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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

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26/02/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/13
As condições de produção do texto 
Você já parou para pensar que em cada situação da vida cotidiana produzimos, quase que
intuitivamente, textos diferentes para atender a diferentes finalidades? 
Podemos, por exemplo, escrever uma carta a um jornal se quisermos expressar nossa
indignação ou admiração em relação a uma matéria que tenhamos lido. Para divulgar um
serviço que prestamos, podemos escrever um anúncio para uma revista, um folheto de
propaganda para ser distribuído em diversos lugares. Se desejarmos uma vaga de emprego,
devemos escrever um currículo para informar nossa experiência profissional e nossa
formação. Se fizermos uma pesquisa e quisermos divulgar os resultados dela, por exemplo,
podemos escrever um artigo acadêmico-científico para uma revista especializada. Quando
queremos saber notícias de uma pessoa querida que está distante, podemos escrever uma
carta ou um e-mail. 
Isso significa que em várias circunstâncias da vida escrevemos textos para diferentes
interlocutores, com distintas finalidades, organizados nos mais diversos gêneros, para
circularem em espaços sociais vários.
Por isso, a cada circunstância correspondem:
a) finalidades diferentes: manifestar nossa forma de pensar a respeito de determinada
matéria lida; divulgar determinados serviços buscando seduzir possíveis clientes; convencer a
respeito de determinadas interpretações de dados; obter notícias sobre um ente querido;
informar sobre sua qualificação profissional;
b) interlocutores diversos: leitores de um determinado veículo da mídia impressa (jornal,
revista); transeuntes de determinados locais (vias de circulação, rodoviária etc.); colegas de
trabalho, leitores de determinada revista acadêmico-científica ou de determinado tipo de livro;
um parente próximo ou um amigo; um possível contratante;
c) lugares de circulação determinados: mídia impressa; academia; família ou círculo de
amizades; determinada empresa (esfera profissional); vias públicas de grande circulação de
veículos e pessoas;
d) gêneros discursivos específicos: carta de leitores; anúncio; folheto de
propaganda; outdoor; artigo acadêmico-científico; carta pessoal; currículo. 
 
Quer dizer: escrever um texto é uma atividade que nunca é a mesma nas diferentes
circunstâncias em que ocorre, porque cada escrita se caracteriza por diferentes condições
que determinam a produção dos discursos. Essas condições referem-se aos elementos
apresentados acima. Mas não apenas a eles. Um aspecto a ser considerado ainda é o lugar
social do qual se escreve.
26/02/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 2/13
Todos nós desempenhamos diferentes papéis na vida: o pai/mãe, de filho/filha, de irmão/irmã,
de associado de determinado clube, de consumidor de determinado produto, de cidadão
brasileiro, o relativo à profissão que exercemos (professores, médicos, dentistas, vereadores,
escritores, revisores, feirantes, digitadores, diretores de escola, atores etc), entre outros.
Cada um desses papéis estabelece entre nós e aqueles com quem nos relacionamos
determinados vínculos, que implicam responsabilidades assumidas, pontos de vista a partir
dos quais os acontecimentos são analisados, recomendações são feitas, atitudes são
tomadas. 
 
 Ainda que esses papéis se articulem todo o tempo, uma vez que são todos constitutivos do
sujeito e que, dessa forma, influenciam-se mutuamente, quando assumimos a palavra para
dizer alguma coisa a alguém, um desses papéis predomina, em função das demais
características do contexto de produção (sobretudo do lugar de circulação do discurso e do
interlocutor presumido). 
 
Ser um escritor/leitor proficiente, portanto, significa saber lidar com todas as características do
contexto de produção dos textos, de maneira a orientar a produção do seu discurso pelos
parâmetros por elas estabelecido. Contexto é a situação histórico-social de um texto,
envolvendo não somente as instituições humanas, como ainda outros textos que sejam
produzidos em volta e que com ele se relacionem. Pode-se dizer que ocontexto é a moldura
de um texto. O contexto envolve elementos tanto da realidade do autor quanto do leitor — e a
análise desses elementos ajuda a produzir sentidos possíveis. Isso significa que todo
discurso é uma construção social, não individual, e que só pode ser analisado considerando
seu contexto histórico-social, suas condições de produção; significa ainda que o discurso
reflete uma visão de mundo determinada, necessariamente, vinculada à do(s) seu(s)
autor(es) e à sociedade em que vive(m).
Para encerrar este tópico, reflita sobre o que Graciliano Ramos fala sobre o ato de escrever:
 
"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício.
Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do
riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e
torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água
com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra,
torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas
dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. 
Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para
enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer." (Graciliano Ramos, em
entrevista concedida em 1948)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----
 
As condições de leitura 
 
 
Neste conteúdo, você estudará um pouco sobre a leitura. Para tanto, leia o texto que se
segue e realize os exercícios propostos. Você descobrirá que LER vai muito além do
processo de 'decodificação'. Há estratégias e procedimentos que propiciam uma
leitura proficiente. 
26/02/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 3/13
Você pode também consultar a bibliografia recomendada: 
FIORIN, José Luiz & PLATÃO, Francisco. (2006). Lições de texto: leitura e redação. São
Paulo: Ática (Lição 9).
 
KOCH, Ingedore Villaça & ELIAS, Vanda Maria. (2006). Ler e compreender: os sentidos do
texto. São Paulo: Contexto. 
 
 A leitura tem sido chamada de atividade cognitiva por excelência pelo fato de envolver
todos os nossos processos mentais. A compreensão de um texto (seja ele escrito ou falado)
exige o envolvimento da atenção, da percepção, da memória e do pensamento. Esses
processos mentais realizam, durante a leitura, operações necessárias para a compreensão
da linguagem, tais como o raciocínio dedutivo (próprio da inferência, da leitura das
entrelinhas) e o raciocínio indutivo (necessário para a predição baseada no conhecimento de
mundo, de outros textos, do autor, das condições sociais em que se vive). 
 O texto escrito é um objeto diferente do texto falado, e, em vez de o aluno olhar as partes
relevantes desse objeto, a fim de perceber suas funções, ele foi acostumado a olhar os seus
aspectos superficiais. Sendo assim, dizemos que o aluno não lê ou não gosta de ler, pois não
compreende o texto, apenas o decifra, e o compreende parcialmente, sem costurar os
fragmentos. A leitura se torna mais difícil quanto menos se lê, portanto cabe a todos os
professores, e não só ao de Língua Portuguesa, a responsabilidade do ensino da leitura.
Mostrar ao aluno que a leitura não é um campo minado, mas uma mina de ouro.
O PROCESSO DE LEITURA: algumas estratégias 
 
 Uma abordagem de leitura deve levar o aluno ao prazer da descoberta,a fim de ter efeito
nos seguintes aspectos: 1) percepção de elementos linguísticos significativos, com funções
importantes no texto; 2) ativação do conhecimento anterior; 3) elaboração e verificação de
hipóteses que permitam ao leitor perceber outros elementos, mais complexos. Todas essas
etapas envolvem a adivinhação e a descoberta do sentido que o escritor tentou deixar no seu
texto, elemento importante para o leitor chegar à construção do seu sentido do texto.
 Vale lembrar que o leitor proficiente é capaz de utilizar os três itens acima e que esse
conhecimento é socialmente adquirido, portanto quem nunca participou da prática social da
leitura de notícias e reportagens em revistas semanais de informação, não partilhará desse
conhecimento. Ou seja, um aluno que não dispõe de revistas e jornais na sua casa, e cuja
única experiência com a leitura é a do livro didático, não integrará os diversos elementos num
todo significativo de forma espontânea. Precisa ser orientado para fazê-lo.
 
 A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e
interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto,
sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair informação,
decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica
estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível
proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilitam controlar o que vai sendo lido,
26/02/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 4/13
permitindo tomar decisões diante das dificuldades de compreensão, avançar na busca de
esclarecimentos, validar no texto suposições feitas.
 
Algumas ideias INCORRETAS sobre leitura:
 
LEITURA é um ato passivo. 
LEITURA é um processo palavra por palavra. 
Um texto deve ser lido somente uma vez. 
Voltar no texto para esclarecer uma dúvida não é uma
forma apropriada de LEITURA. 
O objetivo de toda LEITURA é entender tudo e
lembrar de todas as palavras num texto. 
LER não é só difícil como é chato também. 
Toda LEITURA deve começar do canto esquerdo e
seguir na ordem em que o texto foi escrito. 
A função mais importante de um texto é informar. 
Nem todo leitor consegue LER textos autênticos
(livros, revistas, jornais etc.). 
Durante uma LEITURA, o importante é o que o texto
traz até você e não o que você leva para o texto. 
Sem o conhecimento de todas as palavras de um texto não há LEITURA.
 
 Bibliografia: 
KLEIMAN, Ângela. Leitura e interdisciplinaridade. Tecendo redes nos projetos das escolas.
Campinas,SP: Mercado de Letras, 1999. (cap. 5).
 
 
Usar a leitura de forma competente significa, também, compreender que ler é tanto uma
experiência individual e única, quanto uma experiência interpessoal e dialógica.
É individual porque significa um processo pessoal e particular de processamento dos sentidos
do texto. Mas, também é interpessoal porque os sentidos não se encontram no texto,
exclusivamente, ou no leitor, exclusivamente; ao contrário, os sentidos situam-se entre texto e
leitor.
 
Esse conhecimento, tal como hoje compreendemos, refere-se a um grau ou tipo de
letramento que inclui tanto o saber decifrar o escrito, quanto o ler/escrever com proficiência
de leitor/escritor competente, quer dizer, saber utilizar estratégias e procedimentos que
conferem maior fluência e eficácia ao processo de produção e atribuição de sentidos aos
textos com os quais se interage. Dessa forma, a leitura é um processo complexo que envolve
o controle planejado e deliberado de atividades que levam à compreensão. Entre essas
atividades, destacam-se:
 
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https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 5/13
definir o objetivo de uma determinada leitura ("Vou ler este texto para ver como se
monta este brinquedo", "Só quero ver a data da morte de Napoleão". "Vou correr os
olhos pelo sumário para ter uma ideia geral do livro");
ativar o conhecimento prévio que temos sobre todos os aspectos envolvidos na leitura
para selecionar as informações que possam criar o contexto de produção de leitura,
garantindo, assim, sua fluência. Refere-se a conhecimento sobre o assunto, sobre o
gênero, sobre o portador onde foi publicado o texto (jornal, revista, livro, folder, panfleto,
folheto etc.); sobre o autor do texto, sobre a época em que foi publicado, ou seja, sobre
as condições de produção do texto a ser lido;
antecipar informações que podem estar contidas no texto a ser lido;
realizar inferências quer dizer, lermos para além do que está nas palavras do texto,
lermos o que as palavras nos sugerem;
conferir as inferências e antecipações realizadas ao longo do processamento do texto,
de forma a podermos validá-las ou não;
localizar informações presentes no texto; identificar os segmentos mais e menos
importantes de um texto ("Aqui o autor está apenas dando mais um detalhe". "Esta
definição é importante");
distribuir a atenção de modo a se concentrar mais nos segmentos mais importantes
("Isto aqui é novo para mim e preciso ler com mais cuidado". "Isto eu já conheço muito
bem e posso ir apenas passando os olhos"). A importância de um segmento pode variar
não só de um leitor para outro, mas até de uma leitura para outra;
sintetizar as informações dos trechos do texto;
estabelecer relações entre os diferentes segmentos do texto;
avaliar a qualidade da compreensão que está sendo obtida da leitura ("Estou
entendendo perfeitamente o que o autor está tentando dizer". "Este trecho não está
muito claro para mim");
determinar se os objetivos de uma determinada leitura estão sendo alcançados ("Estou
lendo este capítulo para ter uma ideia geral do que é fenomenologia, mas ainda não
consegui ter uma noção clara do assunto");
tomar as medidas corretivas quando falhas na compreensão são detectadas ("Vou ter
que consultar o dicionário para entender esta palavra, já que o contexto não me
bastou". "Parece que vou ter de ler aquele outro artigo para poder entender este");
corrigir o rumo da leitura nos momentos de distração, divagações ou interrupções
("Estou tão distraído que passei os olhos por este parágrafo sem prestar atenção no
que estava lendo; vou ter de relê-lo");
estabelecer relações entre tudo o que o texto nos diz e o que outros textos já nos
disseram, e o que sabemos da vida, do mundo e das pessoas.
A leitura. Almeida Júnior,1892. 
 
 
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https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 6/13
 
 
 
 
 
 Com base na concepção de que texto é lugar de interação
de sujeitos sociais, os quais se constituem e são constituídos, dialogicamente, por meio do
texto, Koch & Elias (2006) apresentam, de uma forma objetiva e didática, as estratégias
utilizadas pelo leitor no processo de leitura e construção de sentidos. Nessa concepção os
sujeitos são vistos como atores/construtores sociais.
 
As autoras discutem as concepções de sujeito, língua e texto que estão na base das
diferentes formas de se conceber a leitura. Situam-se na concepção interacional e dialógica
da língua, compreendendo os sujeitos como construtores sociais, que mutuamente se
constroem e são construídos por meio do texto, considerado o lugar por excelência da
constituição dos interlocutores. A leitura, nesse âmbito, é entendida como atividade interativa
de construção de sentidos. Para isso, ressalta-se o papel do leitor enquanto construtor do
sentido do texto, que, no processo de leitura, lança mão de estratégias como seleção,
antecipação, inferência e verificação, além de ativar seu conhecimentode mundo, na
construção de uma das leituras possíveis, já que um mesmo texto admite uma pluralidade de
leituras e sentidos. A leitura, além do conhecimento lingüístico compartilhado pelos
interlocutores, exige que o leitor, no ato da leitura, mobilize estratégias de ordem lingüística e
de ordem cognitivo-discursiva. 
 
 Texto Complementar:
 
As mãos que empunham o texto: por uma leitura significativa 
 Maria Lúcia Moreira Gomes 
 
 
 A leitura parece ser um simples detalhe no meio educacional, uma necessidade
intrínseca ao ato de estudar e aprender. Talvez seja esta banalização da leitura que tenha
feito dela um ato mecânico e desprovido de qualquer sentido, ou seja, desprovido do
verdadeiro sentido que uma leitura significativa deve ter: atribuir acepções, estabelecendo
elos com o conhecimento de mundo.
Muito mais do que um mero mecanismo de decodificação e ativação dos
conhecimentos, a leitura deve ser um processo interativo e de compreensão do mundo. A
vivência como educadores nos dá conta de que está cada vez mais difícil a escrita e a
leitura “corretas” em sala de aula, e isso se estende, o que é mais grave, até o nível
universitário. Lê-se mecanicamente, lê-se sem atribuir significado, construindo um mero
decodificar de letras e signos. O professor, por outro lado, acaba aferindo notas e medindo
o ato de ler pelo simples falar compassado e entoado, conforme critérios estabelecidos e,
se esse é regular, aquele dá por encerrada a leitura, até que ela possa ser avaliada num
próximo dia.
Perde-se, dessa forma, o verdadeiro objetivo do ato de ler, medindo-se
constantemente a capacidade de alfabetização daquele aluno. Onde fica então o
estabelecimento de elos entre o mundo que se vive e aquilo que se lê, ou seja, sua
competência no “letramento”, termo largamente explorado por Magda Soares. E a reflexão,
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https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 7/13
e o despertar do senso crítico, tão falado em livros e congressos sobre leitura e educação
global? Pior do que alunos despreparados para a leitura, em seu verdadeiro sentido, estão
os professores, perpetuando uma automatização de gestos e pensamentos, deixando
distante a capacidade de formar cidadãos críticos e integrais, termos já tão desgastados
pelo uso.
Paulo Freire, em uma das inúmeras assertivas que lhe valeu a imortalidade na
educação, dizia que “a leitura de mundo antecede a leitura da palavra”. Isto já se faz longe,
muitos falam de seus conceitos e de sua coragem em imprimir mudanças, com o pensar
crítico que o caracterizava; os congressos em educação fazem largo uso de suas palavras
e lá fora, nas salas de aula, perpetua-se a prática estruturalista da leitura e da produção de
textos, descontextualizando texto e vida.
Se nos detivermos num livro que ouse ensinar prática de leitura em sala de aula,
encontraremos os inúmeros equívocos estabelecidos. O foco está na capacidade de
articular corretamente os fonemas, na pontuação correta, no ritmo empreendido e é só.
Acabada a tarefa de ler, o livro é fechado, ou se trabalhado, perguntas como: “o que o autor
quis dizer com...” ou “quais e quantos são as personagens da história” limitam a “análise” do
texto. E a tão falada contextualização fica a cargo, equivocadamente, das perguntas de
gramática, que não mais desfocadas de um texto, como modernamente se prega,
aparecem assim: “Na frase (l.5) ‘ Júlio não parecia concordar com a idéia’, quem é o
sujeito?”
A escola parece priorizar os aspectos gramaticais, transforma as aulas de leitura em
pretextos para o estudo de questões normativas, e deixa de lado a constituição de possíveis
significados do texto que não estão estabelecidos no nível mais propriamente
microestrutural do texto. A linguagem é vista de maneira mecânica, de forma que os
segmentos menores se juntam para formar os maiores.
Não sabemos, na verdade, a quem atribuir tantos equívocos na práxis educacional,
mas, com certeza, uma vontade imensa de acertar norteia as ações docentes, ao lado, é
claro, de uma profunda ignorância do que seja o verdadeiro papel de um educador. Afinal,
oprimido pelo novo e diferente, pela obrigação de ser bom, criativo, atual, informado, o
professor não conta com quem lhe diga como fazer, mas o que não fazer, atitude que lhe
impossibilita a concretização de tantos desafios.
O desafio da leitura está na busca de significações que ultrapassam as superfícies
do texto, reconhecidas por qualquer pessoa treinada para ler, o que significa apenas um
nível do texto, mas, sem dúvida, o que se quer é muito mais e esse mais se encontra nas
diversas possibilidades de contextualização com o real que um texto pode suscitar e daí
uma série de reflexões pertinentes podem ser efetuadas para imprimir mudança de
comportamento, o que a nosso ver, constitui a verdadeira aprendizagem.
Diante deste cenário de mudanças pela qual passa a escola no que diz respeito à
postura que o professor deve ter diante do aluno, de si mesmo e do conteúdo a ser
ministrado, preocupamo-nos com a falácia que leva a lugar nenhum. Pouco ou nada se tem
feito para tornar a aprendizagem atraente e despertar no aluno a consciência de sua
existência enquanto sujeito, agente de transformações. Perpetuamos a história de
alienação enfocada na obra “O nome da rosa”.
Coloca-se o professor ainda no pedestal da educação, assumindo um poder
justificado pelo pouco conhecimento que tem e ignorando, pelo menos, dois dos direitos
imprescindíveis do aluno, propostos por Penac (Perrenoud, 1994): o direito a só aprender o
que tem sentido e o direito de existir como pessoa.
 Como se não bastasse tudo isso, o mundo globalizado está sendo desenhado, tecido,
sonorizado, colorido e agitado por um complexo fenômeno de elementos convergentes e
contraditórios. Redes de signos são formadas numa comunidade que pode, a todo o
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https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 8/13
momento, reorganizar massas de informações disponíveis on-line, por meio de conexões
transversais e simultâneas. É a inteligência coletiva, conforme afirma Pierre Lévy (1998),
que está se contrapondo à cultura verticalizada na qual vivemos até então.
O descaso com a gramática, a disseminação de termos de informática, a economia
de caracteres digitados implica diretamente a forma de escrever dos alunos em salas de
aula convencionais e uma conseqüente revolta por parte do professor que, por diversas
razões, coíbe essa prática, numa luta constante pela conservação da linearidade e pureza
da língua.
Ouve-se constantemente a revolta dos mestres diante do texto que já vem pronto da
Internet, da falta que faz o livro, do aluno que não lê mais e, portanto, cada vez mais
ignorante. Não percebe o professor que, fazendo uso da força contrária ao irreversível, ele
perde tempo e não faz dos recursos que condena aliados de sua prática, discutindo com o
aluno, sedento de saber e de reflexões, questões próprias de seu tempo.
Conforme abordagem de Pierre Levy (1998) a tecnologia é pharmacon, ou seja, nem
veneno, nem remédio, mas aquilo que se fizer dela.
No trabalho com o curso superior nas Universidades, percebemos a carência
existente nos alunos no que diz respeito a um maior aprofundamento no conhecimento de
sua própria língua e como lhes foi incutida pela vida afora a prática de uma língua
portuguesa correta e exemplar, não lhes dando sequer abertura para a aceitação de seu
uso coloquial.
É preciso, antes disso, observar e discutir essas mudanças que acontecem no
mundo da linguagem, fazendo vê-las como inerentes a uma evolução natural da língua e
como a leitura reflexiva é imprescindível nesse processo.
Referências Bibliográficas
 
FREIRE,Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo :
Autores associados/Cortez, 1987.
KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes, 1997.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo : Ática, 1997.
LUFT, Celso Pedro. Língua e Liberdade. São Paulo: Ática, 2003.
ORLANDI, Eni P.”A leitura proposta e os leitores possíveis” In: _______ (org.). A leitura e os
leitores. Campinas : Pontes, 1998.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica
(Coleção Linguagem e Educação), 1998.
Exercício 1:
O homem é competente para, diante de um texto, detectar quando ele está interrompido ou
completo e conseguir, no caso de estar interrompido, completá-lo. A essa capacidade dá-se o
nome de:
A)
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capacidade de escrever
B)
capacidade leitora
C)
competência produtora
D)
competência textual
E)
competência interativa
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários 
Exercício 2:
Assinale a alternativa correta:
A)
O repertório do leitor é um conceito que nada tem a ver com sua capacidade de compreender um texto nos seus
vários níveis.
B)
O repertório do leitor independe de sua formação social, religiosa, cultural, etc.
C)
Quanto maior o repertório do leitor, mais condições ele tem para identificar vários níveis de leitura.
D)
Quanto maior o repertório do leitor, menos condições ele tem para identificar vários níveis de leitura.
E)
Quanto maior o repertório do leitor, mais confusa se torna a compreensão que ele faz de um texto, uma vez que
ele pode confundir as informações.
Comentários:
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Exercício 3:
Leia a charge de Angeli e, em seguida, assinale a alternativa INCORRETA.
 
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 Essa charge pode ser considerada um texto:
A)
não-verbal, com uma mensagem que brinca sobre a falta de honestidade dos políticos do país.
B)
coerente, em que imagem e enunciado formam um todo significativo.
C)
coerente, pois o título tem relação com a imagem.
D)
que só gera humor se o leitor entender o contexto em que ele foi produzido.
E)
 incoerente, pois a imagem não está adequada ao título.
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários 
Exercício 4:
(Mackenzie-2004). 
Cá entre nós, homem gosta mesmo é de 
homem. Tem certos assuntos que ele só conversa 
com homens. Tem certos programas que ele só faz 
com homem. O homem só desabafa com outro 
homem. O homem nunca procura um ombro amigo 
na mulher. Não existe ombro amiga, já notou? Acho 
que o problema nosso é que existimos há milhares 
e milhares de anos, e a mulher só nasceu mesmo 
a partir do século XX, quando conseguiu o mínimo: 
votar. 
O texto acima autoriza dizer que:
A)
homens e mulheres só se preocuparam com seus direitos políticos a partir do século XX. 
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B)
há diferença entre existência biológica e nascimento político. 
C)
a mulher surgiu, na escala evolutiva das espécies, milhares de anos depois do homem. 
D)
homens e mulheres não compartilham programas nem assuntos, embora, em alguns momentos, desabafem uns
com os outros. 
E)
o fato de os homens preferirem a companhia masculina é positivo.
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários 
Exercício 5:
(MACK - 2004) 
1 "E se baratas, ratos, moscas e mosquitos fossem 
2 exterminados? O mundo seria bem menos nojento 
3 – essa é a opinião de muita gente. Mas pense bem: 
4 as conseqüências ruins seriam maiores que as 
5 boas. Lembre-se das aulas na escola sobre equilíbrio 
6 ecológico. Baratas, ratos, moscas e mosquitos 
7 são elos fundamentais da cadeia alimentar da qual 
8 você também faz parte. Por mais estranha que a 
9 idéia possa parecer, sua vida depende dos perni 
10 longos. 
11 Odair Correa Bueno dá um exemplo: “Larvas de 
12 mosquitos se alimentam de partículas em suspensão 
13 na água e também servem de comida para peixes. 
14 Sem essas larvas, muita matéria orgânica se 
15 acumularia nos rios e faltaria alimento para os pei 
16 xes”. 
Cláudia de Castro Lima
 
Assinale a alternativa CORRETA.
A)
O texto leva a concluir que o excesso de matéria orgânica nos rios impede os peixes de procurar alimentos.
B)
O exemplo oferecido (linhas 11-16) enfatiza que, em situações limites, pernilongos poderiam substituir os peixes
na dieta humana. 
 
C)
Baratas, ratos e mosquitos são nojentos, impopulares, mas essenciais para a sobrevivência humana, ao
contrário do que se pensa. 
 
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D)
 Baratas, homens e ratos são seres com status diferenciado quando o critério é o equilíbrio ecológico. 
E)
A maior parte da população, por ser escolarizada, tende a considerar primeiramente a importância ecológica de
ratos, baratas e moscas.
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Exercício 6:
(FUNDEC – MG- adaptada) Considerando-se que a produção de sentidos tem origem na relação dinâmica e
interativa entre o leitor e o texto, é CORRETO afirmar que ela se justifica porque o leitor
A)
aprecia o texto, reelabora sua organização e identifica estruturas sintáticas que compõem o arcabouço textual.
B)
encontra no texto, além da linguagem que domina, elementos que fazem parte do seu conhecimento de mundo.
C)
compreende o vocabulário que integra o texto e, por meio do discurso do autor, reconhece o sentido lexical
pretendido.
D)
conhece a gramática normativa e é capaz de explicitar regras gramaticais que conferem a qualidade do texto.
E)
decodifica os sinais lexicais presentes na superfície do texto.
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Exercício 7:
Com base na perspectiva dialógica de leitura, é correto afirmar:
A
 
A leitura é uma atividade na qual se leva em conta as experiências e os conhecimentos do
leitor.
B
 
A leitura de um texto exige que o leitor tenha apenas conhecimento do código lingüístico.
C
 
A leitura é uma atividade que exige do leitor o foco no texto, em sua linearidade.
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D
 
A leitura é entendida como a atividade de captação das idéias do autor, sem se levar em
conta as experiências e os conhecimentos do leitor.
E
 
A leitura, ao focar-se no autor do texto e nas suas intenções, centraliza no sentido
pretendido pelo autor, bastando ao leitor captar essas intenções.
A) 
B) 
C) 
D) 
E) 
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