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Processo Administrativo e Gestão de Operações no Setor Público Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Fabiano Siqueira dos Prazeres Revisão Textual: Profa. Ms. Fátima Furlan Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública • Introdução • Era da Informação no Setor Público • Qualidade Total no Setor Público • Sustentabilidade no Setor Público • Empreendedorismo no Setor Público · Apresentar a Era da Informação e a Qualidade Total como indicativos de eficácia nos resultados da Administração Pública, bem como os temas sustentabilidade e empreendedorismo no Setor Público. Sendo assim, o nosso conteúdo constará dos seguintes assuntos: a Era da Informação, Qualidade Total, Sustentabilidade e Empreendedorismo. OBJETIVO DE APRENDIZADO Olá, Nesta unidade, daremos início aos estudos de um importante e diverso ramo da Administração Pública, que estuda assuntos pertinentes a Era da Informação, Qualidade Total, Sustentabilidade e Empreendedorismo. Para que você obtenha uma melhor aprendizagem e compreensão do assunto apresentado, leia com atenção o conteúdo teórico e os materiais complementares, assista aos vídeos indicados e consulte as referências bibliográficas. Também recomendamos a pesquisa de mais fontes, que irão contribuir para um melhor desempenho e maior aprendizado. Bom estudo! ORIENTAÇÕES Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública UNIDADE Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública Contextualização Observa-se que o sistema capitalista encontra-se em processo de transformação, em que se constata que uma parcela significativa do cenário institucional de duas décadas atrás está ruindo. Neste contexto, o capitalismo financeiro mundial está subjugando o capitalismo gerencial do século XX, tornando irreversível a imposição do mundial sobre o nacional, do especulador sobre o administrador e do financista sobre o produtor. Com esse estudo, busca-se um profissional capaz de distinguir este cenário com foco em resultados institucionais e profissionais, abrangendo um Desenvolvimento Econômico e Social para sua nação. 6 7 Introdução Nesta última Unidade da disciplina Processo Administrativo e Gestão de Operações no Setor Público, referente ao curso de Gestão Pública EAD, serão retratadas as Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública. O principal objetivo desta Unidade é apresentar a Era da Informação e a Qualidade Total como indicativos de eficácia nos resultados da Administração Pública, bem como os temas sustentabilidade e empreendedorismo no Setor Público. Desta forma, o conteúdo constará dos seguintes assuntos: a Era da Informação, Qualidade Total, Sustentabilidade e Empreendedorismo, conforme Figura abaixo: Figura 1 – Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública Fonte: elaborada pelo autor. Observa-se que o sistema capitalista encontra-se em processo de transformação, em que se constata que uma parcela significativa do cenário institucional de duas décadas atrás está ruindo. Neste contexto, o capitalismo financeiro mundial está subjugando o capitalismo gerencial do século XX, tornando irreversível a imposição do mundial sobre o nacional, do especulador sobre o administrador e do financista sobre o produtor. Das profundas mudanças socioeconômico- ambientais e políticas está nascendo um novo equilíbrio de poder, no qual países como o Brasil, Rússia, Índia e China (BRICs) surgem no cenário mundial como novos motores da economia mundial. Essas alterações que estão ocorrendo em um ambiente cada vez mais complexo e repleto de desafios – com destaque para a desigualdade de renda, mudanças climáticas e escassez de recursos naturais – estão repercutindo e exigindo uma nova postura das instituições e dos gestores públicos. (MATIAS-PEREIRA, 2008). 7 UNIDADE Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública De acordo com os ensinamentos de Matias-Pereira (2008) o Estado brasileiro tem papel relevante no novo cenário mundial: Nesse novo cenário mundial, o Brasil deverá desempenhar um papel cada vez mais relevante, tanto nas questões que envolvem a sua presença na economia mundial como na proteção do meio ambiente. Por sua vez, essas mudanças são acompanhadas de oportunidades, desafios e de incertezas. A superação desses desafios, tendo como referência a necessidade de promover a inclusão, reduzir a desigualdade e a instabilidade no crescimento econômico do Brasil, exige o fortalecimento da Administração Pública e da boa governança. Essas mudanças são essenciais para viabilizar a consolidação da parceria entre o Setor Público e o Terceiro Setor. Era da Informação no Setor Público Na atualidade, vive-se a era da informação, isto é, pode-se dizer que cada vez mais o ser humano possui possibilidade de aumentar seus conhecimentos, a partir da disponibilidade de informações disponíveis, principalmente na Internet. Os últimos três séculos foram dominados por uma única tecnologia. Por exemplo, o século XVIII, época da Revolução Industrial, foi considerado a era dos grandes sistemas mecânicos. Já o século XIX, foi a era da máquina a vapor. O século XX, por sua vez, tem sido considerado a era da informação. Concomitante a tal desenvolvimento e crescimento, percebe-se vários avanços tecnológicos em diversas áreas. Dentre elas, duas formas que têm causado significativo impacto sobre o modus vivendi das pessoas neste século são Computação e Telecomunicações. Neste cenário de avanços tecnológicos, há uma carga de informações cada vez maior. (SILVA FILHO, ONLINE). Com a emergência das transformações que vem ocorrendo com a sociedade nessa era digital, é fato colocar que essas transformações atingiram também as organizações da Administração Pública, sendo que, atualmente, o que se presa não são mais as máquinas e sim o potencial humano que as desenvolve e que criam e inovam suas atividades cotidianas. (FERREIRA, ONLINE). Falar nos dias de hoje em Gestão Pública, é compreender que o processo de transformação da sociedade é inevitável e que para gerenciar instituições públicas é preciso investir em novas tecnologias sim, mas é imprescindível investir também no capital humano, ou seja, propiciar formas para que o conhecimento individual seja agregado com o conhecimento coletivo para que desta forma se crie valores que não são tangíveis e também não se encontram à venda. (FERREIRA, ONLINE). No contexto da Gestão Pública, resta questionar como é possível aproveitar a era da informação como fator propulsor de qualidade na prestação dos serviços públicos. 8 9 Qualidade Total no Setor Público Inicialmente, faz-se necessário compreender o contexto histórico do tema qualidade. Marshall Junior (2004) comenta a evolução do processo da qualidade explicando que se trata de tema “[...] dinâmico, sendo sua evolução fruto da interação dos diversos fatores que compõem a estrutura organizacional e sua administração.” E continua dizendo que alguns fatores estruturais e tendências apontam para ciclos de vida e perfis quantitativos com influência decisiva nos paradigmas vigentes, pois criam desafios e transformações multidisciplinares na gestão da qualidade; afetam a estruturação, a abrangência, os conceitos e o portfólio de competências, conhecimentos, habilidades, ferramentas, técnicas e metodologias; expandem as fronteiras atuais e interligam as áreas do saber e de especialização em um novo conceito de qualidade, diversificado e holístico. (MARSHALL JUNIOR, 2004). Importante! Qualidade é um conceito espontâneo e intrínseco a qualquer situação de uso de algo tangível, a relacionamentos envolvidos na prestação de um serviço ou a percepções associadas a produtos de natureza intelectual, artística, emocional e vivencial. Estamos frequentemente avaliando e sendo avaliados no ato de gerarmos ou recebermos elementos que compõemos atos de consumo presentes em nossa vida. (MARSHALL JUNIOR, 2004). Importante! De acordo com Campos (1992), “[...] o produto ou serviço de qualidade é aquele quw atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às necessidades [...]” da população em geral, no que concerne aos serviços públicos prestados. Como conceito, conhece-se a qualidade há milênios. No entanto, só recentemente ela surgiu como função da gerência. Originalmente, tal função era relativa e voltada para a inspeção. Hoje, as atividades relacionadas com a qualidade se ampliaram e são consideradas essenciais para o sucesso estratégico (GARVIN, 2002). Ainda segundo o autor acima, há várias classificações para os diversos períodos ou eras da qualidade. Garvin (2002) estruturou-as em um formato bem aceito pelos especialistas da área. Cada uma das classificações tem suas peculiaridades e aqui serão adotadas como referencial para descrição da história e evolução do pensamento da qualidade. São elas: 1. Inspeção 2. Controle estatístico da qualidade 3. Garantia da qualidade 4. Gestão estratégica da qualidade 9 UNIDADE Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública Figura 2 – Eras da Qualidade Fonte: elaborada pelo autor. Inspeção: Nos primórdio da era industrial e até meados do século XIX, quase tudo era fabricado por artesãos, que ainda praticavam os procedimentos tradicionais e históricos. As quantidades produzidas eram pequenas e havia a participação do trabalhador em praticamente todas as fases do processo. A inspeção era implementada segundo critérios especificados pelo próprio artesão e sua pequena equipe de colaboradores. Era um procedimento natural e corriqueiro. (MARSHALL JUNIOR, 2004). Controle estatístico da qualidade: Um marco dessa nova era foi a publicação, em 1931, da obra Economic control of quality of manufactured product por Shewart, que conferiu um caráter científico à prática da busca da qualidade. Nessa obra, encontram-se os fundamentos, os procedimentos e as técnicas para tornar a qualidade mais efetiva na produção, em todos os seus estágios. É nesse contexto que se verifica o controle no processo produtivo, via procedimentos estatísticos. (MARSHALL JUNIOR, 2004). Garantia da Qualidade: Por volta do final da II Guerra Mundial, a qualidade já conquistara seu lugar e passou a ser uma disciplina bem aceita no ambiente organizacional, com técnicas específicas e resultados efetivos, com profissionais especializados e bem caracterizados na especialidade. Seus principais divulgadores foram W. Ewards Deming e Joseph M. Juran. (MARSHALL JUNIOR, 2004). 10 11 Gestão estratégica da qualidade: Especialmente nas duas últimas décadas do século XX, a qualidade passou efetivamente a ser percebida como uma disciplina de cunho estratégico, além do seu viés tradicionalmente técnico. Os princípios da gestão pela qualidade total (GQT), disseminados a partir de 1950, foram enfim assimilados pela maioria das organizações, a qualidade passou a ser discutida na agenda estratégica do negócio, e o mercado passou a valorizar quem a possuía e a punir as organizações hesitantes ou focadas apenas nos processos clássicos de controle da qualidade. (MARSHALL JUNIOR, 2004). Há que se ressaltar a necessidade da aplicação da qualidade na gestão dos processos públicos nos dias de hoje. É nítida a ausência de qualidade no Setor Público. Principalmente, no que tange às políticas públicas, que se percebe a não preocupação dos gestores públicos com tal quesito. Para Marshall Junior (2004) “hoje, a qualidade é um termo que passou a fazer parte do jargão das organizações, independentemente do ramo de atividade e abrangência de atuação pública ou privada.” A qualidade deve sim ser aplicada nos processos públicos, na prestação de serviços para a população. Para Oliveira (2014), a gestão da qualidade pode ser sintetizada em alguns princípios. Eles representam um conjunto de elementos que, se bem estruturados, gerarão resultados animadores para a gestão e controle de processos, para a organização dos diversos setores e para a produção de bens e serviços, no caso, públicos, que efetivamente atenda ao que a população deseja. Contudo, seu desenvolvimento demanda alto compromisso e grande esforço de todos os seus integrantes, a começar pela alta administração. Abaixo, segue tabela com os 11 princípios da gestão da qualidade: Tabela 1 – Princípios da Gestão da Qualidade Total satisfação do cliente Gerência participativa Desenvolvimento de recursos humanos Constância de propósitos Aperfeiçoamento contínuo Gestão e controle de processos Disseminação de informações Delegação Assistência técnica Gestão das interfaces com agentes externos Garantia da qualidade Fonte: Oliveira (2014). Adaptada pelo autor. 11 UNIDADE Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública Sustentabilidade no Setor Público Antes de estudar o tema Sustentabilidade no Setor Público, faz-se necessária a compreensão do termo Desenvolvimento Sustentável. Trata-se de conceito surgido em meados de 1980, por meio da publicação do documento Estratégia Mundial para a Conservação (EMC), elaborado sob supervisão e patrocínio da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e do Fundo Mundial para a Vida Selvagem e Natureza (WWF). Consta neste documento que para ser sustentável, o desenvolvimento precisava considerar fatores sociais, ecológicos, econômicos, as bases dos recursos vivos e não vivos e as vantagens de ações alternativas que no curto prazo garantiriam o futuro da humanidade. Também na década de 1980, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), que se tornou conhecida como Comissão Brundtland, pois era liderada por Gro Harlem Brundtland. A Comissão apresentou um documento denominado “Our Common Future” (Nosso Futuro Comum), definindo o conceito Desenvolvimento Sustentável: “é aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades.” Os países industrializados agravam a situação com altos índices de consumo. A ONU admitiu que não deveria haver apenas um limite mínimo de recursos para proporcionar bem-estar ao indivíduo, mas também deveria haver um limite máximo (UNCED, 1991). O conceito de desenvolvimento sustentável foi admitido e tomado como oficial na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio- 92, realizada na cidade do Rio de Janeiro, com participação de 182 nações e da sociedade civil (MANO, PACHECO, BONELLI, 2005). A partir desta conferência, a sustentabilidade vem se tornando mais presente no debate sobre desenvolvimento, com as mudanças de rumos e projetos e a readequação dos processos decisórios. Esse conceito é de fácil aceitação por todos, porém extremamente complexo e controvertido, quando a sua aplicação no dia a dia, por envolver múltiplas questões e pontos de vista (LEMOS, 2005). Importante citar Veiga (2006) que ensina que Desenvolvimento Sustentável “[...] é um enigma à espera do Édipo [...]”, pois ele entende como grande desafio conciliar eficiência econômica, equidade social e equilíbrio ecológico. 12 13 Algumas ONGs entendem que a sustentabilidade pode ser vista como uma nova crença, de forma a substituir o conceito de progresso, e construir “[...] um novo princípio organizador de um desenvolvimento centrado no povo [...], sendo capaz de se tornar-se a visão mobilizada da sociedade civil e o princípio guia da transformação das instituições da sociedade dominante.” (PEOPLE, 1992 apud ACSELRAD, 2001). Para Amaral (2007), exemplificando o caso brasileiro na forma jurídica, odesenvolvimento sustentável se materializa na própria Constituição Federal (CF) de 1988, em seu art. 225. A saber: Desenvolvimento sustentável é aquele que assegura necessidades da presente geração sem comprometer a capacidade das gerações futuras de resolver suas próprias necessidades. A presente geração tem o dever de deixar para as futuras gerações um meio ambiente igual ou melhor do que aquele que herdou da geração anterior. Constata-se da leitura do art. 225 da CF/88 que a futura geração possui o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, além de constituir também uma justiça intergeracional, pois essa futura geração precisa de um meio ambiente saudável para atender suas necessidades. Neste prisma, a CF de 1988 incluiu em sua pauta a questão do desenvolvimento sustentável, determinando formas de agir visando às gerações atuais sem jamais deixar de pensar nas necessidades das gerações futuras. Ainda se faz necessário citar John Elkington (2001), que em sua obra Canibais de garfo e faca, estabelece um conceito para a Sustentabilidade baseado em três esferas: a econômica, a social e a ambiental. Segundo o autor, uma organização para ser considerada sustentável tem que ser economicamente viável, ambientalmente correta e socialmente justa. Figura 3 – Três esferas da sustentabilidade Fonte: elaborada pelo autor. 13 UNIDADE Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública Neste contexto, encontram-se as organizações públicas, com seus diversos serviços que devem ser prestados à população. Partindo da teoria de Elkington, todos os entes e órgãos públicos devem pautar suas atividades nas três esferas. O questionamento que resta é saber se os gestores públicos, em primeiro lugar, possuem preparo intelectual e técnico para sua aplicação e, posteriormente, se a máquina pública se encontra preparada para tal. Desta forma, os agentes públicos devem ser preparados para compreender a sustentabilidade e a aplicar na prática do dia a dia. Para tanto, processos de educação continuada e treinamentos diversos devem ser disponibilizados, devem fazer parte da rotina dos agentes. Empreendedorismo no Setor Público Quando se fala em “abordagens contemporâneas” na Gestão Pública não se pode furtar em mencionar o Empreendedorismo, vital para o alcance de resultados positivos das organizações públicas. Com relação à etimologia da palavra empreendedorismo, Alves (2015) ensina que ela “[...] deriva do latim imprehendere, significa apanhar, prender com as mãos, o ato, efeito e resultado de empreender algo com fim determinado.” Segundo o autor: A expressão empreendedorismo tem origem na tradução da palavra inglesa entrepreneurship, composta pela palavra francesa entrepreneur – entendida como estar no mercado entre o consumidor e o fornecedor – e o sufixo inglês ship – indica grau, relação, estado, qualidade, assim como a palavra friendship significa qualidade de ter amigos. Na língua portuguesa, o verbo empreender surgiu no século XV, buscar algo novo, inovar, transformar uma situação atual em novas oportunidades de negócios. Representa iniciativas de criação de novos empreendimentos, seja para organizações privadas, governamentais e não governamentais como, também, inovação em empreendimentos já existentes. Iniciativas essas que podem ser tomadas por uma pessoa ou grupo de pessoas. (ALVES, 2008). De acordo com Sarkar (2008), os autores Carton, Hofer e Meeks (1998) fornecem definição racional de empreendedorismo: [...] a busca de uma oportunidade descontinuada a criação de uma organização (ou suborganização) com a expectativa de criação de valor para os participantes. O empreendedor é o indivíduo (ou a equipe) que identifica a oportunidade, reúne os recursos necessários, cria e é responsável pela performance da organização. Portanto, o empreendedorismo é o meio pelo qual novas organizações são formadas com os empregos resultantes e a criação de bem-estar. 14 15 Timons (1994) e Dornelas (2005), estudioso renomado do tema no Brasil, afirmam que “O empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que a Revolução Industrial foi para o século XX.” Para Timons, o empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, antecipa-se aos fatos e tem uma visão futura da organização. Outra definição necessária a constar no presente estudo é a de Schumpeter (1949, apud SARKAR, 2008): A função dos empreendedores é reformar ou revolucionar o padrão de produção, explorando uma invenção ou, geralmente, uma possibilidade tecnológica ainda não experimentada para a produção de um novo bem ou para a produção de um bem antigo em uma nova forma, por meio da abertura de uma nova fonte de oferta de material empreendedor ou um novo tipo de produtos, ao reorganizar uma indústria. Também Drucker (2008), considerado o pai da Administração, explanou sobre o empreendedorismo: O que precisamos é de uma sociedade empreendedora, na qual a inovação e o empreendimento sejam normais, estáveis e contínuos. Exatamente como a administração se tornou o órgão específico de todas as instituições contemporâneas, e o órgão integrador da nossa sociedade de organizações, assim também a inovação e o empreendimento tornar- se-ão uma atividade vital, permanente e integral em nossas organizações, nossa economia, nossa sociedade. Dornelas (2003) relaciona as perspectivas para a natureza do empreendedorismo, conforme quadro abaixo: Quadro 1 – Perspectivas para a natureza do empreendedorismo Criação de emprego Empreendedorismo está ligado à criação de empregos, já que as organizações crescem e precisam de mais colaboradores para desenvolver suas atividades. Criação de mudança Empreendedorismo envolve a criação da mudança, por meio do ajuste, adaptação e modificação da forma de agir das pessoas, abordagens, habilidades, que levarão à identificação de diferentes oportunidades. Criação de valor Empreendedorismo é o processo de criar valor para clientes e consumidores através de oportunidades ainda não exploradas. Criação de organização Empreendedorismo está ligado à criação de novos negócios, que não existiam anteriormente. Criação da inovação Empreendedorismo está relacionado à combinação única de recursos que fazem os métodos e produtos atuais ficarem obsoletos. Criação de crescimento Empreendedorismo tem forte e positivo relacionamento com o crescimento dos negócios da organização, trazendo lucros e resultados expressivos. Criação de riqueza Empreendedorismo envolve riscos calculados associados às facilidades de produzir algo em troca de lucros. Fonte: Adaptado de Dornelas (2003). Sobre a figura do empreendedor em meio ao processo de empreendedorismo, muito se tem estudado nos dias de hoje. Segundo Dolabela (2008), pesquisas recentes apontam para o seguinte perfil do empreendedor: • O empreendedor é um ser social, produto do meio em que vive (época e lugar). Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor é visto como algo positivo, terá motivação para criar seu próprio negócio; 15 UNIDADE Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública • É um fenômeno local, ou seja, existem cidades, regiões, países mais – ou menos – empreendedores do que outros. O perfil do empreendedor (fatores do comportamento e atitudes que contribuem para o sucesso) pode variar de um lugar para o outro. Com relação à natureza do empreendedorismo, Dolabela (2008) esclarece que: • Todos nascemos empreendedores. A espécie humana é empreendedora; • Empreendedorismo não é um tema novo ou modismo: existe desde sempre, desde a primeira ação humana inovadora, com o objetivo de melhorar as relações do homem com os outros e com a natureza; • Não é um fenômeno apenas econômico, mas sim social; • O empreendedor está em qualquer área, não é somente a pessoa que abre uma empresa; • Empreendedorismoé uma das manifestações da liberdade humana; • Não é um fenômeno individual, não é um dom que poucos têm. É coletivo, comunitário. A comunidade tem o empreendedor que merece, porque cabe a ele criar o ambiente propício. A tese de que o empreendedor é fruto de herança genética não encontra mais seguidores; • O ambiente favorável ao desenvolvimento empreendedor (em comunidades ou empresas) não pode prescindir de elevadas doses de democracia (e não de autocracia), de cooperação (e não somente de competição) e relações sociais estruturadas em redes (e não hierarquizadas); • É um tema universal, e não específico ou acessório. Em outras palavras: deve estar na educação básica, ser oferecido para todos os alunos; • O fundamento do empreendedorismo é a cidadania. Visa à construção do bem- estar coletivo, do espírito comunitário, da cooperação. Antes de ser aluno, o estudante deve ser considerado um cidadão; O mesmo autor ainda menciona que o empreendedorismo é importante para a sociedade porque é o responsável pelo crescimento econômico e pelo desenvolvimento social. Por meio da inovação, dinamiza a economia, sendo a melhor arma contra o desemprego. Seu conceito não trata só de indivíduos, mas de comunidades, cidades, regiões, países, implicando a ideia de sustentabilidade. (DOLABELA, 2008). Todo esse fundamento empreendedor teórico acima citado pode e deve ser aplicados pelos gestores públicos visando à inovação para fins de mudanças significativas na sociedade. É perceptível a ausência de inovação, de novas tecnologias e novas maneiras de prestação de serviço público, principalmente no que tange às áreas de saúde, segurança, transporte coletivo, cultura, esporte, educação, entre outras tão importantes quanto. 16 17 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Para ampliar seus conhecimentos, consulte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística www.ibge.gov.br Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis www.ibama.gov.br Portal Senai São Paulo www.sp.senai.br/ SESC SP www.sescsp.org.br/ Agência Nacional de Telecomunicações www.anatel.gov.br/institucional/ Fundação Nacional do índio www.funai.gov.br Banco Central do Brasil www.bacen.gov.br Conselho Administrativo de Defesa Econômica www.cade.gov.br Senado Federal www.senado.gov.br Câmara Federal www2.camara.leg.br/ 17 UNIDADE Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública Referências ACSELRAD, Henri. 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