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www.rbmfc.org.br
Rev Bras Med Fam Comunidade. Rio de Janeiro, 2015 Jan-Mar; 10(34):1-13 1
A pessoa como centro do cuidado na prática do médico de família
The person at the center of care in the practice of the family doctor
La persona en el centro de la atención en la práctica del médico de familia
José Mauro Ceratti Lopes. Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição (SSC-GHC). Universidade Federal de Ciências da Saúde 
(UFCSPA). Porto Alegre, RS, Brasil. jmauro.lopes@terra.com.br (Autor correspondente)
Jorge Alberto Rosa Ribeiro. Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FACED/UFRGS). Porto Alegre, RS, Brasil. 
jorge.ribeiro@ufrgs.br
Resumo
Objetivo: uma atuação centrada na pessoa é considerada essencial para o médico de família e comunidade considerando-se as mudanças ocorridas 
na sociedade nos séculos XIX e XX. Este artigo apresenta um estudo de caso, cujo objetivo foi identificar se os componentes que caracterizam 
inequivocamente o Método de Abordagem Clínica Centrada na Pessoa (MCCP) estão presentes na prática do médico de família. Métodos: os dados 
foram coletados por meio de entrevistas com médicos de família e com pessoas por eles atendidas, sendo os depoimentos gravados, transcritos e 
analisados com base no Discurso do Sujeito Coletivo. Resultados: identificaram-se aspectos comuns ou contraditórios nos discursos de pessoas 
e médicos sobre a aplicação da Abordagem Centrada na Pessoa. Conclusão: ainda não existe por parte dos médicos de família um conhecimento 
adequado sobre significado e aplicação de uma Abordagem Clínica Centrada na Pessoa. 
Abstract
Objective: a person-centered practice is essential to the family and community doctor in the face of changes in society in the nineteenth and twentieth 
centuries. This article reports on a case study whose objective was to identify if the components that uniquely characterize the Person Centered Clinical 
Approach are present in the practice of the family doctor. Methods: data were collected through interviews with family doctors and with people seen 
by them. The interviews were recorded, transcribed and analyzed using the Discourse of the Collective Subject. Results: the study identified common 
or contradictory discourses of people and doctors on the application of the person-centered approach. Conclusion: family doctors still lack adequate 
knowledge about the meaning and application of the Person-Centered Clinical Approach. 
Resumen
Objetivo: una actividad centrada en la persona es esencial para el médico de familia y comunidad frente a los cambios en la sociedad en los siglos 
XIX y XX. Este artículo es un estudio de caso, cuyo objetivo fue identificar si los componentes que caracterizan de forma exclusiva el método de la 
Clínica de Enfoque Centrado en la Persona (MCCP) están presentes en la práctica del médico de familia. Métodos: los datos fueron recolectados a 
través de entrevistas con los médicos de familia y las personas atendidas por ellos. Las entrevistas fueron grabadas, transcritas y analizadas utilizando 
el Discurso del Sujeto Colectivo. Resultados: el estudio identificó los discursos comunes o contradictorios de las personas y de los médicos sobre la 
aplicación del enfoque de los aspectos centrados en la persona. Conclusión: no existe por parte de los médicos de familia adecuado conocimiento 
del significado y de la aplicación del Enfoque Centrado en la Persona.
Como citar: Lopes JMC, Ribeiro JAR. A pessoa como centro do cuidado na prática do médico de 
família. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2015;10(34):1-13. 
http://dx.doi.org/10.5712/rbmfc10(34)870
Palavras-chave:
Medicina de Família e 
Comunidade
Assistência Centrada no Paciente
Relações Médico-Paciente
Keywords:
Family Practice
Patient-Centered Care
Physician-Patient Relations
Fonte de financiamento: 
declaram não haver.
Parecer CEP: 
GHC 134/04, 01/03/2005.
Conflito de interesses: 
declaram não haver.
Recebido em: 27/12/2013.
Aprovado em: 28/01/2015.
ARTIGOS ORIGINAIS
Palabras clave:
Medicina Familiar y Comunitaria
Atención Dirigida al Paciente
Relaciones Médico-Paciente
A pessoa como centro do cuidado
Rev Bras Med Fam Comunidade. Rio de Janeiro, 2015 Jan-Mar; 10(34):1-132
Introdução
The good physician treats the disease but the great physician treats the patient who has the disease. 
Sir William Osler
A principal tarefa da medicina no século XXI será a descoberta da pessoa. Ela terá que encontrar as origens da doença e 
do sofrimento e, com esse conhecimento, desenvolver métodos para aliviar a dor, diminuir danos e reduzir o sofrimento. Ao 
mesmo tempo, deverá revelar o poder da própria pessoa, assim como nos séculos XIX e XX foi revelado o poder do corpo.1 
Uma atuação centrada na pessoa é considerada fundamental para um bom desempenho de qualquer profissional da área da 
saúde, mas ao médico de família e comunidade ela é imprescindível, considerando-se as mudanças ocorridas na sociedade 
nos séculos XIX e XX. Embora algumas dessas mudanças tenham facilitado a relação do médico com as pessoas, outras a 
dificultaram.2 Soma-se a isso a falência dos modelos convencionais de assistência e educação médica,que deveriam dar conta 
das necessidades da prática diária, mas que, de fato, são incompletos e pouco abrangentes. Com isso, torna-se necessário 
utilizar uma abordagem para os problemas de saúde que seja capaz de reduzir a insatisfação das pessoas e a frustração dos 
médicos, assim como de proporcionar um cuidado adequado.
Segundo Stewart,2 existem trabalhos mostrando que uma atuação centrada na pessoa apresenta resultados positivos 
quando comparada aos modelos tradicionais, já que aumenta a satisfação da pessoa, melhora a aderência aos tratamentos, 
reduz preocupações, reduz sintomas e melhora a situação fisiológica. Também estudos realizados por Little3 concluem que na 
atenção primária as pessoas desejam fortemente uma abordagem centrada na pessoa, com comunicação, parceria e promoção 
da saúde. Além disso, os médicos devem ser sensíveis e atentos a quem tem preferência por este modelo de abordagem – 
pessoas mais vulneráveis psicossocialmente ou que estão se sentindo particularmente mal. O autor conclui também que a 
percepção por parte de quem é atendido acerca dos componentes da abordagem centrada na pessoa pode ser medida com 
segurança e predizer diferentes resultados, e que se os médicos não proporcionarem uma abordagem centrada na pessoa, 
esta vai sentir-se menos satisfeita, menos capaz, podendo ter sintomas agravados e com altas taxas de encaminhamento.
Além desses fatos, a prática do médico de família e comunidade, para alcançar uma atuação de acordo com os princípios4,5 
que regem esta especialidade, deve utilizar o método de atendimento clínico centrado no paciente (MCCP) como modelo 
para abordagem integral aos problemas de saúde.2
Embora a prática médica no Brasil já apresente uma postura mais humanizada e integral ao tratar dos problemas das 
pessoas, de modo geral ainda não conseguiu romper com o método de abordagem aos problemas de saúde baseado no modelo 
biomédico tradicional, que tem como características principais ser centrado na doença e no médico. Mesmo com todo o 
progresso trazido pelo desenvolvimento tecnológico e do conhecimento, o evento central da vida profissional do médico, 
e especialmente do médico de família, continua sendo a consulta e, por consequência,ela torna-se o ato principal do seu 
processo de trabalho. Surge então o desafio para a medicina contemporânea de integrar dentro do processo de produção de 
cuidado a medicina baseada em evidências, o atendimento centrado na pessoa e o trabalho em equipe.
Para dar início a este processo, e considerando o ponto de vista das pessoas (qual é a percepção do cuidado que recebe?) e 
dos médicos (o quanto conhece e percebe sua atuação centrada na pessoa?), realizamos pesquisacom o objetivo de identificar 
se médicos de família integrantes de um serviço de referência como modelo assistencial e centro formador dominam o 
conhecimento e a aplicação dos componentes essenciais do método clínico centrado na pessoa, analisados do ponto de vista 
de quem presta o atendimento e de quem foi atendido.
Metodologia
Foi desenvolvida pesquisa qualitativa, através de um estudo de caso,6 utilizando-se entrevistas semiestruturadas para 
coleta das informações. As entrevistas foram gravadas com gravador de voz, transcritas e analisadas. O caso estudado é o 
relacionamento dos médicos de família e comunidade com as pessoas por eles atendidas em três unidades de saúde no Grupo 
Hospitalar Conceição (SSC-GHC), em 2004/2005. Foi realizada revisão de literatura, nacional e internacional, visando 
fundamentar teórica e analiticamente o estudo. O modelo de análise utilizou como instrumento o “Discurso do Sujeito 
Coletivo”(DSC), que é um discurso-síntese elaborado com pedaços de discursos de sentidos semelhantes reunidos num só 
discurso. Tendo como fundamento a teoria da Representação Social e seus pressupostos sociológicos, o DSC é uma técnica 
de tabulação e organização de dados qualitativos que resolve um dos grandes impasses da pesquisa qualitativa, na medida em 
que permite, por meio de procedimentos sistemáticos e padronizados, agregar depoimentos sem reduzi-los a quantidades.7
Lopes JMC, Ribeiro JAR
Rev Bras Med Fam Comunidade. Rio de Janeiro, 2015 Jan-Mar; 10(34):1-13 3
Os entrevistados pertenciam a duas categorias: médicos de família e comunidade e pessoas por eles atendidas. Foram 
entrevistados cinco médicos de três Unidades de Saúde e 14 pessoas por eles atendidas. Com este número, obtivemos 
saturação necessária para o estudo. A “saturação necessária” foi obtida no momento em que as respostas dos entrevistados 
sobre as diversas questões abordadas tornaram-se repetitivas, não acrescentando fatos novos. A escolha por estas três Unidades 
deveu-se ao fato de as mesmas contarem com profissionais que estão desde os primeiros tempos de implantação do SSC-GHC 
e serem os locais onde ocorreu menor número de transferências ou substituições de profissionais médicos.
Escolheu-se por conveniência um dia da semana para a visita à Unidade, momento quando se perguntou aos médicos 
presentes se estes estavam dispostos a participar da pesquisa. Se havia mais de um médico interessado, era realizado sorteio. 
As pessoas atendidas por estes médicos também eram convidadas a participar. Todos os entrevistados, tanto médicos como as 
pessoas atendidas, assinaram termo de consentimento.Para se alcançar a saturação e, assim, elaborar o DSC, foi estabelecido 
previamente que o número de pessoas entrevistadas seria de duas a três pessoas da agenda de cada médico, seguindo a ordem 
de atendimento e o aceite em participar. Caso fosse necessário, mais pessoas seriam entrevistadas.
As entrevistas seguiram roteiros semiestruturados específicos para médicos de família e comunidade (Quadro 1) e para as 
pessoas atendidas (Quadro 2), elaborados de forma a contemplar coleta de informações que identificassem componentes do 
método de abordagem centrada na pessoa. Os questionários foram compostos de perguntas principais e sub-perguntas, sendo 
que estas visavam a estimular o entrevistado no caso de dificuldades em responder à pergunta principal, não sendo portanto 
obrigatórias.Assim, cada uma das perguntas principais teve objetivo definido relacionado com os componentes do método 
de abordagem centrada na pessoa citados anteriormente e com as categorias ou fundamentos teóricos que embasam este 
estudo. A partir de estudos anteriores2 sobre o método clínico centrado na pessoa, definiu-se que seria feita a investigação 
de três dos seis componentes do método: (1) explorando a doença e a experiência sobre a doença, (2) entendendo a pessoa 
como um todo, inteira e (3) elaborando um projeto comum ao médico e à pessoa para manejar os problemas. A escolha 
em trabalhar apenas com estes três componentes deve-se ao fato de que estes seriam os mais representativos do uso de uma 
abordagem centrada na pessoa e que, nos estudos realizados por Stewart,2 revelaram-se mensuráveis.
Resultados e discussão
O Quadro 3 apresenta as comparações das ideias centrais e dos DSC de médicos e pessoas, que são analisadas a seguir 
levando-se em consideração as bases teóricas do Método Clínico Centrado na Pessoa.
Ambos os grupos identificam dificuldades de acesso ao cuidado.8 O acesso ao cuidado à saúde é aspecto essencial da APS e 
da Abordagem Centrada na Pessoa. Historicamente, tem sido um dos dilemas dos serviços de saúde, e muitas propostas têm 
sido realizadas sobre como organizar este acesso das pessoas de forma que se possa atendê-las de acordo com a sua premência 
pelo cuidado.9, 10, 11 Os DSC de médicos e pessoas confirmam dificuldades relacionadas e caracterizadas por eles como: 
desproporção entre a oferta de consultas e a demanda, existência das filas, tempo de espera para agendamento e necessidade 
de persistência para manter continuidade com o mesmo profissional. Mesmo assim, ambos igualmente consideram que 
o acesso é melhor do que no sistema de saúde, em geral. Um aspecto referido pelos entrevistados e que faz parte de uma 
Abordagem Centrada na Pessoa, sendo um dos Princípios da APS, é manifestação da existência de vínculo entre pessoa e 
médico de família, expressando a procura da manutenção da longitudinalidade9 do Cuidado por parte de quem busca ajuda 
(“[...] já cria aquele vínculo assim; se não a gente fica desfilando de médico em médico”), embora a autonomia da pessoa de 
decidir quando e com quem vai ser a consulta esteja de certa forma comprometida.
Os DSC revelam concordância sobre o desconhecimento da Medicina de Família e Comunidade como uma especialidade 
médica, o que é muito significativo, principalmente numa população que há mais de 20 anos convive com este profissional. 
Mas embora isto seja importante, mais significativo é o fato de que ambos, médicos de família e pessoas, concordam que 
o tipo de atendimento prestado nas Unidades do SSC é diferenciado. E as pessoas, na prática, ao descrever o atendimento, 
identificam características da Medicina de Família e Comunidade, tais como: (1) “Toda a família. Até sogra”, (2) “soluciona 
logo os problemas”; (3) “vêem do lado psicológico até o lado médico mesmo”, (4) “a gente se sente à vontade com eles”, (5) “e a 
gente confia”, (6) “acho que os pacientes que eu atendo, [...] acho que a grande maioria tem essa percepção da diferença, a gente 
tenta diferenciar”.Um questionamento que merece ser feito é: o desconhecimento da especialidade e da abordagem integral 
que pode ser realizada pelo médico de família e comunidade por parte de quem busca ajuda não pode fazer com que a 
pessoa deixe de trazer para a consulta outros aspectos que sejam relevantes, ficando a abordagem centrada em queixas e 
problemas de um sistema ou aparelho? Neste aspecto, torna-se fundamental uma abordagem centrada na pessoa, que, com 
A pessoa como centro do cuidado
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suas perguntas abertas e sistematização, garante uma abordagem integral e consolida na prática a Medicina de Família e 
Comunidade como a especialidade do Cuidado Integral à Saúde.
As tentativas dos médicos de família e comunidade em definir a Abordagem Centrada na Pessoa revelam que não existe 
ainda um conhecimento adequado sobre o que realmente significa uma Abordagem Centrada na Pessoa, e que embora a 
atuação seja humanizada e voltada para escutar e conhecer as pessoas, seu entendimento desta forma de abordagem fica 
muito restrito a“ver a pessoa por inteiro”, e ainda esperar que a continuidade garanta que isto ocorra. Uma abordagem do 
“ver a pessoa por inteiro”, apesar de ser um avanço em relação aos modelos tradicionais, representa apenas partedo segundo 
componente do MCCP, deixando de lado os demais aspectos que são importantes, principalmente no que se refere a garantir 
a Autonomia12,13 de quem busca ajuda.
Quadro 1. Roteiro das entrevistas com médicos de família e comunidade.6
Nome:_____________________ Idade:_____ Sexo: (1)feminino (2)masculino.
Unidade do SSC em que atua:______________ Preceptor: (1)sim (2)não.
Local: Graduação: ________________________ Residência Médica: ______________________ Tempo de: Formado: (1) <1ano (2) 1 a 5anos (3) 5 a 10 anos (4) 
10 a 20 anos (5) >20 anos Atuação no SSC: (1) < 1 ano (2) 1 a 5 anos (3) 5 a 10 anos (4) 10 a 20 anos (5) > 20 anos Especializações/Pós-graduação:
P1 – O Senhor(a) pode me explicar como as pessoas fazem para consultar nesta Unidade de Saúde?
1.1 – Tem idéia de qual o tempo de demora para agendar uma consulta?
1.2 – Tem idéia de qual o tempo de espera para consultar?
1.3 – Poderia descrever aquelas que considera as principais dificuldades para as pessoas serem atendidas nesta Unidade?
1.4 – Qual sua percepção sobre como as pessoas são recebidas/acolhidas?
P2 – Poderia descrever, caso tenha acontecido, uma situação em que pediu ajuda ou encaminhou a pessoa atendida a outro profissional desta Unidade para resolver seu 
problema?
2.1 – Qual a seu ver é o aspecto que melhor caracteriza o trabalho em equipe nesta Unidade?
P3 – O Sr.(a) considera que as pessoas atendidas sabem o nome de sua especialidade?
P4 – No seu entendimento que aspectos na abordagem aos problemas de saúde caracterizaria uma atuação centrada na pessoa?
P5 – Como o Sr.(a) descreveria o modo como conversou sobre o problema principal de saúde que motivou a consulta das seguintes pessoas atendidas hoje?
5.1 - Foi conversado o suficiente?
5.2 - O Sr.(a) ficou satisfeito?
5.3 - Considera que ouviu tudo o que as pessoas gostariam de falar?
5.4 – Conversou sobre como estas pessoas reagiram a outras situações de doença pessoal ou em familiares?
5.5 – Conversou sobre como estão os sentimentos destas pessoas em relação ao fato de estar com problemas de saúde?
5.6 – Abordou seus medos, expectativas em relação aos seus problemas de saúde?
P6 – O Sr.(a) poderia comentar sobre como explicou sobre seu(s) problema(s) de saúde?
6.1 – Buscou ter certeza com as pessoas de qual era o seu principal problema de saúde?
6.2 – Buscou ajuda delas para definir qual era seu problema principal?
6.2 – Considera que deu oportunidade para que as pessoas tirassem suas dúvidas?
6.3 – Ao final buscou ter certeza de que as pessoas haviam entendido qual é seu problema de saúde?
P7 – O Sr.(a) poderia descrever sobre a parte da consulta em que falaram sobre as responsabilidades de cada um no cuidado à saúde?
7.1 - Houve durante a consulta esta parte em que conversaram sobre o que cabe a cada um – médico e pessoa – como responsabilidade no cuidado à saúde?
P8 – O Sr.(a) poderia descrever como foi discutido o cuidado à saúde?
8.1 – Considera que foi suficientemente esclarecedor?
8.2 – Que discutiu sobre as possibilidades da pessoa realizar o que estava sendo proposto?
8.3 – Foi conversado sobre os objetivos a serem buscados para alcançar sucesso no cuidado à saúde de quem estava sendo atendido?
P9 – O Sr.(a) poderia dizer o quanto com as pessoas conversou sobre assuntos pessoais, familiares ou profissionais que podem ter impacto na saúde?
9.1 – O Sr.(a) considera que conversou o suficiente sobre a história de vida para conhecê-lo (a) bem?
9.2 – Conversou sobre aspectos de sua vida tais como: emprego, família, lazer, dificuldades?
9.3 – Você de alguma forma tentou estimular a pessoa a falar sobre estes assuntos?
9.4 – Ela tentou ou sinalizou que gostaria de falar sobre estes assuntos?
9.5 - Como o Sr.(a) considera que reagiu?
9.6 – Considera que não foi necessário, pois já o conhece bem?
Lopes JMC, Ribeiro JAR
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No que se refere ao 1º componente do MCCP, “Explorando a Doença e a Experiência da pessoa com a Doença”, pode-se 
afirmar que ele não está de todo presente, ficando a abordagem restrita ao desenvolvimento de uma relação empática e mais 
focada na queixa verbalizada pela pessoa, correndo-se com isso o risco de abordar a doença (disease) e não a experiência com 
a doença (illness).14 Para se conhecer a pessoa e observar sua autonomia e participação, é importante explorar a narrativa de 
suas situações prévias de doença.
O 3º componente, “Buscando um projeto comum ao médico e à pessoa para manejar os problemas”, é considerado 
fundamental para que se caracterize uma abordagem centrada na Pessoa. É o processo através do qual a pessoa e o médico 
buscam um entendimento e uma concordância mútuos em três aspectos: (1) definindo o problema, (2) estabelecendo 
objetivos e prioridades de manejo, e (3) identificando os papéis a serem assumidos por ambos. Os resultados dos DSCs 
mostram que apenas um destes aspectos – a identificação junto à pessoa sobre qual considera seu problema principal – está 
presente, embora nem sempre explicitado, ao passo que os outros dois aspectos não são claramente introduzidos e trabalhados 
na consulta. Fica evidenciado que há um entendimento por parte do médico de que as orientações finais da consulta teriam 
esta função, sendo este então o momento em que a pessoa usaria sua autonomia para manifestar-se em relação ao manejo 
proposto. Mas, para a pessoa, isto não está claro, ficando muito na dependência do quanto ela se sente à vontade para 
Quadro 2. Roteiro de entrevistas para pessoas atendidas.6
Nome: __________________________ Sexo: (F) (M). Idade:______ Etnia: ____
Estado civil: (1)solteiro (2)casado (3)divorciado (4)viúvo (5)outro. Renda: _________ Escolaridade: (1)analfabeto. (2)1°grau (3)2°grau (4) superior.
Tempo de moradia na comunidade: ____________________.
P1 – O Senhor(a) pode me explicar como faz para consultar nesta Unidade de Saúde? Explique melhor?
1.1 - Qual o tempo de demora para conseguir marcar uma consulta antecipada? E para o mesmo dia?
1.2 - Qual o tempo de espera para consultar?
1.3 - Quais as principais dificuldades que considera para ser atendido?
1.4 - Como é a recepção/acolhimento?
P2 – Quando o Sr.(a) busca atendimento nesta Unidade, em geral é atendido por qual profissional?
2.1 - Poderia descrever, caso tenha acontecido, uma situação em que o médico pediu ajuda ou encaminhou o Sr.(a) a outro profissional desta Unidade para resolver seu 
problema?
P3 – O Sr.(a) sabe o nome da especialidade do médico que o atendeu nesta Unidade?
3.1 - Como o Sr.(a) descreveria a especialidade do médico que o atendeu nesta Unidade?
3.2 – O Sr.(a) poderia descrever o que diferencia este médico de outros que já lhe atenderam?
P4 – Como o Sr.(a) descreveria o modo como o médico conversou sobre o problema principal de saúde que motivou a consulta?
4.1 - Foi conversado o suficiente?
4.2 - O Sr.(a) ficou satisfeito?
4.3 - Considera que o médico ouviu tudo o que o Sr.(a) gostaria de falar?
4.4 – O médico conversou sobre como o Sr.(a) reagiu a outras situações de doença pessoal ou em familiares?
4.5 – O médico conversou sobre como estão seus sentimentos em relação ao fato de estar com problemas de saúde?
4.6 – O médico verificou seus medos e expectativas em relação aos seus problemas de saúde?
P5 – O Sr.(a) poderia comentar sobre como o médico explicou sobre seu(s) problema(s) de saúde?
5.1 – O médico buscou ter certeza de qual era o seu principal problema de saúde?
5.2 – O médico buscou sua ajuda para definir qual era seu problema principal?
5.2 – O Sr.(a) teve oportunidade de tirar suas dúvidas?
5.3 - O médico buscou ter certeza de que o Sr(a) havia entendido qual é seu problema de saúde?
P6 – O Sr.(a) poderia descrever sobre a parte da consulta em que falaram sobre as responsabilidades de cada um no cuidado à saúde?6.1 - Houve esta parte em que o médico conversou sobre o que cabe a cada um – médico e pessoa – como responsabilidade no cuidado à saúde?
P7 – O Sr.(a) poderia descrever como foi discutido o cuidado à saúde?
7.1 - Foi suficientemente esclarecedor?
7.2 - O médico discutiu sobre as possibilidades do Sr.(a) realizá-lo?
7.3 - Foi perguntado sobre suas dificuldades em realizar o que foi proposto para cuidar de sua saúde?
7.4 – Foi conversado sobre os objetivos a serem buscados para alcançar sucesso no cuidado à sua saúde?
A pessoa como centro do cuidado
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argumentar ou perguntar ao médico. Esta expectativa, de certa forma, configura uma abordagem mais próxima de um modelo 
informativo ou interpretativo, mas sem conseguir alcançar uma abordagem deliberativa, com uma real participação da pessoa 
no planejamento de seu cuidado. Aqui repete-se novamente a falta de um momento definido durante o atendimento para 
assegurar-se de que a pessoa tem claro qual é seu papel e qual é o papel do médico de família e comunidade no processo 
de cuidado. Existe concordância entre os discursos configurando que não há momento de discussão sobre quais serão os 
objetivos a serem alcançados para um cuidado significativo. Há concordância sobre o papel limitador que tem o tempo de 
consulta, com ambos agindo, pressionados pela demanda, no sentido de “encurtar” objetivamente a consulta.
Complementando o que já foi tratado ao discutir a conceituação da Abordagem Centrada na Pessoa pelos médicos de 
família e comunidade, ao buscar contemplar o 2º componente do MCCP –“Entendendo a pessoa como um todo, inteira” 
– devemos ter em conta que as doenças da pessoa são apenas uma dimensão de seus papéis.Portanto elas são um reduzido 
recurso para entender a doença e o sofrimento da pessoa. Talvez o aspecto mais importante que determina a satisfação com 
a consulta e que deve ser observado pelo médico não seja a falta de tempo, e sim a indisponibilidade para a pessoa (o que 
de certa forma é desumano). No caso específico, pode-se perceber que, apesar da falta de tempo, esta indisponibilidade não 
existe; pelo contrário, as pessoas afirmam que percebem que, se necessário, teriam o tempo do “seu” médico.
Talvez um aspecto inteiramente novo trazido por esta pesquisa tenha sido o de revelar que as pessoas, e não apenas os 
médicos, são pressionadas pela demanda, pela sala de espera cheia, e utilizam-se do espaço intercessor para exercerem uma 
parcela de sua autonomia, para limitar-se às questões mais importantes de sua saúde, numa tentativa solidária de compartilhar 
o tempo com as demais pessoas que buscam cuidado. Trata-se de uma forma de busca da equidade, por meio do pensamento 
de que talvez quem está na sala de espera precise de mais tempo do que ela. O entender a pessoa como um todo, inteira, 
vai muito além do conhecer a pessoa por inteiro, pois envolve, além de obter informações sobre lazer, família, e trabalho, 
investigar aspectos como os seguintes: (a) desenvolvimento individual (sentido de Eu, auto-estima positiva, independência 
e autonomia, capacidade de relacionar-se e ter intimidade), (b) fases do desenvolvimento que influenciam a vida das pessoas 
(posição no ciclo de vida, tarefas que assume, papel que desempenha),

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