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Natureza e Método da Pedagogia

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Natureza e Método da Pedagogia
Na segunda parte de sua obra, Durkheim trata da natureza e método da Pedagogia. Já de início, sua preocupação é diferenciar a educação da Pedagogia. Se a educação é uma ação exercida por adultos – pais e professores – sobre as crianças, a Pedagogia consiste “não em ação, mas em teorias”, maneiras de conceber a educação, não de praticá- la. A pedagogia consiste em uma maneira de refletir sobre a educação. Isto tem reflexo em uma perspectiva de continuidade inerente às práticas educativas e também a certa descontinuidade, partindo do princípio que a Pedagogia pode assumir caráter intermitente. Durkheim explicita o caráter disciplinar científico das “coisas” relacionadas à educação. O autor justifica a cientificidade por três motivos: o primeiro diz respeito a possibilidade de observar fatos já concluídos, ou seja, tem um objeto bem delimitado; o segundo diz respeito a homogeneidade dos fatos que faz com que se possam estabelecer categorias para enquadrá-los, classificá-los; e o terceiro é condizente ao interesse em conhecer fatos, os quais tais objetos de interesse estão implicados. É por estes motivos que a educação apresenta as características de uma ciência. Ainda, o autor reforça a relação educação/sociedade ao afirmar a impossibilidade de alguém tentar imprimir determinada educação a um filho que não obedeça ao jogo de regras vigentes na sociedade. Durkheim ressalta ainda que qualquer tentativa de infração às forças morais tem consequências e por causa de sua superioridade dificilmente sairemos vencedores deste embate. Segundo ele é como se estivéssemos “mergulhados em uma atmosfera de ideias e sentimentos coletivos” que não podem ser modificados à vontade. As práticas educativas contribuem para a manutenção de um status quo de determinadas regras sociais e o papel das gerações anteriores passa a ser o de preparar as novas gerações para se adaptarem à vida em um determinado contexto social. É por isto que se pode estabelecer um determinado tipo de prática educativa e relacioná-lo com uma determinada organização de sociedade. Nas tribos a educação é difusa para todo o clã e realizada por anciãos, na Índia e no Egito havia sacerdotes que educavam -“atributo do poder sacerdotal” –, que instruíam conhecimentos que de alguma forma estão imbricados nos discursos religiosos. Nas pólis gregas e latinas será encontrada uma repartição: parte da educação fica a cargo do Estado, outra parte da família. O Estado ao substituir o poder sacerdotal na condução das práticas educativas faz com que comecem a surgir sujeitos, protagonistas laicos, como os filósofos da Grécia Antiga que passam a dominar também o conhecimento científico tornando-se aptos à instruírem: “os grammateus de Atenas eram simples cidadãos, sem ligações oficiais ou caráter religioso”. Ainda, sobre as teorias pedagógicas, Durkheim coloca que consistem em reflexões diferentes, pois não buscam o mesmo objetivo e nem empregam os mesmos métodos. Observa que seu objetivo não seria uma descrição do que existiu, do que foi, mas aponta para o devir, sobre como devem ser decretados futuros preceitos de conduta. Apontam: “eis o que deve ser feito”. A Pedagogia aparece então como algo distinto ao que seria a Ciência da Educação. Poderia ser uma arte na medida em que a arte seria “todo atributo de uma reflexão que não é ciência”, mas Durkheim prefere reservar ao termo “arte” tudo aquilo que é “prática pura sem teoria”. A partir de tudo o que foi colocado, Durkheim ressalta a possibilidade da Pedagogia – como teoria prática – apoiar-se sobre a Ciência da Educação e a Sociologia. No primeiro caso, para “saber o que a educação deve ser” (sua natureza), já com relação ao apoio sociológico um reforço para fixar objetivos e definir métodos. Com relação ao papel do pedagogo, seria o de reduzir ao mínimo as chances de erro a partir da junção de fatos instrutivos com o máximo de método. Eis a importância da pedagogia: diminuir a disparidade da defasagem entre sistemas escolares e necessidades atuais, restabelecendo a harmonia entre ambos, um “auxiliar constante e indispensável da educação”. Em tempos de práticas educativas cada vez menos impessoais, a Pedagogia ganha cada vez mais força sendo elemento indispensável. Mas é preciso ressalvar: Compreender um sistema de ensino também implica em ação diagnóstica para poder modificá-lo em uma perspectiva futura, observar aspirações para outros/novos ideais educativos no contexto de realidade escolar. Mas Durkheim lembra que: A Psicologia ajuda o pedagogo a situar-se em meio à multiplicidade de inteligências e caracteres.

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