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Guerra do Contestado Parte Escrita Completa

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Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – Campus II 
Departamento de Geografia e História - Coordenação de História – 2016
Estudantes: Emily Caetano, Ítalo Ramos, Lara Melo, Mariana Moreira, Vinícius Rodrigues - EDI3A
Professora: Carla Chamon
Guerra do Contestado (1912-1916)
A Guerra do Contestado foi o maior e mais violento conflito popular relacionado à posse de terra no Brasil durante o século XX. O conflito ocorreu entre outubro de 1912 e agosto de 1916 na região Sul do Brasil, em um território que apresentava cerca de 48 mil quilômetros quadrados, sendo uma área rica em madeira e erva-mate. Esse território era disputado desde os tempos do Império pelas províncias de Paraná e Santa Catarina, motivo pelo qual ficou conhecido como Contestado. Além da disputa territorial, a Guerra do Contestado consistiu em um conflito armado entre as forças militares dos poderes federal e estadual e os camponeses habitantes da região, que se revoltavam contra o quadro de miséria e pobreza. 
Nesse sentido, diversos motivos culminaram na eclosão da Guerra do Contestado, os quais foram: 
A disputa territorial entre Paraná e Santa Catarina: Por ser uma região rica em madeira e erva- mate, os dois estados contestavam por ela. Como resultado Santa Catarina ganha a disputa pelo Supremo Tribunal. 
A construção da ferrovia e suas consequências: A construção da ferrovia que liga Rio Grande do Sul a São Paulo necessitava de muita mão de obra, por isso vários trabalhadores de todo território brasileiro foram chamados para trabalharem naquela região. Além disso, camponeses que viviam aos redores da futura ferrovia foram expulsos de suas terras, pois elas seriam usadas para sua construção. A construção de uma madeireira também foi motivo para que mais camponeses fossem expulsos de suas casas. 
Pessoas sem terras, sem dinheiro e sem casa: Com o fim da construção, diversos trabalhadores e camponeses ficaram sem terras, sem dinheiro e sem moradia. O povo se encontra revoltado com a situação e começa a procura por um apoio à guerra.
Com a formação dessa massa de operários desempregados e camponeses desapropriados, a região do Contestado começou a presenciar um movimento messiânico. Diversas figuras religiosas apareceram pregando ideais de justiça e paz. O principal deles foi o monge José Maria, que liderou diversos rebeldes que o seguiam até que, durante uma batalha, foi morto pelos coronéis. O movimento revoltoso teve várias lideranças. Lutavam com revólveres, espingardas, facões e até porretes. Apoiados numa forte crença religiosa, eram ferozes e destemidos em combate. Os coronéis viram, na chegada da companhia Lumber, uma oportunidade de exploração e ganhos com as terras legalizadas. Eram extremamente odiados pelos sertanejos que em muitas ocasiões pediram suas cabeças como condição básica para qualquer negociação de paz. Para derrotar os revoltosos do Contestado foram necessárias 13 expedições militares. 
Essa situação resultou na formação de comunidades independentes (Quadros Santos) constituídas pelos camponeses e fazendeiros prejudicados que, além de ameaçarem os coronéis pelo surgimento de lideranças paralelas e incomodar a Igreja em função do seu caráter messiânico, foram alvo também da “Política da Salvação” do então governante Hermes da Fonseca, que promovia intervenções político-militares contra os inimigos do governo. Dessa forma, atacados pela polícia paranaense, os revoltosos do primeiro Quadro Santo, fundado em Curitibanos, se refugiaram em Irani, que por sua vez foi atacado em 1912 por tropas comandadas por João Gualberto, que morreu no episódio juntamente com José Maria e outros 13 soldados do governo. Deu-se, assim, início à Guerra do Contestado, contando-se uma vitória para os revoltosos. 
Depois desse episódio, difundiu-se a ideia de que José Maria iria ressuscitar, trazendo consigo um Exército Encantado que ajudaria os fiéis a instaurar uma Monarquia Celeste na Terra. Apesar de o líder não ter retornado, os revoltosos deram continuidade ao conflito e, animados por vitórias, passaram a contra-atacar e a adotar técnicas de guerrilha. Além disso, em primeiro de setembro de 1914 lançaram um documento denominado “Manifesto Monarquista”, a partir do qual foi deflagrada a chamada Guerra Santa. 
A virgem Maria Rosa, de quinze anos de idade, passou a ser líder espiritual e militar do movimento, dizendo receber ordens sobrenaturais do já falecido José Maria, sendo considerada por muitos historiadores a “Joana D’Arc do Sertão”. Os rebeldes chegaram a dominar 25 mil km² e venceram 7 expedições militares enviadas contra eles. Entretanto, o general Fernando Setembrino de Carvalho, nomeado pelo governo, conseguiu acabar com a revolta com sete mil soldados (cerca de 80% do então exército brasileiro) e com os dois primeiros aviões utilizados em combate no país. Em dezembro de 1915 foi destruído o último reduto dos contestadores, sendo que o conflito teve seu fim em agosto de 1916, com a prisão de seu último líder, Deodato Manuel Ramos, popularmente conhecido como “Adeodato”. 
Com relação à participação das mulheres na guerra, teve-se como figura feminina importante Maria Rosa, que liderou o movimento após a morte de José Maria. As outras mulheres também tiveram papel fundamental na guerra, pois enquanto os homens lutavam em várias frentes de combate, elas cuidavam dos filhos, dos doentes e da obtenção e preparação de alimentos. Depois da guerra os governos de Santa Catarina e do Paraná, em 1916, assinaram, no Rio de Janeiro, um tratado dividindo a área que pretendiam. E em entrevistas feitas com os sobreviventes do lado dos vencidos, ninguém falava muito a vontade sobre os combates e as mortes, pois eles temiam serem perseguidos. Já do lado dos vencedores, nenhum orgulho especial pelo que fizeram. 
Através da análise da Guerra do Contestado, pode-se perceber a maneira repressiva como os governantes da Primeira República tratavam as questões sociais. Em grande parte das vezes, os interesses financeiros das grandes empresas e dos proprietários rurais sobrepunham-se ao atendimento das necessidades dos habitantes. Ademais, a Guerra do Contestado foi marcada por surtos de fanatismo religioso, xenofobia, espírito separatista, disputas capitalistas e forte repressão do Exército. 
Atualmente, diversos vestígios culturais da Guerra do Contestado permanecem presentes na cultura brasileira. Dessa forma, há diversos parques, monumentos, museus e produções cinematográficas dedicados ao passado da região de Contestado. Como exemplos, podem-se citar o Museu Histórico e Antropológico da Região do Contestado e o Parque do Monge João Maria, ambos localizados em Santa Catarina, além dos documentários “Meninos do Contestado” e “O Contestado - Restos Mortais”. 
Referências
Machado, P. P. Tragédia anunciada. Disponível em: <http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/tragedia-anunciada>. Acesso em: 22 abr. 2016. 
NOSSA, Leonêncio. Meninos do Contestado. Disponível em: <http://topicos.estadao.com.br/contestado>. Acesso em: 22 abr. 2016. 
MONTEIRO, Duglas Teixeira. Os Errantes do Novo Século: um estudo sobre o surto milenarista do Contestado. São Paulo: Duas Cidades, 1974.
GUERRA do Contestado. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/guerra_contestado.htm>. Acesso em: 22 abr. 2016.

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