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Nota de aula 10 ÔÇô Demanda agregada

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Universidade do Estado do Rio de Janeiro 
Faculdade de Ciências Econômicas 
Introdução à Economia II 
1º. semestre 2014 
 
Nota de aula 10 – Demanda agregada 
Honorio Kume 
Nos modelos anteriores – renda e gasto e IS-LM – os preços eram mantidos constantes. Agora, 
vamos introduzir na análise as variações nos preços. 
1. Curva de demanda agregada 
A curva de demanda agregada mostra uma relação negativa entre o PIB real e a variação no nível 
de preços – inflação (S). 
O PIB real é medido pelo desvio do PIB real (Y) em relação ao PIB potencial (YP). 
A variação no nível geral de preços é medida pelas alterações anuais no deflator implícito do PIB 
ou nos preços ao consumidor. 
O gráfico 1 ilustra uma típica curva de demanda agregada. 
Gráfico 1 – Curva de demanda agregada 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por que a relação é negativa, isto é, a curva de demanda agregada tem inclinação negativa? 
S 
PIB real 
DA 
YP 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A resposta será apresentada em três etapas. 
Na primeira etapa, mostramos a relação negativa entre a taxa de juros real e o PIB real. 
 
 
 
 
Na segunda etapa, mostramos a relação positiva entre a taxa de inflação e a taxa de juros real. 
Na terceira etapa, mostramos que os resultados obtidos nas duas primeiras etapas indicam que há 
uma relação negativa entre o PIB real e a taxa de inflação. 
O diagrama seguinte ilustra as três etapas. 
 
 
Advertência: a variável relevante é a taxa de juros real e não a taxa de juros nominal. 
Lembrar que, para pequenas variações, a taxa de juros real é igual à taxa de juros nominal 
deduzida a taxa de inflação. 
 
Advertência: quando estudamos microeconomia aprendemos que a curva de demanda de 
mercado usualmente apresenta uma inclinação negativa. A curva de demanda agregada tem o 
mesmo formato. 
No entanto, as razões são totalmente diferentes. 
No caso da demanda de mercado de um bem, quando o preço do bem aumenta a quantidade 
demandada diminui por que os consumidores substituem o bem cujo preço aumentou por 
outro bem substituto cujo preço se manteve constante. 
No caso da demanda agregada, não há bens substitutos e todos os preços aumentam. Portanto, 
não há possibilidade de trocar de bens. 
Portanto, a explicação é diferente e será apresentada a seguir. 
 3 
 
 
 
 
 
 
 
Vamos explicar cada etapa. 
1ª. etapa: se a taxa de juros real aumenta cai: 
a) o consumo das famílias: 
b) o investimento das empresas, sendo este o componente da despesa mais sensível à taxa de 
juros; e 
c) as exportações líquidas. 
 
 
 
 
Portanto: ž ir Ÿ   PIB real, 
onde ir representa a taxa de juros real. 
2ª. etapa: se a taxa de inflação aumenta, a taxa de juros real também se eleva. 
Para entender esta relação, precisamos introduzir a regra de política de monetária ou função de 
reação do Banco Central (Bacen). 
Se ž π Ÿ ž taxa de juros nominal (in) 
Por que o Bacen reage desta forma? 
Quando os preços sofrem um aumento generalizado (inflação), cujo controle é de sua 
responsabilidade, o Bacen procura diminuir a demanda agregada. Esta medida tende a reduzir os 
Inflação Taxa de 
juros real PIB real 
2ª. etapa 1ª. etapa 
3ª. etapa 
Nota: se tiver dúvidas sobre o impacto da taxa de juros real os componentes da despesa, ver a 
Nota de aula 3 – Modelo de alocação da despesa. 
 4 
 
aumentos de preços, o que diminui a inflação. Para alcançar este resultado, o Bacen eleva a taxa 
de juros real. 
Caso a inflação está baixa e o nível de atividade reduzido, o Bacen adota medida contrária. 
O gráfico 2 apresenta uma regra de política monetária do Bacen. 
Gráfico 2 
Regra de política monetária: taxas de juros nominal e real e inflação, ambos por ano, em % 
 
 
 
 
 
 
 
 
No gráfico 2, se a inflação é de 5%, o Bacen fixa uma taxa de juro nominal de 8%, resultando em 
uma taxa de juro real de 3%. Se a inflação aumenta para 7%, o Bacen eleva a taxa de juros para 
11%, gerando uma taxa de juros real de 4%. Assim, a taxa de juros real aumenta com a inflação. 
Em muitos países, os bancos centrais trabalham com metas de inflação, seja de forma explícita, 
tais como no Brasil, na Inglaterra e na Nova Zelândia ou de forma implícita como nos EUA. Neste 
último caso, a meta de inflação é percebida por meio da regra de política monetária adotada em 
vários anos. 
A regra de política monetária descrita anteriormente descreve bem o comportamento dos bancos 
centrais quando trabalham com o objetivo de fixar a taxa de crescimento do M1. 
 
 
 
S (%) 
Regra de política 
monetária 
ir, in (%) 
5 
8 
3 
Taxa de juro real 
7 
11 
4 
 Nota: Lembrar que o Banco Central fixa a taxa de juros nominal controlando a oferta de 
moeda, dada uma estimativa da demanda de moeda. 
 5 
 
3ª. etapa: das etapas anteriores podemos concluir que: 
ž inflação Ÿ ž ir Ÿ   Despesa agregada Ÿ   PIB real 
  inflação Ÿ  ir Ÿ ž Despesa agregada Ÿ ž PIB real 
Assim, há uma relação negativa entre a inflação e o PIB real. 
O gráfico 3 apresenta a curva de demanda agregada passo a passo. 
Gráfico 3 – Derivação da curva de demanda agregada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Deslocamentos da curva de DA 
Da mesma forma que vimos em microeconomia, devemos distinguir entre movimentos ao longo da 
mesma curva de DA e movimentos da curva de DA. 
O gráfico 4 ilustra os movimentos sobre a curva de DA. 
 
 
ir 
π π1 π2 
1 
ir2 
ir1 
2 
Regra de politica monetária D 
D1 
D2 
3 
Y1 Y2 PIB real 
PIB real 
π 
4 
Y1 Y2 
π2 
π1 
Mercado de bens e serviços 
Demanda agregada 
 6 
 
Gráfico 4 – Movimentos sobre a curva de DA 
 
 
 
 
 
 
 
 
O gráfico 5 ilustra os deslocamentos da curva de DA 
Gráfico 5 – Deslocamentos da curva de DA 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que provoca os deslocamentos da curva de DA? 
Todos os fatores exógenos ao modelo provocam deslocamentos da curva de DA. 
 
 
 
 
S 
PIB real 
DA 
YP 
S 
PIB real 
DA1 
YP 
DA2 
DA3 
 7 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dois exemplos: 
a) variação dos gastos do governo 
Para uma taxa de inflação de 8% ao ano, a demanda agregada será maior quando aumenta o 
gasto do governo e menor quando o gasto do governo diminui. 
Gráfico 6 – Variação dos gastos do governo e deslocamentos da curva de DA 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) mudança na regra de política monetária 
Se o governo muda a meta de inflação de 8% para 10% - altera a regra de política monetária 
mantendo a taxa de juros nominal em 12%, o que reduz a taxa de juros real 
Neste caso, a linha que representa a regra de politica monetária se desloca para a direita 
reduzindo a taxa de juros real. Assim, a curva de demanda agregada se desloca para a direita. 
Nota: fatores exógenos são aqueles que não são determinados na análise. 
Por exemplo, os gastos do governo e os impostos são determinados pelos governantes. Logo, 
seu valor é definido fora do modelo. Portanto, são variáveis exógenas. 
O PIB real, a taxa de inflação, a taxa de juros real são determinados no modelo e são 
denominados variáveis endógenas. 
 
S 
PIB real 
DA1 DA2 
DA3 
'G > 0 
'G < 0 
8 
 8 
 
Gráfico 7 - Mudança na regra monetária e deslocamento da curva de DA 
 
 
 
 
 
 
 
 
c) outros fatores 
variação dos impostos 
variação no consumo. 
 
Referência bibliográfica 
Taylor, J. B. Princípios de Macroeconomia. São Paulo: Editora Ática, 2007, cap. 12, p. 318-330..
8 10 
12
2 
10
2 
π 
in 
2 
π 
8 
DA1 DA2 
Regra de política monetária Curva de demanda agregada

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