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Irrigação e Drenagem Estudos Climáticos: Evapotranspiração 1. Introdução 1.1 Evaporação de água do solo Em um solo saturado com água ou com o lençol freático próximo a superfície, sua evaporação aproxima-se da evaporação de um recipiente com água, com a superfície livre exposta às mesmas condições climáticas. A intensidade da evaporação diminuirá com o aumento da profundidade do lençol freático. 1.2 Transpiração É o processo pelo qual a água vai da planta para a atmosfera através dos estômatos, sob a forma de vapor. Isso envolve um contínuo movimento de água do solo para as raízes, das raízes até as folhas e destas para a atmosfera. Quando a intensidade de transpiração de um vegetal exceder a sua absorção de água no solo, ocorrerá o seu murchamento. A velocidade do fluxo de água no caule varia muito. Em condições normais, pode-se ficar entre 0,30 e 1,80 m/h. 1.3 Evapotranspiração A evapotranspiração pode ser definida como a quantidade de água evaporada e transpirada por uma superfície com vegetal, durante determinado período. Isto inclui a evaporação da água do solo, a evaporação da água depositada pela irrigação, chuva ou orvalho na superfície das folhas, e a transpiração vegetal. A quantidade de água evapotranspirada depende principalmente da planta, do solo e do clima, sendo este último fator predominante sobre os demais, de modo que a quantidade de água requerida por uma cultura varia com a extensão da área coberta pelo vegetal e com as estações do ano (em locais onde o clima varia acentuadamente com as estações). Irrigação e Drenagem A evapotranspiração é função da quantidade de energia solar que chega à área considerada. Se a área não for toda coberta por vegetal, a energia que chega a ela será parcilamente utilizada na evapotranspiração, menor quantidade de água será evaporada e grande parte da energia utilizada para aquecimento do ar e solo, exceto no caso de solos descobertos, mas saturados com água.Por isso, plantas isoladas ou pequenas áreas cultivadas próximas de áreas com solo descoberto serão sujeitas a maiores intensidades de evapotranspiração, pois receberão energia solar diretamente sobre a área e ainda energia da massa de ar quente e com baixa umidade, proveniente da área sem vegetal. Este fenômeno é chamado de “efeito oásis”. Para ilustrar este “efeito oásis”, em Davis – Califórnia (EUA), a evapotranspiração de uma superfície coberta de grama foi de 2,6 mm/dia, no início da primavera, e de 5,0 mm/dia, no outono, ressaltando que o campo nas proximidades do lisímetro estava coberta de vegetal na primavera e com solo exposto à radiação solar no outono e que nas duas épocas a energia radiante incidida sobre cada unidade de área naquele local foi igual. A evapotranspiração varia com as culturas (Tabela 1), o que é atribuído à arquitetura foliar (ângulo da folha, altura e densidade), às características das folhas (número de estômatos e de horas de sua abertura) e à duração do ciclo e da época de cultivo. 2. Determinação da Evapotranspiração Há vários métodos para determinar a evapotranspiração, os quais, em sua maioria, estimam a evapotranspiração potencial, ou seja, a que ocorre quando não Irrigação e Drenagem há deficiência de água no solo que limite seu uso pelas plantas. Mas como é de se esperar, em razão das carcaterísticas intrínsecas de cada cultura, a evapotranspiração potencial varia de cultura para cultura. Assim sendo, verificou- se a necessidade de definir a evapotranspiração potencial para uma cultura de referência (ETo), bem como a evapotranspiração potencial da cultura (ETpc) e a evapotranspiração Real da Cultura (ETrc). 2.1 Evapotranspiração da Cultura de Referência – ETo Foi inicialmente definida como a evapotranspiração de uma superfície extensiva, totalmente coberta com grama de tamanho uniforme, com 8 a 15 cm de altura e em fase de crescimento ativo, em um solo com ótimas condições de umidade. 2.2 Evapotranspiração Potencial da Cultura – ETpc É a evapotrasnpiração de determinada cultura quando há ótimas condições de umidade (não há restrição de umidade no solo) e nutriente no solo, de modo a permitir a produção potencial desta cultura no campo. A relação entre ETpc e a Eto pode ser expressa pela seguinte equação: ETpc = Kc x ETo Em que Kc é o coeficiente da cultura. 2.3 Evapotranspiração Real da Cultura – ETrc É a quantidade de água evapotranspirada por uma determinada cultura, sob as condições normais de cultivo, isto é, sem a obrigatoriedade do teor de umidade permanecer sempre próximo à capacidade de campo, o que leva a concluir que a Irrigação e Drenagem ETrc é menor ou, no máximo, igual à Etpc (ETrc ≤ Etpc). A relação entre as duas pode ser expressa pela seguinte equação: ETrc = Ks x ETpc Em que Ks é o coeficiente que depende da umidade do solo. Ks = Ln (LAA + 1,0) Ln (CTA + 1,0) Em que: Ks = Coeficiente de umidade do solo (adimensional); Ln = Logaritmo neperiano; CTA = Capacidade total de água no solo, em mm; LAA = Lâmina atual de água no solo, em mm. Irrigação e Drenagem 3. Determinação da Evapotranspiração Potencial de Referência – ETo Irrigação e Drenagem A quantificação da água necessária a ser aplicada às plantas, ou seja, àquela referente à evapotranspirada pelo sistema solo-planta, é fator primordial para o planejamento, dimensionamento e manejo adequados de uma área agrícola irrigada. Para a determinação da evapotranspiração potencial de referência (ETo) pode-se utilizar métodos diretos e métodos indiretos. Os métodos diretos caracterizam-se pela determinação da evapotranspiração diretamente na área. Os indiretos são caracterizados pelo uso de evaporímetros e equações empíricas ou modelos matemáticos, que se utilizam de dados meteoro-climático-fisiológicos para a sua aplicação. 3.1 Métodos Diretos 3.1.1 Método dos Lisímetros Lisímetros são tanques enterrados no solo, contendo uma amostra representativa do solo e da vegetação que se deseja estudar, e devem representar com bastante fidelidade as condições reais de campo. As plantas dentro do lisímetro têm que ser similares às que rodeiam em todos os aspectos agronômicos, o que inclui: variedade, estádio de desenvolvimento, condições fitossanitárias, adubação, etc. Lisímetro de Percolação: Consiste em enterrar um tanque, com as dimensões mínimas de 1,5 m de diâmetro por 1,0 m de altura, no solo, deixando a sua borda superior 5 cm acima da superfície deste. Do fundo do tanque sai um cano que conduzirá a água drenada até um recipiente. O tanque tem que ser cheio com solo do local onde será instalado o lisímetro, mantendo a mesma ordem dos horizontes. No fundo do tanque, coloca-se uma camada de mais ou menos 10 cm de brita coberta com uma camada de areia grossa. Após instalado, planta-se grama no tanque e na sua área externa. O tanque pode ser um tambor, pintado interna e externamente para evitar corrosão, ou também de amianto ou de metal, pré-fabricado. Têm sido muito utilizados lisímetros de polietileno. Em geral, recomenda-se aguardar Irrigaçãoe Drenagem aproximadamente um ano para se trabalhar efetivamente com o lisímetro para acomodamento do solo em seu interior. Sendo o movimento de água no solo um processo relativamente lento, os lisímetros de percolação somente têm precisão para períodos mais ou menos longos. A ETo, por eles determinada, deve ser em médias semanais, quinzenais ou mensais. Eles precisam ser irrigados diariamente ou a cada dois dias, com determinada quantidade de água, de forma que a água percolada seja em torno de 10% do total aplicado nas irrigações. A evapotranspiração potencial de referência em um período qualquer é dada pela seguinte equação: ETo = I + P – D S Em que: ETo = evapotranspiração potencial de referência, em mm; I = irrigação do tanque, em L; P = precipitação pluviométrica no tanque, em L; D = água drenada do tanque, em L; S = área do tanque, em m2. 3.1.2 Outros métodos diretos: O método das parcelas experimentais e o método do controle da umidade do solo são outros métodos que podem ser utilizados na determinação da Irrigação e Drenagem evapotranspiração potencial de referência (ETo). Os mesmos estão bem descritos na seguinte bibliografia abaixo: BERNARDO, S.; SOARES, A. A.; MANTOVANI, E. C. Manual de Irrigação. Viçosa – MG. 8ª Edição. UFV. 2006. 3.2 Métodos Indiretos Os métodos indiretos podem ser divididos em dois grandes grupos: evaporímetros e equações. 3.2.1 Evaporímetros São equipamentos usados para medir a evaporação da água. Um tipo de evaporímetro bastante usado é o tanque de evaporação. Tanque USWB Classe A: O tanque classe A, em virtude do custo relativamente baixo e do fácil manejo, tem sido empregado nos projetos de irrigação. Ele tem a vantagem de medir a evaporação de uma superfície de água livre, associada aos efeitos integrados da radiação solar, do vento, da temperatura e da umidade do ar. O tanque classe A consiste num tanque circular de aço inoxidável ou galvanizado, chapa nº 22, com 121 cm de diâmetro e 25,5 cm de profundidade. Ele deve ser instalado sobre um estrado de madeira, de 15 cm de altura, cheio de água até 5 cm da borda superior. O nível da água não deve baixar mais que 7,5 cm da borda superior, isto é, não deve permitir variação do nível da água maior do que 2,5 cm. A evaporação é medida com um micrômetro de gancho, assentado sobre um poço tranquilizador. O poço tranquilizador pode ser de metal e com tripé sobre parafuso, colocado dentro do tanque. Irrigação e Drenagem A evaporação potencial de referência pode ser calculada pela seguinte equação: ETo = Kt x EV Em que: Kt = coeficiente do tanque, adimensional; EV = evaporação do tanque, em mm/dia. Irrigação e Drenagem Exemplo: Período: 8 a 14 de setembro de 1985 Vento: média no período = 190 km/dia UR: média no período = 60% Tanque circundado com grama (Posição A) R (m) = 10 m Evaporação no tanque Classe A no período = 42 mm Pela Tabela 2; Kt = 0,70 Então: ETo = Kt x EV = 0,70 x 42 = 29,4 mm no período; ou ETo = 4,2 mm/dia. 3.2.2 Equações Irrigação e Drenagem Existem várias equações baseadas em dados meteorológicos, para o cálculo da ETo. A maioria delas é de difícil aplicação, não só pela complexidade do cálculo, mas também por exigir grande número de elementos meteorológicos, somente fornecidos por estações automáticas ou simplificada. As equações mais divulgadas são: Método de Blaney-Criddle, Método de Hargreaves, Método de Penman-Monteith. Método de Blaney-Criddle: ETo = c [(0,457 x T + 8,13) P] Em que: ETo = evapotranspiração potencial de referência, em mm/mês; c = coeficiente regional de ajuste da equação (valor tabelado); T = temperatura média mensal, em ºC; P = percentagem mensal das horas anuais de luz solar (valor tabelado). Método de Hargreaves: ETo = 0,0023 (Tmed + 17,8) x (Tmax – T min)½ Ra x 0,408 Em que: ETo = evapotranspiração potencial de referência, em mm/dia; Tmed = temperatura média diária, em ºC; Tmax = temperatura máxima diária, em ºC; Tmin = temperatura mínima diária, em ºC; Ra = radiação no topo da atmosfera, MJ.m-2.dia-1 (valor tabelado). Método de Penman-Monteith: Irrigação e Drenagem Em que: ETo = evapotranspiração potencial de referência, em mm/dia; Rn = saldo de radiação à superfície, em MJ.m-2.dia-1 (valor tabelado); G = fluxo de calor no solo, em MJ.m-2.dia-1 (valor tabelado); Ta = temperatura do ar a 2 m de altura, em ºC; U2 = velocidade do vento à altura de 2 m, em m.s-1; es = pressão de saturação de vapor, em kPa; ea = pressão de vapor atual do ar, em kPa; (es – ea) = déficit de pressão de vapor, em kPa; ∆ = declividade da curva de pressão de vapor de saturação, em kPa.ºC-1; y = constante psicrométrica, em kPa.ºC-1. Irrigação e Drenagem
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