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A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial A INFLUÊNCIA DA NÃO LINEARIDADE GEOMÉTRICA NA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE SUSPENSÕES DO TIPO TWIST BEAM Luize Scalco de Vasconcelos (1) (luizescalco@gmail), Márcio Eduardo Silveira (1) (msilveira@ufsj.edu.br), André Luis Christoforo (1) (alchristoforo@yahoo.com.br) (1) Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ); Departamento de Engenharia Mecânica RESUMO:Considerando a competitividade do mercado automotivo atual, a busca por soluções de baixo custo, que atendam a todas as exigências de qualidade, tornou-se essencial no processo de desenvolvimento de produtos. Os princípios de produção em grande escala tornaram-se um limitador de complexidade de componentes, devido principalmente às dificuldades encontradas no processo de fabricação. Suspensões do tipo twist-beam são um exemplo deste cenário competitivo. Este tipo de solução apresenta um desempenho bastante satisfatório quando aplicado à veículos leves e tem uma excelente relação custo / benefício no mercado brasileiro. Apesar da forte utilização, ainda são poucos os estudos relacionados, talvez devido a sua simplicidade, baixo custo de projeto e facilidade de fabricação.A fim de contribuir com o desenvolvimento deste tipo de suspensão por meio do uso de ferramentas computacionais, este trabalho teve como principal objetivo avaliar através de simulação numérica baseada no método de elementos finitos, o efeito da não linearidade geométrica na distribuição de tensões e no comportamento cinemático de uma suspensão do tipo twist-beam. PALAVRAS-CHAVE: suspensão automotiva, barra de torção, não linearidade geométrica, simulação numérica. THE INFLUENCE OF GEOMETRIC NONLINEARITY IN THE NUMERICAL SIMULATION OF TWIST-BEAM SUSPENSIONS ABSTRACT:Considering the competitiveness of the automotive market current, the search for low cost solutions that meet all quality demands, it has become essential in the process of product development. The principles of large-scale production have become a limiter component complexity, mainly due to difficulties in the manufacturing process. Twist-beam suspensions are an example of this competitive environment. This solution presents a very satisfactory performance when applied to light vehicles and has an excellent relationship between cost / benefit for the Brazilian market.. Despite the large use in the Brazilian automotive market, there are few studies related to the twist- beam suspension, perhaps because of its simplicity, low cost design and ease of manufacturing. To contribute to the development of this type of suspension through the use of computational tools, this work aimed to evaluate via numerical simulation based on the finite element method, the effect of geometric nonlinearity in the stress distribution and kinematic behavior of a twist-beam suspension. KEYWORDS: automotive suspension, torsion beam, geometric nonlinearity, numerical simulation. 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 2 1. INTRODUÇÃO A suspensão do automóvel é constituída de vários componentes que integram um sistema para geração de conforto, estabilidade e segurança na condução. Basicamente, tem as seguintes funções (Gillespie, 2009): Isolar o chassi das irregularidades da pista, através da atuação de seus elementos elásticos e de amortecimento; Permitir que as rodas, uma vez determinados os seus ângulos em manobras, os mantenham o mais fielmente possível; Suportar as reações impostas pelos pneus, transmitir acelerações e suportar frenagens, bem como forças laterais e momentos decorrentes desses esforços; Reagir à tendência de rolagem da carroceria; Manter os pneus em contato com o solo, mesmo sob pequenas variações de carregamento. As propriedades dinâmicas de uma suspensão importantes são primeiramente vistas no comportamento cinemático e sua resposta às forças e momentos que ele deve transmitir dos pneus para o chassi. Outras características consideradas no projeto são: custo, peso, fator de empacotamento (espaço ocupado no veículo), fabricação, facilidade de montagem e outros. Um efeito cinemático avaliado durante o projeto é a variação do ângulo de camber que, segundo a norma DIN70000 (1994), é o ângulo entre o plano central da roda e a vertical ao plano da pista. Por definição, o ângulo é positivo se a roda está inclinada para fora em sua parte superior, e o contrário define-se como negativo. O camber é fundamental na estabilidade dos veículos em curva. Em suspensões independentes existe um comportamento natural das rodas acompanharem a rotação da carroceria, gerando, por exemplo, valores de camber positivos na roda externa da curva. Assim, valores negativos de camber na roda externa da curva tornam-se fundamentais para o aumento da aderência. O ângulo de convergência, de acordo com a norma DIN70000 (1994), é o ângulo entre o plano central do veículo na direção longitudinal e a linha de interseção do plano de centro de uma das rodas com o plano a terra. É positivo quando a distância entre a parte anterior das rodas é menor que a posterior, e negativo para o contrário. A convergência afeta diretamente três áreas da dirigibilidade do veículo: desgaste dos pneus, estabilidade em linha reta e características de segurança nas entradas de curvas. A rolagem é o efeito de inclinação da carroceria em curvas devido à forca centrífuga e a altura do baricentro que impõem uma carga as rodas externas tendendo a comprimir as molas externas e distender as internas. A rolagem excessiva transfere muita carga de um conjunto de rodas a outro, influenciando na resposta ao esterçamento. Isto também torna o 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 3 veículo desconfortável. Por outro lado, restringir demais a rolagem pode causar uma sensação de desconforto, pois o motorista passa a sentir mais integralmente os efeitos das forças laterais. Além disso, a rolagem da carroceria pode transmitir informações ao motorista a respeito dos limites de aderência do veículo, além do estado da curva. A limitação da rolagem da carroceria, usualmente conflita com o conforto do veículo, porque cada característica de rolagem requer escolhas específicas de molas e amortecedores. Entretanto o fator de escolha do tipo de geometria e tipo do sistema de suspensão corretos, pode decisivamente harmonizar o efeito. Segundo Reimpellet al, (1996), as suspensões dos veículos podem ser divididas em eixos rígidos (com uma conexão rígida entre as rodas por um eixo), suspensões independentes, em que as rodas são fixadas ao chassi de forma independente e as semi- independentes que combinam as características de eixo rígido e de suspensões independentes. Na suspensão dependente, ou eixo rígido, como o nome já afirma, um lado da suspensão depende do outro lado, pois os dois estão ligados no mesmo eixo. Desta forma, quando uma roda passa por uma saliência e aciona o sistemade suspensão em um dos lados do veículo inevitavelmente o outro acaba sendo interferido, com isso a carroceria também trabalha e se inclina em um determinado ângulo, fazendo com que a estabilidade seja comprometida em algumas situações. A suspensão dependente tem a vantagem de distribuir o peso do veículo de maneira uniforme sendo usada na traseira de muitos veículos utilitários. O sistema de suspensão independente já funciona de uma maneira a promover um desempenho maior com relação à estabilidade. As rodas não são ligadas uma as outras, portanto, se um lado da suspensão levantar o outro permanece em seu estado normal e a carroceria do veículo permanece reta, tendo sua trajetória retilínea inalterada. Atualmente, carros de passageiros e caminhonetes utilizam suspensões independentes na dianteira, pois as vantagens, como maior espaço de colocação do motor e melhor resistência a vibrações (Shimmy) na direção, são fatores que tornam o tipo de suspensão como sendo uma excelente opção de uso para a dianteira. Outra vantagem que pode ser mencionada é o fácil controle dos pontos cinemáticos através da seleção da geometria dos braços de controle (Gillespie, 1991). A suspensão semi-independente mais conhecida é a twist-beam, que combina características das suspensões independentes e dependentes. Basicamente, é composta de dois braços longitudinais oscilantes ligados ao chassi e de forma rígida às rodas. Interligando os braços existe uma travessa de torção (geralmente estampada), formando uma típica forma de H para este tipo de solução (Figura 1). Quando uma roda sofre um impacto, a travessa se torce e parte do impacto é absorvida, reduzindo sua transmissão à roda oposta. Em princípio, a possibilidade de torcer torna esse eixo um estabilizador, podendo dispensar a barra 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 4 estabilizadora em alguns casos. Este tipo de suspensão é utilizado somente na traseira dos veículos e geralmente em eixos não motriz. FIGURA 1. Exemplo de uma suspensão traseira do tipo twist-beam. Considerando a competitividade do mercado automotivo atual, a busca por soluções de baixo custo, que atendam a todas as exigências de qualidade, tornou-se essencial no processo de desenvolvimento de produtos. Os princípios de produção em grande escala tornaram-se um limitador de complexidade de componentes, devido principalmente às dificuldades encontradas no processo de fabricação. Este cenário impõe uma agilidade no projeto de veículos ainda maior obrigando um alto grau de especialização no departamento de engenharia, para produzir resultados rápidos, simples de baixo custo e por fim, que satisfaçam as expectativas dos usuários de um mercado específico. Suspensões do tipo twist-beam são um exemplo deste cenário competitivo. Do ponto de vista do processo de fabricação, este tipo de solução apresenta talvez a concepção mais simples de suspensões, ao mesmo tempo, apresenta um desempenho bastante satisfatório quando aplicada em veículos leves (Leal, 2007). Devido às facilidades e aos baixos custos de produção em série de peças estampadas, criou-se uma tendência nos mercados emergentes. Esta solução apresenta-se com uma excelente relação entre custo / benefício para o mercado brasileiro, gerando a necessidade, portanto, de conhecimentos aprofundados nas variáveis de projeto relativas a esta concepção. Estima-se que mais de 95% dos veículos leves fabricados no Brasil utilizem este tipo de suspensão na traseira. Apesar da forte utilização no mercado automotivo brasileiro, ainda são poucos os estudos relacionados à suspensão do tipo twist-beam. A travessa de torção (Figura 1) é talvez o componente mais importante deste tipo de suspensão. Fatores como momento de inércia, momento polar inércia e posição do eixo neutro podem alterar consideravelmente o comportamento da suspensão. O perfil da travessa é fundamental no controle de parâmetros como raio de giro da suspensão, reação vertical das rodas, convergência e cambagem (Leal, 2007). Há várias soluções para o formato da seção transversal da travessa de torção, sendo os 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 5 mais comuns os perfis em “⊂”, “U” e “Λ”. Estas soluções são usualmente utilizadas devidas principalmente à sua facilidade de fabricação e montagem, sendo a rigidez torcional definida basicamente pela espessura da chapa da travessa. Há pouca literatura disponível sobre o projeto e pesquisa em suspensões deste tipo, talvez pela sua simplicidade e baixo custo de projeto e fabricação (quando comparado com outros tipos de suspensão). O uso de ferramentas de simulação numérica, baseadas no Método dos Elementos Finitos, na análise de componentes automotivos é fundamental para o rápido desenvolvimento do projeto, diminuindo os custos e reduzindo o tempo para o produto chegar ao mercado (Silveira et al, 2008). Atualmente há vários softwares no mercado bem como nas instituições de ensino e pesquisa, com formulações robustas o suficiente para simular eventos quasi- estáticos ou dinâmicos, de alta não-linearidade. A evolução dos hardwares permite que hoje seja possível realizar simulações de eventos de elevada complexidade em computadores pessoais multi-processados. O uso de simulação numérica via elementos finitos e dinâmica de corpos rígidos tem sido amplamente usada durante o estágio de projeto virtual do sistema de suspensões, alcançando boas correlações com resultados experimentais (Holdmann et al, 1998). Existem alguns trabalhos relacionados que usam ou comparam diferentes modelos computacionais de suspensões do tipo twist-beam. Sugiura et al (2002) desenvolveu um software que gera automaticamente uma matriz de rigidez reduzida da barra de torção, que é uma aplicação de Fisrt Order Analysis (Kojima, 2002), (Amago, 2002), (Nishiwaki, 2002). A ferramenta de projeto desenvolvida pode rodar em um computador pessoal e não requer que o engenheiro projetista tenha experiência em modelamento e análise. Contudo, este software é um pouco limitado, pois não permite que o perfil varie ao longo da travessa, além de haver pouca liberdade de alteração da geometria do braço de suspensão e posições pré-determinadas da mola. Sinokrot et al, (2011), apresentou duas diferentes técnicas para modelamento da travessa de torção flexível. A primeira usa o método de Component Mode Syntheses (Scott, 2007) junto com a técnica de substruturação para o modelamento da travessa, que é feito dividindo-se o eixo em configurações de subestruturas as quais são flexíveis. No segundo método um solver de elementos finitos externo é usado no modelamento do eixo de torção acoplado a um solver de sistema multi-corpos que é usado no modelamento do resto da suspensão. Contudo, foi observado que o método de substruturação apresentou alto torque axial nos pontos de conexão da travessa com braço e os resultados mostraram concentrações de tensões indesejadas na junção entre as subestruturas adjacentes. A vantagem do uso da substruturação está no tempo de simulação ser significativamente menor que o necessário para a co-simulação, onde um pequeno intervalo de comunicaçãoé necessário. Lyu et al (2006) apresentou o modelo Lumped Compliance Linkage no qual a travessa de torção é 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 6 representada como um modelo de aglomerados de massas unidos por molas não lineares, dos quais a rigidez é identificada usando simulações de elementos finitos não lineares sem o uso de corpos flexíveis. Isto permite realizar a análise de desempenho interativamente com a otimização (Welz et al, 2006) da travessa de torção. Em um automóvel de passeio, o curso máximo de uma suspensão traseira varia entre 120 a 200 mm. Com este deslocamento, a geometria inicial da travessa de torção da suspensão varia consideravelmente. Esta variação pode alterar significativamente os valores de momento de inércia da travessa, bem como os resultados finais dos ângulos de cambagem e convergência. A utilização de softwares que não consideram a esta mudança (ainda que discreta) de geometria da travessa ao longo do curso da suspensão, pode levar a erros nos resultados finais da simulação numérica. O objetivo principal deste trabalho foi avaliar através de simulação numérica baseada no Método dos Elementos Finitos a distribuição de tensões e o cinematismo de uma suspensão do tipo "twist-beam" com e sem considerar os efeitos de não-linearidades geométricas. Todas as simulações foram executadas no software comercial RADIOSS e pós- processadas no Hyperview (www.altair.com). 2. METODOLOGIA 2.1. Modelo de suspensão Neste trabalho, foram utilizadas duas configurações de travessa de geometria idêntica e rotação em torno do eixo z de 90º entre elas. A Tabela 1 mostra os momentos de inércia relativos ao centróide e a área da seção transversal dos perfis escolhidos. Apesar de a área ser a mesma, os momentos de inércia em x e em y se diferenciam bastante, o que interfere no cinematismo da suspensão. TABELA 1. Área da seção transversal e momentos de inércia em relação ao centróide dos perfis propostos. Perfil A [mm²] [mm⁴] [mm⁴] 698.48 736829 293912 698.48 293912 736829 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 7 Com o intuito de viabilizar a mudança de orientação da travessa ao longo dos braços oscilantes, foi proposta uma suspensão “fictícia” com os braços planos (Figura 2). FIGURA 2. Suspensão twist-beam proposta neste trabalho. É importante enfatizar que, dadas as simplificações impostas no modelo, os resultados alcançados não têm a pretensão de aproximar-se de uma suspensão comercial, sendo que o objetivo é conduzir uma análise qualitativa da influência da não linearidade geométrica na análise de tensões e no cinematismo da suspensão. Assim, a suspensão desenvolvida neste trabalho tem finalidade puramente acadêmica. 2.2. Simulação Numérica Com o intuito de simplificar o projeto e análise, as seguintes considerações foram feitas na simulação numérica: Todas as análises (linear e não-não linear) foram estáticas (efeitos dinâmicos e viscosos foram ignorados). Todos os componentes metálicos bem como a travessa foram modelados com elementos planos com 6 graus de liberdade. As molas foram modeladas com elementos spring 1D. As buchas e molas foram consideradas como tendo comportamento linear elástico. As espessuras e módulo de elasticidade dos principais componentes da suspensão são dadas na Tabela 2. 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 8 TABELA 2. Espessura e módulo de elasticidade dos principais componentes da suspensão. Espessura (mm) Módulo de Young (MPa) Braços 4 210000 Travessa 4 210000 Ponta de eixo 5 210000 Mancal 5 210000 Bucha - 5 Com relação às condições de contorno, considerou-se apenas carregamento assimétrico, ou seja, situação de torção da travessa, Figura 3. A análise da influência da travessa neste tipo de carregamento é de grande importância, pois pode alterar significativamente o comportamento dinâmico do veículo em curvas. A posição inicial da suspensão foi considerada paralela ao solo e a carga inicial devido ao peso do veiculo não foi considerada. FIGURA 3. Carregamento assimétrico. 2.3 Não Linearidade Geométrica Em uma análise linear estática de um determinado componente, após a discretização em elementos finitos, pode-se chegar à seguinte equação de equilíbrio: Restrições de movimento 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 9 K U P (1) onde [K] é a matriz de rigidez (ou matriz tangente) global, {U} o vetor de deslocamento nodais e {P} o vetor de forças nodais. Para a solução desta equação, a maior parte do custo computacional está em inverter a matriz de rigidez, que pode ser feito por um método direto ou por algum método interativo. 1 U K P (2) No caso da suspensão em estudo, pode-se chegar à configuração deformada da travessa de torção resolvendo a Eq. (2) uma unica vez, ou seja, com apenas a matriz tangente da configuração original [K], pode-se chegar à solução do problema (Figura 4a). Porém, uma suspensão automotiva pode ter um curso médio de 120mm, o que acarreta em torções consideráveis na travessa de torção. Estas torções da travessa ao longo do curso, pode provocar mudanças significativas na matriz tangente, tornando-a dependente do deslocamento (Figura 4b). Desta forma, esta não-linearidade geométrica, pode ser introduzida no problema com a matriz tangente em função dos deslocamento: K U U P (3) Para este trabalho, o deslocamento total da suspensão foi dividido em dez passos, sendo que cada passo a solução não linear do problema da Eq. (3) foi feita através do Método de Newton Raphson Modificado (Figura 5), onde a matriz tangente permanece constante até convergência do problema (ou em alguns softwares, até um número limite de iterações defindo pelo usuário). Este método, apesar de precisar de mais iterações que o Método de Newton Raphson convencional, tem a vantagem de não ter que montar e inverter a matriz tangente a cada time step, reduzindo o custo computacional. O time-step iu é atualizado através método de arc-length (providencial para acelerar e controlar a convergência). O problema não-linear para cada passo de carga pode ser colocado da forma: 1 i i i i i i K u u P u u u (4) 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubrode 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 10 FIGURA 4. Perfil da travessa de torção original e deformada considerando: (a) análise linear; (b) não-linear geométrica. FIGURA 5. Método de Newton Raphson Modificado Ambas as simulações linear e não-linear foram feitas utilizando o software comercial RADIOSS e os resultados pós-processados no Hyperview. 3. RESULTADOS A Figura 6 mostra as configurações original e deformada, para análise linear, da suspensão com travessa de perfil “∩” para um carregamento assimétrico de 400N e os resultados de deslocamento. [K] . . . [K1] [K2] [K3] [Kn] (a) (b) Ki(u) 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 11 (a) (b) FIGURA 6.Análise de deslocamento para suspensão de travessa de perfil “∩” nas situações (a) não deformada e (b) deformada. A Tabela 3 mostra os ângulos de camber e convergência obtidos nos cursos máximo e mínimo de suspensão, para as duas configurações de travessa propostas, através de simulação linear e não-linear. TABELA 3.Comparativo do comportamento cinemático de suspensão para as análises não- linear e linear. Método Linear Não-Linear Linear Não-Linear Curso de suspensão [mm] -54.98 +54.98 -64.65 +50.04 -55.93 +55.93 -67.09 +52.61 Ângulo de camber [º] 2.98 -2.95 3.10 -3.10 3.76 -3.63 4.03 -3.81 Ângulo de convergência [º] 0.4 0.26 0.12 -0.14 -0.18 1.01 -0.48 0.65 Como este estudo não considerou uso de batentes, os cursos máximo e mínimo de suspensão variaram para o tipo de perfil e o tipo de simulação. Pode-se perceber que usando o 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 12 método não-linear o curso é maior na extensão do que na compressão, enquanto que para o linear o curso é o mesmo. Para a análise dos resultados foram traçados gráficos comparativos do ângulo de camber e convergência em função do curso de suspensão. A Figura 7 mostra os resultados obtidos para ambos os perfis “⊂” e “∩”. Percebe-se que as curvas têm comportamento parecido para pequenos deslocamos (vide área circulado nos gráficos). À medida que o curso da suspensão aumenta, os efeitos da não-linearidade aumentam, mostrando uma pequena diferença nos resultados do camber. (a) (b) FIGURA 7. Comparativo da variação do ângulo de camber nas análises linear e não linear para os perfis (a) “⊂” e (b) “∩” Para a análise de convergência as curvas tiveram um comportamento semelhante para pequenos deslocamentos (Figura 8), contudo a defasagem é maior que a observada no ângulo de camber. Isso acontece, pois como o ângulo de convergência é em geral bem menor que o ângulo de camber para um mesmo deslocamento, quando há uma diferença na deformação da suspensão, esta terá maior efeito sobre ângulo de convergência. 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 13 . (a) (b) FIGURA 8. Comparativo da variação do ângulo de convergência nas análises linear e não linear para os perfis (a) “⊂” e (b) “∩” O estudo de tensão foi feito em ambas as análises para cursos máximo e mínimo de suspensão de, aproximadamente, +67 mm e -52mm. As tensões variaram em magnitude, sendo que a tensão máxima na análise linear foi 407Mpa, um valor quase 8% menor que o encontrado na análise não-linear (442Mpa). Em relação à distribuição de tensões, ambas tiveram a máxima localizada na junção da aba da travessa com o braço de suspensão. Contudo, a distribuição variou significativamente na região central da travessa, onde para a análise linear a tensão é distribuída de forma bastante uniforme, enquanto que para a análise não linear esta se concentra na parte inferior da travessa (Figura 9). 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 14 (a) (b) FIGURA 9. Distribuição de tensões na travessa para (a) análise linear e (b) análise não linear. Com relação ao custo computacional, ambas foram feitas com processador Dual Core de 2.9GHz, e o resultado é mostrado na Tabela 4. Observa-se que, conforme o esperado, o tempo de simulação da análise não-linear é muito maior que o da análise linear, visto a necessidade de montar e inverter a matriz várias vezes. TABELA 4. Tempo de simulação. Tipo de análise Tempo médio de simulação Não-Linear 5700s Linear 10s 4. CONCLUSÃO Este estudo teve como objetivo avaliar a aplicação da simulação numérica via elementos finitos pelo método de solução linear em comparação ao não linear para análise de tensões e para o estudo da influência da travessa de torção no comportamento cinemático de uma suspensão do tipo twist-beam. Para isso, a suspensão foi simulada em situação de 2°COEN – UFSJ 12° CONEMI São João del-Rei, Minas Gerais, 02 a 05 de Outubro de 2012 A Engenharia transformando ideias em soluções inteligentes Anais do 2° COEN – Congresso de Engenharias – Universidade Federal de São João del-Rei – MG Anais do 12° CONEMI – Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 15 movimento assimétrico para duas configurações de travessa diferentes (perfis do tipo “⊂” e “∩”), primeiramente por análise linear e posteriormente por análise não linear. Por último, foram feitas as análises de tensão e dos resultados de camber e convergência. Em relação ao cinematismo pôde-se concluir que o uso da análise linear oferece bastante precisão em pequenos deslocamentos. Contudo, mesmo para maiores deslocamentos o ângulo de camber foi bastante semelhante viabilizando o uso de uma análise deste tipo para um estudo comparativo e qualitativo da influência dos perfis. Já para uma análise de convergência o resultado deve ser visto com cautela, pois apesar da pequena variação de ângulo o comportamento (convergência ou divergência) pode mudar. Para a análise de tensões, também é necessário cautela no uso do método de solução linear, pois este teve tensões máximas menores que na análise não linear, além da distribuição de tensões ter se diferenciado razoavelmente para os dois casos. A análise linear justifica seu uso pelo rápido tempo de simulação, cerca de 10s, bem menor que o necessário para a simulação não-linear (90min). É importante observarque este estudo não envolveu o uso de coxins e molas com comportamento não-linear, caso em que seria imprescindível o uso da formulação não-linear. REFERÊNCIAS ALTAIR. Disponível emhttp://www.altair.com/. AMAGO, T.; Sizing optimization using response surface method in FOA.Technical Journal - R&D Review of Toyota CRDL.Vol. 37.No. 1, 2002. 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