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Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública

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Processo Administrativo 
e Gestão de Operações 
no Setor Público
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Fabiano Siqueira dos Prazeres
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública
• Introdução
• Era da Informação no Setor Público
• Qualidade Total no Setor Público
• Sustentabilidade no Setor Público
• Empreendedorismo no Setor Público
 · Apresentar a Era da Informação e a Qualidade Total como indicativos 
de eficácia nos resultados da Administração Pública, bem como os 
temas sustentabilidade e empreendedorismo no Setor Público. Sendo 
assim, o nosso conteúdo constará dos seguintes assuntos: a Era da 
Informação, Qualidade Total, Sustentabilidade e Empreendedorismo.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Olá,
Nesta unidade, daremos início aos estudos de um importante e diverso ramo da 
Administração Pública, que estuda assuntos pertinentes a Era da Informação, 
Qualidade Total, Sustentabilidade e Empreendedorismo.
Para que você obtenha uma melhor aprendizagem e compreensão do assunto 
apresentado, leia com atenção o conteúdo teórico e os materiais complementares, 
assista aos vídeos indicados e consulte as referências bibliográficas. Também 
recomendamos a pesquisa de mais fontes, que irão contribuir para um melhor 
desempenho e maior aprendizado.
Bom estudo!
ORIENTAÇÕES
Abordagens Contemporâneas 
da Gestão Pública
UNIDADE Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública
Contextualização
Observa-se que o sistema capitalista encontra-se em processo de transformação, 
em que se constata que uma parcela significativa do cenário institucional de duas 
décadas atrás está ruindo. Neste contexto, o capitalismo financeiro mundial está 
subjugando o capitalismo gerencial do século XX, tornando irreversível a imposição 
do mundial sobre o nacional, do especulador sobre o administrador e do financista 
sobre o produtor.
 Com esse estudo, busca-se um profissional capaz de distinguir este cenário com 
foco em resultados institucionais e profissionais, abrangendo um Desenvolvimento 
Econômico e Social para sua nação.
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Introdução
Nesta última Unidade da disciplina Processo Administrativo e Gestão de 
Operações no Setor Público, referente ao curso de Gestão Pública EAD, serão 
retratadas as Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública.
O principal objetivo desta Unidade é apresentar a Era da Informação e a Qualidade 
Total como indicativos de eficácia nos resultados da Administração Pública, bem 
como os temas sustentabilidade e empreendedorismo no Setor Público. Desta forma, 
o conteúdo constará dos seguintes assuntos: a Era da Informação, Qualidade Total, 
Sustentabilidade e Empreendedorismo, conforme Figura abaixo:
Figura 1 – Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública
Fonte: elaborada pelo autor.
Observa-se que o sistema capitalista encontra-se em processo de transformação, 
em que se constata que uma parcela significativa do cenário institucional de duas 
décadas atrás está ruindo. Neste contexto, o capitalismo financeiro mundial 
está subjugando o capitalismo gerencial do século XX, tornando irreversível a 
imposição do mundial sobre o nacional, do especulador sobre o administrador 
e do financista sobre o produtor. Das profundas mudanças socioeconômico-
ambientais e políticas está nascendo um novo equilíbrio de poder, no qual países 
como o Brasil, Rússia, Índia e China (BRICs) surgem no cenário mundial como 
novos motores da economia mundial. Essas alterações que estão ocorrendo em 
um ambiente cada vez mais complexo e repleto de desafios – com destaque para 
a desigualdade de renda, mudanças climáticas e escassez de recursos naturais – 
estão repercutindo e exigindo uma nova postura das instituições e dos gestores 
públicos. (MATIAS-PEREIRA, 2008).
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UNIDADE Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública
De acordo com os ensinamentos de Matias-Pereira (2008) o Estado brasileiro 
tem papel relevante no novo cenário mundial:
Nesse novo cenário mundial, o Brasil deverá desempenhar um papel cada 
vez mais relevante, tanto nas questões que envolvem a sua presença na 
economia mundial como na proteção do meio ambiente. Por sua vez, essas 
mudanças são acompanhadas de oportunidades, desafios e de incertezas. 
A superação desses desafios, tendo como referência a necessidade de 
promover a inclusão, reduzir a desigualdade e a instabilidade no crescimento 
econômico do Brasil, exige o fortalecimento da Administração Pública 
e da boa governança. Essas mudanças são essenciais para viabilizar a 
consolidação da parceria entre o Setor Público e o Terceiro Setor.
Era da Informação no Setor Público
Na atualidade, vive-se a era da informação, isto é, pode-se dizer que cada vez 
mais o ser humano possui possibilidade de aumentar seus conhecimentos, a partir 
da disponibilidade de informações disponíveis, principalmente na Internet.
Os últimos três séculos foram dominados por uma única tecnologia. Por 
exemplo, o século XVIII, época da Revolução Industrial, foi considerado a era dos 
grandes sistemas mecânicos. Já o século XIX, foi a era da máquina a vapor. O 
século XX, por sua vez, tem sido considerado a era da informação. Concomitante 
a tal desenvolvimento e crescimento, percebe-se vários avanços tecnológicos em 
diversas áreas. Dentre elas, duas formas que têm causado significativo impacto sobre 
o modus vivendi das pessoas neste século são Computação e Telecomunicações. 
Neste cenário de avanços tecnológicos, há uma carga de informações cada vez 
maior. (SILVA FILHO, ONLINE).
Com a emergência das transformações que vem ocorrendo com a sociedade 
nessa era digital, é fato colocar que essas transformações atingiram também as 
organizações da Administração Pública, sendo que, atualmente, o que se presa não 
são mais as máquinas e sim o potencial humano que as desenvolve e que criam e 
inovam suas atividades cotidianas. (FERREIRA, ONLINE).
Falar nos dias de hoje em Gestão Pública, é compreender que o processo de 
transformação da sociedade é inevitável e que para gerenciar instituições públicas 
é preciso investir em novas tecnologias sim, mas é imprescindível investir também 
no capital humano, ou seja, propiciar formas para que o conhecimento individual 
seja agregado com o conhecimento coletivo para que desta forma se crie valores 
que não são tangíveis e também não se encontram à venda. (FERREIRA, ONLINE).
No contexto da Gestão Pública, resta questionar como é possível aproveitar 
a era da informação como fator propulsor de qualidade na prestação dos 
serviços públicos.
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Qualidade Total no Setor Público
Inicialmente, faz-se necessário compreender o contexto histórico do tema 
qualidade. Marshall Junior (2004) comenta a evolução do processo da qualidade 
explicando que se trata de tema “[...] dinâmico, sendo sua evolução fruto da interação 
dos diversos fatores que compõem a estrutura organizacional e sua administração.”
E continua dizendo que alguns fatores estruturais e tendências apontam para 
ciclos de vida e perfis quantitativos com influência decisiva nos paradigmas vigentes, 
pois criam desafios e transformações multidisciplinares na gestão da qualidade; 
afetam a estruturação, a abrangência, os conceitos e o portfólio de competências, 
conhecimentos, habilidades, ferramentas, técnicas e metodologias; expandem as 
fronteiras atuais e interligam as áreas do saber e de especialização em um novo 
conceito de qualidade, diversificado e holístico. (MARSHALL JUNIOR, 2004).
Importante!
Qualidade é um conceito espontâneo e intrínseco a qualquer situação de uso de algo 
tangível, a relacionamentos envolvidos na prestação de um serviço ou a percepções 
associadas a produtos de natureza intelectual, artística, emocional e vivencial. 
Estamos frequentemente avaliando e sendo avaliados no ato de gerarmos ou 
recebermos elementos que compõemos atos de consumo presentes em nossa vida. 
(MARSHALL JUNIOR, 2004).
Importante!
De acordo com Campos (1992), “[...] o produto ou serviço de qualidade é aquele 
quw atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura 
e no tempo certo às necessidades [...]” da população em geral, no que concerne 
aos serviços públicos prestados.
Como conceito, conhece-se a qualidade há milênios. No entanto, só recentemente 
ela surgiu como função da gerência. Originalmente, tal função era relativa e voltada 
para a inspeção. Hoje, as atividades relacionadas com a qualidade se ampliaram e 
são consideradas essenciais para o sucesso estratégico (GARVIN, 2002).
Ainda segundo o autor acima, há várias classificações para os diversos períodos 
ou eras da qualidade. Garvin (2002) estruturou-as em um formato bem aceito 
pelos especialistas da área. Cada uma das classificações tem suas peculiaridades 
e aqui serão adotadas como referencial para descrição da história e evolução do 
pensamento da qualidade. São elas:
1. Inspeção
2. Controle estatístico da qualidade
3. Garantia da qualidade
4. Gestão estratégica da qualidade
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UNIDADE Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública
Figura 2 – Eras da Qualidade
Fonte: elaborada pelo autor.
Inspeção:
Nos primórdio da era industrial e até meados do século XIX, quase tudo era 
fabricado por artesãos, que ainda praticavam os procedimentos tradicionais e 
históricos. As quantidades produzidas eram pequenas e havia a participação 
do trabalhador em praticamente todas as fases do processo. A inspeção era 
implementada segundo critérios especificados pelo próprio artesão e sua pequena 
equipe de colaboradores. Era um procedimento natural e corriqueiro. (MARSHALL 
JUNIOR, 2004).
Controle estatístico da qualidade:
Um marco dessa nova era foi a publicação, em 1931, da obra Economic control 
of quality of manufactured product por Shewart, que conferiu um caráter científico 
à prática da busca da qualidade. Nessa obra, encontram-se os fundamentos, os 
procedimentos e as técnicas para tornar a qualidade mais efetiva na produção, em 
todos os seus estágios. É nesse contexto que se verifica o controle no processo 
produtivo, via procedimentos estatísticos. (MARSHALL JUNIOR, 2004).
Garantia da Qualidade:
Por volta do final da II Guerra Mundial, a qualidade já conquistara seu lugar 
e passou a ser uma disciplina bem aceita no ambiente organizacional, com 
técnicas específicas e resultados efetivos, com profissionais especializados e bem 
caracterizados na especialidade. Seus principais divulgadores foram W. Ewards 
Deming e Joseph M. Juran. (MARSHALL JUNIOR, 2004).
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Gestão estratégica da qualidade:
Especialmente nas duas últimas décadas do século XX, a qualidade passou 
efetivamente a ser percebida como uma disciplina de cunho estratégico, além do 
seu viés tradicionalmente técnico. Os princípios da gestão pela qualidade total 
(GQT), disseminados a partir de 1950, foram enfim assimilados pela maioria das 
organizações, a qualidade passou a ser discutida na agenda estratégica do negócio, 
e o mercado passou a valorizar quem a possuía e a punir as organizações hesitantes 
ou focadas apenas nos processos clássicos de controle da qualidade. (MARSHALL 
JUNIOR, 2004).
Há que se ressaltar a necessidade da aplicação da qualidade na gestão dos 
processos públicos nos dias de hoje. É nítida a ausência de qualidade no Setor 
Público. Principalmente, no que tange às políticas públicas, que se percebe a não 
preocupação dos gestores públicos com tal quesito.
Para Marshall Junior (2004) “hoje, a qualidade é um termo que passou a fazer 
parte do jargão das organizações, independentemente do ramo de atividade e 
abrangência de atuação pública ou privada.”
A qualidade deve sim ser aplicada nos processos públicos, na prestação de 
serviços para a população.
Para Oliveira (2014), a gestão da qualidade pode ser sintetizada em alguns 
princípios. Eles representam um conjunto de elementos que, se bem estruturados, 
gerarão resultados animadores para a gestão e controle de processos, para a 
organização dos diversos setores e para a produção de bens e serviços, no caso, 
públicos, que efetivamente atenda ao que a população deseja. Contudo, seu 
desenvolvimento demanda alto compromisso e grande esforço de todos os seus 
integrantes, a começar pela alta administração.
Abaixo, segue tabela com os 11 princípios da gestão da qualidade:
Tabela 1 – Princípios da Gestão da Qualidade
Total satisfação do cliente
Gerência participativa
Desenvolvimento de recursos humanos
Constância de propósitos
Aperfeiçoamento contínuo
Gestão e controle de processos
Disseminação de informações
Delegação
Assistência técnica
Gestão das interfaces com agentes externos
Garantia da qualidade
Fonte: Oliveira (2014). Adaptada pelo autor.
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UNIDADE Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública
Sustentabilidade no Setor Público
Antes de estudar o tema Sustentabilidade no Setor Público, faz-se necessária a 
compreensão do termo Desenvolvimento Sustentável.
Trata-se de conceito surgido em meados de 1980, por meio da publicação 
do documento Estratégia Mundial para a Conservação (EMC), elaborado sob 
supervisão e patrocínio da União Internacional para Conservação da Natureza 
(UICN), Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e do Fundo 
Mundial para a Vida Selvagem e Natureza (WWF).
Consta neste documento que para ser sustentável, o desenvolvimento precisava 
considerar fatores sociais, ecológicos, econômicos, as bases dos recursos vivos e 
não vivos e as vantagens de ações alternativas que no curto prazo garantiriam o 
futuro da humanidade.
Também na década de 1980, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou 
a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), que 
se tornou conhecida como Comissão Brundtland, pois era liderada por Gro 
Harlem Brundtland.
A Comissão apresentou um documento denominado “Our Common Future” 
(Nosso Futuro Comum), definindo o conceito Desenvolvimento Sustentável: “é 
aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de 
as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades.”
Os países industrializados agravam a situação com altos índices de consumo. 
A ONU admitiu que não deveria haver apenas um limite mínimo de recursos 
para proporcionar bem-estar ao indivíduo, mas também deveria haver um limite 
máximo (UNCED, 1991).
O conceito de desenvolvimento sustentável foi admitido e tomado como oficial 
na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio-
92, realizada na cidade do Rio de Janeiro, com participação de 182 nações e da 
sociedade civil (MANO, PACHECO, BONELLI, 2005).
A partir desta conferência, a sustentabilidade vem se tornando mais presente 
no debate sobre desenvolvimento, com as mudanças de rumos e projetos e a 
readequação dos processos decisórios. Esse conceito é de fácil aceitação por todos, 
porém extremamente complexo e controvertido, quando a sua aplicação no dia a 
dia, por envolver múltiplas questões e pontos de vista (LEMOS, 2005).
Importante citar Veiga (2006) que ensina que Desenvolvimento Sustentável 
“[...] é um enigma à espera do Édipo [...]”, pois ele entende como grande desafio 
conciliar eficiência econômica, equidade social e equilíbrio ecológico.
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Algumas ONGs entendem que a sustentabilidade pode ser vista como uma 
nova crença, de forma a substituir o conceito de progresso, e construir “[...] um 
novo princípio organizador de um desenvolvimento centrado no povo [...], sendo 
capaz de se tornar-se a visão mobilizada da sociedade civil e o princípio guia da 
transformação das instituições da sociedade dominante.” (PEOPLE, 1992 apud 
ACSELRAD, 2001).
Para Amaral (2007), exemplificando o caso brasileiro na forma jurídica, odesenvolvimento sustentável se materializa na própria Constituição Federal (CF) de 
1988, em seu art. 225. A saber:
Desenvolvimento sustentável é aquele que assegura necessidades da 
presente geração sem comprometer a capacidade das gerações futuras 
de resolver suas próprias necessidades. A presente geração tem o dever 
de deixar para as futuras gerações um meio ambiente igual ou melhor do 
que aquele que herdou da geração anterior. Constata-se da leitura do art. 
225 da CF/88 que a futura geração possui o direito a um meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, além de constituir também uma justiça 
intergeracional, pois essa futura geração precisa de um meio ambiente 
saudável para atender suas necessidades.
Neste prisma, a CF de 1988 incluiu em sua pauta a questão do desenvolvimento 
sustentável, determinando formas de agir visando às gerações atuais sem jamais 
deixar de pensar nas necessidades das gerações futuras.
Ainda se faz necessário citar John Elkington (2001), que em sua obra Canibais 
de garfo e faca, estabelece um conceito para a Sustentabilidade baseado em três 
esferas: a econômica, a social e a ambiental. Segundo o autor, uma organização para 
ser considerada sustentável tem que ser economicamente viável, ambientalmente 
correta e socialmente justa.
Figura 3 – Três esferas da sustentabilidade
Fonte: elaborada pelo autor.
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UNIDADE Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública
Neste contexto, encontram-se as organizações públicas, com seus diversos 
serviços que devem ser prestados à população. Partindo da teoria de Elkington, 
todos os entes e órgãos públicos devem pautar suas atividades nas três esferas. 
O questionamento que resta é saber se os gestores públicos, em primeiro lugar, 
possuem preparo intelectual e técnico para sua aplicação e, posteriormente, se a 
máquina pública se encontra preparada para tal.
Desta forma, os agentes públicos devem ser preparados para compreender 
a sustentabilidade e a aplicar na prática do dia a dia. Para tanto, processos de 
educação continuada e treinamentos diversos devem ser disponibilizados, devem 
fazer parte da rotina dos agentes.
Empreendedorismo no Setor Público
Quando se fala em “abordagens contemporâneas” na Gestão Pública não se 
pode furtar em mencionar o Empreendedorismo, vital para o alcance de resultados 
positivos das organizações públicas.
Com relação à etimologia da palavra empreendedorismo, Alves (2015) ensina 
que ela “[...] deriva do latim imprehendere, significa apanhar, prender com as 
mãos, o ato, efeito e resultado de empreender algo com fim determinado.” 
Segundo o autor:
A expressão empreendedorismo tem origem na tradução da 
palavra inglesa entrepreneurship, composta pela palavra francesa 
entrepreneur – entendida como estar no mercado entre o consumidor 
e o fornecedor – e o sufixo inglês ship – indica grau, relação, estado, 
qualidade, assim como a palavra friendship significa qualidade de ter 
amigos. Na língua portuguesa, o verbo empreender surgiu no século 
XV, buscar algo novo, inovar, transformar uma situação atual em novas 
oportunidades de negócios. Representa iniciativas de criação de novos 
empreendimentos, seja para organizações privadas, governamentais e 
não governamentais como, também, inovação em empreendimentos 
já existentes. Iniciativas essas que podem ser tomadas por uma pessoa 
ou grupo de pessoas. (ALVES, 2008).
De acordo com Sarkar (2008), os autores Carton, Hofer e Meeks (1998) 
fornecem definição racional de empreendedorismo:
[...] a busca de uma oportunidade descontinuada a criação de uma 
organização (ou suborganização) com a expectativa de criação de valor para 
os participantes. O empreendedor é o indivíduo (ou a equipe) que identifica 
a oportunidade, reúne os recursos necessários, cria e é responsável pela 
performance da organização. Portanto, o empreendedorismo é o meio 
pelo qual novas organizações são formadas com os empregos resultantes 
e a criação de bem-estar.
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Timons (1994) e Dornelas (2005), estudioso renomado do tema no Brasil, 
afirmam que “O empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o 
século XXI mais do que a Revolução Industrial foi para o século XX.” Para Timons, 
o empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, antecipa-se aos fatos e 
tem uma visão futura da organização.
Outra definição necessária a constar no presente estudo é a de Schumpeter 
(1949, apud SARKAR, 2008):
A função dos empreendedores é reformar ou revolucionar o padrão de 
produção, explorando uma invenção ou, geralmente, uma possibilidade 
tecnológica ainda não experimentada para a produção de um novo bem 
ou para a produção de um bem antigo em uma nova forma, por meio da 
abertura de uma nova fonte de oferta de material empreendedor ou um 
novo tipo de produtos, ao reorganizar uma indústria.
Também Drucker (2008), considerado o pai da Administração, explanou sobre 
o empreendedorismo:
O que precisamos é de uma sociedade empreendedora, na qual a 
inovação e o empreendimento sejam normais, estáveis e contínuos. 
Exatamente como a administração se tornou o órgão específico de todas 
as instituições contemporâneas, e o órgão integrador da nossa sociedade 
de organizações, assim também a inovação e o empreendimento tornar-
se-ão uma atividade vital, permanente e integral em nossas organizações, 
nossa economia, nossa sociedade.
Dornelas (2003) relaciona as perspectivas para a natureza do empreendedorismo, 
conforme quadro abaixo:
Quadro 1 – Perspectivas para a natureza do empreendedorismo
Criação de emprego Empreendedorismo está ligado à criação de empregos, já que as organizações crescem e precisam de mais colaboradores para desenvolver suas atividades.
Criação de mudança
Empreendedorismo envolve a criação da mudança, por meio do ajuste, adaptação e modificação 
da forma de agir das pessoas, abordagens, habilidades, que levarão à identificação de diferentes 
oportunidades.
Criação de valor Empreendedorismo é o processo de criar valor para clientes e consumidores através de oportunidades ainda não exploradas.
Criação de organização Empreendedorismo está ligado à criação de novos negócios, que não existiam anteriormente.
Criação da inovação Empreendedorismo está relacionado à combinação única de recursos que fazem os métodos e produtos atuais ficarem obsoletos.
Criação de crescimento Empreendedorismo tem forte e positivo relacionamento com o crescimento dos negócios da organização, trazendo lucros e resultados expressivos.
Criação de riqueza Empreendedorismo envolve riscos calculados associados às facilidades de produzir algo em troca de lucros.
Fonte: Adaptado de Dornelas (2003).
Sobre a figura do empreendedor em meio ao processo de empreendedorismo, 
muito se tem estudado nos dias de hoje. Segundo Dolabela (2008), pesquisas 
recentes apontam para o seguinte perfil do empreendedor:
• O empreendedor é um ser social, produto do meio em que vive (época e lugar). 
Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor é visto como 
algo positivo, terá motivação para criar seu próprio negócio;
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UNIDADE Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública
• É um fenômeno local, ou seja, existem cidades, regiões, países mais – ou 
menos – empreendedores do que outros. O perfil do empreendedor (fatores 
do comportamento e atitudes que contribuem para o sucesso) pode variar de 
um lugar para o outro.
Com relação à natureza do empreendedorismo, Dolabela (2008) esclarece que:
• Todos nascemos empreendedores. A espécie humana é empreendedora;
• Empreendedorismo não é um tema novo ou modismo: existe desde sempre, 
desde a primeira ação humana inovadora, com o objetivo de melhorar as 
relações do homem com os outros e com a natureza;
• Não é um fenômeno apenas econômico, mas sim social;
• O empreendedor está em qualquer área, não é somente a pessoa que abre 
uma empresa;
• Empreendedorismoé uma das manifestações da liberdade humana;
• Não é um fenômeno individual, não é um dom que poucos têm. É coletivo, 
comunitário. A comunidade tem o empreendedor que merece, porque cabe 
a ele criar o ambiente propício. A tese de que o empreendedor é fruto de 
herança genética não encontra mais seguidores;
• O ambiente favorável ao desenvolvimento empreendedor (em comunidades 
ou empresas) não pode prescindir de elevadas doses de democracia (e não de 
autocracia), de cooperação (e não somente de competição) e relações sociais 
estruturadas em redes (e não hierarquizadas);
• É um tema universal, e não específico ou acessório. Em outras palavras: deve 
estar na educação básica, ser oferecido para todos os alunos;
• O fundamento do empreendedorismo é a cidadania. Visa à construção do bem-
estar coletivo, do espírito comunitário, da cooperação. Antes de ser aluno, o 
estudante deve ser considerado um cidadão;
O mesmo autor ainda menciona que o empreendedorismo é importante 
para a sociedade porque é o responsável pelo crescimento econômico e pelo 
desenvolvimento social. Por meio da inovação, dinamiza a economia, sendo a 
melhor arma contra o desemprego. Seu conceito não trata só de indivíduos, mas 
de comunidades, cidades, regiões, países, implicando a ideia de sustentabilidade. 
(DOLABELA, 2008).
Todo esse fundamento empreendedor teórico acima citado pode e deve ser 
aplicados pelos gestores públicos visando à inovação para fins de mudanças 
significativas na sociedade. É perceptível a ausência de inovação, de novas 
tecnologias e novas maneiras de prestação de serviço público, principalmente 
no que tange às áreas de saúde, segurança, transporte coletivo, cultura, esporte, 
educação, entre outras tão importantes quanto.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Para ampliar seus conhecimentos, consulte:
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
www.ibge.gov.br
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
www.ibama.gov.br
Portal Senai São Paulo
www.sp.senai.br/
SESC SP
www.sescsp.org.br/
Agência Nacional de Telecomunicações
www.anatel.gov.br/institucional/
Fundação Nacional do índio
www.funai.gov.br
Banco Central do Brasil
www.bacen.gov.br
Conselho Administrativo de Defesa Econômica
www.cade.gov.br
Senado Federal
www.senado.gov.br
Câmara Federal
www2.camara.leg.br/
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UNIDADE Abordagens Contemporâneas da Gestão Pública
Referências
ACSELRAD, Henri. Sentidos da sustentabilidade urbana. In: ________. (Org.). A 
duração das cidades: sustentabilidade e os riscos nas políticas urbanas. Rio de 
Janeiro: DP&A, 2001.
ALVES, André Luis Centofante. Gestão de Organizações Não Governamentais. 
Curitiba: CRV, 2015.
AMARAL, Paulo Henrique do. Direito tributário ambiental. São Paulo: Ed. 
Revista dos Tribunais, 2007.
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Brasília, DF: Senado, 1988.
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Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, Escola de Engenharia da UFMG, 1992.
DOLABELA, Fernando. O segredo de Luísa. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.
DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo Corporativo: como ser 
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www4.faac.unesp.br/publicacoes/anais-comunicacao/textos/34.pdf.> Acesso 
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GARVIN, David A. Gerenciando a Qualidade: a visão estratégica e competitiva. 
Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
LEMOS, Haroldo Mattos. A evolução da questão ambiental e o desenvolvimento 
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MANO, E. B.; PACHECO, E. B. A. V.; BONELLI, C. M. C. Meio ambiente, 
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OLIVEIRA, Otávio J. Curso básico de gestão de qualidade. São Paulo: Cengage 
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VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento Sustentável: o desafio do século XXI. Rio 
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19

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