Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
NEOSPORA CANINUM UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS INSTITUTO DE BIOLOGIA DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA Profa. Nara Amélia Farias 2016 INTRODUÇÃO • coccídio formador de cistos • diagnosticado há três décadas • similar a Toxoplasma gondii • distribuição mundial • causador de abortos em bovinos HISTÓRICO 1984 - Noruega (Bjerkas et al.) 1988 - Neospora caninum (Dubey et al.) 1991 – abortos bovinos na Califórnia 1995 - estudos sequenciais de genes de RNA ribossomal revelam que é o mesmo agente, isolado de cães e bovinos 1998 - conhecido o papel de hospedeiro definitivo do cão 1999 em fetos abortados Diagnóstico no Brasil 1996 Ac em bovinos “emergente” • presente há muito tempo • causando perdas econômicas • problema na reprodução bovina • desafio a cientistas • posição taxonômica • relevância • meios efetivos de controle TAXONOMIA REINO: Protista FILO: Apicomplexa CLASSE: Sporozoasida ORDEM: Eucoccidiorida FAMÍLIA: Sarcocystidae SUB-FAMÍLIA: Toxoplasmatinae GÊNERO: Neospora ESPÉCIE: Neospora caninum Neospora hughesi (1998, cérebro de equinos) TAXONOMIA MORFOLOGIA Muito similar a T. gondii • No hospedeiro intermediário • Intracelular - macrófagos, leucócitos , neurônios, miócitos, hepatócitos e trofoblastos (placenta) • 3 a 7 x 1 a 5 µm • formato de lua crescente, ou mais globosos TAQUIZOÍTO CISTO • forma de resistência no organismo, HI • redondos ou ovais, membrana lisa de 1 a 4 µm, sem septos • principalmente no Sistema Nervoso Central • medem até 107 μm, com centenas de bradizoítos • bradizoítos o 6 x 1,5 µm o delgados o núcleo terminal ou sub-terminal o resistentes a soluções pépticas e ácidas • 10-11 µm diâmetro • 2 esporocistos com 4 esporozoítos • muito semelhante aos oocistos de Toxoplasma gondii e Hammondia heydorni Toxoplasma gondii Neospora caninum OOCISTO Hammondia heydorni BIOLOGIA HOSPEDEIROS DEFINITIVOS COIOTE Canis latrans (2004) Canis familiaris dingo (2010) DINGO AUSTRALIANO PROVÁVEIS RAPOSA INGLESA Vulpes vulpes 10,7% Espanha Cerdocyon thous 26,6% SP e PR Pseudalopex gymnocercus 41,6 % RS SORROS PROVÁVEIS LOBO GUARÁ Crysocyon brachyurus 8,5% Brasil ZORRO CHILOTE Pseudalopex fulvipes 100% Chile HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS SILVESTRES VEADO – CAMPEIRO Ozotocerus bezoarticus VEADO - CATINGUEIRO Mazama spp. Hydrochoerus hydrochoeris CAPIVARA GAMBÁ Didelphis marsupialis TRANSMISSÃO Vertical (transplacentária) Horizontal IMPACTO ECONÔMICO • ocorre em todos os continentes • em muitos casos, é a principal causa de aborto • afeta gado de leite e de corte • “ausência” de sinais clínicos • abortamento - perda do valor comercial do feto - aumento do intervalo entre partos - queda da produção de leite • parição de terneiros fracos, doentes • parição de terneiros sadios, porém infectados • descarte precoce de vacas com problemas EFEITOS DIRETOS DA INFECÇÃO + = PERDAS DANOS INDIRETOS difíceis de agrupar análise complexa Califórnia - 42% dos abortos bovinos U$35 milhões/ano Reino Unido - 12,5% dos abortos em gado de leite Holanda - 15-20% dos abortos em gado de leite PRIMEIROS ESTUDOS SOROLÓGICOS NO BRASIL * com histórico de aborto AUTOR ESTADO TAMANHO OCORRÊNCIA DA AMOSTRA (%) Brauntigam et al. (1996) SP 40 15,0 Pituco et al. (1998) SP 102 34,3* Gondim et al. (1999) BA 447 14,0 Andreotti et al. (1999) MS 91 7,7 Stobbe (1999) SP 84 53,6* Hasegawa (2000) SP 777 15,5 Ogawa et al. (2000) PR 385 12.0 Melo et al. (2001) MG 584 18,7 Locatelli-Dittrich et al. (2001) PR 172 34,8* Corbellini et al. (2001) SC 29 65,5* Silva et al. (2002) PE 469 34,7* Guimarães Jr. (2002) PR 623 14,3 Corbellini et al. (2002) RS 223 23,3* Aguiar (2004) RO 2109 8,7 Pappen et al. (2005) RS 87 33,4* Lucas (2007) RS 1278 12,4 Na maioria dos levantamentos feitos, mais de 85% das propriedades tinham animais soropositivos Ampla disseminação de Neospora caninum nos rebanhos do país FATORES DE RISCO • aptidão leiteira • tamanho da propriedade • alta tecnificação - stress metabólico • presença de cães (e número) • acesso de canídeos a água e alimentos dos bovinos ROTAS DE TRANSMISSÃO VERTICAL principal em bovinos - cerca de 90% dos filhos de soropositivas são infectados Experimental - bovinos, ovinos, caprinos, caninos, felinos e macacos 10,7 12,4 0 5 10 15 20 % <24 >24 meses Soroprevalência em bovinos leiteiros segundo a faixa etária (Lucas, 2007) HORIZONTAL - presença de cães aumenta o risco de infecção - cães rurais mais infectados que os urbanos - principal rota em cães (Cunha Filho, 2007) 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 % de s or op os iti vo s 0 a 3 3,1 a 6 > 6 Idade dos cães (anos) - sobretudo em surtos bovinos DIFERENÇAS DE T. gondii • a vaca pode se infectar antes da gestação, e transmitir ao feto • uma vez infectada, pode transmitir em gestações subsequentes • cães podem eliminar oocistos várias vezes • cães e bovinos podem infectar-se múltiplas vezes (imunidade menos protetora e duradoura) • parede cística mais espessa aborto (5 - 6 meses) mumificação fetal natimorto terneiro nascido vivo, doente terneiro nascido vivo, clinicamente normal* Abortos endêmicos - crônica - vertical - 5 % do rebanho Abortos epidêmicos - mais de 30% - horizontal PATOGENIA BOVINOS a dos casos clínicos em filhotes, transplacentária - paralisia ascendente - hiperextensão rígida ou flácida (neurite e miosote) - dificuldade de deglutição - paralisia da mandíbula - cegueira, convulsões - incontinência urinária e fecal - flacidez e atonia muscular - falha cardíaca *atentos, mesmo em avançada paralisia *eutanásia CÃES - lesões de necrose do SNC, músculo e vísceras - cistos em tecidos - taquizoítos em líquidos Patologia IMUNIDADE • imunidade humoral não protetora • aborto repetido • reinfecção • reativação • vacinas • imunidade celular protetora com envolvimento de citoquinas IFN – • prenhez – baixos níveis citoquinas sobretudo na interface materno-fetal reativação e infecção fetal EVIDÊNCIAS DE IMUNIDADE NATURAL • índices de abortos maiores nas primeiras gestações • infecções agudas (horizontais) - maior probabilidade de aborto do que nas crônicas • nem todasas vacas soropositivas transmitem à progênie • imunoprofilaxia com algum efeito contra aborto e transmissão à progênie INFECÇÃO FETAL / FASE DA GESTAÇÃO Terço inicial Terço médio Terço final • morte do feto • reabsorção • aborto (sistema imune fetal imaturo) • aborto • mumificação • infecção congênita - sinais clínicos - infecção persistente Infecção congênita • clinicamente normal • soropositivo • infecção persistente DIAGNÓSTICO • idade gestacional compatível • ausência de outras causas que possam levar ao aborto • condições pós-morte do feto para análise • lesões inflamatórias compatíveis no feto (encefalite, infiltrados mononucleares, ao redor de áreas de necrose) • presença de parasito – histopatologia – IHQ – PCR • sorologia evidente - RIFI, ELISA, Western Blot, Aglutinação • status sorológico da propriedade (confronto entre animais com problemas de aborto e sem problemas) Nos cães Oocistos nas fezes • idênticos aos de Hammondia heydorni • não há teste sorológico para H. heydorni (taquizoítos nunca isolados, nem anti-soro) • só PCR ou prova biológica (gerbis) permitem diferenciá-los H. heydorni HD – cães, raposas e coiotes HI – ruminantes N. hughesi HD - ????? HI - equinos Sorologia • RIFI • Elisa • NAT – Neospora Agglutination Test • Pode ter reações cruzadas com H. heydorni, uma vez que tem com T. gondii que é mais distante filogeneticamente CONTROLE Não existe tratamento ou vacinas eficazes PARA REDUZIR A TRANSMISSÃO HORIZONTAL • evitar o acesso de canídeos a alimentos e água dos bovinos • manter silos e depósitos de ração fechados • remover restos de placenta, fetos e terneiros mortos • remover/queimar carcaças • cuidados com restos de abate doméstico • alimentar cães com ração ou carne/vísceras cozidas • controlar populações de cães errantes PARA REDUZIR A TRANSMISSÃO HORIZONTAL - descarte gradativo de vacas sorologicamente positivas -utilizá-las como doadoras de embriões - só introduzir no rebanho animais soronegativos - vacina??? (Neoguard) Neospora sp. EM EQUINOS (Quevedo,2015) -78 éguas PSI em haras de Aceguá (RS) - 64% soropositivas para Neospora sp. - 41% dos potros positivos ao nascer TRANSMISSÃO VERTICAL - 28% soroconverteram até uma ano de idade TRANSMISSÃO HORIZONTAL éguas potros ao nascer potros com um ano de vida + + + - - - 64% 28% 41% TV TH -infecção por Neospora sp. presente na tropilha - protozoário pode ser transmitido transplacentariamente (TV) e horizontalmente (TH) - convívio desses equinos com bovinos e canídeos silvestres -sem problemas reprodutivos ou neurológicos – excelente status sanitário - necessidade de mais pesquisa
Compartilhar