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RESUMO DO LIVRO GUSSO. cAP 15, 335 E 49

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1 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Saúde da Família 4 
CAP. 15: CONSULTA E ABORDAGEM CENTRDA NA PESSOA 
ASPECTOS CHAVE 
►Individualizar a consulta. Harmonizar e buscar empatia são objetivos essenciais. Lembrar-se de 
que cada pessoa é única e, por isso, deve-se construir uma relação específica. 
►Iniciar a consulta com perguntas abertas. 
►Demonstrar interesse. O contato visual é fundamental e deve ser exclusivo nos primeiros segundos 
da consulta. 
►Detalhar e sumarizar, não deixando pontos “subentendidos”. Esmiuçar sem ser inconveniente. Sa-
ber usar o tempo adequadamente, pois consultas longas são improdutivas. 
►Desenvolver ferramentas internas. Utilizar o autoconhecimento, saber seus limites, identificar di-
ficuldades, dominar emoções. 
A unidade essencial da prática médica ocorre quando, na intimidade da sala de consulta ou da enfer-
maria, uma pessoa que está doente, ou acredita estar doente, busca a ajuda de um médico em quem 
confia. 
A CONSULTA EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) DEVE REPRESENTAR 
[...] uma prática social entre médico e pessoa, com troca de conhecimentos, com um contrato, fun-
damentada na parceria, na busca de construir o cuidado mediante ações dentro e fora do consultó-
rio, de ambas as partes. Prática em que o médico e a pessoa busquem aprender sobre os problemas 
de saúde, refletir sobre suas repercussões, suas relações e determinação no processo de cuidado.3 
Na relação entre pessoas, o sentimento de afeição entre elas pode ser “à primeira vista” apaixonante 
ou seguir um caminho de construção por meio do conhecimento mútuo, progressivo, longitudinal, em 
que se estabelece uma relação harmonizada baseada na confiança e no afeto. Essa possibilidade de 
uma segunda chance na relação ou na construção é uma característica da APS, não acontecendo em 
outros níveis do sistema. A consulta também é o encontro entre pessoas com expectativas, objetivos 
e tarefas definidas de parte a parte, em que se estabelece uma relação cujos objetivos principais são o 
cuidado à saúde e a qualidade de vida. 
 
A consulta na APS é bem definida para o que se denomina “medicina da pessoa inteira”. O médico 
de família é geralmente o primeiro e, com frequência, o único acesso aos cuidados de saúde para as 
pessoas, que podem apresentar-se a ele por uma variedade de razões, repetidamente e por um longo 
período de tempo. Família, amigos e comunidade da pessoa são também conhecidos pelo médico de 
família e comunidade da mesma maneira. Portanto, o médico de família e comunidade pode entender 
a pessoa e a apresentação no contexto da vida dela em sua plenitude. Um grande entendimento de 
quem a pessoa é e o significado do que apresenta pode, assim, ser alcançado. 
Médicos de família e as pessoas a quem atendem são facilmente acessíveis um ao outro, possivel-
mente durante muitos anos. Isso resulta em oportunidade para um tipo de medicina que permite o 
desenvolvimento de um relacionamento profissional entre pessoas e médicos, proporcionando: 
●a observação estendida entre o médico e a pessoa, permitindo a coleta e o processamento de in-
formação ao longo do tempo, utilizando o conceito de demora permitida; 
●o processo diagnóstico estendido, que pode ser desenvolvido e alterado ao longo do tempo e ao 
qual podem incorporar-se muitos níveis de informação, incluindo físico, psicológico e aspectos 
sociais; 
●o cuidado compreensivo, o qual considera necessidades físicas, psicológicas e sociais da pessoa, 
da família, do trabalho e da comunidade; 
●a continuidade do cuidado, o qual pode ser iniciado pela pessoa e flexibilizar-se para necessidades 
imprevistas, bem como as previstas; 
●o cuidado preventivo, em que cada encontro é uma oportunidade para a promoção da saúde. 
Resumo Gusso cap 15, 39 e 45 
 
2 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Saúde da Família 4 
Um dos aspectos fundamentais é definir uma metodologia de abordagem que proporcione a garantia 
de prestar um cuidado adequado e dentro das necessidades da pessoa, da família ou da comunidade 
que se está atendendo. 
Na maior parte das situações, vendo a consulta como o encontro entre duas pessoas, cada qual com 
suas próprias áreas de expertise, focar a consulta nas ideias, nas crenças e nas expectativas da pessoa 
parece ser a opção mais saudável. 
Pode-se dizer que a consulta é “rizomática”, pois, a partir do momento em que a pessoa e o médico 
fazem contato, ela pode tomar caminho diverso daquele que havia sido planejado ou esperado. Por 
exemplo, ao chamar uma pessoa, o médico pode ser surpreendido por ela entrar na sala já mostrando 
lesões de pele. Ou pode sentar e começar a chorar. Ou pode dizer que não quer conversar, apenas 
renovar sua medicação. Portanto, é importante que o médico de família e comunidade incorpore um 
método que assegure que suas atitudes serão direcionadas pela busca do melhor cuidado à pessoa que 
está consultando, em vez de configurar apenas uma sequência. 
O MCCP TEM QUATRO COMPONENTES: 
1o Componente: Explorando a saúde, a doença e a experiência da doença 
O primeiro componente do MCCP propõe que os médicos lancem um olhar mais amplo para além da 
doença ao incluírem a exploração da saúde e a experiência da doença das pessoas. 
 O método médico convencional identifica a doença, mas o entendimento sobre o que é ter saúde e 
sobre a experiência com a doença exige uma abordagem adicional. Para se explorar a experiência da 
doença,6 sugere-se abordar quatro dimensões designadas pelo acrônimo SIFE 
1.Sentimentos da pessoa, especialmente o medo de estar doente. 
“Ou será que é algo mais grave? Minha vizinha começou assim e estava com câncer.” 
2.Suas Ideias sobre o que está errado. 
“Acho que é a menopausa chegando, doutor.” 
3.O efeito da doença sobre seu Funcionamento de vida. 
“Não consigo realizar as atividades de casa. Meu marido e meus filhos estão reclamando que não 
sou mais a mesma.” 
4.Suas Expectativas em relação ao seu médico. 
“Quem sabe preciso fazer uns exames?” 
 as quatro dimensões da experiência com a doença: sentimentos, ideias da pessoa sobre o que está 
errado com ela, efeito da doença sobre o funcionamento da pessoa e suas expectativas. 
 
2o Componente: Entendendo a pessoa como um todo – o indivíduo, a família e o contexto 
O segundo componente do MCCP é um entendimento integrado da pessoa inteira, resultando das 
informações que, ao longo do tempo, o médico acumula sobre aqueles que atende, significando que 
vai além de diagnosticar doenças ou assistir resposta a doenças. 
O médico de família e comunidade começa a conhecer a pessoa inteira e sua experiência com a 
doença em um contexto de sua vida e em um estágio de desenvolvimento pessoal. Seu conhecimento 
da pessoa deve incluir a família, o trabalho, as crenças e as vivências nas várias etapas que compõem 
o ciclo vital individual e familiar. Muitas vezes, essas informações são obtidas antes mesmo de a 
pessoa adoecer, pelo contato em função das demais pessoas da família ou das atividades na comuni-
dade. 
 
3 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Saúde da Família 4 
3o Componente: Elaborando um plano conjunto de manejo dos problemas 
Escolhas finais pertencem às pessoas, mas essas escolhas ganham significado, riqueza e precisão se 
elas são resultado de um processo de mútua influência e entendimento entre médico e pessoa 
Esse terceiro componente do MCCP é o compromisso mútuo de encontrar um projeto comum para 
tratar dos problemas. É importante em qualquer situação, mas se torna fundamental como ferramenta 
para realizar um manejo de sucesso às pessoas com doenças crônicas, desenvolvendo intervenção 
terapêutica. 
Desenvolver um plano efetivo de manejo requer do médico e da pessoa a busca pela concordância 
em três áreas principais: 
1.Definição do problema a ser manejado. 
2.Estabelecimento das metas e prioridades do tratamento. 
3.Identificação dos papéis a serem assumidos pela pessoa e pelo médico. 
4.Definiçãodo problema a ser manejado. Com frequência, os médicos e as pessoas doentes têm 
pontos de vista divergentes em diversas áreas, e a busca de uma solução não envolve apenas 
barganha e negociação, mas também um movimento para conciliar opiniões ou achar terreno 
comum, devendo o médico incorporar ideias, sentimentos, expectativas e ocupação da pessoa 
ao planejar o manejo da situação. 
Definir o problema a ser manejado, por meio de um diagnóstico ou da tranquilização, é essencial, 
pois ter entendimento ou explicação sobre sintomas físicos ou emocionais preocupantes é uma neces-
sidade humana fundamental. 
 
 4o Componente: Intensificando a relação entre a pessoa e o médico 
Dr. Mário recebe dona Rosa: 
Dr. Mário: “Entre e sente-se, dona Rosa. Em que posso ajudá-la hoje?” 
Dona Rosa: “Doutor, hoje vim para conversar mais sobre a menopausa e algumas dúvidas que 
tenho. Sabe como são conversas de comadre, não é?” 
Dr. Mário: “Sei bem como são essas conversas; comadres sabem de tudo um pouco.” 
Dona Rosa: “Pois é, colocam um monte de ideias na cabeça da gente.” 
Dr. Mário: “Mas é bom que você veio falar, e vejo que trouxe uma lista com as dúvidas, o que 
facilita nosso trabalho. Vamos lá, por onde começamos?” 
CAP. 35: ABORDAGEM FAMILIAR 
ASPECTOS CHAVE 
►Nunca é exagero exaltar a importância da família, compreendendo-a como a base a partir da qual 
se aprende a sentir-se parte de algo, a vincular-se emocionalmente, a desempenhar papéis e a ter 
funções. Esse “laboratório” de afetos, que marca a todos ao longo da vida, tem características 
peculiares que a abordagem sistêmica analisou. 
►A prática do médico de família e comunidade, multifacetada, exige ferramentas que facilitem suas 
intervenções. Saber quando e como se aproximar das famílias passa a ser uma habilidade essencial 
para essa prática. 
►Desenvolver habilidades para analisar as deixas emocionais e entender as heranças e os padrões de 
funcionamento familiar orienta a lógica das intervenções. 
►A compreensão da abordagem familiar sistêmica contribuirá no plano da prevenção, da investiga-
ção clínica e do tratamento de casos simples e complexos. 
Existem diversas formas de apresentação da família. A família “nuclear” é formada por pai, mãe e 
filhos, como o modelo-padrão. A família “extensa” é compreendida pelas relações de consanguini-
dade, e a família “abrangente” inclui os não parentes que coabitam a casa.3 A tipologia é diversa e 
será considerada conforme for necessário expressar. 
Entretanto, todas as transformações ocorridas têm adicionado tensões às famílias, e as pessoas estão 
mais estressadas, o que torna difícil a convivência entre elas. Ainda assim, a cada dia, há mais evi-
dências epidemiológicas e clínicas sobre a influência que a família tem na conservação da saúde, no 
desenvolvimento das doenças e na sua recuperação.4 Logo, apesar das mudanças, a família continua 
influenciando e permanece sendo a “unidade base” para o treinamento social. Entender como a família 
 
4 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Saúde da Família 4 
influencia a saúde dá, ao médico de família e comunidade, a oportunidade de antecipar e reduzir os 
efeitos adversos do estresse familiar e usar a família como recurso para cuidar das pessoas. A prática 
do médico de família e comunidade envolve uma parceria entre o médico, a pessoa e a família. 
Os problemas clínicos e emocionais podem ser tratados com uma abordagem individual, centrada 
na pessoa, mas alguns vão alcançar maior benefício com a abordagem familiar, estando a família 
presente ou não na consulta.1,2 
 Um momento de destaque é o de questionar a opinião individual de todas as pessoas presentes. Por 
isso, é possível abrir um leque de hipóteses, por meio das diversas visões expressadas, e oportunizar 
uma discussão sobre o problema. Fazer com que as pessoas discutam o problema, em vez de o rela-
tarem, proporciona uma abordagem mais genuína, de modo que, é possível captar qual é exatamente 
a questão e como é a interação entre as pessoas. Alguns médicos, que já reuniram informações, apro-
veitam o momento da entrevista para desenhar o genograma da família e a sua rede de apoio; outros 
profissionais iniciam a entrevista com a realização do genograma. 
Se, para resolver a situação, for necessário manter um acompanhamento, surgirá um plano para 
busca de soluções. Auxilie-os a organizar as estratégias de ação e estruture uma proposta de atendi-
mento. 
GENOGRAMA 
Existem diferentes maneiras de descrever a história das pessoas e suas famílias, e, na prática do mé-
dico de família e comunidade, o genograma é outra excelente ferramenta para explicitar essas histó-
rias. O genograma é reconhecido como um instrumento para mapear, ampliar o conhecimento sobre 
a família e realizar intervenções pelos profissionais nos cuidados de saúde. 
A realização do genograma em uma entrevista oferece uma forma prática de envolver toda a família 
em uma abordagem sistêmica ao tratamento, permitindo o acesso rápido ao complexo familiar emo-
cionalmente carregado. 
 ECOMAPA 
O ecomapa é também um instrumento de avaliação familiar, por meio de uma representação gráfica, 
que identifica todos os sistemas envolvidos e relacionados com a pessoa, com a família em questão e 
o meio onde vivem. Inicialmente, foi desenvolvido como ferramenta facilitadora do trabalho de as-
sistentes sociais com famílias com problemas,17 mas é um excelente instrumento que resume uma 
grande quantidade de informações e facilita a visualização de áreas que podem ser exploradas para 
melhorar o sistema social de apoio por toda a equipe de saúde. 
Esse mapa é uma forma de registro de rede social, do momento a que se refere o informante na 
consulta. O contexto no qual se está imerso, que suporta e estrutura o meio relacional do indivíduo ou 
da família, servirá para ilustrar, compreender, observar, tecer hipóteses, integrar e envolver os recur-
sos disponíveis dessa rede de possível apoio. 
CAP. 49: REGISTRO DE SAÚDE ORIENTADO POR PROBLEMAS 
ASPECTOS-CHAVE 
►O registro médico orientado por problemas (RMOP) tem sido empregado em diversos sistemas de 
atenção primária à saúde (APS) em todo o mundo, e seu uso tem-se ampliado cada vez mais como 
base inclusive na informatização dos registros médicos. 
►Diante da multiprofissionalidade que caracteriza as equipes de APS no Brasil, pode-se denominá-
lo registro de saúde orientado por problemas (ReSOAP) e propor que todas as categorias profissi-
onais se apropriem desse formato de registro, incorporando-o em sua prática. 
►O aprendizado e a utilização do ReSOAP é um dos caminhos na busca de ser um bom profissional 
para o trabalho em equipe na APS. 
►O registro em prontuário é critério de avaliação da qualidade de um serviço de saúde. 
►Mais do que uma mera sistematização, o ReSOAP é uma ferramenta de raciocínio clínico. 
►O registro na APS deve refletir todos os seus atributos, em especial a longitudinalidade, ou seja, 
mais importante do que enxergar a “foto” é poder compreender o “filme”. 
 
O registro orientado por problemas tem sido empregado em diversos sistemas de APS em todo o 
mundo, e seu uso tem-se ampliado mesmo com a informatização dos prontuários. 
 
5 
 
Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Saúde da Família 4 
Diante da multiprofissionalidade que caracteriza as equipes de APS no Brasil, pode-se denominá-
lo ReSOAP e buscar que todas as categorias profissionais se apropriem desse formato de registro, 
incorporando-o em sua prática; ou seja, é mais do que anotar ou organizar as informações com exce-
lência, sendo uma ferramenta de trabalho que proporciona raciocínio clínico apurado e cuidado qua-
lificado e continuado pela equipe 
 
Uma das formas de o médico manter-se atualizado é pela reflexão sobre sua própria experiência. O 
SOAP é um meio de autoavaliar a qualidade dos cuidados prestados, constituindo-se, por isso, em um 
dos fatores mais importantes de educaçãocontinuada 
LISTA DE PROBLEMAS OU CONDIÇÕES 
No cuidado ambulatorial, o médico trabalha mais com problemas de saúde ou condições do que com 
diagnósticos, o que denota doença ou certeza nem sempre presentes na APS. Têm-se várias definições 
de problema, mas é possível dizer que, em geral, problema ou condição é tudo aquilo que requer ou 
pode requerer uma ação do médico ou da equipe de saúde e, em consequência, motivará um plano 
de intervenção. 
Também são problemas alguns fatos passados que afetaram ou podem afetar a capacidade funcional 
ou a qualidade de vida da pessoa, além de situações ou estados que exigem intervenção para ocorrer 
o manejo de outros problemas (desemprego, isolamento, falta de moradia). As categorias que consti-
tuem a lista de problemas (LPs) estão listadas no Quadro 49.3. O termo condição tem sido cada vez 
mais usado, pois nem sempre é um “problema de saúde”, mas sim uma “condição de saúde”, como 
pré-natal. 
SOAP 
O SOAP foi desenvolvido para poder visualizar o cuidado longitudinal, o “filme”. Quem não está 
familiarizado entende como uma forma “simplista” de registro, mas é quase que o contrário – uma 
forma estruturada de se registrar a complexidade do cuidado na APS. 
Diariamente, em um local de atendimento, o médico e outros profissionais da saúde documentam 
o cuidado com as pessoas. Podem utilizar vários métodos para isso, e um deles é o SOAP. O SOAP 
corresponde às informações e aos dados colocados na ficha de acompanhamento e registro dos aten-
dimentos do ReSOAP, caracterizando e garantindo a continuidade do cuidado. Quando se registra em 
papel, a folha de registro com as anotações das consultas de acompanhamento da pessoa serve para 
seguimento dos problemas. Portanto, ela deve estar ordenada cronologicamente, colocando-se a data, 
o horário do atendimento e a identificação de quem o realizou. 
Tempo e acesso rápido às informações são muito importantes. Por isso, para ter melhor aproveita-
mento e encontrar os dados rapidamente, preconizam-se as anotações de uma forma estruturada ba-
seada em quatro itens, que geram o acrônimo denominado SOAP: Subjetivo, Objetivo, Avaliação 
e Plano 
S = SUBJETIVO 
Coloca-se nesse item a história relatada (= fala espontânea) ou referida (= resposta às perguntas) pela 
pessoa. É a parte em que se registram o que a pessoa diz assim como informações qualitativas 
 
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Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Saúde da Família 4 
referentes a queixas ou sintomas. É importante registrar tendências de melhora ou piora (p. ex., inten-
sidade da dor, frequência e nível de temperatura corporal), as alterações na funcionalidade, os indica-
tivos de complicações, o grau de adesão, a percepção de resultados na terapia instituída, entre outras 
informações. Enfim, deve-se incluir avaliação, entendimento e interpretação da pessoa e inclusive de 
familiares sobre o que está acontecendo. Não se deve deixar nenhuma informação subentendida. 
Primeira consulta da pessoa no sistema de saúde (se todos os dados estiverem integrados, a primeira 
consulta pode ser apenas quando a pessoa nasce). 
●Primeira consulta na unidade. 
●Primeira consulta com o profissional. 
O = OBJETIVO 
Nesta seção, são escritas todas as informações objetivas. A parte do O do SOAP trata do exame da 
pessoa, em que é relacionada a descrição da pessoa que está à sua frente, suas emoções percebidas, 
os procedimentos do exame clínico realizado (sempre de acordo com as queixas) e os resultados de 
exames ou procedimentos. 
A natureza da informação é simples, pois é tudo aquilo constatado, desde dados concretos até im-
pressões. Existem, todavia, algumas formalidades que dizem respeito à ordem na qual o dado é colo-
cado na seção Objetivo e como é obtido. Os componentes gerais e a ordem aceita do O são: 
●Impressões do médico sobre aparência ou estado geral da pessoa, procurando evitar siglas. 
●Sinais vitais – constituídos por temperatura, pressão arterial (PA), batimento cardíaco, frequência 
respiratória, de acordo com a situação e o cenário. 
●Exame físico – estado mental, cardiológico, respiratório e abdominal. Em geral, preconiza-se re-
alizar sempre aferição da PA e ausculta cardíaca, e o restante do exame deve ser focado no 
problema que motivou a consulta. 
●Resultados do laboratório e testes diagnósticos complementares apresentados. 
Habilidades de comunicação (aspectos relativos à comunicação da pessoa, p. ex., se está apropriada 
para a idade, se está normal ou alterada). 
●Afeto (aspectos relativos ao afeto da pessoa, p. ex., se está adequado, se está normal ou alterado). 
●Cognição (aspectos relativos à sua capacidade cognitiva). 
●Barreiras (informações sobre barreiras na comunicação ou no aprendizado, p. ex., visão, audição, 
dificuldade para falar, dificuldades para entender, barreiras de idioma e outras situações que 
podem dificultar a comunicação. Nesse caso, é importante assinalar qual o melhor modo de co-
municação: desenhos, escrita, demonstração, etc.). 
●Necessidades de educação (necessidades de educação também podem ser ressaltadas). 
O Objetivo é a única parte do SOAP que pode deixar de ser preenchida em uma consulta. Isso 
ocorre quando o motivo do encontro com a pessoa não envolve a necessidade explícita de realizar 
exame clínico. 
A = AVALIAÇÃO 
Após realizar o Se O, que representa o exame, o próximo passo é o processo de tomada de decisão 
clínica. Esse processo inclui determinar o diagnóstico e o prognóstico. Isso acontece desenvolvendo 
a LP da pessoa atendida. 
A Avaliação é o lugar para colocar, no registro do encontro, a LP do dia, sejam problemas novos 
ou episódios já iniciados. Deve incorporar a percepção do cumprimento do plano pela pessoa e pela 
equipe de saúde. 
Uma polêmica quanto ao registro dos problemas do dia é se pode ou não haver interrogação. Na 
LP, isso não deve ocorrer e no A também não, embora em alguns serviços isso aconteça. O ideal é 
usar o mais alto grau de especificidade do momento e colocar no P a investigação que se deseja re-
lembrar. Por exemplo: 
●A – Dispepsia. 
●P – Endoscopia digestiva alta, para investigar refluxo gastresofágico. 
Dessa forma, evita-se o risco de um diagnóstico e tratamento indevidos. 
P = PLANO 
 
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Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Saúde da Família 4 
No P, são explicitadas as decisões tomadas: alterações de manejo terapêutico, exames solicitados, 
referenciamentos realizados, orientações e recomendações à pessoa, aspectos a serem vistos ou revis-
tos na próxima consulta. 
Plano diagnóstico 
Programa os meios diagnósticos considerados necessários para esclarecer a origem do problema. Essa 
parte do plano engloba informações a serem recolhidas em nova consulta, exames de laboratório, de 
imagem ou complementares. Aqui também devem ser anotadas as solicitações de consultoria ou re-
ferenciamentos 
Plano terapêutico 
Registra as indicações terapêuticas realizadas para buscar resolver o problema. Inclui tanto indicações 
farmacológicas como dietéticas, de estilo de vida, de terapias complementares, entre outras orienta-
ções relevantes ao caso. 
Plano de acompanhamento 
Seleciona indicadores que devem ser coletados regularmente ou solicitados de maneira seriada, para 
controlar a evolução de cada problema. Incorpora desde aspectos próprios do cuidado (peso, exames 
auxiliares) até aspectos do automanejo e do autocuidado da pessoa (medida da glicemia capilar, diário 
de sintomas). Nos casos agudos, utiliza-se intensidade da dor, distribuição da dor, frequência da febre, 
intensidade da febre, número de evacuações, disposição, etc. O importante é que esses parâmetros 
sejam válidos para mostrar a evolução e a análise do problema. Esses indicadores de seguimento, 
idealmente, devem ser confiáveis, de custo suportável, estabelecendo-se de forma antecipada a fre-
quência com a qual serão avaliados e o nível de alerta para tomada de decisões. Podem-se usar folhas 
de fluxo quandoforem relevantes no registro em papel ou desenvolver alertas ou checklist em registro 
eletrônico. 
Plano educativo 
Contempla breve descrição que a pessoa deve receber sobre sua enfermidade, seu manejo e seu prog-
nóstico. 
Plano de estudo 
Pode-se, ainda, desenvolver o hábito de anotar quais temas ou aspectos precisam ser estudados na 
busca de melhorar o desempenho no caso específico atendido. 
Cabe ressaltar que existe uma mudança de foco ao se comparar S e O com A e P. É importante 
perceber essa mudança, pois isso ajuda a pensar cada uma delas diferentemente. Isso, no entanto, não 
significa que estejam desconectadas, mas que o foco de S e O é a coleta de dados, e o foco de A e P é 
a interpretação e ação. A conexão existe, pois, ao entrevistar (S), à medida que se coletam informa-
ções, pensa-se em possíveis causas (A) e realizam-se perguntas específicas para ajudar no diagnóstico 
diferencial.

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