimento da água no solo Quando o conteúdo de água decresce a condutividade hidráulica decresce drasticamente, em decorrência da substituição da água pelo ar nos poros do solo. Por essa e outras razões, não se deve esperar muito tempo para aplicar água às plantas. Ponto de murchamento permanente (PMP) Em solos muito secos, o Yw pode cair até o conhecido valor do ponto de murcha permanente, quando não existe mais água disponível para as plantas. A planta permanece murcha mesmo à noite, quando a transpiração cessa quase inteiramente. Considera-se o valor de – 1,5 MPa para o potencial hídrico do solo (ponto de murcha permanente. No entanto, visto que o Ys varia com a espécie vegetal, o ponto de murcha permanente (PMP) depende não apenas do solo, mas, também, da espécie em estudo. Então, o PMP é a situação em que o Yw do solo = Yw da folha = Ys da folha. Ponto de murchamento permanente (PMP) Absorção da água pelas raizes (A) Pêlos radiculares do rabanete; (B) Os pêlos radiculares aumentam a absorção da água pela capacidade de penetrar nos espaços capilares cheios de água entre as partículas de solo; (C) Os pêlos radiculares aumentam várias vezes o volume do solo a partir do qual uma raiz pode extrair água. O caminho da água pela planta O caminho da água pela planta pode ocorrer fora dos tecidos de condução (transporte a curta distância) ou através dos tecidos de condução (transporte a longa distância). O transporte de água a curta distância dá-se, em três caminhos nomeadamente: a via transcelular ou transmembrana, via simplasto e a via do apoplasto. Quando a água entra em contacto com a superfície da raiz, destacam-se três rotas pelas quais a água fluí da epiderme ao endoderme: Apoplasto A água move-se continuamente na região das paredes celulares e nos espaços intercelulares (caminho extracelular) até a endoderme O caminho da água pela planta Simplasto Rede contínua de citoplasmas de células interconectados (continuum ). A água move-se de célula em célula, através dos plasmodesmas. Transmembrana A água move-se de célula em célula cruzando a membrana plasmática e membrana do vacúolo (tonoplasto-membrana que delimita os vacúolos) O caminho da água pela planta O caminho da água pela planta (A) - Via apoplástica: entre as paredes das células; (B) - via simplástica: mediada pelos plasmodesmos (entre membranas); (C) - via transcelular: através das membranas (membranas plasmáticas e aquaporinas) (A) - Via apoplástica nas paredes das células, traço azul; (B) - Via simplástica mediada pelos plasmodesmos, traço vermelho; (C) - Via transmembrana, traço amarelo. O caminho da água pela planta A Rota apoplastica é obstruída pela estria de caspary (banda de paredes celulares radiais empregnadas por uma substância cerosa e hidrofóbica-suberina) na endoderme. O caminho da água pela planta O caminho da água pela planta Ilustração de rotas de absorção de nutrientes pela raiz. Movimento radial da água do solo até o xilema Maioria das plantas (pteridófitas, gimnospermas e angiospermas): xilema realiza transporte da seiva mineral ou bruta - (água e sais minerais); Transporte de água através do xilema Planta de um metro de altura, mais de 99,5% da rota de transporte de água encontra-se dentro do xilema; Comparada com movimento radial na raiz - no xilema é simples e de baixa resistência – devido ausência de membranas e citoplasma. Movimento de água dentro do xilema requer menos pressão que o movimento através de células vivas Rota de baixa resistência para o movimento de água; Imagine: xilema – como um cano longo ligando a raiz até às folhas; Diferença depressão - fatores contrários à subida da seiva: atrito do movimento da água e a gravidade; Movimento de água dentro do xilema requer menos pressão que o movimento através de células vivas. 3 Mpa – diferença de pressão – da base aos ramos apicais – necessário para transportar a seiva nas árvores mais altas; Como o esse gradiente de pressão é gerado? Gradiente de pressão deverá ser suficiente para: vencer a ação da gravidade; resistência friccional das moléculas de água; Gradiente de pressão resulta: pressão positiva da raiz na base da planta ou pressões negativas no topo da planta; Mecanismos da ascensão da seiva no xilema Três propostas para explicar a ascensão da seiva bruta no xilema: Hipótese da pressão radicular ou positiva da raiz; Capilaridade; Hipótese da coesão-tensão–Adesão(T.Dixon; ) Pressão positiva da raiz Pressão positiva da raiz: quando o potencial de água do solo é alto e taxa de transpiração baixa; Taxa de transpiração alta – não ocorre pressão positiva da raiz; Ex: solo com muita água, humidade relativa do ar alta (dificulta transpiração); “Hipótese postula que existe uma pressão formada na raiz que “empurra” a seiva para cima”. Endoderme não deixa os minerais voltar para o lado externo da raiz – estrias de Caspary; Pressão positiva da raiz Acúmulo de íons – entra água – provoca pressão radicular (pressão positiva da raiz) que força a água a subir; Acúmulo de íons no cilindro central – concentração de solutos aumenta – água entra por osmose; Fenômenos que apóiam essa teoria: exsudação e gutação; Pressão positiva da raiz Limitações da hipótese da pressão positiva da raiz: Subida lenta; Não atinge alturas muito elevadas; Muitas plantas como coníferas não apresentam esse fenômeno; Conclusão: pressões positivas das raízes são pequenas – menores que 0,1 Mpa – desaparecem quando a taxa de transpiração é alta; Conclusão: inadequada para mover grande quantidade de seiva bruta ao topo de uma árvore. Capilaridade Capilaridade: tubo de vidro aberto na extremidade – líquido sobe pelo tubo acima da superfície da água; “À medida que ocorre o fluxo de água ao longo da parede do tubo, forças de coesão entre as moléculas de água agem “puxando” o volume de água que se encontra no interior do tubo”. Subida da água até o equilíbrio com a gravidade; Capilaridade ocorre devido: Adesão gerada pela atração entre as moléculas de água e a superfície interna do tubo; Forças de Coesão entre as moléculas de água; Capilaridade Quanto mais estreito o tubo – mais alto água subirá; devido forças de adesão e coesão maiores que a gravidade; Subida da seiva: inversamente proporcional ao raio do tubo; Traqueídes de 50mm água sobe 0,6 metros; Elementos de vaso de 400mm água sobe 0,08 m; Capilaridade Conclusão: movimento de água por capilaridade no xilema – importante somente para plantas vasculares de pequeno porte – capilaridade insuficiente para explicar mecanismo geral de ascensão da seiva no xilema; Transporte de água atraves do xilema O transporte de água com eficiência no xilema é graças a dois tipos de elementos traqueais: Traqueides e elementos de vaso Os elementos de vaso são encontrados somente em angiospermas e um pequeno grupo de gimnospermas chamado gnetales e algumas pteridófitas As Traqueides presentes em gimnospermicas, angiospermicas, pteridófitas e outros grupos de plantas vasculares Transporte de água atraves do xilema A maturação de traqueides e elementos de vaso, envolve a produção de paredes celulares secundárias e a subsequente morte (programada) da célula Transporte de água atraves do xilema Células condutoras de água funcionais não têm membranas nem organelas, somente possuem parede celular lignificada e espessas, que formam tubos ócus, atravês dos quais a água pode fluir com resistência relativamente baixa. Transporte de água atraves do xilema Transporte de água atraves do xilema Transporte de água atraves do xilema Teoria de Dixon/teoria da coesão-tensão-Adesão Mecanismo proposto por H. H. Dixon em 1914; “Teoria mais aceita para explicar a subida da seiva no xilema”; Mecanismo responsável pela ascensão da seiva – transpiração – perda de água na forma de vapor; O ca m in h o d o flu xo tr an sp ir at ó ri o ex p lic ad o p o r H en ry H o ra tio D ix o n (H .H .D ix o n ) em 19 14 , co n h ec id o co m o te o ri a d e D ix o n o u te o ri a d a te n sã o -c o es ão -a d es ão in ic ia lm en te d es en vo lv id a p o r D ix o n e Jo ly (1 89 5) . Teoria de Dixon/teoria da coesão-tensão-Adesão Transpiração – gera força de tração (tensão) sobre a água no apoplasto da folha; Pontes de hidrogênio entre moléculas de água tornam a água coesa suficiente para resistir a tensão e fluir para cima; Teoria de Dixon/teoria da coesão-tensão-Adesão “Através da transpiração - vapor de água difunde-se dos espaços intercelulares da folha, via estômatos ou cutícula, para o ar exterior ( potencial de água da folha é maior que do ar atmosférico)”. “Como a água na forma de vapor se difunde para fora da folha, mais água evapora das paredes húmidas das células do mesófilo. Inicialmente, a água evapora de uma fina película que cobre esses espaços”. Teoria de Dixon/teoria da coesão-tensão-Adesão “A perda de água pelas células das folhas induz uma tensão. Essa tensão é a responsável pelo fluxo de massa de água por todo o percurso a partir das raízes”. “A tensão no mesófilo retira água dos vasos do xilema das folhas (nervuras - feixes vasculares). A remoção de água do xilema das nervuras estabelece tensão sobre toda a coluna contida no xilema. Desse modo, a coluna é puxada para cima desde as raízes”. Teoria de Dixon/teoria da coesão-tensão-Adesão “A capacidade que a água tem ser puxada para cima por minúsculos tubos deve-se a sua extraordinária coesão – a tendência das moléculas de água de se manterem unidas por pontes de hidrogênio. Teoria de Dixon/teoria da coesão-tensão-Adesão A integridade da coluna é também mantida pela adesão da água às paredes celulares dos vasos do xilema”. Teoria de Dixon “Quanto mais o vegetal transpira, mais água absorve”. Cavitação do xilema Cavitação – formação de bolhas de ar no interior do xilema – minimizada de várias maneiras; Bolhas não se espalham - não passam facilmente pelos pequenos poros do xilema; A seiva bruta pode desviar-se do ponto bloqueado, passando para condutos vizinhos; Á noite – transpiração baixa – geralmente os vapores de água e bolhas se dissolvem; Críticas sobre a teoria de Dixon Corrente transpiratória estabelecida tem que ser obrigatoriamente contínua; Caso a continuidade da coluna for comprometida – o fluxo ascendente pára imediatamente; “Colunas de água no xilema podem sustentar grandes tensões (pressões negativas) necessárias para puxar a água para cima de árvores altas?” Desafios físicos do transporte de água i. A água sob tensão transmite uma força interna sobre ás paredes do xilema Se as paredes celulares fossem fracas ou maleáveis, elas colapsariam sob influência dessa tensão Os espessamentos secundários de parede e a lignificação das traqueides e dos vasos são adaptações que compensam essa tendência ao colapso. Consequência Plantas submetidas a grandes tensões no xilema tendem a ter madeira mais densa, refletindo os estresses mecânicos que a água sob tensão reflecte sobre ela. Desafios físicos do transporte de água A coesão e adesão da água tornam a energia de ativação para a mudança de estado líquido vapor muito alta A estrutura do xilema minimiza a presença de sítios de nucleação que proporcionam essa energia de activação ii. A água no xilema esta no estado metaestavel devido a persistência do estado líquido O fenómeno de formação de bolhas é denominada de cavitação e o vazio gasoso formado denomina-se embolia. A consequência da embolia é a obstrução do conduto ii. A água no xilema esta no estado metaestavel devido a persistência do estado líquido Na folha a água é puxada do xilema para as paredes celulares do mesofilo e daí através do poro estomático evapora para a atmosfera, movida pelo gradiente de concentração de vapor – difusão. Movimento da água da folha para atmosfera Tem sido estimado que somente cerca de 5% da perda de água da folha ocorre através da cutícula. O restante da perda de água ocorre por difusão através dos poros do aparelho estomático, os quais são geralmente mais abundantes na superfície abaxial (inferior) da folha. Movimento da água da folha para atmosfera Movimento da água da folha para atmosfera Fim! Transferência de Água da Folha para a Atmosfera Próxima aula:
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