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HISTÓRIA DO CONSTITUCIONALISMO TEORIA DA CONSTITUIÇÃO ORIGEM O surgimento das constituições está ligado ao CONSTITUCIONALISMO, movimento que se originou da luta pela liberdade diante de governos absolutistas e por um conjunto mínimo de preceitos asseguradores da tripartição das funções estatais (executiva, legislativa e judiciária) e dos direitos individuais a serem respeitados não só pelos governos, mas também pelos demais cidadãos. IDÉIA DE CONSTITUIÇÃO • Para alguns juristas esta ideia de Constituição já se faz presente desde a Antiguidade, pois se percebe, pelas notícias históricas, a presença de certa legislação que serviam de organização do Poder e do Estado. • Aristóteles, em A política, abordava o tema. • Loewenstein: anota que os hebreus foram os primeiros a praticarem o constitucionalismo • Hariou: a Grécia (Mediterrâneo oriental) seria o berço do Direito Constitucional. IDÉIA DE CONSTITUIÇÃO • Para outros a ideia pode ser encontrada no Egito Antigo. Na antiguidade a característica predominante era o governo único para governar as cidades-estados, como no Império Grego e Império Persa até o Império Romano onde tem início uma nova ordem, a ordem estatal. • Certo é, que para aqueles que vislumbram o constitucionalismo na Antiguidade são acordes em apontar que após a queda do Império Romano a idéia desapareceu, só surgindo com o Estado Moderno. IDÉIA DE CONSTITUIÇÃO • Constitucionalismo tem suas raízes no surgimento do Estado Moderno, passando por uma evolução que geraria, no séc. XVIII, os documentos legislativos que se denominou Constituição, como empregado para designar o corpo de regras que definem a organização do Estado. Os primeiros antecedentes de limitação dos poderes do Estado surgiram na Inglaterra, com a celebração de pactos que limitavam o poder do monarca, como a famosa magna carta, firmada em 1215, entre o rei João Sem Terra e os barões, e a petition of rights, imposta em 1628, ao rei Carlos I. Em troca da conservação do poder, os reis reconheciam direitos de seus súditos. MOVIMENTOS IMPORTANTES • Revolução Gloriosa • Constituição dos EUA • Revolução Francesa Revolução Gloriosa • Antecedentes históricos: – Protestantismo inglês – Anglicanismo – Morte de Oliver Cromwell – Restauração Monárquica – Carlos II – Jaime II – rei católico – Oposição do parlamento – Ascensão de Guilherme de Orange (Holanda), marido de Maria Stuart (filha protestante de Jaime II), para juntos assumirem o trono inglês. – Fuga de Jaime II para a França, considerada como renúncia ao trono. O novo rei inglês chegou ao trono aceitando previamente reconhecer a Toleration Act (Ato de Tolerância) e a Bill of Rights (Declaração de Direitos). Ambos os documentos foram redigidos pelo parlamento inglês. O primeiro estabelecia liberdade religiosa a todos os cidadãos cristãos, exceto os católicos. Já a Bill of Rights consistia em um conjunto de leis que previa uma série de mudanças de característica liberal. A partir de então, todos os cidadãos acusados de alguma infração teriam direito a um julgamento com a presença de um júri. Além disso, este documento previa o repúdio a punições violentas ou multas com valores abusivos. A principal mudança imposta pela Bill of Rights tratava da relação entre o rei e o Parlamento. As eleições parlamentares deveriam acontecer regularmente. Além disso, nenhuma lei parlamentar poderia ser vetada pela autoridade real e, após a morte do rei, o Parlamento poderia indicar o sucessor do trono inglês. Os gastos da família real deveriam ser controlados pelo Parlamento e nenhum exército poderia ser mantido em tempos de paz. Os altos funcionários do governo também deveriam ser fiscalizados pelos parlamentares. O Tesouro britânico era controlado pelo Parlamento e nenhum gasto deveria ser feito sem sua aprovação. Em 1694, o governo criou o Banco da Inglaterra, que consolidou o financiamento das atividades comerciais e industriais britânicas. Essas novas medidas encerravam o processo revolucionário inglês e firmavam o pioneirismo industrial britânico. Vários documentos serviram para concretizar a estrutura do Estado grão- bretão. • Carta Magna • Petition of rights • Toleration Act = Constituição • Bill of Rights não escrita O marco histórico está ligado às Constituições escritas e rígidas dos Estados Unidos, em 1787, após o curto período em que adotou a forma de Estado conhecida por Confederação, em seguida a independência obtida da Inglaterra pelas 13 colônias. Bem como a Constituição da França, de 1791, após a Revolução Francesa. 1º O que é o Terceiro Estado? Tudo. 2º O que tem sido até agora na ordem política? Nada. 3º O que pede? Ser alguma coisa. Revolução Francesa CONCEITO • Esse movimento de ruptura foi conhecido como o constitucionalismo, tendo a seguinte definição por Dirley da Cunha Júnior: • ... um movimento político-constitucional que pregava a necessidade da elaboração de Constituições escritas que regulassem o fenômeno político e o exercício do poder, em benefício de um regime de liberdades públicas. CONCEITO • Já Manoel Gonçalves conceitua o constitucionalismo como um movimento político e jurídico ... visa estabelecer em toda parte regimes constitucionais, quer dizer governos moderados, limitados em seus poderes, submetidos a constituições escritas. CONCEITO • Para Ramos Tavares fica evidente que o constitucionalismo foi um movimento de cunho jurídico mas também de forças sociais. O aspecto jurídico revela-se pela pregação de um sistema dotado de um corpo normativo máximo, que se encontra acima dos próprios governantes - a Constituição. O aspecto sociológico está na movimentação social que confere a base de sustentação dessa limitação do poder, impedindo que os governantes passem a fazer valer seus próprios interesses e regras na condução do estado. FASES DO CONSTITUCIONALISMO • Divisão em dois grandes períodos: • CONSTITUCIONALISMO CLÁSSICO (1787 - 1918) • CONSTITUCIONALISMO MODERNO (1918-...) CONSTITUCIONALISMO CLÁSSICO • O Constitucionalismo clássico subdivide-se em cinco ciclos: • - o 1° ciclo seria o das CONSTITUIÇÕES REVOLUCIONÁRIAS DO SÉC. XVIII, no qual se enquadra a Constituição Americana de 1787, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão francesa de 1789, entre outros documentos importantes (a Magna Carta de 1215 pode ser incluída aqui). • - o 2° ciclo englobaria as CONSTITUIÇÕES NAPOLEÔNICAS autoritárias do início do século XIX. CONSTITUCIONALISMO CLÁSSICO • - o 3° ciclo seria o das CONSTITUIÇÕES DA RESTAURAÇÃO, como a dos Bourbons, de 1814. Esse ciclo, que se estende até 1830, consagra as MONARQUIAS LIMITADAS, mas também se caracteriza por conter Constituições outorgadas, feitas sob um processo autoritário de elaboração (como a do Império do Brasil de 1824). • - o 4° ciclo teria as CONSTITUIÇÕES LIBERAIS, como a francesa de 1830 e a belga de 1831 (essa última muito importante por trazer uma inovação que marca o Constitucionalismo: incorpora a declaração dos direitos à Constituição e não os dispondo marginalmente). • - por fim, o 5° ciclo seria o das CONSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS, iniciado em 1848. Conta com documentos como as 3 leis constitucionais francesas de 1875. CONSTITUCIONALISMO CLÁSSICO • O Constitucionalismo moderno também é compreendido num total de 5 ciclos constitucionais: • - o 1° ciclo seria um Constitucionalismo do tipo DEMOCRÁTICO-RACIONALIZADO Conta com a presença destacada da Constituição de Weimar de 1919 que tem como grande méritoa incorporação dos direitos sociais ao corpo constitucional (apesar de uma forte corrente atribuir tal mérito à Constituição Mexicana de 1917). Ainda podemos lembrar aquelas "Constituições dos professores", como a austríaca de 1920, sob acentuada influência de Kelsen. CONSTITUCIONALISMO MODERNO • - o 2° ciclo constitucional moderno é o SOCIAL- DEMOCRÁTICO e contém as Constituições francesas de 1946, italiana de 47 e a alemã de 49. Esse ciclo é muito importante pela ênfase nos direitos sociais e econômicos. Ele se estende até os nossos dias e compreende também as Constituições portuguesa de 76, a espanhola de 78 e a brasileira de 88. O "estado social" é elevado na sua máxima expressão. • - o 3° ciclo compreenderia a EXPERIÊNCIA NAZI- FACISTA, e caracteriza-se por reformas às Constituições que modificaram seu núcleo em sua essência. Seriam "fraudes à Constituição". CONSTITUCIONALISMO MODERNO • - o 4° ciclo contaria com as CONSTITUIÇÕES SOCIALISTAS surgidas em 1917 com a Declaração dos Direitos dos Povos da Rússia. Dentre elas estão as Constituições deste povo de 1924 e de 36. Nestas Constituições era comum a prática política burlar a Constituição (democracia no papel). • - o 5° e último ciclo seriam as CONSTITUIÇÕES DO TERCEIRO MUNDO que caracterizam-se por uma tentativa de copiar as construções estrangeiras e que tombaram por terra diante de uma realidade que não condizia com as instituições copiadas. CONSTITUCIONALISMO MODERNO Se pudéssemos definir os objetivos que impulsionaram o aparecimento do Constitucionalismo, seriam esses: a) a afirmação da supremacia do indivíduo; b) a necessidade de limitação do poder dos governantes; c) e a crença nas virtudes da razão, apoiando a busca da racionalização do poder. Podemos da mesma maneira que fizemos com as constituições, elencar algumas características vagas do Constitucionalismo Moderno: I – Foi marcado por documentos constitucionais amplos, muitas vezes, analíticos, extensos; II – Apresentou certa disseminação da idéia de constituição dirigente, se afastando da idéia tradicional de uma constituição como uma simples lei processual; III – Teve a sua gênese histórica e política nas transformações sociais ocorridas depois do fim da Idade Média. OBJETO: Constituição É a lei fundamental do Estado, sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras (lembrem-se: no Brasil a Constituição é escrita), que regula a forma do Estado, a forma de governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. Em síntese a constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado (José Afonso da Silva). Uma Constituição é a certidão de nascimento da estrutura jurídica do Estado. Instaura uma ordem jurídica absolutamente nova rompendo todos os vínculos com a ordem anterior. Assim, tendo como base esses objetivos, podemos tentar definir agora algumas características gerais das constituições modernas: 1) Normalmente escritas, de forma a serem certas, definitivas e acessíveis, de modo que todos possam exercer seus direitos e sua dignidade humana; 2) Rígidas, protegidas contra as arbitrariedades do poder, de maneira que seus procedimentos de reforma, em geral, sejam dificultados; 3) Em sua maioria, destinam uma parte do texto à transcrição de direitos fundamentais básicos; 4) E, geralmente, possuem uma parte dedicada à organização racional do poder, tendo como princípio a divisão de poderes ou de funções, de modo a limitar a atuação do Estado. Neoconstitucionalismo Movimento que proclama a primazia do princípio da dignidade da pessoa humana, a qual deve ser protegida e promovida pelos Poderes Públicos e pela sociedade. Da mesma forma, esse movimento enaltece a força normativa da constituição, a qual deixa de ser um mero catálogo de competências e de recomendações políticas e morais, para se tornar um sistema de preceitos vinculantes, capazes de conformar a realidade. No Brasil, os grandes marcos do neoconstitucionalismo são a abertura democrática vivida em meados da década de 1980 e a Constituição de 1988. Neoconstitucionalismo Em síntese, Inocêncio Mártires Coelho ensina que esse novo constitucionalismo marca-se pelos seguintes aspectos: “a) mais Constituição do que leis; b) mais juízes do que legisladores; c) mais princípios do que regras; d) mais ponderação do que subsunção; e) mais concretização do que interpretação”. Para Luís Roberto Barroso, são características do neoconstitucionalismo a redescoberta dos princípios jurídicos, (em especial a dignidade da pessoa humana), a expansão da jurisdição constitucional c o m ê n f a s e n o s u r g i m e n t o d e t r i b u n a i s constitucionais e o desenvolvimento de novos métodos e princípios na hermenêutica constitucional. FIM
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