Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Comunicação e Expressão Professora Esp. Lucimari de Campos Monteiro EduFatecie E D I T O R A Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Prof.ª Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.unifatecie.edu.br/site/ As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock https://orcid.org/0000-0001-5409-4194 2021 by Editora EduFatecie Copyright do Texto © 2021 Os autores Copyright © Edição 2021 Editora EduFatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora EduFatecie. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. EQUIPE EXECUTIVA Editora-Chefe Prof.ª Dra. Denise Kloeckner Sbardeloto Editor-Adjunto Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Assessoria Jurídica Prof.ª Dra. Letícia Baptista Rosa Ficha Catalográfica Tatiane Viturino de Oliveira Zineide Pereira dos Santos Revisão Ortográ- fica e Gramatical Prof.ª Esp. Bruna Tavares Fernades Secretária Geovana Agostinho Daminelli Setor Técnico Fernando dos Santos Barbosa Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt www.unifatecie.edu.br/ editora-edufatecie edufatecie@fatecie.edu.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP M775c Monteiro, Lucimari de Campos Comunicação e expressão / Lucimari de Campos Monteiro. Paranavaí: EduFatecie, 2021. 69 p. : il. Color. ISBN 978-65-87911-36-6 1. Língua portuguesa - Gramática. 2. Linguagem e línguas - uso. I. Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná - UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD : 23 ed. 469.798 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 https://doi.org/10.33872/edufatecie.formsociocultural.2019 AUTORA Professora Lucimari de Campos Monteiro ● Pós-graduada em Docência do Ensino Superior (Faveni – ES) ● Especialista em Marketing, Novas Mídias e Redes Sociais (UNIARA - SP) ● Licenciada em Letras Português-Inglês (FIRA – SP) ● Professora Conteudista – UniFatecie Link do Currículo Lates: http://lattes.cnpq.br/3060516310351242 Possui experiência como docente no Ensino Fundamental II e Médio nas disciplinas de Gramática, Literatura e Redação. No ensino superior atuou como docente nos cursos de Letras, Agronomia, Engenharia Civil, Jornalismo, Publicidade e Administração, nas discipli- nas de Comunicação Empresarial, Linguística, Mídia, Análise e Produção de texto, e outras da área da comunicação e educação, no interior de São Paulo. Atuou, ainda, em Agências de Publicidade no Paraná como redatora de peças publicitárias. Possui experiência com correção das Redações do ENEM, revisão de textos acadêmicos em geral e Trabalhos de Conclusão de Curso. APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), se você é alguém que gosta de estudar a língua portuguesa em todos os seus aspectos, isso já é o início de uma grande caminhada que vamos fazer juntos a partir de agora. Proponho, junto com você, construir nosso conhecimento sobre caracterís- ticas da comunicação e formas de expressão abrangendo os mais variados âmbitos. Na Unidade I começaremos a nossa jornada pelo conceito de comunicação baseado nas relações humanas, depois, ainda na mesma unidade falaremos sobre Comunicação e interação pela linguagem e apontaremos os elementos de interação para que seja possível o ato comunicativo. Já na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre os elementos de co- municação e vamos conhecer os aspectos socioculturais da fala e da escrita. Apontaremos, ainda, as relações e distanciamento entre oralidade e escrita, evidenciando características pertinentes aos aspectos do texto oral e do texto escrito, bem como sua utilização e dife- renças evidentes. Já nas Unidades III e IV vamos dar continuidade aos conceitos, mas focando nas ques- tões formais do uso da língua portuguesa, trazendo a Frase como unidade de composição, o Texto como unidade de sentido e o Gênero discursivo como produto da interação verbal. Na unidade IV finalizaremos nosso assunto sobre comunicação e expressão com o foco em produção textual, principiando pelos Critérios de textualidade, para que seja possível entender como se dá a construção textual, e depois partindo para os aspectos gerais de textos escritos e orais da esfera acadêmica, evidenciando suas características e respectivas diferenças. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigada e bom estudo! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 Conceitos de Comunicação UNIDADE II ................................................................................................... 18 Linguagem Oral X Linguagem Escrita UNIDADE III .................................................................................................. 33 Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa UNIDADE IV .................................................................................................. 51 Produção Textual 3 Plano de Estudo: ● Comunicação nas relações humanas; ● Comunicação e interação pela linguagem; ● Elementos da interação pela linguagem. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar as várias maneiras de comunicação; ● Compreender como se dá o processo comunicativo. UNIDADE I Conceitos de Comunicação Professora Esp. Lucimari de Campos Monteiro 4UNIDADE I Conceitos de Comunicação INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a), a partir de agora vamos embarcar em uma viagem pelo conhecimento. Nesta unidade vamos conhecer o conceito de comunicação e linguagem, passando pelos caminhos das funções da linguagem e embarcando nos estudos de Jakobson, linguista do século XX. Por meio dos seus estudos pudemos conhecer os elementos essenciais do processo de comunicação e nos aprofundarmos no que temos hoje sobre referência na temática. Bons estudos e vamos nessa! 5UNIDADE I Conceitos de Comunicação 1. COMUNICAÇÃO NAS RELAÇÕES HUMANAS Comunicação pode ser entendido como todo o processo em que há troca de infor- mações entre duas ou mais pessoas. Temos comunicação em todos os lugares, seja por meio de publicidades expostas nas ruas, nos smartphones, na internet de modo geral, na tv, enfim, respiramos comunicação. Mas quando pensamos em comunicação entre pessoas que convivem ou que estabelecem algum vínculo de contato, temos as relações humanas, ou interpessoais, que pode ser no ambiente de trabalho, escolar,acadêmico, familiar, amoroso etc. O processo comunicativo mostra que para que haja interação e reconhecimento da mensagem, é necessário relação. Quando se fala em relação pode-se apontar as mais variadas formas de se relacionar e de se fazer entendido em um ato comunicativo, afinal, relação é o reflexo de interação que há entre pessoas, e pessoas possuem as mais variadas formas de se expressar. As relações interpessoais podem ser entendidas como aquelas em que se esta- belecem trocas, sejam de experiências, de mensagens, de atos, de diálogos e de todo e qualquer canal e forma de emitir e receber informação. Mantém-se relação afetiva, amorosa, profissional e pessoal, e entre todas não há como classificar o grau de importância, todas são, em algum momento, importantes nas suas devidas proporções e intensidades. Por isso, manter uma relação é viajar no interior do outro, é tentar se fazer enten- dido quando o processo de conhecimento do lado de lá está apenas em seu início e para 6UNIDADE I Conceitos de Comunicação que a comunicação se estabelece é necessário, segundo Sabino (2017, on-line), a empatia, entre outras coisas: As principais diretrizes para a comunicação eficiente são empatia, para isso o emissor precisa entrar ‘inteiro’ no processo comunicativo e o mesmo também precisa ser sensível ao comportamento do receptor. O processo de comuni- cação necessita, no mínimo, de seis elementos: emissor, mensagem, recep- tor, referência, canal e um código conhecido por ambos. O caminho, então, para o sucesso das relações interpessoais é entendido quando o processo comunicativo consegue desenvolver-se do início ao fim sem que haja quebra ou ruídos que o impeçam de acontecer, assim, a mensagem será passada de forma clara e eficaz. Entendamos como ruído tudo o que for capaz de atrapalhar o processo comuni- cativo. Podem ser situações simples, como barulho, conversas, trânsito, música alta, ou algo mais grave, como defeitos em aparelhos eletrônicos, ou mesmo problemas auditivos. Em qualquer uma das situações apresentadas há ruídos, há algo que está atrapalhando o sucesso da mensagem, por isso, ela não chega com eficiência ao seu destino final. Pensando no âmbito corporativo, é preciso entender que as camadas e setores de uma empresa precisam estar sempre em harmonia para que essa relação interpessoal seja feita de forma natural e positiva, afinal todas elas são formadas por colaboradores com intenções e opiniões diversas e é aí que o trabalho em equipe deve acontecer de forma que beneficie a todos. Quando os colaboradores se sentem bem no ambiente em que trabalham, têm acesso aos seus superiores de forma respeitosa e mantêm a hierarquia em funcionamento, tudo se estabelece de maneira saudável, pois a comunicação não foi afetada e é possível avaliar onde os erros estão acontecendo e traçar estratégias para que os problemas sejam resolvidos. Nas suas devidas proporções, cada empresa deve manter esse ato comunicativo e essa abertura de diálogo entre seus colaboradores, para que problemas maiores e futuros sejam resolvidos ainda na sua origem. 7UNIDADE I Conceitos de Comunicação 2. COMUNICAÇÃO E INTERAÇÃO PELA LINGUAGEM A comunicação por meio da linguagem pode acontecer das mais variadas maneiras. Primeiramente, vamos conceituar linguagem: tudo o que fazemos com o objetivo de emitir uma informação, pode ser gesto, palavra, sons, imagens etc. Se temos vários tipos de linguagem, significa que temos várias opções de comuni- cação ou várias maneiras de estabelecer essa comunicação, tudo vai depender do contexto inserido. Vamos pensar na língua portuguesa como se fosse uma roupa. Se você está se preparando para uma festa de gala, vai trajar as peças necessárias para tal evento, mas se o seu evento for casual, você usará peças que correspondam com a realidade do que você participará. Assim também acontece com a nossa forma de comunicar e de se expressar, se você está em uma conversa entre amigos, se sentirá mais à vontade, já em um local que exija um discurso formal, sua postura será diferente. Em língua portuguesa temos o estudo das funções da linguagem, tais funções existem para que sejam analisados o ponto de partida de quem produz a mensagem e cada uma delas possui um objetivo. No tópico seguinte vamos conhecer um pouco sobre os elementos essenciais do processo de comunicação, tais elementos estão diretamente ligados às funções da lingua- gem que vamos conhecer agora. Vejamos: 8UNIDADE I Conceitos de Comunicação A nível de curiosidade (pois o aprofundamento se dará a seguir) os elementos essenciais são: emissor, receptor, mensagem, código, canal e referente. As funções da linguagem são: ● Função referencial: tem como objetivo informar, seu foco está no contexto da situação; ● Função emotiva: está diretamente ligado ao emissor, pois é ele quem produz a emoção do que será dito; ● Função apelativa: como o próprio nome diz, apela para algo, tenta convencer sobre alguma coisa; ● Função poética: é a escolha das palavras certas para produzir o efeito poético nos textos; ● Função metalinguística: tenta explicar o código através dele mesmo, o melhor exemplo é o dicionário... palavras falando de palavras; ● Função fática: é a conversa “de elevador”, “de fila do banco”, aquela rápida e que fazemos por educação no dia a dia. Cada uma das funções está associada com os elementos da comunicação que vimos. Vejamos na figura a seguir de forma mais clara: FIGURA 1 - FUNÇÕES DA LINGUAGEM X ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO Fonte: a autora. Fica evidente, portanto, que as funções da linguagem estão diretamente ligadas aos elementos da comunicação, por isso, usamos todos os dias e a todo o momento sem perceber. Função Referencial: Referente Função Poética: Mensagem Função Metalinguística: Código Função Fática: Canal Função Apelativa: Receptor Função Emotiva: Emissor 9UNIDADE I Conceitos de Comunicação O que não se pode deixar de analisar, na verdade, é a forma como cada uma dessas funções da linguagem estão sendo usadas no dia a dia. Ouvir com calma o que o outro tem a dizer antes de responder é sempre uma boa alternativa para que não haja problemas na comunicação e nenhum tipo de equívoco de interpretação. Podemos tomar como lição, ainda, a antiga brincadeira infantil “telefone sem fio” para entender como os ruídos podem atrapalhar também o processo comunicativo. Por isso, é sempre bom manter a calma, falar devagar e tentar passar para frente apenas o que você tem certeza que é verdade. 10UNIDADE I Conceitos de Comunicação 3. ELEMENTOS DA INTERAÇÃO PELA LINGUAGEM Falar em comunicação é sempre uma atividade de reflexão e busca por conceitos, afi- nal encontramos informações o tempo todo, em todos os lugares e das mais variadas maneiras. Mas já parou para pensar como se dá esse processo de troca de informações? Para que você receba uma mensagem é preciso que alguém tenha enviado esse conteúdo. Isso acontece tão automaticamente desde que nascemos que, possivelmente, você nunca tenha parado para analisar de onde vem esse processo comunicativo ou como ele funciona de fato. Antes de nos aprofundarmos no assunto vamos ver o que o dicionário on-line Michaelis nos traz como definição para a palavra linguagem: “qualquer meio sistemático de comunicar ideias ou sentimentos por meio de signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais etc.” ou ainda “Conjunto de sinais falados, escritos ou gesticulados de que se serve o homem para exprimir esses pensamentos e sentimentos”. Diante das definições que acabamos de saber fica evidente que linguagem é tudo o que podemos usar para nos comunicar, emitir e receber mensagens. No final da década de 1960, um linguista russo chegou ao Brasil e começou seu contato com a Língua Portuguesa, Roman Jakobson deixou um legado importantíssimode estudos e é considerado um dos mais importantes nomes da linguística do século XX. A partir de seus estudos foi possível identificar como se organizava esse processo comunica- tivo e principalmente como as funções da linguagem seriam estabelecidas. 11UNIDADE I Conceitos de Comunicação Para estabelecer as funções da linguagem, Jakobson tomou por referência três funções básicas da língua propostas por Karl Buhler - função expressiva; função conativa; função de representação -, e também os fatores constitu- tivos do ato de comunicação verbal. Como fatores constitutivos, o linguista apresenta: 1) remetente (codificador); 2) mensagem; 3) destinatário (decodi- ficador); 4) contexto (ao qual se faz referência durante a comunicação e deve ser de possível compreensão ao destinatário); 5) código (deve ser parcial ou totalmente comum ao remetente e ao destinatário); e, 6) contato (canal físico a partir do qual se estabelece a comunicação; envolve também uma conexão psicológica entre remetente e destinatário) (WINCH; NASCIMENTO, 2012, p. 221). Vamos agora conhecer com mais detalhes cada um desses seis itens estabelecidos por Jakobson: 1. O remetente ou emissor (codificador) Entende-se remetente como o indivíduo, grupo ou até mesmo organização que deseja se comunicar, em outras palavras é aquele que vai, de fato, emitir uma mensagem. Essa preparação da mensagem, inserção no meio correto, forma como ela se organizará e todos os elementos que a compõe diz respeito somente ao remetente, ou seja, a quem vai se pronunciar a respeito de algo. 2. Mensagem A codificação é mais um dos elementos essenciais, é por meio dela que a mensa- gem, através de códigos e símbolos, é elaborada, podendo ser transmitida. Vale lembrar que quando se fala em códigos e símbolos fala-se em tudo que pode ser passível de entendimento, nisso inclui-se: palavras, números, imagens, sons ou gestos e movimentos físicos. É nesse momento que o emissor codifica, ou seja, transforma a mensagem em símbolos que o receptor seja capaz de decodificar, que é o entender de forma correta e adequadamente – emissor e receptor devem atribuir o mesmo sentido aos símbolos. 3. Destinatário ou receptor (decodificador) Já a decodificação é o processo pelo qual aquele que recebe a mensagem, chama- do de destinatário ou receptor, interpreta, ou seja, decodifica os símbolos existentes que dão origem à mensagem. Ele utiliza seu conhecimento a sua experiência para entender os símbolos da mensagem; em alguns casos, pode consultar uma autoridade, como um dicionário ou um livro de códigos. É somente no estágio da decodificação que o receptor se torna mais ativo. O significado que ele atribui aos símbolos pode ser igual ou diferente daquele planejado pelo emissor. Se os significa- dos diferirem, a comunicação é quebrada e a má interpretação, provável. (LACOMBE, 2005, p. 15). É ele que de fato recebe a mensagem, esse recebimento pode ser intencional ou não. 12UNIDADE I Conceitos de Comunicação 4. Contexto ou referente O referente é tudo o que está em torno da mensagem e deve ser de conhecimento de destinatário e remetente. A mensagem só será de fato completa se os dois compartilharem do mesmo entendimento. 5. Código É a maneira pelo qual a mensagem se organiza, ou seja, pode ser através de palavras (escritas ou faladas), gestos, expressões faciais ou corporais, mímica etc. 6. Canal Outro fator determinante no processo comunicativo é a transmissão que, em termos gerais, pode ser entendido como o processo pelo qual os símbolos que representam a mensagem são mandados ao seu receptor. Há ainda a possibilidade de denominar transmissão como canal, ou seja, trata-se do meio em que a mensagem se organizará para chegar ao seu receptor. O canal pode ser entendido como as mais variadas formas de caminho com diferentes capacidades de transmissão de informações, como exemplo: bilhete de papel, mensagem em rede social, mensagem via SMS, diálogo, conversa em grupo etc. Veja na Figura 2 como esses elemen- tos se relacionam: FIGURA 2 - ELEMENTOS ESSENCIAIS DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO Fonte: a autora. Fica evidente, portanto, que para que seja possível uma comunicação completa e eficaz todos os seis elementos estipulados por Jakobson precisam estar em harmonia. Quando um deles não se encaixa no todo há uma quebra no processo comunicativo e a mensagem é quebrada, chegando de forma equivocada, causando ambiguidade, interpre- Referente Mensagem Código Canal ReceptorEmissor 13UNIDADE I Conceitos de Comunicação tações erradas, entre tantos outros problemas sérios que podem acontecer por falta de uma comunicação eficaz. Por isso, é extremamente importante que a comunicação nas relações pessoais, principalmente familiar e profissional, se estabeleça adequadamente evitando prejuízos dos mais variados. SAIBA MAIS Comunicação: publicidade ou propaganda? Já parou para pensar qual é a diferença entre os dois termos? É notório que o tempo todo a sociedade está exposta a um bombardeio de informações, e quando se fala em informação pode-se citar os mais variados meios e formas para que esta se propague. A propaganda existe para propagar uma ideia e a publicidade tem o objetivo de fazer com que um produto ou serviço seja vendido. Baseado nesses conceitos é possível perceber como dia após dia há uma exposição exacerbada de fotos, vídeos, textos, imagens e todo e qualquer tipo de conteúdo que é possível compartilhamento. Tudo é comunicação, mas cada um deles cumpre com o seu objetivo. Enquanto a pro- paganda visa passar informações, a publicidade visa a venda, o lucro. Fonte: a autora. REFLITA “O mais importante na comunicação é ouvir o que não foi dito” (PETER DRUCKER). 14UNIDADE I Conceitos de Comunicação CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade conhecemos os conceitos de comunicação e linguagem e pudemos aprender também sobre a teoria de Jakobson e como sua contribuição para aos estudos da comunicação foi importante. As funções da linguagem estão diretamente ligadas com os elementos essenciais do processo de comunicação, cada um deles faz referência a um elemento e se completa de alguma forma no ato comunicativo. Espero que este tenha sido um tempo de bons estudos e aprendizado. Até mais! 15UNIDADE I Conceitos de Comunicação LEITURA COMPLEMENTAR É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que você quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um... como é mesmo o nome? “Posso ajudá-lo, cavalheiro?” “Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...” “Pois não?” “Um... como é mesmo o nome?” “Sim?” “Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.” “Sim senhor.” “O senhor vai dar risada quando souber.” “Sim senhor.” “Olha, é pontuda, certo?” “O quê, cavalheiro?” “Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra volta, só que está e mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Enten- de?” “Infelizmente, cavalheiro...” “Ora, você sabe do que eu estou falando.” “Estou me esforçando, mas...” “Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo?” “Se o senhor diz, cavalheiro.” “Como, se eu digo? Isso já é má vontade. Eu sei que é pontudo numa ponta. Posso não saber o nome da coisa, isso é um detalhe. Mas sei exatamente o que eu quero.” “Sim senhor. Pontudo numa ponta.” “Isso. Eu sabia que você compreenderia. Tem?” “Bom, eu preciso saber mais sobre o, a, essa coisa. Tente descrevê-la outra vez. Quem sabe o senhor desenhapara nós?” “Não. Eu não sei desenhar nem casinha com fumaça saindo da chaminé. Sou uma nega- ção em desenho.” 16UNIDADE I Conceitos de Comunicação “Sinto muito.” “Não precisa sentir. Sou técnico em contabilidade, estou muito bem de vida. Não sou um débil mental. Não sei desenhar, só isso. E hoje, por acaso, me esqueci do nome desse raio. Mas fora isso, tudo bem. O desenho não me faz falta. Lido com números. Tenho algum problema com os números mais complicados, claro. O oito, por exemplo. Tenho que fazer um rascunho antes. Mas não sou um débil mental, como você está pensando.” “Eu não estou pensando nada, cavalheiro.” “Chame o gerente.” “Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que chegaremos a um acordo. Essa coisa que o senhor quer, é feito do quê?” “É de, sei lá. De metal.” “Muito bem. De metal. Ela se move?” “Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É assim, assim, dobra aqui e encaixa na ponta, assim.” “Tem mais de uma peça? Já vem montado?” “É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço.” “Francamente...” “Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo, vem vindo, outra volta e clique, encaixa.” “Ah, tem clique. É elétrico.” “Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar.” “Já sei!” “Ótimo!” “O senhor quer uma antena externa de televisão.” “Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo...” “Tentemos por outro lado. Para o que serve?” “Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você enfia a ponta pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa.” “Certo. Esse instrumento que o senhor procura funciona mais ou menos como um gigan- tesco alfinete de segurança e...” “Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança!” “Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro!” “É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... um... Como é mesmo o nome?” Fonte: Veríssimo (1982, p. 35-37). 17UNIDADE I Conceitos de Comunicação MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: O corpo fala Autor: Pierre Weil e Roland Tompakow Ano: 2015 Editora: Vozes Sinopse: O livro tenta desvendar a comunicação não-verbal do corpo humano, primeiramente analisando os princípios subterrâ- neos que regem e conduzem o corpo. A partir desses princípios aparecem as expressões, gestos e atos corporais que, de modos característicos estilizados ou inovadores, expressam sentimentos, concepções, ou posicionamentos internos. Acompanham 350 ilustrações. FILME/VÍDEO Título: Cidadão Kane Ano: 1941 Sinopse: O longa narra a ascensão de Charles Foster Kane, um mito da comunicação norte-americana. De garoto pobre do interior a magnata mundial de um império do jornalismo e da publicidade, a história da personagem é contada a partir da sua morte. Um jor- nalista recebe a tarefa de investigar qual era, afinal, o significado da última palavra proferida por Kane: “Rosebud”. Inspirado na vida do milionário William Randolph Hearst, é um filme obrigatório para qualquer profissional da área. Uma referência sobre como criar uma narrativa eficaz. 18 Plano de Estudo: ● Aspectos socioculturais da fala e da escrita; ● Relações e distanciamento entre oralidade e escrita; ● Aspectos do texto oral e do texto escrito. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar as várias maneiras de comunicação; ● Compreender como se dá o processo comunicativo. UNIDADE II Linguagem Oral X Linguagem Escrita Professora Esp. Lucimari de Campos Monteiro 19UNIDADE II Linguagem Oral X Linguagem Escrita INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a), a partir de agora vamos embarcar em uma viagem pelo conhecimento. Nesta unidade vamos conhecer o conceito de comunicação e linguagem e também a diferença da linguagem oral e escrita, bem como entender a origem da escrita e como ela está diretamente relacionada à fala no processo comunicativo. Pensar em comunicação e expressão é pensar e analisar como as linguagens verbais e não verbais se relacionam e como essa aplicação acontece em sala de aula. Por isso, teremos nesta unidade dicas de como analisar textos da oralidade e textos escritos. É importante, portanto, lembrar que essa mistura dos gêneros textuais é importantíssima para que o processo de ensino e aprendizagem seja ainda mais completo. Bons estudos e vamos nessa! 20UNIDADE II Linguagem Oral X Linguagem Escrita 1. ASPECTOS SOCIOCULTURAIS DA FALA E DA ESCRITA A origem da escrita é datada em 3500 anos a.C. e seus primeiros registros podem ser encontrados na Mesopotâmia com a escrita cuneiforme, como ficou conhecida. Um emaranhado de símbolos e figuras que deram início à escrita e que foi fundamental para os registros da época. Sua principal função era registrar tudo que estava relacionado à administração e contabilidade, e seus mais de dois mil símbolos eram fundamentais para tais registros. Um pouco depois da escrita cuneiforme, é inventada a escrita egípcia, os hieróglifos. Hieróglifo (ηιερογλυφικοσ) quer dizer, literalmente, gravura sagra- da. A escrita nasce, no Egito, não a serviço do comércio, como aconteceu com outras escritas, mas de um poder onde o religioso e o político são in- dissociáveis; lá, é considerada como um dom de Deus e uma vocação que garante a ordem do mundo (ROJO, 2006, p. 12). Tempos depois, a escrita egípcia nasce com o objetivo religioso, não comercial como se tinha até então. Essa transformação da história da humanidade foi um verdadeiro divisor de águas, afinal o que temos de registros mais precisos hoje foram aqueles que passaram a ser registrados pós-escrita. Já a escrita como transcrição ou representação da fala se deu ao longo dos tempos com a tentativa de representar aquilo que se queria dizer, essa evolução no processo de comunicação foi, obviamente, sendo modificada e se alterando ao longo dos anos. O que de fato nos interessa aqui é a forma como a escrita acontece no processo de ensino aprendizagem e como a fala está aliada em todo esse contexto comunicacional. 21UNIDADE II Linguagem Oral X Linguagem Escrita Tudo se passa como se a escrita já tivesse sido inventada antes de ser posta em relação com a língua, antes de ser fonetizada: o advento da escrita é o advento de algo que já é a escrita (considerando que a sua característica fundamental é o isolamento de um traço significante através da grafia) e que, depois de uma evolução lenta e descontínua, acaba por poder servir de su- porte ao som (BARTHES; MARTY, 1987, p. 32). Em termos gerais podemos dizer que a fala e a escrita são elementos da comuni- cação que se estabelecem da seguinte maneira: ● Modalidade oral e escrita; ● Registro formal e informal; ● Variedade padrão e não-padrão. Por meio das modalidades podemos identificar a linguagem expressa da seguinte maneira: ● Oral: linguagem falada (espontânea); ● Escrita: linguagem que se utiliza de signos (planejada). Quando falamos sobre registros estamos nos referindo ao: ● Formal: normalmente utilizado na escrita, mas há casos em que se utiliza a formalidade, como um discurso presidencial, por exemplo; ● Informal: a conversa do dia a dia, a troca de informações com pessoas que você convive e que não há exigência de formalidade. Já sobre a variedade, temos: ● Padrão: que é aquele estabelecido pela gramática e chamado também de norma culta, possuindo maior prestígio social; ● Não padrão: que é a linguagem do dia a dia e que não se remete à gramática para as construções. Outra forma de conhecermos os aspectos socioculturais da língua é entendendo algumas variações que ela tem. Vejamos: ● Variação histórica: como o próprio nome sugere, é aquela que sofreu variações e se transformou ao longo do tempo. Temos vários exemplos desse acontecimento, como as palavras: pharmácia/farmácia; vosmecê/você; entre tantas outras; ● Variação Regional: de acordocom determinada região é possível identificar diferença no uso de algumas palavras, como, por exemplo: a palavra mandioca, que em certas regiões é usada como macaxeira; e abóbora, que é conhecida como jerimum; 22UNIDADE II Linguagem Oral X Linguagem Escrita ● Variação Social: pertence a um grupo seleto e específico de pessoas, ou seja, corresponde às gírias e costumes de um determinado grupo, e também pode ser uma linguagem utilizada pelas pessoas de maior prestígio social. Nesse aspecto da variação encontramos os jargões, que pertencem a uma classe profissional mais específica, como, por exemplo, os médicos, os profissionais da informática, policiais etc. É válido ressaltar que a linguagem escrita e a linguagem falada se difere quanto ao seu uso, ou seja, enquanto uma é individual (fala) a outra é social (escrita), mas veremos tais informações com maior precisão nos próximos tópicos. 23UNIDADE II Linguagem Oral X Linguagem Escrita 2. RELAÇÕES E DISTANCIAMENTO ENTRE ORALIDADE E ESCRITA Falar em oralidade e escrita é muito bom para que seja possível identificar o que é característica de um tipo de texto e de outro. Primeiramente, vamos definir a oralidade e a escrita enquanto comunicação: ● Oralidade: forma de se comunicar por meio da fala, expondo opiniões, argu- mentos e considerações sobre um determinado assunto e em um determinado contexto comunicativo. É espontânea, requer domínio apenas da fala e é preciso que o receptor da mensagem esteja dentro do contexto da mensagem para que haja entendimento; ● Escrita: no contexto comunicativo a escrita é tudo aquilo que se utiliza de pala- vras escritas, seja um bilhete, um texto maior, uma narração ou qualquer elemento que faça uso de palavras. A combinação de várias palavras dá origem a uma frase/oração, várias frases a um parágrafo e vários parágrafos em um texto. A principal diferença, então, da linguagem oral e da linguagem escrita é que na oralidade usamos a fala e na escrita usamos palavras para que haja comunicação. Pensando no contexto escolar, em que há o aprendizado de tipos de textos e lin- guagens, as linguagens oral e a escrita se distanciam pelas suas características, mas se unem no ato comunicativo. Temos, então, dois tipos de linguagem: a verbal e a não verbal: 24UNIDADE II Linguagem Oral X Linguagem Escrita ● Linguagem verbal: é aquela em que se utilizam palavras para o ato comunica- tivo, pode ser expressada através da fala ou da escrita, por um diálogo ou por um bilhete, enfim, tudo o que se utiliza palavras como principal meio de comunicação; ● Linguagem não verbal: já a linguagem não verbal é aquela em que há o pro- cesso comunicativo, há contexto e referente, mas não há utilização de palavras como forma de transmissão de informação. A linguagem não verbal acontece muito quando: ● Não é viável a escrita em determinadas situações, como as placas de trânsito e o semáforo; ● Expressões faciais; ● Gestos; ● Mímicas; ● Fotos; ● Imagens; ● Desenhos. Ou seja, a linguagem não verbal pode ser utilizada em situações em que não é recomendado o uso de palavras ou mesmo quando não há condições de seu uso, seja por qual motivo for. Portanto, a relação entre a oralidade e a escrita se estabelece em determinadas situações. Se o foco do estudo e da análise for uma situação de comunicação, como um diálogo, por exemplo, será possível identificar o uso da linguagem oral e verbal através das palavras, bem como em momentos específicos o uso da linguagem não verbal através de expressões e gestos. Pode acontecer ainda, e é muito comum durante um diálogo, que haja mistura dos dois tipos de linguagem, enquanto se fala algo, se representa com mímica ou enfatiza com gestos e expressões durante a fala. Já quando o foco de estudo e de análise for textual, pensando agora em um contex- to escolar, o que se deve sempre levar em consideração é que os textos escritos possuem suas características voltadas para a gramática tradicional ou a gramática normativa. Nessa gramática, as regras que se exigem na construção do texto se baseia nor- malmente em: ● Coesão; ● Coerência; ● Intertextualidade; ● Denotação; 25UNIDADE II Linguagem Oral X Linguagem Escrita ● Conotação; ● Figuras de linguagem; ● Figuras de pensamento. Esses itens são imprescindíveis para a construção correta do seu texto, seja de qual gênero ou tipo for. É válido ressaltar que temos: Tipos textuais: ● Narração; ● Descrição; ● Dissertação; ● Injuntivo. Gêneros textuais: ● Artigo de opinião; ● Autobiografia; ● Biografia; ● Carta de leitor; ● Carta de solicitação; ● Conto de fadas; ● Entrevista; ● Relato de viagem; ● Relato histórico; ● Relatório científico; ● Resenhas críticas; ● Romance; Percebe-se, portanto, que os tipos são apenas quatro, mas os gêneros são infinitos e estão diretamente relacionados aos tipos, por exemplo, a Fábula é um gênero textual que pertence ao tipo “narração”. ● Fábula; ● Lenda; ● Ficção científica; ● Palestra; ● Piada; ● Regulamento. ● Conto maravilhoso; ● Conto; ● Curriculum vitae; ● Diário; ● Editorial; ● Ensaio; 26UNIDADE II Linguagem Oral X Linguagem Escrita 3. ASPECTOS DO TEXTO ORAL E DO TEXTO ESCRITO Estudar os gêneros textuais e os tipos de textos na escola é sempre um grande desafio, afinal são inúmeras opções e formatos que podemos trabalhar em sala de aula e abordar os seus mais variados aspectos. Mas quando falamos em texto, talvez a primeira ideia que nos venha à mente são as características do texto narrativo, que acaba sendo um dos mais usados, de fato, em sala. Mas e os textos orais? Você tem proximidade com os gêneros que pertencem a essa esfera? Muitas vezes o material que nos é proposto para trabalhar em sala nos engessa e não permite muitas aberturas, mas quando há possibilidades de incorporar outros gêneros textuais, ou mesmo realizar uma boa mistura do verbal e do não verbal, certamente teremos um resultado no mínimo interessante. O texto oral é aquele do dia a dia, é a conversa, a troca de informações, as histórias que as crianças – principalmente as do ensino fundamental I – adoram contar, aquilo que vivenciaram e aquilo que gostam de compartilhar. Mas enquanto tipos de texto, temos o seminário, por exemplo, como um texto da oralidade. O que não se pode em momento algum é desprezar os tipos de textos que existem da linguagem oral e achar que, por serem exatamente da oralidade, não depreende regras ou ao menos instruções. Outro fator importantíssimo e que merece nossa atenção é sempre levar em consi- deração o conhecimento empírico, prévio, a bagagem que seu aluno traz de casa, sua forma de pensar, agir e, consequentemente, transposto no seu falar e maneira de se expressar. 27UNIDADE II Linguagem Oral X Linguagem Escrita Por isso, temos a realidade da escola em que: [...] O uso, pelos alunos provenientes das camadas populares, de variantes linguísticas social e escolarmente estigmatizadas provoca preconceitos lin- guísticos e leva a dificuldades de aprendizagem, já que a escola usa e quer ver usada a variante-padrão socialmente prestigiada (SOARES, 1989, p. 17). Há aqui um delicado e tênue limite entre o que é “certo e errado”. Essa concepção se dá através do estudo da Gramática normativa que temos no ambiente escolar. Tais regras se estabelecem para que a forma padrão da língua portuguesa seja aprendida pelos alunos e colocada em prática na construção de textos escritos, normalmente tudo o que é padrão e formalizado, como documentos, redações, processos de seleção de vestibulares e concursos. O que acontece, de fato, é que os alunos têm acesso durante sua vida escolar, a partir das regras gramaticais, às divisões em classes e todas às características e pré-requi- sitos que a língua exige na construção textual. Com o surgimento dos estudos do texto, o enfoque vai deixandode fixar- se apenas no produto e se desloca para o processo. A linguagem deixa de ser vista como mera verbalização e passa a ser incorporada, nas análises tex- tuais, a observação das condições de produção de cada atividade interacio- nal. A elaboração do texto escrito – assim como do oral – envolve um objetivo ou intenção do locutor. Contudo, o entendimento desse texto não diz respeito apenas ao conteúdo semântico, mas à percepção das marcas de seu proces- so de produção. Essas marcas orientam o interlocutor no momento da leitura, na medida em que são pistas linguísticas para a busca do efeito de sentido pretendido pelo produtor (PAULA, 2018, on-line). Portanto, fica evidente que os aspectos dos textos orais se diferenciam dos textos escritos. Enquanto na oralidade temos alguns tipos de textos mais voltados para o público, na escrita essas características aumentam. Vejamos alguns tipos de gêneros orais: ● discussão em grupo: coloca-se um tema em discussão e os integrantes do grupo expõem sua opinião baseados em argumentos; ● exposição oral: normalmente acontece de forma individual e há a exposição so- bre um assunto que foi estudado previamente, pode ser utilizado em ambiente corporativo ou acadêmico; ● seminário: muito utilizado na apresentação de trabalhos acadêmicos ou escola- res, o seminário possui características específicas em que são avaliados: postura, tom de voz, organização do conteúdo pelo grupo etc.; ● entrevista oral: perguntas e respostas, elas podem se dividir em espontâneas ou direcionadas através de perguntas previamente formuladas pelo entrevistador; ● debate regrado: com um mediador sempre à frente, o debate possui temática específica e tem o objetivo de expor um assunto de interesse coletivo. 28UNIDADE II Linguagem Oral X Linguagem Escrita Já os textos escritos são vários e as características mudam de acordo com a finali- dade e o objetivo de cada um deles. Vejamos alguns: ● Narração: os textos narrativos podem se subdividir em romance, novela, conto, crônica, fábula, parábola, entre outros. Cada um deles possui características distintas, mas a base é a narração, é o contar algo; ● Descrição: detalhamento de um personagem, de um cenário ou mesmo de um acontecimento. Essa descrição pode ser ainda física ou psicológica, tudo depende de quem conta e de qual ângulo está observando os acontecimentos; ● Injuntivo: e o texto instrucional, normalmente encontrado em bulas de remédios, manuais de produtos novos, editais etc.; ● Dissertação: argumentativo ou expositivo, é o tipo de texto mais solicitado em vestibulares e no ENEM. Dissertar é o mesmo que “falar sobre”, seja apenas expondo ou argumentando sobre a temática. Os textos orais e escritos se diferem por terem objetivos distintos, mesmo dentro das características de um ou de outro, os objetivos são muito específicos e a sua utilização também. Portanto, os gêneros e tipos textuais são muito diferentes e usados para finalidades específicas, tudo depende do seu objetivo. SAIBA MAIS Língua falada e língua escrita Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois meios de comunicação dis- tintos. A escrita representa um estágio posterior de uma língua. A língua falada é mais espontânea, abrange a comunicação linguística em toda sua totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas vezes por mímicas, incluindo-se fisionomias. A língua escrita não é apenas a representação da língua falada, mas sim um sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta com o jogo fisionômico, as mímicas e o tom de voz do falante. No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa, mas existem usos diferentes da língua devido a diversos fatores. Dentre eles, destacam-se: 29UNIDADE II Linguagem Oral X Linguagem Escrita Fatores regionais: é possível notar a diferença do português falado por um habitante da região nordeste e outro da região sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma região, também há variações no uso da língua. No estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, há diferenças entre a língua utilizada por um cidadão que vive na capital e aquela utili- zada por um cidadão do interior do estado. Fatores culturais: o grau de escolarização e a formação cultural de um indivíduo tam- bém são fatores que colaboram para os diferentes usos da língua. Uma pessoa escolari- zada utiliza a língua de uma maneira diferente da pessoa que não teve acesso à escola. Fatores contextuais: nosso modo de falar varia de acordo com a situação em que nos encontramos: quando conversamos com nossos amigos, não usamos os termos que usaríamos se estivéssemos discursando em uma solenidade de formatura. Fatores profissionais: o exercício de algumas atividades requer o domínio de certas formas de língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, es- sas formas têm uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, quí- micos, profissionais da área de direito e da informática, biólogos, médicos, linguistas e outros especialistas. Fatores naturais: o uso da língua pelos falantes sofre influência de fatores naturais, como idade e sexo. Uma criança não utiliza a língua da mesma maneira que um adulto, daí falar-se em linguagem infantil e linguagem adulta. Fonte: Só Português (2020, on-line). REFLITA “Morre lentamente quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece” (MARTHA MEDEIROS). 30UNIDADE II Linguagem Oral X Linguagem Escrita CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade pudemos conhecer um pouco sobre a diferença da linguagem oral e escrita, bem como entender a origem da escrita e como ela está diretamente relacionada à fala no processo comunicativo. Pensar em comunicação e expressão é pensar e analisar como as linguagens verbais e não verbais se relacionam e como essa aplicação acontece em sala de aula. Trabalhar gêneros textuais orais requer atenção quanto as características, afinal os gêneros voltados para a escrita sempre foram os mais comuns e trabalhados no dia a dia escolar. Por isso, é importante fazer essa mistura dos gêneros textuais para que o processo de ensino e aprendizagem seja ainda mais completo. 31UNIDADE II Linguagem Oral X Linguagem Escrita LEITURA COMPLEMENTAR Características da oralidade: ● Ideia de maior proximidade entre locutor e receptor; ● Relação direta entre falantes; ● Contexto interfere; ● Uso de recursos extralinguísticos, tais como: gestos, expressões faciais, postura, entonação; ● Possibilidade de refazer a mensagem, caso não seja interpretada adequadamente; ● Transmissão maior de ideias, reflexões e emoções; ● Preocupação maior com a assimilação da mensagem do que a forma que ela será transmitida. Características da escrita: ● Segue as normas cultas de linguagem padrão do idioma; ● Objetividade e clareza nas ideias; ● Registro documental; ● Rigor gramatical; ● Apuração do vocabulário; ● Exigência de elaboração e esforço de apresentação; ● Busca evitar a ambiguidade; ● Prevê questionamentos e explora abrangência nas ideias para sanar dúvidas. Fonte: Cegalla (2008). 32UNIDADE II Linguagem Oral X Linguagem Escrita MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Oralidade na Educação Básica. O que Saber, Como Ensinar Autor: Robson Santos de Carvalho e Celso Ferrarezi Junior Ano: 2018 Editora: Parábola Sinopse: Oralidade na educação básica: o que saber, como ensi- nar é o último tomo de uma trilogia sobre o que seria a prática de uma pedagogia da comunicação. Depois de discutir as deficiências do ensino de língua materna no país e as consequências que delas decorrem na vida de milhões de estudantes silenciados, extorqui- dos de sua língua e dos direitos de saber ler e escrever compe- tentemente, não poderíamos deixar de apresentar caminhos para sanar tais problemas. Os tomos precedentes são produzir textos na educação básica: o que saber, como fazer (2015) e dealunos a leitores: o ensino da leitura na educação básica (2017), todos pela parábola editorial. Agora, com esta obra sobre o ensino da oralida- de (ouvir e falar), completamos nossa proposta de possibilidades concretas de desenvolvimento das competências comunicativas na educação básica brasileira. A grande quantidade de atividades práticas e progressivas sugeridas permitirá o desenvolvimento da oralidade nas crianças e adolescentes desde os primeiros contatos com a escola, de forma planejada, sistemática e eficiente. FILME/VÍDEO Título: Os inconfidentes Ano: 1972 Sinopse: Lançado por Joaquim Pedro de Andrade, Os Inconfiden- tes é uma coprodução entre Brasil e Itália que narra a história da Inconfidência Mineira. Um grupo de intelectuais e membros da alta elite brasileira se juntam para libertar o país da opressão portugue- sa. De todos, Tirandentes (José Wilker) é aquele que está disposto a ir até o fim, custe o que custar. O filme foi baseado nos livros Os Autos da Devassa e Romanceiro da Inconfidência. Apresenta a reconstrução do período e influen- ciou diversas produções literárias. Além de ilustrar um importante momento da história brasileira, a obra também é interessante por contar acontecimentos políticos que influenciaram fortemente o trabalho de autores como Santa Rita Durão, Tomás Antônio Gonzaga e Basílio da Gama. Também vale a pena conferir o roteiro de Cecília Meireles, Eduardo Escorel e do próprio Joaquim Pedro de Andrade! 33 Plano de Estudo: ● A frase como unidade de composição; ● Texto como unidade de sentido; ● Gênero discursivo como produto da interação verbal. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar as várias maneiras de comunicação; ● Compreender como se dá o processo comunicativo. UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa Professora Esp. Lucimari de Campos Monteiro 34UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a), a partir de agora vamos embarcar em uma viagem pelo co- nhecimento. Nesta unidade vamos conhecer o conceito de frase, oração e período, bem como entender como essas diferenças são fundamentais na construção do sentido. Veremos ainda sobre o texto e o sentido no que diz respeito aos critérios de cons- trução textual, o que usar e não usar, como e quando aplicar algumas características. Os vícios de linguagem, denotação, conotação, ambiguidade entre tantos outros elementos pertinentes à construção textual. Por fim, vamos conhecer os conceitos de Mikhail Bakhtin e suas definições sobre os gêneros do discurso, bem como sua aplicabilidade na prática. Bons estudos e vamos nessa! 35UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa 1. A FRASE COMO UNIDADE DE COMPOSIÇÃO O estudo da língua é dividido em partes e cada uma delas é responsável por uma característica específica na estrutura do todo. A língua se organiza em cinco áreas, sendo: a fonética, fonologia, morfologia, sintaxe e semântica. A fonética se divide em três partes, que estudam: o aparelho fonador, onde o som é produzido; a variedade de sons que podem ser produzidos e o significado desses sons. Já a fonética é o conjunto da anatomia humana com os sons dos signos. A fonologia, por sua vez, estuda o valor que o som tem para a sociedade, é fun- cional. A morfologia estuda o processo de formação das palavras, a divisão das classes gramaticais. A sintaxe é responsável pelo estudo da organização das frases, em outras palavras é a parte da língua que se apropria das combinações entre as classes gramaticais. E a semântica estuda o significado de cada palavra no processo de comunicação, mas nos aprofundaremos sobre tais questões mais adiante. Unidades de composição podem ser entendidas como tudo aquilo que se agru- pa para a construção do texto, em outras palavras, podemos definir como os itens que constituem e constroem o texto pouco a pouco. Temos, então, nessa construção a frase, a oração e o período que, juntos, compõem o todo de um texto. Veremos a seguir suas características. 36UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa 1.1 Frase A frase pode ser entendida como um enunciado que tem a capacidade de transmitir um sentido, um significado diante de um determinado contexto comunicativo, que chama- mos de interação verbal. Observe alguns exemplos de frases curtas: – Ai! – Socorro! – O quê? – Silêncio – Pare! – Que tragédia! – Como assim? – Fogo! Essas frases, em sua grande maioria, são formadas por uma ou duas palavras. Portanto, podemos definir frases como uma unidade mínima de significação e contexto. 1.1.1 Principais características das frases ● É marcada por pontuação no final, às vezes ponto final, exclamação ou interrogação; ● A entonação na oralidade é muito importante para que haja entendimento; ● A expressividade que se coloca na frase faz toda diferença de interpretação; ● Pode apresentar verbo ou não. Listamos aqui características bem abrangentes apenas para entendimento. 1.1.2 Classificação das frases ● Frases interrogativas: é a pergunta que fazemos nos mais variados contextos, normalmente é finalizada com ponto de interrogação (?). Exemplo: Está gostando do passeio? ● Frases exclamativas: é aquela bem expressiva e que demonstra uma reação exaltada. Normalmente esse tipo de frase finalizamos com ponto de exclamação ou reticên- cias (! …). Exemplo: Que susto! ● Frases declarativas: conhecidas também como afirmativas, as declarativas são aquelas marcadas pela entonação expressiva ou intencional e são finalizadas com o ponto final (.). Exemplo: Hoje iremos ao cinema. ● Frases imperativas: é um tipo de ordem ou comando e é finalizado pelos pontos de exclamação e final (! .). Exemplo: Coma tudo! 37UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa 1.2 Oração A oração, em Língua Portuguesa, pode ser entendida como uma unidade sintática, ou seja, é um enunciado (curto ou longo) que tem obrigatoriamente a presença de um verbo. Normalmente, na construção de uma oração temos: ● um sujeito; ● termos essenciais; ● integrantes ou acessórios. Observe alguns exemplos de orações: – Venha! – Esse bolo parece muito gostoso. – Chove muito na minha cidade. Perceba que a diferença básica entre a frase e a oração é que na oração há pre- sença de um verbo, por obrigatoriedade, enquanto nas frases não há. Em termos gerais, se há sentido é frase, se há sentido e um verbo é oração. Veja: Menina linda (sem verbo = frase) A menina é linda (há verbo = oração) 1.3 Período O período em um texto é constituído por uma unidade sintática com uma ou mais orações com sentido completo. Ou seja, na oralidade marcamos o início dos períodos pela entonação, já na escrita o início dos períodos é marcado pela letra maiúscula no começo da oração e a pontuação específica que demarca sua extensão. Os períodos podem se dividir em dois: simples ou compostos. 1.3.1 Período simples Os períodos simples são aqueles em que apresentam apenas uma oração, ou seja, há apenas um trecho com apenas um verbo (ou uma locução verbal) e sentido completo. Exemplos: Minha gatinha dorme muito! (verbo dormir) Minha gatinha está dormindo muito! (está dormindo = locução verbal) 38UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa A locução verbal se caracteriza por possuir dois verbos ou mais, normalmente um principal e um auxiliar, mas juntos eles exercem a função, o sentido de um verbo só, por isso, é considerado período simples, pois o entendimento é de uma única situação. 1.3.2 Período composto Os períodos compostos são aqueles que possuem mais de uma oração, ou seja, dois ou mais verbos. Exemplo: Julia me chamou para ir ao cinema mais tarde. (Período composto por duas ora- ções: verbos chamar e ir). 39UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa 2. TEXTO COMO UNIDADE DE SENTIDO Pensar em texto é, antesde tudo, pensar em linguagem como meio de comu- nicação, afinal é através dos textos que nos comunicamos, e quando falamos em texto podemos apontar modalidades orais e escritas. A semântica é a parte da língua portuguesa responsável por estudar o significado das palavras, de uma frase ou mesmo de um contexto comunicativo, é por meio dela que temos acesso às características do que “se quis dizer” em um determinado momento e meio. É válido ressaltar que a semântica também leva em consideração aspectos geográficos, de tempo e de espaço para que haja melhor compreensão da significação. Portanto, a definição e a constituição básica de texto na unidade linguística comu- nicativa básica é: Texto é a unidade linguística comunicativa fundamental, produto da atividade verbal humana, que possui sempre caráter social: está caracterizado por seu estrato semântico e comunicativo, assim como por sua coerência profunda e superficial, devida à intenção (comunicativa) do falante de criar um texto íntegro, e à sua estruturação mediante dois conjuntos de regras: as próprias do nível textual e as do sistema da língua (BERNÁRDEZ, 1982, p. 35). É notório que o texto se qualifica como interação humana e o que vamos nos ater aqui nesta unidade é o texto enquanto modalidade escrita e unidade de sentido. Para isso, separamos algumas das principais características de como construir um texto com seu sentido estruturado, veja na sequência. 40UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa 2.1 Coesão Para que haja uma construção textual coesa é necessário que os elementos do texto se comuniquem, em outras palavras, a coesão textual pode ser entendida como a aplicação dos conectivos nas orações. Essa relação entre as palavras escolhidas para a construção do texto (de todas as classes gramaticais) é que nos traz a coesão dos elemen- tos, mas para que isso aconteça é preciso escolher corretamente os conectivos (sejam as conjunções, os pronomes ou os advérbios). Exemplo: Nós não sabemos quem é o sortudo, mas ela sabe. 2.2 Coerência A coerência é marcada em relação ao texto como um todo. A relação que se estabe- lece entre os parágrafos e o que está explicitado no contexto, seja ele com as informações internas ou externas do texto em si. Para que não haja confusão, vamos a uma explicação bem simples: a coesão diz respeito aos elementos internos do parágrafo, a coerência diz respeito ao texto como um todo e às referências que existem dentro e fora do texto, ou seja, o contexto. Exemplo de falta de coerência: Peru, panetone, rabanada e nozes. Tudo pronto para a Páscoa! (entende-se que tais alimentos são característicos do Natal, não da Páscoa). 2.3 Denotação O sentido denotativo de um texto se refere ao seu sentido literal, ou seja, quando usa- mos uma expressão ou termo no seu sentido real, quando queremos dizer exatamente aquilo. Exemplo: Ela é uma mulher baixa (pouca estatura). 2.4 Conotação Diferente do sentido denotativo, o sentido conotativo é aquele em que usamos as palavras no seu sentido figurado, quando dizemos uma coisa querendo dizer outra, ou seja, é o tipo de sentido muito utilizado na literatura ou quando queremos enfatizar algo. Exemplo: Ela é uma mulher baixa (no sentido de ser sem modos, que gosta de baixaria, barraco etc.) 2.5 Intertextualidade A intertextualidade acontece quando nos referimos a algo já existente no texto que estamos construindo. Para que haja entendimento, o receptor dessa mensagem precisa 41UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa estar por dentro do assunto que foi abordado, ou seja, precisa saber do contexto que ali foi empregado. Exemplo: O Rei do futebol será homenageado na próxima semana. (Rei do futebol = Pelé. É preciso que haja conhecimento dessa informação para haver sentido a frase toda). 2.6 Ambiguidade A ambiguidade ocorre quando uma frase ou expressão gera duplo sentido de interpretação. Ela pode acontecer propositalmente ou não, quando a construção gera am- biguidade sem que haja intenção é preciso ler com calma o texto produzido e substituir as palavras ou termos que foram escolhidos e geraram essa ambiguidade. Já se a construção foi intencional, ótimo! Agora é deixar a imaginação do leitor o levar. Exemplo: A polícia perseguiu o bandido até a sua casa. (A casa era da polícia ou do bandido?) 2.7 Vícios de Linguagem Os vícios de linguagem podem ser entendidos como elementos utilizados na construção do texto para enfatizar algo ou acontecem sem que o autor perceba, de forma equivocada. Vejamos: 2.7.1 Pleonasmo vicioso ou redundância O pleonasmo vicioso acontece quando há repetição desnecessária de uma infor- mação na frase. Exemplos: Entrei para dentro da loja quando começou a chover. Acharemos outra alternativa para essa situação. 2.8 Barbarismo É um desvio da norma gramatical, ela pode ocorrer como erro de pronúncia ou na escrita: Exemplos: Solicitei à cliente sua rúbrica. (rubrica) Vamos andar de bicicreta. (bicicleta) Eu advinhei quem ganharia o sorteio. (adivinhei) Sou a filha mais maior de casa. (maior) 42UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa 2.9 Estrangeirismos Quando se usa sem necessidade uma palavra de outra língua: Exemplos: O show é hoje! (espetáculo) Vamos tomar um drink? (drinque) 2.10 Solecismo É o desvio de sintaxe e pode ocorrer: Concordância Exemplo: Haviam muitas pessoas naquela sala. (Havia) Regência Exemplo: Eu assisti o filme no cinema. (ao) Colocação: Exemplo: Pulei tanto na festa das crianças que não aguentei-me em pé no dia seguinte. (não me aguentei em pé) Tais elementos são importantes para uma construção adequada do texto, portanto é imprescindível que seja feita uma correção após a escrita para verificar se há ou não falhas na concordância dos elementos escolhidos. 43UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa 3. GÊNERO DISCURSIVO COMO PRODUTO DA INTERAÇÃO VERBAL Para que o ensino de línguas a partir dos gêneros discursivos fosse normalizado no Brasil, criou-se os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Tais parâmetros é que norteiam os educadores de todo país e estabelecem o que, de fato, os alunos aprenderão. Nos PCNs é possível encontrar algumas informações sobre o trabalho com os gê- neros discursivos, veja: Todo texto se organiza dentro de determinado gênero em função das inten- ções comunicativas, como parte das condições de produção dos discursos, as quais geram usos sociais que os determinam. Os gêneros são, portanto, determinados historicamente, constituindo formas relativamente estáveis de enunciados, disponíveis na cultura. São caracterizados por três elementos: o conteúdo temático: o que é ou pode tornar-se dizível por meio do gênero; a construção composicional: estrutura particular dos textos pertencentes ao gênero; o estilo: configuráveis específicas das unidades de linguagem deriva- das, sobretudo, da posição enunciativa do locutor; conjuntos particulares de sequências que compõem o texto etc. (BRASIL, 1998, p. 21). Portanto, é imprescindível que os professores de língua portuguesa estejam sem- pre por dentro do que os PCNs dizem e a forma como vão aplicar os conteúdos em sala. Mas, além das políticas educacionais, e não menos importantes que estas, está o conceito estabelecido sobre gêneros discursivos. Antes de se aplicar de fato uma atividade em sala ou analisar um texto do gênero discursivo vamos ao que propõe Mikhail Bakh- tin (2009) a respeito da organização de nosso discurso por meio dos gêneros discursivos. De origem russa, Bakhtin foi um importante nome dos estudos da linguagem, ele postula que, no momento da interação, seja ela oral ou escrita, os sujeitos recorrem a deter- 44UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa minados gêneros discursivos. Tais escolhas, como ele classifica, estão diretamenteligadas às necessidades dos falantes/escritores. Em termos gerais, podemos dizer que os gêneros discursivos são determinados pelo discurso e surgem em todo ato comunicativo humano. Bakhtin classifica os gêneros discursivos como primários e secundários. Os primários são os mais simples, relacionados, sobretudo, com o campo da oralidade, como o diálogo, o qual é considerado a forma mais clássica de comunicação, conferindo importância singular às ideologias cotidianas. Já os secundários são os mais complexos, como o romance, o conto, a crônica, o artigo de opinião, os manuais de instrução, os textos científicos, oficiais, publicitários, a Redação escolar, entre outros (ARAÚJO, 2018, on-line). Fica evidente, portanto, que Bakhtin traz um conceito sobre o que são os gêneros discursivos e como eles podem ser aplicados em sala. O estudioso mostra ainda que o texto em si não é uma estrutura fechada, afinal trata-se do estudo da língua e a língua é viva e social, capaz de explanar as mais variadas características e formas. Essa relativa estabilidade de que fala o estudioso significa que não existe um modelo imutável de texto, uma estrutura predeterminada e canônica; pelo contrário, os gêneros discursivos são tipos relativamente estáveis de enun- ciados justamente porque eles constantemente evoluem para atender às ne- cessidades imediatas dos sujeitos em qualquer situação comunicativa, como é o caso da carta e do e-mail (ARAÚJO, 2018, on-line). Portanto, os gêneros discursivos podem ser entendidos como qualquer manifes- tação verbal que se organiza em um dado contexto comunicativo, como uma conversa informal entre amigos, uma tese de doutorado, seja linguagem oral ou escrita. Tudo o que envolve o discurso pode ser classificado como gênero discursivo. Temos, então, vários gêneros discursivos: ● anúncio; ● conferência; ● conto (literário, popular, maravilhoso, de fadas, de aventuras…); ● cordel; ● crônica; ● fábula; ● relatório; ● repente; ● reportagem; ● romance; ● seminário; ● tese; ● verbete. ● relatório; ● repente; ● reportagem; ● romance; ● seminário; ● tese; ● verbete. ● monografia; ● notícia; ● palestra; ● parlenda; ● poema; ● receita médica ou culinária; 45UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa Entre tantos outros que podemos encontrar no nosso dia a dia e fazem parte do cotidiano da população em geral. Fica claro, portanto, que todos os gêneros discursivos, sejam eles orais ou escritos, fazem parte da interação verbal humana, pois são eles que nos levam ao ato comunicativo, independente do contexto em que estão inseridos e utilizados. SAIBA MAIS Tipos e gêneros textuais Tipos e gêneros textuais são duas categorias diferentes de classificação textual. Os ti- pos textuais são modelos abrangentes e fixos que definem e distinguem a estrutura e os aspectos linguísticos de uma narração, descrição, dissertação e explicação. Exemplos de tipos textuais: ● Texto narrativo; ● Texto descritivo; ● Texto dissertativo expositivo; ● Texto dissertativo argumentativo; ● Texto explicativo injuntivo; ● Texto explicativo prescritivo. Os aspectos gerais dos tipos de texto concretizam-se em situações cotidianas de co- municação nos gêneros textuais, textos flexíveis e adaptáveis que apresentam uma intenção comunicativa bem definida e uma função social específica, adequando-se ao uso que se faz deles. Gêneros textuais pertencentes aos textos narrativos: ● romances; ● contos; ● fábulas; ● novelas; ● crônicas, entre outros. ● Gêneros textuais pertencentes aos textos descritivos: ● diários; ● relatos de viagens; ● folhetos turísticos; 46UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa ● cardápios de restaurantes; ● classificados, entre outros. Gêneros textuais pertencentes aos textos expositivos: ● jornais; ● enciclopédias; ● resumos escolares; ● verbetes de dicionário, entre outros. Gêneros textuais pertencentes aos textos argumentativos: ● artigos de opinião; ● abaixo-assinados; ● manifestos; ● sermões, entre outros. Gêneros textuais pertencentes aos textos injuntivos: ● receitas culinárias; ● manuais de instruções; ● bula de remédio, entre outros. Gêneros textuais pertencentes aos textos prescritivos: ● leis; ● cláusulas contratuais; ● edital de concursos públicos, entre outros. Fonte: Neves (2007). REFLITA “Na realidade não são palavras o que pronunciamos ou escutamos, mas verdades ou mentiras, coisas boas ou más, importantes ou triviais, agradáveis ou desagradáveis, etc. A palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial” (MIKHAIL BAKHTIN). 47UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade pudemos conhecer um pouco sobre a diferença entre frase, oração e período, bem como entender como essas diferenças são fundamentais na construção do sentido. Após, vimos sobre o texto e o sentido no que diz respeito aos critérios de construção textual, o que usar e não usar, como e quando aplicar algumas características. Por fim, conhecemos os ensinamentos de Mikhail Bakhtin e suas definições sobre os gêneros do discurso, bem como sua aplicabilidade na prática. 48UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa LEITURA COMPLEMENTAR Do gênero discursivo ao gênero textual Do gênero discursivo ao gênero textual Marcuschi (2008) apresenta algumas perspectivas de estudo, tanto no contexto mundial como no brasileiro, sobre as diferentes abordagens relacionadas ao estudo dos gêneros. Ele destaca que um consenso existente entre essas perspectivas é que, para comunicar-se, o indivíduo recorre aos gêneros, como uma forma de se adequar a determinado contexto. Ele acrescenta ainda que os textos e/ou discursos circulam através dos gêneros. Ora, se os textos e/ou discursos circulam através de gêneros, por que então o uso de termos distintos como gênero do discurso ou gênero discursivo e gênero textual? Para alguns autores, a exemplo de Marcuschi (2008, p. 154), essa distinção não é tão relevante, como é possível se observar em uma nota de rodapé em que o autor justifica o uso do termo escolhido por ele: Não vamos discutir aqui se é mais pertinente a expressão “gênero textual” ou a expressão “gênero discursivo” ou “gênero do discurso”. Vamos adotar a posição de que todas essas expressões podem ser usadas intercambialmen- te, salvo naqueles momentos em que se pretende, de modo explícito e claro, identificar algum fenômeno específico. Em outro momento, Marcuschi (2008, p. 58) acrescenta: A tendência é ver o texto no plano das formas linguísticas e de sua organi- zação, ao passo que o discurso seria o plano do funcionamento enunciativo, o plano da enunciação e efeitos de sentido na sua circulação sociointerativa e discursiva envolvendo outros aspectos. [...] São muito mais duas maneiras complementares de enfocar a produção linguística em funcionamento Percebe-se aqui uma tendência de se conceber o gênero como um artefato textual discursivo, sendo analisado tanto em seu aspecto organizacional interno como em seu funcionamento sociointerativo. Isso porque, para se produzir um gênero textual, existem normas que não são rígidas, mas necessárias, caso se pretenda a compreensão e a intera- ção por parte de todos os envolvidos no processo comunicativo. A título de exemplo tem-se o ofício, um gênero que faz parte da correspondência oficial: quando o indivíduo faz uso desse gênero deve se adequar às exigências impostas pela situação comunicativa. Assim, o que se deve dizer ou não, o como e o quanto dizer, dependerá de inter- locutores definidos e dos contextos nos quais os textos poderão circular. Nesse sentido, Marcuschi (2008) lembra que uma das tendências atuais é a de se estudarem as relações e não a distinção entre texto ediscurso, pois estes podem ser considerados aspectos com- plementares da atividade enunciativa. E acrescenta: 49UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa Entre o discurso e o texto está o gênero, que é aqui visto como prática social e prática textual-discursiva. Ele opera como a ponte entre o discurso como uma atividade mais universal e o texto enquanto a peça empírica particulari- zada e configurada numa determinada composição observável. Gêneros são modelos correspondentes a formas sociais reconhecíveis nas situações de comunicação em que ocorrem. Sua estabilidade é relativa ao momento histó- rico-social em que surge e circula (MARCUSCHI, 2008, p. 84). Para apoiar a concepção de tratar os gêneros textuais como elementos tipicamente discursivos, Marcuschi (2008) apresenta a proposta de uma releitura que inclua o texto no contexto das práticas discursivas sem dissociá-lo de sua historicidade e de suas condições de produção. Para Adam (1999, apud MARCUSCHI, 2008, p. 83), o gênero textual pode ser entendido como “a diversidade socioculturalmente regulada das práticas discursivas hu- manas” e “a separação do textual e do discursivo é essencialmente metodológica”. Assim, reforçando esse aspecto, Marcuschi (2008, p. 81-82) comenta: Trata-se de “reiterar a articulação entre o plano discursivo e textual”, conside- rando o discurso como o “objeto de dizer” e o texto como o “objeto de figura”. O discurso dar-se-ia no plano do dizer (a enunciação) e o texto no plano da esquematização (a configuração). Entre ambos, o gênero é aquele que con- diciona a atividade enunciativa. Para sintetizar essa concepção do gênero textual com foco na relação entre os aspectos textuais e discursivos, podemos destacar algumas características apresentadas por Marcuschi (2008). Para ele, o gênero apresenta dois aspectos importantes: a gestão enunciativa, que inclui a escolha dos planos de enunciação, modos discursivos e tipos tex- tuais, e a composicionalidade, que diz respeito à identificação de unidades ou subunidades textuais. Assim, o domínio de um gênero textual não significa o domínio de “uma forma linguística e sim uma forma de realizar linguisticamente objetivos específicos em situações sociais particulares” (MARCUSCHI, 2008, p. 154). Fonte: Farias (2013, on-line). 50UNIDADE III Questões Formais no Uso da Língua Portuguesa MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: 1001 dicas de português: Manual descomplicado Autor: Dad Squarisi e Paulo José Cunha Ano: 2015 Editora: Contexto Sinopse: Você está escrevendo aquele texto que pode mudar sua vida, mas fica em dúvida se está utilizando a palavra correta, se não cometeu nenhuma gafe na última frase. O que fazer? Encontre seu tira-dúvidas neste 1001 dicas de português. De fácil consulta, é perfeito para quem precisa de respostas rápidas para “brancos” ou “pegadinhas” que nossa língua nos prega. E não enrola o leitor, vai direto ao ponto, sem teoria desnecessária. Quando usar “ao invés de” e “em vez de”? Qual a diferença, se há alguma, entre “aonde” e “onde”? “Água-de-colônia” se escreve com hífen mesmo? Aliás, por que tem esse nome? Para essas e muitas outras questões, o leitor encontrará aqui respostas claras, diretas e divertidas. Como estão em ordem alfabética, é fácil encontrar o que você precisa. FILME/VÍDEO Título: Escritores da Liberdade Ano: 2007 Sinopse: Uma jovem e idealista professora chega a uma esco- la de um bairro pobre, que está corrompida pela agressividade e violência. Os alunos se mostram rebeldes e sem vontade de aprender, e há entre eles uma constante tensão racial. Assim, para fazer com que os alunos aprendam e também falem mais de suas complicadas vidas, a professora Gruwell (Hilary Swank) lança mão de métodos diferentes de ensino. Aos poucos, os alunos vão reto- mando a confiança em si mesmos, aceitando mais o conhecimento e reconhecendo valores como a tolerância e o respeito ao próximo. 51 Plano de Estudo: ● Critérios de textualidade; ● Aspectos gerais de textos escritos da esfera acadêmica; ● Aspectos gerais de textos orais da esfera acadêmica. Objetivos da Aprendizagem: ● Conhecer a evolução da contabilidade e seus fundamentos históricos; ● Conceituar a contabilidade, seu objetivo e suas áreas de aplicação; ● Identificar os aspectos legais da contabilidade; ● Compreender as características da informação e quem as utiliza. UNIDADE IV Produção Textual Professor Esp. Lucimari de Campos Monteiro 52UNIDADE IV Produção Textual INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a), a partir de agora vamos embarcar em uma viagem pelo co- nhecimento. No primeiro tópico vamos conhecer os critérios de textualidade e como tais ele- mentos são importantes para a construção do seu texto, bem como enfatizar a utilização da coesão e da coerência, vista na unidade III desta apostila. Depois, veremos as características dos textos da esfera acadêmica dividida entre os da oralidade e os da escrita. Cada um com sua particularidade requer atenção e o momento certo de produção. Esperamos que seja um passo a mais na construção do conhecimento. Bons estudos e vamos nessa! 53UNIDADE IV Produção Textual 1. CRITÉRIOS DE TEXTUALIDADE A produção de texto é uma das maneiras que temos de nos expressar. Indepen- dente do contexto em que o texto será veiculado, produzir algo é a melhor forma de expor pensamentos, argumentar e colocar o seu ponto de vista sobre determinado assunto. Quando pensamos em produção de texto no âmbito acadêmico temos várias op- ções e estilos, e até mesmo a divisão entre os modelos da oralidade e os modelos escritos. Aqui vamos enfatizar alguns critérios de textualidade, ou seja, são as condições de produção textual que devem ser entendidas para que a sua comunicação seja completa. Em termos gerais são elementos que compõe a sua construção de produção e que devem estar facilmente delimitados. Vamos a eles: 1.1 Intencionalidade Todo texto precisa fazer sentido para alguém, por isso a intenção que se coloca na produção é aquela que o seu leitor terá contato, mas é válido lembrar que os recursos utilizados para convencer o leitor ou fazê-lo acreditar em algo que se diz é o que faz toda diferença durante a produção. O que eu quero dizer? Para quem eu quero dizer? Estou sendo claro nos meus argumentos escolhidos? Os exemplos que utilizei foram suficientes para exemplificar? Esses são alguns questionamentos que podem ser feitos para que seja possível identificar se a intencionalidade atingiu seu objetivo. 54UNIDADE IV Produção Textual 1.2 Intertextualidade A intertextualidade está diretamente ligada ao exterior do texto, fazer uma intertex- tualidade requer muito cuidado, afinal é preciso se perguntar se é importante para o texto que você traga elementos ou ideias de outros autores, e se essas ideias realmente vão contribuir para a construção da sua produção. Se você perceber que a intertextualidade vai reforçar o seu ponto de vista e embasar melhor os seus argumentos é muito interessante usá-las, mas se não forem necessárias, é melhor contar apenas com a ideia original. 1.3 Informatividade O primeiro passo para a construção da sua produção textual é o esboço, pois é nesse primeiro momento que você vai afunilar as ideias e as informações que têm em mãos para colocar no seu texto. O tempo todo somos bombardeados de informações, por isso é preciso dosar a quantidade e principalmente a qualidade das informações que você tem para que a sua pro- dução textual seja rica e clara. Lembre-se de que muita informação nem sempre é sinônimo de qualidade, portanto selecione o que de fato é relevante para o seu texto. 1.4 Aceitabilidade Aquela famosa costura textual pode ser também chamada de aceitabilidade, ou seja, organizar bem as informações, ser persuasivo e convincente, fazendo um encadea- mento lógico das ideias, leva o leitor a aceitar o que você está dizendo. Afinal,
Compartilhar