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Supervisão Prudencial e Comportamental.jpeg

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3.1 SUPERVISÃO BANCÁRIA PRUDENCIAL
A supervisão prudencial orienta-se na criação de regras e estruturas de fiscalização esupervisão, estabelecendo políticas e procedimentos de gestão das actividadesfinanceiras e de organização do mercado, evitando-se falhas e visando atender ospadrões prudenciais. Justifica-se a regulação prudencial por razões de política monetária,de controlo do sistema, de fiscalização cambial e de protecção dos clientes e do mercadofinanceiro.Diante da situação de grande instabilidade financeira e acentuada concorrênciainternacional que assolou o mundo a partir de 1970, o grupo do G-10
 –
dez países commaior participação no mercado bancário mundial
 –
uniram-se no Comitê da Basiléia paracriar, em 1988, alguns princípios básicos a serem observados na regulação de seusbancos, a fim de coordenar a acção das respectivas autoridades bancárias e definir umnível regulatório mínimo no qual se daria a concorrência nacional. Pretendia-se, assim, adefinição e padronização de normas de controlo e fiscalização das instituiçõesfinanceiras, reduzindo-se os riscos e preservando a estabilidade em âmbito nacional einternacional.A proposta do Comité da Basileia de 1988, pois, consistia na evolução dos mecanismosde regulação prudencial para se criar um mercado financeiro cada vez mais eficiente eflexível, mediante a adopção de mecanismos internos de controlo de riscos de mercado,bem como de novas propostas para o controlo de riscos de crédito (avaliação de créditopara definir riscos). Nesse sentido, assim destaca Fernando J. Cardim Carvalho: Omodelo prudencial de regulação bancaria é aquele proposto pelo Comité da Basileia, quevisa preservar a higidez das instituições financeiras ao estabelecer quantidades mínimasde capital ponderadas de acordo com os riscos assumidos por cada instituição, mas nãolimitando as actividades possíveis de serem por elas exercidas.Portanto, a regulação prudencial tem, por objectivo, controlar a segurança e aestabilidade das instituições em termos individualizados e no contexto do MercadoFinanceiro, analisando as suas contas e o cumprimento de certos limites, assegurando ofuncionamento eficaz do sistema, no sentido de se evitar falhas de mercado. Segundo
preceituam Armando Castelar Pinheiro e Jairo Saddi: “Embora a regulação prudencial
tenha sido alterada nos últimos anos para aumentar as exigências de capital e torná-lasmais sensíveis ao risco de crédito, ela se manteve dependente de informações passadas,na maioria obtidas dos balanços dos bancos e do desempenho do devedor. Por exemplo,embora as provisões para perdas com devedores duvidosos se baseiem em um sistemade pontuação que, em princípio, reflecte as expectativas futuras do credor relativas aorisco de cada empréstimo, os bancos tendem, na prática, a seguir os padrões mínimos
exigidos pelo Banco Central, que focam na duração da inadimplência e na existência degarantias.Como visto, a regulação prudencial possui carácter eminentemente preventivo, visando oestabelecimento de regras específicas para tutelar o comportamento dos agentes nomercado e para que se dê amplo acesso às informações, estando acompanhadas(regras) por normas que propiciem o monitoramento e supervisão.Tal como ocorre em relação à regulação de condutas, esclarece Otávio Yazbek que a
regulação prudencial “
é, na sua origem, definida conforme a natureza da instituiçãoregulada, sendo alguns de seus aspectos submetidos aos reguladores de áreasespecíficas, a quem incumbe autorizações, fiscalizações e controles em geral 
”.
 As regras prudenciais emitidas pelo Banco Nacional de Angola têm como desiderato, por um lado, a manutenção da estabilidade do sistema financeiro, ou seja, a segurança esolidez financeira das instituições, e por outro lado, a protecção dos depositantes eoutros investidores contra perdas resultantes de uma gestão deficiente, de fraudes efalências dos provedores de serviços financeiros.A Lei das Instituições Financeiras estabelece um conjunto de regras que sãoregulamentadas mediante Avisos do BNA e que devem ser observadas pelas instituiçõesfinanceiras sob sua jurisdição. Destacam-se aqui o controlo da aquisição de participaçõesqualificadas, a verificação da idoneidade e experiência dos membros dos órgãos deadministração e de fiscalização, o valor mínimo dos fundos próprios a determinar emfunção do grau de risco dos activos, o limite de participações sociais, os limites àconcentração de riscos e às imobilizações, os limites mínimos para as provisõesdestinadas à cobertura de crédito e outros riscos ou encargos, e as normas em matériade supervisão em base consolidada. A maioria dos requisitos e limites prudenciais têmrelação com os fundos próprios regulamentares.Além dos objectivos já identificados, o estabelecimento de regras prudenciais tem emvista criar uma base uniforme de enquadramento para a actuação das instituições nomercado. Tratam-se, por isso, de instrumentos simplificados e de carácter preventivo,motivo pelo qual essas regras têm de ser entendidas como complemento de uma gestãosã e prudente, nunca podendo substituir sistemas eficazes de avaliação de riscos, gestãoe de controlo interno. Estes sistemas devem ser desenvolvidos pelas próprias instituiçõesfinanceiras, tendo em conta as suas responsabilidades perante os accionistas,depositantes, credores, assim como a sociedade em geral.Adicionalmente, a posterior alteração da Lei-Quadro do sistema financeiro,nomeadamente a publicação da Lei nº13/ 05, de 30 de Setembro
 –
Lei das InstituiçõesFinanceiras, que revogou a Lei 01/99, de 23 de Abril, contribuiu também para anecessidade de adequação da regulamentação prudencial actual.
 
3.2 SUPERVISÃO BANCÁRIA COMPORTAMENTAL
A supervisão bancária comportamental diz respeito às práticas adoptadas pelos agentesde mercado nas suas relações negociais. Para tal, são criadas regras diversas,autorizando ou vedando determinadas práticas ou, ainda, delimitando operações eestruturas de mercado. Assim, a supervisão comportamental estabelece obrigações ouprocedimentos para os agentes participantes do mercado financeiro, autorizando ouproibindo determinadas práticas, ou seja, a supervisão comportamental designa aactuação pública de regulação e supervisão da conduta das instituições nos mercadosfinanceiros a retalho, tendo em vista, nomeadamente, mitigar a informação imperfeita quecaracteriza os produtos e serviços financeiros e salvaguardar a equidade e eficiênciadaqueles mercados
 
A supervisão comportamental apresenta, como principal fundamento, a existência deassimetria de informações e redução de suficiência dos investidores e terceiros em geral.É competência do Banco Nacional estabelecer regras de conduta das instituiçõesfinanceiras, que assegurem a transparência de informação nas fases contratuais e pré-contratuais, nomeadamente no domínio da publicidade, e a equidade nas transacções deprodutos e serviços financeiros entre as entidades supervisionadas e os seus clientes.O Banco Nacional como entidade máxima reguladora, na supervisão comportamentaldispõe de poderes fiscalizador e sancionatório
 
As competências de regulação
 
em matériade supervisão comportamental, incidem sobre áreas como (publicidade) informação queas instituições financeiras prestam ao público alvo; regras sobre o conteúdo doscontratos
 
entre instituições de crédito e os seus clientes, tendo em vista garantir atransparência das condições de prestação dos correspondentes serviços; instrução sobreos códigos de conduta que as instituições devem adoptar e ainda definir normasorientadoras para esse efeito;No que respeita à fiscalização, a avaliação sistemática do comportamento dasinstituições relativamente aos seus clientes é feita quer por via de acções de inspecção,quer por via da apreciação de reclamações, onde em função da apuração dos factos asacções do BN vão desde a advertência ou em caso de persistência é instaurado eaplicado multas ou outras sanções previstas legalmente.Para além de actuar sobre o lado daoferta
 
 –
para que as instituições reúnam elevadascompetências no exercício das suas actividades e que, no relacionamento com os seusclientes, respeitem princípios de transparência, diligência, respeito, honestidade eintegridade
 –
, a supervisão comportamental actua também sobre o lado da procura
 
 –
aodesenvolver actividades que visam aumentar os níveis de informação e literaciafinanceira.
 
 
4.
 
SUPERVISÃO BANCÁRIA PRUDENCIAL E COMPORTAMENTAL(CONCORRÊNCIA OU COMPLEMENTARIEDADE)
Algumas literaturas defendem que existe uma separação entre a supervisãocomportamental e prudencial, cada uma desempenhando de forma distinta e exclusiva assuas atribuições. Todavia, tanto uma quanto a outra visam a mesma finalidade que éprevenir que ocorram antes e durante a actuação dos agentes financeiros situações quese podem considerar corrosivas para a garantia da estabilidade das relações financeirasno mercado. Existe uma complementaridade entre uma e outra, porquanto uma seorienta para salvaguardar os interesses das instituições financeiras, enquanto entessujeitos a supervisão da entidade reguladora (Banco Central), na relação com os seusclientes e a outra, no caso a prudencial busca estabelecer mecanismos que garantam asustentabilidade e solvência da entidade supervisionada.
5. CONCLUSÃO
A regulação/supervisão financeira é uma prática destinada à administração de riscosdecorrentes das actividades desenvolvidas no mercado financeiro e de capitais. Trata-se,evidentemente, de uma evolução das justificativas tradicionais da regulação estatal,relacionadas às chamadas falhas de mercado. Os riscos que se pretende administrar pela regulação estão relacionados, fundamentalmente, a duas daquelas falhas
 –
asassimetrias informacionais (que se reflectem no plano das relações entre os agentes) eas externalidades (que se reflectem na dimensão sistémica das actividades financeiras)Com efeito, a protecção dos agentes contra os citados riscos e as possíveis falhas demercado, bem como a protecção de terceiros e da sociedade como um todo(possibilidade de alastramento de uma crise no sistema financeiro, como a quebra debancos e aumento da inflação), só poderá ser alcançada através da boa regulaçãoadvinda da actuação de entidades reguladoras especializadas sobre a actividadeeconómica do Mercado Financeiro e que pautem na regulação de condutas, traçandoregras e procedimentos especiais e visando assegurar simetria de informações eracionalidade aos participantes do mercado; e na regulação prudencial, garantir aestabilidade e a solidez das instituições financeiras e a eficiência do seu funcionamento

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